sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Machado de Assis (Resumo de Algumas Obras)

A Cartomante
A cartomante é a historia de Vilela, Camilo e Rita envolvidos em um triângulo amoroso. A historia começa numa Sexta-feira de novembro de 1869 com um dialogo entre Camilo e Rita. Camilo nega-se veementemente a acreditar na cartomante e sempre desaconselha Rita de maneira jocosa. A cartomante está caracterizada neste conto como uma charlatã, destas que falam tudo o que serve para todo mundo. É um personagem sinistro, que apesar não ter nem o seu nome revelado (característica machadiana), destaca-se como um personagem que ludibria os personagens principais. Rita crê que a cartomante pode resolver todos os seus problemas e angústias. Camilo já no fim do conto, quando está prestes a ter desmascarado seu caso com Rita, no ápice de seu desespero, recorre a esta mesma cartomante, que por sua vez o ilude da mesma forma como ilude todos os seus clientes, inclusive Rita. A mulher usa de frases de efeito e metáforas a fim de parecer sábia e dona do destino de Camilo, este que sai de lá confiante em suas palavras e ao chegar ao apartamento de Vilela encontra Rita morta e é morto a queima roupa pelo amigo de infância, que já está sabendo da traição da esposa e o esperava de arma em punho.

Iaiá Garcia
Iaiá era filha de Luís Garcia, viúvo e funcionário público, que nela concentrava todos os seus afetos. Quando a história principia, ele está com quarenta e um anos, e Iaiá com onze anos estuda em colégio interno e, nos fins de semana, é a fonte de toda a alegria do pai, em cuja casa reina a solidão. Luís Garcia tem uma amiga, também viúva, Valéria Gomes, mãe de Jorge. Jorge está apaixonado pela filha de um ex-empregado de seu falecido pai, Estela, que vive na mesma casa. Para afastá-lo de Estela, por não julgar digna de sua posição social, a mãe força-o a alistar-se como voluntário para lutar na guerra do Paraguai. Mas Jorge não esquece a sua amada e tem um verdadeiro choque ao saber que ela se casara com Luís Garcia, que isso foi levado, entre outras razões, pelas boas relações entre Estela e sua filha Iaiá. A partir daí, a história evolui ao longo do tempo, com o regresso de Jorge, sua mãe já morta, a influência do novo amigo que fizera no Paraguai, encontros e desencontros, risos e lágrimas, até a morte de Luís Garcia. E Jorge acaba-se por se casar com Iaiá.

Ressurreição
Narra a história de Félix , emocionalmente instável e sacudido a todo momento por impulsões de ciúme na conquista da viúva Lívia. Cansada do comportamento de Félix , Lívia decide tornar definitiva a separação. “Não sei o que deva pensar deste livro, ignoro sobretudo, que pensará dele o leitor. A benevolência com que foi recebido em volume de contos e novelas, que há dois anos publiquei me animou a escrevê-lo. É um ensaio. Vai despretensiosamente às mãos da crítica e do público, que o tratarão com a justiça que merecer." E, concluindo a Advertência:” Minha idéia ao escrever este livro foi pôr em ação aquele pensamento de Shakespeare : Our doubts are trauitor , And make us lose the good we oft might win By fearing to attempt. Não quis fazer romance de costumes; tentei o esboço de uma situação e o contraste de dois caracteres; com esses simples elementos busquei o interesse do livro. A crítica decidirá se a obra corresponde ao intuito, e sobretudo se o operário tem jeito para ela. É o que lhe peço com o coração nas mãos"

Dom Casmurro
Bento Santiago, um advogado de meia idade, vive sozinho numa boa casa, em bairro distante do centro do Rio de Janeiro onde é conhecido como Dom Casmurro. Para preencher a vida pacata de viúvo sem filhos, Dom Casmurro resolve contar suas lembranças, isto é, atar as duas pontas da vida, a adolescência e a maturidade. Adolescente, Bentinho descobre-se apaixonado pela menina da casa ao lado, a Capitu. Inteligente, com idéias atrevidas, Capitu convence Bentinho a não concordar com o projeto de sua mãe, Dona Glória, senhora viúva e rica, que queria fazê-lo padre. Bentinho tanto se encanta pela firmeza de Capitu quanto fica fascinado por seus cabelos, pelos olhos de ressaca e começa a conhecer as regras do amar. A vida toma o rumo que desejam os apaixonados: depois do seminário, do curso de Direito em São Paulo, casam-se. A vida corre feliz até o dia em que brota o ciúme, de tudo e de todos. A história de amor transforma-se numa história de suspeita de traição. O ciúme faz de Bento Santiago um homem cruel e perverso. Mordido pela dúvida de que o pequeno Ezequiel seja não seu filho, mas de seu amigo Escobar, com que aparenta visível semelhança, impõe a separação à Capitu. Para todos os efeitos, o bacharel rico enviava o filho, acompanhado da mãe para estudar na Suíça. Nunca mais Bentinho encontrou Capitu, que morre na Europa. Só revê o filho uma vez, antes de o rapaz morrer de tifo, numa viagem científica a Jerusalém.

Esaú e Jacó
A obra, de 1904, é o penúltimo livro machadiano. O romance apresenta como motivação a estória de Pedro e Paulo, os gêmeos, filhos de Agostinho Santos e Natividade. Os irmãos sempre foram rivais, pois desde o ventre materno brigavam. Para os desgostos da mãe, Pedro e Paulo se desentendiam por qualquer coisa. Pedro, estudante de Direito, era republicano; enquanto Paulo, estudante de Medicina, era monárquico (conservador). Os rapazes adversos se apaixonam pela mesma senhorita, a Flora Batista, a qual deveria escolher entre um deles. Contudo, a inexplicável "namorada" não conseguiu se decidir. Pressionada por esse conflito emocional, ela começa a delirar que esses dois amigos fundiam-se em uma única pessoa, pois para ela, um sem o outro não fazia sentido. O insolúvel triângulo amoroso se desfez diante à morte da moça. O trato de paz durou pouco, como era de suas naturezas, retornaram a brigar. Nem os pedidos da mãe, nem os conselhos de Aires, possuíam forças para estabelecer uma concórdia entre Pedro e Paulo. Eles seguiam na vida, cumprindo a mesma sina dos irmãos bíblicos "Esaú e Jacó", entretanto, em comoção, perante o leito de morte da mãe, prometem tréguas de paz. Já eleitos deputados, moviam todos os esforços para não entrarem em conflito. Os gêmeos de partidos políticos opostos, começaram a se contradizer politicamente frente aos companheiros partidários. Poucos meses depois. Pedro e Paulo voltaram ao estado natural: completamente irreconciliáveis. As profecias da cabocla do castelo (mensagem do destino irrevogável) confirmam-se: os filhos de Natividade tornam-se grandes homens e implacáveis inimigos.

Memorial de Aires
Memorial de Aires, última obra de Machado de Assis, foi publicada em 1908, mesmo ano da morte do escritor. Como Memórias Póstumas de Brás Cubas, esta obra não tem propriamente um enredo: estrutura-se em forma de um diário escrito pelo Conselheiro Aires (personagem que já aparecera em Esaú o Jacó), onde o narrador relata, miudamente, sua vida de diplomata aposentado no Rio de Janeiro de 1888 e 1889. Sucedem-se, nas anotações do conselheiro, episódios envolvendo pessoas de suas relações, leituras do seu tempo de diplomata e reflexões quanto aos acontecimentos políticos. Destaca-se, dando uma certa unidade aos vários fragmentos de que o livro é composto, a história de Tristão e Fidélia. Fidélia, viúva moça e bonita, é grande amiga do casal Aguiar, uma espécie de filha postiça de D. Carmo. Tristão, afilhado do mesmo casal, viajara para a Europa, em menino, com os pais. Visitando, agora, o Rio de Janeiro, dá muita alegria aos velhos padrinhos. Tristão e Fidélia acabam por apaixonar-se e, depois de casados, seguem para a Europa, deixando a saudade e a solidão como companheiros dos velhos Aguiar e D. Carmo. Memorial de Aires é apontado como o romance mais projetivo da personalidade e da vida de Machado de Assis. Escrito após a morte de Carolina, revela uma visão melancólica da velhice, da solidão e do mundo. D. Carmo, esposa do velho Aguiar, seria a projeção da própria esposa de Machado, já falecida. A ironia e o sarcasmo dos livros anteriores são substituídos por um tom compassivo e melancólico, as personagens são simples e bondosas, muito distantes dos paranóicos e psicóticos dos romances anteriores. Alguns vêem no Memorial de Aires uma obra de retrocesso a concepções romantizadas do mundo; outros tomam o romance como o testamento literário e humano de Machado de Assis.

O Alienista
O Doutor Simão Bacamarte, cientista de nomeada, monta, em Itaguaí, um hospício, a Casa Verde, onde pretende executar seus projetos científicos. Pretende separar o reino da loucura do reino do perfeito juízo, mas a confusão em que ambas se misturam acaba aborrecendo o Doutor, que, para levar a efeito a seleção dos loucos, tem que saber o que é a normalidade. Assim, qualquer desvio do que era o comportamento médio, a aparência pública, qualquer movimento interior, que diferisse da norma da maioria era objeto de internação. O hospício é a Casa do Poder, e Machado de Assis sabia disso muito antes da antipsiquiatria de Lacan e das teses de Foucould. No início, o projeto do Dr. Simão Bacamarte é bem recebido pela população de Itaguaí, mas a aprovação cessa quando o médico passa a recolher na Casa Verde, pessoas em cuja loucura a população não acredita. O barbeiro Porfírio lidera uma rebelião contra o hospício que é sufocada. Numa primeira etapa, são internados os que, embora manifestassem hábitos ou atitudes discutíveis, eram tolerados pela sociedade: os politicamente volúveis, os sem opiniões próprias, os mentirosos, os falastrões, os poetas que viviam escrevendo versos empolados, os vaidosos, etc. Para pasmo geral dos habitantes de ltaguaí, Simão Bacamarte, um dia, solta todos os recolhidos no hospício e adota critérios inversos para a caracterização da loucura: os loucos agora são os leais, os justos, os honestos etc. A terapêutica para esses casos de loucura consistia em fazer desaparecer de seus pacientes as "virtudes", o que o Dr. Simão Bacamarte consegue com certa facilidade. Declara curados todos os loucos, os solta todos e, reconhecendo-se como o único louco irremediável, o médico tranca-se na Casa Verde, onde morre alguns meses depois.

A Causa Secreta (conto)
Fala de dois homens que, após um salvar a vida do outro e passar-se algum tempo, tornam-se sócios. Mas pouco a pouco um deles vai demonstrando tendências sádicas, torturando animais, fato que atordoa a esposa. Quando ela morre, Fortunato, o sádico, presencia o amigo beijar a testa da mulher e derreter-se em choro, saboreando o momento de dor do amigo que lhe traía.

Anedota Pecuniária (conto)
É uma pequena crítica a ganância. Nela um homem "vende" suas sobrinhas aos homens que as amam por causa de sua fascinação com o dinheiro.

A Sereníssima República (conto)
É uma crítica ao processo eleitoral, feito como um discurso de um cônego que afirma ter achado uma espécie de aranha que fala e criado uma sociedade delas, uma república chamada Sereníssima República. Ele escolhe como sistema de eleição um baseado no da República de Veneza, onde se retirava bolas de um saco com o nome dos eleitos. Este sistema vai sendo fraudado pelas aranhas, corrigindo-se, adaptando-se e variando-se diversas vezes e de diversos modos, eternamente corrupto.

