sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Luiz Bacellar (1928 - 2012)

   Luiz Franco de Sá Bacellar nasceu em Manaus no dia 4 de setembro de 1928. Depois de passar a infância em Manaus, foi para São Paulo e lá realizou o antigo curso Colegial. Mais tarde, no Rio, foi bolsista do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, INPA, quando fez o curso de Aperfeiçoamento de Pesquisador Social, na área de Antropologia Cultural, no Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais, sob a orientação do Prof. Darcy Ribeiro. Voltando a Manaus, exerceu o jornalismo, foi portuário e comerciário, antes de se tornar Professor de Literatura e Língua Portuguesa no Colégio Estadual D. Pedro II e Professor de História da Música no Conservatório Joaquim Franco, da Universidade do Amazonas. Por volta de 1954, sua atividade literária se intensificou e, juntando-se a um grupo de jovens interessados no desenvolvimento cultural do Estado, participou da criação do Clube da Madrugada, cujo nome teria sido por ele sugerido. Com seu livro de estreia, Frauta de Barro, que só foi editado quatro anos mais tarde, foi laureado em 1959 com o Prêmio Olavo Bilac, conferido pela Prefeitura do antigo Distrito Federal (Rio de Janeiro), de cuja comissão julgadora fizeram parte Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade.  
Seu segundo livro, Sol de Feira, várias vezes reeditado, recebeu o Prêmio de Poesia do Estado do Amazonas, em 1968.
Um dos fundadores da União Brasileira de Escritores do Amazonas, estava envolvido com a escrita de poesia desde os doze anos e teve vários de seus poemas musicados. O poeta, cultor da música e do desenho, membro da Academia Amazonense de Letras, foi um dos estudiosos do patrimônio artístico e cultural da cidade de Manaus, onde viveu e trabalhou.
Além dos já citados, é autor de Quatro movi­mentos (Manaus, 1975), O Crisântemo de cem pétalas (em parceria com Roberto Evangelista, Manaus, 1985), Quarteto (Manaus, Valer, 1998) e Satori (Manaus, Valer, 2000).
Faleceu em 9 de setembro de 2012.

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Jessé Nascimento (Angra dos Reis/RJ)



1
A formiga, na labuta,
nos dá profunda lição;
não se curva ao peso e à luta,
vive em perfeita união.
2
Ah, relógio, meu amigo,
teus ponteiros, como correm!
O tempo voa contigo
e com ele os sonhos morrem...
3
Após tantos desenganos
e conselhos não ouvidos,
chego ao final dos meus anos
sem ter meus dias vividos.
4
“Aproveite a promoção”,
na loja, a faixa dizia;
aproveitou-a o ladrão,
num cochilo do vigia.
5
À sombra dos arvoredos,
dos meus sonhos de criança,
na rua dos meus folguedos
havia a placa: Esperança.
6
Com meus sonhos mais singelos,
embalados na esperança,
venho erguendo meus castelos
desde os tempos de criança.

7
Com respeito e amor, de fato,
um mundo melhor se faz;
e simbolizando o ato:
– a pomba branca da paz.
8
Corres tanto, mocidade,
és pela vida levada:
– amanhã, serás saudade,
serás velhice, mais nada.
9
Curtindo muita amargura,
trancado na solidão,
anônimo, sou figura
no meio da multidão.
10
Da infância alegre e sadia
guardo uma eterna lembrança.
“Meu Deus, oh, quanto queria
ser novamente criança."
11
Dos meus sonhos de criança
e dos folguedos, saudade!
E na rua da lembrança,
a placa: – Felicidade!
12
Em seu pensamento insano,
vindo a tudo destruir,
como pode o ser humano
a arara azul extinguir?

13
Extraí toda a beleza
de uma vida bem vivida;
e a velhice, com certeza,
vai adiando a partida...
14
Galgo nuvens montanhosas,
sou na vida um alpinista;
mesmo em trilhas perigosas,
busco os sonhos da conquista.
15
Não adormeças teus sonhos,
não os esqueças, jamais;
os dias são mais risonhos
pra aqueles que sonham mais.
16
Não censuro o teu pecado,
não me censures também;
de vidro é o nosso telhado,
pecados... quem não os têm?
17
Não há glória, com certeza,
nem desafio maior,
que a conquista da riqueza
com trabalho e com suor.
18
Não viva em sonhos somente,
mas com todo o seu ardor,
viva mais intensamente
os seus momentos de amor.

