quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Beatriz Bastos (O vestido dela era amarelo...)


 O vestido dela era amarelo feito cor de jabuticaba
 feito Manuel Bandeira e sua voz anasalada
ao ler Pasárgada
 e mesmo que fosse bonita, mesmo sendo bonita,
 a leitura em voz alta, o som do poeta, era ainda
 mais bonito quando só palavra impressa preta
 pequena num livro velho folheado guardado
 amarelo esquecido
    a voz do poeta são as letras

Fonte:
http://www.releituras.com/ne_bbastos_ovestido.asp

Affonso Romano de Sant'Anna (O Cronista é um Escritor Crônico)


 O primeiro texto que publiquei em jornal foi uma crônica. Devia ter eu lá uns 16 ou 17 anos. E aí fui tomando gosto. Dos jornais de Juiz de Fora, passei para os jornais e revistas de Belo Horizonte e depois para a imprensa do Rio e São Paulo. Fiz de tudo (ou quase tudo) em jornal: de repórter policial a crítico literário. Mas foi somente quando me chamaram para substituir Drummond no Jornal do Brasil, em 1984, que passei a fazer crônica sistematicamente. Virei um escritor crônico.

 O que é um cronista?

 Luís Fernando Veríssimo diz que o cronista é como uma galinha, bota seu ovo regularmente. Carlos Eduardo Novaes diz que crônicas são como laranjas, podem ser doces ou azedas e ser consumidas em gomos ou pedaços, na poltrona de casa ou espremidas na sala de aula.

 Já andei dizendo que o cronista é um estilita. Não confundam, por enquanto, com estilista. Estilita era o santo que ficava anos e anos em cima de uma coluna, no deserto, meditando e pregando. São Simeão passou trinta anos assim, exposto ao sol e à chuva. Claro que de tanto purificar seu estilo diariamente o cronista estilita acaba virando um estilista.

 O cronista é isso: fica pregando lá em cima de sua coluna no jornal. Por isto, há uma certa confusão entre colunista e cronista, assim como há outra confusão entre articulista e cronista. O articulista escreve textos expositivos e defende temas e idéias. O cronista é o mais livre dos redatores de um jornal. Ele pode ser subjetivo. Pode (e deve) falar na primeira pessoa sem envergonhar-se. Seu "eu", como o do poeta, é um eu de utilidade pública.

 Que tipo de crônica escrevo? De vários tipos. Conto casos, faço descrições, anoto momentos líricos, faço críticas sociais. Uma das funções da crônica é interferir no cotidiano. Claro que essas que interferem mais cruamente em assuntos momentosos tendem a perder sua atualidade quando publicadas em livro. Não tem importância. O cronista é crônico, ligado ao tempo, deve estar encharcado, doente de seu tempo e ao mesmo tempo pairar acima dele.

Fonte:
http://www.releituras.com/arsant_ocronista.asp

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 693)



Uma Trova de Ademar  

Se por piedade ou por pena, 
o casal NÃO se desfaz; 
vivem os dois triste cena... 
Onde nem pena tem mais! 
–Ademar Macedo/RN– 

Uma Trova Nacional  

Deus nos mostra seus valores 
nos contrastes mais pungentes... 
um vendaval mata as flores, 
porém, conserva as sementes. 
–Adilson Maia/RJ– 

Uma Trova Potiguar  

A cigana ao ler a mão 
da pessoa requerida, 
vê cada palmo de chão 
na palma da sua vida... 
–Marcos Medeiros/RN– 

Uma Trova Premiada  

1999   -   Itanhaém/SP 
Tema   -   CANOA   -   M/E 

Mesmo numa noite triste
quando meu mar se encapela,
minha canoa resiste:
é que Deus vai dentro dela.
–Elen de Novais Felix/RJ– 

...E Suas Trovas Ficaram  

De um sentimento profundo,
no silente ou no escarcéu,
prosa é linguagem do mundo,
o verso, a prosa do céu.
–Fernando Vasconcelos/PR– 

Uma  Poesia  

Pra retratar o sertão 
em sete versos apenas, 
mergulho na natureza 
busco inspirações serenas 
e, qual um grande pintor 
para a obra ter mais valor, 
crio minhas próprias cenas! 
–Ademar Macedo/RN– 

Soneto do Dia  

REAÇÃO EM CADEIA... 
–Darly O. Barros/SP– 

Sem nem saber por onde é que eu começo, 
sob emoção, fremindo, em regozijo 
ao prévio aviso, enfim, do seu regresso, 
feliz da vida, à sala eu me dirijo: 

abro as janelas – chega de recesso 
e de bolor, em meio ao qual me aflijo – 
basta de sombras e de peito opresso, 
ar puro, flores, verde e sol, exijo! 

