domingo, 6 de janeiro de 2019

Carlos Drummond de Andrade (Dois no Corcovado)


O sol apareceu, como no primeiro dia da Criação. E tudo tinha mesmo ar de primeiro dia da Criação, com o mundo a emergir, hesitante, do caos. Três dias e três noites a tempestade esmigalhara árvores, pedras, casas, caminhos, postes, viadutos, veículos, matara, ferira, enlouquecera. Vistas do alto, as partes esplêndidas da cidade continuavam esplêndidas, mas entre elas as marcas de destruição exibiam-se como chagas de gigante. Os homens entreolharam-se.

Estavam salvos. Salvos e ilhados no alto do Corcovado.

A estrada tinha acabado, o telefone tinha acabado, a energia tinha acabado, e, por azar, não havia rádio de pilha para pegar notícias. Decerto, lá embaixo providenciavam a recuperação das estradas, mas quando se lembrariam deles, pequena fração humana junto da estátua? Daí, lá tem bar, um bar dispõe de lataria e garrafas para um ano. Não, um ano é demais, até uma hora é demais para eles que passaram meia semana isolados e fustigados pelo aguaceiro entre céu e terra.

Os mais moços não quiseram esperar, foram abrir caminho a golpes de imprudência. Mocidade pode mais o impossível do que o possível — e descer naquelas condições era mesmo coisa de doido. Com certeza chegaram a salvamento, como acontece aos doidos. Os que ficaram sentiram inveja e despeito. A turma de trabalhadores não vinha remover as barreiras caídas. O dia passou. A noite foi inquieta. Parentes lá embaixo esperavam aflitos, se é que não tinham morrido.

A mais bela paisagem do mundo — dizem os cartazes de turismo; eles também achavam que sim, mas como suportá-la na manhã seguinte, se a vista aumentava a angústia, pela impossibilidade de alcançar aqueles sítios, pura miragem?

— Evém um helicóptero! — gritou alguém, e veio mesmo, mas passou sem pousar; ia revezar a turma da torre da radiopatrulha, mais adiante. O pessoal do Cristo que se pegasse com o Cristo, a cuja sombra trabalha — pensariam talvez as pessoas que, embaixo, cuidavam de tudo.

Dos dez que ganham a vida na montanha, seis já tinham descido. Os quatro restantes, enervados, não tinham mais de que conversar. O sol brilhando, a cidade se refazendo, eles presos ali, prisão sem grade, à espera de serem lembrados. O pico virou ilha, tudo mais era oceano sem navio.

Dois não aguentaram mais; despediram-se como presidiários antes de tentar fuga. Prometeram levar notícias dos que ficaram: o gerente e o garçom do bar. Estes, por acaso, moram no mesmo subúrbio: Cachambi. Olham sempre na mesma direção, como se, por absurdo, quisessem distinguir o aceno de mão longínqua. Isto os reúne mais; desfaz um vínculo e cria outro, espontâneo. O gerente não é mais um velho patrão, o outro não é mais empregado. Vivem uma só experiência, fora das leis de trabalho. E se o garçom tentasse descer? Ainda é forte, pode tentar. “Você não tem obrigação de me fazer companhia.” Mas ele não tenta, para não abandonar o outro: “Não iria deixar o senhor sozinho”. O gerente nunca imaginara ouvir uma coisa dessas. O próprio garçom ficou espantado depois que a disse. Era pra valer. Amanhã ou depois serão recolhidos — sabemos nós, não eles. Tempo não se mede pelo relógio, mas pelo vácuo de comunicação, pela expectativa sem segurança. E nessa situação, insignificante para nós, ilimitada para eles, dois homens descobrem-se um ao outro.

Fonte:
Carlos Drummond de Andrade. 70 Historinhas. 
São Paulo: Companhia das Letras, 2009.

Contos e Lendas do Mundo (Mali: Como Apareceram os Animais)


De acordo com um velho mito dos Dogones, do Mali, o mundo foi criado pelo deus Amma. Foi este quem colocou as pessoas na Terra... Mas como é que os animais lá chegaram primeiro?

Amma, o Criador fez o mundo. Primeiro, pegou num gigantesco pote de barro e coseu-o num forno até ficar incandescente. Depois, envolveu-o em cobre vermelho e atirou-o para o céu, fazendo aparecer a luz.

 - Tu és o meu Sol! - declarou.

A seguir, agarrou num pote mais pequeno que, depois de pôr ao rubro no seu forno, cobriu de cobre branco - hoje conhecido por latão - e atirou-o para a outra ponta do céu.

- Tu és a minha Lua! - disse.

Depois, arrancou um pedaço ao Sol, partiu-o em mil pedacinhos que espalhou por todo o céu.

- Vós sois as minhas Estrelas! - acrescentou.

Depois disto, agarrou num bocado de barro e criou a Terra.

- Tu és a Terra Mãe, minha esposa! - declarou.

Posto isto, fez cair a primeira chuvarada na Terra, de onde nasceram gêmeos.

Os gêmeos pareciam-se muito com os humanos que Amma viria a criar mais tarde, mas tinham língua de lagarto e cauda de serpente. Foram os primeiros filhos de Amma: Água e Luz.

Água e Luz foram ter com o pai ao céu e olharam, lá de cima, para a esplendorosa mãe, a Terra.

- Ela não tem roupa! - exclamou Luz.

- Nesse caso, temos de a vestir - retorquiu Água.

Juntos, Água e Luz fizeram crescer erva e as plantas brotaram, cobrindo assim a nudez da mãe. Ainda hoje é assim: as plantas precisam de água e luz para crescer.

