sábado, 22 de maio de 2010

Luis Dolhnikoff (O Maior Espetáculo da Terra)


nossa imensa capacidade
de fazer da natureza
mais, muito mais do que a mesma natureza
fez de nós e de si mesma
criando a física e o cinema
capas de chuva e cidades
poemas, pontes, sobremesas
dentaduras, cuecas, epistemas
religiões, canetas, multidões
sonhos, luas, canções
é uma questão de treino

estranho, a princípio, o ser treinável
se a natureza cria apenas
o mínimo necessário

logo, o necessário, no mínimo:
porque, sem consciência
ciência ou projeto
desenha certo
por traços tortos

uma foca
não foi feita para brincar com bolas
futuras
nem um urso
para percorrer percursos curvos
de bicicleta
um homem para ser atleta
colecionador de selos ou poeta

porém um urso
tendo aprendido a fazer novo uso
e delicado
de cada enorme pata
deixou de ser um urso
para ser um atleta?

um poeta?

filho dos deuses
um homem que coleciona selos?

um urso numa bicicleta
difere de um urso na floresta
pela bicicleta, não pelo urso

que pode aprender seu uso
como um homem seu desenho

tudo feito
(todo feito
e fracasso)
por longuíssima tentativa
angustiantes erros
e alguma necessidade
como um urso ameaçado
pela dor, o medo e o treinador

urso que apesar de tudo
eventualmente ainda cai
da mais bela bicicleta
sobre o chão duro

como cai no escuro
na ruína ou na barbárie
a civilização mais complexa

Fonte:
DOLHNIKOFF, Luis. Sobre Sisifo. Ateliê Editorial, 2007.

Vicência Jaguaribe (A história do Mancha Branca)


- Está bem! Vou comprar um coelho. Agora vê se não me aperreia mais!

O menino saiu derrubando tudo que encontrava pela frente. Estava feliz, muito feliz. Tinha nove anos e fazia tempo que pedia um coelho aos pais. Mas sempre houvera uma dificuldade – a mãe dizia em-pe-ci-lho, palavra que o menino achava engraçada e gostava de repetir. Ele ria toda vida que a mãe a pronunciava, porque ele dividia mentalmente a palavra em vários pedaços, formando outras. Ele achava que ela era uma espécie de jogo de encaixe. Assim: dentro dela se encaixavam outras palavras. Querem ver? Empecilho – em, pé, em pé. E cabia até uma parecida: cílio.

Mas o empecilho era que, naquele imenso casarão onde sua família morava, não havia quintal. Quem já viu casa sem quintal? Principalmente no interior! Havia só umas áreas abertas: uma, entre a cozinha e a garagem, e outra, do lado, acompanhando a metade da casa. Então, onde se vai criar esse coelho? Dentro de casa, é? perguntava a mãe, já meio irritada.

O menino passou uma semana na expectativa da chegada do coelho. Foi uma espera que lhe pareceu longa demais. Até que, sete dias depois que o pai prometeu, chegou à casa do menino um animalzinho branquinho branquinho, que parecia ter nascido do amor entre duas nuvens, em um dia de céu claro. Ah! quando o menino o viu, ficou feliz demais! E lhe deu logo um nome: Mancha Branca.

- Mancha Branca, meu filho! Não tem um nome mais bonito, não?

- Mas esse, pai, é a cara dele!

E por Mancha Branca ficou. Mas o Mancha Branca era um bichinho muito nervoso, parecia que estava sempre com medo de alguma coisa. Suas orelhinhas e seu narizinho viviam sempre se mexendo. E não gostava muito de ficar nos braços do menino, não. A mamãe dizia que ele era um animal arisco. Outra palavra que o menino achou engraçada.

- Esse animal é desconfiado, tímido, arredio, parece que vive amedrontado. É mesmo arisco.

E o menino ficou matutando. Depois de pensar e pensar, concluiu que, dentro da palavra arisco, se encaixavam ar, ri, ris, risco. Ah! como ele gostava desse jogo! E ele concordava com a mãe, o Mancha Branca era mesmo arisco.

