quarta-feira, 27 de junho de 2012

Concurso Nacional de Poesia de Colatina - 2010/2011 (Resultado Final)


VENCEDORES

1º LUGAR
PESCADOR
Reginaldo Costa de Albuquerque
Campo Grande/MS

2º LUGAR
DESACORDO
André Luiz Alves Caldas Amora
Rio de Janeiro/RJ

3º LUGAR
MUDANÇA
Ileides Joana Mulher
Campo Grande/MS

4º LUGAR
SE EU MORRER
André Telucazo Kondo
Jundiaí/SP

MENÇÃO HONROSA - ORDEM ALFABÉTICA

A CAMINHADA
Ana Cristina Mendes Gomes
São Pedro da Aldeia/RJ

A CANÇÃO PROLETÁRIA
João Elias Antunes de Oliveira
Taguatinga/DF

A CAPTURA
Paulo Franco
Ribeirão Pires/SP

A CIGARRA E O POETA
Zelito Nunes Magalhães
Fortaleza/CE

A MORTE DO POETA
Márcia Regina de Araújo Duarte
Rio de Janeiro/RJ

A PIPA NA ÁRVORE
Elias Araújo
Américo Brasiliense/SP

A SERRA
Valéria Mares Alvares
Belo Horizonte/MG

A VALSA DOS SUICIDAS
Márcio Davie Claudino da Cruz
Curitiba/PR

A VISITA
Banaiote Gazal
Rio de Janeiro/RJ

ALUCINAÇÕES MORTAIS
Breno Del`Santo Fernandes
Colatina/ES

BI-POLARIDADE
Karla Leopoldino Oliveira Freitas
Iúna/ES

CAMINHOS DA MEMÓRIA
Valéria Mares Alvares
Belo Horizonte/MG

CLAMOR DA GOTA
Roque Aloísio Weschenfelder
Santa Rosa/RS

CLASSIFICADOS
Éder Rodrigues
Belo Horizonte/MG

CONVERSÃO
Welton Pinotti Rovetta
Colatina/ES

CRONOS
Tatiana Alves Soares Caldas
Rio de Janeiro/RJ

DA PIEDADE
Lucas Jeyzy Portela
Salvador/BA

DELÍRIOS E DEVANEIOS
José Amalri do Nascimento
Rio de Janeiro/RJ

DIVINA MÚSICA
Marina Gomes de Souza
Bragança Paulista/SP

É LIS A LUZ S`INDA...
Welton Pinotti Rovetta
Colatina/ES

GENTE!
Tainara C de Carvalho
Niterói/RJ

GENTILEZA
Sérgio Bernardo
Nova Friburgo/RJ

GEOMETRIA DO FRACASSO
Felipe Cattapan
Rueschilikon/Zurique - Suíça

HÁ POESIA DE CADA DIA
David Rodrigues da Rocha
Colatina/ES

HAIKASES EM SONETO
Daniel Retamoso Palma
Santa Maria /RS

INANIÇÃO
Sebastião Bonifácio Júnior
Muriaé/MG

INSPIRAÇÃO
Tassiana de Brito Viana Marques
Niterói/RJ

INSPIRAÇÃO
Karla Leopoldino Oliveira Freitas
Iúna/ES

LIDO EM OLHOS DE ME ESQUECER
Daniel Retamoso Palma
Santa Maria /RS

MANHÃ NO MAR
Banaiote Gazal
Rio de Janeiro/RJ

MEDO
Tatiana Alves Soares Caldas
Rio de Janeiro/RJ

NÃO É VOCÊ QUEM COA
Luiz Renato Semin Foloni
São Paulo/SP

NOSSO SILÊNCIO
Nathalia da Cruz Wigg
Rio de Janeiro/RJ

O PRESENTE
Adriana Falqueto Lemos
Serra/ES

O TESEU DA MINHA LISTA
Jaélzia Denise Barreto Crespo Rangel
Campos dos Goytacazes/RJ

