terça-feira, 14 de agosto de 2012

Giuseppe Artidoro Ghiaroni (Poesias Escolhidas)

A MÁQUINA DE ESCREVER

Mãe, se eu morrer de um repentino mal,
vende meus bens a bem dos meus credores:
a fantasia de festivas cores
que usei no derradeiro Carnaval.

Vende esse rádio que ganhei de prêmio
por um concurso num jornal do povo,
e aquele terno novo, ou quase novo,
com poucas manchas de café boêmio.

Vende também meus óculos antigos
que me davam uns ares inocentes.
Já não precisarei de duas lentes
para enxergar os corações amigos.

Vende , além das gravatas, do chapéu,
meus sapatos rangentes. Sem ruído
é mais provável que eu alcance o Céu
e logre penetrar despercebido.

Vende meu dente de ouro. O Paraíso
requer apenas a expressão do olhar.
Já não precisarei do meu sorriso
para um outro sorriso me enganar.

Vende meus olhos a um judeu qualquer
que os guarde numa loja poeirenta,
reluzindo na sombra pardacenta,
refletindo um semblante de mulher !

Vende tudo, ao findar a minha sorte,
libertando minha alma pensativa
para ninguém chorar a minha morte
sem realmente desejar que eu viva !

Pode vender meu próprio leito e roupa
para pagar àqueles a quem devo.
Sim, vende tudo, minha mãe, mas poupa
esta caduca máquina em que escrevo!

Mas, poupa a minha amiga de horas mortas,
de teclas bambas, tique-taque incerto.
De ano em ano, manda-a ao conserto
e unta de azeite as suas peças tortas.

Vende todas as grandes pequenezas
que eram meu humílimo tesouro,
mas não! ainda que ofereçam ouro,
não venda o meu filtro de tristezas!

Quanta vez esta máquina afugenta
meus fantasmas da dúvida e do mal,
ela que é minha rude ferramenta,
o meu doce instrumento musical!

Bate rangendo, numa espécie de asma,
mas cada vez que bate é um grão de trigo.
Quando eu morrer, quem a levar consigo
há de levar consigo o meu fantasma!

Pois será para ela uma tortura
sentir nas bambas teclas solitárias
um bando de dez unhas usurárias
a datilografar uma fatura!

Deixa-a morrer também quando eu morrer;
deixa-a calar numa quietude extrema,
à espera do meu último poema
que as palavras não dão para fazer.

Conserva-a, minha mãe, no velho lar,
conservando os meus íntimos instantes,
e, nas noites de lua, não te espantes
quando as teclas baterem devagar!

AS ÁRVORES CORTADAS

Deceparam as árvores da rua!
Sem troncos hirtos na calcada fria,
a rua fica inexpressiva e nua;
fica uma rua sem fisionomia.

0 sol, com sua rústica bondade,
aquece até ferir, até matar.
E a rua, a rir sem personalidade,
não da mais sombras aos que não tem lar.

As árvores, ao vento desgrenhadas,
não lastimam a peia das raízes:
Olvidam sua, dores, concentradas
no sofrimento de outros infelizes.

Eu penso, quando à frente dos casais
vem sentar-se um mendigo meio-morto,
que uma fronde se inclina um pouco mais,
para lhe dar mais sombra e mais conforto.

Sem elas, fica a triste perspectiva
de uns muros esfolados, muito antigos,
que se unem na distância inexpressiva
como se unem dois trôpegos mendigos.

Quando vier com o seu farnel de lona,
arrimar-se à sua árvore querida,
o ceguinho de gaita e de sanfona
será capaz de maldizer a vida.

E aquela magra e tremula viuva
que anda a esmolar com filhos seminus,
quando o tempo mudar, chegando a chuva,
dirá que dela se esqueceu Jesus!...

Meu Deus, seja qual for o meu destino,
mesmo que a dor meu coração destrua,
não me faças traidor, nem assassino,
nem cortador de arvores da rua!

DENTRO DA NOITE

Dentro da noite, quando vem, de cima,
o ar que o espírito respira, o clima
que o Deus da Sombra esconde numa urna;
num silêncio de túmulo e de rocha,
a alma oculta dos homens desabrocha
como uma flor noturna.

Dentro da noite há todos os segredos:
pensamentos que são pontas de dedos
pousando em epidermes proibidas.
Corações que se vão, alados de ânsias,
errando além de todas as distâncias,
em busca de outras vidas.

Arrastam-se, morosos, os instantes;
batem sofrendo os corações amantes;
franzem-se as testas que ninguém afaga.
E a alma dos seres se volatiliza,
buscando o céu e o mar, tremendo à brisa
como uma ânsia vaga.

Passemos pelo bar. Estranha festa
de gente que ama e gente que detesta,
buscando alívio na noite impura.
O bar é um copo a transbordar de Vida!
Meus amigos, que cheiro de bebida!
Que cheiro de amargura!

Falai comigo quando, à luz da lua,
eu vou com minha sombra pela rua,
sou vagabundo e vivo!

A noite é a Pátria espiritual do triste,
do homem que insiste em ser maior, que insiste
em garimpar as margens da matéria.
Nela tudo trepida de incerteza.
O pobre tem um pouco de riqueza
    e o rico, de miséria!

Ambiciosos que gastam a existência
numa intrigante e cega concorrência,
quando anoitece, olham-se espantados.
E trocando seus sonhos e seus planos,
Sabem sorrir, subitamente humanos,
como ressuscitados!

Dentro da noite, os homens embuçados'
levam consigo os sonhos e os pecados,
levam consigo o mundo de amanhã.
E floresce o Ideal, forma impoluta;
floresce sobre tanta coisa bruta
e tanta coisa vã!

Conheço uma beldade mutilada
que so na noite lúgubre, gelada,
se aventura a sair com seu desgosto.
E sai, ligeira como um diabo astuto,
tendo o corpo de luto, a alma de luto
e um negro véu no rosto.

Essa figura fascinante e horrenda
é como tudo o mais que se desvenda
para vibrar no potencial da sombra.
Como a angustia do povo, o sonho, o estudo
a revolta dos mártires e tudo
que nos fascina e assombra!

Porque nas trevas tremem os tiranos
vendo marchar os corações humanos
como grandes exércitos de horror.
Vendo marchar milhoes de heróis sem nome,
unificados pela eterna fome
que é um eterno amor!

Oh, Noite! Oh, mãe das minhas tristes obras?
Vejo surgirem sois das negras dobras
do teu manto de dor gerando lutes?
És um ventre sem fim: quando te inclinas,
nascem impérios, nascem guilhotinas,
nascem Cristos a Cruzes?

O MENOR ESFORÇO
Ferreiro e filho de ferreiro,
um dia visitei meu vizinho carpinteiro.
E ao ver quanto a madeira era macia
em relação ao ferro que eu batia,
deixei de ser ferreiro.

Tornei-me carpinteiro e, vendo o oleiro
modelando o seu barro molemente,
cobicei seu oficio de indolente
e larguei meu formão de carpinteiro.

Mas fui depois a casa do barbeiro,
que alisava uns cabelos de menina.
E achando aquela profissão mais fina,
deixei de ser oleiro.

