sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Carlos Drummond de Andrade (Caso Pluvioso)


A chuva me irritava.
Até que um dia descobri que maria é que chovia.

A chuva era maria.
E cada pingo de maria ensopava o meu domingo.

E meus ossos molhando, me deixava
como terra que a chuva lavra e lava.

Eu era todo barro, sem verdura...
maria, chuvosíssima criatura!

Ela chovia em mim, em cada gesto,
pensamento, desejo, sono, e o resto.

Era chuva fininha e chuva grossa,
matinal e noturna, ativa...Nossa!

Não me chovas, maria, mais que o justo
chuvisco de um momento, apenas susto.

Não me inundes de teu líquido plasma,
não sejas tão aquático fantasma!

Eu lhe dizia em vão - pois que maria
quanto mais eu rogava, mais chovia.

E chuveirando atroz em meu caminho,
o deixava banhado em triste vinho,

que não aquece, pois água de chuva
mosto é de cinza, não de boa uva.

Chuvadeira maria, chuvadonha,
chuvinhenta, chuvil, pluvimedonha!

Eu lhe gritava: Pára! e ela chovendo,
poças d’água gelada ia tecendo.

Choveu tanto maria em minha casa
que a correnteza forte criou asa

e um rio se formou, ou mar, não sei,
sei apenas que nele me afundei.

E quanto mais as ondas me levavam,
as fontes de maria mais chuvavam,

de sorte que com pouco, e sem recurso,
as coisas se lançaram no seu curso,

e eis o mundo molhado e sovertido
sob aquele sinistro e atro chuvisco.

Os seres mais estranhos se juntando
na mesma aquosa pasta iam clamando

contra essa chuva estúpida e mortal
catarata (jamais houve outra igual).

Anti-petendam cânticos se ouviram.
Que nada! As cordas d’água mais deliram,

e maria, torneira desatada,
mais se dilata em sua chuvarada.

Os navios soçobram. Continentes
já submergem com todos os viventes,

e maria chovendo. Eis que a essa altura,
delida e fluida a humana enfibratura,

e a terra não sofrendo tal chuvência,
comoveu-se a Divina Providência,

e Deus, piedoso e enérgico, bradou:
Não chove mais, maria! - e ela parou.
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Fontes:
CD Carlos Drummond de Andrade por Paulo Autran. Coleção Poesia Falada – vol 13. 1988.
Imagem = http://essenciafeminina1.spaces.live.com/

Gruta da Poesia (Parte II)



Raquel Gastaldi
VOAR

Hoje eu quis
Voar,
Como a andorinha
Azul e branca
Que baila
Ao meu olhar.
Só isso,
Quis voar e
Abraçar o mundo,
E com gigantes braços
Amparar
As crianças sem lar.
Só isso,
Quis voar,
E a todas dar um
Pouco do verbo amar,
Mas como humana
Que sou,
Só fiquei a sonhar,
Só isso,
Quis voar,
Para quem sabe
Um mundo futuro
Nossas crianças abrigar...


Carmen Lucia da Silva Cardoso
FALAR COM O ECO

Falar com o vácuo
vazio, solitário.
falar sem palavras,
falar com incógnitas,
falar para o triste,
para o distante.
Instante que olho sem ver
o olhar que lanço,
que com dedos danço,
transfiguro, figuro,
em figuras, que não vejo,
imagino, idealizo,
não sinto, pressinto.
Seres solitários,
ausentes, carentes,
fracos, covardes,
misto de letras,
digitando sonhos,
que criam, recriam,
idealizam, desfazem,
porque não fazem,
não procuram,
não querem,
não mostram.
E a sós, calam-se.


Tânia Regina da Silva Guimarães
MURO!

Pedras quadradas,
lado a lado
erguidas,
na vertical
dividem
dois mundos,
inutilmente.
Tolas, rígidas, frias...
Não percebem
a árvore
de copa rala
que tenta,
também, inutilmente,
esconder
a lua cheia.
Ela, solitária
e soberana,
mostra-se e
mostra-me
o mundo,
o qual pertenço,
verdadeiramente!


Juraci da Silva Martins
INCENSAÇÃO

Contemplo a natureza em seus alvores,
É toda um hino de louvor intenso
Que vai surgindo gradativamente
Qual fumaça perfumada do incenso
Que ao céu se eleva em santo ofertório
De risos e prantos de humanos seres,
Pra que no mundo haja mais amores
E a vida seja um jardim em flores...
A incensar caminhos na busca da paz!
Ergue-se a fumaça sacrossanta
Como oferta em nossas liturgias
De tantos risos e de muitos prantos
Que dão sentido ao viver em busca
Do sonho maior: a paz e a alegria.
E nos rituais de petição e gratuidade
O incenso que perfuma e purifica,
Retorna em bênçãos para o bem que apraz!


Diva Helena da Silva Fontana
TOQUE DE AMOR

Ouço o amor.
Da janela sinto a suavidade de seu toque,
Numa melodia harmônica,
Porém indecifrável,
Que toca de leve a alma,
E faz o coração bater mais forte.
O tempo de chuva se faz dia ensolarado,
E aumenta a vontade de estar perto.
Se essa música soubesse que mexe comigo,
Entenderia o que sinto,
Mas um dia hei de olhar o infinito,
Junto daquele que me encanta;
E talvez a incompreensão que me fere,
Faça-me sorrir perto de meu grande amor.


Natália Lohmann Mendel
O MAR

Ao acordar, fui ao mar
olhar as ondas.
Lá pensei na vida
e me questionei:
“- O que fazer
a partir de agora?
Todos os dias,
ao voltar ao mar,
uma resposta ele me dava.
Encantada, deixo-me
molhar pelas ondas.
Certa tarde, o mar
trouxe até mim, alguém
que lá, no fundo, surfava.
Esbarramo-nos,
Leve e enfeitiçada fiquei.