OS CÍRCULOS DO TEMPO
Marina Gomes de Souza
Bragança Paulista/SP

OS MINÉRIOS DO POETA
Marcus Vinícius
Rio de Janeiro/RJ

PÁGINA VIRADA
Reginaldo Costa de Albuquerque
Campo Grande/MS

PALAVRA!
Solange Firmino de Souza
Rio de Janeiro/RJ

POEMA DO ANSEIO INFINITO
Ritamar Invernizzi
Bento Gonçalves/RS

REINOS E CAVALOS
João Elias Antunes de Oliveira
Taguatinga/DF

RELÍQUIAS
Sérgio Bernardo
Nova Friburgo/RJ

RETORNO
Edson Luiz Schenider
Araçatuba/SP

ROMANCE
Tainara C de Carvalho
Niterói/RJ

RUAS
Ricardo Maggessi Viola
Lambari/MG

SER MÃE
Ney Teixeira
Mogi das Cruzes/SP

SÓ EM VOCÊ CONSIGO ME ACHAR
Thiago José Rodrigues de Paula
Barbacena/MG

SÓCRATES E O PROFESSOR
Maria Aparecida S Coquemala
Itararé/SP

SOLITÁRIO
Esmerino Rodrigues Júnior
Rio de Janeiro/RJ

SUBMERGIDOS
Edgley Silva Gonçalves
São Paulo/SP

SÚPLICA AO VENTO
Aline Helen Viana Costa
Colatina/ES

TAÇAS VAZIAS
André Telucazo Kondo
Jundiaí/SP

TEXTO BIZZARO
Rodrigo José Pausen
Colatina/ES

TRISTESSE
Márcio Davie Claudino da Cruz
Curitba/PR

VACINA
Maria Aparecida S Coquemala
Itararé/SP

VOU PROCURAR DORMIR
Mário Luiz Pereira Monteiro de Barros
Ecoporanga/ES

Fonte:
 http://concursos-literarios.blogspot.com 

VII Concurso Rubem Braga de Crônicas (Resultado Final)


