sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Francisco Miguel de Moura (Chico Miguel) (Sonetos Escolhidos 3)

Imagem: Biblioteca Manuel Antonio Pina
DESENCONTRO (1)

Tomado de saudade e sofrimento,
um dia eu quis rever a terra amada.
sondei a posição varia do vento
e pus meus olhos e meus pés na estrada.

Noite ainda (acordei de madrugada),
tinha a lua por luz, por seguimento...
Nem sentia o cansaço da jornada,
pensando no ontem, no hoje, como alento.

Me alegrava pisar velhos caminhos!
Os pássaros contavam nos deus ninhos
e a natureza toda, então, sorria.

Ouvi tocar o sino em minha aldeia,
lembrei das orações na hora da ceia
e da casa que outrora me acolhia.

DESENCONTRO (2)

Fui devagar, pois, afinal, queria
gozar a sensação de uma beleza
que me ficara intacta, à alma presa,
bem distante da atual selvageria.

Meus olhos, percorrendo a redondeza,
iam matando as sombras sem valia,
cheio de força, o copo estremecia,
e de calor e luz... Longe a tristeza.

Era um quadro tão belo e tão feliz,
do qual jamais pudera ser juiz...
Porém, quando cheguei: - “Que coisa alheia!”

– exclamei. A montanha era mais baixa,
a igreja velha, o sino rouco, e a faixa
de rua era tão feia... Era tão feia!...

DESENCONTRO (3)

Vi que o tempo não poupa, tudo encaixa,
mexe na minha vida e faz sua teia...
O sangue virou gelo em minha veia,
a pressão, que me era alta, se rebaixa.

Luz se havia era pouca., e de candeia,
no breu da noite... E não havia caixa
de banco... Nem rapaz e nem muchacha...
Deserta de homem, de mulher, a aldeia.

Então, pergunto a mim: Qual o destino,
se vim buscar aqui meu ser menino
e menino nenhum aqui encontro?

Vim rever minha terra e meu passado.
Mas, o que vejo? - Um sonho naufragado...
E eu perdido num louco desencontro!

EM DUAS RIMAS

A vida nasce numa enorme festa,
Nasce do amor, no instante da folia
Do sexo, da paixão e da alegria.
Mas também chora, a vida é uma floresta.

Há confusões. Porém sobra uma fresta
Por onde socorrer-se na agonia,
Dá passagens na busca de harmonia.
Há morte e vida e luzes nessa gesta.

Há buscas ideais, filosofia...
Indagações: – Meu Deus, que coisa é esta?
O amor a transformar-se em poesia.

E assim morrer: – Cantando uma seresta,
Ou ir sorrindo para uma outra festa
É o fim que todo homem gostaria.

EMOÇÕES


Só tenho olhos pra aquilo que me nega,
só sinto o cheiro e a fala de outras vinhas,
mais me apetece o rosto que as covinhas,
e em mim a luz é sombra e se me integra.

Se há gosto em minha boca, não me pega,
mas se meu corpo alisam – coisa minha –,
meu passado sofrido se esfarinha
e a nuvem interior se desintegra.

A natureza, em mim, vem da floresta.
Gosto do vento a arrepiar a testa,
gosto de rir... Mas como rir primeiro?

Vivo tão sério! Não, de mim não riam,
se as emoções mais tolas me aliviam:
- São pérolas que dôo ao mundo inteiro!

GOZO EXTENSO

Gozo os segundos todos, ano a ano,
do que ainda me resta por saúde,
não me entristece olhar o que não pude
ser. E dos meus achaques não me ufano.

No que fiz e refiz, por ser humano,
injetei muitas gotas de bondade.
Pela essência da calma que me invade,
sou a esperança no que não me engano.

E em tudo a fortaleza me aclareia
como os gozos de outrora... Tão intenso
é o meu prazer e minha nova messe.

No momento outro sonho é que me enleia:
- O encanto de saber que estou imenso,
num coração que, enfim, rejuvenesce.

MÁRTIR

De que serve contar já tantos anos
de vida, se a verdade foge e foge,
o ontem nunca mais tornando ao hoje,
e o amanhã tão perto, e seus enganos?

Não me valeram experiência e danos
que as primaveras fúteis produziram,
se, em lugar de saudades, me surgiram
só lembranças inúteis, desenganos...

De que posso, vaidoso, me gabar
senão da arte, em saber ouvi-la e vê-la,
embora não me leve a qualquer parte?

Ora, bem! Zombarei do grande azar
de ter nascido em Vênus, bela estrela,
pra fazer vida no planeta Marte.

MINUTO ETERNO

Deitada é bela, e, se levanta, estua:
Sinal de cio... Fecha os olhos, pensa...
Como, então, me darei a recompensa
de mais de perto vê-la inda mais nua?

Voar ao prédio em frente desta rua
e surpreendê-la em sua displicência?
Perder todo este medo e a paciência
de anjo sem paz que sabe e não flutua?

Vou morrer de ciúme aqui, de longe,
por não tê-la sequer um só segundo,
por delirar, na posição de monge.

Se fosse minha um só minuto – eterno–­,
zombaria das glórias deste mundo
e trocaria os céus por todo o inferno.

VOYEUR
(Segunda versão de “Minuto Eterno”)

Seminua, deitada, insone e quente,
no sofá, fecha os olhos, pestaneja...
Ah, eu queria ter cometimentos
pra mais de perto vê-la, vê-la, vê-la!

Voar deste meu prédio lá, na frente,
tocar seu corpo em toda a displicência...
Ai, não posso! E com isto me entristeço
como um anjo incapaz, louco e doente.

Tenho ciúmes, sim, no longe-e-perto.
Vejo um inseto pousado no seu peito
quando aqui morro em posição de feto.