A seguir, o Criador moldou o Primeiro Homem e a Primeira Mulher em barro, colocou-os na Terra e insuflou-lhes vida. Os dois, por sua vez, tiveram oito filhos - dois pares de gêmeos e dois pares de gêmeas - que formaram o primeiro povo dos Dogones.

Uma vez mais, Água e Luz olharam para a mãe, agora coberta de verdura, e acharam que precisava de mais roupa.

- Que estão a fazer? - perguntou Anima, o pai.

- Estamos a tecer uma saia de caniços e arbustos para a mãe vestir – explicaram, enquanto o pai se sentava ao seu lado no céu. Os três foram conversando, enquanto Água e Luz trabalhavam.

Nenhum deles percebeu, no entanto, que o entretecer dos caniços e a inserção das folhas criara um vento que levou as suas palavras até à superfície da Terra. Aí, as pessoas escutaram-nas e, como vinham dos deuses, compreenderam-nas. Começaram então a falar uns com os outros, nascendo, assim, a linguagem humana.

Anima, Água e Luz olharam, satisfeitos, para o novo mundo que tinham acabado de criar.

- Está pronto - declarou Amma. - O meu povo vive feliz.

- Mas a Terra é tão grande! - comentou Luz. - Não poderia ter mais gente a habitá-la?

O pai retirou então um pouco de luz reluzente ao Sol e criou as pessoas de pele negra reluzente que andam pelo mundo. Para arranjar as pessoas de pele mais clara, pegou num pouco de luar e, por fim, colocou todas na Terra Mãe.

- Agora o vosso trabalho terminou, pai! - disse Água. - Podeis orgulhar-vos do mundo lindo que criastes.

Os três retiraram-se então para descansar no céu.

As primeiras pessoas adoraram o seu lar. E adoravam o Sol, que brilhava durante o dia, e a Lua que os banhava com o seu luar, à noite.

Adoravam as plantas e as árvores, assim como a terra que pisavam.

Apreciavam imensamente a chuva que caía do céu e a linguagem que lhes chegava através da brisa e que aprenderam a utilizar para comunicar entre si.

- O nosso Criador é um deus sábio e generoso - disse um jovem -, mas na nossa linguagem há palavras para coisas que nunca vi. De que animais fala Ele? Têm nomes tão variados... Se ao menos pudéssemos ver essas criaturas fantásticas!!

- Mas, se esses animais não se encontram na Terra, onde poderão estar? - quis saber a mulher.

- Ora, na própria casa de Amma, claro! - respondeu o homem. - Esses animais devem viver no céu. Temos de Lhe pedir que nos mande alguns.

A jovem riu.

 - Se o Criador quisesse que partilhássemos a Terra com eles, já os teria aqui posto ao nosso lado.

 O jovem concordou.

- Nesse caso, só nos resta ir até ao céu e roubá-los! - declarou, triunfantemente.

 Ficou combinado que um grupo deles subiria até ao céu e escolheria um macho e uma fêmea de cada animal.

 - Como é que iremos levá-los para baixo? - perguntou um.

 - Construiremos uma pirâmide gigantesca de madeira. - sugeriu o jovem. - Não sabemos que tamanho têm esses animais, mas podemos colocar os maiores no fundo e os mais pequenos no topo.

 - Mas como é que traremos a pirâmide de volta à Terra quando estiver cheia? - perguntou outro.

 - Baixá-la-emos com uma corda grossa! - respondeu a jovem.

 - Pensaste em todos os pormenores! - elogiou um.

- Então, mãos à obra! - exclamou um outro.

Assim que a pirâmide ficou pronta, o grupo de pessoas trepou por ela, do alto de uma colina e, chegadas ao céu, maravilharam-se com o reino que lá havia. Havia girafas, hipopótamos, leões, antílopes, besouros, aves, peixes e todo o tipo de animais que podemos imaginar - todos a pastar, correr, voar e nadar por cima das nuvens.

- Que lindos! - exclamou o jovem, boquiaberto.

- Cala-te - ordenou a jovem -, pois o Criador pode estar por perto e se souber que viemos aqui roubar-lhe os animais, não ficará nada satisfeito.

- Não são todos os animais - corrigiu o jovem. - Apenas um macho e uma fêmea de cada.

Foi assim que, rápida e sorrateiramente, o primeiro povo dos Dogones conduziu os animais, dois a dois, para a pirâmide de madeira que construíra - ficando os maiores em baixo e os mais pequenos em cima - até esta ficar cheia e muito pesada.

 - Encontramos muito mais animais do que alguma vez imaginei! – confessou o jovem. - Não podemos fazer baixar a pirâmide com uma corda, pois é demasiado pesada. A corda partir-se-ia e ela cairia na Terra...

- Podíamos puxá-la até aqui abaixo - sugeriu um, apontando para o magnífico arco-íris que unia o céu e a Terra.

- Mas ganharia velocidade e tombaria violentamente sobre a Terra. - lembrou a jovem com um suspiro.

As pessoas já começavam a impacientar-se, receosas de que Amma, Água e Luz pudessem aparecer a qualquer momento, apanhando-os a meio daquele roubo atrevido.

- Já sei! - exclamou o jovem. - Com a ajuda da corda, desceremos a pirâmide pela ponte do arco-íris. Tanto uma como o outro devem ser suficientes para suportar o peso. Iremos à frente da pirâmide para abrandar a descida!

Todos concordaram, mas, a certa altura, alguém perguntou:

- A que é que ataremos a outra ponta da corda?

O jovem, sem proferir palavra, agarrou na extremidade livre da corda e atou-a ao Sol.

- E agora, levemos os animais para a Terra ! - declarou.