Mas a coisa começou a complicar-se quando o coelhinho resolveu ficar dentro de casa. Por mais que se fechassem as grades que separavam as áreas descobertas, ele sempre arranjava um jeito de entrar. E escondia-se tão bem escondido que ninguém conseguia achá-lo. E o pior! Começaram a aparecer peças de roupa rasgadas, sapatos roídos, redes com as varandas despregadas. Quem está fazendo essas reinações? A mamãe não teve dúvida – era o Mancha Branca. E deu um ultimato: dois dias para arranjarem outro pouso para o coelhinho.

O menino ficou chocado. E o pior é que ele nem podia defender o animal. Logo agora, que o Mancha estava começando a aceitar seus carinhos, suas ternurinhas! Primeiro pensou em amarrá-lo fora da casa, mas teve pena, coelho não é animal de viver preso. Depois, pensou em ficar com ele nos braços, todo o tempo em que estivesse dentro de casa. Também não dava certo. E quando saísse, fosse para o colégio? Além do mais, a mamãe havia falado sério, dissera até que era um ultimato. (Mas o menino estava tão preocupado que não ligou para aquela palavra.) Também, o papai dissera que o Mancha Branca se sentia muito sozinho, precisava arranjar uma namorada. E, se a mamãe achava o Mancha demais, imagine-se o Mancha mais uma namorada. Tinham que encontrar uma solução.

Foi aí que o menino se lembrou do sítio do vovô. Lá havia muito espaço, e o Mancha não sentiria vontade nem necessidade de ficar dentro de casa. E poderia arranjar quantas namoradas quisesse. Poderia até casar. E ter muitos filhotes. O menino já ouvira dizer que coelho tem muito filhote. Pronto, o menino vira uma luz no fim do túnel. E havia mais uma vantagem em levar o Mancha para o sítio do avô: o menino poderia ir lá na hora em que quisesse.

Ora, se bem pensou, melhor o fez. No dia seguinte, o menino levou o coelhinho para o sítio, e o pai dele providenciou uma coelhinha para casar com o Mancha.

O que posso adiantar desta história do Mancha Branca é que, dois anos depois, o sítio do vovô se transformou em um centro de criação e venda de coelhos. Porque era coelho saindo pelo ladrão. Em um único ano, a fêmea do Mancha Branca lhe deu setenta e dois filhotes. Isso tudo, meu Deus! É por isso que, quando uma mulher tem muitos filhos, costuma-se dizer: Esta mulher tem filho que nem coelho!

- É verdade, disse um dos tios do menino. Os coelhos são símbolos da fertilidade e da multiplicação dos seres.

Fer – ti – li – da – de! Puxa! Que palavra, pensou o menino. Essa é das boas. Dentro dela tem fértil, tem til, tem idade, tem ida, tem fé, tem de... Legal!

Fonte:
Colaboração da autora

Caravana da Leitura passará por seis cidades paulistas



O projeto realizado em praça pública disponibiliza ao público livros por um preço simbólico.

O projeto “Caravana da Leitura” criado pelo escritor Laé de Souza, depois de percorrer mais de 60 cidades brasileiras chega a diversas cidades do interior de São Paulo. Aplicado desde 2004, em parceria com as Secretarias de Educação e de Cultura dos municípios e apoio do Ministério da Cultura, o trabalho será iniciado com a participação na Virada Cultural Paulista 2010 em Santa Bárbara d'Oeste, no dia 23 e seguirá para os municípios de Sumaré, Hortolândia, Santo Antônio de Posse, Cosmópolis e Mogi Guaçu de 24 a 28 de maio.

Até o final de 2010 o público terá a oportunidade de conferir a passagem da “Caravana” em diferentes praças públicas do país, oferecendo livros para o público infantil, juvenil e adulto, pelo valor simbólico de R$1,99. O projeto reúne uma grande variedade de obras literárias do escritor Laé de Souza, apresentando histórias do cotidiano, em uma linguagem bem-humorada e pontuada por reflexões.

