terça-feira, 3 de junho de 2008

Jorge Fregadolli (O Vendedor)

Admiro muito as pessoas que sabem vender coisas. Qualquer coisa. No balcão de uma loja ou indo diretamente ao encontro do comprador. O vendedor me impressiona pelo seu fôlego, pelo seu farto assuntário, pela sua inata psicologia, até muitas vezes pela sua cara-de-pau...

Tenha ele o nome que tiver: picareta, corretor, agente de negócios, é sempre um mágico, um diplomata, um genial lutador que, se for desafiado, é capaz de vender geladeira a esquimó.

De vez em quando um deles aparece na casa da gente ou no escritório. Fala, toma um tempo precioso, chega a irritar pela sua insistência em vender aquilo que não queremos comprar. Todavia, eu gosto de ouvir os vendedores, para analisá-los. São pessoas realmente singulares.

Impressiona-me a paciência deles. Não se importam em levar “chá-de-cadeira”. Sentam-se numa sala-de-espera, uma, duas, três horas, aguardando a atenção do cliente. Nunca perdem o bom-humor, nunca lhes falta aquela piada sensacional para quebrar o gelo. Sabem de tudo. Entendem de futebol, de política, de samba. Entendem de qualquer coisa que o cliente resolva discutir. E, se levam um ”fora”, agradecem do mesmo jeito e prometem voltar no mês que vem. Voltam como se nada houvesse acontecido. E transam o negócio compensador.

O Norte do Paraná é, de certa forma, o produto do trabalho de uma grande multidão de vendedores. Desde os vendedores de terras para lavouras e lotes urbanos, até os que vendem casas, apartamentos, automóveis, máquinas, adubos, inseticidas, material de escritório, produtos de beleza, geléia-real, sapatos, livros, publicidade, tudo enfim.

O vendedor anima a praça. Estimula os investimentos. Faz o dinheiro rodar. É um agente do progresso e, ainda que algumas vezes nos obrigue a comprar o que não queremos, nem podemos, ainda assim a gente gosta dele e o admira.

Um desses gênios do comércio me contou que, certa ocasião, vendeu dois tratores a um homem que nem terras possuía, e para que os tratores não ficassem inúteis, acabou vendendo também um sítio ao mesmo freguês. Depois, ainda ao mesmo dito-cujo, vendeu adubos, pesticidas, uma bela colheitadeira e sei-lá-que-mais. Deu tamanha sorte, que o homem enriquecera em pouco tempo com aquele sítio, comprando mais terras e é hoje um de seus maiores fregueses.

O vendedor é aquele que jamais deixa a peteca cair. Pode estar a maior crise do mundo e ele continua pregando otimismo. Você acaba comprando as coisas dele pelo entusiasmo que ele injetou em sua vida.
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Sobre o Autor
Membro da Academia de Letras de Maringá
Cadeira nº.30 – Patrono: Monteiro Lobato
Advogado, jornalista, editor da Revista Tradição. Nasceu em Quatá – SP, no dia 02 de março de 1938. Autor do livro: “De olho na história”.
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Fonte:
Academia de Letras de Maringá. http://www.afacci.com.br/

Editora de Jundiaí (SP) levará 50 obras para a Bienal

Os autores jundiaienses entendem que este é o momento de mostrar qualidade. "Um sonho realizado". É assim que Márcio Martelli, proprietário da editora In House e escritor, descreve sua emoção por conseguir montar um estande na 20ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo. O projeto se concretizou depois de o autor ´encasquetar´ que queria um espaço no evento. "Acordei um dia e pensei: quero expor na Bienal", conta. Ele lembra que a idéia parecia impossível. "Eu tinha isso como um anseio difícil de ser alcançado". Entretanto, Márcio provou que o impossível só existe para quem não corre atrás de seus objetivos. "Eu vi o preço do estande e resolvi alugar. Depois, comecei a reunir parceiros e autores que estão colaborando com a iniciativa", comenta.

Graças ao sonho do escritor, a In House é a primeira editora de Jundiaí a participar da Bienal do Livro. Mais de 300 escritores de Jundiaí e região vão expor seus trabalhos no local. "Temos muitos autores de qualidade. Todos estão muito empolgados. Eles querem muito participar", destaca.

Para a Bienal, a In House levará cerca de 50 títulos, entre poesias, prosas, antologias e infantis, sendo 30 lançamentos. "Também estaremos participando com parcerias com entidades e empresas que representam Jundiaí", comenta Márcio. Todos os visitantes que passarem pelo estande da In House serão presenteados com brindes: sacolas, postais, marcadores de páginas, revistas, catálogos e folders personalizados. Segundo Márcio, a editora fará pelo menos dois lançamentos por dia. Também haverá participação de escritores para autografar os livros e contadores de histórias.

Segundo Martelli, a presença da editora no evento é importante para divulgar o trabalho dos escritores de Jundiaí e região e levar o nome da cidade para um evento internacional. "É uma oportunidade para que outras editoras conheçam nosso trabalho. Nessa ocasião, algum escritor que publicou livros comigo pode ser contratado por uma editora maior", ressalta.

Fontes:
Jornal de Jundiaí. http://www.portaljj.com.br/interna.asp?int_id=50035
Douglas Lara. In: www.sorocaba.com.br/acontece

Concurso Literário: ´Desperte o Poeta que existe em Você´

Assim é denominado o VI Concurso Literário da Associação dos Aposentados e Pensionistas de Jundiaí, em parceria com a Academia Feminina de Letras de Jundiaí (Aflaj), Grêmio Cultural Professor Pedro Favaro, Fórum Qualidade de Vida e Academia Jundiaiense de Letras (Ajl). "Temos o objetivo de incentivar os autores. Tem gente que não tem coragem de escrever e precisa de estímulos e oportunidades como esta", comenta Paulo Alfredo Moraes Leite, presidente da AJL. Segundo ele, a iniciativa faz parte do projeto de tornar Jundiaí não só a cidade que mais lê, mas também a cidade que mais escreve no Brasil. "O número de pessoas participantes aumenta a cada ano. Dessa vez, esperamos mais de mil inscrições", prevê Paulo.

O tema do concurso é livre e as poesias devem ser entregues até o dia 30 deste mês. Podem participar pessoas com idade superior a 15 anos. Cada autor pode mandar duas poesias com três cópias de cada, com até 30 linhas, em papel sulfite (digitadas ou datilografadas). As 50 melhores serão publicadas em um livro, organizado em ordem alfabética, com o nome do autor. A sessão solene de entrega dos prêmios será no dia 20 de outubro. As poesias devem ser encaminhadas, pessoalmente ou pelos correios, à Associação dos Aposentados e Pensionistas de Jundiaí, que fica na rua XV de novembro, 1136, Centro, CEP 13201-305.

Fontes:
http://www.portaljj.com.br/interna.asp?Int_IDSecao=1&Int_ID=50203
Douglas Lara. In www.sorocaba.com.br/acontece

Laurentino Gomes faz palestra em Maringá no dia 6 de junho

Seu livro, que aborda os 200 anos desde a vinda da família real portuguesa ao Brasil, lidera há 30 semanas a lista dos mais vendidos no segmento não-ficção no País e é sucesso também em Portugal

Autor de "1808", um dos livros mais badalados dos últimos anos e há 30 semanas no topo da lista dos campeões de venda no segmento não-ficção no País, o jornalista Laurentino Gomes vem a Maringá no dia 6 de junho para uma palestra sobre a obra, que aborda os 200 anos da vinda da família real portuguesa.

O evento, programado para as 20h no Teatro Luzamor (ao lado do Parque do Ingá), é uma iniciativa da Academia de Letras de Maringá e Rádio CBN, com apoio de O Diário e Rádio Cultura AM.

Laurentino tem uma agenda concorrida e vem cumprindo nos últimos meses uma extensa programação de palestras, inclusive no exterior. Em Maringá, o jornalista vai fazer também o lançamento de "1808", best-seller que consumiu dez anos de pesquisas e já teria alcançado a venda de 300 mil exemplares até o final de abril. A obra também faz sucesso em Portugal, onde foi lançada no início do ano.

Laurentino Gomes (Maringá, 1956) formado pela Universidade Federal do Paraná com pós-graduação em Administração pela Universidade de São Paulo e cursos nas universidades de Cambridge, na Inglaterra, e Vanderbilt, nos Estados Unidos. Tem 30 anos de experiência como repórter e editor de alguns dos principais veículos de comunicação do Brasil, incluindo o jornal O Estado de S. Paulo e a revista Veja. Responsável por uma divisão da Editora Abril que responde por 23 revistas especializadas, Laurentino viveu em Maringá até os 18 anos, transferindo-se em seguida para Curitiba, onde cursou jornalismo na Universidade Federal do Paraná. Ele trabalhou também no jornal O Estado de S. Paulo.

Fontes:
http://www.paranashop.com.br/
Colaboração da presidente da Academia de Letras de Maringá, Olga Agulhon por e-mail.

Laurentino Gomes [1808: uma resenha]

"Como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a História de Portugal e do Brasil"

Depois de uma exaustiva pesquisa em fontes as mais diversas durante mais de 10 anos, Laurentino Gomes nos brinda com esta narração definitiva sobre a fuga da Família Real Portuguesa para o Brasil, sob a escolta da Marinha Britânica.

Antecedentes

Portugal – uma das nações mais atrasadas da Europa em inícios do século XIX – encontrava-se freqüentemente diante da possibilidade concreta, estimulada e aconselhada por muitos a ter a sede de seu governo transferida para o Brasil, colônia da qual se tornara totalmente dependente. A cada crise no Continente Europeu a idéia se renova, mas somente a partir dos ecos da Revolução Francesa, mais particularmente em seu período Napoleônico, a idéia ganhou força e premência. Com maior vigor a partir de 1801 a idéia freqüentemente era cogitada. No entanto o Príncipe Regente D. João era fraco demais – inclusive fisicamente – medroso demais e indeciso demais para adotar medida de tão graves monta e repercussão.

Os monarcas "perdem a cabeça"

O Rei Jorge III, da Inglaterra, tinha ataques constantes de demência, amplamente relatados: trazia ao colo uma almofada que informava ser uma criança; criou uma "Nova Teoria da Santíssima Trindade" incluindo a si mesmo e a um criado, além de Deus; passava por vezes 3 dias sem dormir, tempo durante o qual passava a maior parte do tempo falando sem parar – e poucos compreendiam bem o que exatamente estava ele a dizer.

Em Portugal, D. Maria I, a Rainha Mãe, informava ver o fantasma de seu pai com freqüência, ensangüentado e clamando vingança; seus gritos – talvez a palavra "urros" expresse melhor o volume em que se expressava durante os ataques de demência – eram tão lancinantes que ela foi recolhida a um convento, declarada demente e seu segundo filho, despreparado para assumir o trono, D. João, foi nomeado Príncipe Regente.