Pedro Jorge Pedersen Baptista
O MEU LINDO JARDIM

Há muitos anos, vivo numa casa
onde minha mãe dez, antes de morrer,
um lindo jardim, onde crescem
os mais lindos tipos de flores e plantas.

Em um dos canteiros, a orquídea
que plantei quando menino
dá, a cada dia, flores belíssimas
que me faz lembrar de minha mãe.

Todos os dias, converso, no jardim,
com a natureza, e ela me dá
de volta o lindo frescor das plantas.

Quando elas morrem, fico muito triste;
contudo, não entro em depressão;
pois sei que logo renascerão outras flores.


Daniela Wainberg
AS ROSAS

Com suas graciosas pétalas
iluminam e dão mais alegria
aos nossos corações.
Dependendo da cor,
as rosas nos transmitem
valores diferentes.
Todas elas: brancas, vermelhas,
rosas, amarelas, brilham nos jardins
com intensa beleza e exalando
agradabilíssimo brilho.
As rosas brotam com suavidade
e delicadeza, exibindo
lindos brotos ao amanhecer
tal qual inúmeros pergaminhos
que, ao serem desenrolados,
revelam-nos expressivas surpresas
e alegrando nossa vida.


Diego Carvalho Duarte
DELICADA

Traços vindos da Sicília
alguns talvez de Veneza
saudade minha que não concilia
tamanha falta pela tua beleza.

Cabelos que desenham rios
vermelhos como o pôr do sol refletido
tamanho sentimento de falta
que tenho sentido
que transforma meus dias
sem ela sombrios.

Figura alva divina
trago a ti mil rosas celestes
pois somente tu me fascina.

Formosa dos cabelos ao vento
dos beijos quentes
pelos quais me derreto.


Felipe Araújo Mendes
EMOÇÕES E SENTIMENTOS

Transpassam movimentos
e canções
tal qual um lindo jasmineiro
num lindo jardim.
Seu perfume espalha-se no ar
e suas flores,
no gramado do prédio,
formam um majestoso tapete.
Envolvido pela beleza
da natureza
e pelas agradáveis emoções,
sou tomado por doces sentimentos.
Nesse clima de magia,
vou ao encontro do vento,
chegando sorridente ao mar,
sendo acariciado e envolvido
por sedutora brisa.
E como não poderia ser diferente,
revelo algumas de minhas fantasias
nesta poesia com muita alegria.
Quantos sentimentos e emoções!


Tobias Tres
DOCES LEMBRANÇAS

Lembrar de momentos
felizes e alegres
é resgatar o passado,
trazendo a memória
antigas paixões,
amizades íntimas,
festas inesquecíveis
e momentos especiais.
Memória cheia
de doces lembranças
é alimentar o presente
e o futuro,
fazendo do passado
uma agradável melodia.
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Fonte:
Gruta da Poesia. Ano V. Outubro de 2009 in Portal CEN. http://www.iaramelo.com

Paulo Monteiro (A Trova no Espiríto Santo – Parte IX)

Pedra do Itabira, em Cachoeiro do Itapemirim, ES

LUIZ CARLOS BRAGA RIBEIRO

Luiz Carlos Braga Ribeiro firma-se entre os trovadores mais atuantes das terras capixabas. Nasceu em Vila Velha, no dia 11 de agosto de 1951. Tem curso de tecnologia mecânica superior pela Universidade Federal do Espírito Santo.

Com bondade e muito amor
Ele a todos satisfaz...
Chico Xavier com louvor
Merece o Nobel da Paz.

Esta criatura tão doce
Minha mulher, minha amante,
Jamais pensei que ela fosse
De um amor tão abundante.

LUIZ SIMÕES JESUS

Autor de livros em prosa e verso, Luiz Simões Jesus, nasceu em Guarapari, no Espírito Santo, e reside no Rio de Janeiro. É advogado e professor, pertencendo a diversas entidades culturais do país.

Tirem-me tudo na vida,
Até do sol o calor,
Mas estarei sem guarida,
Se ficar sem teu amor.

Vi morrer a pobre flor,
Entre espinhos, sufocada.
No jardim do nosso amor,
Que vejo? Espinhos, mais nada.

De um amor tive lembrança
E de outro lembranças tive:
Um - o amor que não se alcança,
Outro - o amor que não se vive.

O frescor em ti impera,
Eu padeço um frio eterno:
Tu vives na primavera,
Eu morro no meu inverno.

MARCOS TAVARES

Marcos Tavares nasceu em 16 de janeiro de 1957. Estudante de Matemática e Estatística, na Universidade Federal do Espírito Santo. É um dos trovadores revelados pelo CTC.

HOMENINO
Não sou dado a milícias,
nem milito em partidos.
Sou menino sem malícias,
e igual homem, repartido.

NATAL
É Natal e sou tão pobre:
Não possuo nova veste.
Mas feliz, pois não me cobre
a pele nenhuma peste.

NEALDO ZAIDAN

Pernambucano de Caruaru, Nealdo Zaidan, que usa o pseudônimo de Matuto, reside no Espírito Santo desde 1973. Técnico em Contabilidade, é um dos mais dinâmicos trovadores do Estado capixaba. Nasceu no dia 25 de fevereiro de 1939.

Não falo por picardia
Mas é verdade no duro.
Mulher e fotografia
Só se revelam no escuro.

Seu batom é de carminho,
Tire o seu rosto do meu.
Se manchar meu colarinho...
Chego em casa: apanho eu.

PAULO FREITAS

Paulo Athayde de Freitas é o nome desse consagrado poeta e trovador capixaba. Nasceu em Rio Novo, Espírito Santo, no dia 28 de janeiro de 1902. Pertence, entre outras entidades culturais, à Academia Espírito-Santense de Letras. É uma das figuras mais representativas da Magistratura de seu Estado.

