sábado, 30 de outubro de 2010

Folclore Brasileiro (Lenda do Uirapuru)



Dizem que no Sul do Brasil, havia uma tribo de índios, cujo cacique era amado por duas moças muito bonitas.

Não sabendo qual escolher, o jovem cacique prometeu casar-se com aquela que tivesse melhor pontaria.

Aceita a prova, as duas índias atiraram as flechas, mas só uma acertou o alvo. Essa casou-se com o chefe da tribo.

A outra, chamada Oribici, chorou tanto que suas lágrimas formaram uma fonte e um córrego.

Pediu ela a Tupã que a transformasse num passarinho para poder visitar o cacique sem ser reconhecida.

Tupã fez a sua vontade. Mas verificando que o cacique amava a sua esposa, Oribici resolveu abandonar aqueles lugares.

E voou para o Norte do Brasil, indo parar nas matas da Amazônia

Para consola-lá, Tupã deu-lhe um canto melodioso. Assim canta para esquecer as suas mágoas, e os outros pássaros quando encontram o uirapuru, ficam calados para ouvir as suas notas maravilhosas.

Por causa de seu canto belo, chamam de professor de canto dos pássaros

O uirapuru (Leucolepis arada) é o cantor das florestas amazônicas. Tem um canto tão lindo, tão melodioso que os outros pássaros ficam quietos e silenciosos, só para ouvi-lo.

Todavia este canto somente pode ser ouvido 15 dias por ano, na época em que constrói o seu ninho.

Não bastasse isto, ele canta somente ao amanhecer, por 5 ou 10 minutos.

Neste pássaro o real e o lendário se confundem, dizem que ele não repete frases musicais.

Por todas estas qualidades os indígenas e sertanejos acham que ele é um pássaro sobrenatural.

Na verdade o seu nome quer dizer: "pássaro que não é pássaro".

Depois de morto o seu corpo é considerado um talismã que dá felicidade a quem o possui.

Para os tupis o uirapuru é um deus que toma a forma de pássaro e anda sempre rodeado de outros, a ele atribuem a virtude de conduzir um refluir de pessoas à casa de quem possui um deles .

O maestro Heitor Villa-Lobos compôs em 1917 o poema sinfônico "Uirapuru", baseado em material do folclore coletado em viagens pelo interior do Brasil. Na lenda que inspirou a obra, o pássaro encantado - "rei do amor" - é flechado no coração por uma moça embevecida com a suave canção e transforma-se em um garboso jovem.

CARACTERÍSTICA FÍSICA: Tem bico forte, pés grandes e, às vezes, nos lados da cabeça, um desenho branco.

COMPRIMENTO: 12,5 cm.

CANTO: Com um canto longo e melodioso, sua "intenção" é outra: a atração para acasalamento. Esses cantos duram de dez a quinze minutos ao amanhecer e ao anoitecer, na época de construção do ninho. Durante o ano todo, o uirapuru canta apenas cerca de quinze dias. O canto do uirapuru ecoa na mata virgem. O som, puro e delicado como o de uma flauta, parece ter saído de uma entidade divina. Os caboclos mateiros dizem com grande convicção que, quando canta o uirapuru, a floresta silencia. Como se todos os cantores parassem para reverenciar o mestre.

Fonte:
http://www.uirapurumidis.hpgvip.ig.com.br/lenda_do_uirapuru.htm

Ernane Gusmão (Uirapuru)


Voa,voa,passarinha
vai dizer ao meu amor
que ela ainda vai ser minha
com ternura e com fervor.

pra melhor a conheceres
vou te dar os traços seus
tem os olhos os mais lindos
os mais belos,deu-lhos Deus.

Seu cabelo é aloirado
os seus lábios um primor
sua pele é rosada
ela é bela como a flor.