VENCEDORES


1º LUGAR
Mulher ao livro
Rui Werneck de Capistrano – Curitiba – PR

2º LUGAR
.. E a vida acontece
Marcelo César da Silva – São João Del-Rei – MG

3º LUGAR
Andarilho
Thiago Oliveira de Carvalho – Rio de Janeiro – RJ

MENÇÃO HONROSA 

Números alienígenas
Lucêmio Lopes da Anunciação – Natal – RN

O peso de um sonho
André Telucazu Kondo – Caraguatatuba – SP

Magrela
Sérgio de Barros Prado Moura – Ponta Verde – AL

Porta-retratos da vida
Carmen Sylvia C. Oliveira Macedo – Porto Alegre –RS

O olhar que se perdeu
João Lisboa Cotta – Ponte Nova – MG

A crise moral
Alcir de Melo Pimenta – Campo Grande – RJ

Quem sou eu?
Geraldo Peres Generoso – Ipaussu – SP

O filatelista
Renato Vieira Ostrowski – Campo Magro – PR

Uma emuitas
Vânia Aparecida Mattozo – Florianópolis - SC

Viagem ao ontem
Athalidia Depes Bueno – Cabo Frio – RJ

Indignação
Antonio Jorge Barbosa – Salvador - BA

Avós
Fernanda Carvalho de Almeida – Fortaleza – CE

Vazio existencial
José Anaildo Soares – Caruaru – PE

Em busca do fim
Araí Terezinha B. dos Santos – Campo Largo – PR

Antigamente
João Carlos de Oliveira – Teixeira de Freitas – BA

Um homem indelicado
Rosângela Vieira Rocha – Brasília – DF

Aprendendo c/o pequeno homem
Ricardo Francisco de Camargo Chagas – Ivaiporã – PR

Crônica da paz
Vera Maria Puget Blanco Bao – Rio de Janeiro – RJ

Um simples toque
Irede Inês Masiero Farenzena – Veranópolis – RS

A Justiça exposta em vitrines
André Luís Soares – Guarapari – ES

DESTAQUE

Memórias...
Darly O. Barros – São Paulo – SP

Autobiografia
Maria Apparecida S. Coquemala – Itararé –SP

Crônica
Rafael Alvarenga Gomes – Cabo Frio – RJ

Mosaico Sérgio Sampaio
Ricardo Maggessi Viola – Lambari – MG

Reato
Rachel Queiroz Zuliani – Anchieta – ES

Pernilongo
Hudson Okada – São Paulo – SP

Pescar
Dirceu Badini Martins - Nova Friburgo – RJ

Arte e vida Severina
Tarlei Martins Ferreira – Brasília – DF

O retorno
Paulo Afonso Correia de Paiva – Recife – PE

A hora do pega-pega
Diogo Maluf de Souza V.de Faria – BeloHorizonte-MG

As velhas figueiras do meu bairro
Pedro Diniz de Araújo Franco – Rio de Janeiro – RJ

Sem quintal, com sótão. Para...
José de Jesus Cordeiro Andrade – São Luís – MA

Futuro leitor
Severino Rodrigues da Silva – Paulista – PE

Lugar dos sonhos
Raquel Zampirolo Santos – Cachoeiro de Itapemirim-ES

A chave perdida
Cassiano Gilberto Santos Cabral – Porto Alegre – RS

12 graus
Maurício Fregonesi Falleiros – Ribeirão Preto – SP

Crônica da ficção e da realidade
Heloisa Helena de Campos Borges – Goiânia – GO

O que cavalga por dentro...
Cláudio Alves da Silva – São João de Meriti – RJ

O prestador de serviços gerais
Tânia Teresinha Lopes – Santa Maria – RS

O ouvido de meu pai
Francisco Carlos Farias Trigueiro – Rio de Janeiro – RJ

* Lembramos aos autores que os textos premiados podem ser enviados para publicação no hhtp://textospremiados.blogspot.com 

Fonte:
Enviado por e-mail pela Academia Cachoeirense de Letras para http://concursos-literarios.blogspot.com 

terça-feira, 26 de junho de 2012

Efigênia Coutinho (Queixumes)


Versos apaixonados ao som duma lira
O amor, com doçura leva meu canto;
Pelos olhos azuis, que te desejam tanto
Derretendo o coração, soluça e suspira.

Audaz sonhadora, essa que aspira
Dos teus mimos, o sonho, a ventura,...
Infundi-me em extremos de ternura,
Sentimentos que ao tempo perdura.

Dizes para não amar! Eu clamo e amo,
Bradando lamentos, lágrimas derramo...
Onde deixaste os sonhos do amor?...

Contudo, em mim, o amor perdura
Ao celeste céu, por benignos lumes,
Amando, com ardor, teus queixumes. 

Fonte:
A Poetisa

Concurso de Trovas Campos dos Goytacazes (Resultado Final)


Os vencedores estão em ordem alfabética 

VENCEDORAS - TEMA: FUTURO

JOGOS FLORAIS - DIAS 17, 18 e 19 DE AGOSTO


Na infância há sempre um futuro
para o bom semeador,
porque não há solo duro
para as sementes do amor...
ALBA CHRISTINA CAMPOS NETTO/SP

Densas nuvens ameaçam
o futuro da criança.
- Mais que as da chuva, que passam,
as nuvens da insegurança.
ANTONIO AUGUSTO DE ASSIS/PR

Minha visão de futuro
faz projeções que eu receio:
- Não quero o mundo um monturo,
e eu... parte desse recheio!
DARLY O. BARROS/SP

O construtor previdente,
na labuta, dando duro,
com tijolos do presente
edifica o seu futuro.
DULCIDIO DE BARROS MOREIRA SOBRINHO/MG

Felicidade almejada,
no meu futuro eu diviso:
-Em teus olhos, a alvorada;
no teu corpo, o paraíso.
ELIANA RUIZ JIMENEZ/SC

Viver por viver somente,
faz teu mundo tão perjuro,
que este teu falso presente,
é o presente do futuro.
FRANCISCO GARCIA DE ARAÚJO/RN

Eu posso ver meu futuro
nas estrelas a brilhar,
não no céu, que é tão escuro,
mas no azul do teu olhar.
HEGEL PONTES/MG

Minha vida é sem futuro,
pois sou um plebeu, convenho;
porém nos teus braços, juro,
ninguém tem mais do que tenho!...
JOSÉ TAVARES DE LIMA/MG