Vejo a imagem de Maria
nas luzes da Catedral,
tendo Jesus entre os braços
numa noite de Natal.

Vejo a imagem de Maria
envolta num lindo véu,
numa divina alegria
por entre os anjos do céu.

Vejo a imagem de Maria
na luminosa manhã
inspirando a poesia
nas plagas de Canaã.

Vejo a imagem de Maria
no templo, no céu, nos mares,
ouvindo suave harmonia:
- voz dos anjos nos altares.

Na brancura do luar,
na Prece, na Poesia,
na linda Estrela do Mar,
vejo a imagem de Maria.

ROOSEVELT DA SILVEIRA

Capixaba de Alegre, Roosevelt Flávio da Silveira, é funcion6rio do Banco do Brasil, residindo em Guaçuí, em seu estado natal. Formado em Direito, não exerce a advocacia. Pertence a diversas entidades culturais. Nasceu em 5 de setembro de 1947.

Muitas amizades temos
que não traduzem verdades!
A verdadeira só vemos
em nossas dificuldades.

Se os povos querem que a paz
reine sempre em toda a terra,
por que é que cada vez mais
fabricam armas de guerra?

A mulher quer igualdade,
que diz ser direito seu,
mas é escrava da idade:
não fala quando nasceu.

Um casebre num recanto,
um casal... felicidade.
Para que maior encanto
que amor e tranqüilidade?

A cobra, em bote certeiro,
mostra as presas, de repente...
Um amigo interesseiro
também age assim com a genie.

Em nossa terra é assim:
um homem só é lembrado
depois de chegar ao fim,
quando estiver enterrado.

Fontes:
http://www.usinadeletras.com.br/
Imagem = http://www.verdeamarelo.ning.com

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Shrike (Acordando como Lázaro)

De autoria de poeta sob pseudônimo Shrike, da cidade de Campo Mourão (PR) para o I Premio Talentos de Poesia 2009
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Então certa vez
Dormi como Lázaro
Sob a ponte que conduzia
Até um rincão pobre,
Onde ao longe luzia
Tapetes de soja e outras lentilhas
E não soube qual pássaro nobre
Cantou na manhã que acordei
Pálido, ou apenas sonhei?

Havia um homem em pé ao lado
Recitando um cordel
De renome cruel, pensava poder podar o sol
Com rimas e falácias sertanejas
E não avistou ao longe o vendaval.

Avezinha frágil adejava o prado
Asa partida, peito arfante, longe o céu
Ao seu encalço célere como
As falanges das trevas
O falcão.
Seu peso de penas pendentes
Assombrava os pasmos abaixo.
Por que falcão voando premente
Nas alturas com asas em fachos
Esplendidos se abate sobre ossos?

Um homem tangia um gado de homens
Com um cajado pintado de sangue nas mãos
O velho do cordel assoprou ao léu quatro rimas
E não entendi nenhuma, ainda derrotado pelo sono
Ainda mais estúpido do que outrora fui.

Choveu penas sobre mim que fiquei sozinho
Tive que andar novamente olhando com desalento
O meu nicho sob a ponte se dissolvendo, cedendo
Lugar a uma bruma que me impeliu para a trilha de pedras.

O homem do cordel ficou no meu lugar
O falcão foi caçar a oeste da ponte
E aboiando com a miséria dos meus pés
Fiquei chutando chão para alinhar horizonte.
A estrada se pressentia de uma chegada ausente
E só ela sabia a grande distância da fonte.
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III Edição da Feira Pan-Amazônica do Livro



III edição da Feira Pan-Amazônica do Livro espera receber mais de meio milhão de visitantes este ano

Evento acontecerá entre os dias 6 e 15 de novembro no Hangar -Centro de Convenções da Amazônia

A XIII edição da Feira Pan-Amazônica do Livro, que traz como país homenageado a França, será o evento oficial de encerramento do Ano da França no Brasil. A Aliança Francesa de Belém, em parceria com o Governo Francês e o Governo do Pará através da Secretaria de Cultura do Governo do Pará trazem a Belém uma grande variedade de eventos culturais vindos da França e seus territórios ultramarinos. Cinema, música, teatro e dança serão os eixos da programação francesa. Quem passar pelo Hangar poderá participar de oficinas, assistir a performances de teatro e aos espetáculos com artistas de várias regiões da França, além de conhecer escritores convidados exclusivamente pela AF de Belém, entre eles o premiado Stephane Audeguy, autor francês de grande sucesso literário em todo o mundo.

Desde o lançamento no Hangar- Centro de Convenções e Feiras da Amazônia, realizada no dia 16 deste mês, Belém espera receber nesta XIII edição da Feira Pan-Amazônica do Livro mais de meio milhão de visitantes, entre os dias 6 e 15 de novembro.

E como não poderia deixar de ser, o país homenageado nesta XIII edição da Feira é a França. E a novidade fica por conta da ampliação na quantidade de estandes e no espaço físico que garantirá mais diversidade e conforto com o aumento de 176 estandes e cerca de 500 m2 de praça de alimentação.

A Feira Pan-Amazônica será o evento oficial de encerramento do Ano da França no Brasil. Para isso, nesta edição, tanto pratos típicos paraenses, quanto franceses farão parte do cardápio no espaço. A decoração será especial no Hangar com a exposição de réplicas do Arco do Triunfo e da Torre Eiffel, além de exposições fotográficas, espetáculos teatrais, oficinas de arte, teatro, dança e circo com artistas franceses. Também o público terá oportunidade de conhecer escritores franceses convidados exclusivamente para o evento.