Se fosse minha por um dia apenas
seria o homem mais feliz do mundo,
renegaria os deuses do universo.

O FANTASMA

Quem lhe matou a vida de menino
e a tão sonhada vida de rapaz?
Não sabe, está perdido e vai atrás
do perdido nos becos do destino.

Entre os deuses e o diabo, oh desatino!
de desistir ninguém o fez capaz.
Foi buscando vitória sem ter paz,
sem vislumbrar seu ser em pequenino.

Mesmo assim, sob os gritos de revolta,
luta fria e ferozmente atrasado...
Só que um dia o fantasma a si se volta.

E renasce uma imagem tão candente
que o leva a gargalhar de toda gente,
no sorriso feliz de um só pecado.

O QUE MORRE

Casa e caminhos morrem desamados,
esquecidos, na solidão do amém.
Os segredos falecem de guardados,
e amores morrem quando morre alguém.

O porto morre, a onda se esvazia,
e o sonho esvai-se quando acorrentado,
e treva nasce do morrer do dia.
Vão-se o rico, o feliz e o desgraçado.

Nada é perene, pois quem nasce vibra
somente um instante para a queda enorme,
eis que essa lei fatal tudo equilibra.

Morrem lembranças, fruto do passado,
e o presente e o futuro quando dorme
o homem sem fé, sem luz, abandonado.

Fonte:
O Autor

Carlos Leite Ribeiro (Casa de Fantasmas) Comédia Teatral - Parte 1

Como era habitual às quintas-feiras, em casa do Sr. Coronel Ramalho (grande herói das campanhas do tempo em que os ventos lutavam contra os moinhos),reunia-se um grupo de amigos para um animado e silencioso serão a jogar às cartas.

O salão onde esses serões se realizavam era amplo, tendo ao centro uma mesa rectangular, e em sua volta, seis cadeiras também do estilo Luís XV, assim como o aparador e a cristaleira que a ladeavam. No tecto, um lustre de metal e vidro, do mesmo modelo dos quatro apliques situados em paredes diferentes, assim como várias molduras com fotografias de familiares, destacando-se entre elas, uma enorme fotografia do austero pai do Sr. Coronel Ramalho, conhecido na época como comerciante de vinhos a granel, com os seus grandes e torcidos bigodes, situada em frente onde habitualmente a Dona Augusta, a esposa do Sr. Coronel Ramalho, fazia a sua renda (ou malha), junto a uma das duas janelas do salão. Ao fundo colocado ao meio da parede, situava-se um enorme e barulhento relógio que marcava até os quartos de hora, ficando por baixo uma vitrina onde o Sr. Coronel conservava orgulhosamente as suas condecorações e algumas armas antigas, algumas das quais das guerra napoleónicas.

Este salão tinha três portas: uma com acesso às escadas que, descendo, davam para a rua; subindo, davam para o sótão onde a criada tinha o seu quarto, junto à sua casa de banho e despensa da casa; outra porta dava para um corredor que ligava à cozinha; e uma terceira para o quarto do casal.

Os convidados para o serão desse dia (que por sinal eram sempre os mesmos), ou seja, o Sr. Capitão Ribeiro, o Sr. Alferes Marques e o Sr. Sargento Humberto, ainda não tinham chegado.

Mais tarde apareceram dois encapuzados, completamente desconhecidos, nem se chegando a saber de onde vieram…

Entretanto, a criada, a Carmo (uma jovem lisboeta que dizia ter vinte cinco anos) aproximou- se da patroa, de nome Augusta...

Carmo: Minha senhora, por favor... Dona Augusta, dá-me licença?

Augusta: Levantando os olhos de um bordado que estava a fazer, por fim, respondeu para a criada: Entra, entra Carmo. Diz lá o que queres?

Carmo: Minha Senhora, tenho de ir ao supermercado fazer umas compras, pois, são quase vinte horas e depois eles fecham. A senhora quer que pague a dinheiro?

Augusta: Ai não!... pois… não tenho dinheiro trocado... Eles que assentem na minha conta, que depois pago. Mas, Carmo, não te demores, e não te esqueças que hoje é quinta-feira, e os convidados não tardam aí a chegar...

Carmo: Eu não vou demorar mesmo nada, Dona Augusta, fique tranquila.

Augusta: Então vai lá, pequena...

Pouco depois da criada ter saído, toca a campainha da porta...

Augusta: Quem será que está a tocar à porta? A Carmo não deve ser. Só se esqueceu alguma coisa…

A campainha volta a tocar, desta vez mais prolongadamente…

Augusta: - Não toque mais, pois eu vou já abrir...

Ao abrir a porta, a Dona Augusta teve uma grande surpresa, pois à sua frente estavam três homens encapuçados.

Augusta: Mas...mas quem são os senhores, o que me querem? Por favor não me empurrem, estou em minha casa. Não me empurrem...!

1º Encapuzado - Mulher, está caladinha, senão... olha esta faca. Deixa-nos passar e senta-te aí nessa cadeira, sossegadinha...

2º Encapuzado - Raio da mulher não está quieta. Rápido, amigo, amarra depressa esta "fera" aí a essa cadeira...

Augusta: Ah, mas quem são os senhores?!...

2º Encapuzado - Está quieta e cala-te! Tem muita calma, pois só queremos falar um pouco contigo. Está sossegada, mulher... Tem juizinho nessa cabeça, senão...

1º Encapuzado - Já te dissemos para estares quieta e deixares de chorar! Nós só queremos falar contigo... Olha que é um assunto que te interessa muito...

Augusta: Eu vou estar quietinha, mas por favor não me empurrem, nem me agarrem... Por favor...

