domingo, 21 de março de 2010

21 de Março - Dia Mundial da Poesia


Antonio Manuel Abreu Sardenberg
POESIA – NOSSA MUSA

Seja bem-vinda, poesia!
Desperte como a alvorada
Com seu toque de carinho
No surgir de cada dia
Trazendo a luz que irradia
Nosso mundo, nosso ninho!

Salpique o céu com estrelas,
Cante a imensidão do mar,
Ensine o mundo perdido
Sentir o que é amar...
Mostre o cruzeiro do sul,
Guie o nosso caminhar!

Seja bem-vinda, poesia!
Traga o frescor da aragem,
A brisa leve a soprar...
Seja nossa fantasia,
No bloco do dia-a-dia
Nos ensine a desfilar...

Cante a beleza da rosa,
O perfume do jasmim;
Quero ficar todo prosa
Com você perto de mim.

Seja bem-vinda, poesia!
Traga ao mundo a primavera,
A vida explodindo em cor...
Seja o sonho e a quimera,
Seja, enfim, o que quiser:
A musa, a deusa, a mulher
O nosso caso de amor...
_________

Fontes:
Alma de Poeta.
- Imagem = montagem de José Feldman com pintura do Poeta, de Jonn Herschend

Mario Quintana (Carta a um Poeta)


Meu caro poeta,

Por um lado foi bom que me tivesses pedido resposta urgente, senão eu jamais escreveria sobre o assunto desta, pois não possuo o dom discursivo e expositivo, vindo daí a dificuldade que sempre tive de escrever em prosa. A prosa não tem margens, nunca se sabe quando, como e onde parar. O poema, não; descreve uma parábola trancada pelo próprio impulso (ritmo); é que nem um grito. Todo poema é, para mim, uma interjeição ampliada; algo de instintivo, carregado de emoção. Com isso não quero dizer que o poema seja uma descarga emotiva, como o fariam os românticos. Deve, sim, trazer uma carga emocional, uma espécie de radioatividade, cuja duração só o tempo dirá. Por isso há versos de Camões que nos abalam tanto até hoje e há versos de hoje que os pósteros lerão com aquela cara com que lemos os de Filinto Elísio. Aliás, a posteridade é muito comprida: me dá sono. Escrever com o olho na posteridade é tão absurdo como escreveres para os súditos de Ramsés II, ou para o próprio Ramsés, se fores palaciano. Quanto a escrever para os contemporâneos, está muito bem, mas como é que vais saber quem são os teus contemporâneos? A única contemporaneidade que existe é a da contingência política e social, porque estamos mergulhados nela, mas isto compete melhor aos discursivos e expositivos , aos oradores e catedráticos. Que sobra então para a poesia? - perguntarás. E eu te respondo que sobras tu. Achas pouco? Não me refiro à tua pessoa, refiro-me ao teu eu, que transcende os teus limites pessoais, mergulhando no humano. O Profeta diz a todos: "eu vos trago a verdade", enquanto o poeta, mais humildemente, se limita a dizer a cada um: "eu te trago a minha verdade." E o poeta, quanto mais individual, mais universal, pois cada homem, qualquer que seja o condicionamento do meio e e da época, só vem a compreender e amar o que é essencialmente humano. Embora, eu que o diga, seja tão difícil ser assim autêntico. Às vezes assalta-me o terror de que todos os meus poemas sejam apócrifos!

Meu poeta, se estas linhas estão te aborrecendo é porque és poeta mesmo. Modéstia à parte, as disgressões sobre poesia sempre me causaram tédio e perplexidade. A culpa é tua, que me pediste conselho e me colocas na insustentável situação em que me vejo quando essas meninas dos colégios vêm (por inocência ou maldade dos professores) fazer pesquisas com perguntas assim: "O que é poesia? Por que se tornou poeta? Como escrevem os seus poemas?" A poesia é dessas coisas que a gente faz mas não diz.

A poesia é um fato consumado, não se discute; perguntas-me, no entanto, que orientação de trabalho seguir e que poetas deves ler. Eu tinha vontade de ser um grande poeta para te dizer como é que eles fazem. Só te posso dizer o que eu faço. Não sei como vem um poema. Às vezes uma palavra, uma frase ouvida, uma repentina imagem que me ocorre em qualquer parte, nas ocasiões mais insólitas. A esta imagem respondem outras. Por vezes uma rima até ajuda, com o inesperado da sua associação. (Em vez de associações de idéias, associações de imagem; creio ter sido esta a verdadeira conquista da poesia moderna.) Não lhes oponho trancas nem barreiras. Vai tudo para o papel. Guardo o papel, até que um dia o releio, já esquecido de tudo (a falta de memória é uma bênção nestes casos). Vem logo o trabalho de corte, pois noto logo o que estava demais ou o que era falso. Coisas que pareciam tão bonitinhas, mas que eram puro enfeite, coisas que eram puro desenvolvimento lógico (um poema não é um teorema) tudo isso eu deito abaixo, até ficar o essencial, isto é, o poema. Um poema tanto mais belo é quanto mais parecido for com o cavalo. Por não ter nada de mais nem nada de menos é que o cavalo é o mais belo ser da Criação.