19
Navego em ondas serenas
ou mar às vezes cruel;
consciente, sou apenas
um barquinho de papel.
20
Nesta vida, de passagem
 sem morada permanente,
 numa tão breve viagem,
 sou um turista somente.
21
Noite bela e enluarada,
vejo-me em sonho bonito,
numa tênue caminhada
rumando para o infinito.
22
No meu sonho mais profundo,
em pensamentos imerso,
eu fui além do meu mundo,
viajei pelo universo.
23
No silêncio dos meus dias,
alheio a tudo e à razão,
eu vivo as noites vazias
abraçado à solidão...
24
Num cenário colorido,
cheio de encanto e alegria,
a vida tem mais sentido:
– a primavera extasia!

25
O céu de nuvens ornado,
as ondas vêm e se vão;
na areia, um carro isolado:
– o mar...dois jovens...paixão...
26
Pôr do sol... em frente ao mar,
na rede os jovens, sentados,
num cenário singular,
trocam segredos e agrados.
27
Pressuroso em meu afã
de projetar minha ação,
sempre esqueço: é o amanhã
ponto de interrogação.
28
Sempre fui um sonhador,
sonhos...por que não os ter?
Vivo meus sonhos de amor
porque sonhar é viver.
29
Ser solteiro é livre estar,
jamais me vejo casado;
para subir ao altar,
só vou mesmo acorrentado...
30
Tenho ciúme e desgosto,
quando, à noite, leve brisa
afaga o teu meigo rosto
e os teus cabelos alisa.
31
Velhice, andar vacilante;
noite... a sombra descortina
o seu passado distante:
– os tempos de bailarina.
32
Viçosas, plantas e flores,
a natureza se esmera.
É o despertar dos amores,
tudo é belo. É primavera!

Normatização de Concursos de Trovas


Normatização dos Concursos de Trovas da UBT, de acordo com decisão tomada pela II CONAPREST – 2015

