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domingo, 11 de fevereiro de 2018
Érico Veríssimo (As Aventuras de Tibicuera) Capítulos 1 a 4
1 — NASCI
Nasci na taba duma tribo tupinambá. Sei que foi numa meia-noite clara. Fazia luar. Minha mãe viu que eu era magro e feio. Ficou triste mas não
disse nada. Meu pai resmungou:
— Filho fraco. Não presta para a guerra.
Tomou-me então nos seus braços fortes e saiu caminhando comigo para as bandas do mar. Ia cantando uma canção triste. De vez em quando gemia. Os caminhos estavam respingados do leite da lua. O urutau gemeu no mato escuro. Uma sombra rodopiou ligeira por entre as árvores.
O mar apareceu na nossa frente: grande, mole, barulhento, cheio de rebrilhos. Meu pai parou. Olhou primeiro para mim, depois para as ondas... Não teve coragem.
Voltou para a taba chorando. Minha mãe nos recebeu em silêncio.2 — CRESCI
Passaram-se algumas luas. Uma tarde eu ia escanchado na cintura de minha mãe e o pajé da nossa tribo nos fez parar na frente de sua oca. Olhou para mim. Viu que eu era magro, feio e tristonho. O pajé era um homem muito engraçado. Como fazia troça de toda a gente e de todas as coisas, diziam que ele era irônico. Pois o pajé me examinou da cabeça aos pés, sorriu e disse:
“Tibicuera”.
O nome pegou. Toda a gente ficou me chamando Tibicuera. Tibicuera na nossa língua queria dizer cemitério. O nome sentava bem. Eu era magro e chorão.
Certa vez fiquei parado, olhando a minha sombra no chão. Era a sombra de um guri cabeçudo, de barriga enorme, como que inchada. As pernas eram finas como os juncos que crescem nos rios. Soltei um grito de tristeza. Na taba até pensaram que tinha sido gemido de urutau.
Uma tarde me debrucei sobre um córrego para matar a sede. Vi minha cara no espelho da água. Levei um susto. Ergui-me num pulo e saí a correr. Agarrei-me às pernas de minha mãe e choraminguei:
— Vi um peixe feio dentro d’água, mãe.
Cresci na caba, comendo terra, perseguindo as formigas e as minhocas. Aos cinco anos fiz minha primeira caçada de tucanos. Mas não me meti fundo no mato, porque tinha medo de encontrar Anhangá, Curupira e os outros espíritos maus.
À noite eu via as danças dos índios ao redor de uma grande fogueira. Os tupinambás pulavam, faziam roda, rebolavam as ancas, erguiam os braços,
batiam com os pés no chão. A fogueira tinha línguas de muitas cores. De dentro dela saltava um clarão que devorava a luz do luar, pintava de vermelho a cara dos guerreiros e ia abolir com o mato que estava dormindo.
Os guerreiros dançavam. Os tambores batucavam — bum-qui-ti-bum. bum-qui-ti-bum. bum, bum... Eu olhava para o céu. A lua parecia uma fogueira e as estrelas eram os índios dançando ao redor dela.
Um dia os tupinambás foram para a guerra. Os tambores soaram com raiva. 0 eco respondeu longe. O pajé reuniu o conselho. Os guerreiros prepararam suas armas. Dançaram os tacapes, os arcos, as frechas e as lanças. Depois os guerreiros entraram no mato. Só ficaram na taba os velhos, as mulheres e as crianças.
Comecei a sentir uma vontade muito grande de ficar homem para ir também à guerra.3 — O MISTÉRIO DA CAVEIRAOs nossos guerreiros voltaram vitoriosos. Trouxeram muitos prisioneiros e o crânio do chefe inimigo. Fiquei olhando aquela cabeça sem corpo. Que cara horrível! Eu queria fechar os olhos ou olhar para outro lado, mas não podia. 0 crânio do chefe inimigo me atraía, me chamava, me prendia. . .
Naquela noite tive um pesadelo pavoroso. Sonhei que a cabeça sem corpo estava em cima de meu peito, pesando, procurando esmagar-me o coração. Acordei suando frio. Saí da minha oca. Silêncio na taba. A noite ia alta.