No presente, ora, inseguro,
fico em meu sonho ancorado...
como pensar no futuro,
se, estou tão preso ao passado?
JOSÉ VALDEZ C. MOURA/SP

Sonhei, com ele, em criança...
Hoje, estou velho... e asseguro
que ainda tenho esperança
e sonho com o futuro.
THEREZINHA DIEGUEZ BRISOLLA/SP

TROVAS VENCEDORAS
TEMA SORRISO

Sorriso é vida... eu garanto:
sorria, pois, à miúde,
o seu rosto ganha encanto
e, seu corpo, mais saúde!
ALBA HELENA CORRÊA – Niterói/RJ

A alegria que aparece,
num sorriso de criança,
mostra a vida que floresce
e nos enche de esperança ! 
ALMIR PINTO DE AZEVEDO – Cambuci/RJ

Céu de estrelas pontilhado...
Sol generoso e calor, 
seu sorriso pontilhado
é meu caminho de amor!
DIRCE MONTECHIARI – Nova Friburgo/RJ

Um sorriso de criança
e o desabrochar da flor
trazem ao mundo esperança,
sob a inspiração do amor!
JOTA DE JESUS - Saquarema/RJ

Um sorriso deve ser
aberto, alegre e sincero,
vê-lo em você florescer
é tudo que sempre quero.
MARIA DO ROSÁRIO PRATA/RJ

A meiguice da criança
serve-lhe de proteção,
pois o seu sorriso amansa
o mais feroz coração...
LUIZ CARLOS DE CARVALHO – Niterói/RJ

Uma lágrima sentida
sempre chega sem aviso,
mas para alegrar a vida,
basta apenas um sorriso.
LUIZ POETA – Marechal Hermes/RJ

Nos meus sonhos mais precisos
tento vencer a distância,
para encontrar os sorrisos
que alegraram minha infância...
MARIA NASCIMENTO – RJ

Quantos sóis serão precisos
para espargir tantos brilhos
como os que vêm dos sorrisos
dos filhos de nossos filhos!
SANDRO PEREIRA REBEL – Niterói/RJ

Quando me abraça a saudade
e em sorriso, diz: - Bom dia!
Eu sinto que é falsidade,
seu gesto de cortesia.
SONIA MARIA SOBREIRA DA SILVA – Jacarepaguá/RJ

Fonte:
Neiva Fernandes
Presidente da UBT de Campos dos Goytacazes

Carlos Eduardo Novaes [O Day After do Carioca (Ou: O dia em que o Rio de Janeiro Derreteu)]


Aparentemente aquele dia amanheceu igual a todos os outros do mês de janeiro. Céu azul, lavado, um sol forte e musculoso ainda se espreguiçando, uma promessa de calor. Manhã sob medida para turistas, estudantes em férias e desempregados. O Rio, quando quer, sabe como nenhuma outra cidade se enfeitar para o verão. D. Odete Araújo abriu a janela de sua casinha em Bangu e girou a cabeça como se tentando perscrutar o tempo. Viu um cidadão parado na calçada segurando um cigarro. A fumaça do cigarro subia em linha reta, parecia traçada a régua. Não havia a mais leve brisa no ar. D. Odete respirou fundo, passou as costas da mão na testa gotejante e comentou com a vizinha:

 — Acho que hoje chegaremos aos 45 graus.

 Os moradores de Bangu entendem mais do que todos de altas temperaturas. A vizinha deu de ombros. Um grau a mais ou a menos não faz diferença neste inferno suburbano. Na véspera, os termômetros de Bangu acusaram 44.8 graus, quebrando os recordes dos anos de 84, 85, 86 e 87. D. Odete comentou num tom cabalístico que aquele era o 13º dia consecutivo que o Rio se debatia com uma febre de 40 graus.