1. REGULAMENTO
A.   Todos os concursos em Âmbito Nacional, deverão incluir no tema lírico/filosófico, as duas categorias: Veteranos e Novos Trovadores.
B.  Quando o tema for o mesmo para as duas categorias, o regulamento deverá trazer a instrução: “O Novo Trovador deverá digitar abaixo da Trova: NOVO TROVADOR”.
C.  As trovas deverão ser digitadas ou datilografadas. Não serão aceitas Trovas manuscritas, mesmo que sejam em letra de forma.
D.   A UBT não adota o sistema de letras maiúsculas no início de cada verso. O primeiro verso nunca deve ser iniciado com letra minúscula. Os demais não devem ser iniciados com maiúscula, exceto quando a pontuação anterior o exigir e justificar. (veja após o regulamento, artigo sobre este item)
E.   Só serão reconhecidos pela UBTN os concursos publicados no Boletim Nacional, em pelo menos três edições consecutivas, e cujos resultados forem também publicados no mesmo boletim.
2. MODO DE ENVIO
         Os concursos deverão admitir duas formas de envio:
         1 – Por sistema de envelopes.
         2 – Por e-mail.
         A UBTN continuará a não dar aval para concursos feitos somente pela internet.
        2.1 Envelope
A.   Não serão aceitos envelopes coloridos.
B.  O prazo para remessa dos envelopes deverá ser sempre no último dia útil do mês.
C.  O remetente do envelope deverá ser sempre “Luiz Otávio”.
        2.2 Envio por e-mail
         Afim de preservar a imagem de isenção do coordenador de concursos pela internet, passa a valer as seguintes normas para este tipo de concurso.
A. Ao publicar o concurso, o coordenador já deverá ter o nome de um trovador de outra seção, que não seja a sua, para ser o Fiel Depositário das trovas recebidas. O concorrente enviará as suas trovas digitadas, por e-mail para o Fiel Depositário, que as enviará para o Coordenador, sem a identificação do concorrente. O coordenador será responsável por escolher os julgadores e pelo envio das trovas a eles, tal como as recebeu do Fiel Depositário, ou seja, sem a identificação dos autores das trovas. Feito o julgamento, os julgadores enviarão cópias das trovas com as notas, ao Coordenador. Este então verificará se as trovas enviadas pelos julgadores não foram corrigidas ou modificadas, verificará a soma das notas e se tudo estiver correto, enviará o resultado ao Fiel Depositário para que as trovas sejam devidamente identificadas. O Fiel Depositário retornará ao Coordenador, que fará o anúncio do resultado do concurso.
        3. DOS CONCORRENTES
A.   Poderá participar dos concursos qualquer trovador, associado ou não da UBT.
B.  Os concursos restritos aos associados da IBT (Inter Sedes, Confraternização, etc) deverão trazer em seu regulamento: “Exclusivo para Associados da UBT”.
C.  A idade mínima para concorrer nos concursos deverá ser de 16 anos. Os menores desta idade deverão ter um tema para Juventrova, caso a seção promotora do concurso assim o desejar.
D.  O trovador poderá concorrer somente em um âmbito:
         LOCAL: para trovadores domiciliados na cidade que promove o concurso.
         ESTADUAL: para trovadores residentes no Estado a que pertence a Seção promotora do concurso.
         NACIONAL: para todos os trovadores do Brasil, exceto do Estado e da seção que promove o concurso.
         O trovador não poderá concorrer em mais de um âmbito. Esta divisão tem como intenção dar chance a que mais concorrentes se classifiquem.
Comentário ao item 1 D, por Vanda Fagundes Queiroz
         De acordo com o item “D”, a UBT desaprova o uso de maiúsculas no início de cada verso da trova.
         Sim, sim. Trata-se de uma prática em desuso (parece que poetas mais antigos adotavam).
         Assim tenho orientado quem me mostra alguma trova. E advirto que o próprio computador automaticamente coloca maiúscula, quando teclamos “Enter”, para mudarmos de linha. Cabe-nos então prestar atenção, quando digitamos, para mudarmos as maiúsculas em minúsculas, se for o caso.
         A pontuação da trova deve obedecer à estrutura do texto, ou seja: – deve-se pontuar qual se tratasse de um texto em prosa. Portanto, letra maiúscula, somente quando a pontuação do verso anterior o exigir.
         Neste sentido, consta que não é somente o “ponto final” que assim exige. Outros sinais gráficos igualmente pedem o uso da inicial maiúscula na palavra seguinte, a saber:
         – Dois pontos – quando se faz uma assertiva, e a seguir muda-se o foco, para uma citação, por exemplo:
Ao romper os nossos laços,
chego à estranha conclusão:
– A saudade não tem braços,
mas aperta o coração!
(Therezinha D. Brisolla)
         – Reticências – praticamente no mesmo caso de mudança do foco, quando se isola a sequência anterior (um pensamento suspenso, meditativo, por exemplo), para acrescentar outra ideia, que venha a complementar.
Vaidade que se promulga,
só aos incautos ilude…
Façanha que se divulga
não será jamais virtude…
(JB Xavier)
Infância, em mim, é saudade
de um tempo ingênuo inocente…
Lá em casa a Felicidade
sentava-se à mesa com a gente!
(Waldir Neves)
         – Ponto de interrogação – caso de pergunta e resposta, por exemplo. Ou outra colocação gramatical, em dois segmentos.
Felicidade… Quem sabe
dizer tudo o que ela seja?
É tão grande e, às vezes, cabe
num “sim” que a gente deseja.
(Carlos Guimarães)
        – Ponto de exclamação – caso de uma ênfase independente, seguida de justificação, causa, efeito, etc.
Trova! Trova abençoada!
Nesta dura escuridão,
és a porta escancarada
para a minha salvação!
(Ercy Maria Marques de Faria)
         – Travessão – quando introduz fala, diálogo, citação.
Ao beijar-lhe o maridinho,
diz a onça, boca em chama:
– Mas que bafo, meu benzinho.
– Não liga, não, é só fama…
(Flávio R. Stefani)
         Em suma: A pontuação define o ritmo do pensamento.
         Só venho expor a ideia, visto constar no referido item “D” que nos concursos da UBT serão desclassificadas as trovas cujos versos se iniciem, todos, com letra maiúscula, exceto após ponto final.
         Suponho – que talvez a orientação mais clara poderia ser:
         – O primeiro verso nunca deve ser iniciado com letra minúscula. Os demais não devem ser iniciados com maiúscula, exceto quando a pontuação anterior o exigir e justificar.
         Afinal, a pontuação é que define o pensamento escrito.
         Que Viva a Trova!!!
(regulamento e comentário retirados do Informativo da União Brasileira dos Trovadores, Seção São Paulo/SP, ano 37, n. 446 – setembro 2015, p.7-8)