A lua minguante lá no céu parecia a caveira de algum grande chefe vencido. Os grilos cantavam. Saí a caminhar. Aonde era que eu ia? Alguma coisa me puxava...
Andei trocando pernas à toa por entre as ocas. Só depois de muito tempo é que compreendi o que queria. Eu tinha era vontade de pegar a caveira do chefe inimigo. Eu sabia que ela estava espetada num pau da caiçara perto da oca de nosso chefe. Fui...
Puxei o crânio branquinho com todo o cuidado. Sentei-me na areia da praia. E, sem ouvir o barulho do mar, nem o uivo do vento, nem os pios das aves da noite, revirei nas mãos a caveira e fiquei com os olhos pregados nela. Eu sentia um grande medo no coração. Queria decifrar o mistério daquela cabeça sem vida. Queria...
Que era aquilo? Cheguei a gritar para o céu. Que era aquilo?
O mar continuou rugindo, o vento uivando, as aves piando. Mas nada respondia à minha pergunta.
De repente senti um ímpeto... Peguei a caveira e joguei-a para o ar, como se a quisesse quebrar contra as pontas agudas das estrelas. A caveira brilhou ao luar e tornou a cair na areia. Póf!
Estendi-me ao lado dela e, cansado, dormi até o amanhecer.4 — O MEU ENCONTRO COM ANHANGÁ
Eu gostava de visitar a oca do feiticeiro de nossa tribo. Havia lá dentro um ar de mistério, cobras se arrastando pelo chão, ervas colhidas em noites de lua cheia.
O pajé parecia andar sempre dormindo, olhos fechados, cara calma. Diziam que ele era mais velho que as árvores mais velhas do mato antigo. Sabia todos os segredos da vida. Tinha remédio para todos os males.
O pajé gostava de mim. Eu gostava do pajé. Ele me dizia:
— Ninguém pode com os espíritos maus. Anhangá entra no corpo dos guerreiros e os guerreiros ficam perdidos. Ai de quem encontrar Curupira no mato!
Eu escutava, com o coração batendo, os olhos muito arregalados.
Um dia, distraído a perseguir um bicho, me meti no matagal. Quando caí em mim, estava perdido. Comecei a caminhar sem rumo certo, procurando uma saída. Havia a meu redor troncos de árvores tão grossos e retorcidos que davam medo. Pareciam braços musculosos prontos para me esmagar. O sol mal entrava ali, porque a folhagem formava por cima da minha cabeça um toldo verde e espesso. Ouvi longe o ronco duma onça. Tremi. Um pássaro piou. Tremi de novo. Um graveto estalou. Tornei a tremer. Às vezes uma coisa mole e comprida passava ondulando pelo meio das ervas rasteiras. Cobra. Eu sentia calafrios.
De repente ouvi uma voz fina:
— Tibicuera!
Uma voz de caçoada. Parei. Quem seria? Olhei para os lados. Ninguém. Olhei para cima. Nada. Decerto tinha sido ilusão... Continuei a caminhar. Outro chamado:
— Tibicuera!
De repente um vulto cresceu diante de mim. Era uma figura esquisita, meio gente, meio bicho, preta como a noite, de olhos chispantes que pareciam duas fogueiras. Pulava num pé só, doidamente. Abri a boca num
espanto. Era Anhangá! Reuni toda a minha coragem e falei:
— Passa fora!
Anhangá soltou uma gargalhada: “Quá-quá-quá!”
O mato todo riu com ele. Riu de mim. Depois o diabo virou três cambalhotas no ar e começou a dançar com toda a velocidade em meu redor. Senti que meus olhos escureciam. Eu mal e mal ouvia a voz de Anhangá, berrando:
— Ninguém pode comigo! Ninguém me vence, nem Tupã!
Estendi os braços procurando agarrar alguma coisa. Foi quando Anhangá parou de rodopiar, recuou um pouco e pulou com o pé no ar. Senti uma dor muito forte no queixo e desmaiei.