Mas o estande com os escritores paraenses continuará seguindo na programação e contará com a presença de autores regionais como Eliana Barriga, Juracy Siqueira, Salomão Larêdo e João de Jesus Paes Loureiro. Os professores poderão contar mais uma vez com o CredLivro para aquisição de livros durante o evento.

O Salão B concentrará toda a programação infantil e o palco externo será ampliado, aos moldes do que foi o Natal Hangar.Os custos do evento deverão ultrapassar os R$ 6 milhões.

Uma das principais novidades já confirmadas é o Parque da Turma da Mônica, um espaço infantil que trará temática especial sobre a Amazônia e também contará com a ilustre presença de Maurício de Souza. Além dele, já estão confirmados Zeca Camargo, Frei Beto, Emir Sader, Moacyr Sclyar e Laurentino Gomes, que participarão de encontros abertos ao público e transmitidos para diversos municípios do Estado por meio do projeto NavegaPará.

O premiado autor francês Stephane Audeguy é a estrela da programação literária francesa. Considerado um autor único, Audeguy nasceu em Tours em 1964. É formado em letras modernas, com especialização em inglês. Foi assistente na Universidade de Charlottesville, nos Estados Unidos. Depois de ter ensinado durante anos história do cinema e das artes, deixou o magistério para se dedicar exclusivamente à literatura. Filho único ganhou forte cobertura da mídia francesa à época de seu lançamento, tendo recebido enorme acolhida literária. A obra foi indicada ao Goncourt, além de ter sido agraciada com o Prêmio Deux Magots 2007. No dia 6 acontece a noite de autógrafos de Audeguy no stand do país homenageado. No dia 7 de Novembro Audegui fala com o público às 10h15, em uma das salas de conferência do Hangar. Oportunidades únicas de conhecer o autor, uma vez que o mesmo volta para Paris no dia 7/11 após o meio-dia.

Os territórios ultramarinos franceses também serão representados pela Associação Literária Promolivre, que traz entre suas estrelas os escritores Jean Marc Rosier, Serge Mam-Lam-Fouk, Françoise James Loe-Mie, Odile Armande Lapierre e Gerty Dambury.

Os shows serão atração à parte, sempre buscando artistas que tenham conexão com a literatura. O cantor Lenine já está agendado para o show de abertura, no palco montado à beira do lago do Hangar para receber atrações regionais e nacionais.

Com tantos atrativos, espera-se bater mais um recorde na feira deste ano, aumentando o número de visitantes, que foi de 350 mil pessoas em 2007, 470 mil em 2008 e, projeta-se, 500 mil em 2009.

O reflexo do sucesso da Feira Pan-Amazônica do Livro são os Salões do Livro, que acontecem em Santarém e Tucuruí, chegando em breve a mais dois municípios do Estado e possibilitando que todos tenham acesso à cultura, aos livros e à informação.


Serviço:

XIII edição da Feira Pan-Amazônica do Livro
Local: Belém -No Hangar- Centro de Convenções e Feiras da Amazônia

Fonte:
http://www.portalcultura.com.br/

Erros Mais Comuns da Lingua Portuguesa (Parte III)



41 – Ele foi um dos que “chegou” antes. Um dos que faz a concordância no plural: Ele foi um dos que chegaram antes (dos que chegaram antes, ele foi um). / Era um dos que sempre vibravam com a vitória.

42 – “Cerca de 18″ pessoas o saudaram. Cerca de indica arredondamento e não pode aparecer com números exatos: Cerca de 20 pessoas o saudaram.

43 – Ministro nega que “é” negligente. Negar que introduz subjuntivo, assim como embora e talvez: Ministro nega que seja negligente. / O jogador negou que tivesse cometido a falta. / Ele talvez o convide para a festa. / Embora tente negar, vai deixar a empresa.

44 – Tinha “chego” atrasado. “Chego” não existe. O certo: Tinha chegado atrasado.

45 – Tons “pastéis” predominam. Nome de cor, quando expresso por substantivo, não varia: Tons pastel, blusas rosa, gravatas cinza, camisas creme. No caso de adjetivo, o plural é o normal: Ternos azuis, canetas pretas, fitas amarelas.

46 – Lute pelo “meio-ambiente”. Meio ambiente não tem hífen, nem hora extra, ponto de vista, mala direta, pronta entrega, etc. O sinal aparece, porém, em mão-de-obra, matéria-prima, infra-estrutura, primeira-dama, vale-refeição, meio-de-campo, etc.

47 – Queria namorar “com” o colega. O com não existe: Queria namorar o colega.

48 – O processo deu entrada “junto ao” STF. Processo dá entrada no STF. Igualmente: O jogador foi contratado do (e não “junto ao“) Guarani. / Cresceu muito o prestígio do jornal entre os (e não “junto aos“) leitores. / Era grande a sua dívida com o (e não “junto ao“) banco. / A reclamação foi apresentada ao (e não “junto ao“) Procon.

49 – As pessoas “esperavam-o”. Quando o verbo termina em m, ão ou õe, os pronomes o, a, os e as tomam a forma no, na, nos e nas: As pessoas esperavam-no. / Dão-nos, convidam-na, põe-nos, impõem-nos.

50 – Vocês “fariam-lhe” um favor? Não se usa pronome átono (me, te, se, lhe, nos, vos, lhes) depois de futuro do presente, futuro do pretérito (antigo condicional) ou particípio. Assim: Vocês lhe fariam (ou far-lhe-iam) um favor? / Ele se imporá pelos conhecimentos (e nunca “imporá-se”). / Os amigos nos darão (e não “darão-nos”) um presente. / Tendo-me formado (e nunca tendo “formado-me”).