Na França e em outros pontos da Europa reis e rainhas eram decapitados. Como bem o enfatiza Laurentino Gomes, "era um tempo em que os monarcas, literal e metaforicamente, perdiam a cabeça"

Decisão às pressas

Somente quando pressionado pelo avanço das tropas napoleônicas do General Junot, em fins de 1807 e pressionado pela Inglaterra, a decisão foi tomada de maneira tão apressada e atabalhoada que muitos bens dos fugitivos para o Brasil ficaram empilhados no cais: bagagem, livros da Real Biblioteca, prataria saqueada de igrejas, etc. Além disso, as embarcações vieram todas apinhadas de gente, sem os cuidados técnicos necessários a uma tão longa travessia (levaria cerca de 3 meses para atravessar o Atlântico nas rústicas naus da época): pelo menos dois navios sequer conseguiram zarpar e o suprimento dos que zarparam no dia 29 de novembro de 1807 mal eram suficientes para 2 ou 3 semanas. Foi sem dúvida uma fuga apressada e decidida às pressas e, sem a escolta britânica a prover quase tudo o que faltava, a viagem estaria fadada a uma tragédia.

Travessia conturbada e escala em Salvador

Enfrentando as saunas em que os navios selados da época se transformavam nos Trópicos, com água e refeições racionadas, condições sanitárias precaríssimas, a Corte e seus inúmeros lacaios e bajuladores – de ministros a clérigos e oportunistas com suas numerosas famílias – penou 3 meses de céu e mar. O escorbuto (falta de vitamina C) e outras moléstias ceifaram vidas, uma infestação de piolhos obrigou a todos a raspar a cabeça, uma tormenta provocou um desvio de rota que a muito custo foi retificada – sempre com o apoio logístico da Marinha Britânica – e finalmente, a 22 de janeiro de 1808 os navios aportaram em Salvador.

Um fato curioso é que a princesa Carlota Joaquina, suas filhas e damas da corte desembarcaram com uns turbantes rústicos enrolados na cabeça para disfarçar a calva a que foram reduzidas pela infestação de piolhos. As damas da sociedade soteropolitana consideraram ser aquela uma moda européia e aderiram com tal entusiasmo que até hoje as Baianas usam a indumentária...

A escala em Salvador proporcionou momentos de repouso após viagem tão longa e penosa e, aconselhado pelos seus ministros, D. João decidiu receber autoridades do Norte-Nordeste Brasileiro para as esquisitas cerimônias de "beijão-mão": filas de fidalgos esperando a vez para oscular as extremidades dos braços do Príncipe Regente – uma constante na vida de D. João, que exigia estas demonstrações de fidelidade e submissão com regularidade enquanto governou. Era preciso fortalecer os vínculos entre as províncias do Brasil colônia que, aos poucos, viria a se transformar numa nação, sede do governo português no exílio.

A chegada ao Rio de Janeiro

No dia 7 de março de 1808 a esquadra de D. João chega à Baía de Guanabara, mas o desembarque ocorre somente no dia seguinte. Os puxa-sacos que sempre cercam esse tipo de acontecimento no Brasil prepararam uma recepção retumbante, com muitos tiros de canhão, fogos de artifício e festas populares para saudar "a chegada do primeiro monarca Europeu a terras americanas".

Portugal foi saqueada pelos fugitivos de Napoleão antes de embarcar para o Brasil, mas mesmo assim os recursos eram insuficientes para sustentar uma das maiores cortes que qualquer monarca da época ousava manter em torno de si. Todos dependentes dos cofres governamentais e sequiosos de um enriquecimento rápido por aqui para uma volta a Portugal à primeira oportunidade.

Casas foram requisitadas pela coroa portuguesa que nelas colava cartazes com as iniciais P.R. (casa requisitada pelo Príncipe Regente) que a irreverência carioca rapidamente entendeu como "Ponha-se na Rua!" Os impostos foram aumentados a níveis até então inusitados; nada comparável aos 40% que os brasileiros pagam hoje para os mensaleiros e sanguessugas e portadores de cartões corporativos de Lula da Silva, mas uma taxação severa para a época e, tal qual hoje, todos desconfiavam que os impostos não seriam empregados para o bem público e sim para o benefício privado dos dependentes do governo.

Medidas progressistas

Uma vez que a sede do governo português situava-se no Rio de Janeiro, foram necessárias algumas medidas – muitas das quais adrede acertadas com a Inglaterra pela "cortesia" da escolta – progressistas para a época, como a Abertura dos Portos às Nações Amigas, decreto Régio de 28 de janeiro de 2008. "Nações Amigas" eram basicamente Portugal e a Inglaterra. Pelo acordo acertado com antecedência, o Brasil seria o principal escoadouro do excedente comercial britânico e a Inglaterra contava com benefícios alfandegários ainda superiores aos dos portugueses. Em pouco tempo os cais brasileiros estavam atulhados de coisa absolutamente inúteis para nosso clima tropical: patins para gelo, aquecedores de colchões e outras bugigangas caríssimas que muitos acabavam empregando em outras finalidades – um viajante da época informa que percebeu uma maçaneta de uma casa modesta modelada a partir de um patim para gelo, por exemplo...

Foi necessário ainda criar um órgão para cunhar a moeda que circularia por aqui: o Banco do Brasil. Como foi criado na base do compadrio e muita corrupção, teve vida efêmera. Em 1820 teve seus cofres saqueados pela Família Real de volta para Portugal, faliu e acabou sendo liquidado em 1829. Somente em 1835, já no governo de D. Pedro II o Banco do Brasil foi recriado.

Hábitos esquisitos

Havia as esquisitíssimas e regulares cerimônias de beija-mão, acima relatadas.

D. João VI era gordo, flácido e devorador voraz de franguinhos que trazia fritos e desossados nos bolsos de seus uniformes sempre sujos e engordurados. Não conseguia caminhar a pé mais de alguns metros sem sentir extrema fadiga e era, na mais completa acepção do termo, um dos homens mais fracos que já governaram esta nação, mas, surpreendentemente, logrou ser o único a enganar Napoleão Bonaparte e realizou um governo medianamente satisfatório.

Uma vez encontrar-se já em situação de separação definitiva de corpos da princesa Carlota Joaquina, o Autor Tobias Monteiro, apontado por Gomes na obra hora em análise, informa que D. João mantinha relações homossexuais "de conveniência", particularmente com um de seus camareiros, Francisco Rufino de Souza Lobato: recebeu títulos, pensões portentosas e promoções sucessivas.

Numerosas salvas de canhão eram ordenadas a cada entrada de navio na Baía de Guanabara. Um estadunidense surpreso comenta o quanto os portugueses gostavam de gastar sua pólvora, a ponto de se ouvir o troar dos canhões à entrada da Baía ao longo de todos os dias.

Sem esgoto sanitário o lixo era invariavelmente jogado às ruas pelas janelas e, não raro, um passante recebia o "batismo" de dejetos humanos. Classes mais abastadas contavam com escravos encarregados de levar seus dejetos acumulados para despejar na Baía de Guanabara. Ficavam conhecidos como "carijós" pois quando o ácido de urina misturada com fezes caía sobre suas costas deixava em suas peles negras algumas manchas brancas.

Imprensa

Enquanto a Europa se encaminhava a passos largos para a ampliação dos Direitos da Pessoa Humana e do Cidadão, o Brasil recebia um dos mais atrasados representantes do Antigo Regime...

Como a oposição ao governo era um crime gravíssimo, o único jornal com alguns eivores críticos que, mais tarde, contudo, precisou ceder ao governo português, era o Correio Braziliense, que Hipólito da Costa editava em Londres.

Legado

Com todas as fraquezas, todo o medo e covardia, além de toda a corrupção que cercou a fuga da Família Real para o Brasil, devemos o princípio de nossa emancipação política (vulgarmente conhecida como "Independência") a este episódio, a esta travessia de 1808.

Através de brutais repressões e da concentração autocrática o Brasil – ex-colônia portuguesa – manteve sua integridade territorial, lingüística e, em alguns aspectos "cultural", ao contrário do Império Colonial Espanhol que se fragmentou em dezenas de Nações distintas.

Quando as cortes em Portugal, já livres de Napoleão Bonaparte e de seus "protetores" ingleses exigiram a volta da Família Real para o Continente além do juramento a uma constituição com alguns lustros de republicanismo, D. João VI – já então na posição de Monarca Português após o falecimento de D. Maria I, "a louca" – deixou o Brasil a cargo de seu filho D. Pedro com a recomendação de, em caso de revolta ou tentativas mais autonomizantes que o desejavam as cortes portuguesas, D. Pedro tomasse a coroa "antes que algum aventureiro o fizesse". Assim, o Brasil simplesmente passou de pai para filho sem grandes azedumes em 1822. Por incrível que pareça – se é que a palavra "incrível" pode se aplicar a alguma situação no Brasil – os únicos problemas armados envolvendo o episódio conhecido como "Independência", o 7 de setembro de 1822, quando D. Pedro rompeu com as cortes portuguesas, foram de alguns portugueses e brasileiros nativos que se rebelaram contra a autonomia desejosos de continuar mamando nas tetas de Portugal. Estes foram repelidos, novamente, com a ajuda de mercenários ingleses contratados pois nossa Marinha estava ainda em projeto...

De mais a mais, como Portugal devia 2 milhões de libras esterlinas à Inglaterra, para reconhecer a autoridade de D. Pedro I sobre o Brasil a ex-metrópole exigiu o repasse da dívida para a nova Nação Brasileira, dando o pontapé inicial em nossa interminável dívida externa

Fonte:
Lázaro Curvêlo Chaves. 1808 - uma resenha. Disponível em
http://www.culturabrasil.pro.br/1808-laurentino.htm

Mary Del Priore (O ano que definiu o Brasil)

1808, do jornalista Laurentino Gomes, lança luz sobre a fuga da família real portuguesa para o Rio – fato que mudou o destino nacional

Efeméride é uma palavra antiga e fora de uso que designa um fato importante ocorrido em determinada data. Em geral, é acompanhada de festejos, discursos e foguetórios. As comemorações do bicentenário da Revolução Francesa, por exemplo, levaram a um autêntico frenesi. Nenhuma pequena cidade escapou de plantar uma "árvore da liberdade", símbolo da igualdade entre os cidadãos. Esse élan comemorativo despertou, contudo, muitas críticas. Houve quem dissesse que a paixão dos festejos na verdade deixava em segundo plano o inventário dos acontecimentos históricos. E que estes nem sempre foram tão gloriosos. Pois no ano que vem os brasileiros terão sua grande efeméride. Em 2008, comemora-se a chegada da família real bragantina às praias tropicais. Preparam-se, em toda parte, congressos e festivais. Fala-se até mesmo na restauração da fragata que teria transportado dom João VI. Mas o leitor tem a mínima idéia do que está por trás disso? Se a resposta for não, já tem um guia: é 1808 (Planeta; 408 páginas; 39,90 reais), do jornalista Laurentino Gomes. Trata-se de um livro que se lê com um sorriso nos lábios.