2º Encapuzado - E ela não se cala nem está sossegada, hei... Ó mulher, ainda te mato. Ouviste bem? Ainda te mato!

Augusta: - Mas quem são vocês? Por favor, digam-me... O que é vocês querem de mim?!...

1º Encapuzado - Assim está bem. Continua calminha, pois, só queremos mostrar-te umas fotografiazinhas que temos aqui...

2º Encapuzado - E são fotografias de uma pessoa que tu deves conhecer muito bem... Vá lá, não vires a cara para o lado... Não te armes em pudica! Olha! Olha!...

1º Encapuzado - Abre, abre, não feches os olhinhos... Vê, vê... Por acaso, não conheces esta mulher que está toda nua... Deitada na cama com este homem?!... Não me digas que a não conheces? Vá lá, faz um esforçozinho de memória!...

Augusta: Mas... Mas eu não conheço essa mulher... juro por tudo que não a conheço ! Juro que a não conheço, mas larguem-me, larguem-me...

2º Encapuzado - Não nos tentes enganar, pois esta mulher é mesmo tu - tu, ouviste bem? Ou será que não te conheces a ti própria?!...

1º Encapuzado - Não te faças de tolinha, pois connosco, isso não pega - espertinha!

2º Encapuzado - Ó mulher, deixa-te de tretas, pois é melhor entrares em acordo connosco. Pensa bem e rapidamente, e não queiras fazer nenhuma asneira...

Augusta: Mas eu já vos disse que esta mulher que está nesta fotografia toda nua, não sou eu!... Volto a jurar por tudo, que não sou eu que, está aí toda nua!

2º Encapuzado - Ah, ah... És tu, és, não me consegues enganar, e por favor não me faças perder a paciência. Senão, daqui a pouco corto-te o pescoço... Assim...!!!

1º Encapuzado - Tem calma, amigo, pois deves ter uma certa paciência com esta mulher... E tu aí, mulher, para não ficares com o teu pescocinho cortado, é melhor resolveres entrares em acordo connosco. Senão, como deves calcular, o teu maridinho, o Sr. Coronel, vai saber tudo, tim-tim por tim-tim!!!...

2º Encapuzado - Como já deves calcular, a nós, não nos custa nada... Mas mesmo nada, fazer isso! Amigo, talvez seja melhor mostrar-lhe novamente as fotografias...

Augusta: Eu não sei como é que vos hei-de fazer crer que esta mulher que está aqui, nesta fotografia, não sou eu!!! Juro que não sou eu! Só se for... Só se for... A minha irmã - gémea, que se chama Liza. Já há muitos anos que a não vejo. Só se for ela.

2º Encapuzado - Já te disse que não venhas com essa mentira! És tu, tu, e só tu - e está tudo dito !!! Percebeste?

Augusta: Ai que vida a minha! Já vi que não adianta discutir com vocês... Mas, finalmente, o que é que vocês querem de mim? Mais uma vez vos digo que não sou eu...

1º Encapuzado - Já te disse para estares quieta e cala-te... Como já vimos que és boa mulher, vamos fazer umas continhas, e assim, por estas fotografias... sim, por estas fotografias só te vamos levar...

2º Encapuzado - Digamos... Dez mil e quinhentos euros!

1º Encapuzado - Como vês, é uma verdadeira pechincha: só dez mil e quinhentos euros. Até devia ser mais qualquer coisinha…

Augusta: Mas o que é que vocês estão p'ra aí a dizer? Dez mil e quinhentos euros, é pouco dinheiro? Olhem que eu nunca tive tanto dinheiro junto e em meu poder! Vocês são uns escroques, uns chantagistas...

2º Encapuzado - Toma mas é cuidadinho com essa língua, pois senão já sabes que te corto o teu lindo pescoço.

Augusta: Ai credo, homem!... Que aflição... Tire-me essa faca daqui do meu pescoço!... Ai o meu coração...

1º Encapuzado - Não te enerves, mulher, olha o teu coração... Nós não desejamos que você morra, antes de nos dar o dinheiro...

Augusta: Ai, o meu pobre coração até parece que vai rebentar!... Ai...

1º Encapuzado - Deixa lá o coração e vamos lá ao que mais interessa: tens ou não os dez mil e quinhentos euros? Se não tens, vai ao cofre do teu marido, o Sr. Coronel, pois ele deve ter lá muito dinheiro...

Augusta: Mas não é possível, pois eu nunca roubei nada a ninguém, e muito menos ao meu marido. Vocês estão doidos...

2º Encapuzado - Não me venhas cá com esses argumentos, pois para nós não pega. Vai depressa ao cofre e traz rapidamente o dinheiro. Vá lá, rápido!...

1º Encapuzado - E para tua orientação, enquanto não nos entregares o dinheiro, ficaremos cá em casa a fazer distúrbios. E tu nem calculas os distúrbios que somos capazes de fazer...

Augusta: O que vocês estão p'ra aí a dizer? Que ficam cá em casa? Mas onde?...

1º Encapuzado - Onde não interessa. Mas podes ter a certeza que ficaremos cá até recebermos a massinha toda. Não faças essa cara de espantada e nem tentes brincar connosco...

2º Encapuzado - E toma bem atenção: se por acaso tentares denunciar-nos, já sabes o que te vai acontecer: pescoço fora!

Neste momento toca novamente a campainha da porta …

1º Encapuzado - Amigo, espreita aí pelo óculo da porta... O que é que vês?