Um dia, em minha casa de barbeiro
entrou um poeta de cabelo ao vento.
E ao ver quanto era livre e sobranceiro,
troquei minha navalha e meu dinheiro
por sua profissão de encantamento...

Meu Deus! Por que deixei de ser ferreiro ?

Fonte:
JORGE, J. G. de Araújo.  Antologia da Nova Poesia Brasileira. Ed. Vecchi, 1948.

Giuseppe Artidoro Ghiaroni (1919 - 2008)

Giuseppe Artidoro Ghiaroni (Paraíba do Sul/RJ, 22 de fevereiro de 1919 — Rio de Janeiro, 21 de fevereiro de 2008)

De origem humilde, em sua juventude Ghiaroni foi aprendiz de ferreiro, caixeiro, ajudante de cozinha e office-boy. Ao mudar-se para a cidade do Rio de Janeiro, trabalhou como redator do "Suplemento Literário" e no jornal "A Noite", de onde passou para a Rádio Nacional (ambas as empresas ficavam no mesmo edifício, na Praça Mauá, centro do Rio) onde consagrou-se como cronista daquela emissora. Foi o autor de "Mãe", uma das novelas de maior sucesso da Rádio Nacional e que em 1948 foi transformada em filme (Mãe) com a direção de Teófilo de Barros Filho.

Radiofonizada por Giuseppe Ghiaroni e baseada no maior tema religioso e dramático da humanidade, 'A Vida de Nosso Senhor Jesus Cristo' foi ao ar pela primeira vez em 27 de março de 1959, pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro. A Vida de Nosso Senhor Jesus Cristo reuniu quase uma centena de artistas para fazer as vozes dos personagens bíblicos. O trabalho contava com a narração de Cesar Ladeira e a locução de Aurélio Andrade e Reinaldo Costa e participação de todo o então famoso cast de rádio-teatro da emissora. Anualmente era reproduzida em capítulos durante a Sexta-Feira da Semana Santa.

Ghiaroni foi ainda contratado da Rede Globo. Entre outros trabalhos, assessorou Chico Anysio na década de 1990, quando este produzia a "Escolinha do Professor Raimundo".

Suas novelas de maior expressão no rádio foram: MÃE, A Gloriosa Mentira, O Bom Irmão.
Seu programa de maior sucesso: ROMANCE

Obras (poesia)
O Dia da Existência (1941)
A Graça de Deus (1945)
Canção do Vagabundo (1948)
A Máquina de Escrever (1997)

Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Giuseppe_Artidoro_Ghiaroni
JORGE, J. G. de Araújo. Antologia da Nova Poesia Brasileira. Ed. Vecchi, 1948.

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 637)

Uma Trova de Ademar  

Muda-se a cor preferida,
troca-se a corda do sino,
muda-se tudo na vida...
Mas não se muda o destino.

–Ademar Macedo/RN–

Uma Trova Nacional


Sou, no retorno ao passado,
– meu teatro de deslizes,
um mero ator fracassado
no palco dos infelizes!

–José Valdez Moura/SP–

Uma Trova Potiguar


Luzes que foram clarão,
na estrada da meninice;
são sombras de solidão,
nos caminhos da velhice!!!

–Luiz Dutra/RN–

Uma Trova Premiada

1987 - Resende/RJ
Tema - ABANDONO - 2º Lugar


Abandonado e tristonho,
guri de rua, sombrio,
puxa as cobertas do sonho
pra agasalhar-se do frio.

–Paulo Cesar Ouverney/MG–

...E Suas Trovas Ficaram


Mostrando a força incontida
na teimosia e na fé.
Por mais que eu caia na vida
meus sonhos ficam de pé!

–Marisol/RJ–

Uma Poesia

SAUDADE...
–Antonio Roberto Fernandes/RJ–


...Quem diz que a saudade é roxa,
quem diz que a saudade é triste
e quem diz que não existe
quem a possa definir,
não sabe o que é saudade.
Saudade é mais do que isso.
Saudade é como um feitiço,
Saudade é falta de ti...

Soneto do Dia  

ASSIM SÃO MEUS VERSOS.
–Sônia Sobreira/RJ–


Assim são meus versos, enigmáticos,
como ventos que bailam nas andanças,
são mistérios, são fúlgidas lembranças,
luzeiros cintilantes, mas estáticos.

São girassóis altivos e fleumáticos,
são quimeras, retalhos de esperanças,
cantilenas que embalam as crianças,
fantasias dantescas de fanáticos.

Frágeis anseios a rimar cansaços,
que choram seus lamentos nos meus braços,
num desconsolo que jamais se acalma.

São espectros com dedos gigantescos,
desenhando nas pedras arabescos,
que entrelaçam pedaços de minh'alma.
Fonte:
Ademar Macedo

Murilo Rubião (A Casa do Girassol Vermelho)

No Brasil, Murilo Rubião é um dos pioneiros do conto fantástico, que se destacou na década de 70, por influência de alguns escritores latino-americanos. Mas a linhagem é clássica, machadiana, enveredando quase sempre pelo clima da fantasia. Em 1978, publicou o livro de contos A Casa do Girassol Vermelho.

A mais notável característica da obra de Murilo Rubião é o uso de epígrafes bíblicas que se desdobram num jogo intertextual: uma leitura inicial e isolada revela apenas o referente bíblico ou poético, já uma leitura mais atenta e crítica permite traçar uma profunda interdependência alegórica entre epígrafe e conto.

A contragosto, eis como os personagens de Murilo vivem ou narram os acontecimentos: gostariam de poder escapar da história em que foram lançados. E, além de viverem a contragosto, elaboram o discurso correspondente. Narram-se as descobertas pertencentes a um mundo não muito bom, e a condição de prisioneiro. A questão não interessa apenas aos personagens, atinge de cheio os leitores, que se sentem também prisioneiros.

Exemplo marcante do a contragosto é A casa do girassol vermelho. Os personagens movem-se dentro de um espaço fechado, um lugar atrasado, distante da civilização, em "imensos jardins longe da cidade e do mundo". O único espaço externo que nos damos conta é a vila onde anteriormente moravam os filhos adotivos de D. Belisária. Quando a história está para ser concluída, um trem passa lembrando aos membros da tribo que no mundo há mais alguém. Mas a lembrança nada traz. Naquele momento, coisa alguma poderia dar sentido aos acontecimentos.

A casa do girassol vermelho é o espaço onde se desenrolam os acontecimentos: campo, distante da vila, afastado da cidade. É ao mesmo tempo as pessoas que aí vivem, um tipo social. A brutalidade de Simeão e de Surubi parece ser própria do lugar.

O trem é o espaço em movimento. Não sabemos para de onde vem e nem quem são os passageiros. Ele é rápido e termina por captar alguma coisa da vida dos habitantes da casa de Simeão. O trem transporta ao menos o olhar do narrador: "Além de nós, havia no mundo mais alguém".