51 – Chegou “a” duas horas e partirá daqui “há” cinco minutos. Há indica passado e equivale a faz, enquanto a exprime distância ou tempo futuro (não pode ser substituído por faz): Chegou há (faz) duas horas e partirá daqui a (tempo futuro) cinco minutos. / O atirador estava a (distância) pouco menos de 12 metros. / Ele partiu há (faz) pouco menos de dez dias.

52 – Blusa “em” seda. Usa-se de, e não em, para definir o material de que alguma coisa é feita: Blusa de seda, casa de alvenaria, medalha de prata, estátua de madeira.

53 – A artista “deu à luz a” gêmeos. A expressão é dar à luz, apenas: A artista deu à luz quíntuplos. Também é errado dizer: Deu “a luz a” gêmeos.

54 – Estávamos “em” quatro à mesa. O em não existe: Estávamos quatro à mesa. / Éramos seis. / Ficamos cinco na sala.

55 – Sentou “na” mesa para comer. Sentar-se (ou sentar) em é sentar-se em cima de. Veja o certo: Sentou-se à mesa para comer. / Sentou ao piano, à máquina, ao computador.

56 – Ficou contente “por causa que” ninguém se feriu. Embora popular, a locução não existe. Use porque: Ficou contente porque ninguém se feriu.

57 – O time empatou “em” 2 a 2. A preposição é por: O time empatou por 2 a 2. Repare que ele ganha por e perde por. Da mesma forma: empate por.

58 – À medida “em” que a epidemia se espalhava… O certo é: À medida que a epidemia se espalhava… Existe ainda na medida em que (tendo em vista que): É preciso cumprir as leis, na medida em que elas existem.

59 – Não queria que “receiassem” a sua companhia. O i não existe: Não queria que receassem a sua companhia. Da mesma forma: passeemos, enfearam, ceaste, receeis (só existe i quando o acento cai no e que precede a terminação ear: receiem, passeias, enfeiam).

60 – Eles “tem” razão. No plural, têm é assim, com acento. Tem é a forma do singular. O mesmo ocorre com vem e vêm e põe e põem: Ele tem, eles têm; ele vem, eles vêm; ele põe, eles põem.

Fonte:
http://www.culturatura.com.br/

Andreev Veiga (Caldeirão Literário do Pará)



RESTANDO-SE SOB O SOL

não pude perceber o litoral
durante o que eu imaginava daquilo que era o silêncio.

como ocupando uma cadeira
topei entre vagos destinos
igual a esses rios
que caem junto com a chegada do outono.

comecei acreditar
que ter nascido do tamanho errado
me bastaria andar
sem atalhos que fossem
andar
de pernas às esquecidas
tamanho calo que herda até o fim seu espaço.

era indiferente a solidão
que continham meus ossos acesos
era desnecessário existir
e usar de um outro lugar
que não coubesse no mundo.

daquilo sentirei infelicidade...

e de parte do meu corpo
rumo a imaginá-lo
como corpo restante de um frenesi
tornei-me como sacrifício de sonhar
em outros sonhos uma viagem.

esperei no dia
cada porto
cada miragem de conforto
que me deixasse como o vento...

...despercebido da solidão

era exposto.

o céu ardia tanto
restando-se sob o sol desse outono
que nu e anônimo
de minhas mãos
o aceno se derramava...

eu não tive de onde tirar uma lágrima.

era ferrugem.
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PERSIANA

a luz listrada acende o mofo que ilustra a vida no estreito da cama
minha mãe atravessa a morte sem fazer barulho
me assusto com o copo d'água
pousa uma gaivota em meus lábios se afogando

a morte surge sempre suave para os mortos
deus não haverá de conceber a saudade ao mar
só aos que ficarão
pois estes não têm barcos nem são deuses
mas
suficientemente estúpidos como o céu de pessoa

a persiana retém os desfiladeiros neste cômodo
o que escrevo desaparece com a noite
fica na memória o eco
fragmentando o pouco do café

os vendavais precisam das chuvas
para que as horas revelem às montanhas
o suicídio que as habita

já não atento migrar para o imenso da areia

(tudo é indefinido até a hora das ondas)
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EQUINÓCIO

Á beira do medo
me agarro sobre a guimba do cigarro
instintos quentes
e lábios debruçados no pão
se abrem como uma vagina ao vácuo
penetrada
pelo sopro diurno
da colisão com a vida

ao norte
ouço o lugar perdendo altura
numa imagem indecifrável de fogo
correndo sobre mim,
até a boca

o mundo ainda esconde muitas águas
entre os gestos das flores
e entre as coisas que se tem
apesar de tanto
antigas e comuns
o tempo não pode curar
a altura da queda

o perfume desses verões
a bebida derramada sobre o mundo
pesa mais que o cheiro deste lugar
(não é só de silêncio que é feito o desejo)
é de sangue
é de algo maior que este pátio
é de borra na cabeceira
com seus ombros em silêncio.
a sanidade.

quando a ópera resvala nos galhos
e as folhas em coro
pronunciam-se livres para a noite
quando o presente abre sua porta
e deixa o vento fazer-se disposto
no rosto
quando cada botão
em seu tempo se abre
fumegando
por dentro
a tristeza

o verão
a noite
toma-me inerte
à posse desses rios
que flutuam inescrupulosos
sob a mínima distância
de miséria e poema

o peso dos disfarces
à medida em que tudo se perpetua
evapora os olhares
e as coisas se distanciam
(é um ato capaz)
a vida se torna um alvo fácil
a pulsar
sozinha entre as folhas

a ópera acabou,
inteira
derramada sobre a noite
dormindo o mundo
lado-a-lado
com o medo

não é a solidão que abandona,
é o caminho.

o tempo a casa a beleza dos quintais

achei que a vida
fosse um grito
que começassem em luz
onde eu pudesse descobrir
todas as manhãs
que minha voz não existe
ou é uma outra cor
sem o gosto das palavras
sem o instante do abraço
apenas água

o verão termina
e junto vão-se os pássaros
e as longas caminhadas pela ilha
o único minuto deixado
descreve o que as ondas tem em excitação com o homem:
o vento
que descampado pela madrugada
toma rumo ao desconhecido
passo-a-passo
pelos saguões de meus limites

sento à sombra
gargarejo qualquer coisa inofensiva para mais tarde...
a manhã
num aquário seguinte
o frio se desfaz
e o silêncio se acende imponderável entre as nuvens


o galo canta
e mergulha em cânticos às margens deste rodeio

se num intervalo de vida
pudesse envelhecer mais rápido que a fadiga
como homem
de minha própria fome e carniça
falaria para o coração
o que de mortos e vivos aprendi
mas que de mortos e vivos
hei de adiar
ante
a exata ocupação do dia
ou
tarde demais...