2º Encapuzado - É a criada. Olha que a «mamífera» tem cá um "cabedal" de género avião... Ai que bom... bonzinho... Ai... Que gatinha! Estou a ficar cheio de comichões…

1º Encapuzado - Deixa-te de parvoíces. Vamos esconder-nos atrás daquele sofá... Rápido e sem barulho. Cuidado não tropeces nesse fio... Esconde-te... Rapidamente…

2º Encapuzado - E tu aí "menina"... Olha para aqui para mim... Assim... Se não colaborares connosco, já sabes o que te acontece aos teu lindo pescoço... Olha que não somos para brincadeiras...

1º Encapuzado - E toma atenção: diz à criada que faça qualquer coisa que se coma, pois estamos esfomeados! Ela que faça um bom petisco para nós... Não te esqueças!

2º Encapuzado - Agora “menina”, vai lá abrir a porta, mas com juizinho...
Augusta: É inacreditável o que me está a acontecer... Eu nem quero acreditar!... Deve ser um sonho mau...

Falando um pouco mais alto, prepara-se para abrir a porta...

Augusta: Quem é?... Quem é que está aí a bater à portaaa?...

Carmo: Sou eu, minha senhora, a Carmo.

Augusta: Até que enfim que chegaste! Sempre que vais fazer compras, até parece que levas uma cadeirinha atras de ti... Deves dar um grande desgaste à tua língua ao falares tanto com as vizinhas...

Carmo: Mas, a senhora deve de estar enganada, pois desta vez quase que não me demorei nada. Fui num pé e vim noutro.

Augusta: Olha que não me parece. A mim, pareceu que demoraste quase uma eternidade. Olha, vai para a cozinha e prepara... Deixa cá ver...talvez uns pastelitos de bacalhau e, bem fritinhos...

Carmo: Pastéis de bacalhau a esta hora?...

Augusta: Não compreendo a tua observação, pois, a qualquer hora, podemos ter vontade de comer pastéis de bacalhau!

Carmo: A senhora é que manda. Vou já preparar meia dúzia de pastéis...

Augusta: Só meia dúzia?! São poucos! Nem calculas a fome que eu tenho. Prepara pelo menos uma dúzia e meia ou mesmo duas dúzias, de pastelinhos e bem fritinhos, não te esqueças.

Carmo: Não sabia que a senhora tinha deixado de fazer dieta para o tal regime de emagrecimento, que tanto falava! Isto de ser criada, tem muito que se lhe diga!

Quando a criada já se encontrava na cozinha, toca novamente a campainha da porta.

Augusta: Carmo, vai abrir a porta; ainda não ouviste a campainha?
====================
continua…

Fonte:
O Autor

Simone Borba Pinheiro (Ciranda da Amazonia) Parte 3

DUDU CRUZ
Eu não tenho nada a ver com a Amazônia...

-
 Quem diz que não tem nada a ver com a Amazônia hoje
 Com certeza amanhã não terá nada para ver em toda a Terra.
 A natureza não renasce das cinzas...
 Precisamos parar de criar cinzas!
 Precisamos cuidar da natureza como uma Senhora querida que cai.
 Naturalmente, devemos esticar o braço dar a mão para ajudar a Natureza a se levantar!
 Ela, com certeza, agradecerá por nossa atitude nos dando a sua beleza!
 E nós, agradeceremos por tê-la novamente de pé, com toda sua Graça!
 A Natureza é Graça de Deus materializada!
 Pessoas que não acreditam em Deus, acreditam que a Natureza seja uma Senhora a ser amada.
 Por isso, você tem que ver hoje como fazer para salvar a Amazônia, para não admitir amanhã, que não há mais nada a fazer para ver a Natureza viva.
-
EFIGÊNIA COUTINHO
Prece Da Paz Ambiental

-
 É nesta Floresta aqui, onde me
 ajoelho, e para me unir, também
 eu, modesta criatura do meu
 Planeta, edificando minha
 Prece Universal. Onde calco
 com meus joelhos todas essas
 folhas mortas, que se acumulam,
 de geração em geração, umas
 sobre as outras, para servirem de
 humidade sobre a terra, cedendo
 lugar ás suas novas e majestosas
 folhas. São as folhas verdes do
 alto de seus ramos, que cantam
 a canção da vida, que não repousa nunca!

 E as folhas secas debaixo, e sobre as
 quais pousam os meus pés e os meus
 joelhos, murmuram ao meu ouvido a
 PRECE DA PAZ AMBIENTAL...
-

SILVIA GIOVATTO
Pulmão do Mundo


 SOS, queremos respirar!
 o pulmão do mundo está ameaçado,
 estão destruindo a nossa floresta amazônica,
 como se não bastasse a poluição do ar, estão tirando
 a nossa chance de vida que vem das matas.
 Pouco a pouco a Amazônia vai se a acabando,
 destruída pelas mão de seres humanos... será?
 Fica aqui o meu pedido de socorro.
 alguém tem de acordar e resolver esse problema
 que afeta o mundo.
 Não precisamos encher nosso pulmão de ar,
 com substancias medicamentosas através de inalação,
 precisamos de ar puro, vindo das árvores, das matas....e
 isso nós tínhamos, quando a ganância do homem não existia.
 O homem está se destruindo e tirando das nossas crianças
 a chance de respirar, de viver...
 Não cortem as nossas árvores, não queimem as nossas matas,
 por caridade, não destruam o nosso planeta...
 você pode ter vantagens com isso, mas está destruindo a sua vida,
 a nossa vida, a vida dos nossos animaizinhos...
 Não destrua, construa!
 Não derrube, plante!
 Não mate, dê chance de vida a quem quer viver!
 Nós precisamos de ar puro...você também precisa!
 Não use suas mãos para destruir, elas serão mais úteis na construção.
 Pense nisso... e por favor...
 Pare agora, com essa destruição.
-

FERNANDO REIS COSTA
Mãe Natureza


 Ó estirpes que se extinguem da beleza
 Que a mãe Natureza ao homem deu!
 Vemos hoje que a própria Natureza
 Está sendo destruída… e se perdeu!