Deve ter sido uma visão fantástica e inacreditável: um grupo de pessoas a arrastarem, lentamente, arco-íris abaixo, uma pirâmide gigantesca, em direção à Terra. Imagine-se o que deve ter sido para aqueles que observavam e aguardavam que regressassem sãos e salvos. Calcule-se o horror que sentiram quando, mal a pirâmide pousou, intacta, no chão, se ouviu um retumbante CRAC!

A corda arrancara um pedaço ao Sol... e tanto a corda como o fragmento rodopiavam pelo céu, em direção a eles.

Quando o fragmento de Sol atingiu um arbusto, que se incendiou violentamente, lançando labaredas cor de laranja para o ar, as pessoas fugiram a bom fugir. Nunca tinham visto chamas e estavam assustadas.

 - Amma fez isto para nos castigar! - gritou um homem que tivera demasiado medo para ir com os outros.

- Que tolice - declarou o jovem. - Hoje, além dos animais, recebemos um presente extra. Vejam como este fogo liberta calor e luz... Pode ser um instrumento para a humanidade!

 Dito isto, abriu a porta da pirâmide e os casais de animais começaram a sair.

 As aves levantaram voo, os mamíferos, os insetos e os répteis partiram para as florestas e planícies, e os peixes foram para a água... e a Terra Mãe acolheu-os de bom grado pois tinha muito para lhes oferecer.

 Lá em cima, no céu, Amma, Luz e Água olharam para a Terra.

- As pessoas que eu criei são criaturas muito ardilosas - comentou Amma. - Mas os animais parecem felizes no seu novo mundo e a vossa mãe cuida muito bem deles. A partir de agora, só têm de se respeitar uns aos outros. Deixá-los-ei ficar... pelo menos por enquanto.

Fonte:

sábado, 5 de janeiro de 2019

XX Jogos Florais de Curitiba – Nacional/Internacional e Estadual (Prazo: 31 de Maio de 2019)

Realização UBT-Curitiba

Considerando que a lei nº 14.842 de 12 de maio de 2016, em seu artigo 1º instituiu no município de Curitiba, as festividades dos Jogos Florais de Curitiba, realizado bienalmente, no mês de setembro, entendeu por bem a atual Diretoria da Seção Curitiba da UBT, promover seu XX Jogos Florais, cujas Festividades de encerramento ocorrerão nos dias 13, 14 e 15 de setembro de 2019, bem como homenagear 

Maurício Norberto Friedrich - (Âmbito Nacional/internacional), 

Lourdes Strozzi (In Memoriam)- (Âmbito Estadual),  

Nei Garcez – (Âmbito Estudantil) e 

Luiz Otávio (Concurso Paralelo).

1. Do Tema 

– Trovas líricas ou filosóficas.

– Âmbitos Nacional/Estadual (Brasil) e Internacional: demais países de língua portuguesa 

– Máximo de 2 trovas por trovador

Considerando que a arte, através das suas diversas modalidades artísticas, passa a ser instrumento de transformação e representa um papel imprescindível no processo de sensibilização das sociedades; e que todos os países do mundo encontram enorme desafio para o desenvolvimento sustentável e que somente a união dos povos será capaz de implementar os 17 objetivos previstos na Agenda 2030, decidiu que o tema do
XX Jogos Florais de Curitiba será um dos 17 objetivos constantes da Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável, quais sejam:

Objetivo 1. Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares;

Objetivo 2. Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável;

Objetivo 3. Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades;

Objetivo 4. Assegurar a educação inclusiva e equitativa de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos;

Objetivo 5. Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas;

Objetivo 6. Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e o saneamento para todos;

Objetivo 7. Assegurar a todos o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia ;

Objetivo 8. Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todos;

Objetivo 9. Construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação;

Objetivo 10. Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles; 

Objetivo 11. Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis;

Objetivo 12. Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis;

Objetivo 13. Tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima e os seus impactos;

Objetivo 14. Conservar e usar sustentavelmente os oceanos, os mares e os recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável;

Objetivo 15. Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade;

Objetivo 16. Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis;

Objetivo 17. Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável.
__________________________

1.1. – Âmbito Nacional/Internacional, Estadual e  Estudantil (Ensino Fundamental e Médio):

“PRESERVAÇÃO DA NATUREZA”

1.2. – O objetivo tema não precisa constar do corpo da trova.

1.3. – Nos âmbitos Nacional/internacional e Estadual, serão contemplados trovadores das categorias Novo Trovador e Veterano.

1.3.1. – Será considerado Novo Trovador aquele trovador que não obteve até a divulgação deste regulamento 03 (três) classificações em concursos de trova oficiais da UBT em nível nacional.

1.3.2. – O regulamento no que se refere especificamente a língua hispânica, bem como, ao âmbito estudantil, constam ao final deste.

2 – Concurso Paralelo 

– Será premiado o trovador com o melhor conjunto de trovas com os 17 objetivos da Agenda 2030 de Desenvolvimento sustentável.

2.1. – Será contemplado um conjunto de 17 trovas em língua portuguesa e um conjunto de 17 trovas em língua hispânica. (O conjunto deve obrigatoriamente conter 01 trova por objetivo).

2.2. – Podendo concorrer trovadores com idade superior a 18 anos, de âmbitos Nacional/internacional e Estadual, sem distinção entre as categorias Novo Trovador e Veterano.

3 – Modo de Envio

As trovas em língua portuguesa, deverão ser no máximo de 02 (duas) dentre os objetivos tema, exceto para o concurso paralelo no qual cada trovador poderá concorrer com 01 conjunto de trovas, inéditas, de autoria do próprio remetente e, enviadas: 

– Por sistema de envelopes, ou 
– Por e-mail.