28.10.2010
Bahia
–––––––-
Sobre o autor: http://singrandohorizontes.blogspot.com/2010/06/ernane-gusmao-1941.html

Fonte:
Efigênia Coutinho

Efigênia Coutinho (Canto do Uirapuru)


Ó pássaro de belo canto!
Pousa leve e dá teu recado.
Trazes pra mim o encanto
Dos beijos de meu amado?

Uirapuru do canto belo,
Quero ouvir o teu cantar.
Nele escuto o sonho que velo
De meu amor encontrar.

Uirapuru volta e pra ele diz
Que recebi o seu recado.
Que ele deixou muito feliz
Meu coração enamorado.

Mando-lhe festivos beijos
Para os seus lábios afagar.
Vão assim cheios de desejos,
De poder lhe enamorar!...

Balneário Camboriú
Outubro 2010

Sobre a autora
http://singrandohorizontes.blogspot.com/2010/08/efigenia-coutinho.html

Fonte:
Efigenia Coutinho

Rodrigo Petronio (Oficina de Escrita Criativa, em São Paulo)



Professor Rodrigo Petronio

Duração 5 encontros

Dias 3, 10, 17, 24 de novembro e 01 de dezembro - quarta-feira, das 18h30 as 20h30

Local Fundação Ema Klabin - Rua Portugal 43, Jardim Europa

Valor R$ 150,00 na inscrição + uma parcela de R$ 170,00

O objetivo da Oficina de Escrita Criativa é desenvolver alguns procedimentos técnicos ligados à escrita literária em ficção, poesia e não-ficção, sobretudo nas áreas de poesia, ensaio e conto. Como se sabe, a literatura tem um amplo arsenal de recursos dos quais os escritores se valem para produzir os efeitos desejados.

Mesmo na literatura contemporânea, na qual há uma flutuação muito grande de estilos, propostas, padrões e normas, é possível chegar a alguns critérios objetivos, que nos levam a compor um texto de maior ou menor qualidade literária. O objetivo do curso é justamente dar instrumentos teóricos e práticos para aqueles que se interessam por literatura e desejam refinar as técnicas de escrita.

Aula 1:
Conceitos fundamentais de poesia, poeta, poema e poética. Distinção entre esses vários termos à luz de alguns poemas. Distinção de gêneros. Limites entre poesia e prosa. Prosa poética e poema em prosa. As três unidades fundamentais da poesia: imagem, música, conceito. Coisas a serem evitadas: clichês, redundâncias, cacofonias, lugares-comuns, inverossimilhança, ludismo, conteudismo, expressão de sentimentos, entre outras. Produção de texto a partir de temas sugeridos.

Aula 2:
O reino da imagem. A importância da imagem na literatura. Analogia x Ironia: os dois signos da modernidade. Os usos da imagem. Teoria das correspondências. A imagem poética: definição. Leitura de escritores da imagem. Escrita de textos utilizando imagens.

Aula 3:
A música acima de tudo. A importância da música na poesia. Música e prosódia: entre o canto e a fala. A teoria das sugestões e a musicalidade. Distinções entre ritmo e metro. Polirritmia e verso livre. O ritmo na prosa. Ensaio: a cadência do pensamento. Leitura de escritores que exploram as possibilidades do ritmo seja na prosa ou na poesia. Escrita de poemas utilizando ritmo e música.

Aula 4:
Literatura e pensamento: a beleza pensada. A importância do conceito na poesia. Poesia e filosofia. A doutrina do conceito engenhoso. Distinções entre conceito poético-literário e conceito intelectual. Leitura de poetas do pensamento. Escrita de poemas utilizando recursos do conceito.