 E o homem, ambicioso e com frieza,
 Quer mais e muito mais em cada dia:
 Destrói cada vez mais a Natureza
 Buscando tostões na tecnologia!

 Lembremos a paisagem, outrora linda;
 Hoje… terra de cinzas, tão queimada;
 No ar, o oxigénio quase finda…

 E se a destruição continuar ainda
 No ritmo que leva, acelerada…
 O homem-suicida fica “nada”!
––––

GLADYS OVADILLA
Amazônia

 Amanecía en la amazónica,
 Con sus tintes de colores,
 Mirando en silencio,
 En la orilla azotaba el agua,
 Color león con fuerza,
 Meditando escuche el
 Bullicio de las aves,
 Prolongando su vuelo,
 Recuerdo caminar en redomona,
 Mis pies parecían quebrarse,
 En medio del lodazal,
 Quede petrificada, no veía más
 Que árboles y pastos,
 Tacita quede hasta el hartazgo,
 La claridad deteniéndome asustada,
 Los maravillosos árboles talados,
 ¡Señor de los cielos! no puede ser,
 Tedioso en el paseo vi. árboles caer,
 Sin retaceo temí lo peor, lo encontré,
 La tierra vacía sin quejas,
 Se robaron el monte Mister,
 Desigualando el clima y al indígena,
 Su habitad infalible de tanto siglos,
 Osadía, los verdugos traficantes,
 Los montes con sañas se llevaron,
 ¡Vuelven por más! A cegarlos todos,
 El obraje oscurecido secuestro el aire,
 Cambio el clima, los vientos, y el agua misma,
 No son nubes pasajeras, son aguacero,
 Torrentosos interminables, que corren por
 Las ciudades incalculables,
 Al mundo globalizado, estamos perdiendo,
 Por culpa de la amazona que esta muriendo,
=============
HERMES JOSÉ NOVAKOSKI
Amazônia! Quem Te Ama?

 Te destruímos, queimamos
 Derrubamos tua riqueza
 Nós não mais te amamos
 Queremos apenas tua nobreza

 Teus rios nós os poluímos
 As fontes estão secando
 As aves nós as matamos
 Com os animais acabamos

 Tua grandeza e imensidão
 Ainda não entendemos
 O bem que tu nos fazes
 Ainda não percebemos

 Nem os teus filhos te amam
 Destroem o que vêem pela frente
 Eles não sabem ainda
 Que te destruindo, destroem muita gente

 Deixamos as marcas da destruição
 Porque queremos enriquecer
 Tua morte não será em vão
 Contigo vamos perecer

 Perdoa-nos Amazônia! Não te amamos como mereces
 Em vez de te tratar como um rei, uma rainha
 Te fazemos sofrer para que seques e desapareças
 Não nos importa a vida, mas as riquezas que tinhas

 Os que te amam contigo choram
 São poucos, mas são nossos amigos
 Lutam para te defender do malvado e imploram
 Que tu tenhas piedade e não envies castigos

 Seguirás o teu ciclo
 Nós sofremos as consequências
 O homem é o pior dos bichos
 Que destrói por prepotência

 Os que te amam pensam em ti e em si
 Pois sabem que sem o ar, a água, a biodiversidade
 A vida vai aos poucos se extinguir
 Marcas do capitalismo e egoísmo: a infelicidade

 Pensar em ti é pensar no futuro
 Que tu nos garantirás
 Uma vida livre, sem muros
 A liberdade em fim reinará.

Fonte:
http://www.familiaborbapinheiro.com/ciranda_amazonia.htm

Monteiro Lobato (A Reforma da Natureza) Capítulo 10 – A volta de Dona Benta

No dia marcado, ali pelas dez horas da manhã, Emília e a Rãzinha ouviram rumor de automóvel na estrada. Correram à varanda. Vinha vindo uma porção de carros, com Dona Benta, tia Nastácia e os meninos no da frente.

Ao entrarem no terreiro Emília adiantou-se para recebê-los. Os homens da Comissão apearam e despediram-se de Dona Benta com muitas palavras de agradecimento e amabilidades.

- Pois é isso - disse-lhes a boa velha. - Sigam lá na Europa as minhas instruções que tudo dará certo. Adeus, adeus! Mil recomendações ao Rei Carol e ao Duque e à Duquesa de Windsor - gostei muito dela. E digam ao Mussolini e ao Hitler que apareçam quando puderem, para um passeio no Quindim. Adeus, adeus!

Os automóveis da Comissão partiram na voada.

Depois que desapareceram lá na curva, Dona Benta entrou para a saleta com os meninos e tia Nastácia foi para a cozinha. Mas ...     que era aquilo? Não estavam reconhecendo a velha saleta da entrada.

Tudo esquisito, tudo diferente.

- Que é isto, Emília? Que significam estas mudanças?

Emília contou tudo.

- Eu reformei a Natureza - disse ela. - Sempre tive a idéia de que o mundo por aqui estava tão torto como a Europa, e enquanto a senhora consertava a Europa eu consertei o sítio.

- Consertou o sítio?!... - repetiu Dona Benta sem entender coisa nenhuma. - Que história é essa?

Narizinho interveio:

- Eu bem disse, vovó, que ela queria ficar sozinha para fazer coisas malucas. Fui lá ao meu quarto e encontrei a cama pendurada no forro, imagine ! ...

- E eu - disse Pedrinho entrando - fui á biblioteca e encontrei os seus livros cheirando a alho e cebola. Abri um, provei; gosto de sopa; páginas adiante, gosto de carne assada ...