3.1. – Pelo sistema de envelope, deverá constar no envelope pequeno a categoria pela qual concorre o trovador. As trovas deverão ser digitadas ou datilografadas. Não serão aceitas Trovas manuscritas, mesmo que sejam em letra de forma, tampouco envelopes coloridos.

3.1.2. – Pelo sistema de envelope, para o Concurso paralelo, o conjunto de 17 trovas poderá ser datilografada e/ou digitada em folhas tamanho A4 sem identificação. A identificação completa deverá ser encaminhada dentro de envelope pequeno lacrado dentro do maior.

3.2. – Por e-mail, nos âmbitos de língua Portuguesa, devem ser encaminhadas aos cuidados da Fiel depositária do presente Concurso, a trovadora Talita Batista. As trovas, bem como, o âmbito e a categoria pela qual concorre o trovador deverão constar no corpo do e-mail, acrescido da expressão XX Jogos Florais de Curitiba.

4. Endereço para remessa

4.1. – Todos os âmbitos e categorias (exceto língua hispânica) 

- Sistema de envelopes:
XX Jogos Florais de Curitiba.
A/C Centro de Letras do Paraná.
Rua Fernando Moreira, 370 - Centro.
CEP 80.410-120 - Curitiba – Paraná.

4.1.1. – Para todas as categorias âmbito nacional/internacional/estadual e estudantil, deverão constar no envelope como remetente Luiz Otávio, e o mesmo endereço do destinatário.

4.2. – Todos os âmbitos e categorias de língua Portuguesa - Por E-mail, as trovas deverão ser encaminhadas para: talitabatista2012@gmail.com

5. Do Prazo

Para todos os âmbitos e categorias: Serão consideradas as trovas que chegarem até 31/05/2019.

6. Da Premiação

A premiação acontecerá nos dias 13,14 e 15 de setembro de 2019, em locais e horário a serem definidos.

6.1. – Serão concedidas medalhas ou troféus e Diploma para os classificados.

6.2. – A premiação será remetida via postal para o classificado que não puder comparecer na data aprazada para seu recebimento.

6.3. – A UBT – Curitiba não se responsabilizará por quaisquer despesas de locomoção e/ou hospedagem e alimentação dos classificados para o recebimento dos prêmios, (em obtendo patrocínio poderá a UBT – Curitiba arcar com custos referentes à hospedagem e alimentação dos classificados). Sendo, contudo de responsabilidade da UBT – Curitiba despesas referentes à remessa pelo correio dos prêmios, na hipótese do não comparecimento para recebimento do mesmo.

7. - Da Comissão Organizadora

7.1. – A Comissão Organizadora resolverá os casos omissos e suas decisões serão definitivas e irrecorríveis.

7.2. – As trovas remetidas em desacordo com quaisquer itens deste regulamento, serão eliminadas automaticamente do concurso.

7.3. – A simples remessa das trovas significa total conhecimento e completa aceitação deste Regulamento.

Maiores informações pelo e-mail: ubtctba@gmail.com
Ou pelo telefone (41) 99787-9485.

Fonte:
UBT Curitiba

XX Jogos Florais de Curitiba - Âmbito Estudantil (Prazo: 31 de Maio de 2019)

1. Do Tema 

- Trovas líricas ou filosóficas

- Âmbito  Estudantil (Ensino Fundamental e Médio): 

“PRESERVAÇÃO DA NATUREZA”

1.1. – A palavra/verso tema não precisa constar do corpo da trova.

2 - Modo de Envio

As trovas deverão ser no máximo de 02 (duas) por estudante, inéditas, de autoria do aluno e, enviadas: 

– Por sistema de envelopes, ou 

– Por e-mail.

2.1. – Pelo sistema de envelope, o professor poderá reunir todas as trovas e encaminhá-las juntas em folha tamanho A4. As trovas deverão ser digitadas ou datilografadas. Não serão aceitas trovas manuscritas, mesmo que sejam em letra de forma.

2.2. – Por e-mail, nos âmbitos de língua Portuguesa, devem ser encaminhadas aos cuidados da Fiel depositária do presente Concurso, a trovadora Talita Batista. As trovas, bem como, a expressão XX Jogos Florais de Curitiba, o âmbito e a categoria pela qual concorre o estudante deverão constar no corpo do e-mail.

2.3. – Em ambas as formas de envio deverão constar, além do âmbito  Estudantil e da categoria (ensino médio ou fundamental), nome completo do (a) professor (a) responsável, do estabelecimento de ensino, nome completo do aluno, idade, ano e turma da qual participa.

3. Endereço para remessa

3.1. – Todas as categorias 

- Sistema de envelopes:
XX Jogos Florais de Curitiba.
A/C Centro de Letras do Paraná.
Rua Fernando Moreira, 370. Centro.
CEP 80.410-120. Curitiba – Paraná.

3.1.1. – Remetente: Deverá constar no envelope como remetente Luiz Otávio, e o mesmo endereço do destinatário.

3.2. – Todas as categorias remessa - Por E-mail: As trovas deverão ser encaminhadas para:
talitabatista2012@gmail.com

4. Do Prazo 

31/05/2019.

Para todas categorias: Serão consideradas as trovas que chegarem até 31/05/2019.

5. Da Premiação

A premiação acontecerá nos dias 13,14 e 15 de setembro de 2017, em locais e horário a serem definidos.

5.1. – Serão concedidas medalhas ou troféus e Diploma para os classificados.

5.2. – A premiação será remetida via postal para o classificado que não puder comparecer na data aprazada para seu recebimento.

5.3. – A UBT-Curitiba não se responsabilizará por quaisquer despesas de locomoção e/ou hospedagem dos classificados para o recebimento dos prêmios. Sendo, contudo de responsabilidade da UBT-Curitiba despesas referentes à remessa pelo correio dos prêmios, na hipótese do não comparecimento para recebimento do mesmo.