Faxino a casa inteira, faço o almoço, 
e ao meio-dia, presa de alvoroço, 
enquanto a adrenalina se acelera, 

num coro ao chilrear lá do quintal, 
saudando a convidada especial, 
recebo, Sua Alteza, a Primavera!

4° Concurso Poetizar o Mundo (Resultado Final)


Os poemas foram inspirados em telas do artista plástico Carlos Zemek.

Vencedores

1º Lugar: Andressa Barichello  
Curitiba/PR

 Poema Inspirado no quadro "Um olho no universo"

  UNIVERSO EM UM OLHAR

 Um olho no universo
 Olho de sol
 Olhar de lua
 Uni-verso imerso
 na retina tua.
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2º Lugar: Renata de Aragão Lopes 
Juiz de Fora/MG

Poema inspirado no quadro "A Fronteira do Universo"

ESTRELAS

 Espia, que o céu é comprido.
 Confia, que o céu não tem fim.
 Satélites mostram galáxias.
 Quantas estão no camarim?
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3º Lugar: André Luís Soares  
Guarapari/ES

Poema inspirado no quadro "A Fronteira do Universo"

FRONTEIRA DO UNIVERSO

 Na fronteira do universo
 – lá onde findam os céus –
 tem-se o tributo derradeiro:
 duas moedas pro barqueiro...
 adeus!
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MENÇÕES HONROSAS

 4° Lugar: Zenaide Alós Guimarães Abati  
Porto Alegre/RS

Inspírado em "Os Andes e o Mar".

É PRECISO

 É preciso ser mar
 Para entender a saudade
 Da onda.
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5º Lugar Janaina Santos Barroso  
São Bernardo do Campo/SP

Inspirado na tela “Em Um Mar Alienígena”

PLANCTONS E ESTRELAS

 No fundo e escuro desconhecido
 Reinam os fugitivos da areia
 Estranhos somos nós
 Aos olhos dos homens-sereia...
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6º Lugar: Cleomâncio Inácio Miranda 
São Paulo/SP

Inspirado na tela As quatro irmãs gêmeas

DANÇA ÀS MARIAS

 De nome céu, um berço embala quatro irmãs iguais.
 Eis que uma dança, a esmo, alumiando as demais.
 Agora mais que companhia, ela é quem guia as três Marias:
 Se torna delas mãe e pai.
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7º Lugar: Rosana Banharoli 
Santo André/SP

 Poema inspirado na tela: A Fronteira do Universo

FIO DE ARIADNE

 No Firmamento, estrelas choram vidas.
 Enquanto no Sibilino, a temporalidade cósmica dança.
 Já,  aqui na Terra, perscruto fronteiras
a juntar os fragmentos
 destes    inícios  que  me     constroem.
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 8º Lugar: Tiago Luz 
Rio de Janeiro/RJ

Poema inspirado na tela: Os Andes e o Mar

 A Montanha: (a)Mar

 Pacíficas, as águas me beijam:
 Íntima carícia de quem ama.
 E grão por grão, escorre meu coração
 No infinito azul desta dama...
 Eu, a montanha: um vulcão!
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 9º Lugar: João Baptista Coelho  
Domingos de Rana/Portugal

Poema inspirado na obra Carlos Zemek

RETRATO DE UM PINTOR

 Zemek, na pintura, um outro mundo
 que nos transporta além da obra artística.
 Um conceito novo e bem profundo
 da Vida aonde o sonho é mais fecundo
 pois ultrapassa, até, a própria mística.

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10º Lugar : Sonia Andrea Mazza 
Buenos Aires/Argentina.

Inspirado na obra: Formas de Vida

CRIAÇÃO

 Por um lado o caos,
 por outro, a harmonia,
 e no âmago
 como recém nascida
 a própria vida

Adriana Kairos (Eu Conto Carneirinhos)


Gosto de sonhar. Penso que os sonhos são passeios da alma. Sabe,quando queremos espairecer. Sair por aí. Distrair.