Aos amantes da literatura, a atividade oferece uma ótima oportunidade para rechear a estante e saciar o desejo de boa cultura. De acordo com Laé de Souza, idealizador do projeto, a ação é inédita e tem como objetivo gerar oportunidades de leitura a pessoas de todas as idades e classes sociais. “Buscamos quebrar o estigma que o brasileiro não gosta de ler. O brasileiro gosta de ler sim, o que lhe falta é oportunidade e acessibilidade aos livros que infelizmente custam muito caro no Brasil. O Caravana da Leitura vai na contramão dessa fórmula errada”, esclarece Laé de Souza.

Este ano, o evento deverá passar por mais de 40 cidades dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro com previsão de distribuição de cerca de 120 mil livros. “O objetivo do trabalho é levar cultura e incentivar o hábito da leitura em todo o Brasil. Dessa forma acreditamos que a leitura pode ser democratizada”, destaca Laé de Souza.

Interessados poderão conhecer outros projetos de incentivo à leitura, de Laé de Souza e o roteiro da Caravana da Leitura, em "Agenda", no site http://www.projetosdeleitura.com.br/

Fonte:
Colaboração de Laé de Souza

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Trova 147 - Izo Goldman (Sao Paulo/SP)

Dorival C. Fernandes (O Som de uma Lágrima)


Lágrima...
Desliza pela minha face, molha o meu rosto.
Traduz meu estado de espírito, minha agonia.
Você nasce num parto de dor, gerada pelo desgosto,
É expelida numa ânsia... Você é minha companhia.
Lágrima...
Água límpida, autêntica, cristalina e verdadeira...
Quero conte-la e sufocá-la dentro do meu peito
Desejo refrear todas minhas emoções, agonia passageira...
Tento tirá-la da minha vida... é só isso que tenho feito.
Lágrima...
Dos sonhos dourados, mas agora esquecidos.
Das esperanças todas pelo tempo dissipadas.
Fica o gosto amargo de todos esses anos vividos...
Você se confunde com a saudade, é uma ternura malvada.
Lágrima...
Você é alegria e tristeza, carinho e obsessão...
Nada é mais terno, nada é mais desolador.
Impede a voz, estrangula a alma e embaça a visão.
Símbolo de tantas coisas... da felicidade a de uma dor.
Lágrima...
Você é muda, surda e acho que não tem som.
Como todas as águas límpidas e verdadeiras,
Elas murmuram no regato, cantam nas cachoeiras.
O seu silêncio é profundo, calado, sem nenhum tom.
Lágrima...
De gosto salgado lembrando o mar imenso,
Nunca ninguém ouviu o seu ruído, seu lamento.
Só posso senti-la a me envolver como num incenso,
Molhando meu rosto, transpirando sofrimento.
Ah... lágrima minha...
Eu tenho suas marcas, eu conheço seus caminhos por viver só...
E se por acaso um dia, eu possa escutar a sua voz,
Saberei então que você, não é mais você... estarei livre da prisão.
Eu serei a lágrima... e você, eternamente a minha solidão.

Fontes:
http://blig.ig.com.br/acmpalavrasversos/

A. A. de Assis (A Língua da Gente) Parte 5


5. Falamos grego e latim

Costuma-se dizer que a língua portuguesa é filha do latim e neta do grego. Basicamente, é isso mesmo, sobretudo no que se refere ao vocabulário erudito. Supondo que ao leitor agrade recordar um pouco daquelas velhas aulas sobre radicais (ou elementos de composição), daremos a seguir uma pequena lista. Para simplificar, apresentaremos os elementos em sua forma aportuguesada.

