segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Leinecy Pereira Dorneles (1948)


Nasceu na cidade de Bagé no dia 20 de julho de 1948. Filha de Eugênio Lobo Pereira e de Hortência Moura Pereira.

Formada em Pedagogia – Habilitação em Orientação Profissional. Cursou a Universidade Federal do Rio Grande.

Pós-Graduada em tecnologia da educação, pela Universidade Federal do Rio Grande.

Professora de sociologia, psicologia e didática. Orientadora educacional e técnica.

Em 1967, começa a trabalhar como Professora na Escola Maria Montessori (Escola de Alunos com necessidades especiais.

Em 1979 foi convidada a trabalhar no SOE da SMEC (Secretaria Municipal de Educação e Cultura) onde fundou o Serviço de Orientação Educacional do Município.

Fundou e foi Secretária do Núcleo De Orientadores Educacionais Do Rio Grande.

Convidada a trabalhar no SENAC como Orientadora Técnica, onde trabalhou pelo período de 16 anos.

Poetisa, Escritora e Ativista Cultural da cidade do Rio Grande.

Escreveu seu primeiro livro de poesia em 1993, intitulado
“Simplesmente Amores", Poesia, Editora Scortecci, São Paulo/SP; (ao qual recebeu por ele vários prêmios.)

Em 1994, escreveu seu segundo livro, de contos e crônicas, intitulado” Um Conto de Saudade e Sete Crônicas do Dia a Dia". Contos e Crônicas, Editora Scortecci, São Paulo/SP.

Em 1992, recebeu uma Bolsa de Estudos para participar de Cursos de Língua e Cultura Portuguesa nos Açores-Portugal, (onde estudou a Cultura Açoriana).

Voltou aos Açores em 1994, 1996, 2000 e 2002, a convite do Gabinete de Imigração e Apoio as Comunidades Açorianas.

Em 1997, recebeu uma Bolsa de Estudo para a Inglaterra, para realizar o Curso de Língua e Cultura Inglesa, em Cantebarry e Oxford. (Inglaterra), S.Peters School.

Em 1999, foi Patrona da Feira do Livro do Cassino, pela Universidade Federal do Rio Grande.

Neste mesmo ano foi escolhida ESCRITORA DO ANO em Trento na Itália;

Membro Efetivo aa Academia Rio Grandina De Letras-Rio Grande; Cadeira número: 15.

Fundadora e 1ª. Presidente aa “Casa do Poeta Brasileiro-Cassino-Rio Grande”;
Membro da Casa do Poeta Rio-Grandense-Porto Alegre;

Membro Correspondente:
 Academia do Rio de Janeiro;
 Academia Irajaense de Letras e Artes de Irajá (Rio de Janeiro);
 Academia de Letras e Artes de São Paulo;
 Academia de Letras e Artes do Amazonas;
 Academia de Letras, Artes, Ciências e Cultura de Uruguaiana-RS;
 Academia Virtual Brasileira de Letras - AVBL - Cadeira No 539;
 Associaçâo dos Escritores do Amazonas – ASSEAM;
 Arcádia Brasílica de Artes e Ciências (Rio de Janeiro).

 - Membro da International Writeres and Association Fraternity (USA);
 - Membro da Ordem Internacional das Ciências, Artes e Cultura de Brasília;
 - Coordenadora do Projecto Sur, na cidade do Rio Grande;
 - Consulesa dos Poetas del Mundo no Rio Grande-RS;
 - Coordenadora Regional da “Poemas à Flor da Pele” no RS;
 – Recebeu por cinco anos consecutivos a Medalha Juscelino Kubitschek, por Ativismo Cultural, através da OICCB em Brasília;
 - Em 2008 lançou “Café Filosófico das Quatro”, na Feira do Livro de Havana – Cuba.
 – Recebeu em São Lourenço de Minas Gerais, no ano de 1999, três prêmios de primeiros lugares, assim distribuídos:
1o. Lugar em Livros Editados de Poesia com o seu livro: “SIMPLESMENTE AMORES."
1o. lugar em Livros Editados de Conto e Crônicas; “UM CONTO DE SAUDADE E SETE CRÔNICAS DO DIA-A-DIA";
1o. lugar em Crônicas, com a crônica “O SER HUMANO",

Em 1998 cria e edita o Informativo Cultural - “Gaivota Cultural"- da Casa do Poeta Brasileiro do Cassino - Rio Grande, onde divulga poetas, escritores e artistas de sua cidade, Brasil e Exterior.

Em 2002 foi premiada em Pelotas, com a Medalha Mérito Enrique Salazar, do Rotary Norte de Pelotas; (Por Ativismo Cultural)

Ainda neste ano tomou posse como Conselheira Literária no “Clube de Escritores de Piracicaba- São Paulo.

 "Medalha de Ouro" em Contos no Concurso Papiro de Contos e Trovas em 2003, com o conto” As Ilhas dos Mil Encantos" em Santos/SP.

 Em 2003 a Medalha Mérito do Clube Pan-Americano, da Secretaria Estadual de Educação e do Rotary Pelotas Norte - Distrito 4680, por ativismo cultural;

 Recebeu no VIII Concurso Internacional De Poesias - 2003 o 2o Lugar em Poesia Moderna, com a sua poesia “Mensagem de Paz";

Trabalhou por quatro anos, no Jornal Cassino onde possuía duas páginas, escrevia e divulgava a “Literatura do Rio Grande, do RS, Brasil e Exterior;

Em outra página onde escrevia sobre” A Cultura Açoriana no RS".

Tem participação em Antologia e /ou Coletâneas por todo o Brasil, em número de 72 Obras. Tem suas poesias divulgadas em jornais e revista de todo o Brasil e exterior.

Organizou as Coletâneas:

 Academia Rio Grandina De Letras;
 Casa do Poeta Brasileiro, Antologia intitulada “O Revoar das Gaivotas"- São Paulo, João Scortecci Editora. 1999;
 “Antologia dos Vencedores”- Antologia artesanal lançada na Feira do Livro da Universidade Federal do Rio Grande em 2007.

Convidada para Palestras em Escolas e Universidade, Asilos, Creches, na Cidade do Rio Grande.

Trabalha num Projeto que se chama “A Poesia vai a EScola”,” Na Escola nasce um Poeta” onde já implantou nas escolas do Rio Grande e Canela e também o Projeto “A Terceira Idade leva a Poesia as Escolas"
Cadeira Vitalícia na Academia de Letras do Brasil/RS.

Fonte:
Academia de Letras do Brasil

J. Castro (Antologia Poética)


DORES DE PARTO

Entre a colcha acetinada
e os alvos lençóis,
geme com dores de parto a madre donzela.
Lágrimas silentes,
sussurros contidos,
face enternecida:
— Salve, agraciada!
— Bendito o fruto do teu ventre!
Ao sorriso cúmplice do pai,
uma criança de olhos fugazes
canta ao mundo a sua liberdade.
— Amém! — louva o poeta com fervor.

MÁGOA DE UM POETA

Procuro nas mais belas canções um som que me embale
E na natureza, uma imagem que me inspire.
Devasso as águas, as profundezas dos oceanos
Com seus mistérios, os pássaros, os animais, o céu.
Vejo uma estrela: de estrela, de mulher.
Os olhos turmalíneos são talhados num rosto de traços angelicais.
Um demônio. Bela.
Os lábios sensuais de morango emolduram com graça
A boca maliforme - a medida exata do pecado.
Ela desfila seu encanto na relva granítica
Os passantes esquecem o queixo ao vê-la passar.
Sigo sem rumo. Sozinho.
Com a mente despida,
Os olhos sem viço,
Amaldiçôo a minha existência.
O relógio biológico me censura:
Dezesseis horas. Em jejum.
Na esquina um quiosque.
Procuro uma moeda, a última.
Paro na porta, indeciso.
Ao lado um verme.
Sim, maltrapilho, sobre um vaso de detritos debruçado.
Em volta de seu corpo,
Centenas de moscas zumbem furiosamente,
Disputando a mesma porção.
Então os lábios se me abrem
Numa prece arrependida:
- Oh, Deus, por que me fizeste Poeta?!

Fonte:
– O Autor
– Poetas del Mundo

J. Castro (1962)


Jonan de Castro Reis, conhecido também como 'J. Castro' nasceu a 14 de setembro de 1962, em Jandaia-GO, onde viveu a sua infância. Filho de Manoel Libório dos Reis* e de Maria Benedita de Castro, é graduado em Letras pela UEG - Universidade Estadual de Goiás, Unidade Universitária de Quirinópolis, em 2003.

Sendo o oitavo filho de uma numerosa família de quinze irmãos, é o primeiro a concluir o curso de nível superior. Professor de Língua Portuguesa [Redação], é um dos imortais, membro-fundador da ALESG - Academia de Letras e Artes do Extremo Sudoeste de Goiás, tendo como patrono o grande escritor Guimarães Rosa.

Tendo participado de alguns concursos, obteve:

 Menção honrosa no VI Concurso Nacional de Contos e Poesias 'Poeta Nuno Álvaro Pereira' com os poemas 'Infância' e 'Confissões de Omar', na cidade de Valença - RJ.

 Premiado no II Concurso Nacional de Literatura Revelação do Terceiro Milênio, na cidade de Caçu - GO, obtendo o Prêmio Ana Luiza de Lima, com o poema 'Castelo de Roma', classificado em 1º lugar na categoria Regional;

 Prêmio Adelice da Silveira Barros, com o conto 'A primeira calça comprida', classificado em 3º lugar na categoria Regional;

 Prêmio Adelice da Silveira Barros, com o conto 'Por um triz', classificado em 1º lugar na categoria Local, cujas obras integram o II Volume da 'Antologia Revelações do Terceiro Milênio’ em 2004.

Participa também das antologias 'O que os homens estão escrevendo', da Litteris Editora - RJ., e 'Pegadas', esta, organizada pela ALESG - Academia de Letras e Artes do Extremo Sudoeste de Goiás.

Autor de vários textos, entre crônicas, contos e poemas. Tem contos e poemas publicados em jornais, mas o sua maior alegria foi a publicação do romance 'Marcas do infortúnio.

Imortal da Academia de Letras do Brasil/GO, representante da cidade de Quirinópolis

Fonte:
Academia de Letras do Brasil

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n.54)


Trova do Dia

Quantas pedras removidas
e quantas por remover.
Provações em nossas vidas
que só nos fazem crescer!
JOÃO BATISTA XAVIER/SP

Trova Potiguar

Na sutil aritmética
com conta pra todo lado,
eu contei com toda ética
o que era pra ser contado.
MARCOS MEDEIROS/RN

Uma Trova Premiada

2010 > Caxias do Sul/RS
Tema > TRILHO > M/H

Doces lembranças guardadas,
no peito, quem não as tem?...
De caminhar de mãos dadas,
por sobre os trilhos do trem.
NEOLY VARGAS/RS

Uma Poesia livre

– Maria Emília Xavier/RJ –
RASGUEI VOCÊ.

Rasguei você...
em pequenos pedaços.
Espalhei-os por cada lugar
onde nosso amor aconteceu...
E lá deixei você,
pelo chão,
espalhado ao sabor do vento,
em micro pedacinhos,
exatamente, como você
se mostrou para mim...
Não me bastava,
não te querer mais...
Precisava me limpar de você...
Precisava te tirar inteiro
do meu dia..
das minhas noites...
da minha cama...
de dentro de mim...

Uma Trova de Ademar

Eu tendo por companhia,
verso, rima e inspiração,
eu deito a minha poesia
nos ninhos do meu sertão!
ADEMAR MACEDO/RN

...E Suas Trovas Ficaram

Na linha desta saudade,
que é tua e também é minha,
nós somos nós de verdade
nas duas pontas da linha!
ALOÍSIO ALVES DA COSTA/CE

Estrofe do Dia

Quando meu corpo se encosta
em seu corpo desnudado,
minhas entranhas despertam
e me deixam excitado;
e, se o momento é propício,
há, então, um forte indício
de "cairmos em pecado".
TARCÍSIO FERNANDES/RN

Soneto do Dia

– Ialmar Pio Schneider/RS –
EM SOLIDÃO.

Fumaça que nasceu do meu cigarro
e morre pelo espaço na investida
de ser alguém, de ter u’a longa vida:
assim é o homem que nasceu do barro.

Oh! quantas vezes na saudade esbarro
e a solidão a descansar convida;
talvez não sinta que a fatal descida
seja o fruto do sonho mais bizarro!

E procuro seguir o meu caminho,
sem refletir, no entanto, que sozinho
é mais árdua a jornada do infeliz;

e que se a morte o surpreender um dia,
há de encontrá-lo na manhã vazia,
sem nada ter de tudo quanto quis!

Ademar Macedo Recomenda os Blogs:
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Fonte:
Ademar Macedo

domingo, 28 de novembro de 2010

Aparecido Raimundo de Souza (A Viagem)


- Nossa, cara, que bom que você chegou! Eu estava morrendo de saudades. Olha só, quinze dias fora. Aliás, quinze dias hoje. O pessoal aqui do bairro todo dia me alugando os ouvidos: “você que é amigo do homem, diz ai, quando é que o Aparicio volta?”. Agora me conta, quero detalhes, detalhes, entendeu? Como foi sair do país? Gostou?

- Não.

- Não? Como não? Você ganhou uma passagem de ida e volta pra Dubai, nos Emirados Árabes, com tudo pago, e, ainda, de lambuja com direito a levar uma acompanhante... Soube que “discolou” uma loirinha de fechar o comercio. E me diz, agora, que não gostou?

- É isso ai. Não gostei!

- Cara, você é maluco? Ah, se fosse comigo. E por que não gostou? Dubai é uma loucura, meu chapa. Tem coisas lindas para serem vistas. Olha, se eu estou no seu lugar, até agora, não teria parado de dar pulos de alegria...

- Mas eu dei pulos de alegria. Pelo menos até a hora em que soube do resultado. Fui às nuvens, quando confirmei meu nome na lista dos ganhadores. E depois dos pulos eu pirei de vez. Você não soube? Joguei tudo pro alto.

- A rapaziada comentou lá no bar do Jericó, mas, como sempre, pela metade. Sabe como é, né? O que mais me entristeceu foi saber que você largou da comadre. Coitada, não merecia!...

- Sim, de certa forma não merecia. Mas tudo bem, agora já era. Não adianta chorar sobre o leite derramado. Larguei da Celinha , mudei de casa, de ares, de rua, daí estar fora daqui e da galera há mais de quinze dias. Gastei uma baba com roupas e calçados no shopping. E quer saber mais? Até o meu patrão eu mandei pras cucuias.

- Então, meu amigo e vem com esse papo de cerca Lourenço me dizer que não gostou da viagem?

- Não, já disse. Não gostei. Odiei. Fiquei fula. Aliás, estou tiririca da vida até agora. Se pudesse me rasgava todinho... Abria o gás e pulava pela janela...

- Ta legal. Seu problema é a Celinha. Ficou arrependido, quer voltar pra ela e ela não quer lhe ver nem pintado de ouro...

- Antes fosse amigo. Antes fosse...

- Pois bem. Vamos mudar de assunto e deixar a comadre de lado. Fale da viagem. Por que não gostou?

- A vagabunda que eu arranjei pra ir comigo...

- A loirinha? O que tem ela?

- Marcamos no aeroporto.

- Sim e dai?

- Havia deixado as passagens com ela, para o tal do check-in...

- Poupe os detalhes. Desembucha...

- Liguei para a sem vergonha umas trocentas vezes. No último telefonema ela disse: meu lindo, sua princesa está chegando.

- Inferno. Fala logo. Não embroma...

- Deu o horário do vôo, e a filha da mãe... A desgraçada não apareceu...

- E você, seu imbecil, o que foi que fez?

- Perdi o avião.

Fonte:
O Autor
Imagem = http://inoutyou.blogs.sapo.pt/2010/01/

Roberto Prado (Antologia Poética)


MUSAS

anos a fio dando ouvidos
a deuses muito discretos

amigas, amigos, amiguinhos
se sou mero objeto de meus afetos
quem é aquilo sozinho que vai
tropeçando em meus versinhos?

Ó, CÉUS

nenhum pio
nada de nuvens
não há azul

ó, céus!, que são tantos,
que cada um tem o seu
e ainda tem quem não veja
quando a gente cai do céu

BURACO NEGRO

de tudo
que mais amo
eu tiro o som

falo o que cala fundo
para que o poema,
buraco negro,
diga o que eu sou

por mais absurdo
só sobra cinema mudo
daquilo que eu acho bom

O ÚLTIMO PASTELÃO

você perdeu meu antigo prazer simples
a diversão tola dos troços aéreos que falava
de ver a graça pura das velhas boas trapalhadas
de sentar pra rir daqueles meus bobos tropeços
agora falando sério
pensando bem/ ninguém perdeu nada

ORAÇÃO A SÃO NUNCA

dei duro e eros me abriu seu coração
não preciso nem de boca pra baço me estender o garrafão
marte me deu uma mão
mamom perguntou quanto era e puxou o talão
um belo dia tive de dizer não
mas ainda amo essa humanidade marrom
fiel a eros, baco, marte e mamom

RADICAL LIVRE

morri de vivo
porque menos mal assim

mas antes de tudo
meu estúpido estudo
sobre o valor nutritivo
da raiz do capim
-----

Fonte:
DEMARCHI, Ademir (seleção). Passagens: Antologia de poetas contemporâneos do Paraná. Curitiba: Imprensa Oficial do Paraná, 2002. (Col. Brasil Diferente)

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n.53)


Trova do Dia

“O que é o amor” me perguntas,
e, em coro, os anjos entoam:
“São duas pessoas juntas
que se amam e se perdoam!”
EDUARDO A. O. TOLEDO/MG

Trova Potiguar

No cérebro ainda martela
a despedida, o adeus:
o “já vou” (nos lábios dela)
e o “não vá (nos lábios meus).
BOB MOTTA/RN

Uma Trova Premiada

1965 > Bandeirantes/PR
Tema > SOLIDÃO > 3º Lugar

A mais cruel solidão
é a do cego (sina triste),
vivendo na escuridão,
sabendo que a luz existe.
GILVAN CARNEIRO DA SILVA/RJ

Uma Poesia livre

– Maria Luiza Bomfim/CE –
ENCONTRO.

Procurei-te tanto!
Nas ruas apinhadas,
nas praias desertas,
nos becos,
nas calçadas!
Procurei-te tanto!
Na multidão sem rumo
sem destino,
sem noção.
Encontrei-te perdido,
procurando também, alguém.
Ficamos juntos!

Uma Trova de Ademar

Se a inspiração me emitir,
todo dia, idéias novas,
brevemente irei abrir
um Shopping Center de Trovas!
ADEMAR MACEDO/RN

...E Suas Trovas Ficaram

Tu és linda, na verdade.
Porém, para meu desgosto,
na alma não tens a metade
da beleza do teu rosto...
LUIZ OTÁVIO/RJ

Estrofe do Dia

Faço da minha esperança
Arma pra sobreviver,
Até desengano eu planto
Pensando que vai nascer;
E rego com as próprias lágrimas
Para ilusão não morrer.
JOÃO PARAIBANO/PB

Soneto do Dia

– Miguel Russowsky/SC –
A NAU DA VIDA.

Me sinto a nau a navegar no mundo,
parte insignificante numa frota,
que de esperanças faceeis se aborrota
e... inexoravelmente vai ao fundo.

E onde o céu nem faz conta da gaivota
e o sonho azul já nasce moribundo,
cheios de anseios e de amor fecundo,
vos sois também levados nesta rota.

As ilusões se vão com remos largos
ao mar dos anos céleres e amargos,
obedientes à voz dos evangelhos.

Um dia... eis senão quando... de repente
os sonhos são cadáveres somente
e a nau da vida emborca... estamos velhos!

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Fonte:
Ademar Macedo

Monteiro Lobato (Emília no País da Gramática) Capítulo X : A Tribo dos Advérbios

— O caminho é por aqui, senhorita -— disse o Verbo Ser. — Os Senhores ADVÉRBIOS moram no bairro das PALAVRAS INFLEXIVAS, onde também moram as PREPOSIÇÕES, as CONJUNÇÕES e as INTERJEIÇÕES.

— Que quer dizer Palavra Inflexiva?

— Quer dizer palavra de queixo duro, que não muda nunca de forma, como o fazemos nós, os Verbos. As Palavras Inflexivas são rígidas como se fossem feitas de ferro.

— Mas que é Advérbio? — indagou Emília.

— Advérbio é uma palavra que nos modifica a nós, Verbos; e que modifica os Adjetivos; e que, às vezes, também modifica os próprios Advérbios.

— Que danadinhos, hein? — exclamou Emília. — Mas de que jeito modificam?

— De muitos jeitos. Modificam de Lugar, tirando daqui e pondo ali. Modificam de Tempo, fazendo que seja agora ou depois. Modificam de Modo, ou fazendo que seja desse jeito ou daquele, ou que seja assim ou assado. Modificam de Intensidade, fazendo que seja mais ou menos. Modificam de Ordem, fazendo que seja em primeiro lugar ou não. Pelos rótulos das prateleiras você poderá ver de que jeito eles modificam a gente.

— A gente verbática — frisou Emília —, porque eu também sou gente e nada me modifica. Só Tia Nastácia, às vezes. . .

— Quem é essa senhora?

— Uma Advérbia preta como carvão, que mora no sítio de Dona Benta. Isto é, Advérbia só para mim, porque só a mim é que ela modifica. Para os outros é uma Substantiva que faz bolinhos muito gostosos.

Na Casa dos Advérbios, Emília encontrou-os em caixinhas, com rótulos na tampa. Primeiro abriu a caixinha dos Advérbios de LUGAR, onde encontrou os seguintes: Aqui, Ali, Lá, Além, Longe, Atrás, Fora, Abaixo, Acima, e outros conhecidos seus.

Na segunda caixinha viu os Advérbios de TEMPO — Hoje, Agora, Cedo, Amanhã, Ontem, Tarde, Nunca, Depois, Ainda, Entrementes.

— Oh — exclamou Emília, agarrando o Entrementes pelo cangote. — Não sabia que era aqui que morava este freguês. Conheço um moço que tem tanta birra deste coitado que risca todos que encontra nas páginas dos livros. Mas não é tão feio assim, o pobre. Que acha, Serência?

O Verbo Ser moveu os ombros, como quem não acha nem desacha coisa nenhuma, e Emília jogou o pobre Entrementes para debaixo da mesa.

Na terceira caixinha estavam os Advérbios de MODO — Bem, Mal, Assim, Apenas, Rente, Ainda, Também e outros.

Na quarta estavam os Advérbios de INTENSIDADE — Muito, Pouco, Bastante, Mais, Menos, Tão, Tanto, Quanto, Que, Quase, Metade, Todo e outros.

Na quinta caixinha Emília viu os Advérbios de AFIRMAÇÃO— Sim, Deveras, Certamente.

Na sexta viu os Advérbios de DÚVIDA — Talvez, Caso, Acaso, Porventura, Quiçá.

Na sétima viu os Advérbios de NEGAÇÃO — Não, Nunca, Jamais, Nada.

Na oitava viu os Advérbios INTERROGATIVOS — Onde? Aonde? Donde? Quanto? Quando? Como? Por quê?

Emília notou que em quase todas as caixinhas havia Advérbios terminados em Mente, e depois viu que a um canto estava uma grande caixa cheia dessas palavrinhas.

— Que mentirada é esta aqui — perguntou. — Que tanto Mente, Mente? . . .

— Isto é um caso curioso — explicou Ser. — Esta palavra Mente é um velho Substantivo, com o significado de maneira ou intenção que os homens começaram a empregar no fabrico de Advérbios. Hoje não é mais substantivo e sim rabo de Advérbio, ou Terminação Adverbial, como dizem os gramáticos. Grudando-se um rabinho destes a um Adjetivo, sai um Advérbio. Constante, por exemplo, é Adjetivo; põe o rabinho e vira o Advérbio Constantemente.

— Que engraçado! — exclamou Emília, arregalando os olhos. — De maneira que, se cortarmos o rabinho de Constantemente, aparece o Adjetivo outra vez, não é?

— Está claro.

Para tirar a prova Emília agarrou o Constantemente e arrancou-lhe a caudinha — e, de fato, o Adjetivo Constante saiu a pular de satisfação, indo numa corrida para a casa dos Adjetivos, enquanto a caudinha saltava para dentro do caixão de Mente.

— Os Adjetivos — disse Ser — gostam às vezes de figurar de Advérbio, mesmo sem uso do rabinho. Você, por exemplo, pode dizer: Eu grito alto, em vez de dizer: Eu grito altamente. O Adjetivo Alto faz aí o papel de Advérbio.

Emília viu ainda outra caixa de Advérbios de ares estrangeirados.

— E estes gringos? — perguntou.

— São Advérbios latinos que ainda têm uso no Brasil. Moram nessa caixa o Máxime, o Infra, o Supra, o Grátis, o Bis, o Primo, o Segundo e outros. E aqui, nesta última caixa, moram uns adverbiozinhos que não são Inflexivos como os demais, porque mudam de forma quando querem exagerar. Isto significa que eles têm Grau, como os Adjetivos. Este Perto, por exemplo, sabe virar-se em Pertinho e Pertíssimo.

— Chega de Advérbios — berrou Emília. — Vamos ver as Senhoras Preposições.
______________________
Continua ... Capítulo XI: As Preposições
____________________________
Fonte:
LOBATO, Monteiro. Emília no País da Gramática. SP: Círculo do Livro. Digitalizado por http://groups.google.com/group/digitalsource

sábado, 27 de novembro de 2010

Silveira Neto (Antologia Poética)


ANTÍFONA

Noite de inverno e o céu ardente de astros,
Com a alma transfigurada na Tortura,
Olhava estrelas, eu, crendo-as, em nastros,
Almas cristalizadas pela Altura.

Frio da noite é o pólo em que o uivo escuto
Do urso branco do Tédio, em brumas densas;
É bar glaciário que nos vem do luto
Da avalanche de todas as descrenças.

A noite é como um coração enfermo;
Rito de almas de maldições cobertas.
Alma que perde a fé muda-se em ermo,
Ermo de tumbas pela vida abertas.

Esse "réquiem" da Cor pelo ar disperso
Como que encerra, num delírio infindo,
Todo o soluço extremo do Universo,
Num concerto de lágrimas subindo.
É cenário do Fim que atroz se eleva
Desde que ao Nada o coração se acoite;
Pois, como o dia cede o espaço à treva,
Fecha-se a Vida nos portais da noite.

Se vem a noite num luar acesa,
Lembra uma cruz coberta de boninas;
A luz da lua é triste, — que a tristeza
É o sagrado perfume das ruínas.

É uma prece o luar, prece perdida
Por noite afora, em lívida cadência,
Como cada sorriso em nossa vida
Planta a cruz da saudade na existência.

Era de estrelas um enorme alvearco
A cúpula celeste escura e goiva;
E a Via-Láctea se estendia em arco,
Branca e rendada como um véu de noiva.

Depois gelada abrira-se, e na extrema
Nevrose eu vi formarem-se, de tantos
Astros, as duas páginas de um poema
Em que eram cor de lágrimas os cantos.

Cantavam as estrelas. Coros almos
O espaço enchiam de um rumor contrito
E histérico, a fundir astros em salmos,
Parecia rezar todo o Infinito.

No êxtase que os páramos outorgam
Aos visionários, eu surpreso via
Que, céus afora, como a voz de um órgão,
A salmodia d'astros prosseguia.

Erma de risos e de majestades.
Porque as estrelas são os magnos portos
Onde ancorou com todas as saudades
A dor de tantos séculos já mortos.

Desde Valmiki e Homero — esses profetas —
As intangíveis amplidões cerúleas
Ouvem, sangrando, a queixa dos Poetas,
Como um cibório de canções e dúlias.

Ermas de tudo que não fosse a mágoa,
As estrelas formavam o Saltério
Num brilho aflito de olhos rasos de água ...
E pelo espanto entrei nesse mistério:

Eis que um Visionário do Supremo Ideal,
ansioso de Azul e de infinito,
(Da ânsia de Azul que teve o Anjo Maldito
Após o castigo extremo)

E fatigado do torvo mundo espalto,
Onde a alma se nos vai muito de rastros,
Pôs-se a evocar a Paz Eterna do Alto;
Falou-lhe então a música dos astros:

LITANIAS

O mesmo céu-que nós olhamos, olho:
Mundos gelados de saudade; admire-os
A alma que tenha, abrolho por abrolho,
Toda a loucura e todos os martírios.

Jorro de pranto com que os versos molho,
A Via-Láctea é um desfilar de círios.
Quanta tristeza para os céus desfolho
Na doida orquestração dos meus delírios! ...

E vou seguindo a ver, pela amargura,
Que as estrelas são lágrimas da Altura,
Ardendo como os círios dum altar.

Nada mais resta: e a vida, fatigada,
De no meu corpo ser tão desgraçada,
Foge-me toda para o teu olhar.

A LUA NOVA

A Nestor Victor

No silêncio da cor, — treva silente —
Abriu-se a noite mádida e sombria,
Logo que o Sol, rezando: Ave, Maria ...
Fechou no Ocaso as portas de oiro ardente.

A terra, a mata, o rio, a penedia.
Tudo se fora pela treva e, rente
Ao céu, ficou a lua nova algente,
Como um sonho esquecido pelo dia.

Ela assim foi: morreu; desde esse instante
Pálido e frio, como a lua nova,
Ficou-me entre as saudades seu semblante.

Mas, ouve: quanto mais doida cresce
A noite que me vem da sua cova, :
Mais branca e inda mais fria ela aparece.

CANÇÃO DAS LARANJEIRAS

Laranjas maduras, seios pendentes
pela ramada, apojados de luz,

Que é das orinhas-nevadas e débeis,
caçoulas de incenso que o aroma produz?

Se elas recendem o ar todo se infla
num esto de gozo, nas frondes do vai,

Como se andasse o Cântico dos cânticos
abrindo-se em beijos no laranjal.

São elas o sonho da árvore em festa
pensando no fruto, que é todo sabor;

Assim a grinalda que enfiaram, das noivas,
é a aurora do dia mais claro do amor.

Infância, candura da estréia longínqua,
luz tênue que flui das auras do céu.

Depois do primeiro amor, o remígio
do sonho mais puro a que a alma ascendeu.

De sonho, bebido em taças que lembram
aquela de lavas, que um dia o vulcão

moldara em Pompéia, num seio de virgem,
talvez em memória de algum coração.

Fonte:
NETO, Silveira. Luar de hinverno e outros poemas (1901), in SIMBOLISMO / seleção e prefácio Lauro Junkes. São Paulo: Global, 2006. (Coleção roteiro da poesia brasileira)

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n.52)

Trova do Dia

Usar pente todo dia
é mania do Rabelo.
Seria normal? Seria...
Se ele tivesse cabelo!
JOSÉ OUVERNEY/SP

Trova Potiguar

Em um pijama listrado
com as cores da zebrinha
da sorte, foste enjaulado.
Pra teu azar. Sorte minha!
ROSA REGIS/RN

Uma Trova Premiada

2006 > Pitangui/MG
Tema > REZA > M/H.

Quando ela vem eu me enfezo!
Minha sogra não me esquece!
Acho que quanto mais rezo
mais “coisa ruim” me aparece...
HÉRON PATRÍCIO/MG

Uma Trova de Ademar

Teve um chilique o Oscar
ao ver seu filho, um nissei,
ser o primeiro lugar
numa passeata gay.
ADEMAR MACEDO/RN

...E Suas Trovas Ficaram

Certas frígidas "titias",
sob os babados e toucas,
têm o fogo e as calorias
que um fogão de doze bocas.
WALDIR NEVES/RJ

Estrofe do Dia

– Viajei num trem de feira
com minha noiva Raimunda,
Quando eu ia de segunda
ela vinha de primeira,
Eu pulava pra terceira,
pra segunda ela corria,
Quando eu pra primeira ia,
pra segunda ela pulava.
Quando eu ia ela voltava,
quando eu voltava ela ia.
JOSÉ MELQUÍADES/PB

Soneto do Dia

– Itamar Siqueira/PE –
VISITA À CASA DA SOGRA.

Como urubu que regressasse ao ninho,
A ver se ainda um bom caminho logra,
Eu quis também rever a minha sogra,
O meu primeiro e virginal carinho.

Entrei. Pé ante pé, devagarzinho,
O fantasma, talvez, daquela cobra...
Tomou-me as mãos, olhou-me bem, de sobra...
E levou-me para dentro, de mansinho.

Era este quarto, oh! se me lembro, e quanto...
Em que, à luz da lua que brilhava,
O pau roncava forte, tanto e tanto,

No costado da gente, sem piedade,
Um cacete bem grosso lá no canto...
Minhas costas choraram de saudade...

Fonte:
Ademar Macedo