A casa do girassol vermelho se passa no meio rural. Seus personagens são seres do mundo agreste. Tudo neles é extremado, sem limites, refinamento e urbanidade. São incivilizados. São mais próximos da natureza. Um mundo de necessidade e escassez. Mundo ao mesmo tempo da orgia, da festa e da punição, da perversão sexual. O grupo é tribal: Simeão e Belisária são pais adotivos dos dois grupos de irmãos. O jogo da sexualidade oscila entre a mais completa repressão (Belisária morre virgem porque "o marido considerava pecado o ato sexual" e Xixiu mergulha na represa para aí desaparecer) e a mais completa permissividade (incestos etc.) Nesse universo, a morte dos pais significa libertação e é festejada.

Antes da passagem do trem, Xixiu mergulhara e desaparecera na represa: "...fora ao encontro de Simeão", o repressor, que morrera na véspera, para o último e verdadeiro combate. O mergulho também é uma forma de deslocamento, como o trem.

Após a morte de Simeão, os filhos comemoram dançando: a casa respirava uma alegria desvairada". Surubi, o narrador, afirma que "Todos os acontecimentos alegres da nossa existência eram comemorados com bailados coletivos".

É notável o determinismo natural a que estão submetidos os personagens. Para exercer o controle sobre os filhos, Simeão separa os homens das mulheres e vigia-os. Xixiu, o mais perseguido, é também o mais vigilante com relação à irmã. Simeão controla os instintos, a natureza interna do homem. Simeão é, assim, alguém que se considera responsável pela formação dos outros personagens, assim como o professor em Os dragões e o narrador de Teleco, o coelhinho.

Fonte:

Afonso Louzada (Fernão Dias Paes Leme)

A morte de Fernão Dias Paes Leme (Década de 40),
Raphael Gaspar Falco (1885-1967)
Óleo sobre tela

Varando as regiões desconhecidas,
entre matas e rios e montanhas,
no calor das audácias e façanhas,
buscando as pedrarias escondidas.

as “bandeiras” rasgavam as entranhas
da terra virgem; mil lutas renhidas,
desbravando paragens mal feridas,
no assombro das florestas mais estranhas.

Na braveza das serras misteriosas
atrás das esmeraldas, alma brava
que era de um povo o símbolo gigante,

as mãos crispadas apertando, ansiosas,
as suas pedras verdes, expirava
Fernão Dias Paes Leme, o bandeirante.

––––––––––––-
Fernão Dias Paes Leme (1608-1681) nasce provavelmente na vila de São Paulo do Piratininga, descendente dos primeiros povoadores da capitania de São Vicente. A partir de 1638 desbrava os sertões dos atuais estados do Paraná, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, chegando ao Uruguai. Em 1661 fixa-se nas margens do rio Tietê, perto da vila de Parnaíba, e administra uma aldeia com cerca de 5 mil índios escravizados. Em julho de 1674 parte de São Paulo à frente da bandeira das esmeraldas, da qual Fazem parte o genro Manuel da Borba Gato e os filhos Garcia Rodrigues Pais e José Dias Pais. Este último conspira contra o pai, que manda enforcá-lo como exemplo. A expedição alcança o norte de Minas Gerais, e por mais de sete anos o bandeirante explora os vales dos rios das Mortes, Paraopeba, das Velhas, Aracuaí e Jequitinhonha. Encontra turmalinas, que pela cor verde confunde com esmeraldas. Morre de malária, ao retornar a São Paulo.

Fonte:
LOUZADA, Afonso. Templo Abandonado. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1945.

Nilton Manoel (Didática da Trova) Parte 4

CAPITULO II

A ESTRUTURA POÉTICA DA TROVA


Pelo tamanho não deves
medir valor de ninguém;
-Sendo quatro versos breves
como a trova nos faz bem”
.
(Luiz Otávio)

Nos dicionários, ainda, a antiga definição de trova:

1.Composição lírica ligeira e mais ou menos popular. 2. Quadra de tom popular.TROVADOR:-Designação dos poetas líricos dos séculos XII e XIII, do sul da França, especialmente da Provença.2. Designação dos poetas líricos portugueses que, nos últimos séculos da Idade Média, seguiam o estilo dos poetas provençais.3. Aquele que trova;poeta (1). 4. Poeta medieval; menestrel. (FERREIRA, 2001,p.690).

Como nas trovas apresentadas no capítulo I, todas têm a mesma forma, ou seja, a definição literária “composição poética de quatro versos com sete sílabas, rimando pelo menos o segundo com o quarto e tendo sentido completo”. A definição está em Meus Irmãos, os Trovadores, de Luiz Otávio, pág. 12, Vecchi,1956, considerado como o início do Movimento Literário de Trovadores. A trova é síntese; é um micro-poema que encanta tanto que, o trovador, com arte transforma célebres sonetos (dois quartetos e dois tercetos) em uma “quadrinha” apenas. Em Língua e Literatura-Luso Brasileira, Delson Gonçalves Ferreira, afirma;

“Djalma de Andrade escreve:
“Carlos Góis, grande professor de português que aqui viveu cerca de trinta anos,era, com muita razão,admirado e querido. (...) Quando colecionava cantigas populares para seu livro de mil trovas, acreditava que o “Mal Secreto” de Raimundo Correia fora inspirado na seguinte quadra sertaneja:

“De muita gente que existe
E que julgamos tão ditosa,
Toda ventura consiste
Em parecer venturosa”. (*)


Engano do mestre. A trova não é popular. Medeiros e Albuquerque a compôs, entre outras, quando quis sintetizar em poucos versos os sonetos de célebres poetas brasileiros.” ( Estado de Minas 5 - 6- 1959 ). (*) No rodapé da página, encontramos; 10 - C.Góis – Mil quadras populares brasileiras- RJ.1916.

Sonetos inesquecíveis são reduzidos a 28 sílabas de uma Trova.

Há quem me julgue perdido,
porque ando a ouvir estrelas...
Só quem ama tem ouvido
para ouvi-las e entendê-las.


Apresentamos aqui, o soneto XIII, de Olavo Bilac: Ouvir Estrelas, para que possamos verificar em cada verso, três sílabas a mais do que os setissilábicos da Trova. Este tipo de poema é composto de duas quadras e dois tercetos. Temos os sonetos heróicos com dez sílabas poéticas e os alexandrinos com doze sílabas poéticas. O soneto e a trova têm história secular. Na feitura, o poeta, precisa cuidar do entrelaçamento dos versos para fortalecer a oralidade da mensagem.

OUVIR ESTRELAS

Ora (direis)ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso! ” E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las. Muita vez desperto
Abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto
A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do Sol, saudoso e em pranto
inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora:” Tresloucado amigo
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?

E eu vos direi: Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.”


Nos concursos literários em geral, exigem-se rimas ABAB, ao estilo deste feliz achado de Adelmar Tavares

Que linda trova perfeita,
que nos dá tanto prazer;
-Tão fácil depois de feita.
-Tão difícil de fazer!


Sentimos na mensagem que a produção literária requer cuidados especiais de “ corpo (forma) e alma (fundo)”. Isto lembra Olavo Bilac em “Profissão de Fé”:

Quero que a estrofe cristalina,
dobrada ao jeito
do ourives, saia da oficina
sem um defeito.