O autor Laurentino Gomes: boa idéia sustentada por uma metodologia sem falhas

Nascida da paixão pelo assunto, de dez anos de pesquisa e da sensibilidade do autor (que é diretor-superintendente da Editora Abril, que publica VEJA), a obra é um verdadeiro manual de viagem por todos os acontecimentos que envolvem esse mal conhecido episódio da história nacional. Mal conhecido porque, como bem diz Gomes, para entendê-lo é preciso despi-lo da rebuscada linguagem acadêmica com que é normalmente apresentado. E, convenhamos, nem todo mundo tem paciência para isso. Sua fórmula caminha no sentido contrário. Ela se vale de uma deliciosa mistura de bom humor e erudição para criar um amplo painel de acontecimentos e personagens que se cruzam durante os treze anos da aventura dos Bragança nos trópicos. Por meio de 29 capítulos curtos e cinematográficos, Gomes monta um quebra-cabeça em que cada peça se encaixa na precedente. E convida o leitor a cavalgar por uma sucessão de paisagens históricas. Assim, ele se vê no cais do Tejo, acenando para a família real que parte em caravelas caindo aos pedaços rumo ao Brasil. Cruza o Atlântico, em barcos apertados, onde faltam comida, água e sobram piolhos e baratas. Vê a esquadra se dispersar, graças às tempestades tropicais, e dom João, o rei tímido, supersticioso e feio, desembarcar em Salvador. Ali, em meio a recepções, o monarca assina a abertura dos portos que favorece comerciantes ingleses, mas também brasileiros, enriquecendo as duas pontas do comércio internacional. E o leitor compreende que a corte chega em pedaços. Maltrapilha, empobrecida e ansiosa por receber algo em troca do "sacrifício da viagem".

Depois das feéricas recepções no Rio de Janeiro, assiste-se, também, ao nascedouro de um estado perdulário e aos desmandos da má gestão. Mostra-se o início do compadrio e do toma-lá-dá-cá que dá origem ao Banco do Brasil: traficantes de escravos, fazendeiros e negociantes compram ações da instituição para ser compensados com títulos de nobreza. Vê-se surgir a prática das "caixinhas" nas concorrências e pagamentos de serviços públicos: 17% sobre saques do Tesouro. Vêem-se ainda as transformações pelas quais passa a colônia: a criação de escolas, de estradas, de hospitais. A europeização progressiva dos cariocas, que passam a consumir produtos importados, a vestir-se com a moda francesa e a copiar hábitos ingleses. Mas, por trás dos "progressos civilizacionais", a mancha da escravidão persiste: o sórdido mercado do Valongo a receber mais e mais africanos, fazendo a fortuna de empresários proeminentes e respeitados. Elias Antônio Lopes, que doou o palácio de São Cristóvão ao rei, foi um deles. O leitor acompanha, ainda, os viajantes estrangeiros que "descobrem" o Brasil, anotando em desenhos e livros de viagem suas impressões sobre nordestinos, paulistas e gaúchos; sobre negros e índios, homens e mulheres; sobre a natureza perpetuamente em festa. Ele acompanha, finalmente, o declínio de Napoleão, o todo-poderoso que expulsou dom João de Portugal, sua derrota na guerra peninsular e o exílio em Santa Helena. Mas também o ressentimento dos portugueses com seu rei, que os abandonou e esqueceu. O sentimento de orfandade alimenta o desejo pela revolução liberal que eclode na cidade do Porto em 1820, obrigando dom João VI ao retorno.

Além dos episódios históricos apoiados em fontes documentais e nos estudos mais atualizados sobre o tema, o autor faz saltar das páginas os personagens emblemáticos do período. Minibiografias contam a trajetória do próprio dom João, de sua famigerada mulher, Carlota Joaquina, do funcionário da Real Biblioteca, Joaquim dos Santos Marrocos, do Cabugá ou Antonio Gonçalves Cruz, mentor de uma revolução liberal em Pernambuco que incluía o resgate de Napoleão da Ilha de Santa Helena para lutar lado a lado com os insurgentes, ou do Padre Perereca, cronista de usos e costumes da época, que descreve como ninguém o encontro de dois mundos: o europeu e o americano.

Gomes não adere à cosmética atual que, para reabilitar dom João, recorre a eufemismos como "transmigração" ou "translado". Para ele, houve "fuga" mesmo, pois o rei não tinha alternativa. A pressão exercida pelo gênio de Napoleão não dava margem a estratégias arrojadas. Não por acaso, a resposta portuguesa foi, simplesmente: pernas para que te quero. Sobre esse rei tão mal conhecido, Napoleão registrou em suas memórias: "Foi o único que me enganou". Enganam-se também os que acham que aquele foi um período sem maiores novidades e transformações. 1808 desvenda os acontecimentos com graça e leveza, convidando o leitor a descobrir o real sentido desta efeméride tão próxima. É uma síntese histórica que brilha pela limpidez das explicações e pelo interesse de projetar o passado no presente. É uma boa idéia sustentada por uma metodologia sem falhas. Uma boa maneira de apreciar o foguetório que virá, sabendo, de antemão, do que se trata.

Fonte:
http://veja.abril.com.br/120907/p_126.shtml
Fotos de João Batista Perillo, Alexandre Battibugli
Dom João VI, num retrato clássico (foto maior) e em passeio com a corte pelas ruas do Rio: sua vinda trouxe progresso, mas também vícios como a prática das "caixinhas"

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Paulo V. Pinheiro (Um sempre na noite clara)

Como sempre, numa noite de fazer tremer, como se as outras não fizessem, as pessoas se unem e tramam o dia de amanhã.

Seja em oficinas, nas ruas, nos colégios, nos nos... como eu diria... nos lugares onde a gente anda... trama... pensa ou projeta a vida..., como se nesta ânsia a gente pudesse fazer que os sonhos se transformassem em vida.

A pessoa tem medo do amanhã. Como tem medo da morte e da escuridão. Tem medo mais ainda do desconhecido, da demência, do mal que não vê e que circunda a cada inalação ou baforada de um cigarro que não fuma, mas que sente a sua presença. Os crepitares do silêncio e a aurora que teima em adiar os seus raios, rasos, flácidos e... a gente se agarra a uma sobra do agora como os bêbados se agarram aos seus copos e garrafas ou coisas assim.

Fascinações de uma página, não mais. Um fascínio tal que dá angústia quando se sabe que quem escreve quer o contrário. O acordar do real pesadelo. O pesadelo de se ver a si, como se isso sempre tivesse de ser ruim. Como se isso tivesse de não ser bom.

O agora fascina e faz tremer. É onde a gente se olha de frente vê o verdadeiro tamanho que conquistou até o segundo anterior. Tal soma pode ser do maravilhoso ao esfarrapado e a maioria procura na embriaguês a celebração deste encontro. Peço perdão aos sóbrios a generalização.

O ordinário é buscar a luz como buscam as mariposas antes de morrerem. Ficam embriagadas nas luzes que não são delas e queimam suas patas e asas e quando algumas escolhem uma fogueira é um crepitar da valentia estúpida. Ébrios e heróis andam de braços dados...

Fontes:
http://paulovinheiro.blogspot.com
http://aghatadafne.loveblog.com.br (imagem)

Rápidas

SECRETARIA DE CULTURA REALIZA ENCONTRO DE ESCRITORES E POETAS DE VOTORANTIM E REGIÃO. A proposta é conhecer e divulgar os trabalhos de poetas da cidade e da região.
Nesta próxima sexta-feira (30) de maio, às 20h00 será realizado a sexta edição do Sarau Literário, o evento tem como proposta reunir escritores, poetas e pessoas que se interessam pelo gênero literário. Realizado pela Secretaria de Cultura em parceria com a Sociedade dos Poetas Vivos o projeto promete trazer novidades ao público.
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REUNIÃO DA ORDEM NACIONAL DOS ESCRITORES E DO PORTUGALCLUB
Cumprindo o calendário pré estabelecido, efectuou-se no dia 11 do corrente em São Paulo -das 18H00 às 21H30 - a anunciada reunião conjunta da Ordem Nacional dos Escritores e do Portugalclub, com representantes do Parlamento Mundial Para Segurança e Paz, dos Elosclub, e do Ministro da Cultura, cujo membro de seu gabinete, Dr. Paulo Oliver, encerrou de forma brilhante a reunião, quando já passava das 23H00.
http://www.mundolusiada.com.br/COMUNIDADE/comu06_mai021.htm
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7º COLÓQUIO ANUAL DA LUSOFONIA E II PRÉMIO LITERÁRIO DA LUSOFONIA
Participe, Comente e divulgue também o 7º Colóquio Anual da Lusofonia em Bragança (Portugal) de 1 a 4 de outubro. O tema deste ano é “Língua Portuguesa e Crioulos: um enriquecimento biunívoco
chrys gmail dr informa :
Pela presente vimos solicitar a todos os especialistas no tema que apresentem trabalhos no 7º Colóquio Anual da Lusofonia em Bragança (Portugal) de 1 a 4 de outubro. O tema deste ano é
“Língua Portuguesa e Crioulos: um enriquecimento biunívoco
http://lusofonia2008.com.sapo.pt/
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PALESTRA SOBRE O NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA
A Universidade do Livro, vinculada à Fundação Editora da Unesp, promove no dia 13 de junho (sexta-feira), das 10h às 12h, palestra sobre O Novo acordo ortográfico da língua portuguesa. Aprovado pelo parlamento português no dia 16 de maio, o acordo visa unificar a ortografia do idioma lusófono. No Brasil, as mudanças nos livros didáticos serão feitas até 2010
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'PEQUENOS' DO COLÉGIO ELVIRA BRANDÃO (SÃO PAULO) ESCREVEM 'AUTOBIOGRAFIA'

Atividade é incentivada com a leitura da biografia de grandes nomes da cena brasileira como Chico Mendes, Machado de Assis, Monteiro Lobato e Portinari.

O objetivo é incentivar o amor às letras, aos livros e às artes e, não necessariamente, descobrir talentos literários precoces - embora isso, é claro, não esteja fora de questão.

Os pequenos alunos do Colégio Elvira Brandão, da Zona Sul da capital, com idades entre 6 e 7 anos, em processo de alfabetização, trabalham firme de agora até o final do ano movidos pelo desafio de redigir uma obra no mínimo incomum nessa faixa etária: sua autobiografia.

Isso mesmo, os jovens estudantes, que nem bem foram alfabetizados, receberam a missão de preparar uma autobiografia para presentear os pais na 'formatura' do final de ano, com a 'obra' encadernada e produzida.

A iniciativa da escola, senão inédita pouco comum nos colégios paulistanos, foi pensada 'para promover o amor aos livros, às artes e outras coisas boas do Brasil, além de estimular progressos no processo de alfabetização', segundo Camila Rocha, diretora pedagógica do Elvira Brandão. 'Só mesmo assistindo a uma aula para ver como os resultados superam as nossas expectativas'.

Antes de partir para os textos sobre suas vidas, os pequenos alunos estudam em casa e sala de aula textos contendo as biografias de alguns dos maiores nomes da cena brasileira, como Cândido Portinari, Chico Mendes, Machado de Assis, Monteiro Lobato, Paulo Freire e outros.

De acordo com Camila, o projeto pedagógico é complementar ao processo de alfabetização adotado no colégio e parte do princípio de que os alunos se dedicam mais ao aprendizado se a este, sobretudo nos primeiros anos escolares, a escola 'encurtar o caminho para o conhecimento e a informação de qualidade'. Em torno de 40 crianças participam do projeto atualmente.