O assombro de Dona Benta não tinha limites e por mais que Emília explicasse ela ficava na mesma.

Súbito, deu com a Rãzinha.

- Quem é esta menina? - perguntou.

- É a Rã.

- Que rã?

- A Rãzinha da Silva, minha amiga do Rio, que veio ajudar-me na reforma da Natureza.

O assombro de Dona Benta crescia, e cresceu ainda mais quando tia Nastácia apareceu aos berros.

- Sinhá, Sinhá, está tudo esquisito lá na cozinha ! Pus o leite no fogo; assim que começou a ferver, assobiou!...

- Assobiou, o leite, Nastácia?

- Sim, Sinhá, assobiou, e o fogo no mesmo instantinho apagou por si mesmo. Aquilo está com feitiçaria, Sinhá. Andou alguma bruxa por aqui...

- A bruxa é ela - disse Narizinho apontando para Emília. - Diz que reformou a Natureza ...    

Dona Benta não voltava a si do espanto.

- Mas que absurdo, Emília, reformar a Natureza! Quem somos nós para corrigir qualquer coisa do que existe? E quando reformamos qualquer coisa, aparecem logo muitas conseqüências que não previmos. A obra da Natureza é muito sábia, não pode sofrer reformas de pobres criaturas como nós. Tudo quanto existe levou milhões de anos a formar-se, a adaptar-se; e se está no ponto em que está, existem mil razões para isso.

- Não acho! - contestou Emília cruzando os braços. - A obra da Natureza está tão cheia de "bissurdos" como a obra dos homens. A Natureza vive experimentando e errando. Dá cem pés á centopéia e nem um para as minhocas - por que tanta injustiça? Faz um pêssego tão bonito e deixa que as moscas ponham ovos lá dentro e dos ovos saiam bichos que apodrecem a linda carne dos pêssegos - não é uma judiação? Veste os besouros com uma casca grossa demais e deixa as minhocas mais nuas do que a careca do Quindó - isso é erro. Quanto mais observo as coisas mais acho tudo torto e errado.

Mas sem demora começou a ser desmentida. Um tico-tico entrou na sala e disse com muito desespero para Dona Benta:

- Minha boa senhora, livrai-me do que a Emília fez em mim. Transformou-me em passarinho ninho, com ovos às costas, e isso tem sido uma atrapalhação medonha, porque não me deixa voar com desembaraço, e desse modo não consigo escapar aos meus perseguidores.

- Que história de passarinho-ninho é essa? - perguntou Dona Benta, e quando soube de tudo abriu a boca. Era demais a ousadia da Emília. Alterar daquele modo a Natureza! Mudar as coisas que levaram milhões de anos para se equilibrarem ...     E agarrando o tico-tico desfez-lhe o ninho das costas e guardou os três ovos para pô-los no ninho natural que ele fizesse pêlo sistema antigo.

Estava ainda a lidar com a pobre ave, quando Pedrinho apareceu de novo, muito assustado.

- Vovó, o que aconteceu aqui no sítio parece até um sonho! Encontrei Quindim completamente transformado, com couro de palhinha, a Branca de Neve com os anões pintados no casco, quatro pernas diferentes, cem rabos, e em vez de chifre uma seta de Cupido com um coração na ponta. Imagine! Não dá a menor idéia dum bicho possível !...

A boca de Dona Benta abriu de caber dentro uma laranja.

- E o Rabicó, então? - continuou Pedrinho.

- Está com cauda de cachorro lulu, toda frisadinha, e só com dois pés - e pés de tartaruga. E com uma ratoeira no focinho e um lenço automático no nariz!...

- Sinhá! Sinhá! - voltou tia Nastácia berrando. - O mundo está perdido. Já não entendo mais nada. Fui ver a Mocha e sabe o que encontrei? Um bicho sem propósito, com a cauda no meio do lombo, chifre de saca-rôlha com bola de borracha na ponta, e as tetas fora do lugar, com duas torneirinhas, Sinhá, imagine! E o chão anda cheio de moscas sem asa. E um pernilongo cantou no meu ouvido uma música tal e qual aquela que lá na Conferência sêo "Churche" mandou os músicos tocarem para a senhora ouvir – direitinho! Eu não fico mais nesta casa nem um minuto. Isto virou "hospiço" de feiticeiros, Sinhá! Tudo atrapalhado, sem jeito. Ninguém entende nada de nada. Fui encontrar a sua cadeirinha, Sinhá, pregada lá no forro! Subi na escadinha de lavar vidraça, peguei a cadeira pela perna e puxei - e quem disse da cadeira descer? Parece que está pregada no forro com elástico. A gente larga dela e ela sobe outra vez.

- É a força centrípeta - explicou a Rã.

- Centrífuga - corrigiu Emília - e contou a história da supressão do peso.

Tia Nastácia passava a mão num galo que tinha na testa. A negra estava verdadeiramente zonza.

- E ainda tem mais, Sinhá - disse ela. - Imagine que me sentei debaixo da jabuticabeira, e sabe o que aconteceu? De repente uma coisa enorme caiu lá do alto em cima da minha cabeça. Era uma abóbora, Sinhá! Uma abóbora deste tamanho! Fiquei tonta uma porção de tempo, nem sei como não morri. As abóboras andam agora nas jabuticabeiras, Sinhá. Veja que "bissurdo."
-------
continua...

Folclore dos Estados Unidos (Lenda Indígena Abenaki: História da Criação e A Importância de Sonhar)

Grande Espírito, em um tempo não conhecido por nós olhou aproximadamente e não viu nada. Sem cores, sem beleza. Tempo ficou em silêncio na trevas. Não havia nenhum som. Nada poderia ser visto ou sentido. O Grande Espírito decidiu preencher esse espaço com luz e vida.