 No Centro da cidade, um movimento típico das manhãs de verão. As pessoas procurando as sombras, procurando os bares, procurando diminuir o ritmo. Nada de anormal. O contínuo Ademar Ferreira, porém, percebeu o termômetro digital, que uma hora antes acusava 43 graus, agora marcando 48. O amigo, com quem conversava numa esquina da Avenida Rio Branco, disse que os termômetros estavam de miolo mole. Ontem vira um marcando 54 graus. Ademar continuou conversando, tornou a olhar o termômetro: 49 graus. Notou certa inquietação no ar. Os transeuntes se mexiam mais, tiravam o paletó, afrouxavam a gravata: 50 graus. Outras pessoas começaram a perceber a escalada dos termômetros. O calor aumentava: 51 graus. Um grupo preocupado se reuniu em torno de um orelhão e ligou para o Serviço de Meteorologia. O que está acontecendo? Os cientistas admitiam que a temperatura subia. vertiginosa, mas desconheciam as razões. Estavam acompanhando uma frente fria encalhada na Patagônia.

 As pessoas se aglomeravam diante dos termômetros como se acompanhassem o movimento de apostas no Jóquei: 53 graus. As expressões revelavam medo e tensão. O calor tornava-se escaldante. Era como se tivessem ligado o forno da Rio Branco: 55 graus. Não dava mais para ficar exposto ao sol. As pessoas procuraram proteção embaixo das marquises. Muitas, nervosas, se refugiavam em lojas e escritórios com ar condicionado: 56 graus. Um bando de honrados cidadãos invadiu uma loja de eletrodomésticos:

 — Liguem os ventiladores, pelo amor de Deus! — Infelizmente vendemos todos — respondeu o vendedor, torcendo o lenço empapado de suor.

 Na Zona Sul o pânico se alastrava como um rastilho de pólvora. Edevaldo Santos, vendedor de picolés na praia, notou que algo estranho acontecia quando abriu a caixa de isopor e viu os palitos boiando num caldo de sorvete: 60 graus. Não dava mais para atravessar a areia quente. Quem ficou na praia já não podia sair. Dois helicópteros procuravam transportar os banhistas. Primeiro, velhos e crianças! A praia, como a cidade, já estava sob o império do caos, apesar das rádios e televisões pedirem calma à população. A corda que pendia dos helicópteros era disputada a tapa: 65 graus. Faltava ar, a garganta secava, o corpo parecia incandescente. A estudante Luísa Coelho lembrou-se de Joana D'Arc. Teve início a invasão de bares, restaurantes, supermercados. Todos corriam às prateleiras de bebidas. Água, refrigerantes, cerveja, vinho, champanhe, qualquer líquido. Tinha gente bebendo Pinho-Sol.

 O trânsito enlouqueceu de vez. Os motoristas abandonavam seus carros nos congestionamentos. Os ônibus eram largados em qualquer lugar. Os veículos transformavam-se em fornos crematórios: 74 graus. Os pneus começaram a derreter. Nas ruas as pessoas iam se desfazendo das roupas. Vários executivos foram vistos se esgueirando pelos cantos, de cueca, meias e pasta. Começou a invasão dos apartamentos com ar condicionado. Eles viraram uma espécie de abrigo nuclear. Só na minha sala havia 67 pessoas se empurrando para botar a cara na frente do aparelho: 80 graus. De repente ouviu-se um ruído e logo o silêncio do ar-condicionado. A cidade ficara sem energia. O calor derreteu os cabos da Light. O sol esquentava os vidros e o concreto dos prédios. Era insuportável o calor nos apartamentos. A população desesperada saiu às ruas à cata de sombras. Num poste em Madureira havia 23 pessoas espremidas e perfiladas ao longo de sua tira de sombra: 84 graus!

 Os carros dos Bombeiros circulavam pelas ruas com um restinho de água molhando a população. "Aqui, aqui! Joga aqui antes que eu pegue fogo!" Os chafarizes da cidade. estavam mais cheios do que trem da Central. Milhares de. pessoas mergulhavam na Lagoa Rodrigo dA Freitas. Só que esta, como as outras lagoas da cidade, secava rapidamente. As poucas matas pegavam fogo. As ruas de terra rachavam ao melhor estilo nordestino. O asfalto começou a borbulhar. Ploft! A cidade se transformava num caldeirão: 88 graus. No cais do porto os marinheiros se atiravam do convés como se os navios estivessem naufragando. No Santos Dumont um avião da Ponte-Aérea, ao invés de levantar vôo, embicou dentro d'água. O piloto foi aplaudidíssimo pelos passageiros.