O Colégio Elvira Brandão Fundado há mais de cem anos, o Colégio Elvira Brandão fica no bairro Chácara Santo Antonio, Zona Sul de São Paulo. Atua em todos os níveis de ensino, conta com quase 100 professores e aproximadamente de 600 alunos. De suas salas de aula saíram nomes de peso dos segmentos artístico, empresarial, financeiro e esportivo.

Fonte:
Douglas Lara. Disponível em
http://www.sorocaba.com.br/acontece

Vânia Maria Souza Ennes

Vânia Maria Souza Ennes, nasceu em Curitiba, Capital do Estado do Paraná, onde realizou seus estudos fundamentais no Colégio Sacré Coeur de Jésus e estudos médios na Escola Comercial Colegial de Educação Familiar. Cursou a faculdade de Administração de Empresas com habilitação em Comércio Exterior pela Fundação de Estudos Internacionais do Paraná. Realizou pós-graduação da língua francesa no Collège International de Cannes, Établissement D’Enseignement Supérieur Prive, na França. Efetivou Curso de Formação Política pelo PPB-Partido Progressista Brasileiro-Fundação Milton Campos. Efetuou Curso de Leitura Dinâmica e Memorização, Leitura Veloz, Técnica de Audiência e Método de Estudo, pela Exata Treinamentos S/C. Concluiu curso de Informática pela Interlux Informática e cursa, atualmente, o 4º ano do Curso de Direito, na Universidade Radial.

É filha do poeta-trovador, advogado, procurador do Estado do Paraná e ex-combatente da Força Expedicionária Brasileira Hely Marés de Souza e da professora e trovadora Ariane Maria França de Souza. Neta do político e industrial Astolpho Macedo Souza e Marina Marés de Souza e do poeta, sonetista e trovador, advogado, industrial, fundador da Federação das Indústrias do Estado do Paraná, seu 1º presidente por 14 anos consecutivos Heitor Stockler de França e Brasília Taborda Ribas de França, dos quais trouxe do berço o gosto pelo trabalho, pela poesia e pela arte.

Aos 9 anos teve sua primeira poesia “Divagando” publicada em jornal e aos 10 anos estreou na Rádio PRB2, em Curitiba, numa entrevista com o ilustre Jornalista carioca Ibraim Sued, durante sua passagem por Curitiba.

Amante da natureza foi escoteira, por quatro anos, na tropa feminina do Grupo Santos Dumont e chefe de sua patrulha.

Foi sócia proprietária por quase dez anos da rede de lojas Buscapé Calçados Infantis Ltda. estabelecidas nos bairros do Batel, Juvevê, Centro e Shopping Mueller. Por quase 20 anos dedicou-se à caprinocultura. Manteve um criatório de cabras da raça Saanen, às margens da represa do rio Passaúna, denominado Capril Passaúna, juntamente com a empresa Capríssima Indústria e Comércio de Cosméticos Ltda., onde desenvolveu trabalhos com tecnologia e qualidade, a base de leite de cabra. É sócia com seu marido da Interportos Engenharia e Empreendimentos Ltda., empresa especializada na construção de obras de arte especiais, portos, saneamento e terminais de carga.

Foi presidente da Associação dos Caprinocultores do Paraná-CAPRIPAR, eleita por unanimidade por dois mandatos.

Foi representante dos médios animais da União Paranaense de Criadores-UPAC. Foi membro do Conselho Fiscal da Federação Paranaense de Criadores-FEPAC.

Foi conselheira da Confederação Nacional da Pecuária-CONAPEC, com sede em São Paulo.

Foi Coordenadora da Comissão de Agropecuária da Business Profissional Women-BPW de Curitiba.

Assinou a página social do jornal “Mulher sempre Mulher”, mensalmente, durante dois anos, órgão oficial da Associação das Mulheres de Negócios e Profissionais de Curitiba-BPW.

Assinou a coluna de Trovas na Revista Novos Rumos, órgão oficial da Associação dos Magistrados do Paraná, em publicação mensal, com tiragem de 2000 exemplares, durante dois anos.

Foi conselheira não governamental do Conselho Municipal da Condição Feminina, órgão da Prefeitura Municipal de Curitiba, na atuação do Prefeito Cássio Tanigushi.

Foi vice-presidente da Sociedade Eunice Weawer do Paraná-SEW mantenedora do Educandário Curitiba, na assistência dos filhos sadios de hansenianos.

Foi presidente da União Brasileira de Trovadores-UBT Seção de Curitiba, por três gestões consecutivas.

Foi nomeada delegada do Portal CEN - Cá Estamos Nós, para o Estado do Paraná, entidade literária com sede na cidade de Marinha Grande, Portugal.

É membro efetivo do Círculo de Estudos Bandeirantes, da Academia de Cultura de Curitiba-ACCUR, do Elos Clube de Curitiba, do Instituto Histórico e Geográfico de Palmeira como, também, da Academia Paranaense da Poesia, onde ocupa a cadeira patronímica número 8, cujo patrono é Emiliano Perneta.

É atual vice-presidente do Centro de Letras do Paraná, atual Conselheira do Conselho da Mulher Executiva da Associação Comercial do Paraná e presidente Estadual da UBT no Estado do Paraná.

Recebeu o prêmio de “Mulher Destaque na Agropecuária”, na Feira Internacional do Paraná, no Parque Castelo Branco, concedido pela Associação das Mulheres de Negócios e Profissionais de Curitiba-BPW.

Sua empresa Capríssima Indústria e Comércio de Cosméticos Ltda. foi vencedora do “Top Comercial” prêmio concedido pela Associação Comercial do Paraná e T.V. Iguaçu canal 4, Grupo Paulo Pimentel, por ter apresentado idéias, experiências e resultados, que contribuíram para a valorização e crescimento do meio empresarial paranaense..

Recebeu “Certificado de Reconhecimento” pelo empreendedorismo e trabalho realizado pela BPW - Business Professional Women de Curitiba.

Foi agraciada com a Comenda “Dama Rouge” conferida pela Boca Rouge por relevantes serviços prestados à comunidade.

Recebeu do Centro de Letras do Paraná “Carta de Louvor” e agradecimentos, pela excelente contribuição durante as comemorações do Dia do Folclore.

Recebeu Troféu da União Brasileira de Trovadores Seção de Porto Alegre/RS, em Cerimônia Solene, na Assembléia Legislativa de Porto Alegre/RS.

Recebeu “Diploma de Mérito”, conferido pela Assembléia Legislativa de São Paulo/SP através do Elos Clube de Curitiba, em reconhecimento à sua dedicação e trabalho cívico-cultural permanente, realizado sob o signo do humanismo, na preservação da história e dos ideais da língua portuguesa.

Recebeu “Diploma Comemorativo” e como Presidente da União Brasileira de Trovadores, recebeu “Diploma de Louvor” do Movimento Pró–Paraná, em comemoração aos Sesquicentenários das Elevações da Comarca de Curitiba à Província do Paraná, da Cidade de Curitiba à Capital da Província do Paraná, no ano em que Curitiba foi consagrada internacionalmente como a Capital Americana da Cultura, pelo relevo especial que conferiu às comemorações daquelas magnas efemérides históricas, mediante a meticulosa e magistral programação dos XVIII Jogos Florais de Curitiba, aqui congregando a elite dos Trovadores Brasileiros.

A Câmara Municipal de Curitiba consignou na ata de seus trabalhos, o requerimento do Ver. Ângelo Batista “Voto de Louvor”, pelo destaque que deu a Curitiba, na área da cultura, diante do cenário poético no âmbito Nacional, pelo brilhante desempenho de seu 3º mandato frente a Presidência da UBT, com votos de congratulações e aplausos.

Agraciada com Diploma pela Câmara Municipal de Curitiba pelo brilhantismo de sua participação na Tribuna Livre em Seção Ordinária.

Homenageada pela União Brasileira de Trovadores de Niterói/RJ, onde recebeu nome de troféu para os cinco prêmios mais votados da categoria, cabendo-lhe a entrega dos mesmos, em cerimônia de gala.

No “Dia Internacional da Mulher” recebeu o “Prêmio Mulheres de Destaque” do Shopping Novo Batel em parceria com o conselho da Mulher Executiva da ACP e Associação de Mulheres de Negócios e Profissionais-BPW.

Por consideração unânime recebeu da Legião Paranaense do Expedicionário e dos integrantes do 1º Grupo de Caça da FAB, na Itália, a Medalha “Tenente Max Woff Filho”, durante as comemorações da Tomada de Monte Castelo, pelos relevantes serviços prestados à entidade, em Solenidade Militar.

Em Sessão Solene comemorativa ao aniversário de Curitiba, na Câmara Municipal de Curitiba-Palácio Rio Branco, foi agraciada com o “Prêmio Cidade de Curitiba” por proposição de diversos vereadores, pelos importantes serviços prestados a cidade, em âmbito nacional.

Laureada pelo presidente da Assembléia Legislativa do Estado do Paraná, deputado Hermas Brandão, na festividade aos 150 anos de emancipação política do Paraná, pilastra representativa da sociedade paranaense.
Em sessão solene na Câmara Municipal de Curitiba-Palácio Rio Branco, foi condecorada com a Medalha de Mérito Fernando Amaro por indicação da vereadora Nely Almeida do PSDB. Esta honraria deu-se através de projeto de Decreto Legislativo, como profissional de literatura por ter contribuído para a evolução das áreas de educação e cultura.
Recebeu Diploma em Homenagem Especial do Presidente Milton Nunes Loureiro, da UBT da Seção de Niterói/RJ.

Recebeu do Vereador Jair César “Diploma de Louvor” com votos de congratulações e aplausos pelo incentivo que dispensa na área da cultura.

Homenageada com “Diploma Especial” pelo alto desempenho, em todas as suas gestões, como Presidente da União Brasileira de Trovadores–Seção de Curitiba por Yaramara de Castro Araújo.

Diplomada pela UBT-Seção de Curitiba, em sinal de reconhecimento por seu destacado trabalho como Presidente da entidade, durante três gestões, como expressão de agradecimento pela dedicada contribuição ao engrandecimento da trova e da cultura curitibana e paranaense.

Diplomada no Encontro de Escritores Luso-Brasileiros do Portal CEN “Cá Estamos Nós” no Museu Histórico do Exército, no Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro/RJ.

Vencedora no concurso internacional de trovas Brasil-Portugal promovido pelo Elos Clube Internacional da Comunidade Lusíada, sob o tema "água" e pela UBT Seção de Curitiba/PR sob o tema “mulher”.

Participou de vários Congressos, Feiras, Encontros, Seminários e Simpósios Nacionais e Internacionais na América do Norte, Europa e Ásia.

Vânia, casada com Ceciliano José Ennes Neto, engenheiro civil e físico, é empresária de coragem, otimista e empreendedora, que consegue conciliar essa gama de obrigações profissionais e culturais com a administração do lar e a educação dos seus quatro filhos: Guilherme-engenheiro civil, Cassiano-engenheiro civil, Cecília–bio-química e farmacêutica e Caetano–acadêmico de direito e servindo o Exército Brasileiro.
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Fontes:
Portal CEN.
http://www.caestamosnos.org
http://www.cmc.pr.gov.br (foto)

Entrevista com a presidente da União Brasileira de Trovadores / Paraná Vânia Maria Souza Ennes


Lairton: Qual o seu nome completo, onde nasceu e reside?