Como vês, para isso é preciso uma luta constante. A minha está durando a vida inteira. O desfecho é sempre incerto. Sinto-me capaz de fazer um poema tão bom ou tão ruinzinho como aos 17 anos. Há na Bíblia uma passagem que não sei que sentido lhe darão os teólogos; é quando Jacob entra em luta com um anjo e lhe diz: "Eu não te largarei até que me abençoes". Pois bem, haverá coisa melhor para indicar a luta do poeta com o poema? Não me perguntes, porém, a técnica dessa luta sagrada ou sacrílega. Cada poeta tem de descobrir, lutando, os seus próprios recursos. Só te digo que deves desconfiar dos truques da moda, que, quando muito, podem enganar o público e trazer-te uma efêmera popularidade.

Em todo caso, bem sabes que existe a métrica. Eu tive a vantagem de nascer numa época em que só se podia poetar dentro dos moldes clássicos. Era preciso ajustar as palavras naqueles moldes, obedecer àquelas rimas. Uma bela ginástica, meu poeta, que muitos de hoje acham ingenuamente desnecessária. Mas, da mesma forma que a gente primeiro aprendia nos cadernos de caligrafia para depois, com o tempo, adquirir uma letra própria, espelho grafológico da sua individualidade, eu na verdade te digo que só tem capacidade e moral para criar um ritmo livre quem for capaz de escrever um soneto clássico. Verás com o tempo que cada poema, aliás, impõe sua forma; uns, as canções, já vêm dançando, com as rimas de mãos dadas, outros, os dionisíacos (ou histriônicos, como queiras) até parecem aqualoucos. E um conselho, afinal: não cortes demais (um poema não é um esquema); eu próprio que tanto te recomendei a contenção, às vezes me distendo, me largo num poema que vai lá seguindo com os detritos, como um rio de enchente, e que me faz bem, porque o espreguiçamento é também uma ginástica. Desculpa se tudo isso é uma coisa óbvia; mas para muitos, que tu conheces, ainda não é; mostra-lhes, pois, estas linhas.

Agora, que poetas deves ler? Simplesmente os poetas de que gostares e eles assim te ajudarão a compreender-te, em vez de tu a eles. São os únicos que te convém, pois cada um só gosta de quem se parece consigo. Já escrevi, e repito: o que chamam de influência poética é apenas confluência. Já li poetas de renome universal e, mais grave ainda, de renome nacional, e que no entanto me deixaram indiferente. De quem a culpa? De ninguém. É que não eram da minha família.

Enfim, meu poeta, trabalhe, trabalhe em seus versos e em você mesmo e apareça-me daqui a vinte anos. Combinado?


Mario Quintana

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Fonte:
Casa do Bruxo

“A Poesia” pelos Poetas


José Feldman
A POESIA

A poesia é a janela da alma.
É a flor que ainda não nasceu
É a vida que nunca se acalma
A aurora no seu apogeu.

É a luz dos amantes,
Os olhos de uma criança
O bálsamo dos agonizantes,
Da tempestade a bonança.

A poesia é a magia que acalma as tormentas,
que transforma armas em flores,
que transforma almas violentas
ao mundo pintando com mais cores!

A poesia é as cachoeiras e o mar,
O sol, as estrelas, a lua
A casa que sempre estamos a sonhar
A fé que move montanhas que nunca extenua.

A poesia é o fio
que comanda os nosso sonhos!
Z Z Z Z Z Z Z Z Z

Andréa Motta
PEQUENO POEMA

Trovejam em coro as idéias
infusão vermelha
que conspira
e cresce

desabrocha ramo
fino e flexível

conciso mimo
a atar as sílabas
Pó & sias
Z Z Z Z Z Z Z Z
A poesia é a pintura dos ouvidos, assim como a pintura é a poesia dos olhos".
(Lope de Vega)
Z Z Z Z Z Z Z Z
Fernando Pessoa
AUTOPSICOGRAFIA

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
Z Z Z Z Z Z Z Z
Claudia Sleman
SER POETA

Ser poeta é ser apenas
Nada mais que o vento leva...
É ser a prece que enleva...
É ser a praga que extrema...

É amar sem nunca ter...
É ser mar e ser areia...
Plantador que ora semeia
Sem o tempo de colher...

Ser poeta é ser homem
E ser deus a um só tempo...
E existir em dualidade

Tendo a poesia por alento,
Para os dias que o consomem
O amor, a dor e a saudade...
Z Z Z Z Z Z Z Z
Susana Mendes
POETA E POESIA