Alguns trovadores, por vezes, descontentes com o produto final de seus textos, como justificativa, usam da mensagem de Somerset Maughan: “ eu não escrevo como quero; escrevo como posso”. (LOUREIRO, p.17,1976)

continua

Fonte:
Nilton Manoel. A Didática da Trova. Batatais, 2008.

UBT/Seção Curitiba (Convite para Eventos de 16 a 19 de Agosto)

DIA 18 DE AGOSTO DE 2012:
Reunião Mensal.

A União Brasileira de Trovadores - Seção de Curitiba, convida todos os Trovadores, Poetas e Amigos simpatizantes da Trova, para a reunião mensal da UBT - Curitiba, dia 18 de agosto de 2012, das 14h30m às 17h, no Centro de Letras do Paraná, Rua Fernando Moreira, nº 370, quase esquina com o SESC da esquina.

* Tema para o concurso interno do mês de agosto:

- PRANTO (Lírica/Filosófica) (O resultado será divulgado na reunião interna do mês de SETEMBRO).

* DENTRO DA PROGRAMAÇÃO:

- Entrega de homenagens aos trovadores Apollo Taborda França e Angelo Batista.

- Revoadas de trovas (Reunião dedicada a Trovas referentes aos temas de agosto, tais como: Pai, Soldado, Advogado, Exercito brasileiro, Folclore, Estudante, Selo Nacional, Nutricionista, etc.).

- Divulgação do Resultado dos concursos interno temas: Mulher e Cristal.

- Apresentações Musicais:

- Sorteio de Brindes

- Lanche

* Participe durante a reunião das revoadas, declamando trovas sobre os temas do mês de maio e também com temas de sua preferência.

SUA PRESENÇA RENOVA A TARDE DA TROVA!
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DIA 16 DE AGOSTO DE 2012:
Palestra comemorativa dos 10 anos da Oficina Permanente da Poesia.

A Academia Paranaense da Poesia convida para Palestra a ser proferida por Fabrício Carpinejar em comemoração aos 10 anos da Oficina Permanente da Poesia. O poeta Gaúcho virá a Curitiba a convite da Biblioteca Pública do Paraná. O Evento acontecerá no dia 16 de agosto de 2012 (quinta feira), no Auditório Paul Garfunkel, das 18h às 20h na BPP 2º andar. É aberto ao público em geral e tem entrada franca. Durante o evento também haverá um painel com fotos dos principais momentos da Oficina nestes 10 anos de existência.
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DIA 19 DE AGOSTO DE 2012:
Tertúlia e almoço em comemoração ao Centenário do Centro de Letras do Paraná.

09h00min: Saída em carros alegóricos, ocupantes vestidos a caráter, da sede do Cenáculo, até a Av. Luiz Xavier (Boca Maldita), em seguida para o Parque Barigui, estacionamento nas proximidades do Salão de Atos da Prefeitura no parque.

10h30min: Tertúlia Literária no Parque Barigui.

12h30min: Tertúlia no interior do apontado Salão de Atos. Almoço por adesão, ao valor de R$38,00 (trinta e oito reais), com água mineral e refrigerante.

Obs.: ingressos à venda na secretaria do Centro de Letras do Paraná, ou, entrar em contato com Vania Ennes.

Não deixe para a ultima hora, adquira já o seu ingresso!!!

Abraços,
Andréa Motta
Presidente da UBT-Curitiba


Fonte:
Andréa Motta

XXXII Concurso da Academia de Trovas do Rio Grande do Norte (Classificação Final)

CONCURSO PARA SÓCIOS EFETIVOS

Tema LAGO:


1º lugar: José Lucas de Barros,
2º lugar: Mara Melinni de Araújo Garcia,
3º lugar: Ubiratan Queiroz de Oliveira,
4º lugar: Ademar Macedo;
5º lugar: Francisco Garcia de Araújo,
6º lugar: Manoel Cavalcante Souto de Castro,
7º lugar: Francisco Garcia de Araújo,
8º lugar: José Lucas de Barros,
9º lugar: Hélio Pedro de Souza,
10º lugar: Ademar Macedo,
11º lugar: Manoel Cavalcante S. de Castro
12º lugar: Ivaniso Galhardo,
13º lugar: Antônio Rodrigues Neto,
14º lugar: Severino Campelo,
15º lugar: Hélio Pedro de Souza.

COMISSÃO JULGADORA:
Lisete Johnson,
Alba Christina Campos Neto
Geraldo Nogueira


CONCURSO PARA SÓCIOS CORRESPONDENTES

Tema ILHA:


1º lugar: Arlindo Tadeu Hagen/MG
2º lugar: Wanda de Paula Mourthé/MG
3º lugar: Arlindo Tadeu Hagen/MG
4º lugar : Therezinha Brisolla/SP
5º lugar: A. A. de Assis/PR
6º lugar: Maria Madalena Ferreira/RJ
7º lugar: Maria Madalena Ferreira/RJ
8º lugar: A. A. de Assis/PR
9º lugar: Wanda de Paula Mourthé/MG
10º lugar: Gislaine Canalles/SC
11º lugar: Delcy Canalles/RS
12º lugar: Gislaine Canalles/SC
13º lugar: Wandira Fagundes Queiróz/PR
14º lugar: Delcy Canalles/RS
15º lugar: Wandira Fagundes Queiróz/PR

COMISSÃO JULGADORA:
Antonio Colavite/SP
Darly O. Barros/SP
Newton Vieira/SP.


CONCURSO DE ÂMBITO ESTADUAL
Tema MELODIA:


1º lugar: Manoel Cavalcante de Souza Castro,
2º lugar: Paulo Roberto da Silva,
3º lugar: José Lucas de Barros,
4º lugar: Hélio Pedro Souza,
5º lugar: Ademar Macedo,
6º lugar: Paulo Roberto da Silva,
7º lugar: Fabiano de Castro Magalhães Wanderley,
8º lugar: Hélio Pedro Souza,
9º lugar: Francisco Garcia de Araujo (Prof. Garcia),
10º lugar: Ivaniso Galhardo,
11º lugar: Antônio Rodrigues Neto,
12º lugar: Ivaniso Galhardo
13º lugar: Ademar Macedo,
14º lugar: Israel Maria dos Santos Segundo,
15º lugar: Severino Campêlo.

COMISSÃO JULGADORA
Edna Gallo
Maria Nelsi Sales Dias
Antônio Colavite Filho
Todos da UBT de SANTOS/SP.