D. Paula (conto)
Conta sobre um casal que realiza uma separação temporária por ciúmes, com fundos, do marido. O caso é mediado pela tia da esposa, Dona Paula, que quando descobre quem é o outro, fica abalada. É o filho do homem com quem teve caso análogo, fato que deixa seus sentimentos bem abalados em relação ao caso.

Fulano (conto)
Beltrão é um homem que vai aos poucos se tornando mais um homem público que privado após receber elogios públicos e acaba deixando seu dinheiro para a posteridade e não a família.

O Espelho (conto)
Conta sobre um homem falando de sua opinião sobre a alma humana num grupo de amigos que realizam discussões metafísicas. Ele descreve uma situação de sua juventude onde, após ter sido engrandecido pelo recém-conquistado posto de alferes, encontra-se sozinho. Solitário, passa a ter medo até a que um dia veste-se com seu uniforme de alferes e encara o espelho, encontrando assim o outro lado de sua alma (sua opinião é que temos duas almas, uma externa que nos vigia e a nossa que vigia o exterior). Isso o retira da solidão. Portanto, este conto evidencia o conflito entre a essência (a alma interior) e a aparência (alma exterior).

Teoria do Medalhão (conto)
É um pai aconselhando um filho no dia de seus 21 anos. Ele lhe diz que um futuro lhe espera, que pode ter várias carreiras diferentes, mas que devia ter uma de resguardo, preferencialmente a de medalhão. Para isto devia ter pouquíssimo conhecimento, originalidade, ironia, gosto ou qualquer idéia própria. E nisso disserta sobre a necessidade do filho de sempre manter-se neutro, usar e abusar de palavras sem sentido, conhecer pouco, ter vocabulário limitado, etc. Ao final, é uma bela ironia machadiana sobre como se encontram os valores da sociedade de sua época.

O Enfermeiro (conto)
Conta sobre um homem que, a beira da morte, conta um caso de seu passado. Ele foi em 1860 ser enfermeiro de um velho e mau coronel, que acaba esganando alguns dias antes de partir por não mais o suportar. Quando se abre o testamento ele é declarado herdeiro universal e distribui lentamente o dinheiro em esmolas. Enquanto isto se passa, vai lentamente se convencendo de sua inocência, apoiado pela sociedade que odiava o velho e suas ações que considera redentoras

Pai Contra Mãe (conto)
Cândido Neves, caçador de escravos fujões. Não o é por opção, apenas o é porque não agüenta qualquer outro emprego. Casa e passa a adquirir dívidas, com clientela cada vez menor; quando engravida a mulher, as dívidas aumentam. Depois de despejados vão morar em um quarto emprestado e o menino nasce. Após ceder às pressões da tia da esposa, Candinho vai por a criança na Roda dos enjeitados. Mas no caminho captura uma escrava, recebendo uma gorda recompensa, mantendo assim a criança. Mas a escrava estava grávida, e provavelmente abortou com os castigos recebidos, ficando a vida do filho de Candinho em troca da de outra

Missa do Galo (conto)
Fala de uma singular conversa entre uma senhora de 30 anos e um jovem 17, que tinha que manter-se acordado para acordar o amigo para irem à missa do galo. Eles conversam, ele apieda-se dela (o marido traía e ela resignava-se), admira-a e distrai-se. Por fim o amigo lhe chama, já que já havia passado da meia-noite e ele nunca mais tem outra conversa profunda com ela.

A Mão e a Luva
Narra a história de Guiomar, moça altiva e segura de si, que procura, com frieza e calculismo, realizar o ambicioso plano de ascender socialmente, compensando a sua modesta origem. Três homens pretendem a mão de Guiomar: Estevão , Jorge e Luis Alves. O primeiro sincero, porém simplório; o segundo indolente e superficial. Luis Alves, ambicioso e sagaz, acaba sendo o eleito, pois personificava as qualidades que se sintonizavam com o espírito de Guiomar, que, ao escolhê-lo, faz, segundo suas próprias palavras, “a fria eleição do espírito”. O fragmento que transcrevemos ilustra o caráter do casal GUIOMAR/LUIS ALVES e oferece a justificativa do título: “Um mês depois de casados, como eles estivessem a conversar do que conversam os recém-casados, que é de si mesmos , e a relembrar a curta campanha do namoro.
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Guiomar confessou ao marido que naquela ocasião lhe conhecera todo o poder de sua vontade. - Vi que você era homem resoluto, disse a moça a Luis Alves, que assentado, a escutava. - Resoluto e ambicioso, ampliou Luiz Alves sorrindo: você deve ter percebido que sou uma e outra cousa. - A ambição não é defeito. - Pelo contrário, é virtude; eu sinto que a tenho, e que hei de fazê-la vingar. Não me fio só na mocidade e na força moral: fio-me também em você, que há de ser para mim uma força nova. - Oh! Sim! Exclamou Guiomar. E com um modo gracioso continuou: - Mas que me dá você em paga? Um lugar na câmara? Uma pasta de ministro? - O lustre do meu nome, respondeu ela. Guiomar, que estava de pé defronte dele, com as mãos presas nas suas, deixou-se cair lentamente sobre os joelhos do marido , e as duas ambições trocaram o ósculo fraternal. Ajustavam-se ambas, como se aquela luva tivesse sido feita para aquela mão.

Helena
A história de uma moça que, de uma forma inesperada, sobe na escala social: morre o Conselheiro Vale e, no seu testamento, consta que Helena, moça internada num colégio de Botafogo, é sua filha, cujo segredo o conselheiro o mantivera até a morte. Helena passa a viver com Úrsula, irmã do conselheiro, Estácio, agora meio-irmão, Dr. Camargo, amigo de Vale e médico da família, e Eugênia, filha do Dr. Camargo.
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Helena em face de seu temperamento expansivo e comunicativo, conquista a afeição de D. Úrsula e de Estácio. Mendonça, amigo de Estácio, apaixona-se pela moça. Helena passa a ser objeto de afeição do próprio irmão, que, no entanto, está noivo de Eugênia. O padre Melchior, guia espiritual da família, suspeita dos freqüentes encontros entre Helena e Salvador.
O mistério é esclarecido: Salvador é o pai de Helena, que fora arrebatada pelo conselheiro,- encarregando-se de sua educação. Helena, profundamente chocada com o estado de coisas, mesmo com a possibilidade de poder casar com Estácio, não agüenta a emoção, adoece e morre.

Histórias sem Data
A Igreja do Diabo

(publicado no livro Histórias sem Data) é uma nova idéia do diabo: fundar uma Igreja e organizar seu rebanho, tal qual Deus. Após comunicar Deus de seu futuro ato, vai à Terra e funda com muito sucesso uma Igreja que idolatra os defeitos humanos. Mas aos poucos os homens vão secretamente exercitando virtudes, Furioso, o Diabo vai falar com Deus, que lhe aponta que aquilo faz parte da eterna contradição humana. Anedota Pecuniária (publicado no livro Histórias sem Data) é uma pequena crítica a ganância. Nela um homem "vende" suas sobrinhas aos homens que as amam por causa de sua fascinação com o dinheiro.

Capítulo dos Chapéus
(publicado no livro Histórias sem Data) é um conto onde aparece a frivolidade e ostentação da época de Machado. Mariana, após pedir ao marido que troque o seu simples chapéu, testemunha a sociedade (na famosa rua do Ouvidor) e acaba pedindo que ele permaneça com seu chapéu. Fulano (publicado no livro Histórias sem Data) Beltrão é um homem que vai aos poucos se tornando mais um homem público que privado após receber elogios públicos e acaba deixando seu dinheiro para a posteridade e não a família. Galeria Póstuma (publicado no livro Histórias sem Data) é uma crítica a hipocrisia, onde o sobrinho de um falecido recente lê em seu diário as verdadeiras opiniões do tio sobre aqueles que o cercavam em vida, incluindo o rapaz.

Singular Ocorrência
(publicado no livro Histórias sem data) é o relato de um homem a um amigo sobre o caso extraconjugal de outro amigo. Ele conta que esse amigo e a amante eram apaixonados (ela abandonou a difícil vida fácil por ele) e que, numa única vez, o traiu. E foi este caso que gerou um grande turbilhão emocional que quase acabou no rompimento e suicídio dela, mas eles por fim se reconciliam e vivem felizes até que ele muda de província e morre antes de voltar. Último Capítulo (publicado no livro Histórias sem data) é o bilhete de um suicida. Azarado a vida toda (ele literalmente caiu de costas e quebrou o nariz), sua vida foi povoada de desgraças. Quando estava inventariando os bens da esposa morta, achou cartas de amor de seu sócio. Decidiu matar-se e deixar em seu testamento a cláusula que deveriam ser comprados sapatos e distribuídos, já que vira um pobre coitado (mais que ele) feliz a contemplar seus calçados.

Fontes:
http://www.oportaldosestudantes.com.br/
http://www.resumosdelivros.com.br/

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Marion Zimmer Bradley (1930 – 1999)

Marion Eleanor Zimmer Bradley (3 de Junho de 1930 - 25 de Setembro de 1999) foi uma escritora norte-americana de novelas sobre fantasia e ficção científica, tais como As Brumas de Avalon e a série Darkover.

Biografia
Nasceu em Albany, um subúrbio de Nova Iorque, em junho de 1930. No auge da grande depressão econômica, seus pais eram muito pobres, impossibilitados, portanto, de oferecer-lhe uma educação esmerada. Teve que começar a trabalhar muito cedo, chegando a ser garçonete e faxineira. Ao completar dezesseis anos, ganhou uma máquina de escrever da mãe. Marion com o presente oferecido pela mãe começou a escrever histórias. No início, para sobreviver, sujeitou-se a produzir uma série de romances sensacionalistas.

Nos anos cinquenta, era aquilo a que se chama uma “escritora de sucesso fácil”, vendia histórias de sexo e de mistério a revistas de grande tiragem, para sustentar marido e filhos. Na década seguinte, dedicou-se à produção de romances góticos para poder tirar um curso universitário. As suas histórias de ficção científica do ciclo Darkover ( um planeta onde os seres humanos, ao contacto com os alienígenas, adquirem poderes extrapsíquicos) continuam a ter numerosos admiradores. Com As Brumas de Avalon, e a sua permanência de três meses na lista dos “bestesellers” do New York Times, Marion tornou-se uma escritora de prestígio e uma das mais lidas no mundo inteiro . Prosseguiu na mesma senda com Presságio de Fogo (1987) (lançado no Brasil com o título de "Incêndio de Tróia"), onde reescreve a guerra de Tróia de uma perspectiva feminista. Regressa ao universo mítico da Bretanha druídica, desta vez, em confronto com o Império Romano com A Casa da Floresta (1983).

Em 1985, Marion Bradley lançou um novo livro, especialmente destinado ao público infantil. Muitos, no entanto, consideraram o livro uma obra adulta, e possivelmente imprópria para crianças: "A filha da Noite", baseado na ópera "A flauta mágica", de Mozart.Deixou mais de meia centena de livros.

Entre seus livros mais famosos estão As Brumas de Avalon, Presságio de Fogo/Incêndio de Tróia, A Casa da Floresta e a série Darkover.
Marion Zimmer Bradley foi casada duas vezes e teve dois filhos. Morava em Berkeley, na Califórnia. Muito de sua notoriedade também se deve ao apoio que deu à comunidade de ficção científica americana.