...até a primeira enchente
escorrer suas guimbas pelo chão.

este poema é parte integrante da antologia poética do 9º concurso de poesias da universidade federal de São João Del-Rei - UFSJ 2009 no estado de Minas Gerais.
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Sobre o Autor
Andreev Veiga trabalha com a palavra desde os treze anos de idade. Além de poeta, ele é escritor e compositor. Seu primeiro livro, “Letrários”, reúne uma coletânea das poesias que considera poder provocar sensações e sentimentos no leitor. Entre as preferidas do autor estão as denominadas “Restando-se sob o sol”, “Poema calado” e “Para o poema ficar repleto de saudade”.

“Escrever poesias é um grande êxtase”, afirma Andreev Veiga. “O que sei fazer é escrever. É uma necessidade que tenho de relatar sobre o tempo, amores, desamores, solidão, sensações, reações, rotina do dia-a-dia, enfim, sobre tudo que tem algum significado para mim”.

O poeta paraense Andreev Veiga foi um dos vencedores do Premio Literário Valdeck Almeida de Jesus de Poesia – Edição 2008, com a poesia “Reinventando a Morte”.

Para o escritor suas obras são densas e fazer poesia é uma forma de não se sentir sozinho. Andreev gosta de pensar que cada leitor terá uma resposta diferente sobre suas obras. “Para mim, o ato de escrever representa a liberdade de pensamento e de expressão”. Entre as metas para 2009 estão a participação em feiras literárias, novos concursos e a publicação de seu primeiro livro.

Fontes:
http://andreevveiga.blogspot.com/
http://www.difundir.com.br
Imagem = montagem por José Feldman

José Araújo (O Lago das Batatas)

Todo mundo não via a hora de partir para as férias e ela se lembra ainda hoje, quantas e quantas noites de véspera de viagem ela passou sem dormir de tanta excitação e quantas vezes ao chegar lá ela sentiu como se seu estomago estivesse vazio, aquela mesma sensação estranha, que a gente sente quando se apaixona por alguém. A fazenda tinha nela um grande lago que havia recebido o nome de Lago da Batata, ele tinha este nome não porque você podia pescar batatas nele, mas porque a propriedade de Nhá Maria sua avó, tinha uma enorme plantação de batatas que abastecia grande parte das cidades vizinhas e região. Ana Maria lembra de quando aprendeu a ler e começou a compreender as coisas, ela achava lindo e adorava ver todos aqueles barquinhos na beira do lago, cada qual com um nome que sugeria uma ligação profunda com o nome do lugar, tais como, “Batata Frita”, “Batata Chips”, “Batata Palha” “Batata Boat” e havia tambem os pedalinhos, cada um uma cor que eram chamados de batatinhas, além do que, para alegria da criançada, todos os dias o almoço era servido em mesas de madeira, colocadas estrategicamente às margens do lago, embaixo de frondosas arvores de eucalipto, de onde se podia ter uma vista ampla do lugar e a comida, bem, esta então, era a grande atração, a paixão de todo mundo, sua avó servia a todos, arroz, feijão, bife e é claro, batata frita. Nhá Maria era uma figura constante na vida de todo mundo que freqüentava o lugar, fossem parentes ou amigos, seu sorriso que iluminava totalmente seu rosto encantava a todos que a conheciam e a partir daí, jamais deixavam de vir visitá-la, de trazer seu carinho, amor e respeito por ser tão especial.

Aos 78 anos de vida ela era talvez a pessoa mais ativa na fazenda quando chegava a época das férias, pois queria sempre que tudo estivesse perfeito para a chegada da família e dos amigos que lhe traziam tanta alegria e calor ao coração. Ela sempre foi de planejar brincadeiras paras crianças, jogos e passatempos para os adultos, mas dava sempre uma maior atenção ao inventar atividades que envolvessem tanto as crianças, quanto adultos, para que de uma forma sutil, cada um pudesse perceber que mesmo quando já adultos, há sempre uma criança adormecida dentro de nós, apenas esperando que em algum momento alguém nos chame para brincar de “Amarelinha”. Nhá Maria era baixinha, tinha 1,60m de altura, era magrinha, usava seus cabelos sempre presos num coque bem arrumadinho no alto de sua cabeça e usava vestidos de chita estampados e coloridos, sempre com motivos de flores que eram sua grande paixão. Com sua pele morena, seus cabelos brancos e olhos azuis da cor do céu, a faziam ainda mais do que especial, não havia que não admirasse e destreza e rapidez com que ela executava todas as tarefas diárias, alem de dar atenção, carinho e amor a todos que a rodeavam. Ela era extremamente sentimental e parecia sempre ter uma lágrima nos olhos quando ouvia uma musica no rádio, quando ouvia um pássaro cantar pela manhã em sua janela ou quando assistia o sol nascer por detrás das montanhas, mas certamente muitas outras lágrimas vinham quando ela recebia um beijo ou um abraço de uma criancinha. Ela sempre soube encontrar algo positivo em todo mundo que ela conhecia, mesmo que de vez em quando isto fosse muito difícil, mas com seu amor ela sempre descobriu belezas há muito escondidas nos corações mais duros e sempre deu um jeitinho de fazer desabrochar neles uma linda flor, mesmo que para isto, ela tivesse que surgir do meio de um lamaçal.