Aula 5:
Leitura crítica da produção final dos textos dos participantes. Fechamento de principais ideias levantadas ao longo do curso sobre as técnicas que podem ser usadas na escrita. Coletânea dos textos produzidos e leitura final como preparativo de um pequeno livro dos participantes.
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Rodrigo Petronio é editor, escritor e professor. Formado em Letras Clássicas e Vernáculas pela USP. Professor e cofundador do curso de Criação Literária da Academia Internacional de Cinema (AIC), professor-coordenador do Centro de Estudos Cavalo Azul, fundado pela poeta Dora Ferreira da Silva, e coordenador de grupos de leitura do Instituto Fernand Braudel. É membro do Nemes (Núcleo de Estudos de Mística e Santidade) da PUC-SP. Autor dos livros: História Natural, Transversal do Tempo, Assinatura do Sol, Pedra de Luz e Venho de um País Selvagem, entre outros.

Fonte:
Projeto Cultura

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Rogério Recco (Lançamento de dois títulos sobre cooperativas pela Flamma Comunicação)



Trajetórias do Sicredi União PR e da Unimed Regional Maringá são assinadas pelo jornalista Rogério Recco

Dois novos títulos sobre trajetórias relacionadas ao sistema cooperativista na região de Maringá, produzidas pela Flamma Comunicação Empresarial, serão lançados ainda neste ano. O primeiro, denominado “A Ousadia Que Fez Acontecer”, descreve os 25 anos do cooperativismo de crédito a partir da fundação pela Cocamar, em 1985, da antiga Cooperativa de Crédito Rural de Maringá Ltda (Credimar), hoje Sicredi União PR. O segundo, “O Caminho do Tempo”, relata as três décadas da Unimed Regional Maringá, fundada em 1982 e atualmente a terceira maior em seu segmento do Estado.

As duas obras, assinadas pelo jornalista Rogério Recco, são resultado de um intenso trabalho de pesquisa que conseguiu recolher documentos, fotografias e colher mais de uma centena de depoimentos. “Ambas as histórias estavam dispersas em fragmentos que, ao final, permitiram uma sequência lógica, que foi sendo aprimorada”, informou Recco.

O livro “A Ousadia Que Faz Acontecer”, com 188 páginas, será lançado no dia 24 de novembro como parte da programação de aniversário do Sicredi União PR, que comemora 25 anos de fundação. Segundo o autor, como os bancos estavam cada vez mais restritivos em relação ao crédito rural, as cooperativas de produção, orientadas pela Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), fundaram suas cooperativas de crédito praticamente na mesma época para que os produtores associados dependessem menos daquelas instituições.

Por sua vez, o lançamento de “O Caminho do Tempo”, também com 188 páginas, está programado para o início de dezembro. O livro faz uma retrospectiva da história da medicina na cidade, que começou em 1946 com a chegada do primeiro médico, Lafayete Tourinho. Nos anos seguintes foram construídos os primeiros hospitais, todos de madeira. Era uma época em que esses profissionais andavam de jipe ou a cavalo para atender pacientes em propriedades rurais. A publicação cita que a classe médica teve participação importante no desenvolvimento da cidade, ao longo de sua história. A Unimed foi fundada em 1982 e, em quase três décadas, teve apenas quatro presidentes: o atual, Durval Francisco dos Santos Filho, é o único nascido em Maringá, cujo pai foi um dos primeiros moradores da cidade.

O clínico e cirurgião Leandro Lobão Luz, de 89 anos, que chegou a Maringá em 1951 e ainda está em atividade, é um dos médicos pioneiros cuja história está relatada em “O Caminho do Tempo”.

Fonte:
Olga Agulhon

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n.33)


Trova do Dia

Vendo o orvalho na campina,
enfeitando a madrugada,
pude ver a mão divina
sobre a noite enluarada...
J. B. XAVIER/SP

Trova Potiguar

Dela sempre eu ouço os passos,
audíveis só para mim;
cai de repente em meus braços,
sinto o gosto do carmim.
MANOEL DANTAS/RN

Uma Trova Premiada

2007 > UBT-Natal/RN
Tema > DESTINO > Menção Honrosa

Que não me julguem culpado
por não achar a saída...
meu destino está traçado,
nos labirintos da vida!
FRANCISCO JOSÉ PESSOA/CE

Uma Poesia livre

MARIZE CASTRO/RN
SETA

Atrás do amor, um tentáculo.
Um túmulo. Uma sede de flor e sol.
Retorno para a menina que grita:
— Horror! Horror! Horror!
Mostro-lhe a seta que me acertou.
Coloco seu rosto entre minhas mãos
— e lanço-me.