Obras
Ciclo Darkover
A Chegada em Darkover (Darkover Landfall)
Num futuro distante, a humanidade começa a explorar e colonizar novos mundos. Uma nave que ia em direção a um desses planetas, sofre um acidente e acaba pousando em Darkover, um planeta que não teria sido escolhido para ser colonizado, pois era frio demais, e alem disso abrigava espécies inteligentes, embora não civilizadas. Sem ter como voltar ao espaço, nem como se comunicar, a expedição é dada como perdida pela terra. Mas muitos sobreviveram a queda, e pretendem reparar a nave e prosseguir viagem. Entretanto, eles não estavam preparados para o vento fantasma...

A Rainha da Tempestade (Stormqueen)
Na era do caos, um período de confusão e terrivel tirania em Darkover, o planeta do sol vermelho, antes da chegada da primeira expedição da terra, nasce uma criança num dominio das montanhas que seria conhecida como Rainha da Tempestade.

A Dama do Falcão (Hawkmistress)
Este livro conta a história de Emmily MacAran. No tempo dos Cem Reinos, quando uma sangrenta guerra civil assolava Darkover, uma jovem saiu de casa sozinha, rompendo com a familia e renunciando a sua herança, porque desejava ser ela própria, não o que o pai ou um marido determinassem. Passando por um rapaz, e aproveitando-se de suas habilidades como mestre falcoeiro, uma profissão vedada as mulheres, ela se junta ao exercito de Elahim, que está unificando o planeta.

Dois para Conquistar (Two To Conquer)
É a história de Bard di Asturien, um soldado proscrito e ambicioso, e de seu adversário, Varzil o bom, que lutava para estabelecer o pacto. Também é a história de Paul Harrell, um homem da distante terra, que era um sósia do inimigo de Varzil.

Os Herdeiros de Hammerfel (Heirs Of Hammerfell)
Imagem da terrivel rivalidade entre dois reinos Darkover, relatada no momento em que um deles, ao incendiar o castelo inimigo e matar seu rei, obriga a rainha a fugir com seus filhos gemeos ainda bebes. Os gêmeos são separados na confusão, e um deles é criado pela mãe, em Thendara, e o outro é criado por um dos antigos empregados, na propriedade.

A Corrente Partida (Shattered Chain)
O livro conta a historia de Jaelle, uma mulher que habitava uma das cidades secas do planeta Darkover Onde as mulheres são forçadas a mais absoluta submissão. Jaelle no entanto foge para se tornar uma amazona, livre, selvagem e guerreira.

A Espada Encantada (Spell Sword)
Continuacao da Historia de Darkover, Contando o Trecho Relativo a Espada Magica de Dom Esteban, que Possui no Cabo uma Pedra da Estrela Atraves da Qual a Habilidade de Esteban Podia ser Transmitida a Qualquer um que a Empunhe.
Quando o avião do terráqueo Andrew Carr cai durante uma missão de mapeamento e exploração, ele é contatado mentalmente por Calista, filha de Dom Esteban, que está prisioneira dos homens-Gato. Andrew então se junta a Damon, que empunha a espada de Dom Esteban, e os dois se propõe a resgatar Calista.

A Colina das Bruxas
A Colina das Bruxas (Witch Hill) é uma obra literária, escrita por Marion Zimmer Bradley, que fala da história de uma jovem que se chama Sara Latimer. Após perder a sua família de forma trágica, Sara descobre que é a única herdeira de uma mansão na Nova Inglaterra.

A história começa com a morte do seu irmão na Guerra, a sua mãe estando enfraquecida pela doença quando soube da noticia “morreu de desgosto”, tendo sido os dois funerais ao mesmo tempo, deixando Sara e o seu pai abalados pelas perdas. A caminho de casa com o seu pai num carro funerário, e ele explica-lhe a razão pela qual se chama Sara. Ela se chama Sara por causa de uma tia dele que lhe tinha rogado uma praga e, antes que pudesse falar-lhe mais sobre sua tia, ocorre um acidente onde o seu pai morre, ficando Sara sem família e só.

Ao regressar finalmente para casa, Sara recebe uma carta onde dizia ter recebido uma herança de uma tia-avó. Sendo essa herança uma mansão na Nova Inglaterra numa aldeia chamada Witch Hill (Colina das Bruxas), Sara não hesitou ,pois precisava de dinheiro para concluir os estudos pois queria ser ilustradora de livros infantis e caso não lhe agradá-se a mansão ficaria com dinheiro suficiente para viver bem sem grandes esforços.

A caminho de Witch Hill Sara conhece um homem - que era o médico local - numa mercearia em que parou para comprar mantimentos e este percebendo que ela não tinha transporte e nem conhecia o caminho ofereceu-lhe boleia. Sara convidou o homem a entrar, pois a casa era grande e sara estava com receio de a percorrer sozinha. A primeira coisa que Sara vê quando entra na casa é um grande quadro com a primeira Sara Latimer pintada, e ela se assusta pois ela sente-se como se estivesse a ver ao espelho uma vez que elas eram quase iguais. Ao entrar no quarto da tia-avó interessa-se por uns frascos que estavam num tocador, ela ao abrir um dos frascos espalha-se pelo ar um aroma provocante que revela o lado erótico de ambos, passando os dois uma noite fogosa. De Manhã, ao acordar, Sara despede-se do médico que estava deixando-a para ir ao trabalho, prometendo-lhe voltar mais tarde.

Ao dirigir-se á janela constatou que tinha um cemitério da família no jardim, enquanto ela constatava esse facto, tocaram-lhe á campainha, Sara ao abrir a porta vê que é o seu vizinho, o vizinho que tem tomado conta da casa nos últimos 7 anos, o vizinho rapidamente se prontifica apresentar-lhe toda a sua nova propriedade. Sara ao caminhar com ele vai até uma antiga igreja do rito. Sara ao entrar na igreja sente uma estranha sensação de hipnose onde praticamente deixa de ter controlo sobre as suas acções e envolve-se sexualmente com o seu vizinho, sendo tratada pelo vizinho de forma brusca de tal modo que fica com nódoas negras no seu corpo frágil. Sara sem perceber realmente os motivos que a tinham levado a cometer tal loucura, regressa a casa confusa com a situação, quando entra em casa repara num álbum de família com a respectiva árvore genealógica e repara também que de 50 em 50 anos existe sempre uma Sara Latimer e que têm sempre mortes horríveis, ou foram apedrejadas, ou enforcadas ou ate mesmo comidas por cães.

Sara começa a sentir uma estranha sensação, em que começa a ter aos poucos pedaços de memórias de outras alturas de outras épocas. Nesse dia apareceu em sua casa um pequeno Gato o qual denominou Barnabás.

Aos poucos Sara começa a conhecer a povoação da aldeia e parece que todos sabem quem ela é devido as suas parecenças com a tia, sendo ela constantemente abordada pelo vizinho até que é convidada para a uma sessão de bruxaria que recusa, mas mais tarde uma das suas amigas locais oferece-lhe um bolo que desconhecendo contém algo que a faz Sara adormecer.

Sara acorda a meio de um ritual de bruxas e sem perceber se estava a delirar, ou não, vê bruxas a voar em vassouras e autênticas orgias com muitos habitantes da aldeia que nunca pensara serem bruxos. Sara nesse ritual descobre que a sua tia e o vizinho eram os líderes de todo o clã, continuando sem saber como, nem porque, acorda mais uma vez em sua casa junto ao seu gato Barnabé. Sara assustada tenta fugir da aldeia mas é atacada por um corvo que não a deixa apanhar o autocarro. Sendo impedida de sair da aldeia sara telefona ao médico para ir ter com ela pois sentia-se só e assustada e também estava preocupada , pois desconfiava que estava grávida do médico ou do seu vizinho que a violara durante o ritual de bruxas.

Sara depois de falar com o seu vizinho sobre as suas duvidas de estar ou não grávida, o vizinho tranqüilizou-a pois disse-lhe que nenhuma bruxa havia saído grávida de nenhum ritual que não fosse especifico para acasalamento.

No final da obra Sara apercebe-se que o seu calmo e inofensivo gato era na realidade sua tia-avó, que a andava a vigiar. Depois de perceber tal facto, Sara tem uma conversa com a sua tia-avó, onde lhe conta a sua insatisfação por ser bruxa e diz-lhe que não quer que esse seja o seu futuro, a sua tia compreende os factos e reconhece que sara não nasceu para ser uma bruxa , deixando-a partir com o médico para fora da aldeia.

AS BRUMAS DE AVALON

Os livros "A Queda de Atlântida: A Teia da Luz e A Teia das Trevas", "Os Ancestrais de Avalon", "Os Corvos de Avalon", "A Casa da Floresta", "A Senhora de Avalon", "A Sacerdotisa de Avalon" e "As Brumas de Avalon" são melhor compreendidos se lidos na ordem apresentada.

Na seqüência apresentada, cada livro completa o outro, criando uma mitologia da criação de Avalon, através da reencarnação de personagens importantes, desde da Atlântida até a época do Rei Artur.

As Brumas de Avalon é ambientada durante a vida do Lendário Rei Arthur e seus cavaleiros de forma fantástica. Traz a ótica feminina e é fascinante; os detalhes que envolveram as verdadeiras protagonistas de toda a trama, o objetivo cobiçado pelas Damas de Avalon, são de tal espécie singulares, que todo o universo mítico é repensado, reestruturado.

A obra foi dividida pela autora em quatro momentos (ou tomos). Na versão americana, encontramos todos os volumes num único livro. O romance, além de narrar cerca de 70 anos ou mais (inicia-se anterior ao nascimento de Morgana e narra fatos dela já em idade bem avançada),explora fatos históricos preenchendo as lacunas ignoradas sobre a influência do paganismo e das mulheres na formação da Bretanha.

São estas as divisões:
A Senhora da Magia
A Grande Rainha
O Gamo Rei
O Prisioneiro da Árvore

Relacionados a esta obra, temos Queda de Atlântida (volume I e II), e Ancestrais de Avalon (póstumo e encerrado por sua colega), Casa da Floresta, Senhora de Avalon, Sacerdotisa de Avalon, Brumas de Avalon. No entanto, não foram desenvolvidos linearmente pela autora.

Como o leitor de Brumas de Avalon pode notar, Viviane, Morgaine, Kevin -O Bardo, Mordred, Igraine e Uther já se encontraram em outra vida; o primeiro encontro se dá em Queda de Atlântida e estende-se por Ancestrais de Avalon, com a chegada dos atlantes à Bretanha.

Micail e Tiriki, príncipe e princesa, sacerdote e sacerdotisa da última ilha desaparecida, são separados durante uma fuga. Micail e seu primo, o príncipe Tjalan, têm sucesso em chegar ao destino planejado, um entreposto comercial nas Hespérides (as Ilhas Britânicas), onde Tjalan não perde tempo em assumir o controle. Ele sonha em dar continuidade às tradições de Atlântida e fundar um glorioso novo império - quer as tribos locais queiram ou não. Micail e os outros sacerdotes se dedicam a realizar uma antiga profecia que diz que construirão um grande templo nessa nova terra; o templo irá tornar-se Stonehenge.