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

A. A. de Assis (Revista Virtual de Trovas "Trovia" n. 187 - nov. 2015)




Redimindo os pecadores,
conduzindo-os para a luz,
o maior dos sonhadores
morreu pregado na cruz.
Aparício Fernandes
* *
Cada palavra relida
da carta que alguém nos fez
é um pedacinho da vida
que a gente vive outra vez.
Augusta Campos
* *
Meu lenço, na despedida,
tu não viste, em movimento:
lenço molhado, querida,
não pode agitar-se ao vento.
Carlos Guimarães
* *

Passei a crer nos amigos,
e em bondade ainda creio,
depois que vi dois mendigos
repartindo um pão ao meio.
Colbert Rangel Coelho
* *

Gostar de ti, quem não há de?
Inspiras tal simpatia,
que a gente sente saudade
se deixa de ver-te um dia.
Colombina
* *

Ao beijar a tua mão,
que o destino não me deu,
tenho a estranha sensação
de estar roubando o que é meu...
Durval Mendonça
* *
Em que infinito se esconde
esse Deus tão grande assim?
E minha fé me responde:
– Não se esconde. Mora em mim.
Élton Carvalho
* *

Ele amava o que ela era,
ela amava o que ele tinha.
Durou pouco a primavera
e ela ao fim ficou sozinha...
Justo de Sá
* *
Minhas netas, sempre rindo,
são meu alegre evangelho:
– musgo verde revestindo
de esperança um muro velho.
Lilinha Fernandes
* *

Às vezes, o mar bravio
dá-nos lição engenhosa:
afunda um grande navio,
deixa boiar uma rosa.
Luiz Otávio
* *

Só te peço amor sincero,
e o céu será todo nosso.
Se sou tua – que mais quero?
Se sou mulher –  que mais posso?
Magdalena Léa
* *

Seria a vida enfadonha
sem as dúvidas que tive.
Quem tem certeza não sonha,
e quem não sonha não vive...
Orlando Brito
* *

 
Não botem fogo na cana,
peço ecologicamente –,
que a cana boa e bacana
é que põe fogo na gente...
Héron Patrício – SP
* *
Quando a brisa fez carícia
no seu corpo, ela tremeu.
Mas... brisa não tem malícia...
o malicioso sou eu!
José Ouverney – SP
* *
Posuda, passa a madame...
Luxa  muito, passa bem.
E ainda passa vexame
quando passa do que tem...
Maria Nascimento – RJ
* *
Diz o cinquentão vaidoso:
– “Eu sou madeira de lei!”
E a mulher, em tom jocoso:
– “Então deu cupim…que eu sei!”
Marta Paes de Barros – SP
* *
Eta que apuro arretado...
O povão chega a dar dó...
Com seu salário minguado,
“investe” em dívida... e só!
Osvaldo Reis – PR
* *
Palpite não é dinheiro,
mas se fosse eu estava bem...
Pois o que há de palpiteiro,
só me enchendo, como tem!
Roberto Acruche – RJ
* *

À pergunta: - Qual andar?
Responde o pinguço, a esmo:
– Onde quiser me levar;
já errei de prédio mesmo!
Therezinha Brisolla – SP
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A  palavra acalma e instiga;
a palavra adoça e inflama.
– Com ela é que a gente briga;
com ela é que a gente ama!
A. A. de Assis – PR
* *

Costumo dizer que a trova
é diminuta poesia,
mas que sempre põe à prova
a nossa sabedoria.
Agostinho Rodrigues – RJ
* *

Deus se desdobra no amor
e deixa o ventre bem farto
quando a mãe dá com fulgor
mais de uma luz num só parto.
Aílto Rodrigues – RJ
* *
Ah, que bonito escarcéu...
Gralha Azul... Panapaná...
A certeza está no céu:
– Deus mora no Paraná!
André Ricardo Rogério – PR
* *
Se houver alguém precisando
de que você faça um bem,
não se importe com o “quando”,
nem o “como”, nem “a quem”.
Antonio Colavite Filho – SP
* *
Areias soltas no chão
rolam pra lá e pra cá...
Eu sou apenas um grão
que só vive ao Deus dará.
Ari Santos de Campos – SC
* *
A praia é sempre pisada,
mas nos dá grande lição,
pois, mesmo sendo humilhada,
massageia o coração.
Arlene Lima – PR
* *
Adeus, filho, segue a vida...
volta um dia, sem promessa...
que a primeira despedida
no ventre da mãe começa!
Carolina Ramos – SP
* *
Julguei-o frio, entretanto
um soluço o denunciou;
abracei aquele pranto
que o homem forte chorou.
Cida Vilhena – PB
* *