De seu grande poder, ele comandou as faíscas da criação. Ele ordenou Tolba, o grande da tartaruga para vir das águas e tornar-se a terra. O Grande Espírito moldou as montanhas e os vales nas costas de tartaruga. Ele colocou as nuvens brancas no céu azul. Ele ficou muito feliz e disse: "Tudo está pronto agora. encherei este lugar com o movimento feliz da vida. "Ele pensou e pensou sobre que tipo de criaturas que ele faria.

Onde é que eles vivem? O que eles fariam? Qual seria o seu propósito ser? Ele queria um plano perfeito. Ele pensou tanto que ficou tão  cansado e adormeceu.

Seu sono foi cheio de sonhos de sua criação. Ele viu estranhas coisas em seu sonho. Ele viu animais rastejando sobre quatro patas, alguns em duas. Algumas criaturas voando com asas, alguns nadavam com barbatanas. Lá  haviam plantas de todas as cores, cobrindo o chão por toda parte. Insetos zumbiam ao redor, os cachorros latiam, os pássaros cantavam, e os seres humanos chamados uns aos outros. Tudo parecia fora do lugar. O Grande Espírito pensou que ele estava tendo um sonho ruim. E pensou que nada poderia ser este imperfeito.

Quando o Grande Espírito despertou, viu um castor mordiscando um ramo. E percebeu o mundo de seu sonho tornou-se sua criação. Tudo ele sonhou havia se tornado realidade. Quando ele viu o castor fazer a sua casa, e uma represa para fornecer uma lagoa para a sua família  nadar, então ele sabia que cada coisa tem o seu lugar, e fim no tempo.

Tem sido dito entre o nosso povo de geração em geração. Não devemos questionar nossos sonhos. Eles são a nossa criação.

Fonte:
Toca da Morgana

Guilherme de Azevedo (Alma Nova) XIV

foi mantida a grafia original.
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OS PALHAÇOS

Heróis da gargalhada, ó nobres saltimbancos,
Eu gosto de vocês,
Porque amo as expansões dos grandes risos francos
E os gestos de entremez,

E prezo, sobretudo, as grandes ironias
Das farsas joviais.
Que em visagens cruéis, imperturbáveis, frias.
À turba arremessais!

Alegres histriões dos circos e das praças,
Ah, sim, gosto de vos ver
Nas grandes contorções, a rir, a dizer graças
De o povo enlouquecer,

Ungidos pela luta heroica, descambada,
De giz e de carmim,
Nas mímicas sem par, heróis da bofetada,
Titãs do trampolim!

Correi, subi, voai num turbilhão fantástico
Por entre as saudações
Da turba que festeja o semideus elástico
Nas grandes ascensões,

E no curso veloz, vertiginoso, aéreo,
Fazei por disparar
Na face trivial do mundo egoísta e sério
A gargalhada alvar!

Depois, mais perto ainda, a voltear no espaço,
Pregai-lhe, se podeis,
Um pontapé furtivo, ó lívidos palhaços,
Luzentes como reis!

Eu rio sempre, ao ver aquela majestade,
Os trágicos desdéns
Com que nos divertis, cobertos de alvaiade,
A troco duns vinténs!

Mas rio ainda mais dos histriões burgueses,
Cobertos de ouropéis,
Que tomam neste mundo, em longos entremezes,
A sério os seus papéis.

São eles, almas vãs, consciências rebocadas,
Que enfim merecem mais
O comentário atroz das rijas gargalhadas
Que às vezes disparais!

Portanto, é rir, é rir, hirsutos, grandes, lestos,
Nas cómicas funções,
Até fazer morrer, em desmanchados gestos,
De riso as multidões!

E eu, que amo as expansões dos grandes risos francos
E os gestos de entremez,
Deixai-me dizer isto, ó nobres saltimbancos:
Eu gosto de vocês!

A HIDRA

Há muito que desceu das orientais montanhas
A hidra singular que espalha nas ardências
Duma luta febril cintilações estranhas!

Ela galga, rugindo, às grandes eminências,
E enquanto vai soltando o silvo pelo espaço
Engrossa à luz do sol na seiva das consciências.

Tem rijezas sem par, como de roscas de aço
E corre descrevendo em giros caprichosos
Na leiva popular um indefinido traço.

Prefere aos antros vis os focos luminosos
E em mil voltas cruéis aperta dia a dia,
Numa longa espiral, os tronos carunchosos.

Passou pelo país da cândida Utopia:
Nos míticos rosais viveu dum vago aroma
Ao pálido fulgor da aurora que rompia.

Mas hoje com valor em toda a parte assoma,
E sem temer sequer a lúgubre viseira
Há muito que transpôs os pórticos de Roma.

E os Papas mais os reis sentindo-a na carreira
Do seu longo triunfo, um tanto apavorados,
Trataram de acender a lívida fogueira.

E ao galope lançando os esquadrões cerrados
Começaram depois, na terra, a persegui-la,
A cúmplice fatal dos lívidos Pecados!

Mas ela sem temor, nos cérberos tranquila,
Derrama cada vez mais belos e fecundos
Os intensos clarões da lúcida pupila,

E enquanto a imprecação de tantos moribundos,
Os déspotas cruéis, acolhem com desdém,
A hidra imensa — a Ideia — a farejar nos mundos
Ainda a garra adunca afia contra alguém!