CONCURSO DE ÂMBITO NACIONAL
Tema SOM:


1º lugar: José Valdez de Castro Moura/Pindamonhagaba/SP
2º lugar: Ercy Maria M. de Faria/Bauru/SP,
3º lugar: Adilson Maia/Niterói/RJ,
4º lugar: Darly O. Barros/são Paulo/SP,
5º lugar: Ercy Maria M. de Faria/Bauru/SP,
6º lugar: Therezinha Diegues Brisolla/São Paulo/SP,
7º lugar: Renato Alves/Rio de Janeiro/RJ,
8º lugar: Almerinda F. Liporage/Rio de Janeiro/RJ,
9º lugar: Darly O. Barros/são Paulo/SP,
10º lugar: Wanda de Paula Mourthé/Belo Horizonte/MG,
11º lugar: J. B. Xavier/São Paulo/SP,
12º lugar: Simão Elane Marques Rangel/Rio de Janeiro/RJ,
13º lugar: Domitilla Beltrame/São Paulo/SP,
14º lugar: Antônio Claret Marques/Guaxupé/MG,
15º lugar: Therezinha Diegues Brisolla/São Paulo/SP,

COMISSÃO JULGADORA:
Marcos Antônio Medeiros
Hélio Pedro de Souza
Hélio Alexandre S. Souza


CONCURSO DE ÂMBITO NACIONAL
Tema BARULHO(H):


1º lugar: Sandro Pereira Rebel/Niterói/RJ,
2º lugar: Therezinha Diegues Brisolla/São Paulo/SP,
3º lugar: José Ouverney/Pindamonhangaba/SP,
4º lugar: Edmar Japiassú Maia/Nova Friburgo/RJ,
5º lugar: Manoel Cavalcante de Souza Castro/P.Ferros/RN,
6º lugar: Giva da Rocha/São Paulo/SP,
7º lugar: Elen de Novais Félix/Niterói/RJ,
8º lugar: Sandro Pereira Rebel/Niterói/RJ,
9º lugar: A.A. de Assis/Maringá/PR,
10º lugar: Flávio Roberto Stefanii/Porto Alegre/RS,
11º lugar: Arlindo Tadeu Hagen/Belo Horizonte/MG,
12º lugar: Francisco José Pessoa/Fortaleza/CE,
13º lugar: Therezinha Tavares/Nova Friburgo/RJ,
14º lugar: Maria Madalena Ferreira/Magé/RJ,
15º lugar: Therezinha Tavares/Nova Friburgo/RJ,

COMISSÃO JULGADORA:
Francisco Garcia de Araújo (Prof. Garcia),
Marcos Antônio Medeiros,
José Lucas de Barros.

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Sinceros parabéns a todos os classificados, e convidamo-los a participarem da Festa de Premiação que ocorrerá em Natal/Parnamirim, nos dias 11 e 12/10/2012, e em Caicó, nos dias 13 e 14/10/2012.

Aos que vêm de outros Estados,encarecemos o obséquio de confirmarem sua participação até o dia 15/9/2012, indicando dia e hora de chegada, nº de voo, empresa aérea e número de pessoas.

Fraternalmente,

José Lucas de Barros,
presidente da Academia de Trovas do Rio Grande do Norte.


Fonte:
José Lucas de Barros

Concurso Literário Lucinerges Couto (Resultado Final)

CONTOS:

1º Lugar:
Nome: José Ronaldo Siqueira Mendes
Mutum/MG
Obra: Quando colher girassóis

2º Lugar:
Nome: Lázaro Sebastião de Oliveira Falcão
Marituba/PA
Obra: O foguete do Chico Torquato

1º Lugar abordando Marituba:
Nome: Orlando Tadeu Ataide Leite
Marituba/PA
Obra: Festança no Arimatéia

Menção Honrosa:
Nome: Gerson Augusto Gastaldi Leite
Jardim Caravelas/SP
Obra: As chamas sagradas

POESIAS:

1° Lugar:

Nome: Benedito José Almeida Falcão
Bauru/SP
Obra: Pacto de (in)fidelidade

2° Lugar:
Nome: Luís Hilário Ferreira da Silva
Ananindeua/PA
Obra: Para não esqueceres de mim

Menção Honrosa:
Nome: Solange Gonzaga Pena Passos
Recanto das Emas/D.F
Obra: Sensibilidade

ROMANCE:

Ainda sem resultado desta categoria.

COMISSÃO JULGADORA:

Cleide Rosana Gomes Araújo
Formação: letras (UFPA), pedagogia (IFPA);
Pós-Graduação: abordagem textual (UFPA).
João da Silva da Silva Rodrigues
Formação: letras (UFPA);
Pós-Graduação: linguística textual (UFPA).
Ruth Helena Leite de Souza Rodrigues
Professora Graduada em Letras (UNAMA).
Déo de Araujo Victor
Professor Graduado em Letras (UFPA).
Simone Carvalho Silva
Licenciatura: letras-habilitação em Língua Portuguesa (UFPA).


Fonte:
http://concursos-literarios.blogspot.com

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Hermoclydes S. Franco (Album de Recordações) n.3


Errata e Biografia (Nilton da Costa Teixeira)

O poema Meu Pai, peço que me perdoem, me equivoquei no nome do autor, e o autor que eu havia colocado, Nilton Manoel, de Ribeirão Preto/SP, enviou e-mail me corrigindo.

O nome do poeta é na verdade, Nilton da Costa Teixeira, pai do Nilton Manoel.


Nilton da Costa Teixeira (1920 - 1983)

Nilton da Costa Teixeira, nasceu na cidade de Monte Alto, interior de São Paulo, em 03 de maio de 1920, filho dos portugueses Manoel dos Santos Teixeira e Conceição da Costa Teixeira. Veio com a família para Ribeirão Preto, prosseguindo os estudos no Grupo Escolar Guimarães Júnior, onde concluiu em 1930/31. Trabalhou desde a infância, tendo sido prático de farmácia, depois ser provador de café e, na mesma firma, passou a exercer funções na contabilidade, enquanto prosseguia seus estudos no ginásio do Estado, hoje Otoniel Mota. Na Escola da Biblioteca dos Pobres foi cursar o “guarda livros”, mais tarde na Escola de Comércio São Sebastião, Contabilidade e científico no colégio Progresso.

Dedicou-se à contabilidade e ao comércio. Aposentou-se por tempo de serviço em 1.976. A contabilidade exerceu-a até os últimos dias de sua vida. Era associado do Conselho Regional de Contabilidade e graças ao vasto conhecimento contábil, assessorava colegas nas constantes mutações do setor.
Teve participações esportivas e literárias. Na literatura, 45 anos de atividades. Em 1936, co-fundara o Grêmio Literário Humberto de Campos.

Na imprensa, Nilton sempre editou crônicas, contos, poemas, trovas, sonetos, divulgando parte de sua produção literária, nos jornais de Ribeirão Preto, oferecendo subsídios para que professores e alunos trabalhassem, nas escolas, seus projetos de poesia. Em torno da Fonte Luminosa, da praça XV de novembro, por vários anos, estiveram expostas as trovas dos Jogos Florais de Ribeirão Preto, em placas pintadas, com as trovas vencedores. Nilton sempre tinha alguma premiada.

Como professor, na Escola dos Pobres, estimulava o alunado à vida literária e o que continuou fazendo no correr dos anos. Sua esposa também lecionava na entidade. Prefaciou diversos livros. Gostava de escrever sobre a cidade.

No correr dos anos, durante campanhas eleitorais, à pedido de candidatos compunha “marchinhas” de campanha eleitoral e, num só pleito, viu candidatos eleitos com o apoio suas mensagens poético-eleitorais. Era comum, ao passar por cartórios de paz, ser solicitado a fazer trovas de homenagem a casamento ou nascimento. O poeta gostava do que fazia e fazia com inspiração.