ELEMENTOS LATINOS

Adipo (gordura): adipoma, adiposo; albi, alvi (branco): albinismo, alvorada; alter (outro): alternativa, altruísmo; ango, angere (apertar): ângulo, angústia; api (abelha): apiário, apicultor; argenti (prata): argênteo, argentífero; auri (ouro): áureo, auriverde; austro (sul): austral, austro-africano; axi (eixo): axial, axila; balneo (banho): balneário, balneoterapia; beli (guerra): bélico, belonave; cado, cadere (cair): cadente, ocaso; capili (cabelo): capilar, capiliforme; capiti (cabeça): capital, decapitar; caveo, cavere (ter cuidado): precaver-se, cauteloso; claustro (espaço fechado): claustrofobia, clausura; cola (que cultiva, que habita): agrícola, silvícola; columbi (pombo): columbicultura, columbifilia; cor, cordis (coração): cordial, cordiforme; corne (chifre): corneta; unicórnio; digiti (dedo): digitado, digital; doceo, docere (ensinar): docente, doutrina; duco, ducere (levar): conduzir, oleoduto; equi (igual): equilíbrio, equivalente; evo (idade): longevidade, medieval; fero (que contém, que produz): aurífero, carbonífero; fissi (fenda): fissiforme, fissurado; flama (chama): flâmula, inflamável; frango, frangere (quebrar): frágil, infringir; frigi (frio): frígido, frigorífico...
Gero (que produz): beligerante, lanígero; grado (grau): centígrado, graduação; grano (grão): granulado, grânulo; herbi (erva): herbicida, herbívoro; igni (fogo): ignição, ignífero; lacti (leite): lácteo, laticínio; lapidi (pedra): lapidação, lapidário; lati (amplo, largo): látex, latifúndio; loquo (que fala): locutor, ventríloquo; ludo (brinquedo, jogo): lúdico, ludoterapia; manu (mão): manuscrito, quadrúmano; nau (navio): naufrágio, náusea; nidi (ninho): nidificar, nidiforme; oculi (olho): ocular, oculista; oleri (legume): oleráceo, olericultura; oni (todo, tudo): onipresente, onisciente; opus (obra): operário, opúsculo); orizi, rizi (arroz): orizicultura, orizófago; os, oris (boca): oral, ósculo; pede (pé): bípede, pedestre; pene (quase): península, penumbra; pisci (peixe): pisciforme, piscina; pluvia (chuva): pluvial, pluviômetro; pueri (criança): pueril, puericultura; radici (raiz): erradicar, radical; rupi (pedra, rocha): rupestre, rupícola; rus, ruris (campo) rural, rústico; sacari (açúcar): sacarologia, sacarose; sagiti (flecha): sagitário, sagitifoliado; seco, secare (cortar): secionar, segmento; senex (velho): senador, senilidade; serici (seda): sericicultor, sericígeno; sesqui (um e meio): sequicentenário, sesquidúzia; video, videre (ver): evidência, vidente; vir (homem, varão): viril, virilidade.

Fonte:
A. A. de Assis. A Língua da Gente. Maringá: Edição do Autor, 2010

Luis Dolhnikoff (Epistemologia da Pesca)


líquidos
os peixes
no vidro mole do mar

remotamente perto
a areia dos meus pés
no vidro moído da praia

e duas hipálages:
peixes não são líquidos
ou meus pés silício

mas carbono
e silêncio
moldados em sólidos macios

que solidez, porém
molda os insólitos vazios
de que os átomos são repletos

entre a nulidade do núcleo
e a distância astronômica
de sua névoa de elétrons?

mas se peixes não são líquidos
há, apesar dos vazios
solidez e, talvez, verdade

(se não a solidez da verdade
a verdade da solidez
dos peixes)

nada, entretanto, é sólido
por culpa, ou do capitalismo
("tudo se desmancha no ar...")