Como nasce a poesia na alma de um poeta?
Ah...Sua alma transcende,transmuta a algo divino!
E ele vôa, brincando em seus versos,
dando asas diáfanas às suas palavras!
Sonhando sempre, olhos e coração abertos,
ele atravessa a imensidade...
Suas linhas cintilam e colorem jogando com as estrelas
e com a noite...Num misto de magias, fantasias,
enquanto uma nuvem suspira à voz do vento,
ele manda uma mensagem de amor, ao destino do universo,
envoltos em raios de plenas esperanças.
Bendita sejas, ó alma que verseja na embriaguez da vida,
deixando-se fluir em aromas penetrantes do seu âmago e
se elevando ao ápice dos céus !
Poetas e Poesias...
Seus versos livres são filtrados
no mais recôndito de suas expressivas emoções!
Z Z Z Z Z Z Z Z
Abílio Terra Junior
SE ÉS POETA

se és poeta
e amas a poesia
cumpre tua meta
entregue-te a ela
te esmeres em cada verso
esperes pelo despertar
da tua alma
chores no frio da madrugada
caminhes solitário pela calçada
ouça a canção da que se entrega
o murmúrio da criança que se perdeu
sintas o olhar do velho
frágil e sério
o afago da tua amada
perscrutes o brilho que se apaga
da estrela anã
a dança da folha seca
que o vento leva
os contornos da jovem
que desperta para o amor
os galhos que buscam o sol
da centenária árvore
a placidez comovente
da lua que te inspira
Z Z Z Z Z Z Z Z
Vinicius de Moraes
O POETA E A LUA

Em meio a um cristal de ecos
O poeta vai pela rua
Seus olhos verdes de éter
Abrem cavernas na lua.
A lua volta de flanco
Eriçada de luxúria
O poeta, aloucado e branco
Palpa as nádegas da lua.
Entre as esferas nitentes
Tremeluzem pêlos fulvos
O poeta, de olhar dormente
Entreabre o pente da lua.
Em frouxos de luz e água
Palpita a ferida crua
O poeta todo se lava
De palidez e doçura.
Ardente e desesperada
A lua vira em decúbito
A vinda lenta do espasmo
Aguça as pontas da lua.
O poeta afaga-lhe os braços
E o ventre que se menstrua
A lua se curva em arco
Num delírio de volúpia.
O gozo aumenta de súbito
Em frêmitos que perduram
A lua vira o outro quarto
E fica de frente, nua.
O orgasmo desce do espaço
Desfeito em estrelas e nuvens
Nos ventos do mar perspassa
Um salso cheiro de lua
E a lua, no êxtase, cresce
Se dilata e alteia e estua
O poeta se deixa em prece
Ante a beleza da lua.
Depois a lua adormece
E míngua e se apazigua...
O poeta desaparece
Envolto em cantos e plumas
Enquanto a noite enlouquece
No seu claustro de ciúmes.
Z Z Z Z Z Z Z Z
Elisa de Andrade
O POETA

O poeta é....

Um ser que na verdade
Com tamanha maestria
E através da sua poesia
Foge um pouco da realidade !

O poeta é....

A criatura que ao se expressar
Busca no seu sentimento de amor
Uma forma de contar
O que vai no seu interior !

O poeta é...

Aquele que busca no fundo do pensamento
Um sonho que um dia na sua imaginação
Sonhou e traduz naquele momento
O que vai dentro do coração !

O poeta é....

Por Deus grandemente iluminado
Descreve o que vai na sua alma
E quem lê sente-se privilegiado
Sentindo como tudo aquilo o acalma !

O poeta é....

Aquele que faz da arte de escrever
Uma forma de se refugiar
Seus lindos poemas têm o poder
De tanto .... tanto encantar !

O poeta é....

Uma luz que desponta no firmamento
Vinda em nossa direção
Como se fosse um mágico momento
Que ficará para sempre em nosso coração!
Z Z Z Z Z Z Z Z
Marília Bechara
POETA

A poesia passeava abraçada pelo vento.
Onde passava sem nada tocar perfumava.
Mas sonhador bem acordado a percebeu,
Sentidos em alerta nos braços a prendeu:
Era um poeta!
Z Z Z Z Z Z Z Z
Lourdinha Biagioni
POETA E POESIA

O poeta faz da poesia
sua terna e fiel companhia.
Junto de alguns a fantasia
acontece de estar sozinha.

A poesia faz do poeta,
vulnerável pedaço de sonho,
enternece, fascina e encanta,
dada palavra pelo caminho.

A poesia e o poeta enaltecem
sentido, métrica e pensamento.
Expressão e forma se enobrecem
de íntimo e latente sentimento.
Z Z Z Z Z Z Z Z
Nídia Vargas Potsch
O VERSEJAR DO POETA ...

Mansa é a noite
em que as lembranças são doces ...
E o Poeta viaja em sonhos!
Em sua fantasia cria mundos,
inventa situações,
brinca com as palavras,
retrata o novo,
o banal, o inusitado ...
Faz da saudade uma incógnita
remexendo com os sentimentos alheios
e revolvendo suas próprias recordações ...
Desvenda sua alma,
de sensações fragmentadas,
como retalhos de uma colcha
velha e inacabada,
que só se completa,
na imaginação
de quem o lê e o compreende ...
Porque o Poeta se vai, mas
sua Poesia, permanecerá Eterna!
Z Z Z Z Z Z Z Z
Marinez Stringheta
TECENDO POEMAS

Idéias na mente,
Desejos no coração.
Palavras e sentimentos se unem.
Lápis e papel trabalham..
A borracha apaga...
A caneta escreve.
Risca e rabisca.
A poesia é moldada
Como escultura
Na mão de seu criador!!

Muitas vezes, o papel (amassado)
No cesto é jogado.
Nesse vai e vem
Os olhos se embriagam
De visões imaginárias.
Os ouvidos percebem
Melodias inaudíveis.
O poeta observa
O mundo que o cerca.
O mundo... do qual ele é parte.
E... com a sensibilidade
Que o torna diferente dos normais
Recomeça....
Sem medo... de lutar com palavras
Por um mundo mais humano...
Sem medo... de ser questionado!!!