A adorada esposa de Micail, Tiriki, também chega às Hespérides, mas, desviado de sua rota por uma tempestade, seu navio aporta na costa errada. Ela e o velho sacerdote Chedan lideram um pequeno grupo de sobreviventes na formação de uma nova comunidade em harmonia com a população do Tor sagrado (Glastonbury). Depois que os dois grupos tomam conhecimento da existência um do outro, o conflito é inevitáve

Em Casa da Floresta, novamente alguns personagens se cruzam em papéis diferentes. Um romance que se passa nos tempos míticos da Bretanha druídica, em confronto com o Império Romano e relata a história de amor proibido vivida entre dois jovens de culturas diferentes, Eilan e Gaius, uma sacerdotisa bretã e um romano que contrariaram as aspirações de seu povo ao assumirem seus sentimentos.

O volume de Senhora de Avalon conta com uma extensão de Casa da Floresta, tendo aí uma visão mais aprofundada da vida na comunidade de Avalon, temos um salto na segunda história para a expansão do domínio romano na Bretanha (que segue-se no livro Sacerdotisa), fechando na terceira história o passado de Viviane, o que dá gancho para as Brumas.

O romance Sacerdotisa de Avalon, explora a lenda de Santa Helena, mãe de Constantino, primeiro imperador romano (que tinha pais pagãos) e a escolha política da nova religião para o império. São livros independentes entre si, mas o bom leitor sente as ligações e compreende a complexidade narrativa desta autora famosa pela série Darkover, que segue esta linha de desenvolvimento.

Narra a história de Eilan, mais tarde conhecida como Helena a mãe do imperador Constantino.

Eilan é filha de uma suma sacerdotisa de Avalon com um prícipe romano, passa os primeiros anos de sua vida sendo criada pelo pai, pois sua mãe morreu em Avalon após seu nascimento. Mais tarde ela mandada novamente para Avalon para conhecer os mistérios de uma sacerdotisa.

Num Beltane ela ludibria a suma sacerdotisa, sua tia, e passa a noite com um militar romano, Constantius. Ela é expulsa de Avalon, e então sua vida no império romano tem início.

Tem seu filho, Constantino, após um parto que quase lhe arranca a vida. Esse filho que dará muita glória, mas também muita dor.

A parte romana que o livro narra é real. É a história de Santa Helena. A que encontrou o Santo Sepulcro. É a história do Imperador Constantino, um dos alicérces da Igreja Católica, hoje.

A Senhora da Magia

O romance não se detém meramente em narrar os fatos políticos e religiosos que se confrontam na Bretanha. Mais que isso, Marion - famosa por suas histórias que descobrem o véu do universo feminino - mostra toda a força e complexidade dos atos e escolhas das mulheres (ignoradas na História das Civilizações)- abre portas na lenda da Excalibur em que se encontram o misticismo da origem da espada, ritos pagãos que foram sufocados pela cristianização, a importância das uniões políticas entre os povos e o resultado da submissão ou não das mulheres frente aos homens.

Neste volume temos os fatos que servirão de fundo para o romance:
• o papel da mulher, importância e conseqüência dos casamentos arranjados
• o choque de culturas e poderio dos sexos
• como eram realizadas as sucessões de trono
• o ritualismo pagão para a ascensão do novo rei
• o simbolismo por trás de entrega da sagrada espada
• a ascensão de Arthur ao trono, após a morte de Uther
• Morgana concebe um filho de Arthur.

A Grande Rainha

No segundo volume, há um amadurecimento das personagens, já enfrentando as conseqüências de suas escolhas. Dentre os acontecimentos importantes, temos:
• Morgaine vai para a corte de Morgause, agora já rainha em outra região por união política
• nascimento de Mordred
• a escolha por meio de dote da noiva do rei
• o começo da formação dos cavaleiros da Távola Redonda
• as cobranças sobre uma mulher para a existência de um herdeiro
• o isolamento de Morgana

O Gamo Rei

No penúltimo volume, desta série revolucionária, alguns temas tristes serão abordados, mortes de alguns personagens chave mudam o sentido da história, levando a ferida aberta por traições, injúrias, incesto e assassinatos à uma infecção sem remédio.

Todo o reino será abalado, sua estabilidade ameaçada e seu Rei desacreditado.

Trata-se de uma historia em que no primeiro capitulo fala da vida das personagens e algumas sao apresentadas...

O Prisioneiro da Árvore

Visto que Artur deixa de lado os costumes antigos, traindo assim a confiança do povo antigo da ilha, Morgana deseja retomar para Avalon o que havia sido oferecido mediante o juramento na Ilha do Dragão, no volume I. Para isso, encontra em Acolon, seu jovem enteado criado nos costumes antigos, um apoio para uma tentativa de retornar aos velhos preceitos.

Kevin, sucessor de Taliesin, é acusado de traição por ceder a Artur os símbolos sagrados (como o Graal) para uma nova interpretação cristã, com intuito que não fossem assim esquecidos, já que não acreditava mais na possibilidade de um retorno aos costumes antigos. A punição por sua traição vem pelas mãos de Nimue, uma filha de Lancelet que foi levada por Morgaine a Avalon e se tornou sacerdotisa.

Gwenhwyfar é flagrada por cavaleiros da Távola cometendo adultério com Lancelet, e ambos fogem do reino. A sucessora de Viviane é morta acidentalmente por Mordred. Avalon fica sem uma Senhora do Lago. Mordred, agora homem feito, enfrenta o pai.

O desfecho da lenda do Rei Arthur é conhecido, mas a interpretação feita por Marion Z. Bradley reserva muitas surpresas e detalhes - Como pode-se observar desde o início do livro.

Localização

Segundo o livro, Avalon se localiza ao sul da Bretanha, atual Inglaterra, que era uma província do Império Romano. Vários autores citam a atual cidade de Glastonbury como sendo a ilha sagrada. Avalon era conhecida também como o País do Verão.

É nesse ambiente fictício que, por volta do século V, passa-se a história do lendário Rei que teria papel fundamental na Bretanha, no momento em que o paganismo estava começando a perder terreno para o cristianismo.

Fonte:
http://pt.wikipedia.com/

Poul Anderson (1926 - 2001)

Poul William Anderson (Bristol, Pensilvânia, 25 de Novembro de 1926 – Orlinda, Califórnia, 31 de Julho de 2001) foi um escritor norte-americano da Era Dourada da ficção científica. Alguns dos seus primeiros contos foram publicados sob o pseudónimo de A. A. Craig, Michael Karageorge, e Winston P. Sanders. Foi, ainda, autor de diversas obras que se podem classificar como literatura fantástica, como na série King of Ys.

Filho de pais de origem dinamarquesa, formou-se em Física na Universidade de Minnesota, em 1948. Casou-se com Karen Kruse em 1953, de quem teve uma filha, Astrid (casada com o escritor de ficção científica Greg Bear).

Começou a escrever ficção científica em 1937, enquanto estava convalescente de uma doença. O seu primeiro conto, publicado na revista Astounding em Setembro de 1944, foi A matter of relativity. Em 1947 publicou a sua primeira obra de envergadura: Tomorrow's children na mesma revista, mês de Março, com apenas 20 anos.

Em 1972 tornou-se o sexto presidente dos Escritores de Ficção Científica e Fantasia da América.
Foi também membro da "Swordsmen and Sorcerers' Guild of America", um grupo que unia em si várias correntes de autores, fundado na década de 1960 e cujas obras foram objecto de uma antologia organizada por Lin Carter (Flashing Swords!).

Foi, igualamente, membro da Society for Creative Anachronism.

Faleceu devido a uma forma rara de cancro da próstata.

Estilo
Mestre do estilo da Space Opera, Anderson é, provavelmente, mais conhecido pelas suas narrativas de aventuras onde personagens carismáticas se sucedem de forma graciosa ou que sucumbem de forma heróica. Foi, no entanto, também autor de obras de cariz mais tranquilo, menos extensas, e que caracterizam principalmente a fase final da sua obra. Contudo, Anderson sempre dedicou poucos esforços na análise psicológica das suas personagens.

Muita da sua ficção científica baseia-se firmemente em conceitos científicos razoavelmente rigorosos, aos quais se juntam algumas especulações improváveis, mas que se tornaram habituais nas narrativas do género, como viagens a uma velocidade superior à da luz. Uma das suas especialidades consistia em imaginar planetas com vida, diferentes da Terra, mas cientificamente plausíveis. Um dos mais famosos destes mundos é o que serve de palco a "The man Who Counts", em que Anderson define um tamanho e composição para o mesmo que permitisse a vida de seres humanos em interacção com outros seres racionais, voadores, de modo a explorar as consequências de tal convivência. Outro tema frequente aborda a luta e evolução de um herói, geralmente ingénuo, naufragado num ambiente fisicamente hostil.

Em muitas histórias, Anderson comenta alguns temas sociais e políticos. Uma das suas primeiras narrativas, Un-man, Anderson contrapõe os "bons" - representados por agentes do Secretário Geral das Nações Unidas (UN) - que pretendem estabelecer um governo mundial (de forma semelhante às ideias defendidas por H. G. Wells na sua "História Universal", aos "maus", concretizados em grupos nacionalistas (entre os quais se encontram, principalmente, os norte-americanos) que pretendem preservar a todo o custo a sua soberania nacional. O título tem o significado duplo de "Homem da UN" bem como de "não-homem" - em referência às capacidades sobre-humanas com que aterrorizam os seus inimigos.

No anos seguintes, Anderson acabou por repudiar tal ideia. Uma reminiscência semi-humorística pode ser encontrada no início de Tau Zero — um futuro em que as nações mundiais encarregam a Suécia de velar pelo desarmamento global e acabam, assim, por se tornarem subservientes em relação ao governo do Império Sueco. Em Star Fox faz uma descrição desfavorável de um futuro grupo pacifista designado como "World Militants for Peace" (Militantes mundiais pela paz) onde expressa claramente a sua posição contra-corrente a respeito da Guerra do Vietname, então em curso, e que lhe valeu ser ignorado pelo mercado livreiro europeu (principalmente em França). Mais explícita é a opinião expressa em The Shield of Time, onde uma jovem norte-americana viajante-no-tempo retrocede da década de 1990 para os anos sessenta, não ficando propriamente entusiasta do espírito da época.

Anderson regressou por diversas vezes ao libertarismo (o que justificou em grande parte a atribuição do Prémio Prometheus à sua obra), bem como à imagem do líder de negócios como herói - cuja personagem-tipo será, com certeza, Nicholas van Rijn. Van Rijn está, contudo, bem longe do perfil de um executivo empresarial actual. De facto, assemelha-se mais aos mercadores aventureiros das Companhias Holandesas durante o século XVII. O leitor é poupado a quaisquer reuniões de gabinete e discussões de negócios, já que a acção decorre essencialmente nos limites espaciais do Universo conhecido.

No início da década de 1970, as suas obras, com fundo histórico, aparecem com nítidas influências das teorias de John K. Hord, defensor de que todos os impérios humanos seguem o mesmo padrão cíclico geral. O império "Terrano" presente nas suas histórias de espionagem protagonizadas por Dominic Flandry encaixa perfeitamente nestes conceitos.

A escritora Sandra Miesel (em 1978) argumentou, entretanto, que o tema que caracteriza o conjunto da obra de Anderson é a luta contra a entropia e a morte térmica do Universo - uma condição de uniformidade perfeita onde nada pode acontecer.