ou do dicionário
em que é sinônimo
(um outro nome) de maciço

e sólido não é isso:
pois um líquido
denso como o chumbo

derretendo
não parece menos
cheio de si mesmo

por outro lado
(ou pelo mesmo: de fora
para dentro)

não há sólidos
que não sejam penetráveis
por alguma radiação

(os transparentes são
transpassáveis pela luz:
sólida nudez)

raios
nas pequenas noites vazias
dos átomos

porém uma pedra
é impenetrável
por outra pedra

pelas fortes correntes
elétricas entre
as nuvens de elétrons

uma rede
de pesca talvez contenha
um bom modelo bidimensional:

a rede é um entrelaço
de nós e de fios
entre os nós

como os peixes
de átomos
e interações entre eles

uma linha
transversal a transpassa
como as ondas

eletromagnéticas
a água
e os peixes

duas redes abertas
uma sobre
a outra

não são, porém, permeáveis
apesar de feitas
na maior parte de vazios:

redes
não são penetráveis
por redes

a solidez
se impenetrabilidade mútua
entre redes íntegras

é um fato
palpável como um peixe
ou seja, uma verdade:

existe a solidez
apesar dos vazios
que a preenchem

daí ser prenhe
de sentido
falar em solidez, em peixes

e na impenetrabilidade
mas não na inexistência
da verdade

deus
diria um pescador
de homens e de sua dor

rede vazia
se não de pescarias
de si mesma

eu replicaria
não fora para ouvidos
de mercadejador:

cerrados
nós górdios que se cortam e
se desfazem

ou não se cortam e
se desfazem
em finas linhas finitas

a rede
a verdade
a impenetrabilidade

Fonte:
DOLHNIKOFF, Luis. Sobre Sisifo. Ateliê Editorial, 2007.

Lançamento do Livro Apenas uma Questão de Trovas, de Ary Teixeira de Oliveira e José Levy de Oliveira

Fonte:
Colaboração da Academia de Letras de Viçosa (Maria Aparecida da S. Simões)

Instituto Memória convida para lançamento do livro de Valdir Comegno, "A Magia do Rádio"


O Instituto Memória Editora e a Livraria Cultura
convidam para o lançamento nacional do livro:
A MAGIA DO RÁDIO

de Valdir Comegno
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Este livro focaliza fatos e personagens marcantes da história do rádio no Brasil, desde sua implantação na década de 20 até a década de 60, quando essa era artística entra em crise, com a rígida censura imposta pelo Regime Militar, culminando com a intervenção da Rádio Nacional e com o fechamento da Rádio Mayrink Veiga.

Apresenta, numa linguagem objetiva e agradável, Histórias e registros peculiares, gostosos de ler e importantes de saber. Ricamente ilustrado, resgata fatos que dão saudades e nomes que avivam memórias e nunca deveriam ser esquecidos.

Nas palavras do Sociólogo Juvenal Alvarenga Jr.:
“Sua leitura será evocativa e emotiva, para quem foi testemunha da marcante presença do rádio, e enriquecerá a cultura dos jovens com dados objetivos e históricos.”

No dizer do jornalista e pesquisador de música brasileira, Thiago Marques Luiz:
“Através deste livro é possível compreender não só a importância da Era de Ouro do rádio no Brasil, mas os porquês que levaram a nossa música de hoje a ser o que ela é.”

SERVIÇO:

Data: 24 de Maio de 2010

Horário: das 19h às 21h30

Local: Livraria Cultura - Conjunto Nacional - Av. Paulista, 2073 - Fone: (11) 3170-4033
____________________________________________
Instituto Memória Editora
Editora Destaque Nacional pela Câmara Brasileira de Cultura
por dois anos consecutivos: 2008 e 2009
(41) 3352 3661 - 3352 4515
http://www.institutomemoria.com.br/
Anthony Leahy - Editor
(41) 3352 3661 - 3352 4515

Fonte:
Instituto Memória

Tasso da Silveira (Poema 17)


Esquece o tempo. O tempo não existe.
Acende a chama às límpidas lanternas.
Nossas almas, a ansiar no mundo triste,
são de uma mesma idade: são eternas.

Se no meu rosto lês mortais cansaços,
é natural. A luta foi renhida:
caminhei tantos passos, tantos passos
para que te encontrasse em minha vida...

Não medites o tempo. Se muito antes
de ti cheguei, para a áspera, inclemente
sina de navegar por este mar,

foi para que tivesse olhos orantes,
e me purificasse longamente
na infinita aflição de te esperar...

Fontes:
Jornal de Poesia
Imagem = http://patriciamellodi.com/