No ano de 1966, foi um dos vencedores dos I Jogos Florais de Ribeirão Preto, numa promoção do Clube dos Antônios com o patrocínio do jornal O Diário, tendo duas de suas trovas premiadas. O tema da promoção era Santos Dumont. A respeito, no dia 6 de novembro de 1967, o dr. Antonio Rocha Lourenço, presidente do Clube, se manifestou: Ao ofertar-lhe o prêmio que sua inteligência conquistou, não deseja o Clube dos Antônios, deixar embora em poucas palavras, de dizer o quanto agradece a sua destacada participação. Foi premiado em diversos concursos de trovas e sonetos. Era considerado uma usina poética e conseguia produzir centenas de trovas de um mesmo assunto ou tema.

Em 1970, a pedido do dr. Antônio Duarte Nogueira, então prefeito, editou Versos à Ribeirão Preto. O historiador Prisco da Cruz Prates, destacava-o em seus textos como o príncipe regional da trova ribeirãopretana. O trabalho literário de Nilton merecia elogios nos mais diferentes recantos do país.

Em 19 de junho de 1977, trovadores de diversas cidades e estados, estiveram reunidos na casa do poeta. Ocasião festiva e literária, onde cada um demonstrava a sua versatilidade. O escritor e acadêmico santista Walter Waeny ao partir deixou em manuscrito a mensagem:

“ Esta alegria maior,
Sempre guardá-la prometo:
visitei, hoje, o melhor,
poeta de Ribeirão Preto”.


O trovador José Valeriano Rodrigues, mineiro de diversas academias, assim escreveu:

Senti-me de tal maneira
à vontade neste lar,
como na casa mineira
para a qual eu vou voltar”.


Deixou vários inéditos, mas na imprensa diária divulgada boa parte daquilo que produzia. Suas constantes premiações literárias, perpetuam seus textos em livros de resultados de concursos. A biblioteca municipal e a Casa da Cultura têm as edições dos livros de jogos florais de Ribeirão Preto.

Vem sendo organizada uma antologia com os textos dos escritores da família Teixeira. O poeta Lauro da Costa Teixeira (irmão, freqüentava a Casa do Poeta Lampião de Gás), Nilton Manoel e Ivan Augusto (filhos) e alguns sobrinhos do poeta com prêmios e vida literária.

Nilton fez parte de várias comissões de Jogos Florais de Ribeirão Preto.
Nilton, co-fundador e vice-presidente da seção municipal da União Brasileira de Trovadores, instalada por Luiz Otávio (príncipe dos trovadores). Co-fundador da União dos Escritores de Ribeirão Preto e membro correspondente de academias pelo Brasil. Hoje é patrono de cadeiras acadêmicas.

No decorrer dos anos conquistou prêmios, nos Jogos Florais da Bahia, pela Academia Castro Alves de Letras, Academia Valenciana de Letras, Grupo Alec de Corumbá, Academia Pedralva de Letras e Artes, Sesc Três Rios- RJ, União Brasileira de Escritores, Revista Brasília, centenária Sociedade Legião Brasileira Civismo e Cultura, em Ribeirão Preto, monografia sobre Padre Euclides, Casa da Cultura de Ribeirão Preto, Clube da Velha Guarda, Jogos Florais de Ribeirão Preto, Santos, Rio de Janeiro,etc.

Na antologia Poetas de Ribeirão Preto, terra da poesia, editada por Nilton Manoel, em 1979, figura com um agrupamento de textos sob o título “Encanto dos meus dias” onde são encontrados sonetos, poemas e trovas, concebidos em verdadeiros estados de graça. Foi haicaísta.

A FONTE LUMINOSA

Da fonte luminosa, emergem espargidos,
contínuos jatos de água em cores variantes,
que , em suaves vai-vens, tão sempre repetidos
em mesclas divinais de encantos e corantes.

Seus azuis celestiais, nos jatos expelidos,
parodiam, no céu, os azuis contagiantes,
enquanto pela relva, os grilos escondidos
teimam a musicar esses vai-vens constantes

Sempre a água sobe e desce e sofre mutações,
imita nossa vida onde há tão falsos pomos
colhidos cegamente em muitas ocasiões...

A fonte é um painel de passageiras cores,
a vida é um painel de mentirosos cromos,
dois cromos celestiais, cromos enganadores.


Com a difusão de informativos, jornais, revistas, colunas de poesia em jornais O Diário, Diário de Notícias, Diário da Manhã, A Cidade e em Folha do Subúrbio (do Eduardo Cavalcanti da Silva, Camaçari - BA), a coluna de Trovas da Gazeta Esportiva, assinada pela jornalista Maria Thereza Cavalheiro, Almanaques como o Santo Antonio, da Editora Vozes, a folhinha do Sagrado Coração de Jesus, álbuns e revistas acadêmicas, os poemas de Nilton da Costa Teixeira popularizam-se cada vez mais, principalmente, em volantes, editados para distribuição gratuita a alunos de nossas escolas. O movimento literário de Ribeirão Preto, tomou vulto com as edições diárias do poeta, considerado o marco de nacionalização da literatura ribeirãopretana.

Nos Jogos Florais de Ribeirão Preto, oficializados pelo executivo, por ser o evento que consagrou a cidade no mundo internacional da literatura, realizados em modalidades: estudantil, municipal, internacional, Nilton conseguiu diversas e boas trovas vencedoras, entre elas:

Neste abraço em que te aperto,
Com a beatitude de um monge,
Sinto meu amor tão perto...
Minha esperança tão longe!

Para salvar aparências,
Nós pela vida, mentindo,
Entre silêncios e ausências,
Sofremos sempre sorrindo.

O Judas de hoje, moderno,
Maneiroso, demagogo,
Não teme os clarões do inferno,
Porque dança sofre o fogo.

Despreocupado com a morte
Para quem tão pouco resta,
Mesmo os rigores da sorte
São verdes sonhos de festa!


Comentários sobre o poeta:

“... vemos o perfil de um homem, que foi inspirado cultor do sonho e requintado burilador do verso. Sei que foi, em sua terra natal, por várias gerações, um dos seus valores mais dignificantes, que, se o presente tanto o admirou, a posteridade saberá respeita-lo”.

Um poeta adormeceu,
e, porque tanto sonhou,
se algo, aqui, se escureceu,
todo o céu se iluminou”.
Helvécio Barros- Bauru-SP.:


“Com profundo pesar recebemos a infausta notícia do falecimento do poeta Nilton da Costa Teixeira, que enluta as letras de Ribeirão Preto e entristece seus irmãos trovadores de todo o Brasil”..
Carolina Ramos, presidente da União Brasileira de Trovadores –secção de Santos-SP

“ Trovador e poeta que todos aprendemos a estimar e admirar”.
Jornalista Paulina Martha Frank, Campinas,SP.