Vânia: Meu nome é Vânia Maria Souza Ennes e sou natural de Curitiba – Paraná, cidade onde resido.

Lairton: Sente-se feliz na cidade, onde vive? O que a leva a sentir-se assim?

Vânia: Sou feliz por ser curitibana e sinto muito orgulho por ter nascido aqui, terra dos meus antepassados, tanto do lado materno quanto paterno. Ambos bandeirantes, procedentes das 13 famílias que vieram de São Paulo para colonizar esta região, quando, em 1693, foi chamada de Vila Nossa Senhora da Luz dos Pinhais e, anos mais tarde, foi denominada Curitiba.
Quando penso nisto, fico imaginando a coragem, a disposição, a abnegação e o talento construtivo desses pioneiros empreendedores.
Sinto-me muito bem aqui porque hoje, 313 anos após sua fundação, Curitiba é uma cidade onde, ainda, se respira o verde.
Posso dizer que vivemos numa cidade organizada e, devido à boa imagem que conquistou nacional e internacionalmente, foi reconhecida como “Capital Americana da Cultura/2003”.
Curitiba possui 26 parques e cerca de 81 milhões de metros quadrados de área verde preservada. São 55 metros quadrados de área verde por habitante, três vezes superior ao índice recomendado pela Organização Mundial de Saúde e, por isso, possui o título de “Capital Ecológica”.

Lairton: Qual a sua formação universitária, e que profissão desempenha?

Vânia: Sou formada em Administração de Empresas com habilitação em Comércio Exterior e, no momento, estou cursando o 3º ano do Curso de Direito. Desempenho minha profissão na área administrativa empresarial.

Lairton: Como foi a sua iniciação na poesia e na trova?

Vânia: Neta, sobrinha e filha de poetas, trouxe do berço o gosto pela poesia, literatura e pela arte. Aos 9 anos tive minha primeira poesia publicada em jornal, e, aos 10 anos, fui convidada para entrevistar, na Rádio PRB2, o ilustre Jornalista carioca Ibraim Sued, por ocasião da sua passagem por Curitiba.

Lairton: Sente-se suficientemente realizada?

Vânia: Sim, a vida me deu muito mais do que havia imaginado.


Lairton: Em sua opinião, por que a trova tem tanto destaque na história do povo luso-brasileiro?

Vânia: O destaque na história do povo luso-brasileiro é porque a “nossa” trova, de hoje, passou pela quadra portuguesa. E por ser uma composição curta, leve, agradável, tão ao gosto do povo, ela se difundiu entre nós, refletindo-se, por exemplo, nas quadras populares, nas cantigas de roda, nos folguedos e na arte repentista.
E assim, foram surgindo quadras bem elaboradas e tão apreciadas que ganharam espaço, elevando-se a uma categoria literária mais formal.
Embora pareça fácil, a boa trova requer muita arte e a verve de um verdadeiro poeta, combinando a perfeição da forma com a beleza do conteúdo em apenas 28 sílabas métricas.
Cabe ressaltar, aqui, que o termo “trovador” se reporta aos poetas portugueses da Idade Média, que ao som da lira recitavam nos palácios dos nobres. Suas criações poéticas eram as chamadas “cantigas”, e nada tinham de comum com o aspecto formal da nossa trova de hoje.
Rememorando, no Brasil, após a revolução nas Letras, com a Semana da Arte Moderna, em 1922, duas formas de poesia clássica resistiram e continuam intensamente cultivadas até hoje, Uma delas é a trova; a outra, o soneto.
Como sabemos, a trova é um poema curto, composto de uma única estrofe. Esta estrofe é uma quadra, isto é, formada de quatro versos paralelos. Cada verso contém sete pés, ou sete sílabas métricas. Pois bem! Para uma quadra ser considerada trova, dentro desse conceito atual, deve ser única, independente, sem título e – eis o mais importante – deve ter sentido completo.
Parece fácil, mas a boa trova deve ser bem elaborada, de forma perfeita e excelente conteúdo.

Lairton: Apesar da grandeza da trova e da sua popularidade, nota-se aqui um paradoxo: Porque, nas escolas, a trova ainda não é estudada na mesma proporção das outras formas literárias? O que fazer para resolver esta questão?

Vânia: Na minha visão, a trova não é estuda como deveria, por falta única e exclusiva de interesse, aliado à falta de maior atenção à realidade literária presente, por parte dos dirigentes educacionais. Tem-se, ainda, descaso, ou mesmo ignorância das entidades governamentais, em melhor desenvolver a criatividade mental do ser humano.
A solução definitiva, para esta questão, é apresentar um projeto, demonstrar e convencer o Ministro da Educação e Cultura, Secretários da Educação e Cultura e outros, dos inúmeros benefícios dessa modalidade poética. Fazê-los entender que a Trova, através da poética dos versos com bons pensamentos, com princípios de integridade moral, de civismo e da ética, pode educar, distrair, aumentar o vocabulário, desenvolver o raciocínio, intensificar a criatividade e ensinar a humanidade sobre conceitos, idéias e ideais jamais imaginados, em apenas quatro versos. E com que facilidade! E com que rapidez!
Para isso tornar-se realidade, bastaria incluir a Trova, de forma obrigatória, na Grade Curricular de Ensino em todo o Brasil. Poderia ser na área de Literatura ou na de Ensino da Língua Portuguesa.

Lairton: Tendo se tornado Presidente da UBT do Paraná, já teve a felicidade de realizar feitos importantes em favor da trova. Qual a meta prioritária da sua administração?

Vânia: Fui presidente por três gestões consecutivas da UBT Seção de Curitiba/PR e tive a oportunidade de empreender, juntamente com uma brilhante diretoria, grandes projetos em favor da Trova.
O maior deles foi a brilhante parceria da UBT Curitiba com a Brasil Telecom, ao colocar no mercado 440.000 cartões de telefones públicos, com trovas de renomados trovadores paranaenses.
A Brasil Telecom investiu na Trova e no Trovador, consciente da importância do seu papel educativo no desenvolvimento do nosso estado e, principalmente, no aprimoramento do povo brasileiro. Essa parceria resultou num passo gigantesco em prol da Cultura e da Cidadania do nosso Estado e do nosso País.
Entre outras, uma grande realização foi em parceira com a URBS de Curitiba S/A, quando trovas educativas de trânsito invadiram as ruas de Curitiba. Foram colocadas nas esquinas, em cima das placas indicativas do nomes das ruas e Curitiba virou uma antologia de Trovadores.
Já, na qualidade de Presidente da UBT Estadual do Paraná, cargo assumido em março de 2006, juntamente com uma eficiente diretoria, estamos trabalhando no sentido de aumentar, significativamente, o número de Novas Seções e Delegacias no Estado. O saldo é positivo. Quando assumimos, éramos 6 (seis) entre Seções e Delegacias. Hoje, cinco meses depois, somos 14 (quatorze). Já lançamos o Boletim Informativo nº 1, ano 1, para melhor integração dos trovadores paranaenses com o resto do País.
A meta prioritária, agora, é crescer muito, muito mais.

Lairton: É autora do CEN – “Cá Estamos nós”? – O que o CEN representa para você?

Vânia: Sim. O CEN é um brilhante e árduo trabalho de incentivo e democratização da cultura e da arte literária que une intelectuais, no âmbito internacional. Uma progressão geométrica fantástica!

Lairton: Tem algum projeto literário para o futuro?

Vânia: Sim, tantos que não encontro tempo para realizá-los.

Lairton: Já editou ou pretende editar algum livro e/ ou livro eletrônico? Cite-nos seus títulos.

Vânia: Já editei opúsculos referentes a genealogia de minha família, pelo lado paterno. São eles: “Resgatando o Passado da Família Marés de Souza I, II, III, IV e V”.
Tenho, ainda, vários outros em andamento para publicação.

Lairton: No universo de leitores, muitos adolescentes irão ler esta entrevista. Que incentivo daria a eles, a fim de que, respeitando seus pendores, venham a ser (quem sabe?) trovadores brilhantes?

Vânia: O assunto é muito vasto. O que eu melhor posso dizer é que a Trova, sendo um jogo de palavras inteligentes, mantém nossos neurônios ocupados, ativa nosso cérebro, estimula a agilidade dos nossos pensamentos, desconhece fronteiras mentais e dá mais colorido à nossa vida.
Pela força e riqueza de seu conteúdo de fácil memorização, pode-se chegar, até, mudar a mentalidade de um povo ou de uma nação, conforme a popularidade que é possível alcançarmos em seus quatro versos.
Entendo que a trova opera milagres!

Lairton: Na conclusão desta entrevista, escreva-nos algumas trovas de sua autoria, e agradecemos muito a sua importante participação. Um grande abraço!

Vânia:
Eu não mudo de país,
nem de cidade ou estado,
porque aqui sou bem feliz...
exatamente... ao seu lado!!!

Romântico e apaixonado,
meu pensamento flutua,
vai ao céu... volta zoado:
Vive no mundo da lua!

Acalmar gesto impulsivo
num conflito sem razão:
Medicinal... curativo...
é a humildade e o perdão!

Reconheço que a razão
me exerce extremo fascínio,
mas, se acerta o coração...
perco o rumo e o raciocínio!

Mãos que orientam crianças,
seja na escrita ou leitura,
mostram sinais de alianças
de nobreza e de ventura!

Educação e cultura,
seriedade e competência
é alvo certo de ventura
que aguardamos com urgência!

Quero um planeta perfeito,
sem guerra, sem corrupção.
Povo justo e satisfeito,
respeitando seu irmão!

Fonte:
ANDRADE, Lairton Trovão de Andrade. Falando de Trovas e Trovadores. Portal CEN. n. 1. Agosto de 2006. Disponível em: http://www.caestamosnos.org/rev_trovasetrovadores/revistatrovasetrovadores01Ago.htm

Cecília Meirelles (Mar Absoluto)

A nossa poetisa Cecília Meirelles apresentava traços fortes e profundos que sua origem genética açoriana não nega. Como dizia Vitorino Nemésio, ao falar do ilhéu, tinha 'uma universal inquietude' e uma visão poética influenciada pela raiz cultural e mística, passada pela avó micaelense que a criou. A consciência ancestral e depressiva da fragilidade humana, a fatídica preocupação em demonstrar o mutável, o efêmero da vida. Buscava no mar, de uma forma sublimada, a sua raiz, seu caminho. Neste poema vemos o espírito ilhéu de Cecília
Maria Eduarda Fagundes
Uberaba, 27/05/08
Mar Absoluto

Foi desde sempre o mar,
E multidões passadas me empurravam
como o barco esquecido.

Agora recordo que falavam
da revolta dos ventos,
de linhos, de cordas, de ferros,
de sereias dadas à costa.

E o rosto de meus avós estava caído
pelos mares do Oriente, com seus corais e pérolas,
e pelos mares do Norte, duros de gelo.