Tudo o que é criado passa,
porque tudo é contingente.
Deus sempre, com sua graça,
renova a vida da gente.
Cônego Telles – PR
* *
Era un niño silencioso...
Con la mirada me amaba,
y con un beso amoroso
¡sin tocarme me besaba!
Cristina O. Chávez – USA
* *
Entre beijos e carícias,
afogados no prazer,
conhecemos as delícias
do amor e do bem-querer
Cristóvão Spalla – RJ
* *
Quem leva a vida no amor,
dos sonhos nunca se cansa,
que o mundo só perde a cor
quando se perde a esperança.
Dáguima Verônica – MG
* *

Lua, que vagas, serena,
na amplidão do azul celeste,
traz consolo à minha pena,
leva a dor que me trouxeste!
Diamantino Ferreira – RJ
* *
Quem deixa o lar, doce ninho,
por impulsos da revolta,
deve marcar o caminho
pra não se perder na volta.
Djalma Mota – RN
* *
No jardim ali da praça,
por entre as flores de lis,
a minha saudade passa
brincando de ser feliz.
Domitilla Borges Beltrame – SP
* *
Paixão, fina taça cheia
de champanhe borbulhante;
fascínio que nos tonteia
e se esvai no mesmo instante.
Dorothy Jansson Moretti – SP
* *
Dispenso festas, mantenho
com elas pouca amizade,
pois quem tem o amor que eu tenho
só pensa em privacidade.
Élbea Priscila – SP
* *
Quantas bênçãos recebidas
quando se caminha aos pares:
um ideal, duas vidas,
dois corações similares.
Eliana Jimenez – SC
* *
Miados, suspiros, gritos,
fungadas, ais ou arrulhos...
– São tantos os sons bonitos
do amor fazendo barulhos!
Eliana Palma – PR
* *
Este orgulho que carregas,
insano, dentro do peito,
foge, tão logo te entregas
de corpo e alma em meu leito.
Ester Figueiredo – RJ
* *
O adeus assina a sentença...
e eu vejo, em meu padecer,
quando a tua indiferença
vira a página...sem ler!
Eulinda Barreto – SP
* *
Sê feliz na caminhada,
esquece o bem que te fiz...
Nem sempre o fim de uma estrada
é o fim de quem foi feliz!!!
Francisco Garcia – RN
* *
É nos grandes desafios,
quando penso estar sozinho,
que Deus faz luz nos pavios
pra clarear meu caminho.
Francisco Pessoa – CE
* *
No tronco de uma mangueira
escrevi: “Felicidade”...
Mas alguém, por brincadeira,
riscou e escreveu: “Saudade”.
Gasparini Filho – SP
* *
O espelho mau me mostrou
algo que eu nem suspeitava...
Agora, eu sou como estou,
e nunca como eu sonhava!
Gislaine Canalles – SC
* *
Com voz meiga de mulher,
quanta ternura ela espalha...
Do amado faz o que quer;
tendo o amor, nada atrapalha.
Hulda Ramos – PR
* *
Mistério não tem audácia
e o seu domínio requer
o poder da perspicácia
do semblante da mulher.
Ieda Lima – RN
* *
Na clausura da existência
das prisões que nos impomos,
um devaneio é a essência
do que pensamos que somos!
J. B. Xavier – SP
* *
Povo sofre, fica inerte
– ah que triste decepção! -,
quando um líder se perverte,
envergonhando a nação.
Jeanette De Cnop – PR
* *
Corre travesso o menino,
ao vento, a pipa... alegria;
em seu mundo pequenino,
brinca e a inocência irradia.
Jessé Nascimento – RJ
* *
Doce é a ventura vivida
ao teu lado, meu amor.
Contigo, a viagem da vida
é um passeio encantador!
João Costa – RJ
* *
Mesmo se é pobre a mobília
e às vezes falta alimento,
é na casa da família
que a esperança encontra alento.
Jorge Fregadolli – PR
* *