"O Brasil inteiro precisa ler o que ele escreve, para render homenagem a um talento e a uma versatilidade assim tão grandes”.
Walter Waeny, trovador da Academia Santista de Letras
----------
Na literatura de Ribeirão Preto sua prosa e poesia fez a nossa história literária e, ficou comprovado nos certames em que foi premiado. Seus livros: A Mansão do Morro Branco, Versos à Ribeirão Preto, Mãe, Minha Trova em Ribeirão Preto, Sonetos de várias datas,Restos de Ventura, entre outros, enriquecem o mundo literário desta cidade que tanto amou.

Faleceu a 5 de novembro de 1983; casado com d. Ophélia de Andrade Teixeira.

Fontes:
- Nilton Manoel.
- http://corauci.com.br/n0004.htm

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 636)

Uma Trova de Ademar

Com certa preponderância
eu impus esta verdade:
Quem inventou a distância
não conhecia a saudade!..

–Ademar Macedo/RN

Uma Trova Nacional


A "Poesia" é pura imagem
vestida em traje de gala;
metafísica linguagem
através da qual Deus fala!

–Roza de Oliveira/PR–

Uma Trova Potiguar


Percorri muitos espaços...
Tantos jardins visitei...
Mas depois de tantos braços,
aos teus braços eu voltei.

–Israel Segundo/RN–

Uma Trova Premiada

2011 - Concurso do CTC/ES
Tema - F É - 9º Lugar


Eu sempre narrei um fato
da minha falta de fé:
" - Eu não tinha nem sapato
até ver alguém sem pé...".

–Antônio Colavite Filho/SP–

...E Suas Trovas Ficaram


Há, Senhor, muita tristeza
na criança sem escola.
Por favor dê-me a certeza
que o Saber não pede esmola.

–Cecim Calixto/PR–

Uma Poesia


Quando o verso é bem urdido
e a estrofe fica bem feita,
a peça logo acabada
fica tão linda e perfeita,
que a musa sente ciúme
e ao lado dela se deita!

–Prof. Garcia/RN–

Soneto do Dia

SUBLIME AMOR.
–Haroldo Lyra/CE–


Numa clínica, um velho procurava
rápido curativo à mão doente.
Dizia-se apressado, que era urgente,
pois tinha um compromisso e se atrasava.

O médico, atendendo ao paciente,
perguntou por que tanto se apressava!
É que, num certo Asilo, costumava
tomar café co’a esposa, já demente.

O médico ressalta: “Por descaso,
não reclamara ela desse atraso?”
E ele: “Nem mais me reconhece, até”.

“Então! É apenas um capricho seu?”
“Oh, não! Ela não sabe quem sou eu,
mas eu sei muito bem quem ela é”.

-Fonte:
Colaboração de Ademar Macedo

Montagem da trova e imagem por José Feldman

domingo, 12 de agosto de 2012

Hermoclydes S. Franco (Álbum de Recordações - n.2)


Francisco Pessoa (Décima de Dia dos Pais)

Fonte:
O Autor

O Pai em Trovas

Como é bom saber que o filho
 vida afora alegre vai,
 dando forma, força e brilho
 aos sonhos do velho pai!
            A.A. de Assis – Maringá/PR

A bênção, queridos pais,
 que às vezes sois mães também.
 Em nome de Deus cuidais
 dos filhos que d’Ele vêm!
            A. A.  de Assis – Maringá/PR

Com amor segue em teus trilhos,
 do bom caminho não sai
 para que, sempre, teus filhos
 possam chamar-te de...Pai!
            Antonio Juraci Siqueira – Belém/PA

Todo pai - parece troça -
 qual jaca é como se fosse:
 se por fora é um "casca grossa",
 por dentro...como ele é doce!
            Antonio Juraci Siqueira – Belém/PA

É de dor a sensação:
 meu pai... arrastando os passos;
 e eu... puxando pela mão
 quem já me levou nos braços!
            Antonio Carlos Teixeira Pinto – Brasília/DF

É tão bom ser tua filha,
 me espelhar em teu caminho.
 desta vida, és maravilha,
 espalhando teu carinho.
            Carmen Pio – Porto Alegre/RS

Esse mesmo pai que um dia
 Deus me ofertou, ao nascer,
 é o pai que eu escolheria,
 caso pudesse escolher!
            Carolina Ramos - Santos/SP

Dia dos Pais,  eu  desejo
 que seja um dia de brilhos,
 que a brisa leve o meu beijo
 a  cada  pai  e  seus filhos!
            Delcy Canalles – Porto Alegre/RS

12 de agosto,  eu  te  digo:
 -Chega alegre e de mansinho,
 faze do "PAI",  um  amigo,
 que dá, aos "FILHOS", carinho"!
            Delcy Canalles - Porto Alegre/RS

No  Dia dos Pais, queria,
 abraçar-te,  meu  irmão,
 e  te  dizer, em  poesia,
 o que vai no  coração!
            Delcy Canalles - Porto Alegre/RS

Que tenhas muita ventura
 no  universo do teu lar,
 que só o amor e a ternura
 possam  contigo,  ficar!
            Delcy Canalles - Porto Alegre/RS

Um homem sem preconceito,
 um sábio diante da vida,
 meu pai legou-me o direito
 de andar de cabeça erguida...
            Élbea Priscila de Souza e Silva - Caçapava/SP

Meu velho pai me dizia
 com profunda lucidez:
 -Nem a mais alta honraria
 vale mais do que a honradez!
            Eliana Dagmar - Amparo/SP

A frase dura que escapa
 da boca de muitos pais
 é tão cruel quanto um tapa
 e, às vezes, machuca mais!
            Gerson César Souza - São Mateus do Sul/PR

Ah... meu pai! Por tua ação
 eu não temia revés:
 – Segurando a tua mão,
 eu tinha o mundo a meus pés!
            João Freire Filho - RJ/RJ

Num retrato amarelado,
a saudade em mim se deu.
Ontem tinha meu pai ao lado
sem ele, hoje, o pai sou eu.
José Feldman - Maringá/PR
Oh, que sentir singular!
 Saudade imensa me dói,
 quando me ponho a lembrar
 do Pai maior que um herói.
            Lairton Trovão de Andrade - Pinhalão/PR

Meu pai foi homem prudente,
 de caráter e lealdade.
 Foi grande exemplo pra gente
 como homem de verdade.
            Lairton Trovão de Andrade - Pinhalão/PR

Uma saudade doída
 me vem assim de repente,
 papai deixou esta vida,
 foi morar longe da gente.
            Lêda Terezinha de Oliveira- Pinhalão/PR

Do céu, meu pai é por mim,
 qual querubim protetor,
 muito sinto que é assim,
 meu pai, um anjo de amor.
            Lêda Terezinha de Oliveira - Pinhalão/PR

O papai mesmo zangado
 tem bondade em seu olhar.
 Mesmo bastante ocupado
 dos filhos vive a zelar
            Lyzete Maria - 1a.colegial - Pinhalão/PR

Meu pai, amigo sincero,
 me dá, de modo conciso,
 não as respostas que eu quero
 mas aquelas que eu preciso.
            Marisol – Teresópolis/RJ