Acordei na taba. Ouvi alguém perguntar:
— Foi Curupira?
Mal tive força para responder:
— Anhangá.
E comecei a chorar de raiva.
Fonte:
Érico Veríssimo. As aventuras de Tibicuera, que são também do Brasil. (Texto revisto conforme Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa em vigor em 2009). Porto Alegre: Edição da Livraria do Globo, 1937.
Nasci na taba duma tribo tupinambá. Sei que foi numa meia-noite clara. Fazia luar. Minha mãe viu que eu era magro e feio. Ficou triste mas não
disse nada. Meu pai resmungou:
— Filho fraco. Não presta para a guerra.
Tomou-me então nos seus braços fortes e saiu caminhando comigo para as bandas do mar. Ia cantando uma canção triste. De vez em quando gemia. Os caminhos estavam respingados do leite da lua. O urutau gemeu no mato escuro. Uma sombra rodopiou ligeira por entre as árvores.
O mar apareceu na nossa frente: grande, mole, barulhento, cheio de rebrilhos. Meu pai parou. Olhou primeiro para mim, depois para as ondas... Não teve coragem.
Voltou para a taba chorando. Minha mãe nos recebeu em silêncio.2 — CRESCI
Passaram-se algumas luas. Uma tarde eu ia escanchado na cintura de minha mãe e o pajé da nossa tribo nos fez parar na frente de sua oca. Olhou para mim. Viu que eu era magro, feio e tristonho. O pajé era um homem muito engraçado. Como fazia troça de toda a gente e de todas as coisas, diziam que ele era irônico. Pois o pajé me examinou da cabeça aos pés, sorriu e disse:
“Tibicuera”.
O nome pegou. Toda a gente ficou me chamando Tibicuera. Tibicuera na nossa língua queria dizer cemitério. O nome sentava bem. Eu era magro e chorão.
Certa vez fiquei parado, olhando a minha sombra no chão. Era a sombra de um guri cabeçudo, de barriga enorme, como que inchada. As pernas eram finas como os juncos que crescem nos rios. Soltei um grito de tristeza. Na taba até pensaram que tinha sido gemido de urutau.
Uma tarde me debrucei sobre um córrego para matar a sede. Vi minha cara no espelho da água. Levei um susto. Ergui-me num pulo e saí a correr. Agarrei-me às pernas de minha mãe e choraminguei:
— Vi um peixe feio dentro d’água, mãe.
Cresci na caba, comendo terra, perseguindo as formigas e as minhocas. Aos cinco anos fiz minha primeira caçada de tucanos. Mas não me meti fundo no mato, porque tinha medo de encontrar Anhangá, Curupira e os outros espíritos maus.
À noite eu via as danças dos índios ao redor de uma grande fogueira. Os tupinambás pulavam, faziam roda, rebolavam as ancas, erguiam os braços,
batiam com os pés no chão. A fogueira tinha línguas de muitas cores. De dentro dela saltava um clarão que devorava a luz do luar, pintava de vermelho a cara dos guerreiros e ia abolir com o mato que estava dormindo.
Os guerreiros dançavam. Os tambores batucavam — bum-qui-ti-bum. bum-qui-ti-bum. bum, bum... Eu olhava para o céu. A lua parecia uma fogueira e as estrelas eram os índios dançando ao redor dela.
Um dia os tupinambás foram para a guerra. Os tambores soaram com raiva. 0 eco respondeu longe. O pajé reuniu o conselho. Os guerreiros prepararam suas armas. Dançaram os tacapes, os arcos, as frechas e as lanças. Depois os guerreiros entraram no mato. Só ficaram na taba os velhos, as mulheres e as crianças.
Comecei a sentir uma vontade muito grande de ficar homem para ir também à guerra.3 — O MISTÉRIO DA CAVEIRAOs nossos guerreiros voltaram vitoriosos. Trouxeram muitos prisioneiros e o crânio do chefe inimigo. Fiquei olhando aquela cabeça sem corpo. Que cara horrível! Eu queria fechar os olhos ou olhar para outro lado, mas não podia. 0 crânio do chefe inimigo me atraía, me chamava, me prendia. . .