Ana Maria sempre se lembrará do que ela dizia quando encontrava alguém mais duro, mais frio e séptico com relação á vida, ela dizia com uma voz que transmitia toda a força da fé e dor amor, que Deus nos fez a todos e esta dentro de todos nós. As prioridades na vida de Nhá Maria sempre foram Deus, a família, os amigos e uma vida simples e feliz e para isto, ela diversificava suas atividades, fazia parte do grupo de senhoras de sua igreja, onde podia ajudar outras pessoas de formas diferentes e isto lhe trazia muita alegria em poder se doar um pouco mais. Todos os anos ela fazia uma grande festa na fazenda para angariar donativos para a ajudar a população carente de muitas cidades vizinhas e era tão ativa ainda aos 78 anos, que participava efetivamente na competição de barcos, remando como se daquilo dependesse sua vida e atravessava o lago de ponta a ponta, sem demonstrar nenhum cansaço, sempre sorrindo, abraçando e beijando a todos, pois para Nhá Maria, a vida sempre foi uma festa e ela sempre envolveu a todos neste espírito positivo e por isto as pessoas se sentiam outras ao lado dela, como tinha que ser. No outono de 1990, ela teve diagnosticado um câncer e é claro, todo mundo ficou absolutamente devastado com isto, mas no coração de Ana Maria, de alguma forma ela sabia que no final, tudo seria de acordo com a vontade de Deus. Ano após ano, desde a descoberta da doença, durante todos os tratamentos e sofrimentos com a quimioterapia, com perda de seus cabelos, com a tristeza da família, ela nunca perdeu a fé em Deus e a vontade de viver, sempre que alguém lhe parecia triste ela dizia que Deus sabe o que faz e que o que quer que ele houvesse designado para ela, todos deviam aceitar com respeito, pois era a vontade de Deus e nestes momentos, o sorriso que brotava em seu rosto, fazia com que lágrimas sentidas corressem livremente no rostos de quem a estivesse ouvindo, tendo seus corações mais uma vez, preenchidos pela fé e pelo amor que ela tinha o poder de transmitir.

Em 1993 Nhá Maria foi parar numa cadeira de rodas e a esta altura já tinha que ser alimentada por tubos, mas seu olhar, ele era o mesmo de antes, havia neles o brilho da vida e da crença na existência de um Deus todo poderoso e mesmo sabendo que sua morte estava próxima, todos já estavam acostumados com a idéia, era questão de tempo e quando a hora se aproximou, ela pediu para ver o padre da capela da cidade e quando ele chegou ela parecia estar vendo um anjo e disse a ele com uma voz que poderia derrubar por completo todas as barreiras que são compostas pelo ódio, pelo rancor, pela inveja e pelo ceticismo e suas palavras foram:

“Padre, o senhor sabe que nunca tive medo da morte porque eu sei para onde estou indo, eu não quis partir antes porque eu sabia que minha família ainda não estava pronta para aceitar minha partida, mas agora eu sei que eles estão e por isto vou partir padre, mas antes peço sua benção em nome do Senhor”.

E enquanto recebia a benção do Padre, Nhá Maria partiu calmamente, foi morar lá no céu, foi ficar ao lado de Deus nosso senhor, onde é o lugar de todos aqueles que acreditam nele e tem fé de que a vida não é passageira, que ela é muito mais do que a maioria enxerga, que ela em si, é uma benção divina, que aqueles que a recebem dele, é porque foram escolhidos para trazer ao mundo, mais uma prova de seu poder. Hoje já não há mais a presença física de Nhá Maria na fazenda, porém seu espírito iluminado esta presente o tempo todo nas mentes e nos corações daqueles que sempre a amaram e a tradição que se iniciou há séculos atrás não foi interrompida, a vida segue seu caminho e agora, outra avó tomou o lugar de Nhá Maria no Lago da Batata, sua filha, Albertina, mãe de Ana Maria, que aprendeu com ela os caminhos da luz e os filhos de Ana Maria, assim como todos as outras crianças da família ao longo das gerações, nem dormem na véspera da viagem de férias, de tanta excitação.
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José Araújo, é autor do livro por um mundo melhor, publicou nos livros entrelinhas, Universo Paulistano, dimensões.br (Andross Editora), Enigmas do Amor, Delicatta IV (Scortecci Editora) em SP, coletânea 10 anos de usina de letras, antologia especial XIV Bienal do Rio All Print, poesia e prosa verão 2009, preces e reflexões (taba cultural) no R.J. estará no lançamento da antologia cidade volumes I,II e III em Belém na Feira Panamazônica do Livro dia 07/11 às 19hs.
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Foto no alto da página = Lago de Bled, na Eslovênia

XI Feira do Livro de Marabá (PA)


A Fundação Casa da Cultura de Marabá realiza, de 26 a 28 de novembro deste ano, a XI Feira do Livro de Marabá e I Salão Nacional de Humor de Marabá. Os eventos acontecem nas dependências do ginásio Poliesportivo “Renato Veloso”, na Folha 16, Nova Marabá.

Para o presidente da Fundação, Noé von Atzingen, a feira do livro vai proporcionar ampla aquisição de novas títulos, além de abrir espaço aos artistas da região, dando oportunidade para que o público conheça e valorize seus trabalhos. Segundo Atzingen, esse é um evento que visa, principalmente, resgatar a importância do livro e do ato de ler, fazendo com que a população regional conheça a abrangência da leitura como instrumento de cidadania e como direito individual.