O poeta quer, através de seus poemas
Abrir os olhos do leitor
Ou... pelo menos tentar!!!
Contudo... Entretanto...
A alma do poeta jamais se aquieta.
Ele poeta a dor, o sofrimento
Poeta a paixão, o amor
E também...
Seu próprio tormento!!!
Z Z Z Z Z Z Z Z
Marisa Cajado
O VÔO DO POETA

O poeta com a pena, traça a letra
E à letra dá vida, com a interior consciência.
E deste instante fugaz, uno à divina essência.
Nasce a poesia, que o amor soletra.

Ai, encontra ele o paraíso.
Longe da Terra, onde é prisioneiro.
E voa por ele, num vôo certeiro
Energizado, retorna ao corpo, é preciso.

Sentiu-se por segundos realizado
Provou o néctar da verdade universal.
Então transfere em versos, para a humanidade.
A porção mágica do éter divinal
Z Z Z Z Z Z Z Z
Liane Niremberg
“O POETA”

Será louco aquele...
Que sonha doces palavras
E ao sussurra-las ao vento
Faz brotar esperança ao relento?

Será mesmo loucura
Em versos dizer sentimentos...
Das alegrias e tristezas
Injustiças
Ou solidão?

Será louco aquele...
Peregrino das estrelas
Que na procura da verdade
Une emoção e razão?

Não creio não
Pois aquele...
É o poeta!
Misto de real e etéreo...

Escreve, faz, acontece...
Eterno se faz presente
Com um único refrão:
A paz é minha canção!
Z Z Z Z Z Z Z Z
Graça Ribeiro
POETEMOS

Poetemos
porque sem a poesia morremos...

Morremos de tédio entre silêncios
morremos na fome de amor do só
morremos na cama de verso triste
morremos na palavra emudecida

Poetemos
porque sem a poesia desistimos...

Desistimos de entender os nãos do tempo
desistimos de olhar a cara no espelho
desistimos de morder a vida sem fome
desistimos de acreditar em outro mundo

Poetemos
porque sem a poesia esquecemos...

Esquecemos de ver com olhos de ouvir
esquecemos de sentir com a língua e voz
esquecemos de gritar o prazer do gozo pleno
esquecemos de SER a vida que vive em nós

Poetemos
porque sem a poesia choramos...

Choramos a morte do amor que não houve
choramos a vida perdida entre os sonhos
choramos a fome de amor que nos mata
choramos o choro dos que amam chorando

Poetemos
porque sem a poesia morremos...

Morremos na palavra que perde os sentidos
morremos no verso que cria asas partidas
morremos na metáfora vermelha do sonho
moremos no inverso de um verso sem rima

Poetemos
porque apenas na poesia renascemos...

Renascemos na ternura de mãos que se entrelaçam
renascemos nos beijos das bocas que beijamos
renascemos no orgasmo das letras que criamos
renascemos no susto e assim... acordamos

Acordamos para entender que a poesia é VIDA
e que a poesia não é o poema que escrevemos
mas a voz que damos às palavras que ouvimos
dentro de um mundo que só nós entendemos.
Z Z Z Z Z Z Z Z
Paulo Monti
POETA

Poeta desencontrado
Palavras soltas ao vento
Recolhidas e soltas em ouvidos surdos!
Poeta esquartejado
Sonhos desfeitos na madrugada
Feitos e refeitos em uma musa!
Poeta suave
Dormido de nuvens, brisas e luares
Amado pela sua própria essência!
Poeta sofrido
Assim como tu, amigo
Abandonado, mal-amado, porém saudado
Numa réstia de sol!
Poeta amigo
De sua poesia, sua loucura
Espalhada nas ruas, nos risos
De mãos estendidas!
Poeta, poeta...
Por que não seres comum?
Por que poeta?
Para poetares simplesmente?!
Poeta...
Z Z Z Z Z Z Z Z
Rosimeire Leal da Motta
A POESIA

Eu sinto a poesia como se fosse um pedaço da alma, um ser vivo que transmite um sentimento. Ler uma poesia é como abrir um frasco de perfume e aspirar seu aroma... A fragrância é totalmente absorvida por nosso íntimo. Penso que a realização do poeta se faz na alma, pois ele já nasce com este dom, ou seja, não há como participar de um curso para se tornar um profissional da poesia... Ele poderá se inscrever num curso para aperfeiçoar a escrita com base na gramática e somente isto. Ser poeta é um dom que a pessoa tem, que a torna capaz de transformar letras em sentimento
Z Z Z Z Z Z Z Z
Florbela Espanca

Ai as almas dos poetas
Não as entende ninguém;
São almas de violetas
Que são poetas também.'
Z Z Z Z Z Z Z Z
Rachel de Queiroz
POESIA

Eis que temos aqui a Poesia,
a grande Poesia.
Que não oferece signos
nem linguagem específica, não respeita
sequer os limites do idioma. Ela flui, como um rio.
como o sangue nas artérias,
tão espontânea que nem se sabe como foi escrita.
E ao mesmo tempo tão elaborada -
feito uma flor na sua perfeição minuciosa,
um cristal que se arranca da terra
já dentro da geometria impecável
da sua lapidação.