Então, é comigo que falam,
sou eu que devo ir.
Porque não há ninguém,
tão decidido a amar e a obedecer a seus mortos.

E tenho de procurar meus tios remotos afogados.
Tenho de levar-lhes redes de rezas,
campos convertidos em velas,
barcas sobrenaturais
com peixes mensageiros
e cantos náuticos.

E fico tonta.
acordada de repente nas praias tumultuosas.
E apressam-me, e não me deixam sequer mirar a rosa-dos-ventos.
'Para adiante! Pelo mar largo!
Livrando o corpo da lição da areia!
Ao mar! - Disciplina humana para a empresa da vida!'
Meu sangue entende-se com essas vozes poderosas.
A solidez da terra, monótona,
parece-mos fraca ilusão.
Queremos a ilusão grande do mar,
multiplicada em suas malhas de perigo.

Queremos a sua solidão robusta,
uma solidão para todos os lados,
uma ausência humana que se opõe ao mesquinho formigar do mundo,
e faz o tempo inteiriço, livre das lutas de cada dia.

O alento heróico do mar tem seu pólo secreto,
que os homens sentem, seduzidos e medrosos.

O mar é só mar, desprovido de apegos,
matando-se e recuperando-se,
correndo como um touro azul por sua própria sombra,
e arremetendo com bravura contra ninguém,
e sendo depois a pura sombra de si mesmo,
por si mesmo vencido. É o seu grande exercício.

Não precisa do destino fixo da terra,
ele que, ao mesmo tempo,
é o dançarino e a sua dança.

Tem um reino de metamorfose, para experiência:
seu corpo é o seu próprio jogo,
e sua eternidade lúdica
não apenas gratuita: mas perfeita.

Baralha seus altos contrastes:
cavalo, épico, anêmona suave,
entrega-se todos, despreza ritmo
jardins, estrelas, caudas, antenas, olhos, mas é desfolhado, cego, nu, dono apenas de si,
da sua terminante grandeza despojada.

Não se esquece que é água, ao desdobrar suas visões:
água de todas as possibilidades,
mas sem fraqueza nenhuma.

E assim como água fala-me.
Atira-me búzios, como lembranças de sua voz,
e estrelas eriçadas, como convite ao meu destino.

Não me chama para que siga por cima dele,
nem por dentro de si:
mas para que me converta nele mesmo. É o seu máximo dom.
Não me quer arrastar como meus tios outrora,
nem lentamente conduzida.
como meus avós, de serenos olhos certeiros.

Aceita-me apenas convertida em sua natureza:
plástica, fluida, disponível,
igual a ele, em constante solilóquio,
sem exigências de princípio e fim,
desprendida de terra e céu.

E eu, que viera cautelosa,
por procurar gente passada,
suspeito que me enganei,
que há outras ordens, que não foram ouvidas;
que uma outra boca falava: não somente a de antigos mortos,
e o mar a que me mandam não é apenas este mar.

Não é apenas este mar que reboa nas minhas vidraças,
mas outro, que se parece com ele
como se parecem os vultos dos sonhos dormidos.
E entre água e estrela estudo a solidão.

E recordo minha herança de cordas e âncoras,
e encontro tudo sobre-humano.
E este mar visível levanta para mim
uma face espantosa.

E retrai-se, ao dizer-me o que preciso.
E é logo uma pequena concha fervilhante,
nódoa líquida e instável,
célula azul sumindo-se
no reino de um outro mar:
ah! do Mar Absoluto.
http://www.tvcultura.com.br (desenho)

Conferência 'Oswald de Andrade: poesia, alegria, antropofagia'

Neste sábado, 31 de maio, às 16 horas, a pesquisadora e escritora Míriam Cris Carlos realiza a conferência 'Oswald de Andrade: poesia, alegria, antropofagia'. Na ocasião, Míriam será apresentada à Academia Sorocabana de Letras pela Professora doutora Maria Virgília Frota Guariglia, que irá falar a respeito da trajetória da pesquisadora, Míriam Cris Carlos, que assume a cadeira Oswald de Andrade.

Segundo Míriam, a criação da cadeira Oswald de Andrade representa o reconhecimento, pela Academia Sorocabana de Letras, e a valorização da contribuição realizada na literatura e na cultura brasileira pelos modernistas, em especial por Oswald. Essa tendência já foi iniciada com a criação da cadeira Mário de Andrade, assumida pela pesquisadora Cleide Riva Campelo. Há ainda a intenção de fortalecer a Academia como um espaço de pesquisa, troca e construção do conhecimento nos estudos da literatura brasileira.

Oswald de Andrade, segundo Míriam Cris Carlos, exerceu um papel fundamental na construção da proposta modernista. Além de um poeta atemporal, de extrema sensibilidade, escreveu para teatro, foi jornalista e ensaísta. Seus manifestos e ensaios descrevem uma teoria da cultura brasileira, visionária, pois que já apontava para preocupações que hoje são atualíssimas, como as defendidas pelos Estudos Culturais das décadas de 80 e 90. O trânsito entre as culturas, a diluição entre o conceito de popular, erudito e massivo, a intersemiose / intertextualidade são aspectos amplamente trabalhados pela obra oswaldiana e que hoje estão no centro das discussões sobre literatura e comunicação.

Criar uma cadeira Oswald de Andrade, por parte da Academia Sorocabana de Letras, significa uma feliz ousadia. Oswald brigou contra todas as instituições, mas sempre quis o reconhecimento de sua contribuição: 'a sociedade ainda vai comer do biscoito fino que fabrico', afirmava. Com a criação de mais um espaço para a discussão da obra oswaldiana, indissociável de sua vida, a Academia promove um arejamento saudável, a retomada de uma utopia que prevê a alegria, a poesia e a ética como formas de intervenção social, como modo de percepção e ação crítica na cultura em que estamos inseridos.

Míriam Cris Carlos é doutora em Comunicação e Semiótica pela PUCSP, apresentadora do Provocare TV (exibido pela TV COM, canal 7 da NET). É professora universitária e pesquisadora do Mestrado em Comunicação e Cultura da Universidade de Sorocaba. Recentemente publicou 'Arteiras Sorocabanas' e 'Comunicação e Cultura Antropofágias', pelas editoras Sulina / Eduniso, estudo sobre a obra de Oswald de Andrade.

A conferência acontece no Transamérica Flats, situado à Avenida Professora Izoraida Marques Peres, 193, em Sorocaba

Fonte:
Douglas Lara. Disponível em http://www.sorocaba.com.br/acontece

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Paraná em Luto

Caríssimos amigos, poetas, trovadores!

Em nome da diretoria da UBT- Estadual do Paraná, vimos comunicar, consternados, a morte repentina do grande poeta, trovador, sonetista e escritor CECIM CALIXTO, hoje, em Tomazina-Paraná, onde será sepultado.
Ainda inconformados e sob o impacto desta triste notícia, lamentamos profundamente a perda deste expressivo e respeitável talento poético-cultural, delegado municipal da UBT de Tomazina, membro do Centro de Letras do Paraná e da Academia Paranaense da Poesia, entre outras representatividades.

Figura exemplar, deixa-nos importantes referências poéticas, no âmbito nacional, por sua inteligência, criatividade e rara inspiração.

Infelizmente, não deu tempo de publicar o seu mais novo livro de sonetos que escreveu, recentemente, e deixou pronto para publicação.

Segundo o saudoso Túlio Vargas, Cecim nasceu poeta! Era um apaixonado pela vida, pela família e a natureza, um romântico em essência, cujas figuras de retórica o aproximavam também do simbolismo.

Na impossibilidade de acompanharmos nosso querido poeta Cecim à sua eterna morada, devido a distância de viagem que nos separa, rogamos a Deus que lhe conceda suas bênçãos e o mantenha sob Sua eterna glória!

Paraná, a passarela,
das riquezas do Brasil.
Estado que a estrutura
valoriza o seu perfil.
Cecim Calixto-Tomazina/PR
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Nunca morre o trovador,
se afasta fisicamente...
Sobrevive trova e autor,
no dia-a-dia da gente!
Vânia Maria Souza Ennes
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Apresentamos nossos sentimentos e nossa solidariedade à sua querida esposa Gilda extensivos aos filhos e netos!

Vânia Maria Souza Ennes
Presidente Estadual do Paraná

Cecim Calixto (1926 - 2008)


Cecim Calixto nasceu em Pinhalão, Paraná, a 28 de julho de 1926, onde fez seus primeiros estudos, transferindo-se aos treze anos para Curitiba, a cidade sorriso. Trabalhando e estudando, diplomou-se em contabilidade na Faculdade de Ciências Econômicas De Plácido e Silva. Já formado em contabilidade adotou a cidade de Tomazina, PR, onde começou a exercer sua profissão. Tornou-se bancário e passou boa parte de sua vida às voltas com orçamentos, balanços contábeis, planilhas de custos, planos de aplicação financeira desbravando várias regiões do Norte Novo do Paraná, trabalhando no banco Bamerindus.

Fora da vida prosaica sua alma de poeta nunca deixou de escrever poesia, especialmente nas horas de folga, exercitando com maestria a poesia clássica. Tornou-se um magnífico sonetista, premiado em vários concursos literários de São Paulo, Rio Grande do Sul e Paraná, entre outros. Publicou em 1951 seu primeiro livro com o título de “NINFAS”, cuja segunda edição saiu em 1967.

Em 1997 com 99 sonetos publicou “EMOÇÕES” pela editora Editek & Cia Ltda ME, no qual demonstra toda inspiração que um poeta precisa ter para compor, criar e arrebatar corações sensíveis que amam o belo. No soneto OBSESSÃO, diz: “A fé perfeita que a meu ser importa/ dá-me mais força para abrir a porta/ e entrar no reino que o amor produz. Desprezo os pomos do pomar alheio/ pois, na verdade, o meu maior anseio/ é pelos frutos divinais da luz”. Ou ainda nestes dois tercetos do soneto ORATÓRIO: “A liberdade que me inspira tanto/ dá-me o conforto que jamais me falta/ enquanto a sós e a caminhar medito. Na solidão em que sozinho canto/ minha oração que dispensou voz alta/ possui mais força que estrondoso grito”.

Assim, Cecim Calixto consagrou-se como um dos melhores e maiores poetas de nosso tempo no Paraná e no Brasil, ao lado de nomes como Apolo Taborda França, Emílio Sounis, Harley Clóvis Stocchero, José Wanderlei Resende, Leonardo Henke, Moacir Antonio Bordignon, Oldemar Justus, Orlando Woczikosky, Paulo Leminski e Vasco José Taborda.

Os versos do poeta paranaense agradam aos ouvidos do mais exigente leitor, porque são escritos com musicalidade, espontaneidade, inspiração e em português escorreito. O livro “A VOZ DO AMOR” veio à luz da publicidade em 2000 pela Juruá Editora, de Curitiba, onde o poeta mais uma vez esbanja o seu perfeccionismo, com outro conjunto de 99 sonetos impecáveis. Estudioso, aprimorou sua técnica e após sua aposentadoria, pôde então dedicar-se à Literatura, como sempre desejou.