Naquela noite tive um pesadelo pavoroso. Sonhei que a cabeça sem corpo estava em cima de meu peito, pesando, procurando esmagar-me o coração. Acordei suando frio. Saí da minha oca. Silêncio na taba. A noite ia alta.
A lua minguante lá no céu parecia a caveira de algum grande chefe vencido. Os grilos cantavam. Saí a caminhar. Aonde era que eu ia? Alguma coisa me puxava...
Andei trocando pernas à toa por entre as ocas. Só depois de muito tempo é que compreendi o que queria. Eu tinha era vontade de pegar a caveira do chefe inimigo. Eu sabia que ela estava espetada num pau da caiçara perto da oca de nosso chefe. Fui...
Puxei o crânio branquinho com todo o cuidado. Sentei-me na areia da praia. E, sem ouvir o barulho do mar, nem o uivo do vento, nem os pios das aves da noite, revirei nas mãos a caveira e fiquei com os olhos pregados nela. Eu sentia um grande medo no coração. Queria decifrar o mistério daquela cabeça sem vida. Queria...
Que era aquilo? Cheguei a gritar para o céu. Que era aquilo?
O mar continuou rugindo, o vento uivando, as aves piando. Mas nada respondia à minha pergunta.
De repente senti um ímpeto... Peguei a caveira e joguei-a para o ar, como se a quisesse quebrar contra as pontas agudas das estrelas. A caveira brilhou ao luar e tornou a cair na areia. Póf!
Estendi-me ao lado dela e, cansado, dormi até o amanhecer.4 — O MEU ENCONTRO COM ANHANGÁ
Eu gostava de visitar a oca do feiticeiro de nossa tribo. Havia lá dentro um ar de mistério, cobras se arrastando pelo chão, ervas colhidas em noites de lua cheia.
O pajé parecia andar sempre dormindo, olhos fechados, cara calma. Diziam que ele era mais velho que as árvores mais velhas do mato antigo. Sabia todos os segredos da vida. Tinha remédio para todos os males.
O pajé gostava de mim. Eu gostava do pajé. Ele me dizia:
— Ninguém pode com os espíritos maus. Anhangá entra no corpo dos guerreiros e os guerreiros ficam perdidos. Ai de quem encontrar Curupira no mato!
Eu escutava, com o coração batendo, os olhos muito arregalados.
Um dia, distraído a perseguir um bicho, me meti no matagal. Quando caí em mim, estava perdido. Comecei a caminhar sem rumo certo, procurando uma saída. Havia a meu redor troncos de árvores tão grossos e retorcidos que davam medo. Pareciam braços musculosos prontos para me esmagar. O sol mal entrava ali, porque a folhagem formava por cima da minha cabeça um toldo verde e espesso. Ouvi longe o ronco duma onça. Tremi. Um pássaro piou. Tremi de novo. Um graveto estalou. Tornei a tremer. Às vezes uma coisa mole e comprida passava ondulando pelo meio das ervas rasteiras. Cobra. Eu sentia calafrios.
De repente ouvi uma voz fina:
— Tibicuera!
Uma voz de caçoada. Parei. Quem seria? Olhei para os lados. Ninguém. Olhei para cima. Nada. Decerto tinha sido ilusão... Continuei a caminhar. Outro chamado:
— Tibicuera!
De repente um vulto cresceu diante de mim. Era uma figura esquisita, meio gente, meio bicho, preta como a noite, de olhos chispantes que pareciam duas fogueiras. Pulava num pé só, doidamente. Abri a boca num
espanto. Era Anhangá! Reuni toda a minha coragem e falei:
— Passa fora!
Anhangá soltou uma gargalhada: “Quá-quá-quá!”
O mato todo riu com ele. Riu de mim. Depois o diabo virou três cambalhotas no ar e começou a dançar com toda a velocidade em meu redor. Senti que meus olhos escureciam. Eu mal e mal ouvia a voz de Anhangá, berrando:
— Ninguém pode comigo! Ninguém me vence, nem Tupã!