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Fontes:
Poetas del Mundo
Cavalgada de Sonhos
Wikipedia
Antologia da Poesia Brasileira

sábado, 20 de março de 2010

Trova 130 - Amália Max (Ponta Grossa/PR)

Heitor Saldanha (Poesias Escolhidas)


O ACIDENTE DE ONTEM

O menino levava um buquê de flores
e um cartão com endereço.
O bonde matou o menino.
Um horizontes de olhos
reuniu o sofrido instante.
Dentro da manhã de abril
alada em altas bandeiras,
o sangue escorria puro, simples,
sobre os trilhos de ferro
sobre as pedras da rua.
Ninguém leu o endereço do cartão.

ESTRUTURA DAS ÁGUAS
a Moacyr Félix

O mar é um cenário aberto
que derrapou no espaço,
e ancorou-se
de bruços
à espera de si mesmo.
Quando sonha se rascunha
lenta metamorfose.
Às vezes
vem,
é um galgo
com seu arco de triunfo,
Chega,
flue,
e dissuade
sua breve estrutura.
Outras vezes vem armado
duma carranca bovina,
Chega,
muge
e se estira
desarmado,
lascivo
Mas quando se recompõe
em placitude de espera,
é o campo do boi mugindo.



Hoje enquanto tiver dinheiro
beberei
Depois
entregarei ao garçom
meu relógio de pulso
meus carpins de nylon
meus óculos de tartaruga (que nome bonito)
minha caneta tinteiro
e continuarei bebendo
bebendo
sem literatura
sem poema
sem nada.
Só.
Como se o mundo começasse agora.
Estou nesses conscientes estados de alma
em que não posso me salvar
e nem salvá-la.

ANDAMENTO

De que estarei me despedindo hoje?
Há em mim uma clara ressonância de
despedida.
Mas não devo saber,
nem é preciso saber.
Creio que vim
pra dizer um dia
na cara do mundo:
hoje estou me despedindo.
E as criaturas boas do meu sangue
abririam a boca
que lhes cortasse o ímpeto inexpresso.
Claro que estou me despedindo.
Hoje sou mais criança do que nunca.
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Fontes:
A Hora Evarista, Instituto Estadual do Livro, Editora Movimento, Porto Alegre, 1974.
Antonio Hohlfeldt (seleção). Antologia da Literatura Rio-Grandense Contemporânea. vol. 2. Cronica e poesia. RS: L&PM, 1979.

Heitor Saldanha (1910 – 1986)


Heitor Saldanha (Cruz Alta, 1910 — Porto Alegre, 1986) foi um poeta brasileiro.

É considerado um dos maiores poetas do Rio Grande do Sul. Participou, com vários outros autores, do Grupo Quixote, muito importante na década de 1950 em Porto Alegre.

Seus poemas, que mostram uma preocupação nítida com os problemas das classes oprimidas, estão reunidos no volume A Hora Evarista. Entre eles, se sobressaem aqueles reunidos em As Galerias Escuras, em que poetiza a vida dos carvoeiros de Arroio dos Ratos e Minas do Butiá.

Heitor Saldanha era fascinado pela vida dos homens trabalhadores em minas de carvão. Chegou a trabalhar numa dessas minas em São Jerônimo, na década de 1950, por dois anos e meio, segundo ele "na busca da poesia, embora não seja necessário que para se escrever sobre alguma coisa, se participe diretamente dela..." Quando os mineiros souberam que havia sido lançado um livro (As Galerias Escuras), presentearam Saldanha com uma lanterna de mina, ou "a luz que iluminava seus caminhos".

Casado com a contista gaúcha Laura Ferreira, foi morar no Rio de Janeiro em 1958, permanecendo por doze anos na cidade. Lá tornou-se amigo de Carlos Drummond de Andrade, Clarice Lispector, Ferreira Gullar e Décio Pignatari, entre outros, participando de inúmeros debates, encontros poéticos e muita agitação e boemia.

Participou de várias antologias e teve obras traduzidas para o espanhol.

Fontes:
– wikipedia.
– Desenho do escritor feito pelo artista plástico francês Michel Drouillon. Publicado no fascículo sobre o poeta da série Autores Gaúchos, do Instituto Estadual do Livro, Porto Alegre, 1984.

Luis Fernando Verissimo (O Nariz)


Era um dentista, respeitadíssimo. Com seus quarenta e poucos anos, uma filha quase na faculdade. Um homem sério, sóbrio, sem opiniões surpreendentes mas uma sólida reputação como profissional e cidadão. Um dia, apareceu em casa com um nariz postiço. Passado o susto, a mulher e a filha sorriram com fingida tolerância. Era um daqueles narizes de borracha com óculos de aros pretos, sombrancelhas e bigodes que fazem a pessoa ficar parecida com o Groucho Marx. Mas o nosso dentista não estava imitando o Groucho Marx. Sentou-se à mesa do almoço – sempre almoçava em casa – com a retidão costumeira, quieto e algo distraído. Mas com um nariz postiço.