Nos conflitos ficcionais por ele descritos, quer em ambientes de ficção científica, quer num contexto fantástico, Anderson tenta quase sempre tornar acessíveis ao leitor os dois pontos de vista antagónicos, recusando qualquer forma de maniqueísmo. Mesmo quando se torna claro em que lado se posiciona o autor, os protagonistas do campo adverso raramente são descritos como vilões sem escrúpulos, mas como indivíduos íntegros no que diz respeito às suas convicções - tendo o leitor acesso aos seus pensamentos, sentimentos e motivações - mostrando dignidade humana quando são derrotados. Exemplos típicos podem ser encontrados em livros como The Winter of the World e The People of the Wind.

Em Star Fox estabelece-se uma relação de rivalidade respeitosa entre o herói, o pirata espacial Gunnar Heim, e o seu inimigo Cynbe — um "alien" excepcionalmente dotado e treinado desde jovem para compreender os seres humanos, inimigos da sua espécie, a ponto de ser ostracizado pelos seus próprios semelhantes. Na cena final, Cynbe desafia Heim para uma batalha espacial onde apenas um poderá sobreviver. Perante a aceitação de Heim, Cynbe agradece-lhe com as palavras "I thank you, my brother" ("obrigado, meu irmão").

Muito da sua obra decorre no passado (como a sua Escandinávia ancestral) ou em mundos alternativos ou futuros que se assemelham ao passado, e aos quais junta alguns elementos mágico-maravilhosos. Tais mundos são apresentados frequentemente como superiores ao tedioso e sobre-civilizado mundo actual. Descrições notáveis e apologias deste ponto de vista podem encontrar-se no mundo pré-histórico de "The Long Remembering", na sociedade medieval de The High Crusade, na quase-medieval de "No Truce with Kings", e no indomado Júpiter de "Call me Joe" e Three Worlds to Conquer. Tratou a sedução do atavismo de várias formas: satiricamente em "Pact", de forma crítica em "The Queen of Air and Darkness" (em Portugal: A Rainha do Ar e da Escuridão) e em The Night Face, bem como de forma trágica em "Goat Song". Na mesma linha narrativa encontra-se a sua versão da lenda de Hrólf Kraki.

Um tema recorrente na escrita de Anderson é a subestimação dos "primitivos" por parte dos representantes das sociedades tecnologicamente avançadas, com consequências danosas para estes últimos. Em The High Crusade, os extraterrestres, que descem na Inglaterra medieval esperando uma fácil conquista, descobrem que não são imunes a armas tão rudimentares quanto espadas e flechas. Em "The Only Game in Town", um guerreiro Mongol, ainda que ignorando que dois "mágicos" que conheceu são, de facto, viajantes-no-tempo vindos do futuro, rapidamente descobre as suas verdadeiras intenções e acaba por capturá-los com a lanterna eléctrica "mágica" por eles oferecida numa tentativa de o impressionar. Noutra história sobre viagens no tempo, The Shield of Time, um "polícia do tempo" do século XX, totalmente equipado com informação e tecnologia avançada é derrotado por um cavaleiro medieval e dificilmente escapa com vida.

A mesma história é também exemplo de um conflito trágico, outro dos temas recorrentes na obra de Anderson. O cavaleiro é uma personagem com traços positivos e empáticos a todos os níveis, tentando agir correctamente e de forma sincera, tendo em conta a sociedade e tempo a que pertence. Não é, de modo algum, culpa sua que as suas acções mudem o futuro para pior (já que não tem meios para o compreender), dando origem a um século XX ainda mais trágico que o que conhecemos. Assim, os protagonistas da Patrulha do Tempo (Time Patrol), ainda que simpatizando com o jovem cavaleiro e desejando-lhe o bem (a protagonista do sexo feminino chega mesmo a apaixonar-se) acaba por não ter outra opção senão entregá-lo à morte.

Em "The Pirate", Trevelian Micah, pertencente ao Cordys (interstellar Coordination Service - Serviço de Coordenação interestelar) é obrigado pelo dever a negar um novo começo, num novo planeta, a um povo vitimado pela fome e pela pobreza, já que tal colonização destruiria por completo os vestígios dos seres civilizacionalmente superiores que aí tinham vivido e que haviam sido destruídos por uma supernova. Um tema semelhante, mas mais complexo, aparece em "Sister Planet", onde cientistas descobrem uma forma de colonizar Vénus e, assim, dar nova esperança a uma terra sobrepovoada. Mas tal acção teria como efeito imediato o extermínio da civilização de um povo aquático recentemente descoberto - de modo que o herói descobre que não tem outro remédio para evitar o genocídio, senão o assassínio dos seus melhores amigos.

Em "Delenda Est", o herói tem outro dilema semelhante. Devido à interferência de alguns "fora-da-lei" viajantes do tempo, Cartago consegue ganhar a Segunda Guerra Púnica e destruir Roma. Como resultado, origina-se um século XX "nem melhor nem pior, apenas completamente diferente". O herói pode retroceder no tempo e restaurar a História Universal - e consequentemente a sua própria história familiar (e a nossa), tendo, contudo, de destruir o mundo que tomou o seu lugar, com tanto direito à existência quanto o actual.

Homenageando a paixão de Anderson pela antiguidade, o Ander-Saxon, um tipo de escrita constrangida composta por palavras exclusivamente de raiz germânica é assim nomeada, fazendo referência ao seu apelido.

Prêmios
Gandalf Grand Master (1978)
Prémio Hugo (por sete vezes)
Prémio em memória de John W. Campbell (2000)
Prémio Nebula (por três vezes)
Prémio Prometheus (por quatro vezes, incluindo um Prémio especial pelo conjunto da sua obra, em 2001)
SFWA Grand Master Nebula (1997)

Fonte:
http://pt.wikipedia.org/

Richard Matheson (1926)

Richard Burton Matheson (Allendale, 20 de Fevereiro de 1926) é um autor americano e roteirista, suas obras são principalmente dos gêneros fantasia, terror e ficção científica.
.
Nascido em Allendale, New Jersey de pais imigrantes noruegueses, Matheson cresceu no Brooklyn e graduou-se na Brooklyn Technical School em 1943. Alistou-se e passou a Segunda Guerra Mundial como soldado de infantaria. Em 1949 obteve seu bacharelado em jornalismo na University of Missouri-Columbia e mudou-se para a California em 1951. Casou-se em 1952 e tem quatro filhos, três dos quais (Chris, Richard Christian, e Ali) são autores de ficção científica e roteiristas.

Seu primeiro conto, Born of Man and Woman (Nascido de homem e mulher), apareceu na Magazine of Fantasy and Science Fiction in 1950. Muitos de seus contos como Third from the Sun (1950), Deadline (1959) e Button, Button (1970) são roteiros simples com final surpriendente; outros como Trespass (1953), Being (1954) e Mute (1962) exploram os dilemas dos personagens em vinte ou trinta páginas. Alguns contos, como The Funeral (1955) e The Doll that Does Everything (1954) incluem humor satírico.

Outros, como The Test (1954) e Steel (1956, mais tarde adaptado para ser um episódio da série The Twilight Zone [Além da Imaginação]), retratam as lutas morais e físicas de pessoas comuns mais do que de personagens fantásticos como cientistas malucos e superheróis, em situações que são ao mesmo tempo futuristicas e cotidianas. Ainda outros como Mad House (1953), The Curious Child (1954) e o talvez mais famoso, Duel (1971) são contos de paranóia, nos quais o ambiente cotidiano se torna inexplicavelmente estranho e ameaçador.

Escreveu vários episódios para a série The Twilight Zone (Além da Imaginação), incluindo o famoso Nightmare at 20,000 Feet; adaptou as obras de Edgar Allan Poe para o filme The Devil Rides Out; e escreveu o primeiro trabalho para TV de Steven Spielberg, o filme Duel, a partir de um conto de sua autoria. Romances incluem The Shrinking Man (o filme levou o nome de The Incredible Shrinking Man, e um romance de ficção científica, Eu sou a Lenda, que foi filmado duas vezes com os títulos de The Last Man on Earth (1964) (br: Mortos que matam) com Vincent Price no papel principal e The Omega Man. (Uma terceira versão cinematográfica, com o título orignal do romance está programada para ser lançada no verão de 2007). Outros romances de Matheson tornaram-se filmes notáveis como What Dreams May Come (pt:Além do Horizonte, br:Amor além da vida), Stir of Echoes, Bid Time Return (a versão cinematográfica deste último livro recebeu o título de Somewhere in Time e em português tem o título de Em algum lugar do passado tanto o livro como o filme), e Hell House (com o título de The Legend of Hell House), os dois últimos adaptados para o cinema pelo próprio Matheson. Para a série Star Trek, escreveu o episódio The enemy within (br: O inimigo interior), exibido em 1966.

Em 1960, Matheson publica The Beardless Warriors, um romance realista e autobiográfico sobre soldados adolescentes americanos na Segunda Guerra Mundial. Nos anos 50 publicou várias histórias do gênero "velho oeste" mais tarde reunidas em By the Gun; e nos anos 90 publicou novamente romances deste gênero tais como Journal of the Gun Years, The Gunfight, The Memoirs of Wild Bill Hickok e Shadow on the Sun. Escreveu também os romances de suspense 7 Steps to Midnight e Hunted Past Reason e Now You See It.... Este último conta a história de um menino que participa de um concurso de mágica em um reality show até que o diretor do programa percebe que seus poderes são reais.

Matheson conta que algumas de suas obras foram inspiradas em fatos reais. Duel foi inpirado num incidente em que ele e um amigo trombaram com um grande caminhão. Uma cena do filme "Let's Do It Again", de 1953 em que Aldo Ray e Ray Milland põem um o chapéu do outro, um dos quais é muito grande para o outro, deu origem ao pensamento "e se alguém pusesse o seu próprio chapéu e isto acontecesse" que acabou por se tornar o The Shrinking Man (O homem que encolhia). Em algum lugar do passado começou quando Matheson viu um poster com uma bela fotografia de Maude Adams e imaginou o que aconteceria se alguém se apaixonasse por uma fotografia antiga como aquela.

Fonte:
http://pt.wikipedia.org/

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Constelação de Trovas (Autores D e E)

DARLY O. BARROS
Meu perdão foi em tributo
a uma lágrima suspensa:
-- um detalhe diminuto
mas, que fez a diferença...

DARI PEREIRA
Contra toda a malvadeza,
que causa tantos horrores,
em resposta, a natureza
vem cobrir o chão de flores!

DELCY RODRIGUES CANALLES
Cavalgando o "Minuano"
eu sigo em frente, risonho...
Sou tropeirista aragano
que monta o vento do sonho.

DELMAR BARRÃO
Talvez eu fosse feliz
se conseguisse esquecer
o bem que pude e não fiz,
o mal que fiz sem querer...

DENISE CATALDI
Deu muita sorte a vizinha
pulando o arame farpado,
pois só rasgou a calcinha:
o principal foi poupado!

DILVA MARIA DE MORAES
CNF e a Cascata
onde bebi mocidade ,
se nossa sede ainda mata,
não mata a nossa saudade .

DIVENEI BOSELI
Sentimos tanta alegria
quando estamos abraçados,
que, para nós, todo dia,
é "Dia dos Namorados"!

DOMINGOS FREIRE CARDOSO/Portugal
Levando vida tão crua,
com a fome pela frente,
qualquer criança de rua
vira adulto sem ser gente.
_
DOMITILLA BORGES BELTRAME
Brigamos, mas a tormenta
em instantes se desfaz;
um grande amor sempre inventa
um arco-íris de paz!...