Viver é como viajar
num coletivo qualquer.
Nem sempre se acha lugar
ao lado de quem se quer...
José Fabiano – MG
* *
Na luta do dia a dia,
para esta vida levar,
chega a ser muita ousadia
a gente querer sonhar...
José Feldman – PR
* *
Como é belo ver a planta
que abre flores nos caminhos,
nas horas em que Deus canta
pela voz dos passarinhos.
José Lucas de Barros – RN
* *
Aquela alegre canção,
que, outrora, era de nós dois,
traz, hoje, triste emoção
na solidão de um depois...
Lucília Trindade Decarli – PR
* *
E no princípio era o verso...
mas Deus, que tudo renova,
iluminou o universo,
formando a estrofe da trova!
Luiz Antônio Cardoso – SP
* *
O tempo passa depressa
e tão rápido ele flui
que nunca mais recomeça:
– sou a sombra do que fui.
Luiz Carlos Abritta – MG
* *
O desespero na vida
não deve se sobrepor,
nem fazer da dor sentida
a queda do lutador.
Luiz Damo – RS
* *

Se as trilhas estão nevadas,
maior risco a gente assume,
mas, se estamos de mãos dadas,
chegamos sem medo ao cume.
Maria Luiza Walendowsky – SC
* *

Ponho os olhos no infinito
e me recordo da infância:
do passado escuto um grito
no silêncio da distância...
Maria Thereza Cavalheiro – SP
* *
Na imensidão do meu sonho,
canto, rio, sou feliz...
E estes versos que componho
são o que minha alma diz.
Maurício Friedrich – PR
* *
Vi na árvore fendida,
morta em meio à tempestade,
que um raio de luz na vida
nem sempre é felicidade...
Messias da Rocha – MG
* *
De meu pai, boa lembrança,
guardada está na memória:
presente, desde criança,
esteio de minha história.
Mifori – SP
* *
A maior das orações,
neste mundo em que vivemos,
são as realizações
com as obras que fazemos!
Nei Garcez – PR
* *
Sonhando de trova em trova
pela estrada da poesia,
minha vida se renova
no correr de cada dia.
Nilton Manoel – SP
* *
Seja o pão da comunhão,
a água a jorrar da fonte;
e, pra salvar um irmão,
sobre o abismo, seja a ponte.
Olga Agulhon – PR
* *
Perdi-te, mas, na saudade,
eu só peço ao Criador
que a tua felicidade
seja igual à minha dor.
Olympio Coutinho – MG
* *
Minha avó, que já está morta,
queria tudo perfeito...
Até fazendo uma torta,
fazia torta direito!
Orlando Woczicosky – PR
* *
Ao que canta, basta o canto,
para carpir sua dor;
para derramar seu pranto,
basta a trova ao trovador.
Raymundo de Salles Brasil – BA
* *
De meu pai herdei o nome,
de minha mãe, a doçura...
Da pobreza herdei a fome,
a minha herança mais dura!
Renato Alves – RJ
* *
Com as chaves da alvorada,
Deus, que é poder e magia,
deixa a noite enclausurada
e abre as portas para o dia.
Rita Mourão – SP
* *

Seja de frente ou perfil,
jamais consegue o pintor
mostrar o quanto é sutil
a beleza interior.
Ruth Farah – RJ
* *
Das estrelas não esperes
mais que palavras ao vento;
as estrelas são mulheres
que piscam sem sentimento.
Selma Patti Spinelli – SP
* *
Entre as pedras do caminho,
deixei um sonho disperso,
que morreu longe, sozinho,
nas rimas tristes de um verso!
Sônia Sobreira – RJ
* *
Surgem da simplicidade
aprendizagens da vida.
Não é com celebridade
que a lição se consolida.
Talita Batista – RJ
* *
Ao lento passar das horas,
aumentam as agonias...
Quanto mais tempo demoras,
mais sinto as noites vazias.
Vanda Alves – PR
* *
Ao olhar a mão ferida,
eu vejo a compensação:
– Por uma rosa colhida,
valeu ter ferido a mão!
Vanda Fagundes Queiroz – PR
* *
Numa transfusão de afeto,
basta só abrir os braços,
que o coração, indiscreto,
se entrega sem embaraços!
Vânia Ennes – PR
* *
Tua partida me fala
do teu desprezo... um açoite!
E a saudade não se cala
nem na calada da noite...
Wanda Mourthé – MG
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