- O que é isso? – perguntou a mulher depois da salada, sorrindo menos.
- Isso o quê?
- Esse nariz.
- Ah. Vi numa vitrina, entrei e comprei.
- Logo você, papai...

Depois do almoço, ele foi recostar-se no sofá da sala, como fazia todos os dias. A mulher impacientou-se.

- Tire esse negócio.
- Por quê?
- Brincadeira tem hora.
- Mas isto não é brincadeira.

Sesteou com o nariz de borracha para o alto. Depois de meia hora, levantou-se e dirigiu-se para a porta. A mulher o interpelou.

- Aonde é que você vai?
- Como, aonde é que eu vou? Vou voltar para o consultório.
- Mas com esse nariz?
- Eu não compreendo você – disse ele, olhando-a com censura através dos aros sem lentes. – Se fosse uma gravata nova você não diria nada. Só porque é um nariz...
- Pense nos vizinhos. Pense nos cliente.

Os clientes, realmente, não compreenderam o nariz de borracha. Deram risadas (“Logo o senhor, doutor...”) fizeram perguntas, mas terminaram a consulta intrigados e saíram do consultório com dúvidas.

- Ele enlouqueceu?
- Não sei – respondia a recepcionista, que trabalhava com ele há 15 anos. – Nunca vi ele assim.

Naquela noite ele tomou seu chuveiro, como fazia sempre antes de dormir. Depois vestiu o pijama e o nariz postiço e foi se deitar.

- Você vai usar esse nariz na cama? – perguntou a mulher.
- Vou. Aliás, não vou mais tirar esse nariz.
- Mas, por quê?
- Por quê não?

Dormiu logo. A mulher passou metade da noite olhando para o nariz de borracha. De madrugada começou a chorar baixinho. Ele enlouquecera. Era isto. Tudo estava acabado. Uma carreira brilhante, uma reputação, um nome, uma família perfeita, tudo trocado por um nariz postiço.

- Papai...
- Sim, minha filha.
- Podemos conversar?
- Claro que podemos.
- É sobre esse nariz...
- O meu nariz outra vez? Mas vocês só pensam nisso?
- Papai, como é que nós não vamos pensar? De uma hora para outra um homem como você resolve andar de nariz postiço e não quer que ninguém note?
- O nariz é meu e vou continuar a usar.
- Mas, por que, papai? Você não se dá conta de que se transformou no palhaço do prédio? Eu não posso mais encarar os vizinhos, de vergonha. A mamãe não tem mais vida social.
- Não tem porque não quer...
- Como é que ela vai sair na rua com um homem de nariz postiço?
- Mas não sou “um homem”. Sou eu. O marido dela. O seu pai. Continuo o mesmo homem. Um nariz de borracha não faz nenhuma diferença.
- Se não faz nenhuma diferença, então por que usar?
- Se não faz diferença, porque não usar?
- Mas, mas...
- Minha filha...
- Chega! Não quero mais conversar. Você não é mais meu pai!

A mulher e a filha saíram de casa. Ele perdeu todos os clientes. A recepcionista, que trabalhava com ele há 15 anos, pediu demissão. Não sabia o que esperar de um homem que usava nariz postiço. Evitava aproximar-se dele. Mandou o pedido de demissão pelo correio. Os amigos mais chegados, numa última tentativa de salvar sua reputação, o convenceram a consultar um psiquiatra.

- Você vai concordar – disse o psiquiatra, depois de concluir que não havia nada de errado com ele – que seu comportamento é um pouco estranho...
- Estranho é o comportamento dos outros! – disse ele. – Eu continuo o mesmo. Noventa e dois por cento de meu corpo continua o que era antes. Não mudei a maneira de vestir, nem de pensar, nem de me comportar, Continuo sendo um ótimo dentista, um bom marido, bom pai, contribuinte, sócio do Fluminense, tudo como era antes.
- Mas as pessoas repudiam todo o resto por causa deste nariz. Um simples nariz de borracha. Quer dizer que eu não sou eu, eu sou o meu nariz?
- É... – disse o psiquiatra. – Talvez você tenha razão...

O que é que você acha, leitor? Ele tem razão? Seja como for, não se entregou. Continua a usar nariz postiço. Porque agora não é mais uma questão de nariz. Agora é uma questão de princípios
.

Fonte:
Luis Fernando Verissimo. O Nariz e outras cronicas. Ed. Ática, 2003.

Mario Quintana (O Chalé da Praça Quinze)



O chalé fazia parte da gente. Me lembro do Bilo, com o seu perfil perpendicular de cegonho sábio, o longo bico mergulhado – não no gargalo do gomil da fábula, não propriamente no canecão de chop, que era de fato o que estava acontecendo – mas no poço artesiano de si mesmo.

Me lembro do Reynaldo, redondo, pacato, amável, tão amável, pacato e redondo que parecia um desses personagens de romance policial que ninguém desconfia que seja o autor do último crime da mala.

Me lembro do Cavalcanti com a sua cara silenciosa e receptiva de mata-borrão.

Me lembro de mim, silencioso. Sim, a determinada hora éramos todos silenciosos...essa hora em que não é preciso dizer nada, nem mesmo o verso inesquecível de Valery: “Oh mon bom compagnon de silence”.