Foi amigo de verdade,
 meu exemplo, meu herói.
 Hoje meu pai é saudade,
 e como a saudade dói!...
            Nádia Huguenin – Nova Friburgo - RJ

Desta vida eu devo o brilho
 por você ter me ensinado.
 Hoje, pai, com o meu filho,
 sou você no meu passado.
            Nei Garcez – Curitiba/PR

No calor do ensinamento
 você sempre esteve certo.
 Hoje, o arrependimento...
 Você não está por perto!
            Nei Garcez – Curitiba/PR

Você sempre foi meu guia
 nos abismos desta vida,
 e eu jamais o percebia,
 ó meu pai... Que linda lida!
            Nei Garcez – Curitiba/PR

Neste mundo, eu vivo aqui,
 é meu pai, meu grande amigo;
 das lições que eu aprendi
 tua imagem vem comigo!
            Nei Garcez – Curitiba/PR

Pai, a saudade me acorda
 e traz, do nosso passado,
 o rancho, o fumo de corda...
 e o teu chapéu amassado!
            Neide Rocha Portugal - Bandeirantes/PR

Se a vida, enche-se de brilho
 no dia a dia de pai,
 é porque a vida do filho
 é a grande graça do PAI!
Nilton Manoel – Ribeirão Preto / SP

Meu pai, exemplo perfeito,
 de luta e vitalidade!
 ao partir, por ser direito,
 deixou sincera saudade.
Nilton Manoel – Ribeirão Preto / SP

É força que vem comigo
 e no tempo não se esvai...
 – Sempre que falo de amigo
 eu me lembro de meu pai!
            Rodolpho Abbud – Nova Friburgo/RJ

Um homem, quando se vai,
 deixa esta imagem no adeus:
 perante Deus... a de um pai:
 perante o filho... a de um deus!
            Sérgio Bernardo - Nova Friburgo/RJ

Longe agora a infância vai...
 E nos caminhos que trilho,
 que triste é dizer "meu pai",
 sem que respondas "meu filho"!
            Sérgio Bernardo - Nova Friburgo/RJ

Fonte:
http://www.movimentodasartes.com.br/trovador/pop_062/060813a.htm

Ladyce West (Quem é?)

Quem é
aquele homem alto,
que me abraça forte,
com muito carinho?
Quem vem me acudir
num salto,
que me deseja sorte
e me chama filhinho?

Meu Pai —
é seu nome completo,
Não tem sobrenome,
nem para o carteiro.
Com ele, eu me sinto repleto,
ando bem ereto, cheio de afeto.
Pra mim ele é valioso,
Se dá por inteiro,
este homem discreto.
Amoroso, muito circunspecto,
ele vai à luta,
samurai guerreiro.

Fonte:
À Meia Voz

Nilton Manoel (Meu Pai)

Eu,era bem criança e inda me lembro quando
 adentravas-te ao lar sorrindo comovido,
 e aos beijos ias para a minha mãe contando
 vários fatos de mais esse dia vivido.

E então cada um ia sentar-se pra merenda
 defronte a mesa antiga e de tábuas de pinho,
 posta na sala, em que na casa da fazenda
 a família ceava em fraternal carinho.

E á hora da janta, enquanto a sopa fumegava,
 numa terrina grande e exalando temperos,
 cada um se levantava e  com ardor rezava,

Ante meu pai, que em pé, sempre ao bom Deus louvava,
 com as orações, que, eu em hora de desespero
 repito inda hoje, assim como ele me ensinava.
 
Fonte:
 Publicado no Jornal O Diário - Ribeirão Preto - SP.
 em 14/08/1966

Nei Lopes (Quanto Dói Uma Saudade)

Um dos maiores violonistas anônimos do subúrbio carioca foi o Athaúde — com "th", como exigia. Mas o que tinha de cobra, tinha de baixo astral.

Papo bom pra ele, era doença, epidemia, catástrofe. E a introdução preferida de seus papos era a célebre "sabe quem morreu?".

Essa opção preferencial pelo fúnebre Athaúde levava consigo em seus endereços, na medida em que o tempo ia passando e seus já parcos recursos iam escasseando ainda mais. Tanto que da rua Real Grandeza, onde nasceu, foi morar no Catumbi, depois no Caju, depois em lnhaúma, depois na Cacuia, depois no lrajá (na Freguesia, que no Pau-Ferro todo mundo é vivo!), depois em Ricardo de Albuquerque... até seu repouso eterno no Murundu, em Realengo.

Mas o caso é que, debaixo daquela sua mortalha roxa e amarela, Athaúde também usava uma máscara deste tamanho. E isto porque sabia-se quase um Zé Menezes — tocava todos os instrumentos de corda, "menos harpa e relógio", como, passando pelo tenor, que a gente chamava de "viola americana" e pelo banjo, que Seu Acácio da Venda achava que era um "pandeiro de rabo". E, aí, sabendo que abafava, ficava dando uma de virtuose pobre-coitado:

— Eu não toco nada! Você precisava ver meu finado irmão...

Esse irmão falecido, que a gente nunca soube ao certo se era uma saudade ou uma desculpa, não saía da nossa roda — é óbvio — de choro: "Lamento", "Tristezas do Sólon", "Saxofone Por Que Choras?", "Bonifrates de Muletas", "Chorando baixinho", "Quanto Dói Uma Saudade", "Tristeza de Um Violão", eram as preferidas do Athaúde, naquele seu interminável in memoriam.

— Porra, toca "Brasileirinho", ô Ataíde ! — esbravejou o Fornalha já cheio de timbuca, naquela extemporânea e blasfema roda formada, de improviso, na Sexta-feira da Paixão.

— "Ataíde", não! A—tha-ú-de! Com "th". E "Brasileirinho" é choro de cavaco — fez doce o lúgubre instrumentista mascarado.

— Então, pega o cavaco, ô mão de vaca! Tu brinca nas onze, que eu sei! Deixa de modéstia, ô Segóvia! botou pilha o Jorge Bagunça, debochado como ele só. Mas o baixo astral foi irredutível:

— Quando eu perdi meu irmão, jurei nunca mais pegar no cavaquinho.

Acontece que um dia — sei lá o que houve, se ganhou no bicho, se comeu alguém, se bebeu, se fumou, se cheirou — o Athaúde chegou no boteco do Zé Calcinha completamente diferente. Ria, falava com todo mundo, chegou até a passar a mão na bunda da Dona Alzira que, como sempre, não entendeu nada. E, pra acabar com o baile, tomou o cavaco da mão do Vavá, riscou o tom e solou um "Brasileirinho" com uma rapidez, uma destreza e uma alegria nunca vistas, de São Cristóvão a Padre Miguel.

Foi nessa que o sacana do Jorge Bagunça chegou, não acreditou no que viu, pediu uma Faixa Azul, encheu um copo, tomou um gole, limpou a espuma do bigode (naquele tempo cerveja tinha espuma), foi-se chegando devagarzinho pra roda e, no último acorde, no fecha, naquela do "tchan-tchan", berrou na alça da orelha do Athaúde:

— Irmão desnaturado !!!!!!!!!!!!

Fonte:
http://www.releituras.com/neilopes_saudade.asp