DORALICE GOMES DA ROSA
Longe de ser fogo brnado,
nosso amor, quase heresia,
é uma usina turbinando
vinte e quatro horas por dia!...

DOROTHY JANSSON MORETTI
meus pobres sonhos, tão fracos,
a vida em escombros fez,
mas, teimosa, eu junto os cacos...
e eis-me sonhando outra vez!

DURVAL MENDONÇA
Naqueles tempos de antanho,
de escribas e fariseus,
um homem do meu tamanho
tinha o tamanho de Deus.

EDGARD B. CERQUEIRA
Bordam, soltos, seus cabelos,
caracóis negros na fronha.
E eu, insone, horas a vê-los,
fico a sonhar com quem sonha...

EDMAR JAPIASSÚ MAIA
A faxineira, surpresa,
chorava que dava dó,
ao ser acusada e presa
por viver cheirando a pó!...

EDNA VALENTE FERRACINI
A mensagem dos meus lábios,
em resposta à sua ofensa,
tem o silêncio dos sábios,
que outra resposta dispensa!

EDUARDO A. O. TOLEDO
Tendo a paixão como escolta
e o coração em sentido,
saudade é um sonho que volta,
sem que nunca tenha ido!

ELÍADE MONT'ALVERNE
Velho tempo, acalma o passo!
Pára um bocado, descansa!
Espera... enquanto eu refaço
minha carga de esperança!

ELIANA DAGMAR
Aplauso é luz de dois gumes...
Cuidado... avisa o teu ego...
O excesso, às vezes, de lumes
transforma o sábio num cego...

ELISABETH SOUZA CRUZ
Se o teu amor foi miragem
no deserto da paixão,
que importa... me deu passagem
para o oásis da ilusão.

ELTON CARVALHO
Vem, palhaço, sem tardança,
com teus trejeitos, teus chistes...
e acorda a alegre criança
que dorme nos homens tristes!

ENO TEODORO WANKE
Não há nada mais profundo,
mais belo e comovedor,
nem maior poder no mundo
que um simples gesto de amor.

ERALDO CORRÊA
A camisola rendada
tornou o instante perfeito:
eras a jóia encantada
no garimpo do meu leito!

ERCY M. MARQUES DE FARIA
Renúncia – uma ponte estreita,
onde, das extremidades,
pode-se ouvir, sempre à espreita,
chorando duas saudades!...

EUGÊNIA MARIA RODRIGUES
Eu te quero às escondidas,
e, se essa espera durar,
te esperarei quantas vidas
for necessário esperar!

Fonte:
www.falandodetrova.com.br

Folhas Avulsas (Redação de Aluna do Curso de Letras)

Redação feita por uma aluna do curso de Letras, da UFPE Universidade Federal de Pernambuco - (Recife), que venceu um concurso interno promovido pelo professor titular da cadeira de Gramática Portuguesa.

Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se encontravam no elevador.

Um substantivo masculino, com um aspecto plural, com alguns anos bem vividos pelas preposições da vida.

E o artigo era bem definido, feminino, singular: era ainda novinha, mas com um maravilhoso predicado nominal.

Era ingênua, silábica, um pouco átona, até ao contrário dele: um sujeito oculto, com todos os vícios de linguagem, fanáticos por leituras e filmes ortográficos. O substantivo gostou dessa situação: os dois sozinhos, num lugar sem ninguém ver e ouvir. E sem perder essa oportunidade, começou a se insinuar, a perguntar, a conversar.

O artigo feminino deixou as reticências de lado, e permitiu esse pequeno índice. De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro: ótimo, pensou o substantivo, mais um bom motivo para provocar alguns sinônimos. Pouco tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeça a se movimentar: só que em vez de descer, sobe e pára justamente no andar do substantivo. Ele usou de toda a sua flexão verbal, e entrou com ela em seu aposto.

Ligou o fonema, e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonética clássica, bem suave e gostosa. Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo para ela. Ficaram conversando, sentados num vocativo, quando ele começou outra vez a se insinuar.

Ela foi deixando, ele foi usando seu forte adjunto adverbial, e rapidamente chegaram a um imperativo, todos os vocábulos diziam que iriam terminar num transitivo direto.

Começaram a se aproximar, ela tremendo de vocabulário, e ele sentindo seu ditongo crescente: se abraçaram, numa pontuação tão minúscula, que nem um período simples passaria entre os dois.

Estavam nessa ênclise quando ela confessou que ainda era vírgula; ele não perdeu o ritmo e sugeriu uma ou outra soletrada em seu apóstrofo.

É claro que ela se deixou levar por essas palavras, estava totalmente oxítona às vontades dele, e foram para o comum de dois gêneros.

Ela totalmente voz passiva, ele voz ativa. Entre beijos, carícias, parônimos e substantivos, ele foi avançando cada vez mais: ficaram uns minutos nessa próclise, e ele, com todo o seu predicativo do objeto, ia tomando conta.

Estavam na posição de primeira e segunda pessoa do singular, ela era um perfeito agente da passiva, ele todo paroxítono, sentindo o pronome do seu grande travessão forçando aquele hífen ainda singular. Nisso a porta abriu repentinamente. Era o verbo auxiliar do edifício. Ele tinha percebido tudo, e entrou dando conjunções e adjetivos nos dois, que se encolheram gramaticalmente, cheios de preposições, locuções e exclamativas. Mas ao ver aquele corpo jovem, numa acentuação tônica, ou melhor, subtônica, o verbo auxiliar diminuiu seus advérbios e declarou o seu particípio na história.

Os dois se olharam, e viram que isso era melhor do que uma metáfora por todo o edifício.

O verbo auxiliar se entusiasmou e mostrou o seu adjunto adnominal. Que loucura, minha gente. Aquilo não era nem comparativo: era um superlativo absoluto.

Foi se aproximando dos dois, com aquela coisa maiúscula, com aquele predicativo do sujeito apontado para seus objetos. Foi chegando cada vez mais perto, comparando o ditongo do substantivo ao seu tritongo, propondo claramente uma mesóclise-a-trois. Só que as condições eram estas: enquanto abusava de um ditongo nasal, penetraria ao gerúndio do substantivo, e culminaria com um complemento verbal no artigo feminino.

O substantivo, vendo que poderia se transformar num artigo indefinido depois dessa, pensando em seu infinitivo, resolveu colocar um ponto final na história: agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo, jogou-o pela janela e voltou ao seu trema, cada vez mais fiel à língua portuguesa, com o artigo feminino colocado em conjunção coordenativa conclusiva.

Fonte:

Páginas da Vida (Diário de um Cão = autor desconhecido)

1ª Semana:
Hoje faz uma semana que nasci! Que alegria ter chegado a este mundo!
1º Mês:
A minha mãe cuida muito bem de mim. É uma mãe exemplar!
2º Mês:
Hoje separaram-me da minha mãe. Ela estava muito inquieta e com os seus olhos disse-me adeus como que esperando que a minha nova “família humana” cuidasse bem de mim, como ela havia feito.
4º Mês:
Cresci muito rápido. Tudo chama à minha atenção. Existem crianças na casa, são como “irmãozinhos”.
5º Mês:
Hoje castigaram-me. A minha dona zangou-se porque fiz xixi dentro de casa... Mas nunca me disseram onde eu deveria fazer. E como durmo na marquise, não agüentei!
6º Mês:
Sou um cão feliz. Tenho o calor de um lar, sinto-me seguro e protegido... Creio que a minha família humana me ama muito... Quando estão a comer convidam-me também. O pátio é só para mim e eu estou sempre a fazer buracos na terra, como os meus antepassados lobos, quando escondiam comida. Nunca me educam! Seguramente porque nada faço de errado!
12º Mês:
Hoje completei um ano. Sou um cão adulto e os meus donos dizem que cresci mais do que eles esperavam. Que orgulhosos devem estar de mim!!!
13º Mês:
Como me senti mal hoje... O meu “irmãozinho” tirou-me a minha bola. Como nunca toco nos seus brinquedos, fui atrás dele e mordi-o, mas como os meus dentes estão muito fortes, magoei-o sem querer. Depois do susto, prenderam-me e quase não me posso mover para tomar um pouco de sol. Dizem que sou ingrato e que me vão deixar em observação (certamente não me vacinaram)... Não entendo o que está a acontecer.
15º Mês:
Tudo mudou... vivo preso no pátio... na corrente... Sinto-me muito só.... a minha família já não me quer... às vezes esquecem-se que tenho fome e sede e quando chove não tenho teto para me tapar.
16º Mês:
Hoje tiraram-me a corrente. Pensei que me tinham perdoado...Fiquei tão contente que dava saltos de alegria e o meu rabo não parava de abanar. Parece que vou passear com eles. Entramos no carro e andamos um grande bocado. Quando pararam, abriram a porta e eu desci a correr, feliz, crendo que era um dia de passeio no campo. Não entendo porque fecharam a porta e se foram embora...
“Esperem!!!” – Lati. Esqueceram-se de mim! Corri atrás do carro com todas as minhas forças... a angustia aumentou ao perceber que o carro se afastava e eles não paravam. Tinham-me abandonado...
17º Mês:
Procurei em vão encontrar o caminho de volta a casa. Sento-me no caminho, estou perdido e algumas pessoas de bom coração olham-me com tristeza e dão-me de comer... Eu agradeço com um olhar do fundo da minha alma. Porque não me adotam? Eu seria leal como ninguém. Porém apenas dizem “Pobre cãozinho, deve estar perdido.”.
18º Mês:
No outro dia passei por uma escola e vi muitas crianças e jovens como os meus “irmãozinhos”. Cheguei perto deles e um grupo, aos risos, atirou-me uma chuva de pedras – para ver quem tinha melhor pontaria. Uma dessas pedras atingiu um dos meus olhos, e desde então não vejo.
19º Mês:
Parece mentira, mas quando eu estava mais bonito as pessoas compadeciam-se mais de mim... Agora que estou mais fraco, com aspecto mudado... perdi o meu olho, as pessoas tratam-me aos pontapés quando pretendo deitar-me à sombra.
20º Mês:
Quase não me posso mexer. Hoje ao atravessar a rua por onde passam os carros, um deles atropelou-me. Pelo que sei estava num lugar seguro chamado sarjeta, mas nunca me vou esquecer do olhar de satisfação do motorista ao faze-lo. Oxalá me tivesse morto... Porém só me partiu as pernas. A dor é terrível, as minhas patas traseiras não me respondem e com dificuldade arrastei-me até uma moita de ervas completamente fora da estrada. Não me posso mover, a dor é insuportável, nunca me abandona. Sinto-me muito mal, estou num lugar úmido e parece que o meu pêlo está a cair.
Algumas pessoas passam e não me vêem; outras dizem “Não te aproximes”. Já estou quase inconsciente. Porém uma força estranha fez-me abrir os olhos.
A doçura da sua voz fez-me reagir. “Pobre cãozinho, como te deixaram”, dizia. Junto a ela estava um senhor de roupa branca que começou a tocar-me e disse “Minha senhora, infelizmente este cão não têm remédio que o salve, o melhor é que deixe de sofrer”.
A gentil senhora consentiu com os olhos cheios de lágrimas. Como pude, mexi o rabo e olhei para ela, agradecendo por me ajudar a descansar... Senti somente a picada da injeção e dormi para sempre, pensando em porque nasci se ninguém me queria...