6. Da Comissão Organizadora

6.1. – A Comissão Organizadora resolverá os casos omissos e suas decisões serão definitivas e irrecorríveis.

6.2. – As trovas remetidas em desacordo com qualquer item, serão eliminadas automaticamente do concurso.

6.3. – A simples remessa das trovas significa total conhecimento e completa aceitação deste Regulamento.

Maiores informações pelo e-mail: ubtctba@gmail.com

Ou pelo telefone (41) 99787-9485.

XX Juegos Florales de Curitiba - Língua Hispánica (Plazo: 31 de mayo)


Concurso realizado por la UBT- Curitiba-PR-Brasil

Considerando que la ley nº 14.842 de 12 de mayo de 2016, en su artículo 1º instituido en el município de Curitiba, las festividades de los Juegos Florales de Curitiba, realizado en el mes de septiembre, se entendió para bien, promover los XX Juegos Florales de Curitiba, cuyas Festividades de encerramiento ocurrirán en los días 13, 14 y 15 de septiembre de 2019,

1. Del Tema 

- Trovas líricas o filosóficas - 

- Para los trovadores de lengua hispânica:

Considerando que el arte, a través de sus diversas modalidades artísticas, se convierte en un instrumento de transformación y representa un papel indispensable en el proceso de sensibilización de las sociedades; Y que todos los países del mundo encuentren un enorme desafío para el desarrollo sostenible y que sólo la Unión de los pueblos pueda aplicar los 17 objetivos establecidos en la agenda 2030, decidió que el tema de los XX Juegos florales de Curitiba será uno de los 17 goles Agenda 2030 de desarollo sostenible, a saber:

Objetivo 1. Poner fin a la pobreza en todas sus formas en todo el mundo 

Objetivo 2. Poner fin al hambre, lograr la seguridad alimentaria y la mejora de la nutrición y promover la agricultura sostenible

Objetivo 3. Garantizar una vida sana y promover el bienestar para todos en todas las edades

Objetivo 4. Garantizar una educación inclusiva, equitativa y de calidad y promover oportunidades de aprendizaje durante toda la vida para todos

Objetivo 5. Lograr la igualdad entre los géneros y empoderar a todas las mujeres y las niñas

Objetivo 6. Garantizar la disponibilidad de agua y su gestión sostenible y el saneamiento para todos

Objetivo 7. Garantizar el acceso a una energía asequible, segura, sostenible y moderna para todos

Objetivo 8. Promover el crecimiento económico sostenido, inclusivo y sostenible, el empleo pleno y productivo y el trabajo decente para todos

Objetivo 9. Promover el crecimiento económico sostenido, inclusivo y sostenible, el empleo pleno y productivo y el trabajo decente para todos

Objetivo 10. Reducir la desigualdad en y entre los países

Objetivo 11. Mejorar ciudades y comunidades sostenibles

Objetivo 12. Garantizar modalidades de consumo y producción sostenibles

Objetivo 13. Adoptar medidas urgentes para combatir el cambio climático y sus efectos

Objetivo 14. Conservar y utilizar en forma sostenible los océanos, los mares y los recursos marinos para el desarrollo sostenible

Objetivo 15. Gestionar sosteniblemente los bosques, luchar contra la desertificación, detener e invertir la degradación de las tierras y detener la pérdida de biodiversidad

Objetivo 16. Promover sociedades justas, pacíficas e inclusivas

Objetivo 17. Revitalizar la alianza mundial para el desarrollo sostenible
_____________________________

1.1. – Lo objetivo tema no precisam constar en el cuerpo de la trova.

2. Concurso Paralelo 

– El Trovador será galardonado con el mejor conjunto de trovas con los 17 objetivos de la agenda 2030 de desarrollo sostenible.

2.1. – Va a ser premiado un conjunto de 17 trovas en Portugués y un conjunto de 17 trovas en idioma hispano. (El conjunto debe contener 01 trova por objetivo).

2.2. – Puede competir por trovadores mayores de 18 años, ámbitos nacionales/internacionales y estatales, sin distinción entre las categorías nuevo
Trovador y veterano.

3. Modo de Envío

Las trovas deberán ser no máximo 1 (una) por tema, inédita, de autoría del propio remitente y  enviada: 

– Por e-mail 

o por sistema de sobres.

3.1. – Por el sistema de sobres , deberá constar en el sobre pequeño la categoría por la cual concursa el trovador. Las trovas deberán ser digitadas o dactilografadas. No serán aceptadas las Trovas manuscritas, aunque que sean en letra de molde, tampoco se aceptarán sobres coloridos.

3.2. – Por el sistema del sobre, para el concurso paralelo, las trovas se pueden mecanografiar y/o escribir en hoja del tamaño A4 sin identificación. La identificación completa debe ser remitida dentro de un sobre pequeño sellado dentro del más grande.

3.3. – Los trovadores de lengua hispánica deben encaminar las trovas para la Fiel
Depositaria: Maria Luiza Walendowsky. La trova, así como, la categoría por la cual concurre el trovador: Veterano ou Nuevo trovador, deberá constar en el cuerpo del email, y su identificación completa, con e-mail y su direción postal completa.

4. Domicilio para la remesa, para los dos concursos 

Sistema de sobres:

4.1. – Para los trovadores de lengua hispánica:

XX Juegos Florales de Curitiba.
A/C Maria Luiza Walendowsky
Rua Clementina D Sgrot, 110 - Bairro São Luís
CEP:88351-708 - Brusque - Santa Catarina - Brasil.