 Só que os sonhos fazem viagens bem mais empolgantes. Viajam pelas lembranças, exploram o desconhecido, visitam até o que tememos e nos assustam com terríveis pesadelos. Mas são só pesadelos.

 Revemos amigos, outros bem mais queridos e encontramos até gente nova. Sim!!! Acredito nisso. Sabe quando vemos alguém pela primeira vez e dizemos: "Eu não te conheço de algum lugar?" Sei lá, mas eu acho que é lá das voltinhas dos sonhos, que já o vimos antes.

 Por isso é que gosto quando a noite chega. E espero ansiosa a hora de dormir, só pra saber a surpresa que terei. Que passeio farei, embalada em canções antigas de ninar. Quem sabe hajam caminhos de jujubas e rios de refrigerantes, laguinhos de chocolate com patinhos de bombom. Sei lá... As vezes a grande viajem é refugiar-se apenas no inimaginável.

 Não sou mística ou qualquer outra coisa. Nem gosto de religião. Só quero compartilhar os meus humildes pensamentos. E convidar a sua alma a pôr o pé na estrada te lembrando o quanto é bom sonhar.

Fonte:
http://www.releituras.com/ne_asantos_conto.asp

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 692)



Uma Trova de Ademar  

No instante da despedida, 
arquivei no pensamento 
a tristeza da partida 
e a dor do meu sofrimento. 
–Ademar Macedo/RN– 

Uma Trova Nacional  

Toda a cicatriz que o arado 
provoca, ao rasgar o chão, 
não é ofensa, é agrado 
...e a colheita é a gratidão! 
–Yedda Maia Patrício/SP– 

Uma Trova Potiguar  

Minha vida é semelhante 
ao curso de uma jangada: 
"onda" pequena ou gigante 
não me "afoga" na jornada. 
–Tarcício Fernandes/RN– 

Uma Trova Premiada  

1991   -   Barra do Piraí/RJ 
Tema   -   HORA   -   M/H 

Destino, relógio antigo, 
cujos ponteiros, tiranos, 
marcaram hora comigo 
no encontro dos desenganos... 
–Divenei Boseli/SP– 

...E Suas Trovas Ficaram  

O amor se foi, eu garanto,
não deixou nenhum desgosto..
Mas, meu Deus, por que este pranto
teimando em molhar meu rosto?... 
–Marisol/RJ– 

Uma  Poesia  

Nunca mais beberei dessa desgraça 
pois passei a maior decepção, 
me levaram pras grades da prisão 
só por causa de um copo de cachaça; 
a vergonha pra mim ficou na praça 
na mistura de cana com torresmo, 
e cada passo que dou agora a esmo 
vejo um filho chorando de desgosto, 
e toda vez que eu olho pra meu rosto 
sinto muita vergonha de mim mesmo. 
–Geraldo Feitosa/PB– 

Soneto do Dia  

PRIMAVERA. (Em 2006) 
–Miguel Russowsky/SC– 

Lá fora o sol propõe uma aquarela 
com seu pincel de cor exuberante 
e convida-me a ser participante 
em moldura de verdes, sentinela. 

Aqui dentro a caneta, tagarela, 
murmura sugestões a cada instante. 
Os sonhos, cada qual mais provocante, 
tiram proveitos dos meneios dela. 

Diria: - Estou feliz!... É primavera!... 
(A realidade dói!). Ó quem me dera, 
ter asas e voar à luz serena! 

Setembro... vinte e dois... dois mil e seis... 
Não sou mais jovem ...(e nem ágil)... Eis: 
Aterrizei... Envelheci... Que pena!

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Mário Quintana (Palavra Escrita)


Victor Giudice (O Arquivo)


(1934-1997) 

Já no seu livro de estréia, O Necrológio (1971), o carioca Victor Giudice nos revelava esta pequena obra-prima que é O Arquivo, na qual o imaginário do autor consegue fundir tão bem o fantástico com o humor, como um bom discípulo de Kafka, Dino Buzzati ou Cortázar. Giudice escreveu outros livros de contos, além do romance Bolero. 

Foi crítico de música clássica do Jornal do Brasil. Morreu antes de consolidar sua obra.
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No fim de um ano de trabalho, João obteve uma redução de quinze por cento em seus vencimentos.

João era moço. Aquele era seu primeiro emprego. Não se mostrou orgulhoso, embora tenha sido um dos poucos contemplados. Afinal, esforçara-se. Não tivera uma só falta ou atraso. Limitou-se a sorrir, a agradecer ao chefe.