Fonte:
Autor Desconhecido. Diário de um Cão
http://www.vidadecao.com.br/
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Nota do autor do blog: Os cães, assim como todos animais domésticos também sentem dor, também tem emoções. Se você escolher cuidar de um ou alguns, cuide com carinho e amor e eduque-o assim como se educa um filho. Eles querem agradar, mas muitas vezes não tem noção da própria força, e podem magoar ou ferir. Não é razão para abandoná-lo, e sim educá-lo. Somos seres dotados de inteligência, de "humanidade", mostremos que merecemos esta inteligência, e não ajamos como selvagens. Assim como nós sentimos dor, eles também sentem dor, assim como ficamos tristes, eles também ficam tristes. Assim como somos carinhosos, eles também o são. Machucá-los não mostra superioridade, nem inteligência, mostra apenas a nossa pequenez.

Estante de Livros II

Darapti - O despertar de Oto ( Marcelo Malheiros )
Coleção Novos Talentos da Literatura Brasileira
Oto é um jovem com um acentuado espírito filosófico que se vê envolvido em acontecimentos extraordinários após encontrar o "Grupo" em Paris, onde se submete a um treinamento especial para o desenvolvimento de sua mente e de seus poderes latentes. Quase sempre presente ao seu lado está Darapti, o pequeno ser que o acompanha desde a infância e que tem um papel importante em seu despertar para inimagináveis possibilidades. Depois que Oto e seus amigos encontram dentro de uma caverna, nas montanhas da Escócia, uma cápsula do tempo deixada por uma civilização mais desenvolvida, inicia-se uma grande perseguição para a obtenção do cristal de Argon, que contém a chave para o futuro da humanidade. A "Organização", que representa poderosos interesses, não pode deixar que as informações contidas no precioso objeto sejam reveladas.

MARCELO M. GALVEZ é natural do Rio Grande do Sul e mora atualmente em Brasília. Desde cedo se interessou por literatura e filosofia, tendo escrito, ainda quando universitário, uma novela intitulada "Outono". Em 1999 publicou o livro "A Potência do Nada - O vazio incondicionado e a infinitude do ser", no qual investiga as questões filosóficas fundamentais acerca do significado da vida humana e do sentido do universo. O autor tem como hobbies preferidos os livros e as viagens, que utiliza como fonte de inspiração de seus escritos.


Dante - O guardião da morte (Eric Novello )
Coleção Novos Talentos da Literatura Brasileira

Quando li DANTE me impressionei com a força dos cenários. Roma antiga, com suas ruas e estalagens surgiram na minha frente. Senti seus cheiros, os ventos súbitos, escutei os cascos dos cavalos. Vivi, junto com Ítalo Tarnapo e sua amante fenícia, o terror e a atração que o povo romano sentia pelos deuses que atravessavam o Mediterrâneo e o passar do tempo, vindos de um Egito que não estava mais lá. O livro conta a história de uma batalha única, que se desenrola sem parar desde o começo dos tempos. É a batalha entre os deuses, entre a vida e a morte, destino e livre arbítrio. E apresenta uma possibilidade inquietante de como, onde e por quê convivemos com o que nunca morre e a quem, às vezes, por comodidade, damos o nome de vampiros. São cenas, é quase um filme. E a linguagem é a nossa, como nosso são os terrores e a coragem de que precisamos todos os dias para continuar sendo nós mesmos.
Eric Novello nasceu em 1978, no Rio de Janeiro, onde exerce a profissão de farmacêutico. É poeta, escritor e futuro roteirista. Estuda a origem do mito dos vampiros há cinco anos, tendo escrito quatro artigos e diversos contos sobre o assunto. É ávido leitor e fã de história romana.

Nas esquinas da vida (Alessandro Pithon)
Coleção Novos Talentos da Literatura Brasileira

A vida é, realmente, a maior de todas as escolas, com sua capacidade incansável de nos ensinar algo novo a cada dia, a cada hora, a cada minuto. Seja na alegria ou na tristeza, na descontração ou na angústia, na vitória ou na derrota, na facilidade ou na dificuldade, estamos sempre diante de lições valiosas que nos fazem amadurecer e evoluir. Privilegiados são aqueles que se permitem aprender com os acontecimentos que a vida nos traz, sejam positivos ou negativos. Confortados são aqueles que compreendem que tudo aquilo que nos ocorre carrega, em sua essência, um benefício, um ensinamento. "Nas Esquinas da Vida" é um livro cativante que nos fará refletir, sonhar, acreditar, divertir, sorrir, emocionar. Em cada uma de suas páginas, as lições absorvidas do cotidiano, a descoberta dos verdadeiros e mais preciosos valores da vida.

Alessandro Krucchewsky Pithon nasceu em 28 de Novembro de 1970, na cidade de Salvador, estado da Bahia. Completou a vida escolar no colégio Instituto Social da Bahia, para depois ingressar na Universidade Federal, onde cursou três anos de Arquitetura. Durante o mesmo período trabalhou nesta área profissional. Com a necessidade de sustentar suas filhas pequenas, deixou o curso para trabalhar no ramo de marketing esportivo durante três anos. Em 1999 foi morar com a família na Fazenda Cruzeiro do Sul, cidade de Itabuna, ao sul da Bahia. Permaneceu durante quatro anos administrando a lavoura cacaueira e produzindo geléias de frutas. Foi lá que se deu início a sua vida literária e onde pôde escrever seu primeiro livro "Nas Esquinas da Vida". Atualmente, residindo novamente em Salvador, trabalha em uma das principais empresas brasileiras proprietárias de salas de cinema, a Orient Filmes, além de dar continuidade a sua vida de escritor.

Contos & Causos (Manga Filho)
Coleção Novos Talentos da Literatura Brasileira

"Ubirajara se sente desorientado. Não consegue entender o que está acontecendo. Em sua confusão mental emergem estranhas lembranças de sua adolescência. Estórias que ouvia de uma loira fantasma que surgia, vez por outra, ou em festas, ou na beira de estradas pedindo carona ou em banheiros de escolas. Era algo assim. Com o encanto de sua beleza conquistava homens incautos. O enredo sempre acabava da mesma forma, com o conquistado perto ou dentro de um cemitério descobrindo que a loira formosa estava morta há anos."

Manga Filho é natural de São Paulo. Trabalha no Governo do Distrito Federal e é formado em Estatística pela Universidade de Brasília. Escreve desde 1998 por insistência do irmão quadrinhista. Paulistano por nascimento Estatístico por insistência Brasiliense por acaso Escritor por teimosia

As Decisões de Faustus (Dav Freedman)

Doutor Faustus é um homem muito sábio. Professor de uma Universidade de Nova York, já leu muitos livros e está saturado de tudo o que já aprendeu. Com a morte de seu pai, uma herança agora o atormenta. Um livro. Um livro que foi passado de pai para filho, desde sua criação por um bruxo maligno. A família tinha a missão de guardar este livro, e livrar-se de seus males. Mas Faustus, embriagado pela ânsia por novos conhecimentos, e com isso poder, riqueza e admiração, abre o livro, estuda suas páginas, e finalmente recita o feitiço. Bem a sua frente surge uma criatura horrenda, um escravo do demônio. Faustus então, certo de que tinha poder sobre ela, pede que apareça com uma forma mais bonita. E então eis que surge Mephistophilis, com a forma de uma linda e sensual mulher. Dr. Faustus mais do que nunca pensa em tudo o que pode passar a ter se juntar-se a ela, e então vende sua alma para Satã, e em troca dela recebe por vinte quatro anos todo o conhecimento que desejava, e também a companhia de sua agora sensual escrava, Philis. No entanto, Dr. Faustus perde o grande amor de sua vida, Janis, perde seus amigos, perde seu coração e seus sentimentos. Uma história picante, inspirada na peça de teatro escrita por Christopher Marlowe no final do Século XVI, que transforma um tradicional mito cristão, em um sinuoso jogo de sedução.

Dav Freedman mora com sua esposa e família em Upstate, Nova Iorque. É professor de arte e teatro na Academia da Albânia. Tem sido um ativo artista, escritor e mágico por mais de vinte anos. "As Decisões de Dr. Faustus" é a primeira obra de sua autoria publicada


Akashi (Andrei Puntel)
Coleção Novos Talentos da Literatura Brasileira

Investigando uma série de mortes suspeitas na alta sociedade européia, a jornalista Julie Paget vem à procura de uma testemunha chave refugiada em um paraíso tropical no Brasil.Quando chega, descobre que sua fonte também sofreu uma morte tão inexplicada e inquietante quanto as que investigava. No desenrolar dos fatos, conhece um grupo de pessoas que irá mudar sua vida e o seu conceito de realidade, apresentando-a a uma verdade muito mais complexa e excitante do que ela poderia imaginar existir. Suas armas: Conhecimento milenar, coragem e ousadia. Seu objetivo: confrontar um mito.

Andrei Puntel, 34 anos, é engenheiro e consultor de empresas. Por sua formação científica, acredita que uma visão lógica e coerente pode ser aplicada no estudo das diversas ciências não oficiais que, silenciosa e insistentemente, fazem parte do inconsciente coletivo do Homem. Participando, desde os dezoito anos de diversos grupos, do Brasil e do exterior, voltados para o estudo dessas ciências, utiliza em seus livros diversos elementos vindos da gnose, alquimia, filosofia oculta e outras correntes, procurando oferecer aos leitores conhecimento útil e surpreendente através de uma trama ágil e cativante.

Fonte:
http://www.novoseculo.com.br/

Decálogo do Leitor (Alberto Mussa)

I - Nunca leia por hábito: um livro não é uma escova de dentes. Leia por vício, leia por dependência química. A literatura é a possibilidade de viver vidas múltiplas, em algumas horas. E tem até finalidades práticas: amplia a compreensão do mundo, permite a aquisição de conhecimentos objetivos, aprimora a capacidade de expressão, reduz os batimentos cardíacos, diminui a ansiedade, aumenta a libido. Mas é essencialmente lúdica, é essencialmente inútil, como devem ser as coisas que nos dão prazer.

II - Comece a ler desde cedo, se puder. Ou pelo menos comece. E pelos clássicos, pelos consensuais. Serão cinqüenta, serão cem. Não devem faltar As mil e uma noites, Dostoiévski, Thomas Mann, Balzac, Adonias, Conrad, Jorge de Lima, Poe, García Márquez, Cervantes, Alencar, Camões, Dumas, Dante, Shakespeare, Wassermann, Melville, Flaubert, Graciliano, Borges, Tchekhov, Sófocles, Machado, Schnitzler, Carpentier, Calvino, Rosa, Eça, Perec, Roa Bastos, Onetti, Boccaccio, Jorge Amado, Benedetti, Pessoa, Kafka, Bioy Casares, Asturias, Callado,Rulfo, Nelson Rodrigues, Lorca, Homero, Lima Barreto, Cortázar, Goethe, Voltaire, Emily Brontë, Sade, Arregui, Verissimo, Bowles, Faulkner, Maupassant, Tolstói, Proust, Autran Dourado, Hugo, Zweig, Saer, Kadaré, Márai, Henry James, Castro Alves.

III - Nunca leia sem dicionário. Se estiver lendo deitado, ou num ônibus, ou na praia, ou em qualquer outra situação imprópria, anote as palavras que você não conhece, para consultar depois. Elas nunca são escritas por acaso.