 A temperatura estava em torno dos 94 graus. No Sumaré as antenas das emissoras de televisão adernavam, desmaiando lentamente. O Pão de Açúcar começou a derreter como um sorvete de casquinha. Uma mancha escura se espalhava pelo mar. No meio, boiando, o bondinho com turistas americanos fotografando tudo. Outros morros também derretiam. O Dois Irmãos, para surpresa geral, entrou em erupção. A estátua de Cristo tinha desaparecido do alto do Corcovado. Dizem que, quando o morro começou a desmanchar, Ele saiu voando com seus braços abertos. Todo mundo já estava tendo visões e alucinações. Nas calçadas da Visconde de Pirajá — lado da sombra — as pessoas se arrastavam aos gritos de "água, água". Eram inúmeras as miragens. O pipoqueiro Manuel de Souza jura que viu as Sete Quedas na Praça Nossa Senhora da Paz.

 As 17h12min, por fim, o sol começou a perder a força. As pessoas, ainda desconfiadas, foram saindo de dentro das geladeiras, freezers, frigoríficos. Nas câmaras frigoríficas da Cibrazem — contou-se ... — havia 12 mil 344 pessoas. Uma sensação de forno quente pairava sobre o Rio. Somente à meia-noite os termômetros voltaram ao normal: 40 graus. Terminara o efeito-estufa, deixando um rastro de dor e destruição. Não havia uma única gota d'água na cidade. Fomos dormir e no Day After, como não havia trabalho, saímos todos para a praia. Pois creiam: no meio do comércio de sanduíches naturais, chapéus, cocadas, óleo para bronzear, o diabo, já tinha nego vendendo um aparelhozinho para dessalinizar a água do mar.

Fonte:
Carlos Eduardo Novaes. O Day After do carioca. RJ: Ed. Nórdica, 1985.

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 590)


Uma Trova de Ademar

Eu oculto as tristes cenas
dentro da minha poesia.
É mais um disfarce apenas
dos que eu uso todo dia...
–Ademar Macedo/RN–

Uma Trova Nacional

As prefeituras gastando
altas somas no São João
e o sertanejo lutando
contra a seca no sertão.

–Petronilo Filho/PB–

Uma Trova Potiguar

Junta-se o poeta aos loucos;
um diário vivo em versos,
expressando como poucos
os sentimentos diversos.
–Manoel Cavalcante/RN–

Uma Trova Premiada

2009 - Cantagalo/RJ
Tema - SERTÃO - 3º Lugar

Quem não tem medo da morte,
quem nunca faz nada em vão,
quem, antes de tudo é um forte...
Este é o homem do sertão!
–Renato Alves/RJ–


...E Suas Trovas Ficaram

No universo da poesia
desejei veredas novas,
e encontrei o que eu queria,
ao lançar o anzol nas trovas!

–Enivaldo Borges/SP–

Uma Poesia  

Fez o poeta Ademar
uma bela moradia,
porém fez contrariando
as normas da engenharia;
em vez de ferro e cimento,
paredes de sentimento
recobertas de poesia!...
–Luiz Dutra/RN– 

Soneto do Dia

 SONETO ANTIGO.
–Reginaldo Albuquerque/MS–

Aquela vez por distração, Senhora,
deixaste um par de luvas num banquinho,
por dentro seda e um fino azul por fora...
Recordação de ti que ao peito aninho.

Foi quando ouviste no quintal vizinho,
sobre a relva molhada pela aurora,
tristes queixas de implume passarinho,
esse mesmo que está cantando agora...

Pouco depois, em cima de um barranco,
que gesto! Erguias o bracinho branco
entre os galhos, até ao lar querido...

Mais que tudo, que tua compaixão
era o modesto encanto da porção
de pernas que escapava do vestido...