Feira do Livro de Marabá, que terá lugar no Ginásio Poliesportivo da Folha 16, tem prevista a seguinte programação:

– I Salão Nacional de Humor de Marabá;
– Exposição de Artesanatos e Artes Plásticas;
– Mostra de Cinema;
– III Exposição Lúdica - UFPA Universidade Federal do Pará;
– Fantoche, teatro, dança e outras apresentações;
– Lançamento de Livros, Bate-Papo, Oficinas, Palestras;
– Programação Cultural, Visita de Escolas;
– IV Sarau do PROLER;
– Café Literário entre outras atividades.

Fonte:
http://www.maraba.pa.gov.br

Paulo Monteiro (A Trova no Espiríto Santo – Parte VIII)

Convento da Penha, em Vila Velha, ES. Pintura de Sérgio Câmara
J. CABRAL SOBRINHO

O poeta José Cabral Sobrinho nasceu em Afonso CIáudio, Espírito Santo, em 30 de março de 1935. Há mais de 20 anos vive longe de sua terra natal, mas não perdeu o contato com a literatura espírito-santense. Trovador atuante e hábil sonetista. É militar da ativa do Exército Brasileiro.

Nesses sertões sofredores,
onde a seca se renova,
com a Fé dos sonhadores
cultivo safras do trovas.

Voando por entre as flores,
o beija-flor, todo dia,
numa profusão de cores,
é um exemplo de harmonia.

- Se o colega me permite
que um conselho seja dado,
é sempre bom que se evite
a trova de pé-quebrado.

Não há quem não fique roxo
de agonia, na parada,
ao ver um soldado coxo
marchando em cadência errada.

JOÃO MOTTA

João Motta nasceu em Cachoeiro de Itapemirim em 1881. Foi apenas jornalista e poeta, sendo que a maioria de suas produções literárias foram perdidas. Informa Evandro Moreira que, no ano do 1966, o jornalista Trófanes Ramos reuniu o que pode da vasta produção do poeta no livro "Poesias do João Motta". Foi um poeta marcado pelos ideais libertários, tanto que o jornal "O Cachoeirense”, por ele dirigido, foi empastelado em 1906. Faleceu no dia 14 de fevereiro de 1914.

Aos sons da meiga cantiga,
folgava, sonhava e ria...
Muitas vezes, boa amiga,
chorando mesmo, sorria...

Sonhos do amor ela teve,
eu creio... também passaram,
ligeiros, e, nem de leve,
um rastro sequer deixaram...

No céu de sua existência
nenhuma nuvem tristonha...
Havia em toda a esplendência,
ridente manhã risonha...

Que te importa que desabe
o mundo? A vida seguindo,
padeces rindo! E, quem sabe?
Talvez que morras sorrindo..

Ide, sonhos de venturas,
saudosos, idos amores,
quero esposar as torturas,
dormir nos braços das dores.

Andei em plagas formosas,
vivi em mundos diversos,
singrando mares de rosas,
em barcos feitos de versos...

Ide, meus sonhos dispersos,
presos às asas dos anos;
deixai-me só com meus versos,
unido aos meus desenganos!

JOSÉ DE ANDRADE SUCUPIRA FILHO

Nascido em 9 de março de 1954, na Capital do Espírito Santo, José de Andrade Sucupira Filho é analista químico e concluiu diversos cursos técnicos.

Se a vida fosse sem lutas,
sem vitória. Só prazer.
Sem empecilhos. Escuta:
Teria razão viver?

Querendo saber a causa
do acidente de avião
teve a resposta sem pausa:
Esbarramos na inflação.

Pestes, fomes, mendicâncias,
não haveria, nem guerra,
se em todas as circunstâncias
dominasse o amor na terra.

Assombrou sábios nos templos
(Quanta maldade ao seu lado),
pregou o amor, deu exemplos,
depois foi crucificado.

JOUBERT DE ARAÚJO SILVA

Um dos mais conhecidos trovadores do Espírito Santo, Joubert reside há vários anos no Rio do Janeiro, onde faz parte da alta direção da União Brasileira de Trovadores. É um dos trovadores brasileiros mais premiados em concursos de trovas e jogos florais. Nasceu em Cachoeiro de Itapemirim no dia 29 de novembro de 1915 e tem prontos para publicação dois livros do trovas.

Ela não anda, flutua...
mas com tanta e tanta graça,
que até os postes da rua
se inclinam, quando ela passa!

Enganam-se os ditadores,
que, no seu furor medonho,
mandam matar sonhadores,
pensando matar o sonho

Muita gente que eu não gabo
lembra a pipa colorida:
- quanto mais comprido o rabo
mais alto sobe na vida!...

Aquela aranha paciente,
que tece despercebida,
lembra o destino da gente
e as armadilhas, da vida!

Minha alma lembra um menino
pobrezinho e de ar tristonho,
que estende a mão ao Destino,
pedindo a esmola de um sonho!

Ela se foi... E esta espera,
pouco a pouco, transformou
o moço feliz que eu era,
no poeta infeliz que eu sou!

Sejam "brotos” ou “coroas”
- Isto dispensa argumentos -
São sempre as mulheres "boas”
que inspiram "maus” pensamentos...

Pra botar fogo na gente
É assim que a mulata faz:
em cima estufa pra frente;
em baixo estufa pra trás!

Linda viuvinha, a Anacleta
nos deixa de vistas turvas..
Não pode ter vista reta
a dona daquelas curvas...

O segredo que o Biscalho
soube da esposa travessa
deu, por fim, “aquele galho"
que não lhe sai da cabeça...

"Só com o Zé se casaria...”
Jurou, e foi verdadeira:
Já tem três filhos Maria,
e continua solteira!..

Fontes:
http://www.usinadeletras.com.br