Este silêncio era apenas quebrado quando chegava o Athos, o Athos centrífugo e pirotécnico. Mas isso não perturbava o nosso silêncio, nem o próprio silêncio do Athos...Pois havia um profundo e misterioso rio de silêncio que corria subterraneamente a todas as nossas palavras.

Era o rio da poesia?

O rio da harmoniosa confusão das almas?

Agora é apenas o rio do tempo que passou.

Fonte:
Antonio Hohlfeldt (seleção). Antologia da Literatura Rio-Grandense Contemporânea. vol. 2. poesia e crônica. RS: L&PM, 1979.

Armindo Trevisan (Poesias Escolhidas)


NÃO ESCOLHI A COR DE MINHA PELE
(tradução da poesia, do espanhol, por José Feldman)

Não escolhi a cor de minha pele
que é igual a pele de qualquer homem
ela que me envolve por todos os lados
mas, dentro desta pele estou eu: um negro!

Tenho a mesma imagem e semelhança
de homens que possuem outra cor de pele
e eu sei que foi o sol que me queimou
para fazer-me mais resistente e mais formoso.

Como negro, eu habitei um continente
amaldiçoado durante séculos,
fui perseguido por outros homens
e, algumas vezes, também perseguido por homens de minha cor.

Que profundas são as feridas que sangram,
dentro e fora de mim! Pode acaso esquecer
o látego, os suplícios e a morte
daquele tempo em que cobiçavam meu ouro e meu marfim?

Eu sei que nada me serve crucificar-me
em minha propria historia! Nem com fúria selvagem
sonhar a destruição de meus perseguidores.
Antes de ser negro, eu sou simplesmente um homem.

Minha gloria é elevar-me à altura
das palmeiras de meus desertos,
e, quando bradem os leões, deixar-me
ao largo dos rios que inundam minhas florestas.

Não escolhi a cor de minha pele!
Vejo que a noite borbulha de estrelas,
e que a lua, mais que o sol, suaviza
os recantos inacessíveis de minha alma.

Sempre foram brancos vossos Deuses e vossos anjos!
Meu coração sabe que o espírito voa
tão veloz que não se consegue ver sua cor .
Sim! A cor de Deus é a cor do vento.

Eu sou negro e eu sou homem! Agora
que a história abriu aos poucos suas portas
eu posso, pela primeira vez, ser um homem negro.
A humanidade se tornou maior comigo.

Me toca a responsabilidade de perdoar
Eu que não posso tirar, para sempre,
de sobre os ombros de homens vivos: eu com eles
carregar meu fardo até a grande Aurora.

Não escolhi a cor de minha pele
Que é igual a pele de qualquer homem!
Voces também compreenderão que o sangue dos homens
está debaixo da pele, e é um rio de fogo.

Posto que sou um homem livre, me amo
como se ama a vida, que também oferece
a brancura dos dentes para sorrir.
A vida – que nos submerge em sua noite luminosa.

A LUZ DE TUA PELE

À luz de tua pele invento a noite.
Nela me embrenho até à morte alheia.
Ninguém é mais sozinho do que o açoite
que apaga tua luz, e me incendeia.

SOBRE AS PLUMAS

Sobre as plumas da noite quando, amada,
a carne lhe varria o pensamento,

olhou à sua volta, e viu na estrada
os ossos de milhões que a lua ungia:

crematórios, bengalas, dentaduras,
retratos esmaecidos, tristes óculos ...

E meditou no sonho e na loucura.
Como podia amar uma outra carne

se a carne, donde lhe nascera o sexo,
era esse fogo que lavrava forte

nos campos e cidades, semeando
vitríolo e estrume com a mão da morte?

QUISERAM HOSPEDAR-SE

Quiseram hospedar-se no silêncio,
que embriaga o amor depois que os corpos lassos
derramam o perfume de seu vinhos.

Mas não puderam. Triste e sozinhos,
falaram de si mesmos como ausentes.

EMBORA TUA CARNE

Embora tua carne seja a mesma:
quem põe no teu braseiro outro carvão,
e irrita a flama que se torna azul
para variar de língua e de bailado?

Quem faz girar o teu robolo, e afia
a lâmina que não te deixa fria?

O TRÂNSITO

Que fica deste trânsito? É a seda
com sua larva dentro do casulo,

cobrindo a solidão. E, no seu músculo,
a forte pontaria de uma flecha

que, no ar gelado e azul, abate e ave,
sem destruir-lhe vôo tão suave.

A QUEM TE ALÇA

A quem te alça às nuvens, desvalida,
doas teu corpo. E apóias tua mão

numa outra mão, ciente de que o coito
é uma aventura de soldado afoito.

Pois essa subita valentia
te reconduz aos pés da noite fria,

onde tua mão é garra de animal:
e vence, de ambos, quem não desconfia.

REFÚGIO

Às praias dão garrafas com mensagens,
ou tábuas em que flutuaram náufragos.

Às praias dão navios com equipagens,
pinguins, baleias que se desnortearam.

Não é diverso o porto de teus lábios:
ali também vão dar tristes suspiros,

Gemidos, alaridos, menoscabos,
e a alegria de giros e regiros

em que te perdes quando amas de fato,
e o teu corpo se rende a um ultimato.

PRIMAVERA

Por que será que penso nos teus lábios
quando avisto, em quintais, limões maduros?