4.1.2. – Para todas las categorias (Veterano ou Nuevo trovador), deberá constar en el sobre como remitente Luiz Otávio, y el mismo domicilio del destinatário.

4.2. – Domicilio de la remesa, para los dos concursos: Por E-mail - Lengua Hispánica Por correo electrónico, las trovas deben enviarse al fiel depositario, Cristina de Oliveira, por correo electrónico: – colibrirosebelle@aol.com

5. Plazo

Serán consideradas las trovas que lleguen hasta el 31/05/2017

6. De la Premiación

La premiación ocurrirá en los días 13,14 y 15 de septiembre de 2019, en los locales y horário a ser definido.

6.1. – Se otorgarán diplomas, a los Trovadores clasificados.

6.2. – La premiación será remetida vía postal para los clasificados que no pudieran comparecer en la fecha dicha para su entrega.

6.3. – La UBT-Curitiba no se responsabilizará por cualesquiera de los gastos de transporte o de hospedaje de los clasificados para la entrega de los prêmios (en la obtención de patrocinio puede UBT-Curitiba soportar los costos relacionados con el alojamiento y la alimentación de los clasificados).

7. De la Comisión Organizadora

7.1. – La Comisión Organizadora resolverá los casos omisos y sus decisiones serán definitivas e irrevocables.

7.2. – Las trovas remitidas en desacuerdo con cualquier ítem serán eliminadas automáticamente del concurso.

7.3. La simple remesa de las trovas significa total conocimiento y completa aceptación de este Reglamento.

Mayor información para el e-mail: ubtctba@gmail.com

O por teléfono (41) 99787-9485.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

Trova 339 - Marta Maria de O. Paes de Barros


João Cabral de Melo Neto (O Ovo de Galinha)


I

Ao olho mostra a integridade
de uma coisa num bloco, um ovo.
Numa só matéria, unitária, 
maciçamente ovo, num todo.

Sem possuir um dentro e um fora, 
tal como as pedras, sem miolo:
é só miolo: o dentro e o fora
integralmente no contorno.

No entanto, se ao olho se mostra
unânime em si mesmo, um ovo, 
a mão que o sopesa descobre 
que nele há algo suspeitoso:

que seu peso não é o das pedras,
inanimado, frio, goro;
que o seu é um peso morno, túmido,
um peso que é vivo e não morto.

II

O ovo revela o acabamento
a toda mão que o acaricia,
daquelas coisas torneadas
num trabalho de toda a vida.

E que se encontra também noutras 
que entretanto mão não fabrica:
nos corais, nos seixos rolados
e em tantas coisas esculpidas

cujas formas simples são obra 
de mil inacabáveis lixas
usadas por mãos escultoras
escondidas na água, na brisa.

No entretanto, o ovo, e apesar 
de pura forma concluída, 
não se situa no final:
está no ponto de partida.

III

A presença de qualquer ovo, 
até se a mão não lhe faz nada, 
possui o dom de provocar
certa reserva em qualquer sala.

O que é difícil de entender
se se pensa na forma clara
que tem um ovo, e na franqueza
de sua parede caiada. 

A reserva que um ovo inspira
é de espécie bastante rara:
é a que se sente ante um revólver
e não se sente ante uma bala.

É a que se sente ante essas coisas
que conservando outras guardadas
ameaçam mais com disparar
do que com a coisa que disparam.

IV

Na manipulação de um ovo
um ritual sempre se observa:
há um jeito recolhido e meio
religioso em quem o leva.

Se pode pretender que o jeito
de quem qualquer ovo carrega
vem da atenção normal de quem 
conduz uma coisa repleta.

O ovo porém está fechado
em sua arquitetura hermética
e quem o carrega, sabendo-o,
prossegue na atitude regra:

procede ainda da maneira
entre medrosa e circunspecta,
quase beata, de quem tem 
nas mãos a chama de uma vela. 

Fonte:
João Cabral de Melo Neto. Obra Completa. 
RJ: Nova Aguilar, 1994.

João Cabral de Melo Neto (1920 - 1999)


João Cabral de Melo Neto nasceu na cidade de Recife/PE, em 1920, segundo filho de Luiz Antônio Cabral de Melo e de Carmem Carneiro-Leão Cabral de Melo. Primo, pelo lado paterno, de Manuel Bandeira e, pelo lado materno, de Gilberto Freyre. 

Passou a infância em engenhos de açúcar. Primeiro no Poço do Aleixo, em São Lourenço da Mata, e depois nos engenhos Pacoval e Dois Irmãos, no município de Moreno.

Em 1930, com a mudança da família para Recife, inicia o curso primário. João Cabral era um amante do futebol, tendo sido campeão juvenil pelo Santa Cruz Futebol Clube em 1935.

Foi na Associação Comercial de Pernambuco, em 1937, que obteve seu primeiro emprego, tendo depois trabalhado no Departamento de Estatística do Estado. 

Já com 18 anos, começa a frequentar a roda literária do Café Lafayette, que se reúne em volta de Willy Lewin e do pintor Vicente do Rego Monteiro, que regressara de Paris por causa da guerra. 

Em 1940 viaja com a família para o Rio de Janeiro, onde conhece Murilo Mendes. Esse o apresenta a Carlos Drummond de Andrade e ao círculo de intelectuais que se reunia no consultório de Jorge de Lima. No ano seguinte, participa do Congresso de Poesia do Recife, ocasião em que apresenta suas Considerações sobre o poeta dormindo.

1942 marca a publicação de seu primeiro livro, Pedra do Sono. Em novembro viaja, por terra, para o Rio de Janeiro.  