Estendi os braços procurando agarrar alguma coisa. Foi quando Anhangá parou de rodopiar, recuou um pouco e pulou com o pé no ar. Senti uma dor muito forte no queixo e desmaiei.
Acordei na taba. Ouvi alguém perguntar:
— Foi Curupira?
Mal tive força para responder:
— Anhangá.
E comecei a chorar de raiva.
Fonte:
Érico Veríssimo. As aventuras de Tibicuera, que são também do Brasil. (Texto revisto conforme Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa em vigor em 2009). Porto Alegre: Edição da Livraria do Globo, 1937.
sábado, 10 de fevereiro de 2018
Jardim de Trovas n. 5
1
Amigo/amiga, reparto
este espanto com
você:
– o parto não é mais
parto;
é download de
bebê...
A. A. de Assis
(Maringá/PR)
2
Findando minha
jornada
na mata do meu
sertão,
o cantar da
passarada
suaviza meu coração.
Alda Lopes de Oliveira Rezende
(Taubaté/SP)
3
O próprio termo
consorte
já diz tudo e está
provado
que o casado tem
mais sorte
do que o que está
separado!
Amilton Maciel Monteiro
(São José dos Campos/SP)
4
Oh, que bonito
escarcéu...
Gralha Azul...
Panapaná...
A certeza está no
céu:
Deus mora no Paraná!
André Ricardo Rogério
(Arapongas/PR)
5
Com tudo
desmoronando
na batalha pela
vida,
só a Fé fica
amparando
a coragem combalida.
Angélica Vilella Santos
(Taubaté/SP)
6
Se as maravilhas são
sete
eu, agora, vou mais fundo
pois ao meu amor compete
ser mesmo a "oitava do mundo" !
Antonio Colavite Filho
(Santos/SP)
7
Neste mundo de
conflitos
o Poder faz e
desfaz...
E os povos seguem
aflitos
com a esperança de
paz.
Ari Santos de Campos
(Balneário
Camboriú/SC)
8
Escrevi teu doce
nome
na areia que o mar
deixou:
e a onda, que tudo
consome,
esse teu nome
levou...
Astério Barbosa Gomes de Campos
(Amargosa/BA,
1891 - 1968, Rio de Janeiro/RJ)
9
Ao teu lado, estou
seguro;
longe de ti,
desgraçado.
Tu és todo o meu
futuro,
meu presente e meu
passado.
Athayr Cagnin
(Cachoeiro de
Itapemirim/ES, 1918 - 2012)
10
Quando acaso sinto,
crede,
vontade de
trabalhar,
deito-me logo na
rede
até a vontade
passar...
Augusto Linhares
(Baturité/CE, 1879
- 1963, Rio de Janeiro/RJ)
11
Nossa casa é
pequenina,
mas tem a graça de
Deus.
De dia o sol a
ilumina,
e de noite - os
olhos teus.
Augusto V. Rubião
(Campos Gerais/MG,
1905 - Machado/MG)
12
Como dois botões
pequenos,
duas flores
orvalhadas,
teus olhos dormem
serenos
sob as pálpebras
cansadas.
Auta de Souza
(Macaíba/RN, 1876 -
1901, Natal/RN)
13
O tempo - mestre
perfeito,
nos vive sempre a
ensinar...
Mas tem o grande
defeito
de seus alunos matar...
Benedito Camargo Madeira
(Pouso Alegre/MG)
14
Saudade - sombra
fagueira
dos tempos que já
passaram,
nasceu de ausência
primeira
dos que primeiro se
amaram.
Benedito Tavares de Cunha Melo
(Goiana/PE, 1911 -
1981, Jaboatão dos Guararapes/PE)
15
É provérbio muito
antigo
que todos devem
saber:
Quem não evita o
perigo
há de nele perecer.
Benedito Lopes de Oliveira
(Pouso Alegre/MG)
16
Quando angústias me
consomem
esta crença em mim
revive:
Nem só de pão vive o
homem,
- de ilusões também
se vive.
