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segunda-feira, 2 de outubro de 2023

Gislaine Canales (Glosas Diversas) LXI

  

NUNCA...
 
MOTE:
Ao nosso espírito ardente,
na avidez do bem sonhado,
nunca o futuro é presente.
nunca o presente é passado.

Machado de Assis
Rio de Janeiro/RJ, 1839 – 1908

GLOSA:
AO NOSSO ESPÍRITO ARDENTE,

tudo é uma indagação...
O que será realmente
a causa de uma emoção?
 
Muitas vezes, nos perdemos
NA AVIDEZ DO BEM SONHADO,
sem limites, sem extremos,
num amor apaixonado!
 
E nesse sonho envolvente,
encantador e bonito,
NUNCA O FUTURO É PRESENTE,
o futuro é o infinito...
 
A vida é eterna utopia
para quem sonha acordado,
cada dia é um novo dia,
NUNCA O PRESENTE É PASSADO!
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  =

MINHA SORTE...
 
MOTE:
Se a sorte vai onde vou,
agradeço, comovida,
à mão de Deus que traçou
os rumos da minha vida...

Maria Nascimento
Rio de Janeiro/RJ

GLOSA:
SE A SORTE VAI ONDE VOU,
eu me sinto bem contente
e muito feliz eu sou
por poder me sentir gente!
 
Por estar, assim, feliz,
AGRADEÇO, COMOVIDA,
por tudo que tenho e fiz,
pela sorte, sem medida!
 
A suavidade imperou
e agradeço, em meu caminho,
À MÃO DE DEUS QUE TRAÇOU
tudo, com todo carinho!
 
Eu sigo, feliz, vivendo
na minha estrada florida
e sempre a Deus, bendizendo,
OS RUMOS DA MINHA VIDA…
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A TARDE E EU...
 
MOTE:
Vendo a tarde entristecida
que agoniza e chega ao fim,
dou-me conta que na vida
não há vida mais em mim.

Miguel Russowsky
Santa Maria/RS ,1923 – 2009, Joaçaba/SC

GLOSA:
VENDO A TARDE ENTRISTECIDA
eu vejo a minha tristeza
também nela refletida
num tom triste, azul-turquesa.
 
Essa tarde tão tristonha,
QUE AGONIZA E CHEGA AO FIM,
tal como eu, já não mais sonha,
nem sorrir, mais, sabe, enfim...
 
Vendo a esperança perdida,
jorra o pranto, de repente,
DOU-ME CONTA QUE NA VIDA
sem amor, nem sou mais gente!
 
E prossigo a caminhada
sem nunca escutar um sim;
quem me acompanha é o nada,
NÃO HÁ VIDA MAIS EM MIM.
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CANDELABROS DE SONHOS
 
MOTE:
Embora sempre tristonhos,
são os teus olhos, querida,
dois candelabros de sonhos
pondo luz em minha vida.

Milton Nunes Loureiro
Campos/RJ, 1923 – 2011, Niterói/RJ

GLOSA:
EMBORA SEMPRE TRISTONHOS,
em teus olhos eu diviso
alegrias que entressonhos,
unem teu pranto e teu riso!
 
Como dois sóis a brilhar
SÃO OS TEUS OLHOS, QUERIDA,
numa beleza sem par
promessas de amor...guarida!
 
Eu os vejo bem risonhos,
é que os sinto com amor...
DOIS CANDELABROS DE SONHOS
que me fazem sonhador!
 
Nesse teu olhar bonito,
sinto a ilusão renascida,
como luzes do infinito
PONDO LUZ EM MINHA VIDA.
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LOUCURAS?
 
MOTE:
Na vida, a bem da verdade,
quando se trata de amor,
loucura não tem idade,
sexo, raça, credo ou cor!...

Rodolpho Abbud
Nova Friburgo/RJ, 1926 – 2013

GLOSA:
NA VIDA, A BEM DA VERDADE,
a coisa mais importante
é amar, na realidade,
sempre, sempre, a todo instante!
 
Nada nos deve impedir
QUANDO SE TRATA DE AMOR,
pois é gostoso sentir
seu inquietante calor!
 
Amar é preciosidade,
é também doce loucura...
LOUCURA NÃO TEM IDADE,
e  "é eterna enquanto dura"!
 
O coração enlouquece
com força, com muito ardor
e na loucura ele esquece
SEXO, RAÇA, CREDO OU COR!...

Fonte: Gislaine Canales. Glosas Virtuais de Trovas XI. In Carlos Leite Ribeiro (produtor) Biblioteca Virtual Cá Estamos Nós. http://www.portalcen.org. Setembro de 2003.

domingo, 17 de setembro de 2023

Gislaine Canales (Glosas Diversas) LX – De Assis até Assis


    GRAÇA DA VIDA!

 
MOTE:
Tem muito mais graça a vida
quando a gente tem com quem
repartir bem repartida
a graça que a vida tem!
 A. A. de Assis
(Maringá/PR)

GLOSA:

TEM MUITO MAIS GRAÇA A VIDA
se um amor nos acompanha,
quando a estrada é bem comprida
e a solidão é tamanha!
 
A felicidade cresce
QUANDO A GENTE TEM COM QUEM
saborear cada benesse
sempre junto do seu bem!
 
Toda a alegria sentida
nós devemos dividir:
REPARTIR BEM REPARTIDA
para não vê-la fugir!
 
E a riqueza deste  mundo,
não vale nem um vintém
se não nos mostrar, no fundo,
A GRAÇA QUE A VIDA TEM!
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   NO MEU OLHAR...
 
MOTE:
No meu olhar já cansado
guardo estrelas, guardo luas,
as mensagens de um passado,
feito de noites só tuas.

Carolina Ramos
(Santos/SP)


GLOSA:
NO MEU OLHAR JÁ CANSADO
resta ainda uma esperança
ao recordar, excitado,
aquela doce lembrança!
 
No meu olhar tão ardente,
GUARDO ESTRELAS, GUARDO LUAS,
guardo os amores da gente,
de mãos dadas pelas ruas...
 
No meu olhar encantado,
leio ao longo do caminho,
AS MENSAGENS DE UM PASSADO,
feito de amor e carinho!
 
No meu olhar delirante,
brilham as imagens nuas,
de um amor embriagante
FEITO DE NOITES SÓ TUAS.
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   MINHA MADRUGADA
 
MOTE:
A madrugada é só minha,
na brisa que ela produz,
e me acalma e me acarinha,
e eu fico cheio de luz.
Flávio Roberto Stefani
(Porto Alegre/RS)

GLOSA:

A MADRUGADA É SÓ MINHA,
dela me sinto, senhor,
pois nela, os sonhos que eu tinha
realizo com amor!
 
Sinto aumentar a emoção
NA BRISA QUE ELA PRODUZ,
e feliz meu coração
esquece o peso da cruz!
 
A madrugada é a linha
que me leva ao infinito,
E ME ACALMA E ME ACARINHA,
com esse amor tão bonito!
 
A esse mundo de alegria
docemente me conduz,
me inundo, então, de poesia...
E EU FICO CHEIO DE LUZ.
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    MAIS INFELIZ...
 
MOTE:
Por uma luta perdida,
desesperar-se? Por que?
Há sempre alguém nesta vida
mais infeliz que você!
Jessé Nascimento
(Angra dos Reis/RJ)

GLOSA:
POR UMA LUTA PERDIDA,

não vale a pena chorar...
Esqueça a sua ferida,
e tente é recomeçar!
 
Por que ser assim, tão triste?
DESESPERAR-SE? POR QUE?
Algo de bom sempre existe
no coração que inda crê!
 
Quando a esperança é perdida,
procurá-la, nós devemos.
HÁ SEMPRE ALGUÉM NESTA VIDA
que sofre mais... e não vemos!
 
Você verá no seu dia,
num olhar que tudo vê,
sempre alguém, sem alegria,
MAIS INFELIZ QUE VOCÊ!
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   NUNCA...
 
MOTE:
 Ao nosso espírito ardente,
na avidez do bem sonhado,
nunca o futuro é presente.
Nunca o presente é passado.
Machado de Assis
(Rio de Janeiro/RJ, 1839 – 1908)

GLOSA:
AO NOSSO ESPÍRITO  ARDENTE,

tudo é uma indagação...
O que será realmente
a causa de uma emoção?
 
Muitas vezes, nos perdemos
NA AVIDEZ DO BEM SONHADO,
sem limites, sem extremos,
num amor apaixonado!
 
E nesse sonho envolvente,
encantador e bonito,
NUNCA O FUTURO É PRESENTE,
o futuro é o infinito...
 
A vida é eterna utopia
para quem sonha acordado,
cada dia é um novo dia,
NUNCA O PRESENTE É PASSADO!

Fonte:
Gislaine Canales. Glosas Virtuais de Trovas XI. In Carlos Leite Ribeiro (produtor) Biblioteca Virtual Cá Estamos Nós. http://www.portalcen.org. Setembro de 2003.

quarta-feira, 23 de agosto de 2023

Gislaine Canales (Glosas Diversas) LIX


AMA! SÊ BOM!
 
MOTE:
 Ama, sê bom, e terás
horas tranquilas e calmas…
O amor é um sol que desfaz
a neblina que há nas almas!...
José Maria Machado de Araújo  
Vila Nova de Famalicão/Portugal, 1922 – 2004, Rio de Janeiro/RJ

GLOSA:
Ama, sê bom, e terás
o teu coração contente,
e assim, também, tu farás
mais feliz, muito mais  gente!
 
O amor traz ao coração
horas tranquilas e calmas...
E as mãos doces da emoção,
unem-se batendo palmas!
 
Na bondade sempre há paz,
é a morada da alegria!
O amor é um sol que desfaz
a tristeza que angustia!
 
Vem, aquece a humanidade,
pois com teu calor acalmas
e terminas de verdade
a neblina que há nas almas!…
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RELER MENTIRAS...
 
MOTE:
Não deixe as cartas que eu mando
sem resposta, por favor,
porque é bom de vez em quando
reler mentiras de amor.
Maria Nascimento Santos Carvalho
Rio de Janeiro/RJ

GLOSA: 
Não deixe as cartas que eu mando
guardadas, sem  as abrir,
pois fico ansiosa esperando...
Quero de novo sorrir!
 
Não deixe nunca, eu lhe peço,
sem resposta, por favor,
minhas cartas, e eu confesso,
sem elas é grande a dor!
 
Eu fico feliz, sonhando,
em verdadeira utopia,
porque é bom de vez em quando
sentir em nós, a alegria!
 
No universo da ilusão
o meu mundo é encantador,
faz bem ao meu coração
reler mentiras de amor.
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A TROVA
 
MOTE:
A trova emite um conceito,
com tal engenho e primor,
que deixa o autor satisfeito,
e muito mais o leitor.
Miguel Russowsky  
Santa Maria/RS ,1923 – 2009, Joaçaba/SC

GLOSA:
A trova emite um conceito,
e uma mensagem bonita,
que cativa com seu jeito...
Nada no mundo a limita!
 
Com roupagem sempre nova,
com tal engenho e primor,
ao nascer mais uma trova,
nasce sempre um novo amor!
 
É um amor que estoura o peito
trazendo paz e alegria,
que deixa o autor satisfeito,
ao ver a sua poesia!
 
A trova é semente pura
agradando o seu feitor,
enobrecendo a cultura
e muito mais o leitor.
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PERTO DO MAR...
 
MOTE:
Na tarde suave e bonita,
sento-me perto do mar,
pela amplidão infinita
deixo minha alma vagar!
Reinaldo Aguiar
Natal/RN, 1921 – 2010

GLOSA:
Na tarde suave e bonita,
olhos fitos no horizonte,
a felicidade grita
e o eco forma uma ponte!
 
Feliz, cheia de alegria,
sento-me perto do mar
e vivo, em mim, a poesia
que terna vem me abraçar!
 
A onda mansa se agita
num carinho encantador...
pela amplidão infinita
eu viajo com ardor!
 
Na onda espumante e linda,
que vem os meus pés beijar,
sentindo ternura infinda
deixo minha alma vagar!
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NOSSAS MENSAGENS
 
MOTE:
As mensagens de esperança
que trocamos, tu e eu,
são hoje apenas lembrança
da esperança que morreu!
Silvina Antunes Leal
Santos/SP
 
GLOSA:
As mensagens de esperança
entre nós dois, eram lindas,
falavam da nossa andança
e de ternuras infindas!
 
Lembro, ainda, dos carinhos
que trocamos, tu e eu,
foi luz em nossos caminhos,
diminuindo o triste breu!
 
Mas a bem-aventurança
dessas  mensagens de amor,
são hoje apenas lembrança,
que nos causa angústia e dor!
 
E essa dor, em nós, tão triste,
e que nenhum esqueceu,
comprova que nada existe,
da esperança que morreu!…

Fonte:
Gislaine Canales. Glosas Virtuais de Trovas X. In Carlos Leite Ribeiro (produtor) Biblioteca Virtual Cá Estamos Nós. http://www.portalcen.org. Agosto 2003.

sábado, 5 de agosto de 2023

Gislaine Canales (Glosas Diversas) LVIII


POBREZA
La pobreza en  la humildad,
 en noche fría de invierno,
 es  tristeza, es soledad...
 ¡es mismo, un cruel infierno!
 
MOTE:
A pobreza na humildade,
em noite fria de inverno,
é solidão, é saudade...
é mesmo um cruel inferno!
Carmen Patiño Fernandes 
(España)

GLOSA:
A pobreza na humildade,
quando falta pão e abrigos,
suspira por igualdade,
lamenta a falta de amigos!
 
Dormindo, só, pela rua,
em noite fria de inverno,
o menino tem da Lua,
seu único abraço terno!
 
É triste a realidade,
amarga, sem alegria,
é solidão, é saudade...
é só dor, só nostalgia!
 
A miséria, a fome, enfim,
parece um problema eterno...
Sinto em prantos  dentro em mim:
é mesmo um cruel inferno!
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MEDOS...
 
MOTE:
A solidão forja medos...
e ao me deixares um dia,
feri os pés nos rochedos
sem temer a travessia!
Florestan Japiassú Maia
Rio de Janeiro/RJ, 1915 – 2006

GLOSA:
A solidão forja medos...
Eu me sinto enclausurado,
escravo dos meus segredos
e neles acorrentado!
 
Eu pensava que me amavas...
e ao me deixares um dia,
meu coração tu roubavas
e toda a minha alegria!
 
Rasguei, então, os enredos,
da nossa história de amor,
feri os pés nos rochedos
e enfrentei toda essa dor!
 
Com meus medos exilados,
vestidos de nostalgia,
transpus abismos passados
sem temer a travessia!
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FUTURO INCERTO...
 
MOTE:
Quanto mais olho o futuro,
vejo a solidão na estrada
fico perdido, inseguro,
ante a angústia de meu nada...
Ivone Taglialegna Prado  
Paraguaçu/MG,  ??? –  2022, Belo Horizonte/MG

GLOSA:
Quanto mais olho o futuro,
menos consigo enxergar,
está tudo tão escuro,
me sinto desanimar.
 
Na estrada da solidão,
vejo a solidão na estrada
e o meu pobre coração,
só com ela acompanhada!
 
Sozinho, não me aventuro,
tremo e choro, eu sinto medo,
fico perdido, inseguro,
o meu futuro é um segredo!
 
Essa dúvida angustia
minha alma desordenada,
que parte em busca do dia
ante a angústia de meu nada...
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SONHOS
 
MOTE:
Sou feliz na meia-idade,
revivendo, persistente,
os sonhos da mocidade,
nos sonhos do meu presente.
João Freire Filho
Rio de Janeiro/RJ, 1941 – 2012

GLOSA:
Sou feliz na meia-idade,
vivo de recordações
da colorida amizade
sempre cheia de emoções!
 
Sinto de novo a ternura
revivendo, persistente,
tantos dias de ventura
de uma vida comovente.
 
Relembro com ansiedade
aquele amor  tão profundo...
os sonhos da mocidade,
melhores sonhos do mundo!
 
Quase-velho e já cansado
me torno um adolescente,
transformo o sonho passado,
nos sonhos do meu presente.
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EU TE AMEI
 
MOTE:
Eu te amei sem ser amado,
e ainda, por te querer,
peço perdão de um passado
que eu não consigo esquecer...
Milton Nunes Loureiro
Campos/RJ, 1923 – 2011, Niterói/RJ

GLOSA:
Eu te amei sem ser amado,
te desejei noite e dia,
foste o sonho mais sonhado...
foste a tristeza e a alegria!
 
Resta sempre uma esperança,
e ainda, por te querer,
sinto aumentar a confiança...
nova luz no amanhecer...
 
Mas quando estou ao teu lado,
sinto medo, um medo atroz,
peço perdão de um passado
nunca vivido por nós!
 
O amor não correspondido
causa dor e padecer,
é tão forte, tão sofrido,
que eu não consigo esquecer...

Fonte:
Gislaine Canales. Glosas Virtuais de Trovas X. In Carlos Leite Ribeiro (produtor) Biblioteca Virtual Cá Estamos Nós. http://www.portalcen.org. Agosto 2003.

segunda-feira, 10 de julho de 2023

Gislaine Canales (Glosas Diversas) LVII


  
A JANGADA E MARIA...
 
MOTE:
 Partiu a jangada airosa
na praia ficou Maria,
pedindo, de alma ansiosa,
que ela volte ao fim do dia.

 Amália Max
Ponta Grossa/PR, 1929 – 2014

GLOSA:
Partiu a jangada airosa

singrando o mar tão azul,
que sobre as ondas, formosa,
segue o caminho do sul!
 
Fitando o horizonte infindo,
na praia ficou Maria,
sonhando seu sonho lindo:
ver voltar sua alegria!
 
Numa prece silenciosa
ela abre o coração,
pedindo, de alma ansiosa,
ao seu amor – proteção!
 
Lembrar  a jangada, gera
uma esperança tardia.
Então, se acalma e espera
que ela volte ao fim do dia.
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CORAÇÃO NÃO ALADO...
 
MOTE:
Dei-lhe asas de querubim
e as penas do meu penar,
– Meu coração mesmo assim,
não aprendeu a voar!

Gisela Alves Sinfrônio
Olhão/Portugal

GLOSA:
Dei-lhe asas de querubim

mas meu coração cansado,
continuava preso a mim,
não quis se tornar alado!
 
Dei-lhe um pouco de alegria
e as penas do meu penar,
para ver se iria um dia
pelo mundo viajar.
 
Dei-lhe, então, de tudo enfim,
tudo o que mais precisava...
– Meu coração mesmo assim,
se escondia e não voava!
 
Falei de sonho e carinho,
e, em vão, tentei ensinar,
mas meu coração, sozinho,
não aprendeu a voar!
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    PALHAÇO
 
MOTE:
Vencendo todo o cansaço,
decerto gargalharei,
pois hoje sou um palhaço,
dos sonhos que não sonhei!

Giselda Medeiros
Fortaleza/CE

GLOSA:
Vencendo todo o cansaço,

da tristeza que angustia,
vou seguindo, passo a passo,
e talvez, até sorria...
 
Se, de fato, eu conseguir,
decerto gargalharei,
pois o tempo é de sorrir
por tudo quanto chorei!
 
Cantarolar é o que eu faço
mundo afora, sempre, a esmo,
pois hoje sou um palhaço,
um palhaço de mim mesmo!
 
Sigo, então, a minha estrada
e feliz sei que serei,
pois me encontro compensada
dos sonhos que não sonhei!
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   DERRADEIRO ADEUS
 
MOTE:
Aquele gesto... pequeno...
naquele  leito...meu Deus!
Não era um simples aceno,
foi seu derradeiro adeus!

Jaime Pina da Silveira
São Paulo/SP

GLOSA:
Aquele gesto...pequeno...

tão fraco de sua mão...
de angústia e tristeza pleno...
machucou meu coração!
 
Seu olhar de nostalgia,
naquele  leito...meu Deus!
Levou a minha alegria
e todos os sonhos meus!
 
Aquele gesto sereno
que eu via diante de mim,
não era um simples aceno,
mas antes, o próprio fim.
 
Choro sempre ao relembrar
os pequenos gestos seus,
que no seu jeito de amar,
foi seu derradeiro adeus!
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  PEDAÇOS DE ETERNIDADE...
 
MOTE:
Os instantes de saudade
são, em nosso ir e vir,
pedaços de eternidade
que o tempo deixou cair...

João Paulo Ouverney
Pindamonhangaba/SP

GLOSA:
Os instantes de saudade

ganham grande dimensão:
às vezes, pura ansiedade;
outras, são doce emoção!
 
Esses momentos risonhos,
são, em nosso ir e vir,
retalhos de muitos sonhos,
que sonhamos a sorrir!
 
Entre o amor e a amizade,
vemos com muito carinho
pedaços de eternidade
atapetando o caminho!
 
Essa saudade, gostosa,
que ora estamos a sentir,
é saudade silenciosa,
que o tempo deixou cair...

Fonte:
Gislaine Canales. Glosas Virtuais de Trovas X. In Carlos Leite Ribeiro (produtor) Biblioteca Virtual Cá Estamos Nós. http://www.portalcen.org. Agosto 2003.

segunda-feira, 19 de junho de 2023

Gislaine Canales (Glosas Diversas) LVI


SEDENTA
 
MOTE:
Sedenta do teu carinho,
imagino em sonhos vãos,
tuas mãos tecendo um ninho
para aninhar minhas mãos...

Adélia Victória Ferreira
Sete Barras/SP, 1929 – 2018, São Paulo/SP

GLOSA:
Sedenta do teu carinho,
eu uso a imaginação
e me lanço no caminho
que leva ao teu coração!
 
Quase em êxtase de amor
imagino em sonhos vãos,
ouvir teus "sins" com fervor,
e nunca escutar os "nãos"!
 
Já não estou mais sozinho,
pois eu sinto junto a mim,
tuas mãos tecendo um ninho
e me acarinhando, assim!
 
Sonhando eu me realizo,
os sonhos são meus irmãos
que trazem o paraíso
para aninhar minhas mãos…
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CONFISSÕES DE AMOR...
 
MOTE:
Às vezes, doces sonatas,
noutras, preces de louvor;
Sempre belas serenatas
tuas confissões de amor!

Lisete Johnson
Butiá/RS, 1950 – 2020, Porto Alegre/RS

GLOSA:
Às vezes, doces sonatas,
eu escuto embevecida,
e com elas me arrebatas
e enfeitas a minha vida!
 
São sempre canções bonitas...
noutras, preces de louvor;
com mensagens infinitas
que têm imenso valor!
 
Os meus anseios desatas
com palavras de emoção,
sempre belas serenatas
que falam ao coração!
 
Vais meus sonhos realizando
com teu canto sedutor...
Fico feliz, escutando
tuas confissões de amor!
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FARIA TUDO...
 
MOTE:
Ah, se eu pudesse saber
qual a mulher que ele quer...
Que não iria eu fazer
para ser essa mulher!?

Magdalena Lea
Rio de Janeiro/RJ, 1913 - 2001

GLOSA:

Ah, se pudesse saber
qual o perfil preferido,
quando ele for escolher
o seu amor mais querido!?
 
Se eu pudesse, então, sonhar,
qual a mulher que ele quer...
aquela a quem vai amar...
coisas  faria – quaisquer!
 
Tudo com muito prazer
certamente eu o faria...
Que não iria eu fazer
para ter essa alegria?
 
Pagaria qualquer preço,
nem pensaria sequer,
me viraria do avesso
para ser essa mulher!
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   PINHEIRO
 
MOTE:
Vem trovador, vem correndo
ao meu Paraná, porque,
o pinheiro está morrendo...
de saudade de você!
Neide Rocha Portugal
Bandeirantes/PR

GLOSA:

Vem trovador, vem correndo
pra amenizar esta dor
da falta que estás fazendo...
Vem trazer-me o teu amor!
 
Traze logo essa ternura
ao meu Paraná porque,
é muito grande a tortura
da tua ausência. Em mim, crê.
 
Escuto vozes dizendo
chorando forte num grito:
o pinheiro está morrendo...
com  o seu porte bonito!
 
Se esse pinheiro morrer,
meu pensamento antevê
que essa morte deve ser
de saudades de você!
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  LUAR... NA VELHICE
 
MOTE:
Juventude, não cobice
somente o sol a brilhar...
Sempre, no céu, da velhice,
brilha também o luar!

Sebas Sundfeld
Pirassununga/SP, 1924 – 2015, Tambaú/SP

GLOSA:

Juventude, não cobice
para si, a eternidade,
não é só a meninice
que nos traz felicidade!
 
Não queira no seu presente,
somente o sol a brilhar...
também é lindo o poente,
do dia quando a findar!
 
Envelheça com meiguice,
com bom humor e alegria,
sempre, no céu, da velhice,
vemos um sol de poesia!
 
Enfrente o tempo,  altaneiro,
no fim do seu caminhar
e verá que o tempo inteiro
brilha também o luar!

Fonte:
Gislaine Canales. Glosas Virtuais de Trovas X. In Carlos Leite Ribeiro (produtor) Biblioteca Virtual Cá Estamos Nós. http://www.portalcen.org. Agosto 2003.

terça-feira, 30 de maio de 2023

Gislaine Canales (Glosas Diversas) LV


REZA
 
MOTE:
Na hora em que a terra dorme
enrolada em frios véus,
eu ouço uma reza enorme
enchendo o abismo dos céus.

Castro Alves
(Curralinho/BA, 1847-1871, Salvador/BA)


GLOSA:
Na hora em que a terra dorme,
e o silêncio toma conta,
meu pensamento disforme,
com o silêncio se afronta.
 
E minha alma, assim, tristonha,
enrolada em frios véus
sente, então, grande vergonha
como o mais triste dos réus.
 
Nesse silêncio uniforme
surgem vozes sonolentas:
- Eu ouço uma reza enorme-
que mais parecem tormentas.
 
E, às vezes, em oração,
quebram os silêncios meus,
e seguem com emoção
enchendo o abismo dos céus.
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MULHERES...
 
MOTE:
Vêm as rugas...e, no entanto,
a mulher não se intimida...
A perda externa do encanto
não desencanta uma vida!

Edmar Japiassú Maia
(Nova Friburgo/RJ)


GLOSA:
Vêm as rugas...e, no entanto,
o sonho não envelhece,
fica mais forte, garanto,
traz a força de uma prece!
 
Sonhar, traz felicidade!
A mulher não se intimida...
pois sonha com suavidade
em qualquer tempo da vida!
 
Jamais derrama seu pranto
vendo a velhice chegar...
A perda externa do encanto
não vai sua alma abalar!
 
Uma mulher de verdade,
não será, nunca vencida,
mesmo o avançado da idade,
não desencanta uma vida!
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PALHAÇO
 
MOTE:
Vencendo todo o cansaço,
decerto gargalharei,
pois hoje sou um palhaço,
dos sonhos que não sonhei!

Giselda Medeiros
(Fortaleza/CE)


GLOSA:
Vencendo todo o cansaço,
da tristeza que angustia,
vou seguindo, passo a passo,
e talvez, até sorria...
 
Se, de fato, eu conseguir,
decerto gargalharei,
pois o tempo é de sorrir
por tudo quanto chorei!
 
Cantarolar é o que eu faço
mundo afora, sempre, a esmo,
pois hoje sou um palhaço,
um palhaço de mim mesmo!
 
Sigo, então, a minha estrada
e feliz sei que serei,
pois me encontro compensada
dos sonhos que não sonhei!
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MAR... MONSTRO SAGRADO...
 
MOTE:
O mar é monstro sagrado,
mas fragilmente desmaia,
quando beija apaixonado
os lábios quentes da praia!

José Lucas de Barros
(Serra Negra do Norte/RN, 1934 – 2015, Natal/RN)


GLOSA:
O mar é monstro sagrado,
com suas ondas enormes
por ventos, transfigurado,
provoca visões disformes!
 
É imenso, é potente, é forte,
mas facilmente desmaia,
bendizendo a sua sorte,
mais um doce beijo ensaia!
 
Fica o mar todo excitado
no  vaivém de suas ondas,
quando beija apaixonado
os grãos de areia, nas rondas!
 
Em êxtase, quer ficar,
como espontânea cobaia,
para, então, sempre  beijar
os lábios quentes da praia!
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ROSÁRIO DE LEMBRANÇAS
 
MOTE:
Sozinho, ao fim das andanças,
desfio nas madrugadas
meu rosário de lembranças
de ousadias não tentadas...

Sérgio Bernardo
(Rio de Janeiro/RJ)


GLOSA:
Sozinho, ao fim das andanças,
em completa solidão,
só tenho desesperanças
no meu pobre coração!
 
Assim, tão só e infeliz
desfio nas madrugadas
o que eu sonhei e não fiz,
num tudo cheio de nadas!
 
Nessas tristes remembranças
rezo do começo ao fim
meu rosário de lembranças
e sinto pena de mim!
 
Passo a noite a relembrar,
em  horas enfeitiçadas,
que minha vida é um mar
de ousadias não tentadas…
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Fonte:
Gislaine Canales. Glosas Virtuais de Trovas X. In Carlos Leite Ribeiro (produtor) Biblioteca Virtual Cá Estamos Nós. http://www.portalcen.org. Agosto 2003.

sábado, 13 de maio de 2023

Gislaine Canales (Glosas Diversas) LIV


MARCA NOSTALGIA...
 
MOTE:
Tudo se foi da lembrança...
e do nosso antigo enredo
nem mais a marca da aliança
se acha gravada em meu dedo.
Humberto Del Maestro
Serra/ES

GLOSA:
Tudo se foi da lembrança...
Nosso amor chegou ao fim,
não restou nem a esperança
que eu tinha dentro de mim!
 
Do nosso amor com carinho,
e do nosso antigo enredo
nada restou no caminho
além da mágoa e do medo!
 
Sigo só, em  minha andança,
sem nada a me acompanhar,
nem mais a marca da aliança
quis comigo continuar!
 
Eu vivo sem alegria,
sofrendo, sempre, em segredo...
A marca da nostalgia
se acha gravada em meu dedo.
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MINHA FORTUNA
 
MOTE:
Eu tenho mais que ninguém,
fortuna de bens diversos:
– No bolso nenhum vintém...
– No sonho, milhões de versos...
Izo Goldman
Porto Alegre/RS, 1932 – 2013, São Paulo/SP

GLOSA:
Eu tenho mais que ninguém,
as minhas preciosidades
e o interior delas contém,
muito de amor e saudades!
 
Acumulo nesta vida
fortuna de bens diversos:
o beijo da despedida
e estrelas dos universos!
 
Sou rico e feliz, porém
de riqueza diferente:
- No bolso nenhum vintém,
mas o coração contente!
 
Costumo viver meu dia
lembrando amores dispersos,
e guardo, com alegria,
no sonho, milhões de versos!
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SOU TEU  MOMENTO...
 
MOTE:
Meu maior contentamento
é quando amorosa dizes,
que eu sou o melhor momento
dos teus momentos felizes!
José Tavares de Lima
Juiz de Fora/MG

GLOSA:
Meu maior contentamento
é quando escuto tua voz
num eterno juramento,
que fazes amor...por nós!...
 
Esse momento sublime
é quando amorosa dizes
que o meu amor te redime,
que ameniza  tuas crises.
 
É doce o encantamento,
quando falas com fervor
que eu sou o melhor momento
dos teus instantes de amor!
 
Eu gosto de ser amado!
Gosto de plantar raízes
e ser o rei, no reinado
dos teus momentos felizes!
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SEM HUMILHAR...
 
MOTE:
Nas lutas do seu viver
guarde o troféu merecido...
Virtude é saber vencer
sem humilhar o vencido!
José Valdez de Castro Moura
Pindamonhangaba/SP

GLOSA:
Nas lutas do seu viver
problemas não faltarão,
mas você precisa ver,
com os olhos do coração!
 
Sempre que for vencedor,
guarde o troféu merecido...
guarde-o com ternura e amor,
que jamais será esquecido!
 
Sempre há um novo renascer,
quando termina uma luta.
Virtude é saber vencer
com honra, qualquer disputa!
 
Mais valor tem a vitória,
e ficará comovido,
se usufruir sua glória
sem humilhar o vencido!
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CAMINHOS...
 
MOTE: (Quadra)
Partir, ó alma, que dizes?
colher as horas, em suma...
mas os caminhos do outono
vão dar em parte nenhuma!
Mário Quintana
Alegrete/RS, 1906 – 1994, Porto Alegre/RS

GLOSA:
Partir, ó alma, que dizes?
Sigamos rumo às estrelas,
não é bom criar raízes,
pois nos impedem de vê-las!
 
Não basta, eis a verdade,
colher as horas, em suma...
para ter felicidade,
desfrutemos uma a uma!
 
O tempo traz abandono,
deixa cinza o nosso dia
mas os caminhos do outono
trazem ainda alegria!
 
Sofremos ao ver chegar
o inverno cheio de bruma,
pois seus caminhos vão dar...
vão dar em parte nenhuma!

Fonte:
Gislaine Canales. Glosas Virtuais de Trovas X. In Carlos Leite Ribeiro (produtor) Biblioteca Virtual Cá Estamos Nós. http://www.portalcen.org. Agosto 2003.