Com razão o poeta quando escreve em seu soneto A VOZ DO AMOR, que abre o livro com este mesmo título:
“Esfrio a guerra congelando mágoas
aqueço as almas como esfrio as águas
em mutações que a própria mente enseja.
Abro caminho aos vegetais floridos
e encho de vida os corações feridos
porque sou tudo que o mortal deseja”.

Conquistou o 2º lugar no 14º Concurso Nacional de Poesia, Categoria Especial Paraná, promovido pela Secretaria de Estado da Cultura, Governo do Paraná, em 2003, com o soneto O Rival:

Você de novo colibri teimoso,
roubando a seiva da singela rosa!
Morro de inveja do rival airoso
que suga o mel da minha flor mimosa.

A minha rosa tem o olor gostoso
que até perturba a vizinhança prosa.
E sem modéstia o menestrel brioso,
todo orgulhoso, sempre a fez ditosa.

Cedo levanto e para a rosa eu canto
e com carinho vou secar o pranto
da noite fria, que seu bojo aninha.

Mas... meu rival, de novo mais ligeiro,
logrou a mim e a bajulou primeiro,
sugando a gota que era toda minha”.


Pertenceu ao Centro de Letras do Paraná, Academia Paranaense de Poesia, UBT-PR, Academia de Letras “José de Alencar” e Círculo de Estudos Bandeirantes. Além dos livros já publicados, como “NINFAS”, 1951 e 1967 – 2ª edição, “EMOÇÕES”, 1997 e “A VOZ DO AMOR”, 2000, o vate de Pinhalão, Paraná, tinha pronto para publicação novo livro de sonetos, sem título ainda e o seu primeiro livro de trovas, “TROVAS & SONHOS”. Participou também da Antologia SETE POETAS, ao lado de grandes nomes da poesia paranaense. É verbete da ENCICLOPÉDIA DE LITERATURA BRASILEIRA, de Afrânio Coutinho e J. Galante de Sousa, edição do MEC, 1990, com revisão de Graça Coutinho e Rita Moutinho Botelho, edição revista e atualizada em 2001.

Opiniões sobre o trabalho excepcional do intelectual Cecim Calixto:
Quem tiver oportunidade de ler seus sonetos verificará, desde logo, o poeta rico de emoções e sentimentos, que sabe cantar a dor, a paixão e a nostalgia, com rara elegância e distinção”. (Paschoal A. Pítsica – Presidente da Academia Catarinense de Letras).
Sonetos de Mestre que demonstram sua naturalidade de poeta”, diz Eno Theodoro Wanke, Poeta/RJ.
Emoções são, de fato, uma constante na vida do poeta e sua sensibilidade o induz a criar e viver um mundo onírico de Beleza e Paz”. (Horácio Ferreira Portella – Centro de Letras do Paraná).

Segundo Sérgio Reis (Profissional de Marketing), Cecim Calixto poeta paranaense. Artista que domina a arte dos sonetos. Uma linguagem poética das mais difíceis. “O soneto é o traje a rigor do pensamento”, já dizia Paulo Bonfim, poeta paulista. Os sonetos no talento de Cecim Calixto brotam naturalmente. São como a nascente de águas que nascem nas montanhas e vêm descendo morro abaixo, criando sons únicos, ritmos, métricas, linguagem que encanta e penetra o coração do ouvinte com simplicidade e prazer.
E canta a vida, o amor, canta Deus, a fé, a família, a natureza, canta a experiência humana.
Falar de Cecim Calixto me lembra aos 25 anos que juntos vivemos no Bamerindus.
Ele já estava lá 20 anos antes. E ajudou a fazer a maior empresa paranaense até o século XX. Cecim foi um dos inúmeros pioneiros chamados por Avelino Vieira ao início do Banco, que teve sua origem em Tomazina, com sua antiga praça, com seus bancos amigáveis junto ao rio das Cinzas que Cecim costuma decantar em seus versos.
Sou testemunha do que estes homens simples e maravilhosos fizeram, escrevendo a história, armados apenas pela fé, pelo trabalho intenso, pelo conhecimento, pela honradez e pela vontade suprema de servir, ajudaram a construir um novo Paraná, um novo Brasil entre os anos de 1950 a 1990.

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“Sinto que o verbo é semelhante ao sino
que ao espargir o agudo tom Divino,
desperta a fé no coração Humano”
Nos ensina o homem e o poeta Cecim Calixto
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Fontes:
Filemon F. Martins. Cecim Calixto: o poeta do amor. Disponível em http://www.usinadeletras.com.br/
Sérgio Reis. Disponível em http://www.jurua.com.br/

Entrevista com Cecim Calixto

A Revista virtual “Falando de Trovas e de Trovadores”, tendo por representante o grande trovador Lairton Trovão de Andrade tem o imenso prazer de entrevistar o eminente escritor Cecim Calixto que enriquece, com galhardia, o universo literário paranaense, trazendo à luz preciosos sonetos e trovas, poemas de elevado brilho literário, além de ser um dos expoentes raros da UBT-Paraná, o que muito nos orgulha e nos honra.

Lairton: Prezado Cecim, queira nos dizer onde nasceu e reside?

Cecim: Nasci no dia 17 de julho de 1926, em Pinhalão, conforme consta em todas as minhas publicações; terceiro filho de Abrão Calixto e Izahia Cecim, libaneses que constituíram uma prole de onze filhos.
Resido em Tomazina, onde iniciei a minha vida profissional, recentemente formado em Técnico em Contabilidade, pela faculdade de Ciências Econômicas “Plácido e Silva” de Curitiba.

Lairton: Apesar de ter nascido na vizinha cidade de Pinhalão, por que adotou Tomazina como sua cidade natal?

Cecim: Não tive sucesso profissional em Pinhalão, bem por isto eu com meu irmão mais velho, prático em contabilidade, transferimo-nos para a vizinha cidade de Tomazina. Na época a primeira Comarca da região, com nível social acima das outras. Com circunstâncias favoráveis: Banco comercial, algumas indústrias, Coletoria Estadual e Federal, sede de Juiz de Direito e Promotor Público. A prefeitura local administrava as vizinhas cidades de Pinhalão, Jaboti e japira. Na época, Tomazina registrava um volume de 28 mil habitantes (hoje com nada mais que 10 mil). Atualmente, outras cidades da região têm a primazia do desenvolvimento, como Ibaiti, Siqueira Campos, Wenceslau Braz etc.. Mesmo assim, perdurou nossa querência por Tomazina, por fatos de natureza fraterna. Nesta cidade, conheci minha atual esposa, criatura única e divina, a razão da minha vida e a minha eterna inspiradora - companheira inseparável que me deu, ainda nesta cidade, três filhos maravilhosos nascidos na terra da amada mãe.
Nunca deixei de amar e de criar especial afeto pela terra que me viu nascer, onde meus pais viveram por cinqüenta anos. Inesquecível minha infância em Pinhalão, onde fiz o curso no Grupo Escolar, andei descalço, nadei pelado na abençoada água desse ribeirão. Andei de calças curtas e de suspensórios feitos por minha mãe. E aí também conheci e gozei as alegrias do primeiro amor na puberdade.

Lairton: Fale-nos algo mais sobre a cidade de Tomazina.

Cecim: Necessário dizer que toda a beleza de Tomazina foi engenhosamente criação exclusiva da providência de Deus. É a beleza natural e deslumbrante.
Aqui me casei, aqui construí meu primeiro lar. Aqui tive a felicidade de conhecer o maior banqueiro deste país: Avelino A. Vieira, um idealista que fundou um pequeno Banco que se tornou o terceiro do Brasil, e que o deixou aos herdeiros com 1.340 agências espalhadas pelo território nacional. O mundo inteiro ouviu falar o nome desse humilde tomazinense e também o nome de sua cidade natal.

Lairton: Hoje, você curte a vida na turística cidade de Tomazina. Entretanto, por muitos anos, residiu em Curitiba, capital do Estado do Paraná. O que o levou a viver tanto tempo naquela Metrópole?

Cecim: Não vivi tanto na Capital. A minha vida foi reservada ao pioneirismo em Norte Novíssimo do Paraná. Ocupei a gerência do primeiro departamento bancário naquela região. Agi e administrei várias agências. Abri incontáveis departamentos nas cidades daquela região, muitas recentemente fundadas e invadidas por plantadores de café. Ocupei e administrei a maior região produtora de café do Brasil. Todos obtiveram espetaculares sucessos. Pelo êxito obtido, fui promovido a Diretor Regional. Em seguida, Diretor de um novo banco adquirido pelo Bamerindus. Atuei no setor de Crédito Imobiliário, no de Turismo e em muitos ligados à alta Direção do Banco.

Lairton: Como foi o início da sua vida no mundo fantástico das musas?

Cecim: Eu nasci poeta. Sempre vi a beleza de forma especial. Tudo da criação do Onipotente me deslumbrava. Minha aposentadoria e a minha maturidade fizeram-me voltar todo meu potencial de criação para as harmoniosas e divinas letras poéticas. Gostava de ler e, com tempo disponível, apenas lia e escrevia. Sempre tive às mãos um livro de poesia. Adorava os sonetistas e foi por aí que eu resolvi adotar a forma mais difícil na literatura poética: Sonetos.
Meu primeiro livro veio à luz nas vésperas do meu casamento. Recebi elogios e conselhos benéficos. No período bancário, nada publiquei, mas não deixei de rabiscar e guardar belos pensamentos. Aposentado, voltei à lide dos livros de poesias. Publiquei EMOÇÕES – A VOZ DO AMOR – LAMPEJOS – SETE POETAS (Antologia) e, por último, TENDA DE ESTRELAS, todos com noventa e nove sonetos. Meu último livro ultrapassou as minhas expectativa. Verdadeiro sucesso. Tenho ainda, na gaveta, para serem publicados, o livro de sonetos ecológicos e também o de trovas – Quadras e Sonhos.

Lairton: O primeiro livro marca sempre o início de possível caminhada no fantástico mundo da Literatura. Que lembrança incentivadora conserva sobre “Ninfas”, seu primeiro livro publicado?

Cecim: Foi maravilhoso ter em mãos o meu primeiro livro. Publiquei-o sem conhecer a técnica engenhosa da poesia. Recebi muitos elogios, conselhos e ensinamentos.

Lairton: Que importância tem a trova no contexto da Literatura Portuguesa?

Cecim: A trova é e será sempre sublime. Definitivamente vencedora. O resumo e a sua sensibilidade impressiona o mais insensível coração. No contexto da literatura, a trova ultrapassou as barreiras da predileção, levando em conta as características de pureza, inspiração e seu predicado maior: simplicidade.

Lairton: A UBT – União Brasileira de Trovadores – é o abrigo natural dos trovadores. Como ingressou na UBT ?

Cecim: O aroma exalado da casa dos trovadores inebria todo o poeta que ousar adentrá-la, mesmo por simples curiosidade. Assim aconteceu comigo.

Lairton. Que avaliação faz da UBT-Paraná?

Cecim: É a mais atuante do Brasil. A Presidente Vânia Ennes a elevou aos píncaros da sublimidade. Sou fã incondicional do seu eminente trabalho e capacidade de compor.

Lairton: Cecim Calixto foi sempre de incrível responsabilidade em tudo. Diante disso, que instituições literárias têm-no como membro atuante?

Cecim: CENTRO DE LETRAS DO PARANÁ, ACADEMIA PARANAENSE DA POESIA, UNIÃO BRASILEIRA DE TROVADORES, CENTRO DE ESTUDOS BANDEIRANTES.

Lairton: Do movimento trovista do Brasil, sobretudo da UBT – o que mais lhe agrada?

Cecim: Agrada-me o entusiasmo marcante dos trovadores do Paraná, mormente os residentes no interior: Dedicados, operantes, inspirados e, sobretudo, amistosos.

Lairton: O poeta não é dono de si mesmo. De quando em quando, sente necessidade de manifestar suas inspirações. Por isso, que projeto literário tem para o futuro?

Cecim: Muitos. Alguns surgirão brevemente.

Lairton: Neste número, a revista virtual “Falando de Trovas e de Trovadores” presta homenagens ao grande escritor pinhalonense, Elias Domingos. Você o conheceu muito bem. Fale-nos algo sobre Elias Domingos.

Cecim: Graças a Deus, Pinhalão se lembrou do seu filho mais ilustre. Notável professor da língua portuguesa. Autoditada por excelência. Perfeito conhecedor do idioma pátrio. Poucos escritores conheci com o potencial lingüístico de ELIAS DOMINGOS (Aliês A. Muchaile Mereb). Não deverá jamais ser olvidado pelos nossos conterrâneos dessa cidade que eu amo, como ele próprio a amava.

Lairton: Cecim Calixto escreveu muito sobre os mais diversos temas. Valeu a pena ter escrito tantos poemas, tantos sonetos, tantas trovas?

Cecim: A resposta a este item revela-se pelos prêmios inumeráveis pendurados nas paredes do meu escritório (minha preciosa TENDA). Em destaque, prêmios:
CONCURSO NACIONAL DE POESIA “HELENA KOLODY” – premiado duas vezes; CÂMARA MUNICIPAL CTBA – “MEDALHA DE MÉRITO FERNANDO AMARO”; ACADEMIA PARANAENSE DA POESIA – CADEIRA Nº11; PREFEITURA DE SÃO JOSÉ DOS PINHAIS – CONCURSO “PINHEIRO DO PARANÁ” – primeiro lugar (soneto); CENTRO DE INFORMÁTICA DEFICIENTES VISUAIS – HONRA AO MÉRITO – inclusão de sonetos em obra editada em braille-Projeto luz e saber; UNIÃO BRASILEIRA DE TROVADORES – NOMEADO DELEGADO EM TOMAZINA; ROTARY CLUBE ALTO DA GLÓRIA – Melhor livro do ano “LAMPEJOS”; BRASIL TELECON- PRÊMIO RECEBIDO REPRESENTADO POR 40.000 CARTÕES TELEFÔNICOS ESPALHADOS POR TODO O BRASIL (trova). Outros que serão enumerados oportunamente.

Lairton: A revista “Falando de Trovas e de Trovadores” é editada, através do Portal CEN – Cá Estamos Nós – uma extraordinária ponte literária entre Portugal e o Brasil, cujo presidente é o escritor Carlos Leite Ribeiro. Gostaria de conhecer melhor o Portal CEN? Para tanto, forneça-nos seu endereço eletrônico (e-mail).

Cecim: Gostaria muito de conhecer e manter contato com autores portugueses. Parabéns aos mantenedores dessa inteligente revista “FALANDO DE TROVAS E DE TROVADORES DO PORTAL CEN – CÁ ESTAMOS NÓS”. Um cordial abraço ao confrade e delegado da UBT de Pinhalão.
E-mail – cecim@ifinit.com.br

Lairton: Agradecemos a atenção que nos deu nesta entrevista e solicitamos algumas trovas de sua autoria. Um grande e fraterno abraço.

Cecim:

Se me tens em teu regaço,
no descanso desta lida,
invalidas meu cansaço
e os fracassos desta vida.

Sei agora onde é a nascente
da almejada inspiração.
Nasce e chega de repente
dos filões do coração.

No horizonte da fazenda,
quando a lua apareceu
todo o céu se fez em renda
e cobriu o colo teu.

Nunca vi tanta beleza
estampada num só rosto.
Quem o vê tem a certeza
ser de Deus tamanho gosto.

A tudo que hoje acontece
vale o ditado que aplico:
de fome o pobre padece
e o rico fica mais rico.

Fonte:
http://www.caestamosnos.org/

Aventuras de Tintim (Tintim na África - Tintim no Tibete)

Tintin au Congo

Tintin au Congo (Tintim no Congo ou Tintim na África, como editado em português) é um álbum da série de banda desenhada As Aventuras de Tintim, produzida pelo belga Hergé, e lançado em 1931.

Sinopse

Tintim é enviado ao Congo, a grande colônia belga da época. Uma série de peripécias o levam ao reino de Babaoro'm, onde ele torna-se o feiticeiro nomeado. Por um jogo de cincunstâncias, ele se encontra confrontado com um bando de gângsters afiliados a Al Capone, que quer controlar a produção de diamantes. Naturalmente, ele consegue os deter e deixa o país pouco depois.

Análise

Em 1930, o Congo representava um Eldorado para a Bélgica. O Congo, oitenta vezes maior que o país que o colonizava, tinha um subsolo extremamente rico. Nessa época, faltava mão-de-obra. Por conseguinte, Hergé devia fazer uma propaganda deste país.

A história foi publicada de 5 de junho de 1930 a 11 de junho de 1931, no Le Petit Vingtième, suplemento infantil do jornal Le Vingtième Siècle. Foi publicada como álbum em preto-e-branco em 1931, primeiramente pelas Editions du Petit Vingtième, depois republicado pelas Editions Casterman, que tomaram a publicação das Aventuras de Tintim com exclusividade.

Na modificação do álbum em julho de 1946, Hergé redesenha quase toda a aventura. Ele a colore, reduz de 110 páginas à 62 (padrão dos álbuns de Tintim) e altera a ideologia colonialista do álbum. Assim, a lição geográfica e histórica que dava Tintim num determinado trecho do livro, sobre "Vossa pátria, a Bélgica" encontrou-se substituída por uma lição de matemática. Hergé melhora as decorações, corta algumas partes e altera os diálogos para torná-los mais vivos. Os charutos do faraó e Tintim na América também foram redesenhados antes de serem coloridos.

Hergé afirmou mais tarde que para a criação de Tintim no Congo, da mesma maneira que para Tintim no país dos sovietes, ele vivia num meio cheio de preconceitos. De outro modo, a particularidade de Tintin no Congo é que o álbum é cheio de estereótipos da visão do Congo pelos europeus daquela época. Ele afirmou:

"Da mesma maneira quando desenhei Tintim no país dos sovietes, ao desenhar Tintim no Congo estava alimentado de preconceitos do meio burguês no qual vivia... Era 1930. Conhecia deste país apenas o que as pessoas contavam na época: 'os negros são grandes crianças, felizmente estamos lá!', etc. E desenhei os africanos de acordo com estes critérios, de puro espírito paternalista, que era o da época na Bélgica".

Curiosidades
Na versão colorida, Tintim é interrompido por um leopardo enquanto dá uma aula de aritmética. Na versão em preto-e-branco, o quadro-negro é um mapa de geografia, e Tintim diz: "Hoje vamos falar de vossa pátria: a Bélgica".

Neste álbum, os congoleses têm uma pronúncia errada, enquanto os elefantes conversam entre si corretamente.

Na versão atual colorida do álbum, os Dupondt fazem uma breve aparição no primeiro quadro enquanto estão ausentes da versão em preto-e-branco.

Nesta aventura, Tintim faz um buraco nas costas de um rinoceronte, preenchendo-o com dinamite e explodindo-o. A associação dinamarquesa de defesa dos animais não gostou deste detalhe, e esta passagem foi suprimida da versão dinamarquesa, e o rinoceronte foge depois que Tintim atira acidentalmente uma bala.

No primeiro quadro da página 1, aparecem Hergé, Quim e Felipe (personagens de Hergé), Edgar P. Jacobs e Jacques van Melkebeke (colaboradores de Hergé).

Personagens
• Tintim
• Milu
• Tom
Aparece na página 5. Ele é enviado por Gibbons para suprimir Tintim. Ele é "o vilão" do álbum, mas não consiguirá efetuar sua missão. Ele é devorado por crocodilos na página 48.
• Coco
Aparece na página 11. Ele guia Tintim durante sua aventura e lhe salva a vida.
• O Rei dos Babaoro'm
Aparece na página 21.Pede à Tintin que vá à caça ao leão.
• Muganga
Aparece na página 24. É o feiticeiro de Babaoro'm. Fica com inveja de Tintim. Com Tom, ele tentara se livrar do repórter.
• O Missionário
Aparece na página 34. Ele salva Tintim dos crocodilos.
• Jimmy Mac Duff
Aparece na página 38. É fornecedor de animais para os jardins zoológicos europeus.
• Gibbons
Aparece na página 51. É o patrão de Tom. Recebeu de Al Capone a ordem de matar Tintim.

Tintin au Tibet

Tintim no Tibete (Tintin au Tibet, no original em francês) é um álbum de história em quadrinhos da série As aventuras de Tintim, produzida pelo belga Hergé e lançado em 1960.

Tintim no Tibete é um livro à parte na obra de Hergé: sem dúvida o quadrinho mais pessoal de Hergé e também onde Tintim se mostra mais humano

Em férias numa estação alpina, Tintim lê num jornal que um avião caiu no Nepal. Tintim sonha com Tchang, um grande amigo, pedindo socorro. Logo depois, descobre que naquele avião que se dirigia à Europa se encontrava o jovem chinês Tchang.

Tintim, convencido por seu sonho, parte à procura de Tchang, acompanhado por Haddock.

Na época em que escrevia, Hergé tinha acabado de se divorciar e atravessava um profundo conflito interior. Os sonhos que Hergé tinha na época eram brancos, com imagens angustiantes e recorrentes. Hergé procurou auxílio psicanalítico.

Com muita dificuldade, Hergé terminou a história, aliviado e resolvido em relação aos seus problemas pessoais. O livro foi uma espécie de resposta, uma purificação, uma trajetória direta, linear e sóbria.

A história é a mais simples possível. Os personagens e os cenários são menos numerosos. O branco da neve onipresente domina.

É colocada em evidência a coragem de Tintim na sua obstinação em salvar o amigo Tchang, quando todos acreditavam que ele estava morto. Hergé demonstra sua fascinação pelo oriente e por fenômenos como sonhos premonitórios e levitação.

De qualquer maneira, Hergé manteve o mesmo rigor na pesquisa de elementos da região onde acontece a aventura de Tintim: consultou inúmeras fontes sobre a existência do yéti, o abominável homem das neves.

Ao ser reeditada, a história passou por algumas modificações. Uma cena muito explosiva foi suprimida. Hergé havia recebido uma reclamação da companhia aérea Indian Airways, companhia do acidente aéreo. O nome foi trocado por Sari-Airways.

Fonte:
http://pt.wikipedia.org/