Serão eles, dobrados sobre os muros,
Livreiros que esquadrinham alfarrábios?

Ou hão de perecer polidos cabos
Rumorejando sobre os ares puros?

Eu sempre penso nos limões: dourados,
Guardam-se incorruptíveis, e fechados.

QUEM DIRÁ AOS AMANTES

Quem dirá aos amantes
o caminho
pelo qual os corpos vão
ao termo do que souberam?
E depois foi noção,
espaço, letra,
e não quiseram o retorno?
Quem os aguardará do outro lado
onde o riso,
a aveia, são o preâmbulo
da carícia no seio?

Quem dirá aos
amantes que o amor há de despir
o acontecido
e passará pela mão
como passou o frio
de flor em flor?

POEMA QUE COMEÇA EM SÁBADO

Foi então que as ervas
se dobraram a língua dos cactos enrugou-se
e subiram pelos telhados os pombos

e ambos na medula da noite ao pé do copo
e da lâmpada resolveram amar-se por toda
a eternidade e isto durou até à véspera do sim

e o não reboou
silenciosamente dentro da boca onde um beijo
polia os ossos o homem apalpou-se e por fim
rolaram em cima dessa coisa chamada mundo

e houve um mundo chamado amor.

SALMO NUPCIAL

Sejas visível
Senhor

quando a carne
de outra carne
florescer na minha

e um enxame
de abelhas brancas
beber no umbigo
dela

e nossa escuridão
servir à noite

e erguermos
à altura do mundo

a solidão
dos animais.
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Fontes:
Armindo Trevisan. A Dança do Fogo. Porto Alegre: Artes e Ofícios, 2001.
Armindo Trevisan. Abajur de Píndaro & Fabricação do Real. São Paulo: Edições Quíron; INL, 1975

Armindo Trevisan (1933)



Nasceu em Santa Maria, RS, em 1933.

Doutorou-se em Filosofia pela Universidade de Fribourg, Suíça, com a tese Ensaio sobre o problema da criação em Bergson (1963).

Nesse mesmo ano, fez curso de aperfeiçoamento em Paris.

De 1969 a 1970, e de setembro de 1974 a fevereiro de 1975, foi bolsista da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

Atuou como Professor Adjunto de História da Arte e Estética na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, de 1973 a 1986.

Lecionou, também, no curso de pós-graduação em Artes Visuais da UFRGS até 2000.

Entretanto, é a religiosidade que permeia toda a sua obra, mesmo em seus versos mais sexuais. E é esse criticismo social e político entrelaçado com um sensual lirismo religioso que faz sua obra merecedora de vários prêmios.

E é esse criticismo social e político entrelaçado com um sensual lirismo religioso que faz sua obra merecedora de vários prêmios. Entre eles o Prêmio Gonçalves Dias da União Brasileira de Escritores por seu primeiro livro de poesias, “A surpresa do ser”, publicado em 1967 e em cuja comissão julgadora se incluíam Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira e Cassiano Ricardo, o prêmio nacional de Brasília pelo livro “O abajur de Píndaro” em 1972 e o prêmio APLUB de Literatura 1996-1997 pelo livro “A dança do fogo”.

Mas além de poesias, também escreve alguns ensaios ao longo de sua trajetória, bem como contribui com alguns jornais, entre 1967 e 1982, em Brasília (DF), Petrópolis (RJ), Porto Alegre (RS), São Paulo, Rio de Janeiro e Portugal, bem como com algumas revistas em ambos os países.

Este poeta e ensaísta tem obras traduzidas em várias línguas, principalmente alemão, italiano, espanhol e inglês, rompendo as fronteiras geográficas da cultura brasileira.

Foi escolhido como patrono da 47" Feira do Livro de Porto Alegre.

Poesias:
A surpresa de ser (1967),
A imploração do nada (1971),
Funilaria no ar (1973),
Corpo a corpo (1973),
O abajur de Píndaro / A fabricação do real (1975),
Em pele e osso (1977),
O ferreiro harmonioso (1978),
O rumor do sangue, 1979,
A mesa do silêncio (1982),
O moinho de Deus (1985),
Antologia poética (1986),
A dança do fogo (1995),
Os olhos da noite (1997),
O canto das criaturas (1998),
Orações para o novo milênio (1999).

ENSAIOS
- Essai sur le problème de la création chez Bérgson – Fribourg, Suíça, 1963
- A escultura dos sete povos – Porto Alegre, 1978
- Os sete povos das Missões – Série: Raízes gaúchas, III volume – Porto Alegre, 1980
- Escultores contemporâneos do Rio Grande do Sul – Porto Alegre, 1982
- Os sete povos das Missões – Porto Alegre, 1984
- A dança do sozinho – uma análise da arte abstrata – São Paulo, 1988
- Como apreciar a arte – do saber ao sabor: uma síntese possível – Porto Alegre, 1990
- Reflexões sobre a poesia – Porto Alegre, 1993
- A sombra luminosa – ensaios de estética cristã – Petrópolis, 1995
- A poesia: uma iniciação à leitura poética – Porto Alegre, 2000

Fontes:
http://revistaentrelivros.uol.com.br
http://www.ufsm.br/literaturaehistoria/armindotrevisan.html