Benedito Rodrigues Aranha
(Pirassununga/SP,
1892 - ,São Paulo/SP)
17
Eu venho de longes
bandas
e trago em chagas os
pés,
mas digas tu com
quem andas
que eu te direi quem
tu és...
Bernardo Guimarães Filho
(Belo Horizonte/MG)
18
A grande, a maior
vitória
que até hoje
consegui,
foi remover da
memória
as batalhas que
perdi.
Carolina Ramos
(Santos/SP)
19
Lobato deu às
crianças,
para os seus dias
tristonhos,
todo um mundo de
esperanças,
dentro de um mundo
de sonhos…
Cesídio Ambrogi
(Taubaté/SP)
20
Contra o perigo
atual
já não há quem se
previna
porque, do gênio do
mal,
há um clone em cada
esquina!
Clarindo Batista
(Natal/RN)
21
O rio, que é minha
vida,
corre em sentido
perfeito:
transforma em pedra
polida
os tropeços do seu
leito.
Conceição Parreiras Abritta
(Belo Horizonte/MG)
22
A mamãe cura o
dodói,
afaga, põe a
atadura...
e o rosto do seu
herói
se lambuza de
ternura!
Domitila Borges Beltrame
(São Paulo/SP)
23
Roça: – mata, fogo, chão,
força, braço, homem, dor;
plantas, flores, frutos, pão,
terra, vida, infância, amor!!!…
Domingos Freire Cardoso
(Ilhavo/Portugal)
24
Na taça de cada dia,
a transbordar de
amargura,
cai um pingo de
alegria,
e o fel se torna
doçura.
Dorothy Jansson Moretti
(Três Barras/SC,
1926 – 2017, Sorocaba/SP)
25
Não temo o mar
traiçoeiro
e as ondas em
desatino,
porque Deus é o
timoneiro
do barco do meu
destino!
Eduardo A. O. Toledo
(Pouso Alegre/MG)
26
"Só se ama uma
vez na vida..."
Ilusão! Ingenuidade!
Para amar não há
medida,
nem limite, nem
idade.
Eduardo Borges da Cruz
(Lisboa/Portugal,
1896 - ,Rio de Janeiro/RJ)
27
Sorte, aleatório
caminho
que cada destino
traça:
para alguns, tão
farto vinho;
a outros, vazia
taça.
Eliana Ruiz Jimenez
(Balneário
Camboriú/SC)
28
Na minha vida pacata
que levo desde
menino,
tenho sido um
acrobata
no circo do meu
destino.
Filemon F. Martins
(Itanhaém/SP)
29
Deus, garimpeiro
maior,
vai, no seu mister
profundo,
salvando o que há de
melhor
pelo garimpos do
mundo...
Flávio Roberto Stefani
(Porto Alegre/RS)
30
Esta vida é uma
pomada
da maciez do
veludo...
- Eu já não sofro de
nada,
de tanto sofrer de
tudo!
Francisco de Assis Garrido
(São Luis/MA, 1899 -
1969)
31
Reguei de pranto e
mais pranto
a terra, o mundo sem
fim.
Chorei, chorei, e
entretanto
os homens riram de
mim...
Francisco Eugênio Brant Horta
(Juiz de Fora/MG,
1876 - 1959, Rio de Janeiro/RJ)
32
Quem não quer vencer
a estrada
como faz o
peregrino,
dobra sempre a
esquina errada
na contramão do
destino.
Francisco José Pessoa
(Fortaleza/CE)
33
Foi fugindo de mim
mesmo,
que consegui me
encontrar,
numa eterna fuga, a
esmo,
num constante
procurar!
Gislaine Canales
(Porto Alegre/RS)
34
Sou poeta! O meu
destino
é manter
enclausurado
um coração de menino
num corpo velho e
cansado!
Héron Patrício
(São Paulo/SP)
35
Quando no ocaso da
vida,
notamos anoitecer,
se a missão já foi
cumprida,
nós não devemos
temer...
Ialmar Pio Schneider
(Porto Alegre/RS)
36
A fuga não leva a
nada,
meu caminho eu sigo
em frente.
Em toda e qualquer
estrada,
há um anjo guardando
a gente...