Convocado para servir à  Força Expedicionária Brasileira (FEB), é dispensado por motivo de saúde. Mas permanece no Rio, sendo aprovado em concurso e nomeado Assistente de Seleção do DASP (Departamento de Administração do Serviço Público). Frequenta, então, os intelectuais que se reuniam no Café Amarelinho e Café Vermelhinho, no Centro do Rio de Janeiro. 

Publica Os três mal-amados na Revista do Brasil.

O engenheiro é publicado em 1945, em edição custeada por Augusto Frederico Schmidt. Faz concurso para a carreira diplomática, para a qual é nomeado em dezembro. Começa a trabalhar em 1946, no Departamento Cultural do Itamaraty, depois no Departamento Político e, posteriormente, na comissão de Organismos Internacionais. 

Em fevereiro, casa-se com Stella Maria Barbosa de Oliveira, no Rio de Janeiro. Em dezembro, nasce seu primeiro filho, Rodrigo.

É removido, em 1947, para o Consulado Geral em Barcelona, como vice-cônsul. Adquire uma pequena tipografia artesanal, com a qual publica livros de poetas brasileiros e espanhóis. Nessa prensa manual imprime Psicologia da composição. Nos dois anos seguintes ganha dois filhos: Inês e Luiz, respectivamente. 

Residindo na Catalunha, escreve seu ensaio sobre Joan Miró, cujo estúdio frequenta. Miró faz publicar o ensaio com texto em português, com suas primeiras gravuras em madeira.

Removido para o Consulado Geral em Londres, em 1950, publica O cão sem plumas. Dois anos depois retorna ao Brasil para responder por inquérito onde é acusado de subversão. 

Escreve o livro O Rio, em 1953, com o qual recebe o Prêmio José de Anchieta do IV Centenário de São Paulo (em 1954). 

É colocado em disponibilidade pelo Itamaraty, sem rendimentos, enquanto responde ao inquérito, período em que trabalha como secretário de redação do Jornal A Vanguarda, dirigido por Joel Silveira. Arquivado o inquérito policial, a pedido do promotor público, vai para Pernambuco com a família. Lá, é recebido em sessão solene pela Câmara Municipal do Recife.

Em 1954 é convidado a participar do Congresso Internacional de Escritores, em São Paulo. Participa também do Congresso Brasileiro de Poesia, reunido na mesma época. A Editora Orfeu publica seus Poemas Reunidos. 

Reintegrado à carreira diplomática pelo Supremo Tribunal Federal, passa a trabalhar no Departamento Cultural do Itamaraty.

Duas alegrias em 1955: o nascimento de sua filha Isabel e o recebimento do Prêmio Olavo Bilac da Academia Brasileira de Letras. A Editora José Olympio publica, em 1956, Duas Águas, volume que reúne seus livros anteriores e os inéditos: Morte e vida severina, Paisagens com figuras e Uma faca só lâmina. 

Transferido para Barcelona, como cônsul adjunto, vai com a missão de fazer pesquisas históricas no Arquivo das Índias de Sevilha, onde passa a residir.

Em 1958 é transferido para o Consulado Geral em Marselha. 

Recebe o prêmio de melhor autor no Festival de Teatro do Estudante, realizado no Recife. Publica em Lisboa seu livro Quaderna, em 1960. É transferido para Madri, como primeiro secretário da embaixada. Publica, em Madri, Dois Parlamentos.

Em 1961 é nomeado chefe de gabinete do ministro da Agricultura Romero Cabral da Costa, e passa a residir em Brasília. Com o fim do governo Jânio Quadros, poucos meses depois, é transferido outra vez para a embaixada em Madri. 

A Editora do Autor, de Rubem Braga e Fernando Sabino, publica Terceira Feira, livro que reúne Quaderna, Dois parlamentos, ainda inéditos no Brasil, e um novo livro: Serial.

Com a mudança do consulado brasileiro de Cádiz para Sevilha, João Cabral muda-se para essa cidade, onde reside pela segunda vez. Continuando seu vai-e-vem pelo mundo, em 1964 é transferido como conselheiro para a Delegação do Brasil junto às Nações Unidas, em Genebra. Nesse ano nasce seu quinto filho, João.

Como ministro conselheiro, em 1966, muda-se para Berna. 

O Teatro da Universidade Católica de São Paulo produz o auto Morte e Vida Severina, com música de Chico Buarque de Holanda, primeiro encenado em várias cidades brasileiras e depois no Festival de Nancy, no Théatre des Nations, em Paris e, posteriormente, em Lisboa, Coimbra e Porto.  

Em Nancy recebe o prêmio de Melhor Autor Vivo do Festival. Publica A Educação pela Pedra, que recebe os prêmios Jabuti; da União de Escritores de São Paulo; Luisa Cláudio de Souza, do Pen Club; e o prêmio do Instituto Nacional do Livro. 

É designado pelo Itamaraty para representar o Brasil na Bienal de Knock-le-Zontew, na Bélgica.

1967 marca sua volta a Barcelona, como cônsul geral. No ano seguinte é publicada a primeira edição de Poesias Completas. 

É eleito, em 15 de agosto de 1968, para a Academia Brasileira de Letras na vaga de Assis Chateaubriand. É recebido em sessão solene pela Assembleia Legislativa de Pernambuco como membro do Conselho Deliberativo da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais (SBAT).

Toma posse na Academia em 1969, na cadeira número 6. A Companhia Paulo Autran encena Morte e Vida Severina em diversas cidades do Brasil. É transferido para a embaixada de Assunção, no Paraguai, como ministro conselheiro. 

Torna-se membro da Hispania Society of America e recebe a comenda da Ordem de Mérito Pernambucano.