No dia seguinte, mudou-se para um quarto mais distante do centro da cidade. Com o salário reduzido, podia pagar um aluguel menor.

Passou a tomar duas conduções para chegar ao trabalho. No entanto, estava satisfeito. Acordava mais cedo, e isto parecia aumentar-lhe a disposição.

Dois anos mais tarde, veio outra recompensa.

O chefe chamou-o e lhe comunicou o segundo corte salarial.

Desta vez, a empresa atravessava um período excelente. A redução foi um pouco maior: dezessete por cento.

Novos sorrisos, novos agradecimentos, nova mudança.

Agora, João acordava às cinco da manhã. Esperava três conduções. Em compensação, comia menos. Ficou mais esbelto. Sua pele tornou-se menos rosada. O contentamento aumentou.

Prosseguiu a luta.

Porém, nos quatro anos seguintes, nada de extraordinário aconteceu.

João preocupava-se. Perdia o sono, envenenado em intrigas de colegas invejosos. Odiava-os. Torturava-se com a incompreensão do chefe. Mas não desistia. Passou a trabalhar mais duas horas diárias.

Uma tarde, quase ao fim do expediente, foi chamado ao escritório principal. Respirou descompassado.

- Seu João. Nossa firma tem uma grande dívida com o senhor.

João baixou a cabeça em sinal de modéstia.

- Sabemos de todos os seus esforços. É nosso desejo dar-lhe uma prova substancial de nosso reconhecimento.

O coração parava.

- Além de uma redução de dezesseis por cento em seu ordenado, resolvemos, na reunião de ontem, rebaixá-lo de posto.

A revelação deslumbrou-o. Todos sorriam.

- De hoje em diante, o senhor passará a auxiliar de contabilidade, com menos cinco dias de férias. Contente?

Radiante, João gaguejou alguma coisa ininteligível, cumprimentou a diretoria, voltou ao trabalho.

Nesta noite, João não pensou em nada. Dormiu pacífico, no silêncio do subúrbio.

Mais uma vez, mudou-se. Finalmente, deixara de jantar. O almoço reduzira-se a um sanduíche. Emagrecia, sentia-se mais leve, mais ágil. Não havia necessidade de muita roupa. Eliminara certas despesas inúteis, lavadeira, pensão.

Chegava em casa às onze da noite, levantava-se às três da madrugada. Esfarelava-se num trem e dois ônibus para garantir meia hora de antecedência.

A vida foi passando, com novos prêmios.

Aos sessenta anos, o ordenado equivalia a dois por cento do inicial. O organismo acomodara-se à fome. Uma vez ou outra, saboreava alguma raiz das estradas. Dormia apenas quinze minutos. Não tinha mais problemas de moradia ou vestimenta. Vivia nos campos, entre árvores refrescantes, cobria-se com os farrapos de um lençol adquirido há muito tempo.

O corpo era um monte de rugas sorridentes.

Todos os dias, um caminhão anônimo transportava-o ao trabalho.

Quando completou quarenta anos de serviço, foi convocado pela chefia:

- Seu João. O senhor acaba de ter seu salário eliminado. Não haverá mais férias. E sua função, a partir de amanhã, será a de limpador de nossos sanitários.

O crânio seco comprimiu-se. Do olho amarelado, escorreu um líquido tênue. A boca tremeu, mas nada disse. Sentia-se cansado. Enfim, atingira todos os objetivos. Tentou 
sorrir:

- Agradeço tudo que fizeram em meu benefício. Mas desejo requerer minha aposentadoria.

O chefe não compreendeu:

- Mas seu João, logo agora que o senhor está desassalariado? Por quê? Dentro de alguns meses terá de pagar a taxa inicial para permanecer em nosso quadro. Desprezar tudo isto? Quarenta anos de convívio? O senhor ainda está forte. Que acha?

A emoção impediu qualquer resposta.

João afastou-se. O lábio murcho se estendeu. A pele enrijeceu, ficou lisa. A estatura regrediu. A cabeça se fundiu ao corpo. As formas desumanizaram-se, planas, compactas. Nos lados, havia duas arestas. Tornou-se cinzento.

João transformou-se num arquivo de metal.

Fonte:
Flávio Moreira da Costa (org.). Os 100 Melhores Contos de Humor da Literatura Universal. 5.ed. RJ: Ediouro, 2001.

Errata em Trova de Mensagens Poéticas de Ontem

Na Trova de ontem, de Carolina Ramos, em Uma Trovas Premiada, das Mensagens Poéticas n. 690 (7 de outubro)

no lugar de Bandeirantes, 
leia-se Maringá.

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 691)



Uma Trova de Ademar 

Na vida o que me conforta, 
está nesta frase bela: 
“Deus jamais fecha uma porta, 
sem que abra uma janela”! 
–Ademar Macedo/RN– 

Uma Trova Nacional 

Minha paixão malograda, 
sufocada entre segredos, 
é como nau destroçada 
batendo contra os rochedos! 
–Myrthes Mazza Masiero/SP– 

Uma Trova Potiguar 

Corta-se a mata nativa,
fica o campo a céu aberto...
É a força bruta nociva
na construção do deserto.
–Djalma Mota/RN– 

Uma Trova Premiada 

1999  - Cachoeiras de Macacu/RJ 
Tema  - CORRENTEZA  - M/H 

Minha alma não teme abismo 
na correnteza em que avança, 
pois meu barco de otimismo 
leva cargas de esperança! 
–Héron Patrício/SP– 

..E Suas Trovas Ficaram 

Há balanços conflitantes
em vidas fúteis e loucas:
os outonos são bastantes
e as primaveras bem poucas.
–Miguel Russowsky/SC– 

U m a P o e s i a 

Depois que a velhice vem 
o corpo humano se estressa. 
No motor da existência 
todo defeito começa, 
o difícil dessa máquina 
é o dono encontrar a peça. 
–Geraldo Amâncio/CE– 

Soneto do Dia 

MEMÓRIA. 
–Francisco Garcia/RN– 

Esta dor que me fere e me magoa 
quando lembro da minha mocidade, 
pouco me importa que ela tanto doa, 
se doendo, não cura esta saudade. 

Melancolicamente eu vou lembrando, 
de saudade em saudade eu vou vivendo, 
mas não posso esquecer de quando em quando, 
que em teus braços, aos poucos vou morrendo. 

Nesta luta sem trégua, em desatino, 
eu me agarro nas rédeas do destino 
dos arquivos ingratos da velhice, 

mas não posso esquecer que fui criança, 
guardarei para sempre na lembrança 
a saudade feliz da meninice!

2ª Edição do Concurso Internacional de Contos Vicente Cardoso (Resultado Final)

Neste sábado 06/10/2012 reuniram-se os jurados da 2ª edição do Concurso Internacional de Contos Vicente Cardoso 
professor Roque Aloísio Weschenfelder graduado em Letras Português, Inglês e Literatura e escritor premiado em vários concursos literários e 
a escritora, pedagoga, orientadora educacional, arteterapeuta, Mestre em Educação, coordenadora do Grupo de Teatro Estudantil ATIVAR da Escola Estadual de Educação Básica Cruzeiro Maria Inez Flores Pedroso para decidirem os premiados e as menções honrosas deste certame literário. 

O concurso recebeu mais de trezentos trabalhos de cerca de sete países e de todos os estados do Brasil dentro do gênero ficção científica ou fantasia.

VENCEDORES

1º colocado: 
A Viúva de Monsserat
Pseudônimo: Victória Nix
Nome real: Vanessa Laís Roberti
Cidade: Três de Maio RS

2º colocado: 
O Guerreiro da Luz Púrpura
Pseudônimo: Ronald Voormann
Nome Real: Rafael de Moura Piovesana
Jundiai-SP

3º colocado : 
Gênesis 
Pseudônimo: Valentina Tereshkova
Nome real: Davi Menossi Gonzales
São Caetano do Sul, SP

4º colocado: 
O Caçador de Lágrimas
Pseudônimo: R.Rodrigues
Nome real: Regina Célia Rodrigues dos Santos
Colombo, PR

5º colocado: 
Humanoid
Pseudônimo: Angelina Crisccelys
Nome real: Talita Magalhães Ventura
São Paulo, SP

MENÇÃO HONROSA: 

A Décima segunda Porta
Pseudônimo: Florêncio Terra Cambará
Nome real: Olavo Souza Berquó
Porto Alegre, RS

O dia em que encontrei outro Henrique VIII na minha sala de estar
Pseudônimo: Dori
Nome Real: Clara Augusta d’Amaral Savelli
Rio de Janeiro, RJ

Hipérbole
Pseudônimo: Wilhelm Yatsek
Nome real: Rodrigo Zafra Toffolo (Nome artístico: Rodrigo Zafra)
Santos, SP

A Pena de Fenix
Pseudônimo: John McCartney
Nome real: Fabio Baptista 
São Paulo, SP

Empório dos Sonhos
Pseudônimo: Cesário Rey
Nome real: Ademilson Reis
Alpinópolis, Minas Gerais

As Portas da Percepção
Pseudônimo: Frederíca de Henares
Nome real: Alexandra Lopes Da Cunha
Porto Alegre, RS


domingo, 7 de outubro de 2012

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 690)



Uma Trova de Ademar 

Eu aprendi a perder
mesmo sem haver perdido,
também aprendi vencer
“sem humilhar o vencido!”
–Ademar Macedo/RN–

 Uma Trova Nacional 

Já não combato a ansiedade
que me consome e angustia;
a dor da minha saudade
eu a transformo em poesia.
–Almira Guaracy Rebêlo/MG– 

 Uma Trova Potiguar 

Para que Deus não me puna
por consciência intranquila,
só quero somar fortuna
se aprender a dividi-la.
–José Lucas de Barros/RN–

 Uma Trova Premiada 

1965   -   Bandeirantes/PR
Tema   -   SOLIDÃO   -   4º Lugar

Solidão, eu te bendigo!
À tua sombra querida,
eu marco encontro comigo
e acerto os passos da vida
–Carolina Ramos/SP–

 ...E Suas Trovas Ficaram 

Quero falar... retrocedo... 
pois tenho um pavor medonho,
de que ao contar meu segredo
você destrua meu sonho...
–Luiz Otávio/RJ– 

  U m a    P o e s i a  

Desde quando tornou-se racional
que o homem procura o par perfeito,
qualquer coisa lhe deixa insatisfeito
pois a imperfeição é que é normal;
mas o homem por ser esse animal,
só escolhe outro ser que lhe interesse,
as virtudes vitais não reconhece,
quando menos espera, já perdeu;
dê valor ao que tem, enquanto é seu,
pois talvez seja mais do que merece.
–Henrique Brandão/PE– 

 Soneto do Dia 

MÃOS QUE OS LÍRIOS INVEJAM...
–Alphonsus de Guimaraens/MG–

Mãos que os lírios invejam, mãos eleitas
para aliviar de Cristo os sofrimentos,
cujas veias azuis parecem feitas
da mesma essência astral dos olhos bentos;

mãos de sonho e de crença, mãos afeitas
a guiar do moribundo os passos lentos,
e em séculos de fé, rosas desfeitas
em hinos sobre as torres dos conventos.

Mãos a bordar o santo Escapulário,
que revelastes para quem padece
o inefável consolo do Rosário;

mãos ungidas no sangue da Coroa,
deixai tombar sobre a minha Alma em prece
a bênção que redime e que perdoa !

sábado, 6 de outubro de 2012

Mário Quintana (O Assunto)


Isabel Furini (Poema infantil: Poesia e Poema)


 (Leitura recomendável: a partir de 8 anos).

 Na porta do prédio,
 o poeta falava com Maria:
 - Poemas são ondas
 no oceano da poesia,
 mas há alguns dias
 eu não tenho inspiração.

 Nesse mesmo momento,
 uma gatinha sapeca
 que brincava no parapeito
 da janela
 deixou cair seu brinquedo...
 A boneca aterrissou na cabeça do poeta.
 Plaf!

 E de repente, uma luz:
 - Você quer me conhecer?
 Eu sou a Poesia.

 O poeta olhou o céu e começou a poetar:

 A poesia é deserto, céu, ar, luz, mar...
 Poemas são como areia,
 poemas são como o vento,
 poemas são como as ondas
 que agitam o belo mar.

 O poeta abriu os olhos
 e exclamou:
 - Os poemas são como pássaros,
 livres pássaros e pássaros prisioneiros,
 pássaros voando no céu,
 aprisionados nas letras,
 aprisionados nos livros,
 quase canções do mar.

 Rindo, a Maria falou:
 - Agradeça a esse gatinha,
 você estava na ruína.
 Dê a ela um brinquedo novo,
 mostre a sua gratidão,
 pois voltou a sua inspiração.

Fonte:
http://isabelfurini.blogspot.com.br/