terça-feira, 19 de julho de 2011

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 274)



Uma Trova Nacional

Somente a força divina
promove graças tamanhas:
– o sol remove a neblina...
– a fé remove montanhas...
–ERCY MARIA MARQUES/SP–

Uma Trova Potiguar

Mar adentro, mundo afora,
a distância aumenta mais...
e enquanto a saudade chora,
“um lenço acena no cais”.
–MARA MELINNI/RN–

Uma Trova Premiada

2008 - Ribeirão Preto/SP
Tema : INCLUSÃO - 5º Lugar

Meu Deus, que eu não seja omissa
na luta pela inclusão,
pois quem clama por justiça
é Teu filho...e é meu irmão.
–THEREZINHA DIEGUEZ BRISOLLA/SP–

Uma Trova de Ademar

Após causar desencantos
e nos fazer peregrinos,
a seca faz chover prantos
nos olhos dos nordestinos...
–ADEMAR MACEDO/RN–

...E Suas Trovas Ficaram

A igreja, as flores e o eleito,
ela de branco e eu tristonho;
foi o cenário perfeito
para o enterro de meu sonho.
–ALONSO ROCHA/PA–

Simplesmente Poesia

–JOMACI DANTAS/PB–
Meu Filho

Vem meu filho, meu amigo
para se banhar na fonte,
depois viajar comigo
nas linhas do horizonte;
vem meu filho ouvir meu verso
que fiz no lindo universo
com inspiração, porque...
Em cada estrofe que faço
sinto por dentro um pedaço
da grandeza de você!...

Vem meu filho, eu quero dar-te
e dizer com fé imensa,
Deus está em toda parte
eu sinto a sua presença,
o sol que revela o brilho
é com certeza, meu filho
o santo olho de Deus;
que em sua plenitude
vem clarear de virtude
os ensinamentos seus.

Estrofe do Dia

Não é para cantador
que se diz bom repentista,
fica para cordelista
que também tem seu valor;
o bom improvisador
não bota papel na mão,
pois da sua inspiração
nasce um verso sem defeito
o verso quando é bem feito
passa pelo coração.
–GERALDO AMÂNCIO/CE–

Soneto do Dia

–DIVENEI BOSELI/SP–
Caminho Amargo

Há tons de dor no por do sol tristonho
(se é que a dor tem, por acaso, cor);
é hora de eu voltar pelo enfadonho
caminho sempre amargo, aonde eu for...

Todos os dias trilho-o com a dor,
e, ao regressar, à dor já não me oponho,
pois trago o pão de cada dia e o amor
por quem, no amanhecer, levo em meu sonho...

Réstias de sol me banham quando venho
ao romper da alva o pão buscar, garrida,
por bem dos “anjos” que em casa deixei.

Ao regressar, o olhar sempre detenho
no ocaso (que reflete a minha vida)
e... ái, que saudade atroz de quando amei...

Fontes:
Textos enviados pelo autor

segunda-feira, 18 de julho de 2011

18 de Julho (Dia Nacional do Trovador)


O dia 18 de julho é o dia consagrado aos trovadores do Brasil. A data foi fixada por leis estaduais e municipais, onde que haja um cultor da Trova, em homenagem ao Trovador LUIZ OTÁVIO, o responsável pelo insuperável movimento literário brasileiro, que é o movimento trovadoresco nacional.

No dia do Trovador, todas as Seções da União Brasileira de Trovadores – UBT e Delegacias espalhadas por centenas de municípios brasileiros comemoram a data com almoços festivos, reuniões, com as chamadas chuvas de trovas, (centenas de trovas impressas) jogadas das janelas dos trovadores, para que os transeuntes se deliciem com as trovas que vão caindo ao sabor do vento. São realizadas palestras, enfim, cada seção ou delegacia comemora da melhor forma que pode a passagem do dia legalmente dedicado ao trovador.

A data foi escolhida em homenagem a LUIZ OTÁVIO, o Dr. Gilson de Castro, um dos mais conceituados Cirurgiões – Dentistas da época, formado pela Faculdade Nacional de Odontologia da Universidade do Brasil, em 1936. Sua clientela não ficava restrita apenas ao município Rio de Janeiro, se espalhava por São Paulo, Santos, Belo Horizonte e outras cidades mais próximas da sede do seu consultório, que, recordo como se fosse hoje, ficava na Rua do México, 119, no 9º Andar.

LUIZ OTÁVIO nasceu no Rio de Janeiro, no dia 18 de julho de 1916. Filho de OCTÁVIO DE CASTRO e Dona ANTONIETA CERQUEIRA DA M. CASTRO.

LUIZ OTÁVIO foi o precursor do movimento trovadoresco brasileiro, tendo publicado em 1956, a primeira Coletânea de Trovas, intitulada “ Meus irmãos, os Trovadores”, contendo mais de duas mil Trovas, mais de seiscentos autores brasileiros, notas elucidativas e bibliográficas.

O “Castanheira – de – Pêra”, Jornal Português de 11 de agosto de 1958 publicou sobre Meus Irmãos, os Trovadores:

“Esta coletânea, a primeira do gênero, veio preencher uma lacuna que se fazia sentir. Apresenta mais de seiscentos autores brasileiros, duas mil trovas, inúmeras notas bibliográficas e elucidativas e minuciosa introdução com um estudo sobre a trova. É um valioso trabalho que se impõe. A Luiz Otávio, em quem há muito reconhecemos idoneidade literária e bom sentido poético, apresentamos os nossos parabéns e os desejos de que o seu trabalho tenha a divulgação que a todos os títulos merece”.

Referindo-se ao mesmo trabalho de LUIZ OTÁVIO, A ILHA, JORNAL DA África- São Miguel dos Açores, de 16 de fevereiro de 1957, registrou:

“ Esta grande coletânea de trovas honra LUIZ OTÁVIO pelo seu trabalho, seriedade, competência e cultura, contribuindo para uma melhor compreensão deste tão ‘ simples e difícil‘ gênero poético. “.

O Correio da Manhã do Rio de Janeiro, na edição de 27 de janeiro de 1957, em coluna assinada por Sílvia Patrícia, assinalou:

“Meus Irmãos, os Trovadores, o volume novo que LUIZ OTÁVIO - Papai Noel da Poesia- ofereceu-nos no Natal que passou, é quase um romance no qual cada pena desta nossa irmandade de sonho narra, em quatro linhas, uma alegria ou uma tristeza, cardos e flores encontrados pelo caminho.”

O Jornal O Positivo, de Santos Dumont, MG., em coluna assinada por Antônio J. Couri, no dia 1º de outubro de 1957, escreveu sobre Meus Irmãos, os Trovadores:

“Raríssimas são as vezes em que o Brasil tem a oportunidade de conhecer coletâneas de poesias, ou , simplesmente quadras. Agora temos uma apresentada por LUIZ OTÁVIO, porém de trovas. De uma organização primorosa , o autor de “Cantigas para Esquecer” soube escolher a matéria que compõe o livro, constituindo assim um verdadeiro monumento de arte da poesia nacional.”

Evidentemente, não seria necessário selecionarmos as opiniões acima para este modesto trabalho a respeito do Dia do Trovador e de LUIZ OTÁVIO, o responsável pelo reconhecido movimento trovadoresco da atualidade, que começo a se firmar a partir da publicação de “ Meus Irmãos, os Trovadores“,obra que reuniu trabalho de trovadores de todos os recantos do território nacional, numa época em que os meios de comunicação ainda eram bastante precários, o que, por certo, valorizou ainda mais o livro, pelo trabalho incessante do Autor, inveterado apaixonado pela trova, como escreveu.

"A trova tomou-me inteiro!
tão amada e repetida,
agora traça o roteiro
das horas de minha vida."

"Trovador, grande que seja,
tem esta mágoa a esconder:
a trova que mais deseja
jamais consegue escrever ... “

Por estar na solidão,
tu de mim não tenhas dó.
Co trovas no coração,
eu nunca me sinto só.”


No ano de 1960, em Congresso de Trovadores realizados em São Paulo, foi eleita a Família Real da Trova, ficando assim constituída : Rainha da Trova : LILINHA FERNANDES (Maria das Dores Fernandes Ribeiro da Silva); Rei da Trova : ADELMAR TAVARES e Príncipe dos Trovadores, LUIZ OTÁVIO (Gilson de Castro). Mesmo já sendo falecidos, continuam com o título, pois outros trovadores só poderão adquirir o título se houver uma Eleição Nacional ou um Congresso realizado com esta finalidade, em que participe um número muito grande de trovadores, com a participação de representantes de todo o país, uma vez que não pode ser reconhecido qualquer título literário supostamente alcançado com a votação de sócios de uma academia, associação, centro literário etc, com exceção de sua Diretoria.

Ainda no ano de 1960, LUIZ OTÁVIO, juntamente com J. G. de Araújo Jorge, criaram os Jogos Florais de Nova Friburgo, com o apoio do Prefeito Municipal da Cidade, Dr. Amâncio de Azevedo e do Trovador Rodolpho Abbud, até hoje o mais respeitado trovador da Cidade, Jogos Florais que se realizam, ininterruptamente, desde 1960 e seus festejos fazem parte do calendário oficial da Cidade e são realizados como parte dos festejos do aniversário de Nova Friburgo.

No dia 21 de agosto de 1966, LUIZ OTÁVIO fundou a União Brasileira de trovadores – UBT - no Rio de Janeiro e a UBT Nacional,com sede também no Rio de Janeiro, tendo a mesma se expandido em pouco tempo, contando hoje com uma infinidade de Seções e Delegacias em quase todo o território nacional, onde se realizam cerca de 80 concursos de Trovas por ano, na maioria com mais de um tema o que, no cômputo geral, chega a mais de 120 certames por ano.

LUIZ OTÁVIO foi o primeiro Presidente da UBT, tendo se tornado pouco tempo depois Presidente Nacional e posteriormente, Presidente Perpétuo, o mais alto título concedido pela agremiação.

Recebeu o título máximo da trova, Magnífico Trovador, nos Décimos Quintos Jogos Florais, por ser vencedor três anos consecutivos com as trovas:

XIII Jogos Florais - Tema Silêncio - 1º lugar :
“ Nessas angústias que oprimem,
que trazem o medo e o pranto,
há gritos que nada exprimem,
silêncios que dizem tanto !.. “

XIV Jogos Florais – tema Reticências - 2º lugar:
“Eu ...você ...as confidências...
o amor que intenso cresceu
e o resto são reticências
que a própria vida escreveu...”

XV Jogos Florais – tema Fibra – 10º lugar:
“ Ele cai ... não retrocede ! ...
continua até sozinho ...
que a fibra também se mede
pelas quedas no caminho ... “

LUIZ OTÁVIO publicou os livros:

Saudade... muita saudade! / Poesia / 1946
Um Coração em ternura / Poesia / 1947
Trovas / Trovas (três edições) / 1954 - 1960 - 1961
Meus Irmãos. / Os Trovadores Coletânea de Trovas / 1956
Meu Sonho Encantador / Poesias / 1959
Cantigas para Esquecer / Trovas / 1959 e 1961
Cantigas de Muito Longe / Trovas / 1961
Cantigas dos Sonhos Perdidos / Trovas / 1964
Trovas... Ao Chegar do Outono / Trovas / 1965

Registramos outras trovas de LUIZ OTÁVIO, que demonstram porque, após quinze anos de criar os Jogos Florais de Nova, como outros grandes trovadores, ele sagrou-se Magnífico Trovador.

“ Se a saudade fosse fonte
de lágrimas de cristal,
há muito havia uma ponte
do Brasil a Portugal.”

"Ao partir para a outra vida,
aquilo que mais receio,
é deixar nessa partida,
tanta coisa pelo meio ... “

"Pelo tamanho não deves
medir valor de ninguém.
Sendo quatro versos breves
como a trova nos faz bem. “

“Busquei definir a vida,
não encontrei solução,
pois cada vida vivida
tem uma definição... “

“ Não paras quase ao meu lado ... !
e em cada tua partida,
eu sinto que sou roubado
num pouco da minha vida ...”

“Portugal – jardim de encanto
que mil saudades semeias
nunca te vi ... e, no entanto,
tu corres nas minhas veias ...”

“Meus sentimentos diversos
prendo em poemas tão pequenos.
Quem na vida deixa versos,
parece que morre menos ...”

“ Contradição singular
que angustia o meu viver :
a ventura de te achar
e o medo de te perder ... “

“ estrela do céu que eu fito,
se ela agora te fitar,
fala do amor infinito
que eu lhe mando neste olhar ... “

“ Ó mãe querida – perdoa ! ´
o que sonhaste, não sou ...
- Tua semente era boa !
a terra é que não prestou ! “

Além de grande Trovador, campeão de centenas de Concursos de Trovas e Jogos Florais, realizados em várias cidades do país, LUIZ OTÁVIO era um exímio compositor, sendo dele a autoria do Hino dos Trovadores, Hino dos Jogos Florais, das Musas dos Jogos Florais e de várias outras obras musicais.

Hino dos Trovadores:

“ Nós, os trovadores,
somos senhores
de sonhos mil !
Somos donos do Universo
através de nosso verso.
E as nossas trovas
são bem a prova
desse poder :
elas têm o dom fecundo
de agradar a todo mundo ! “

Hino dos Jogos Florais

“ Salve os Jogos Florais Brasileiros !
a Cidade se enfeita de flores !
Corações batem forte, fagueiros,
a saudar meus irmãos trovadores !
Unidos por laços fraternais,
nós somos irmãos nos ideais;
- não há vencidos, nem vencedores ;
pois todos nós cantamos , somos trovadores;

e as nossas trovas sentimentais
são sempre mensageiras de amor e paz !.

A Oração do Trovador é o Poema de são Francisco de Assis, Padroeiro dos Trovadores, cujo aniversário, dia 4 de outubro é muito festejados pelos cultores da Trova.

E para encerrar esta homenagem ao Dia do Trovador, focalizando a figura mais importante do mundo trovadoresco, LUIZ OTÁVIO, registramos dois sonetos, dos inúmeros que escreveu, contido em um dos seus livros de poesias, “Meu Sonho Encantador “.


O IDEAL

Esculpe com primor, em pedra rara,
o teu sonho ideal de puro artista !
Escolhe, com cuidado, de carrara
um mármore que aos séculos resista !

Trabalha com fervor, de forma avara !
Que sejas no teu sonho um grande egoísta !
Sofre e luta com fé, pois ela ampara
a tua alma, o teu corpo em tal conquista !

Mas, quando vires, tonto e deslumbrado,
que teu labor esplêndido e risonho
ficará dentro em breve terminado,

pede a deus que destrua esse teu sonho,
pois nada é tão vazio e tão medonho
como um velho ideal já conquistado ! ...

ORGULHO

Venho de longe... venho amargurado
pelas noites sem fim, nesse cansaço
de receber tão só, triste e calado,
a incompreensão do mundo passo a passo...

Eu trago a alma sem fé do revoltado
e o gesto do vencido em cada braço...
E tu me surges - Anjo imaculado -
a oferecer repouso em teu regaço...

Porém tua alma feita de inocência
serenidade e Luz, não avalia
a penumbra invulgar dessa existência...

Deixa-me, pois, seguir o meu caminho,
renunciar, viver nessa agonia,
mas tenho o orgulho de sofre sozinho !...

Assim, mostramos um pouco da poética de LUIZ OTÁVIO, Príncipe dos Trovadores Brasileiros, Magnífico Trovador e Presidente Perpétuo da União Brasileira de Trovadores e responsável pelo sucesso alcançado pela Trova e pelos Trovadores.

Fonte:
www.movimentodasartes.com.br

Luiz Otávio, Príncipe dos Trovadores



artigo enviado por Carolina Ramos

O POETA

Gilson de Castro nasceu a 18 de julho de 1916, no Rio de Janeiro. Luiz Otávio foi o pseudônimo que ele adotou para assinar suas trovas, poesias e outras manifestações de seu talento literário. Era cirurgião-dentista, profissão que exerceu no Rio de Janeiro, onde se formou e mais tarde se transferindo para Santos no final de sua vida.

Começou a enviar seus versos para os jornais e revistas lá por 1938, ainda timidamente, oculto sob pseudônimo. Não pretendia misturar a vida literária com a profissional. As principais revistas e jornais da época começaram a divulgar poesias e principalmente trovas de Luiz Otávio, que podiam ser encontradas no "Correio da Manhã", "Vida Doméstica", "Fon-Fon", "O Malho", "Jornal das Moças", revistas que, como "O Cruzeiro", eram as mais lidas dos anos 1939, 40 e 41, etc. A revista "Alterosa" de Belo Horizonte, também o divulgou. Pouco a pouco, a Trova tomou conta do coração do poeta, assumindo Literalmente papel de Liderança na sua vida. E ele confessa:

A Trova tomou-me inteiro,
tão amada e repetida,
que agora traça o roteiro
das horas da minha vida!...

Para a ascensão da Trova na vida de Luiz Otávio, muito contribuiu sua amizade com Adelmar Tavares. Quem os aproximou foi o consagrado poeta A. J Pereira da Silva. Recuperava-se Luiz Otávio na Fazenda Manga Larga em Pati de Alferes, quando teve oportunidade de conhecer esse renomado poeta, da Academia Brasileira de Letras, com quem iniciou amizade edificante, solidificada pela Poesia; amizade que se estendeu até os derradeiros dias de A. J. Pereira da Silva que, naquele tempo, já passava dos sessenta, enquanto Luiz Otávio não galgara ainda o vigésimo segundo degrau de sua sofrida existência. Isto não perturbou as horas deliciosas de conversa amena e espiritualizada, em que a fina sensibilidade de ambos fazia desaparecer a diferença de idade, provando que um coração capaz de vibrar "de amor" e pulsar em ritmo de poesia, simplesmente não tem idade.

A viúva do acadêmico Antônio Joaquim Pereira da Silva, doaria posteriormente, a preciosa Biblioteca do poeta ao seu particular amigo, Luiz Otávio, que, por sua vez, ao transferir residência para Santos, em 1973, doou parte desse valioso acervo, juntamente com livros de sua própria estante - num total de mil exemplares devidamente catalogados - à Academia Santista de Letras, que só então teve formada sua Biblioteca. Na época, a A.S.L. era presidida pelo Dr. Raul Ribeiro Florido que se responsabilizou pelo transporte Rio-Santos. Com esta doação, Luiz Otávio não pretendia nada para si, como deixou bem claro em carta, (era de conhecimento geral sua quase aversão às Academias, em virtude do próprio temperamento). Mas pediu, por uma questão de justiça, que numa das estantes fosse colocada uma placa que levasse o nome de A. J Pereira da Silva. Luiz Otávio recebeu um carinhoso oficio de agradecimento do então Presidente da Academia. O atual Presidente, Dr. Nilo Entholzer. Ferreira, trovador de méritos, comprometeu-se a cumprir essa cláusula.

Como já dito, A. J. Pereira da Silva foi quem levou Luiz Otávio até Adelmar Tavares, também da Academia Brasileira de Letras, em visita à sua casa, em Copacabana. Corria o ano de 1939. Adelmar Tavares sentia a idade pesar-lhe nos ombros, e, mais uma vez, um jovem poeta e um velho e consagrado mestre da Poesia uniam-se por laços afetivos dos mais duradouros. A principal responsável por essa união foi a Trova, que Adelmar Tavares cultivava e da qual Dr. Gilson de Castro já era profundo apaixonado, trazendo-a para o público sob o Pseudônimo, agora definitivamente adotado.

Luiz Otávio. Luiz, por ser bonito, melodioso, e combinar com Octávio, o nome do Pai, a quem, homenageava. Para atualizar o nome, o c foi cortado em acordo às regras ortográficas vigentes. A Poesia de Luiz Otávio ganhava espaço. Jornais de outros estados o acolhiam em suas páginas, tinha ao seu dispor colunas literárias de crítica poética, onde comentava livros, publicava trovas, poesias e arrebanhava fãs e admiradores de todas as idades. Daí ai constituir-se Líder de um Movimento Trovadoresco, era questão de um passo, muito embora isto viesse acontecer sem procura. Idealista, lírico, por excelência, com um profundo senso de organização, Luiz Otávio acumulava ainda outras qualidades indispensáveis ao "verdadeiro Líder", seja lá do que for. Era simples, honesto, e sabia convencer sem forçar. Embora convicto e determinado, sabia humildemente ceder, se preciso fosse. Se persuadido da necessidade de uma renúncia, cedia, sim, porém, não facilmente, mesmo porque antes de propor algo, o fazia convicto de que aquilo era o certo, respondendo de antemão a todos os possíveis apartes - o que de certo modo desarmava, a priori, o opositor. Era bom, afável e acima de tudo, profundamente carismático. Um verdadeiro Príncipe!

O TROVADOR

Era, portanto, o campo fecundo onde a semente da Trova encontrou chão propício para deitar raízes, expandindo sua opulência por todo território nacional. O ritmo da Trova que embalava seus ouvidos desde os tempos de escoteiro, cresceu com ele, ganhando melodia ao som do violão de Glauco Vianna, mais tarde pertencente ao "Bando dos Tangarás", seu colega de faculdade e de noitadas de seresta.

Final

Luiz Otávio sempre gostou de cantar e compor embora não conhecesse música. Aloysio de Oliveira, outro companheiro, também possuidor de um bom timbre vocálico, iria pertencer, no futuro, ao Bando da Lua, que tanto sucesso fez na terra de Tio Sam ao lado de Carmen Miranda. A influência destes dois amigos foi grande na iniciação poética de Luiz Otávio. Glauco tocava, Aloysio cantava e Luiz Otávio não apenas cantava como também compunha letras e músicas de canções, sambas, fox-trotes, valsas, etc. e continuou cantando e compondo até o final dos seus dias. Nascia o "Trovador" - assim carinhosamente chamado, já naquele tempo, antes mesmo do seu ingresso definitivo no Mundo da Trova.

Cada quadrinha que faço
em hora calma ou incalma,
é pequenino pedaço
que eu mesmo furto a minha alma.

Ó trovas – simples quadrinhas
que tem sempre um que de novo...
- Como podem quatro linhas
trazer toda a alma de um povo?!

Uma trova pequenina,
tão modesta, tão sem glória,
bem pouca gente imagina,
que também tem sua história.

Luiz Otávio (Trovas)




A trova tomou-me inteiro,
Tão amada e repetida
Que agora traça o roteiro
Das horas da minha vida!...

Ó trovas — simples quadrinhas
que têm sempre um quê de novo...
— Como podem quatro linhas
trazer toda alma de um povo?!

Trovador, grande que seja,
tem esta mágoa a esconder:
a trova que mais deseja
jamais consegue escrever ...

Cada quadrinha que faço
em hora calma ou incalma,
é pequenino pedaço
que eu mesmo furto a minha alma.

Uma trova pequenina,
tão modesta, tão sem glória,
bem pouca gente imagina,
que também tem sua história.

Pelo tamanho não deves
medir valor de ninguém.
Sendo quatro versos breves
como a trova nos faz bem.

Toda noite ao me deitar
(por certo você reprova),
eu me esqueço de rezar
e fico fazendo trova.

Tudo nos une: o amor,
o gênio igual, a constância,
até mesmo a própria dor...
— Só nos separa a Distância...

Se é de amor tua ferida,
não busques remédio, — cala!
— O Tempo, aliado à Vida,
lentamente há de curá-la...

Duas vidas todos temos,
— muitas vezes, sem saber...
— A vida que nós vivemos
e a que sonhamos viver...

Do Passado faço culto!
Nas tenho cá o meu rito:
— Se triste, eu o sepulto!
Se feliz, o ressuscito...

É desigual esta vida
pois, nos engana... nos furta...
— Dá velhice tão comprida!
E mocidade tão curta!...

Que sina, que padecer
foi a Sorte aos cegos dar:
— Não ter olhos para ver
e tê-los para chorar...

“Meu Deus como o Tempo passa!...”
— Nós, às vezes, exclamamos...
Mas por sorte ou por desgraça,
fica o tempo... e nós passamos..

Muitas vezes ao partir,
(oh! tortura singular!)
— os que ficam, querem ir...
os que vão, querem ficar...

Às vezes o mar bravio,
nos dá lição engenhosa:
Afunda um grande navio,
deixa boiar uma rosa

Meus sentimentos diversos
prendo em poemas tão pequenos.
Quem na vida deixa versos,
parece que morre menos....

Duas vidas todos temos,
muitas vezes sem saber:
-- a vida que nós vivemos,
e a que sonhamos viver...

Nessas angústias que oprimem,
que trazem o medo e o pranto,
há gritos que nada exprimem,
silêncios que dizem tanto !…

Eu ...você ...as confidências...
o amor que intenso cresceu
e o resto são reticências
que a própria vida escreveu...

Ele cai ... não retrocede ! ...
continua até sozinho ...
que a fibra também se mede
pelas quedas no caminho ..

Se a saudade fosse fonte
de lágrimas de cristal,
há muito havia uma ponte
do Brasil a Portugal.

Ao partir para a outra vida,
aquilo que mais receio,
é deixar nessa partida,
tanta coisa pelo meio ...

Busquei definir a vida,
não encontrei solução,
pois cada vida vivida
tem uma definição...

Não paras quase ao meu lado ...
e em cada tua partida,
eu sinto que sou roubado
num pouco da minha vida ...

Meus sentimentos diversos
prendo em poemas tão pequenos.
Quem na vida deixa versos,
parece que morre menos ...

Contradição singular
que angustia o meu viver :
a ventura de te achar
e o medo de te perder ...

Estrela do céu que eu fito,
se ela agora te fitar,
fala do amor infinito
que eu lhe mando neste olhar ...

Ó mãe querida – perdoa !
o que sonhaste, não sou ...
- Tua semente era boa !
a terra é que não prestou !
---------

Fontes:
OTÁVIO, Luiz. Trovas. Belo Horizonte: Editora Acaiaca,
VERDAN, Iraí. Vida e obra do Príncipe da Trova – Luiz Otávio.
Portal Movimento das Artes.

Ialmar Pio Schneider (Soneto a Luiz Otávio)




– In Memoriam – Dia do Trovador –
Nascimento do trovador em 18 de julho de 1916 –

Luiz Otávio foi dos trovadores,
o Príncipe que divulgou a trova
e a revestiu de uma roupagem nova,
para que fosse a das mais belas flores...

Pois em cada ano sempre se renova
e vai angariando admiradores
que curtem os seus mágicos amores,
das ardentes paixões, vívida prova !

Em dezoito de julho é celebrado,
Dia do Trovador, sempre lembrado,
pois nasceu Luiz Otávio, nesse dia.

E todos aos que a trova têm paixão,
podem prestar-lhe em forma de oração,
a homenagem de sua nostalgia...
---

Fonte:
Soneto enviado pelo autor

Olivaldo Júnior (Poema ao Dia do trovador)




Dezoito de julho é dia de poesia...
Andam moças pela praça inteira,
inteiradas da moda, em fantasia,
que tudo é poesia: a vida é feira.
A feira do poeta é a sua alegoria.

Hoje é dia de quem vive na lua,
mas volta pra cá se tem samba,
puro acalanto em qualquer rua,
que a rua é a casa de quem anda
sobre as brasas de sol e chuva,
de chuva e sol, de quem ciranda.

Não tem mais cavalo, mas vai...
Não tem mais donzela, mas sai...
Não tem mais porquê, mas (ai!)
faz da vida um sábado e recai,
descansa em si mesmo, bye, bye.

Luiz Otávio, príncipe trovador,
troveja um pouco sobre mim,
me ensina a ser doutor em flor!
Plantando trovas num jardim,
me ensina a ser, também, amor...
---

Fonte:
O Autor

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Ademar Macedo (Lançamento de O Trovadoresco n. 73 – Julho 2011)


Aquela duna imponente,
que na paisagem se alteia,
tem na origem, certamente,
minúsculos grãos de areia.
–Vanda Fagundes Queiroz/PR–

Quando a paixão é marcada
por possessão, se resume
numa rosa incinerada
na fornalha do ciúme...
–Renata Paccola/SP–

Se for teste, meu Senhor,
o viver nesta fornalha,
tu verás que a fé e o amor
de um nordestino não falha!
–J.B. Xavier/SP–

Na fornalha, em que me abraso,
– você finge que não vê –
seu desprezo não faz caso
do meu amor... por você!
–Therezinha Brisolla/SP–

A vida é um “fogo de palha”
e o tempo se mostra algoz,
mais parece uma fornalha
onde a palha... “somos nós”!...
–Roberto Tchepelentyky/SP–

Por minha culpa partiste;
e o sal do pranto, sem dó,
agora, torna mais triste
o triste viver de um só...
–José Tavares de Lima/MG–

E muito mais.

Baixe a Revista na íntegra para seu computador AQUI.

Fonte:
Ademar Macedo

quinta-feira, 14 de julho de 2011

J B Xavier (Luiz Otávio, O Construtor de Sonhos)


Perdoem as toscas palavras deste viajante, que, tendo aportado há tão pouco na Trova, volta a esta página para lhes relatar sua visão sobre quem construiu a fonte da qual hoje bebo. Perdoem-me por começar onde terminei: a homenagem à Dama da Trova, Carolina Ramos, porque, da miríade de pontos onde sua biografia e a de Luiz Otávio se tocam, há um, que, certamente, lhes faz interseção: A decisão de não serem apenas meros observadores da História, mas um de seus protagonistas.

O silêncio seria a melhor forma de homenagear um sonhador, porque nele está o recolhimento necessário à serenidade que a vitória preconiza. Portanto, perdoem este pobre viandante, por não iniciar esta homenagem a Luiz Otávio a partir de suas realizações como trovador e criador da UBT, porque seria um erro indesculpável, pensar que a criatura é maior que seu criador. Ao nascer, Gilson de Castro já era Luiz Otávio. A forja da vida apenas lhe deu têmpera e, como num quebra-cabeça mágico, a poesia - mais precisamente, a Trova - se encaixou precisamente em seus vazios . Junte num só coração a têmpera, o amor à poesia e o sonho de construir catedrais, e teremos a argamassa com a qual Deus constrói os vitoriosos.

Se as coisas não parecessem impossíveis, não haveria graça em fazê-las. Luiz Otávio bem o demonstrou. O possível é para pessoas comuns; o difícil é para pessoas determinadas, mas o impossível é para pessoas obstinadas. Portanto, o possível, é para quem assenta tijolos, o difícil, é para quem ergue paredes, mas o impossível, é para quem constrói catedrais! As pessoas comuns sonham. As pessoas determinadas planejam, mas as pessoas obstinadas fazem! Elas colocam o planejar e o fazer a serviço do sonhar, e munidos desse tripé, dão forma ao sonho, constroem castelos de cristais onde havia desolação, espelham a lua e penduram esperanças nas estrelas, para, com elas, enfeitarem a noite dos que buscam luz!

Mostrem-me um vitorioso, e eu lhes mostrarei alguém que se recusou a chamar insucesso de fracasso! Mostrem-me alguém que realizou seu sonho, e eu lhes mostrarei alguém que chama os insucesso de “tentativas”. Mostrem-me um vencedor e eu lhes mostrarei Gilson de Castro, o cirurgião dentista que aceitou chorar só, na calada da noite, diante da incompreensão dos medíocres, para poder no dia seguinte, ressurgir como Luiz Otávio, e encarar os desafios que seu sonho exigia, com o olhar brilhante, lustrado pelas lágrimas, depurado pelo sofrimento e revigorado pela obstinação! Foi essa obstinação que ergueu a catedral UBT, o Templo Maior da Trova!

O vitorioso sorri quando outros choram, avança quando outros param, persiste quando outros retornam, cria onde outros copiam, transpira quando outros descansam. E se chora, será de alegria, se arrefece a caminhada será para admirar a paisagem que transformou, se retorna, será para auxiliar os que não lhe acompanham o passo, se copia, será para ratificar, com o devido crédito, o que de bom se fez antes dele; e, se descansa, será para preparar a retomada do caminho em direção ao sonho ainda não realizado. Mas, pobres são as palavras deste escriba para definir Luiz Otávio. Por essa razão recorro às palavras dele próprio, para que não haja dúvidas quanto ao estofo de que são feitos os vencedores:

O IDEAL

Esculpe com primor, em pedra rara,
o teu sonho ideal de puro artista!
Escolhe, com cuidado, de carrara
um mármore que aos séculos resista!

Trabalha com fervor, de forma avara!
Que sejas no teu sonho um grande egoísta!
Sofre e luta com fé, pois ela ampara
a tua alma, o teu corpo em tal conquista!

Mas, quando vires, tonto e deslumbrado,
que teu labor esplêndido e risonho
ficará dentro em breve terminado,

pede a deus que destrua esse teu sonho,
pois nada é tão vazio e tão medonho
como um velho ideal já conquistado!

* * *

As trovas que tornaram Luiz Otávio Magnífico Trovador

XIII Jogos Florais - Tema Silêncio - 1º lugar
Nessas angústias que oprimem,
que trazem o medo e o pranto,
há gritos que nada exprimem,
silêncios que dizem tanto !.. “

XIV Jogos Florais – tema Reticências - 2º lugar:
“Eu ...você ...as confidências...
o amor que intenso cresceu
e o resto são reticências
que a própria vida escreveu...”

XV Jogos Florais – tema Fibra – 10º lugar:
“ Ele cai ... não retrocede ! ...
continua até sozinho ...
que a fibra também se mede
pelas quedas no caminho ... “

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TROVAS DE LUIZ OTÁVIO

Quem vive pela saudade,
por longos anos ou meses,
possui a felicidade
de reviver várias vezes.

Se a saudade fosse fonte
de lágrimas de cristal,
há muito havia uma ponte
do Brasil a Portugal.

Ao partir para a outra vida,
aquilo que mais receio,
é deixar nessa partida,
tanta coisa pelo meio ...

Pelo tamanho não deves
medir valor de ninguém.
Sendo quatro versos breves
como a trova nos faz bem.

Busquei definir a vida,
não encontrei solução,
pois cada vida vivida
tem uma definição... “

Não paras quase ao meu lado ... !
e em cada tua partida,
eu sinto que sou roubado
num pouco da minha vida ...

Portugal – jardim de encanto
que mil saudades semeias
nunca te vi ... e, no entanto,
tu corres nas minhas veias ...

Meus sentimentos diversos
prendo em poemas tão pequenos.
Quem na vida deixa versos,
parece que morre menos ...

Contradição singular
que angustia o meu viver :
a ventura de te achar
e o medo de te perder ...

Estrela do céu que eu fito,
se ela agora te fitar,
fala do amor infinito
que eu lhe mando neste olhar ...

Ó mãe querida – perdoa ! ´
o que sonhaste, não sou ...
- Tua semente era boa !
a terra é que não prestou !

Ó trovas — simples quadrinhas
que têm sempre um quê de novo...
— Como podem quatro linhas
trazer toda alma de um povo?!

Tudo nos une: o amor,
o gênio igual, a constância,
até mesmo a própria dor...
— Só nos separa a Distância...

Se é de amor tua ferida,
não busques remédio, — cala!
— O Tempo, aliado à Vida,
lentamente há de curá-la...

Duas vidas todos temos,
— muitas vezes, sem saber...
— A vida que nós vivemos
e a que sonhamos viver...

Do Passado faço culto!
Mas tenho cá o meu rito:
— Se triste, eu o sepulto!
Se feliz, o ressuscito...

É desigual esta vida
pois, nos engana... nos furta...
— Dá velhice tão comprida!
E mocidade tão curta!...

Que sina, que padecer
foi a Sorte aos cegos dar:
— Não ter olhos para ver
e tê-los para chorar...

"Meu Deus como o Tempo passa!...”
— Nós, às vezes, exclamamos...
Mas por sorte ou por desgraça,
fica o tempo... e nós passamos..

Muitas vezes ao partir,
(oh! tortura singular!)
— os que ficam, querem ir...
os que vão, querem ficar...
_________________________________________
JB Xavier é Trovador e Editor do Informativo da seção São Paulo

Fonte:
UBTrova

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 273)


Uma Trova Nacional

Falta grave que dói fundo
e é por tantos repetida:
Trazer uma vida ao mundo
e não cuidar dessa vida!
–PEDRO ORNELLAS/SP–

Uma Trova Potiguar

São como barcos partindo
nosso tempo de rapaz,
aos poucos vão se sumindo...
sumindo e não voltam mais.
–JAYME PAULO FILGUEIRA/RN–

Uma Trova Premiada

2007 - Bandeirantes/PR
Tema: ENCANTO - M/E.

Tais encantos tem a vida,
tais e tantas graças tem,
que me dói pensar na ida
para o céu antes dos cem!...
–A. A. DE ASSIS/PR–

Uma Trova de Ademar

Na mão humana que doa
jamais nasce uma ferida...
E Deus do céu abençoa
todos seus bens nesta vida.
–ADEMAR MACEDO/RN–

...E Suas Trovas Ficaram

Quando um povo escravo acorda,
pondo fim ao jugo insano,
a mão de Deus põe a corda
no pescoço do tirano...
–JOUBERT DE ARAUJO/ES–

Simplesmente Poesia

–DELCY CANALLES/RS–
Mágoa

A mágoa que eu carrego
ela é tão minha,
que desborda
o meu mundo interior...
E eu sinto que
qualquer um adivinha,
este estado de angústia
e desamor.
E u quisera esquecer
meu sofrimento
e fingir para os outros
alegria,
eu quisera afastar este
tormento,
e viver plenamente
o dia a dia!

Estrofe do Dia

A inspiração com certeza
Mora em minha companhia,
Não vou à sua procura
É ela quem me assedia
Sem nenhum constrangimento,
Porque não tem meu talento
Pra conceber poesia.
–HELIODORO MORAIS/RN–

Soneto do Dia


–MARIA NASCIMENTO/RJ–
Rugas

Há nas rugas precoces do meu rosto
sensível nitidez do sofrimento
de não poder falar do meu desgosto,
e de ter que esconder meu sentimento.

Estas rugas são marcas de um sol posto
relegado a tristeza, a esquecimento...
São vincos de um passado em mim exposto
para externar as marcas de um tormento.

Sempre há uma história triste em cada ruga :
um desencontro... as mágoas de uma fuga
ou mesmo a dor de um - Não - que alguém nos disse...

Mas, seja por qualquer razão que for,
as rugas feitas pelo desamor
ferem mais do que as rugas da velhice...

Fonte:
Textos enviados pelo autor
Imagem = Photorkut

Trova 196 - Roberto Pinheiro Acruche (São Francisco de Itabapoana/RJ)

Fonte:
Imagem e trova = http://robertoacruche.blogspot.com