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Trova 224 - Arlindo Tadeu Hagen (Belo Horizonte/MG)


Carlos Drummond de Andrade (Poesia)

Gastei uma hora pensando em um verso
que a pena não quer escrever.
No entanto ele está cá dentro
inquieto, vivo.
Ele está cá dentro
e não quer sair.
Mas a poesia deste momento
inunda minha vida inteira.

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 589)


 Uma Trova de Ademar

Quis saber qual mais doía 
mas descobri no entanto, 
que pranto, dor e agonia 
sempre dói do mesmo tanto! 
–Ademar Macedo/RN– 

 Uma Trova Nacional  

Por mais que em ti não pensasse 
uma lágrima escorria, 
irrigando a minha face 
onde eu plantei nostalgia. 
–Francisco José Pessoa/CE– 

 Uma Trova Potiguar  

Em cada beijo roubado, 
que roubo de ti, meu bem, 
sinto o gosto do pecado 
que o beijo roubado tem. 
–Prof. Garcia/RN– 

 Uma Trova Premiada  

2009 - Nova Friburgo/RJ 
Tema - SAUDADE - M/E 

Ah, saudade do passado !
tão presente e tão intensa,
que penso ouvir teu chamado,
buscando a minha presença.
–Sônia Sobreira/RJ– 

 ...E Suas Trovas Ficaram  

Menino, não tenha medo,
que a lei do retorno é certa:
se a vida estraga um brinquedo,
a mão do tempo conserta. 
–Carmen Ottaiano/SP– 

 Uma Poesia  

Sou a parte que não sei
sou o surreal da arte
sou a parte a qual faltei
sou a parte em toda parte
que se parte em pedacinhos
sou vários pequenininhos
sou até o que sobrou
e o que digo andando a esmo?
Se o que vejo de mim mesmo
é tal parte que não sou.
–Kerlle de Magalhães/PE– 

 Soneto do Dia  

ACENDEDOR DE LAMPIÕES.
–Jorge de Lima/AL– 

Lá vem o acendedor de lampiões da rua!
Este mesmo que vem infatigavelmente,
parodiar o sol e associar-se à lua
quando a sombra da noite enegrece o poente!

Um, dois, três lampiões, acende e continua
outros mais a acender imperturbavelmente,
à medida que a noite aos poucos se acentua
e a palidez da lua apenas se pressente.

Triste ironia atroz que o senso humano irrita:
ele que doira a noite e ilumina a cidade,
talvez não tenha luz na choupana em que habita.

Tanta gente também nos outros insinua
crenças, religiões, amor, felicidade,
como este acendedor de lampiões da rua!

Ialmar Pio Schneider (Livro de Sonetos V)

SONETO 11515

Aqui a solidão já foi embora,
Pois hoje sei que alguém que tem saudade
Não vive só, não sofre, nem mais chora,
Porque esta é enfim a sua realidade.

Andava sorumbático...; por ora
Me reanimei, sabendo da verdade,
Uma vez que não conhecia outrora,
Que recordar também é felicidade !

Fugindo da aflição, relembro bem,
Que fui amado tanto por alguém,
Mas nos deixamos sem saber por quê...

Ingrata vem a ser a nossa história,
Bem guardada no cofre da memória,
Onde estão habitando eu e você !

(15.05.2010 -Porto Alegre - RS)

SONETO 11514

Eu tive uma saudade da mulher
Que um dia dominou minha ilusão,
Como se desfolhasse um bem-me-quer,
Pra ser feliz depois, na solidão...

Mas não foi nesse céu de rosicler,
Que já me trouxe tanta incompreensão,
A vida que pedi, você não quer,
Pois preferiu esta separação...

Procure agora achar o seu conforto
Nas noites hibernais talvez sozinha,
Ouvindo os pios da coruja agreste...

O nosso bom convívio está tão morto
Porque você não quis o que detinha
Num coração mundano e não celeste…

(16.05.2010- Porto Alegre - RS)

SONETO 11511

Não precisa me amar como te amo,
basta que seja cândida amizade
nosso conhecimento, a flor no ramo
que cultivamos fulge em nossa herdade !

Enfrentemos, assim, a realidade
neste fervor que em alta voz proclamo,
sabendo, embora, que a felicidade,
se não tive-a, também não a reclamo.

Se foi uma das minhas esperanças,
sua presença nesta caminhada,
só quero amar como amam as crianças...

Assim vai ser melhor ao meu tormento,
quando este devaneio der em nada
e dissipar-se ao sussurrar do vento…

(23.05.2010- Porto Alegre - RS)

SONETO 11492

Esse amor impossível foi demais
e deixou-me saudosas cicatrizes,
que me fazem lembrar dos infelizes,
que não concretizaram seus ideais...

Vivemos nesta vida de aprendizes,
como viveram nossos ancestrais,
buscando aprimorarmos sempre mais,
tudo aquilo que herdamos das raízes.

Mas vamos combinar,... a perfeição
concentra inatingível utopia,
como sabemos muito bem de cor...

Sigamos o que manda o coração,
embora muito sonho e fantasia,
pois iremos assim viver melhor !

(29.05.2010 - Porto Alegre - RS)

SONETO 11449

Não tenho o que fazer por esses dias,
a não ser assistir ao que aparece
em meu televisor. Noites sombrias
em que vou meditando a longa prece...

Você já foi o tema das poesias
que eu compunha, a sós, quando a tarde desce,
hoje vejo que foram fantasias,
os versos que minh´alma não esquece...

Outro motivo leva-me por diante
e vou seguindo assim o meu caminho
com minhas horas mortas nebulosas...

Ainda a vejo em sonhos, linda amante,
e recordando seu gentil carinho,
também relembro o olor daquelas rosas…

(05.06.2010- Porto Alegre - RS)

SONETO 11439

A vida foi assim meio bisonha
e procurei dizer o que sentia,
através de uma página tristonha
que turvou por demais minha poesia.

Tu vieste fantástica e risonha
e despertaste as horas do meu dia,
em que julgava a existência enfadonha
e não pensava em sonhos de alegria.

Agora te conheço só de vista,
talvez me baste este conhecimento,
ouço uma voz dizer-me alto: ´´Persista !´´

Então, vou percorrendo a longa estrada
que me leva confiante e sonolento,
a gritar-me: ´´Sozinho não és nada !´´

(08.06.2010 - Porto Alegre - RS)

SONETO AO PÔR-DO-SOL

O pôr-do-sol agora está magnífico,
Parece do Senhor uma pintura,
E por isto o momento é beatífico,
Como se unisse Deus à criatura...

A noite vai descendo... colorífico
O céu em tons diversos se mistura,
E mesmo pelos ares odorífico
Vem a ser o ambiente de verdura...

Então, eu me recolho e penso em ti,
Com serena tristeza e nostalgia,
Lembrando nosso amor de frenesi...

Se agora já vai longe a mocidade,
Não esqueço os momentos de alegria,
Embora hoje só reste esta saudade !

(25.05.2010- Porto Alegre - RS)

SONETO PARA DELCY CANALLES

O verso flui da pena da Delcy
Canalles, como as águas vem da fonte
Rumorejante, a deslizar do monte,
Formando um lindo lago azul ali

No vale verde, que se vê defronte
Do arvoredo, onde passa o colibri,
Beijando as flores, como em frenesi
Se avista o sol caindo no horizonte...

A noite vem descendo na cidade...
Nestas horas visita-me a saudade,
E lembro que já tive os meus amores

Da juventude que ficou distante...
Amo, agora, a poesia inebriante
Que sói acalentar os sonhadores…

(19.05.2010 - Porto Alegre - RS)

SONETO DO AMOR SONHADO

Um dia procurei te sepultar
no cemitério zen do esquecimento,
pra nunca mais te ver ou te lembrar,
mas foi em vão este convencimento...

Hoje, vives mais forte, a maltratar
meu coração ferido, no tormento
de nunca conseguir desenraizar
tanta saudade no meu sentimento...

Por que fui conhecer o amor perdido,
se fosse pra sentir tanta emoção,
que ora se me afigura ser proibido?!

Quero deixar de lado a hipocrisia
e te aguardar na velha solidão
que tanto me acompanha noite e dia…

(5.5.2010 - Porto Alegre - RS)
Fonte:
http://www.sonetos.com.br/sonetos.php?n=15178