Após três anos em Assunção, é nomeado embaixador em Dacar, no Senegal, cargo que exerce cumulativamente com o de embaixador da Mauritânia, no Mali e na Giné-Conakry.

Em 1974 é agraciado com a Grã-Cruz da Ordem de Rio Branco. No ano seguinte publica Museu de Tudo, que recebe o Grande Prêmio de Crítica da Associação Paulista de Críticos de Arte. É agraciado com a Medalha de Humanidades do Nordeste.

Em 1976 é condecorado Grande Oficial da Ordem do Mérito do Senegal e, em 1979, como Grande Oficial da Ordem do Leão do Senegal. 

É nomeado embaixador em Quito, Equador e publica A Escola das Facas.

A convite do governador de Pernambuco, vai a Recife (em 1980) para fazer o discurso inaugural da Ordem do Mérito de Guararapes, sendo condecorado com a Grã-Cruz da Ordem. Ali é inaugurada uma exposição bibliográfica de sua obra, no Palácio do Governo de Pernambuco, organizada por Zila Mamede. Recebe a Comenda do Mérito Aeronáutico e a Grã-Cruz do Equador.

No ano seguinte vai para Honduras, como embaixador. Publica a antologia Poesia crítica. 

Em 1982 é agraciado com o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Vai para a cidade do Porto, em Portugal, como cônsul geral. Recebe o Prêmio Golfinho de Ouro do Estado do Rio de Janeiro. Publica Auto do frade, escrito em Tegucigalpa.

Ganha o Prêmio Moinho Recife, em 1984 e, no ano seguinte, publica os poemas de Agrestes. Nesse livro há uma sessão dedicada à morte ("A Indesejada das Gentes"). Em 1986 é agraciado com o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Pernambuco. Sua esposa, Stella Maria, falece no Rio de Janeiro. 

João Cabral reassume o Consulado Geral no Porto. Casa-se em segundas núpcias com a poeta Marly de Oliveira.

Em 1987 publica Crime na Calle Relator, poemas narrativos. Recebe o prêmio da União Brasileira de Escritores. É transferido para o Rio de Janeiro.

Em Recife, no ano de 1988, lança sua antologia Poemas Pernambucanos. Publica, também, o segundo volume de poesias completas: Museu de Tudo e Depois. Recebe o Prêmio da Bienal Nestlé de Literatura pelo conjunto da obra, e o Prêmio Lily de Carvalho da ABCL, Rio de Janeiro.

Aposenta-se como embaixador em 1990 e publica Sevilha Andando.  É eleito para a Academia Pernambucana de Letras, da qual havia recebido, anos antes a medalha Carneiro Vilela.  

Recebe os seguintes prêmios: Criadores de Cultura da Prefeitura do Recife, Luís de Camões (concedido conjuntamente pelos governos de Portugal e do Brasil), em Lisboa. 

É condecorado com a Grã-Cruz da Ordem do Mérito Judiciário e do Trabalho. 

A Faculdade Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro publica Primeiros Poemas.

Outros prêmios: 
Pedro Nava (1991) pelo livro Sevilha andando; 
Casa das Américas, concedido pelo Estado de São Paulo (1992); 
e também nesse ano o Neustadt International Prize for Literature, da Universidade de Oklahoma. 

Viaja a Sevilha para representar o presidente da República nas comemorações do dia 7 de Setembro, que tiveram lugar na Exposição do IV Centenário da Descoberta da América. 

No Pavilhão do Brasil, foi distribuída sua antologia Poemas sevilhanos, em edição especial. No Rio de Janeiro, na Casa da Espanha, recebe do embaixador espanhol a Grã-Cruz da Ordem de Isabel, a Católica.

Em 1993 recebe o Prêmio Jabuti, instituído pela Câmara Brasileira do Livro.

João Cabral era atormentado por uma dor de cabeça que não o deixava de forma alguma. Ao saber, anos atrás, que sofria de uma doença degenerativa incurável, que faria sua visão desaparecer aos poucos, o poeta anunciou que ia parar de escrever. 

Já em 1990, com a finalidade de ajudá-lo a vencer os males físicos e a depressão, Marly, sua segunda esposa, passa a escrever alguns textos tidos como de autoria do biografado. Conforme declarações de amigos, escreveu o discurso de agradecimento feito pelo autor ao receber o Prêmio Luís de Camões, considerado o mais importante prêmio concedido a escritores da língua portuguesa, entre outros. Foi a forma encontrada para tentar tirá-lo do estado depressivo em que se encontrava. 

Como não admirava a música, o autor foi perdendo também a vontade de falar. Era, sem dúvida, o nosso mais forte concorrente ao prêmio Nobel, com diversas indicações dos mais variados segmentos de nossa sociedade.  

Abaixo o discurso proferido por Arnaldo Niskier, presidente da Academia Brasileira de Letras, por ocasião da morte do poeta, em 1999, no Rio de Janeiro:

"Adeus a João Cabral"

"Severino retirante,
deixe agora que lhe diga:
eu não sei bem a resposta
da pergunta que fazia,
se não vale mais saltar
fora da ponte e da vida;
nem conheço essa resposta,
se quer mesmo que lhe diga;
é difícil defender,
só com palavras, a vida,
ainda mais quando ela é
esta que vê, Severina;
mas se responder não pude
à pergunta que fazia
ela, a vida, a respondeu
com sua presença viva."

Vida que foi para João Cabral uma bonita e ao mesmo tempo sofrida obra de engenharia poética, como demonstrou no seu inesquecível Morte e Vida Severina.

Aos 79 anos, apaga-se a voz de significação universal, com a singularidade do seu verso, tantas vezes lembrado para a glória do Prêmio Nobel de Literatura.

Fonte: