domingo, 24 de junho de 2012

Clevane Pessoa (Cordel em Quadras:Lavadeirinhas)

Lavadeiras (pintura de Marcos José)
Para amenizar a lida,
as lavadeiras de Minas
lavam cantando demais
o que lhes vai pela vida...

Rezam louvando a Maria,
cantarolam seus amores,
em coro choram suas dores,
sérias, mostram sua alegria,,,

Nas pedras batem os panos,
às vezes soltam risadas
enquanto dão suas braçadas,
as mesmas de tantos anos...

Às vezes, roupas perseguem,
que lhes fugiram das mãos,
os peixes são seus irmãos
por mais que os peixes o neguem...

Velho Chico, um grande rio,
acostumado às cantigas,
vê nelas grandes amigas,
a ninar seu passadio...

Os passarinhos se intrigam:
de que penas são tais vozes,
cantando lentas, velozes,
que sobre as margens se abrigam?

No Jequitinhonha, do Alto
cantam tanto as de Almenara,
que seu coro, qual jóia rara,
está num CD bem lauto...

Cantavam as ribeirinhas, 
em Portugal, no passado,
e ao vir prá cá, com agrado,
trouxeram suas musiquinhas...

Por isso cantam as baianas 
quando lavam na Abaeté,
linda lagoa - e com fé,
rezem sagradas, profanas...

Sobre madeira flutuante
- cada mulher tem seu porto
por questão de mais conforto
a cabocla lava expectante:

vigia se o boto aparece,
peixe em moço transformado,
um sedutor encantado
(senão a barriga cresce)...

As roupas brancas clareadas 
à luz do sol, clareador,
ficam alvas, sim senhor
e depois serão engomadas...

São lindas as lavadeiras,
em belas coreografias
ensaiadas todos dias,
dançam e cantam faceiras

E esse show, sem ser ensaiado
toca qualquer coração,
pois corpos, braços, sabão,
são um todo sincronizado...

Desaparecem os cansaços
nas canções alegrezinhas
que são seus melhores traços
-Que cantem sempre,avezinhas!

Fonte:
http://www.clevanepessoa.net/visualizar.php?idt=17568
Pintura por Marcos José

Antonio Manoel Abreu Sardenberg (Poesias e Trovas) 2



Vil Metal
Antonio Manoel Abreu Sardenberg
São Fidélis "Cidade Poema"

Nessa vida só descobre
Quem usa a sabedoria
Para entender que o nobre
Nem sempre se avalia
Usando o ouro e o cobre
Para dizer quem é rico
Ou indicar quem é pobre!

A pobreza e a riqueza
não se vêem pelo metal!
Esse juízo é fatal,
é vil, cruel e perverso;
é como julgar poema
simplesmente por um verso!

A riqueza está na alma,
no cerne, no interior,
no âmago de cada um...
por isso digo sem medo
e sem receio nenhum:
(observa e descobre)
tem muito "pobre" que é rico,
tem muito "rico" que é pobre!

O que mais dói 
Patativa do Assaré 
1909 - 2001 

O que mais dói não é sofrer saudade 
Do amor querido que se encontra ausente
Nem a lembrança que o coração sente 
Dos belos sonhos da primeira idade. 
Não é também a dura crueldade 
Do falso amigo, quando engana a gente, 
Nem os martírios de uma dor latente, 
Quando a moléstia o nosso corpo invade. 
O que mais dói e o peito nos oprime, 
E nos revolta mais que o próprio crime, 
Não é perder da posição um grau. 
É ver os votos de um país inteiro, 
Desde o praciano ao camponês roceiro, 
Pra eleger um presidente mau. 

TROVAS

Extraídas do " O TROVADOR"
Órgão Cultural da Academia de Trovas do Rio Grande do Norte
Ano XII - nº 52 - página 7 -

"Trove lá que eu Trovo cá"
O Boletim que extraímos essas trovas foram enviadas pelo saudoso amigo e grande trovador Francisco Macedo. Uma forma de lembrar o relevante serviço prestado pelo grande poeta a cultura brasileira.

Sabedoria não cabe, 
nas vaidades mortais, 
o sábio mesmo é quem sabe 
que precisa saber mais. 
Geraldo Amâncio/CE 

Estudante noite e dia, 
como quem cumpre uma lei, 
consegui sabedoria 
pra saber que nada sei 
José Lucas de Barros/RN 

Se conselho resolvesse, 
resultasse em melhoria, 
por mais que se pretendesse 
não se dava...se vendia! 
Flávio Stefani/RS 

Conselhos bons, de verdade, 
por mais que já estejam velhos... 
Recolho com humildade, 
nas folhas dos evangelhos!... 
Francisco N. Macedo/RN 

Com o dom do entendimento, 
o bem do mal eu separo, 
evito causar tormento 
e do irmão me torno amparo. 
Leda Colleti/SP 

Quando na terra cessar 
fome, guerra e sofrimento, 
ninguém mais vai duvidar 
do valor do entendimento. 
Hélio Pedro Souza/RN 

O entendimento se faz 
como amor no coração, 
sem guerras, com muita paz 
e abrançando nosso irmão. 
Clério José Borges/ES 

A inspiração é o momento, 
que num poema imortal, 
faz do verso entendimento 
da linguagem universal. 
Hélio A.S. Souza /RN 

Enquanto a ciência avança, 
fato novo se descobre... 
E o fruto do que se alcança, 
Torna a ciência mais nobre! 
Prof. Garcia/RN 

Só peço a Deus fortaleza 
para levar minha cruz; 
- mais vigor (vindo a fraqueza); 
nas trevas ver sua luz! 
Geraldo Lira/RN 

Mesmo na dor, pus de pé, 
com espernças sem fim, 
a fortaleza de fé 
que existe dentro de mim! 
Ademar Macedo/RN 

De posse do entendimento 
das palavras de Jesus, 
as trevas do pensamento 
viram caminho da Luz. 
Jair Figueiredo/RN 

Me ajuda, Ó Deus! Me conforta... 
Piedade, Senhor, piedade! 
Me afasta, da esposa morta, 
o suplício da saudade! 
Humberto R. Neto 

Piedade é chama divina, 
que acende a cada aflição, 
é fonte que me ilumina 
quando concedo perdão. 
Marcos Medeiros/RN 

O dom da Sabedoria 
do Espírito Santo é graça 
de ver, com santa alegria, 
o Bem até na desgraça. 
Lairton Trovão de Andrade/PR

Jorrando sabedoria 
iluminando o univero, 
a trova com maestria 
é um hino de amor ao verso! 
Joamir Medeiros/RN

Fonte:
A.M.A. Sardenberg

Paulo Ramos (Revolução do Gibi)



Segundo o jornalista e professor universitário Paulo Ramos, a obra tem mais de 500 páginas e tem como objetivo explicar as raízes do atual momento do mercado brasileiro de quadrinhos.

Revolução do Gibi, definitivamente vale o quanto pesa! Trata-se de uma obra massiva, com mais de 500 páginas, que reúne de forma organizada, as publicações de um dos Blogs de quadrinhos de maior prestígio do Brasil. Da “queda” da editora Abril à ascensão da Panini como “rainha” das bancas de jornal, dos quadrinhos das bancas para às livrarias, das publicações independentes ao domínio dos mangás, virtualmente todos os momentos importantes do mercado das HQs, desde a virada do século, estão nessa edição. E não é só isso, lançamentos, publicações e sagas de destaque como, por exemplo, a “Morte do Capitão América” ou “Guerra Civil” também são comentadas, acompanhadas de comentários que refletem a sua repercussão, junto aos leitores e ao mercado na época de seu lançamento. Indispensável tanto para curiosos, quanto para profissionais da área. A capa é do cartunista e ilustrador prodígio João Montanaro (Cócegas no Raciocínio), de apenas 15 anos.

Elisa Palatnik (Preparativos de uma morte anunciada)


 — Onofre, acabei de pegar teu exame. O médico disse que você vai morrer em uma semana.

 — Hein?! O quê?!

 — Você morre terça feira que vem. Dia 25. Dia do soldado.

 — Mas... que coisa horrível!

 — Horrível por quê? Melhor que morrer, sei lá, no dia do Índio. No dia da Secretária. No dia do Ginecologista.

 — Meu Deus! Vou morrer em uma semana e você me conta assim, na bucha, sem me preparar?

 — Deixa de ser infantil, Onofre. Você não é prato de bacalhau pra eu te preparar.

 — Uma semana... Eu estou chocado! Se bem que...

 — O quê?

 — Quer saber? De certa forma foi bom saber logo. Assim aproveito o tempo que resta. Vou viajar, beber e comer tudo que eu tenho direito.

 — Aí é que está, Onofre. Você vai ter que fazer dieta.

 — Dieta?!

 — Pra emagrecer. O caixão que a gente tem não é seu número. Com essa barriga, você não entra naquele ataúde de jeito nenhum. Só entra de lado. Você quer ser enterrado de lado, Onofre?

 — Claro que não! Mas... não dá pra trocar de caixão?

 — É da loja do teu primo. Fui do médico direto pra lá, e foi o que ele me deu. Ele só trabalha com modelagem única e a gente não tem dinheiro pra comprar outro.

 — Mas não é justo! Tenho que fazer regime na última semana da minha vida?

 — E ginástica. E cooper. Talvez até balé — que só regime não vai dar conta dos 15 quilos que você precisa perder. Já te matriculei numa academia.


 — Mas...

 — Outra coisa. Não esquece de começar a convidar as pessoas pro velório.

 — Eu?!

 — É, ué. Não é você que vai morrer? Era só o que me faltava... você é que vai morrer e eu é que tenho o trabalho... Aliás, por falar em trabalho, arranja um bico extra essa semana pra conseguir dinheiro — pra pagar a dívida do mercado.

 — Peraí... regime, ginástica, e agora... trabalho extra? Eu estou doente, estou cansado!

 — Deixa de frescura, Onofre. Daqui a uma semana você vai ter tempo de sobra pra descansar. E se eu não pagar essa dívida, o seu Joaquim disse que me mata.

 — Ele disse isso?

 — Disse. E pode me matar em menos de uma semana. E aí eu vou ser enterrada no seu caixão. E você fica sem dinheiro pra comprar outro caixão. E aí você não vai ser enterrado. Vai ficar por aí, pelas ruas, em processo de decomposição.

 — Meu Deus!

 — Mais uma coisa. Você vai ter que visitar a tia Augusta.

 — Ah, não! Visitar a tia Augusta não! Estou brigado com ela, você sabe disso.

 — Vai na quinta feira. Já marquei.

 — Assim não dá! Eu, pensando que ia passar uma semana boa, tranqüila, esperando pra morrer... mas nada. Já vi que vai ser um inferno. E se eu não for na casa da tia Augusta?

 — Ela vai se sentir culpada por não ter feito as pazes antes de você morrer. E vai acabar morrendo de desgosto.

 — E eu com isso? Não quero saber.

 — Não quer saber? Acontece que está provado que uma pessoa leva, em média, uns seis meses pra morrer de desgosto.

 — E daí?

 — Daí que daqui a seis meses é o casamento da tua filha. E se a tua tia morrer, a gente vai ter que adiar o casamento. E se a gente adiar é capaz do noivo desistir de casar. Se ele desistir, tua filha vai ficar arrasada e pode sair por aí namorando o primeiro que aparecer na frente. E o primeiro que aparecer na frente pode ser um drogado. E tua filha pode virar uma drogada. E daí para o crime e para a prostituição é um passo. E daí ela pod...

 — Chega! Eu vou visitar a tia Augusta!

 — Ótimo.

 — Que mais? O que mais você quer que eu faça nessa semana? Já tá perdida mesmo...

 — Mais nada. Só cavar sua cova — pra economizar no coveiro, que coveiro está saindo pela hora da morte.

 — Deixa eu anotar, senão esqueço... com tanta coisa... Cavar a cova.

 — E não esquece de, no dia da tua morte, ir pro lugar do velório cedo. Pra morrer lá mesmo... pra gente também economizar no transporte do corpo. Vai de ônibus.

 — Mas...

 — De preferência atrás, agarrado no pára-choque, pra não pagar.

 — É uma boa... No pára-choque. Só uma coisa. Uma dúvida.

 — Fala.

 — E se, por um acaso... eu não morrer?

 — Tá maluco, Onofre? Depois desse trabalhão todo? Nem pensa nisso! Esquece essa possibilidade!

 — É que de repente...

 — De repente uma pinóia! Vê lá, hein, Onofre? Não vai me fazer a gracinha de aparecer no teu velório... vivo!

Fonte:
http://www.releituras.com/epalatnik_menu.asp

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 588)


 Uma Trova Nacional  

Em sua excelsa grandeza
Deus faz tudo com tal arte!
Basta olhar a natureza
para vê-lo em toda parte! 
–JOSÉ OUVERNEY/SP– 

 Uma Trova Potiguar  

Depois dos sonhos amenos 
que o tempo leva e não traz, 
eu tenho cada vez menos, 
aquilo que almejo mais. 
–JOSÉ LUCAS DE BARROS/RN– 

Uma Trova Premiada 

2008 - Nova Friburgo/RJ 
Tema - FEIRA - 2º Lugar 

A mulher do meu vizinho
faz a feira o mês inteiro,
sem sacola, sem carrinho,
sem vergonha e sem dinheiro...
–Izo Goldman/SP–

 ...E Suas Trovas Ficaram  

Enganam-se os ditadores
que, no seu furor medonho,
mandam matar sonhadores,
pensando matar o sonho!
–JOUBERT DE ARAÚJO E SILVA/ES– 

Uma Poesia

ESTROFE QUE FIZ PARA “MACEDO” NUMA HOMENAGEM 
QUE FIZERAM PARA ELE, LÁ NA NOSSA CIDADE... 

Peço aos céus uma inspiração bendita 
num momento de dor e desengano,
pra eu fazer a poesia mais bonita
pra dizer da saudade do meu mano!
O verso, sempre foi o seu reduto
“Santana do Matos” está de luto
pela perda do grande menestrel;
e os poeta, "Lá em Cima", com alegria
fizeram um sarau de poesia
quando Chico Macedo entrou no Céu !... 
–Ademar Macedo/RN– 

 Soneto do Dia  

A BARCAÇA. 
–Rogaciano Leite/PE– 

O mar soluça e geme. A onda bravia 
num véu de espuma contra o céu se envolve 
e o leito enorme d’água se revolve 
em convulsões de dor e de agonia. 

Ao longe, uma barcaça fugidia 
seu vulto branco às longas praias volve 
como a garça cansada que resolve 
tocar da costa a areia luzidia... 

Eu vou como a barcaça em desalento, 
que as águas corta por mercê do vento 
e após mil temporais toca no porto... 

Também após mil temporais da sorte, 
do mar da vida para o cais da morte 
meu coração vai navegando morto!

Nilton Manoel (Pioneirismo Estudantil em Jogos Florais do Estudante em Ribeirão Preto)


Os I Jogos Florais do Estudante deram a Ribeirão Preto (SP, Brasil) a lei de inclusão curricular há 35 anos. O lançamento do concurso estudantil de Trovas - o evento no Brasil- envolveu todas as redes de ensino. Ribeirão Preto é a única cidade que faz dois Jogos Florais por ano:- o de âmbito estadual e o de âmbito estudantil. No meio estudantil é projeto escolar na Prefeitura do munícipio e Estadual. O evento estudantil, tem (desde o princípio) a inspiração trova luizotaviana:

Haveria paz na terra
não seria a vida inquieta
se a criança em vez de guerra
brincasse de ser poeta.

(Esta trova está em quase todas as publicações da Trova ribeirão-pretana)

Todo este trabalho foi combinado com Luiz Otávio, por carta, entrevista e gravações em fita cassete. A entrevista foi publicada em Didática da Trova, divulgado em todo o Estado paulista as secretarias e entidades educacionais de diversos Estados Brasileiros. O Didatica da Trova que não mereceu referencia em nenhum informativo da UBT, já teve quatro impressões e distribuição gratuita. O livro consagra os méritos literários da UBT, no entanto sabemos que são várias as entidades que se dedicam a Trova dentro das propostas de Luiz Otavio. 

Contribuição de Ribeirão Preto á Trova brasileira

a) 25 Jogos Florais Nacionais e 25 Municipais (maioria com dois temas , (Lirismo e Humor)

b) 1 Jogos Florais Estudantis de Ribeirão Preto-SP, 1977

c) 13 Jogos Florais Estudantis ininterruptos

d) 5 jogos florais em cartões postais, divididos em:
2 pela UBT – 2 pela Soc. Amiga dos Pobres e 1 pela Sociedade Irmãos-Unidos Espiritas

e) 5 Concursos de Trovas Nacionais e Municipais intercalando Jogos Florais e um em homenagem ao Centenário da ABL,Oficinas semanais de trovas, palestras e material de divulgação a imprensa e escolas em geral.

f) Edição à pedido de Luiz Otávio do Decálogo de Metrificação, 1975,

g) Edição de folhetos de difusão da Trova,

h) Publicação da monografia Didática da Trova.

i) Seleção de Trovas de Santos Reis 

j) Como fundador e presidente da Casa do Escritor/Poeta realizou vários concursos de Trovas.

Nos sites de busca DIVERSOS textos ribeirãopretanos são encontrados. O Ubeteano, também.

Nota:
A facilidade de lidar com temas literários está sem ser da Educação: Normalista, Pedagogo, prof. de língua portuguesa, ocupando salas de aulas e coordenações pedagógicas.

Fonte:
Nilton Manoel

José Luis Peixoto (Livro)


artigo por Ana Lucia Santana

Nesta bela história o autor exercita a criação dos ancestrais romances de formação. Aqui é Ilídio que protagoniza uma intensa e dramática jornada existencial, permeada pela constante presença da literatura. Sua infância é marcada pelo abandono; a mãe parte e o deixa só em uma via pública, aos 6 anos, espiando o livro confiado por ela a suas mãos e espreitando o tempo que passa veloz e logo converte a luz do sol nas sombras da noite.

Este evento dá início à primeira parte da obra, que retrata a infância e a juventude do protagonista, seus traumas, o encontro com o pedreiro Josué, amigo da mãe, que o acolhe e educa, e a posterior paixão pela doce Adelaide. O autor também apresenta o leitor ao amigo mais intimo do protagonista, Cosme; a um jovem singelo que toma conta do irmão portador de deficiência e de um bando de pombos, Galopim; e Adelaide, a dona do coração de Ilídio, a qual vive com a tia, proprietária do estabelecimento comercial da vila.

No início da trama os caminhos dos dois jovens se entrecruzam e se perdem no percurso entre Portugal e França. A tia de Adelaide, disposta a impedir o romance, a força a partir para Paris. Aí a protagonista desembarca com um livro nas mãos, lembrança de Idílio, a mesma que sua mãe lhe legou quando ainda era um menino.

Em terras francesas a garota, profundamente infeliz, se une em matrimônio a outro homem; seu esposo, porém, supostamente se interessa mais pelos acontecimentos políticos do que por ela, embora os dois tenham se aproximado novamente graças a um livro.

Mesmo assim, ambos alimentam a esperança de se rever, e o protagonista vai para a França à procura de Adelaide, abandonando seu pai adotivo, Josué. Mas é sinuosa a jornada empreendida pelo herói na tentativa de rever a mulher que roubou seu coração. Como nos contos de fadas, os obstáculos se multiplicam ao longo do caminho. Cartas são extraviadas, demandas não se concretizam e paixões atingem um alto grau de complexidade.

A segunda parte desta obra relembra o leitor do significado de seu título; o livro não é um mero artefato, é igualmente o narrador, o fio condutor da história. Ele é filho da jovem Adelaide, e esse é seu nome de batismo. Nesta etapa final o personagem recorre excessivamente ao recurso da metaliteratura, o que converte esta narrativa em um instrumento quase lúdico.

José Luis Peixoto nasceu em Galveias, Portugal, no ano de 1974. Ele cursou línguas e literaturas modernas – inglês e alemão – na Universidade Nova de Lisboa. Em 2001 foi agraciado com o Prêmio José Saramago por seu livro Nenhum Olhar. Sua obra foi vertida para aproximadamente vinte línguas.

Fonte:
http://www.infoescola.com/livros/livro/

sábado, 23 de junho de 2012

Raquel Ordones (Queria Pintar Um Soneto)


Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 587)


 Uma Trova Nacional  

O que mais queres, querida, 
se já te dei tudo, enfim? 
Até minha própria vida 
não pertence mais a mim. 
–Clênio Borges/RS– 

 Uma Trova Potiguar  

O fogo faz seus horrores, 
queimada é devastação; 
onde havia vida e cores, 
há tristeza e solidão!... 
–Fabiano Wanderley/RN– 

 Uma Trova Premiada  

1999  -  Rio de Janeiro/RJ 
Tema  -  TREM  -  1º Lugar 

Partiste e, num desatino,
teimando em partir, também,
meu coração, clandestino,
viajou no mesmo trem... 
–Edmar Japiassú Maia/RJ– 

 ...E Suas Trovas Ficaram  

Quanta prodigalidade!… 
Em poucos meses, querida, 
gastamos felicidade 
que dava pra toda vida! 
–J. G. de Araújo Jorge/AC– 

Uma Poesia 

Quando a seca castiga o sertanejo
o fantasma da fome bate a porta,
um cachorro devora uma rês morta
que um abutre deixou como sobejo,
o matuto se muda num cortejo
revelando que ali a coisa é séria,
e a coruja zombando da matéria
sobre a cruz esquecida de um pagão;
palmilhando as veredas do sertão
deparei-me com cenas de miséria... 
–Hélio Crisanto/RN– 

 Soneto do Dia  

SILÊNCIO. 
–Sônia Sobreira/RJ– 

No silêncio de um momento encantado, 
onde o clarão dos astros conheci, 
vem a noite em seu vestido brocado 
lembrar-me um sonho lindo que vivi. 

Nesse momento belo e apaixonado, 
as lágrimas e as mágoas esqueci 
e o mistério do universo estrelado 
me traz a calma... então, adormeci. 

Mas quando o sol clareia os meus cabelos, 
a brisa sopra e teima em desprendê-los, 
o vento já não ri, o vento chora. 

Desperto então do instante apaixonado 
e os sonhos que voltaram do passado, 
ficam perdidos pelo mundo afora.

Mara Melinni (Você Não Se Lembra?)


Tanto tempo juntos...! Quantas vezes nos deixamos e, logo depois, corremos de volta para nós mesmos outra vez? Estou inquieta, não consigo conceber essa demora. Enquanto você se foi, sem nada dizer, fiquei aqui sozinha, em nossa casa, eu e a solidão, que me rouba todo o espaço. Faz frio, o inverno chegou intenso... Começou hoje... Lá fora... E eu já o sinto, também, em meu coração...! E onde está você, que não volta para mim...? Nenhuma palavra dita, nenhuma despedida... Estranhei, mas eu achei, sinceramente, que a nossa última discussão já havia sido esquecida. Tivemos momentos piores, contudo, a única vez em que dormimos separados foi na noite passada. Senti-me murchando como uma rosa que vai perdendo as pétalas devagar. Não sei o que se passa dentro mim... É confuso, sinto vontade de gritar o seu nome, de lhe ver à minha espera...!  O nosso amor sempre foi maior do que as nossas diferenças, sempre foi! Minha teimosia e sua paciência, meu bom humor e sua crítica incomparável, minha caretice e sua contemporaneidade... Tudo isso nos fazia complemento um do outro porque o que restava, no fim das contas, eram os nossos gostos, as nossas músicas, as nossas fotos... Nós dois e o nosso amor... Sempre ele. Por isso... Como dói esse silêncio, como amarga minha alma e malfere o meu corpo inteiro...! Por favor, mande notícias. Não consigo enxergar quem errou, se é que houve erro. A única coisa que eu lhe peço, nem que seja pela última vez, é... Que você se lembre das razões pelas quais me amou...! E se existir uma, ao menos uma razão ainda, eu irei lhe esperar aqui... Mais uma vez... Enquanto houver uma razão (E eu sinto... Que há!).

Fonte:
http://melinni.blogspot.com.br/

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 586)


 Uma Trova de Ademar 

A vida escreve-me enredos 
com finais que eu abomino. 
Meus sonhos viram brinquedos 
nas mãos cruéis do destino.. 
–Ademar Macedo/RN– 

 Uma Trova Nacional  

Acreditei no amor: 
vivi derrotas sem fim. 
Porém , só fui vencedor 
quando tive fé...em mim! 
–Eliana Palma/PR– 

 Uma Trova Potiguar  

Quando a aurora esconde o enredo, 
de um despertar tão bonito, 
esconde um grande segredo 
dos mistérios do infinito! 
–Eva Garcia/RN– 

 Uma Trova Premiada  

2002  -  Campos de Goytacazes/RJ 
Tema  -  LIVRO  -  4º Lugar 

O livro é o portão de acesso
à liberdade e ao saber.
E nem sequer cobra ingresso:
basta abri-lo, entrar... e ler!
–A. A. de Assis/PR– 

 ...E Suas Trovas Ficaram  

Traí no amor... e, depois, 
nenhum de nós teve vez... 
e o perdão, que era de dois, 
foi dividido por três! 
–Lavínio Gomes de Almeida/RJ– 

Uma Poesia 

É a ternura da poesia 
de uma beleza tamanha, 
que parece com a ternura 
do orvalho, quando a flor banha; 
da mãe dando ao filho a luz, 
com a ternura de Jesus, 
lá no sermão da montanha!!! 
–Luiz Dutra/RN– 

 Soneto do Dia  

PAPEL AMARROTADO. 
–Humberto Soares/PRT– 

Um passo em frente e é tempo de futuro. 
Dou mais um passo e saio do presente 
saltando do passado para a frente, 
seguindo passo a passo rumo ao escuro. 

Sigo pra um final que não procuro. 
Não quero mas avanço lentamente 
como a sombra... que acaba de repente 
logo que o Sol se esconde atrás do muro. 

Vou perdendo a memória das memórias 
que reencontro a pairar por todo o lado !... 
Alegrias!... pesares !... Muitas histórias 

são sonhos !... Ilusões do meu passado. 
Algumas tão pequenas !... são as glórias 
que guardo num papel amarrotado !

Vivaldo Terres (Fim de um Romance)


O fim de um romance é de tristeza e dor, 
Eu conheço bem isto, porque já perdi, 
Na vida um amor. 

Como a gente sofre, como a gente luta, 
Para esquecer o amor perdido, que infelizmente, 
Já partiu pra longe, mas que sempre, 
Fica no peito escondido. 

Este amor que amei e que pelo qual, 
Ainda sofro, me traz o conforto, 
Por tê-la amado tanto, quantas, e quantas vezes, 
Eu também chorando, enxugava beijando, 
Dos seus olhos o pranto. 

Fonte:
O Autor

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 585)

Imagem por Gregory Colbert
 Uma Trova de Ademar

Quando se perde quem ama, 
além de mágoa e queixume, 
fica nos lençóis da cama 
o cheiro do seu perfume!... 
–Ademar Macedo/RN– 

 Uma Trova Nacional  

Neste instante derradeiro 
em que nada mais restou 
sou errante marinheiro 
que na saudade afundou... 
–Ester Figueiredo/RJ– 

 Uma Trova Potiguar  

O poeta é sonhador,
e tudo que pensa, cria;
da poesia faz o amor
e do amor faz poesia. 
–Tarcísio Fernandes/RN– 

 ...E Suas Trovas Ficaram  

Na rua, quando ela passa,
a rebolar, bem feliz,
sua vaidade ultrapassa
a moldura dos quadris!...
–Analice Feitoza de Lima/SP– 

 Uma Trova Premiada  

2012  -  Curitiba/PR 
Tema  -  JUSTIÇA  -  1º Lugar 

Que a lei, com todo o seu porte, 
seja um escudo do bem... 
E que a justiça do forte 
seja a do fraco também! 
–Mara Melinni/RN– 

Uma Poesia 

Já está fazendo um tempo
Que eu um verso não faço
Mas, hoje tirei um tempo
Estiquei o espinhaço
E escrevi estas linhas
Senão nas saudades minhas
Fica faltando um pedaço. 
–Brás Ivan Costa/PE– 

 Soneto do Dia  

PERGUNTAS. 
–Benedicta de Mello/PE– 

Eu queria saber o que era amor 
e a todos quantos via perguntava: 
ao velho, ao jovem que na vida entrava, 
ao inocente, ao justo, ao pecador. 

De minha mãe às vezes, indagava. 
Ela estranhando, repetia: "amor!" 
"Leia o vocabulário" me ordenava 
o meu velho e sozinho professor. 

Fui percorrer então o dicionário: 
amor... amor... amor... sentido vário 
de mil explicações em labirinto... 

Não cheguei a entender. E fiquei triste. 
Ou o amor em verdade não existe, 
ou só existe aquele amor que eu sinto.