Jaqueline Machado
(Cachoeiro do
Sul/RS)
37
Cenário sombrio,
esboço
da miséria...que
tristeza:
- Ver famílias sem
almoço
E sem jantar sobre a
mesa!
Joamir Medeiros
(Natal/RN)
38
Estou aqui de
passagem
sob o véu de
fortalezas
que me valem de
coragem
para enfrentar
incertezas.
João Batista Xavier Oliveira
(Bauru/SP)
39
Vou brincar com
pirilampos
e beijar as flores
nuas
pra ver se encontro
nos campos
a paz que fugiu das
ruas!
José Lucas de Barros
(Natal/RN)
40
Chega o inverno como
açoite,
tingindo as tardes
de gris,
pichando de breu a
noite,
caiando a aurora de
giz!
Lisete Johnson
(Porto Alegre/RS)
41
Toda a tristeza eu
transpasso,
com meu viver rumo à
lida.
Se da luta advém
cansaço:
- transformo o
cansaço em vida!
Luiz Antonio Cardoso
(Taubaté/SP)
42
Nem o sofista
profundo
essa verdade
falseia:
quem se julga rei do
mundo
é um pequeno grão de
areia.
Luiz Carlos Abritta
(Belo Horizonte/MG)
43
Se não se pinta uma
rosa,
porque beleza já
tem,
em uma face mimosa
não se põe tinta
também.
Manuel Bezerra da Cunha
(São José dos
Bezerros/PE, 1899 - 1976, São Paulo/SP)
44
Eu vi o amor
eclodindo
na mensagem de um
chamado:
o mar, despido,
sorrindo...
o sol se pondo,
apressado.
Mara Melinni
(Caicó/RN)
45
A justiça e o bom
senso
caminhando de mãos
dadas,
mostram num caminho
imenso
as verdades
reveladas!
Maria Luiza Walendowsky
(Brusque/SC)
46
Nas asas da
liberdade
firmei meu corpo a
voar,
pois ser livre é ter
vontade
de não parar de
sonhar.
Messody Benoliel
(Rio de Janeiro/RJ)
47
Esta minha alma
indecisa
não consegue se
aquietar:
mal um sonho
realiza,
outro sonho quer
buscar...
Milton Souza
(Porto Alegre/RS)
48
Céu azul, jangada a
vela
mar que espuma de
emoção
ondas rendilhando a
tela
do meu Brasil – meu
rincão.
Myrthes Mazza Masiero
(São José dos
Campos/SP)
49
Amizades que são
boas,
e atitudes tão
singelas,
é gostarmos das
pessoas,
mesmo assim como são
elas!
Nei Garcez
(Curitiba/PR)
50
Morre a tarde!... E,
ao fim do dia,
na imagem do sol
poente,
há tintas de
nostalgia
do fim da tarde da
gente.
Prof. Garcia
(Caicó/RN)
51
Depois de muitas
andanças,
e tanta ilusão
perdida,
vejo lindas
esperanças
orvalhando minha
vida.
Reinaldo Moreira de Aguiar
(Natal/RN)
52
Sob chuva, ou sol
que abrasa,
como nos tempos
antigos,
o portão da minha
casa
não se fecha aos
meus amigos!
Renato Alves
(Rio de Janeiro/RJ)
53
Se o seu viver é um
deserto
sem água e está por falir,
chuvas de trovas,
por certo,
farão sua alma florir!
Roza de
Oliveira
(Curitiba/PR)
54
Bravura é viver
sorrindo,
embora seja evidente
que a vida é dor
insistindo
em ser mais forte
que a gente.
Thalma Tavares
(São Simão/SP)
55
Um laço azul no
cabelo,
meu vestido de
organdi...
Mamãe... seu amor...
seu zelo...
- Por que, meu Deus,
eu cresci?
Vanda Fagundes Queiroz
(Curitiba/PR)
56
Transcendo o sonho e
refaço
minhas rotas do
passado,
para ter de novo o
abraço
do ventre em que fui
gerado.
Wandira Fagundes Queiroz
(Curitiba/PR)
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