Uma Trova de Ademar

A floresta vem sofrendo
cortes profundos no peito...
Tal qual rio que está vendo
jogarem lixo em seu leito...
ADEMAR MACEDO/RN

...E Suas Trovas Ficaram:

Ao arrancar-te do peito,
tristonho, mas consciente,
eu conquistei o direito
de ser feliz novamente.
MARISOL ARAGÃO/RJ

Estrofe do Dia

O meu sonho sempre voa
nas asas que o verso cria;
na minha imaginação
ele cresce e se irradia,
toma beleza e formato
faz um passeio abstrato
e pousa em minha poesia.
ADEMAR MACEDO/RN

Soneto do Dia

EDMAR JAPIASSÚ MAIA/RJ
A REZADEIRA.

Na cancela o cão magro já não late
à passagem da intensa romaria.
Hoje o destino fez mais triste o dia,
na dor da perda que no lar se abate...

Às mazelas do povo ela se via
com ervas e com rezas no combate;
porém não teve a graça do resgate
da saúde que a tantos devolvia...

Quem se doa no amor o Bem espalha...
E aquele frágil corpo, na mortalha,
o humilde lugarejo não despreza.

No último adeus à velha rezadeira,
em gratidão eterna, a vila inteira,
doando o coração, pranteia...e reza!

Fonte:
Ademar Macedo

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Trova 182 - Dinair Leite (Paranavaí/ PR)


Montagem da trova com várias imagens obtidas na internet e modificadas

A. A. de Assis (Lançamento da Revista Virtual Trovia n.131– novembro de 2010)

Trovas do Paraná que estão na Revista
São de cristal ou de barro
nossas vaidades... tão só.
Um baque, um tombo, um esbarro,
e tudo reduz-se a pó...
A. de Assis
Herdou floresta do avô,
“um matuto sem visão”.
E o legado que deixou:
um deserto em erosão!
Eliana Palma
Sobrepujando conflitos
em que o mundo se compraz,
seus braços, ninhos benditos,
são meu refúgio de paz!
Jeanette De Cnop
E’ troca de amor fecundo
a toda mãe concedida:
ela põe vida no mundo,
nela o mundo põe mais vida.
Lucília Decarli
Meu amor da mocidade
foi efêmera ilusão;
dele só resta a saudade,
nas cinzas de uma paixão.
Maurício Friedrich
Viajei pelo mundo inteiro
e nunca mais pude achar
o que no instante primeiro
encontrei em seu olhar.
Olga Agulhon
Tinha coreto na praça,
e ela era alegre e florida...
Quem hoje por ela passa
perde a bolsa... ou perde a vida!
Osvaldo Reis
A Terra, no seu início,
foi palácio verde em flor.
Agora ela é um precipício
de enchentes e dissabor.
Otavio Leite Goetten
Causa-me dupla aflição
ver meu amigo fumar...
Sem respeitar seu pulmão,
o que mais vai respeitar?
Roza de Oliveira
Lembranças, todos nós temos...
mas só vale a pena ter,
quando algo que já vivemos
valeu a pena viver!
Vanda Fagundes Queiroz
O que sei da faculdade,
das viagens e coisas mais
não representa a metade
do que aprendi com meus pais.
Vânia Ennes
A semente adormecida,
a sonhar com benfeitor,
pede terra umedecida
para ser a planta e a flor!
Vidal Idony Stockler
Além destas,

Trovadores Inesquecíveis e suas trovas
Adauto Gondin
Armando Pereira
Américo Falcão
Bastos Tigre
Geraldo Guimarães
Hélio Nogueira
J. G. de Araújo Jorge
José A. Costa
Josué Tabira da Silva
Lindouro Gomes
Orlando Brito
Raul Serrano3
Serafim França
Tobias Barreto

Trovadores do Brasil:
CEARÁ
Francisco Pessoa

ESPIRITO SANTOHumberto Del Maestro

MINAS GERAISConceição Abritta
Conceição de Assis
Eduardo A. O. Toledo
Olympio Coutinho
Thereza Costa Val
Wanda Mourthé

RIO DE JANEIROAgostinho Rodrigues
Edmar Japiassú Maia
Evando Marinho Salim
Evandro Sarmento
Gilvan Carneiro
Jota José
Ma. Madalena Ferreira
Maria Nascimento
Marilu Moreira
Renato Alves
Roberto Acruche

RIO GRANDE DO NORTEAdemar Macedo
Djalma da Mota
Eva Yanni Garcia
Joamir Medeiros
José Lucas de Barros

RIO GRANDE DO SULCarmen Pio
Flávio Stefani
Lisete Johnson
Marisa Vieira Olivaes

SANTA CATARINAAri Santos de Campos
Gislaine Canales

SÃO PAULOAngélica Villela Santos
Carolina Ramos
Darly O. Barros
Divenei Boseli
Ercy Marques de Faria
José Ouverney
Mª Thereza Cavalheiro
Marina Bruna
Mifori
Nilton Manoel
sué de Vargas Ferreira
Selma Patti Spinelli
Sérgio Ferreira da Silva
Terezinha Brisolla
Thalma Tavares

Baixe a Revista em seu computador AQUI

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Fonte:
Colaboração de A. A. de Assis com a Revista Trovia n.131 – novembro de 2010.

Aidenor Aires (Desencantamento)


Feliz é quem se encanta. Descobre nas pequenas coisas um mapa de mistério. Isto faz falta ao mundo. Originalidade. O homem, farto da surpresa, faz tudo igual. Palavra da moda: clone. O leitor já viu no supermercado, as embalagens: uma a cara da outra. Os frangos todos depenadinhos, plastificados, em formação, como se houvessem saído de um mesmo ninho. As flores e jardins, dispostos e podados, tão harmoniosos que não ousam estirar um galhinho atrevido, nem mesmo um despetalar mais afoito. Obedientes à tesoura do jardineiro. É a estética cemiterial dos paisagistas. Dê uma olhada nas avenidas dos condomínios fechados. Lembram logo aléias de cemitérios, bem talhadas aos moradores semi-sepultos, encolhidos, passando mortuários nos carros de vidros escurecidos, quase invisíveis. Espetam aqui um pinheiro exótico, acolá várias palmeiras alienígenas. Vivendas, reclusas, tomam um ar único de túmulos bem cuidados. Parece que paisagistas e arquitetos não olham ao redor, fogem da euforia da flora tropical, e se entregam ao gozo fácil das revistas com cenários artificiais e arvorezinhas importadas.

Dê atenção aos jornais da televisão. Os repórteres esforçam-se para exibir o mesmo design. Cabelo, maquilagem, entonação e voz. Quem se lembra das frutas? Mamões de cinco ou seis quilos. Mangas de cores, tamanhos e sabores surpreendentes. Bananas, então, onde estão as chamadas roxas, santomé, goiabinha, chiadeira, naniquinha, ourinho? Restam três ou quatro tipos, medidas para caber nas embalagens. Laranjas... Já se foram: joão nunes, baiana, fofó, sangue, lisa... Há uma pera, quase sempre seca, e brilhante com um adocicado sabor de agrotóxico. Se as coisas da terra andam assim, o que dizer daquelas que o homem manufaturou? O horror da gastronomia universal, os sanduíches que encobrem em fatias de pão molhos imperscrutáveis e carnes inconfessáveis. Redondos, fofos, melosos de maionese e catchup. Os devoradores ficam na incômoda posição de cachorro que abocanhou osso grande de mais. Vai mordendo, remoendo, lambuzando a cara, respingando em montanhas de papel o rejeito da merenda. Depois empurra o embucho pra dentro, a copos ou litros de cáustico refrigerante. Com o olho na televisão, na mídia, essa gente foi perdendo alguns sentidos, a começar pelo paladar. E as mulheres... Adeus corpinho de violão! O novo estilo é de cabide das grifes de moda. Pegam as mocinhas impúberes, treinam, adestram. Vão adelgaçando, esfiapando até virarem umas garcinhas anoréxicas que enchem as burras dos fotógrafos, dos donos dos desfiles, dos olheiros do mercado de carne magra. Umas já nasceram assim, outras se fizeram assim por amor do ofício. Um dos olheiros, perito em encontrar essas carninhas novas por aí, foi didático, enquanto formava novo plantel:

- Esta é até boa. Podia ser aproveitada. Porém tem um nariz ruim. Seria preciso uma plástica. Mas como a oferta é grande, não vamos perder tempo, vamos escolher quem já tem nariz no jeito.

Fonte:
http://aidenoraires.blogspot.com/

Aidenor Aires (1946)


Aidenor Aires Pereira (Riachão das Neves, 30 de maio de 1946) é poeta brasileiro, radicado em Goiânia. Por sua importância cultural para o estado de Goiás, recebeu o título de "Cidadão Goiano" da Assembleia Legislativa daquele estado, no ano de 2009.

Filho de Wilton Santos e de Valeriana Aires Pereira, após cursar as primeiras letras na cidade natal, mudou-se para Goiânia, onde completou a formação na Escola Técnica Federal. Depois cursou o Liceu de Goiânia e bacharelou-se em Letras pela Universidade Católica de Goiás e, mais tarde, em Direito.

Trabalhou na advocacia e no magistério, quando por concurso integrou o Ministério Público até sua aposentadoria.

Membro da Academia Goiana de Letras e da Academia Goianiense de Letras. Atual presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás.

Por seu livro Reflexões do conflito, de 1970, escrito em parceria com Gabriel Nascente, passou a pertencer ao grupo pós-GEN, ou Novo Grupo de Escritores Novos. Detentor de diversos prêmios de poesia, entre eles, o Fernando Chinaglia de 1978 e o prêmio Bienal Nestlé de Literatura Brasileira de 1986. É um dos fundadores da Academia Goianiense de Letras.

Livros Publicados
Reflexão do Conflito, Goiânia: Departamento Estadual de Cultura de Goiás, 1970;
Itinerário da Aflição, Goiânia: Oriente, 1973. Prêmio Bolsa de Publicações Hugo de Carvalho Ramos;
Lavra do Insolúvel, Goiânia: Oriente, 1974. Prêmio Bolsa de Publicações Hugo de Carvalho Ramos;
Rio Interior, Goiânia: Líder, 1977. Prêmio Fernando Chinaglia;
Amaragrei. Brasília: Ipiranga, 1978. 1º lugar no 3º Concurso Nacional de Literatura de Goiás;
Canto do Regresso, Goiânia: Edição do Autor, 1979;
Tuera – elegia carajá, Brasília: Thesaurus, 1980;
Aprendiz de Desencantos, Goiânia: Inigraf, 1982;
Os Deuses são Pássaros do Vento. Goiânia: Cerne, 1984; Prêmio Bolsa de Publicações Hugo de Carvalho Ramos, 1984;
Via Viator. São Paulo, Melhoramentos, 1986. Prêmio Bienal Nestlé.
Na Estação das Aves, 1973;
O Canto do Regresso, 1979;
A Árvore do Energúmeno, contos, 2001; Via Viator, 1986;
O Dia Frágil, 2005; Seleta Poética, antologia, 2005; XV Elegias, 2007;
Seiva Resguardada, tradução, 2007.

Fonte:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Aidenor_Aires