IV - Perca menos tempo diante do computador, da televisão, dos jornais e crie um sistema de leitura, estabeleça metas. Se puder ler um livro por mês, dos 16 aos 75 anos, terá lido 720 livros. Se, no mês das férias, em vez de um, puder ler quatro, chegará nos 900. Com dois por mês, serão 1.440. À razão de um por semana, alcançará 3.120. Com a média ideal de três por semana, serão 9.360. Serão apenas 9.360. É importante escolher bem o que você vai ler.

V - Faça do livro um objeto pessoal, um objeto íntimo. Escreva nele; assinale as frases marcantes, as passagens que o emocionam. Também é importante criticar o autor, apontar falhas e inverossimilhanças. Anote telefones e endereços de pessoas proibidas, faça cálculos nas inúteis páginas finais. O livro é o mais interativo dos objetos. Você pode avançar e recuar, folheando, com mais comodidade e rapidez que mexendo em teclados ou cursores de tela. O livro vai com você ao banheiro e à cama. Vai com você de metrô, de ônibus, e de táxi. Vai com você para outros países. Há apenas duas regras básicas: use lápis; e não empreste.

VI - Não se deixe dominar pelo complexo de vira-lata. Leia muito, leia sempre a literatura brasileira. Ela está entre as grandes. Temos o maior escritor do século XIX, que foi Machado de Assis; e um dos cinco maiores do século XX, que foram Borges, Perec, Kafka, Bioy Casares e Guimarães Rosa. Temos um dos quatro maiores épicos ocidentais, que foram Homero, Dante, Camões e Jorge de Lima. E temos um dos três maiores dramaturgos de todos os tempos, que foram Sófocles, Shakespeare e Nelson Rodrigues.

VII - Na natureza, são as espécies muito adaptadas ao próprio hábitat que tendem mais rapidamente à extinção. Prefira a literatura brasileira, mas faça viagens regulares. Das letras européias e da América do Norte vem a maioria dos nossos grandes mestres. A literatura hispano-americana é simplesmente indispensável. Particularmente os argentinos. Mas busque também o diferente: há grandezas literárias na África e na Ásia. Impossível desconhecer Angola, Moçambique e Cabo Verde. Volte também ao passado: à Idade Média, ao mundo árabe, aos clássicos gregos e latinos. E não esqueça o Oriente; não esqueça que literatura nenhuma se compara às da Índia e às da China. E chegue, finalmente, às mitologias dos povos ágrafos, mergulhe na poesia selvagem. São eles que estão na origem disso tudo; é por causa deles que estamos aqui.

VIII - Tente evitar a repetição dos mesmos gêneros, dos mesmos temas, dos mesmos estilos, dos mesmos autores. A grande literatura está espalhada por romances, contos, crônicas, poemas e peças de teatro. Nenhum gênero é, em tese, superior a outro. Não se preocupe, aliás, com o conceito de gênero: história, filosofia, etnologia, memórias, viagens, reportagem, divulgação científica, auto-ajuda – tudo isso pode ser literatura. Um bom livro tem de ser inteligente, bem escrito e capaz de provocar alguma espécie de emoção.

IX - A vida tem outras coisas muito boas. Por isso, não tenha pena de abandonar pelo meio os livros desinteressantes. O leitor experiente desenvolve a capacidade de perceber logo, em no máximo 30 páginas, se um livro será bom ou mau. Só não diga que um livro é ruim antes de ler pelo menos algumas linhas: nada pode ser tão estúpido quanto o preconceito.

X - Forme seu próprio cânone. Se não gostar de um clássico, não se sinta menos inteligente. Não se intimide quando um especialista diz que determinado autor é um gênio, e que o livro do gênio é historicamente fundamental. O fato de uma obra ser ou não importante é problema que tange a críticos; talvez a escritores. Não leve nenhum deles a sério; não leve a literatura a sério; não leve a vida a sério. E faça o seu próprio decálogo: neste momento, você será um leitor.

Fonte:
Alberto Mussa . Decalógo do leitor
http://www2.uol.com.br/entrelivros/reportagens/decalogo_do_leitor.html

Decálogo do Autor (Miguel Sanches Neto)

Depois de leitor, você pode se tornar, então, escritor– embora, pasme, muitos hoje pulem a leitura, por julgá-la dispensável, e já desejem publicar

I - Não fique mandando seus originais para todo mundo.Acontece que você escreve para ser lido extramuros, e deseja testar sua obra num terreno mais neutro. E não quer ficar a vida inteira escrevendo apenas para uma pessoa. O que fazer então para não virar um chato? No passado, eu aconselharia mandar os textos para jornais e revistas literárias, foi o que eu fiz quando era um iniciante bem iniciante. Mas os jovens agora têm uma arma mais democrática. Publicar na internet. Há muitos espaços coletivos, uma liberdade de inclusão de textos novos e você ainda pode criar seu próprio site ou blog, mas cuidado para não incomodar as pessoas, enviando mensagens e avisos para que leiam você.

II - Publique seus textos em sites e blogs e deixe que sigam o rumo deles. Depois de um tempo publicando eletronicamente, você vai encontrar alguns leitores. Terá de ler os textos deles, e dar opiniões e fazer sugestões, mas também receberá muitas dicas.

III - Leia os contemporâneos, até para saber onde é o seu lugar. Existe um batalhão de internautas ávidos por leitura e em alguns casos você atingirá o alvo e terá acontecido a magia de um texto encontrar a pessoa que o justifica. Mas todo texto escrito na internet sonha um dia virar livro. Sites e blogs são etapas, exercícios de aquecimento. Só o livro impresso dá status autoral. O que fazer quando eu tiver mais de dois gigas de textos literários? Está na hora de publicar um livro maior do que Em busca do tempo perdido? Bem, é nesse momento que você pode continuar sendo um escritor iniciante comum ou subir à categoria de iniciante com experiência. Você terá que reduzir essas centenas e centenas de páginas a um formato razoável, que não tome muito tempo de leitura de quem, eventualmente, se interessar por um livro de estréia. Para isso,
você terá de ser impiedoso, esquecer os elogios da mulher e dos amigos e selecionar seu produto, trabalhando duro para que fique sempre melhor.

IV - Considere apenas uma pequenina parte de toda a sua produção inicial, e invista na revisão dela, sabendo que revisar é cortar. O livro está pronto. Não tem mais do que 200 páginas, você dedicou anos a ele e ainda continua um iniciante. Mas um iniciante responsável, pois não mandou logo imprimir suas obras completas com não sei quantos tomos, logo você que talvez nem tenha completado 30 anos. Mas você quer fazer circular a sua literatura de maneira mais formal. Quer o livro impresso. E isso é hoje muito fácil. Você conhece um amigo que conhece uma gráfica digital que faz pequenas tiragens e parcela em tantas vezes. O livro está pronto. E anda sobrando um dinheirinho, é só economizar na cerveja.

V - Gaste todo seu dinheiro extra em cerveja, viagens, restaurantes e não pague a publicação do próprio livro. Se você fizer isso, ficará novamente ansioso para mandar a todo mundo o volume, esperando opiniões que vão comparar o seu trabalho ao dos mestres. O livro impresso, mesmo quando auto-impresso, dá esta sensação de poder. Somos enfim Autores. E podemos montar frases assim: Borges e eu valorizamos o universal. Do ponto de vista técnico, Borges e eu estamos no mesmo nível: produzimos obras impressas; mas a comparação não vai adiante. Então como publicar o primeiro livro se não conhecemos ninguém nas editoras? E aí começa um outro problema: procurar pessoas bem postas em editoras e solicitar apresentações. Na maioria das vezes isso não funciona. E, mesmo quando o livro é publicado, ele não acontece, pois foi um movimento artificial.

VI - Nunca peça a ninguém para indicar o seu livro a uma editora. Se por acaso um amigo conhece e gosta de seu trabalho, ele vai fazer isso naturalmente, com alguma chance de sucesso. Tente fazer tudo sozinho, como se não tivesse ninguém mais para ajudar você do que o seu próprio livro. Sim, este livro em que você colocou todas as suas fichas. E como você só pode contar com ele...

VII - Mande seu livro a todos os concursos possíveis e a editoras bem escolhidas, pois cada uma tem seu perfil editorial. É melhor gastar seu dinheiro com selos e fotocópias do que com a impressão de uma obra que não será distribuída e que terá de ser enviada a quem não a solicitou. Enquanto isso, dedique-se a atividades afins para controlar a ansiedade, porque essas coisas de literatura demoram, demoram muito mesmo. Você pode traduzir textos literários para consumo próprio ou para jornais e revistas, pode fazer resenhas de obras marcantes, ler os clássicos ou simplesmente manter um diário íntimo. O importante é se ocupar. Com sorte e tendo o livro alguma qualidade além de ter custado tanto esforço, ele acaba publicado. Até o meu terminou publicado, e foi quando me tornei um iniciante adulto. Tinha um livro de ficção no catálogo de uma grande editora. E aí tive de aprender outras coisas. Há centenas de livros de iniciantes chegando aos jornais e revistas para resenhas e uma quantidade muito maior de títulos consagrados. E a maioria vai ficar sem espaço nos jornais. E é natural que os exemplares distribuídos para a imprensa acabem nos sebos, pois não há resenhistas para tantas obras.

VIII - Não force os amigos e conhecidos a escrever sobre seu livro. Não quer dizer que eles não possam escrever, podem sim, mas mande o livro e, se eles não acusarem recebimento ou não comentarem mais o assunto, esqueça e não lhes queira mal, eles são nossos amigos mesmo não gostando do que escrevemos. Se um ou outro amigo escrever sobre o livro, festeje mesmo se ele não entender nada ou valorizar coisas que não julgamos relevantes em nosso trabalho. E mande umas palavras de agradecimento, pois você teve enfim uma apreciação. E se um amigo escrever mal de nosso livro, justamente dessa obra que nos custou tanto? Se for um desconhecido, ainda vá lá, mas um amigo, aquele amigo para quem você fez isso e aquilo.

IX - Nunca passe recibo às críticas negativas. Ao publicar você se torna uma pessoa pública. E deve absorver todas as opiniões, inclusive os elogios equivocados. Deixe que as opiniões se formem em torno de seu trabalho, e talvez a verdade suplante os equívocos, principalmente se a verdade for que nosso trabalho não é lá essas coisas. O livro está publicado, você já pensa no próximo, saíram algumas resenhas, umas superficiais, outras negativas, uma muito correta. Você é então um iniciante com um currículo mínimo. Daí você recebe a prestação de contas da editora, dizendo que, no primeiro trimestre, as devoluções foram maiores do que as vendas. Como isso é possível? Vejam quantos livros a editora mandou de cortesia. Eu não posso ter vendido apenas 238 exemplares se, só no lançamento, vendi 100, o gerente da livraria até elogiou – enfim uma vantagem de ter família grande.

X - Evite reclamar de sua editora. Uma editora não existe para reverenciar nosso talento a toda hora. É uma empresa que busca o lucro, que tem dezenas de autores iguais a nós e que quer ter lucro com nosso livro, sendo a primeira prejudicada quando ele não vende. Não precisamos dizer que é a melhor editora do mundo só porque nos editou, mas é bom pensar que ocorreu uma aposta conjunta e que não se alcançou o resultado esperado. Mas que há oportunidades para outras apostas e, um dia, quem sabe...Foi tentando seguir estas regras que consegui ser o autor iniciante que hoje eu sou.

Fonte:
Miguel Sanches Neto. Decálogo do autor
http://www2.uol.com.br/entrelivros/reportagens/decalogo_do_autor.html