Marciano Lopes (A Poética do Solarium, de Rodrigo Garcia Lopes)

Solarium, primeiro livro individual de Rodrigo García Lopes, reúne o fruto de mais de dez anos de caminhada poética, o que explica a variedade de influências e identidades literárias muitas vezes contraditórias – entre as quais se encontram poetas ingleses e americanos, incluindo a geração beatnik e autores mais contemporâneos, como Sylvia Plath (de quem é tradutor); os poetas fundadores da modernidade, tais como Baudelaire, Mallarmé e Rimbaud (de quem também é tradutor); o concretismo brasileiro e a poesia oriental, representada principalmente pela poética do haicai. E na alquimia resultante de todas estas leituras, duas grandes vertentes temáticas se sobressaem em seu livro de estréia: por um lado, uma poesia que tematiza o caos da modernidade, trazendo à tona os conflitos e a barbárie do mundo urbano, massificado pela tecnologia e pelo mercado; por outro, uma poesia que recusa a massificação e o narcisismo comuns ao homem moderno, buscando na filosofia do zen-budismo o caminho reto para a iluminação e a ascese. Nas próprias palavras de Rodrigo Garcia Lopes (1996, p. 139-140), é possível afirmarmos que a tensão dominante em sua poética resulta, em parte, do “diálogo entre o impulso apolínio à forma-objeto de Mallarmé e o impulso dionisíaco à imagem-música de Rimbaud”, nos quais se encontram dois dos principais procedimentos (não antagônicos, em sua opinião) da poética contemporânea.
  
Dioramas e Polaróides

Nas duas primeiras partes de Solarium – intituladas “Dioramas” e “Polaróides” – predomina uma poesia sintética e racionalmente elaborada que busca uma linguagem poética autônoma, pois regida por uma sintaxe própria que valoriza principalmente o espaço em branco da página – conforme a lição pioneira que Mallarmé nos deu com seu poema Un coup de dés jamais n’abolira le hasard.

Em vários poemas, como Phanums, Outro outono, Zen Breakfast Club, Morning Glory e Tempestade invisível, encontramos a eleição de uma sintaxe espacial resultante de diferentes direções, sentidos e configurações da composição tipográfica no branco da página; e associado a esse primeiro passo rumo à desintegração do verso e da sintaxe linear através de uma “subdivisão prismática das idéias”, também encontramos o recurso da desintegração e do recorte das palavras, que e. e. cummings utilizava de maneira a ampliar-lhes o potencial significativo – conforme se vê no poema Não minto.

O predomínio da visualidade que estamos apontando na utilização de diversos recursos gráficos e espaciais em substituição à linearidade discursiva também nos remete ao concretismo, presença marcante nestas duas primeiras partes que compõem Solarium e que encontra uma bela realização artística no poema snow here. Nele, as letras da palavra neve (snows) são dispostas na página de maneira a representar visualmente o movimento de queda dos flocos de neve. À medida que se aproximam do solo/pé da página, os flocos maiores, que são as palavras, vão se desintegrando e assumindo novas formas-flocos que geram novas palavras e significados, pois as letras, soltas no branco da página, dançam um balé, ora se separando, ora se juntando, de modo a produzir novas e conflitantes palavras e significações. Paradoxalmente, a neve (snows) que cai agora (now), cai aqui e em algum/nenhum lugar (nowhere).
  
Seguindo a trilha que privilegia a significação através da imagem em detrimento da lógica linear, também é recorrente na poesia de Rodrigo G. Lopes o recurso ao ideograma. Um bom exemplo é o poema peônias negras, formado por sete haicais que, seguindo a  tradição oriental, desenvolvem seus temas a partir de imagens da natureza. Imagens que, nesse caso, constituem metáforas da transitoriedade da vida e das coisas:

peônias negras
serenas
quase secas

(...)

o inverno
furta a flor
a cor da fruta

(...)

a tarde passa
arrasta e deixa
um rastro prata.
                 (peônias negras)


É importante ressaltar que a importância dada à imagem e à utilização dos recursos espaciais e gráficos não ocorre em detrimento da sonoridade, pois a preocupação com a melopéia encontra-se presente em todo o livro. Dois exemplos são os poemas Cet obscur objet du désir e Montanhas:

no café del prado
em barcelona
um bando de pombas
rebolam pelas ramblas
                (Cet obscur objet du désir)

não são nuvens
mas tão brancas

solitárias
(mas são tantas)
                  (Montanhas)


Ainda considerando a melopéia, são dignos de nota o leminskiano tudo tem sentido, onde o poeta joga com os diferentes sentidos da palavra “sentido”; e os poemas você me toca e somos, nos quais reencontramos o tema da ausência do Eu e a conseqüente solidão que permanece existindo, mesmo quando estamos lado a lado com alguém que desejamos ou no meio da multidão, conforme se vê no poema você me toca. Nele, parodiando Baudelaire, o poeta deseja uma passante que se perde na multidão, inacessível ao seu desejo. A diferença com o poema de Baudelaire fica por conta da mudança de tom. No poema dele, esse é marcado pelo tormento resultante da efemeridade das relações e pela insatisfação do desejo; no poema de Rodrigo, é marcado pela aceitação da efemeridade e do caos da vida moderna que, ao invés de atormentar o flaneur/vouyer, docemente o entretém nas horas vagas. O desejo que antes expressava a angústia da solidão e do vazio em meio ao caos e à multidão do mundo moderno torna-se um sentimento tão passageiro e supérfluo quanto a sedutora passante:

você me toca

você me toca
como quem troca
de roupa

você me provoca
e troça
dessa minha doce
distração

pra que tanta pressa
você
mulher na multidão?


Solarium


Na terceira parte, intitulada “Solarium”, a busca de uma nova linguagem se faz principalmente através da vertente dionisíaca. Diversamente do que vimos nas duas primeiras partes, o autor deixa de privilegiar o planejamento racional e objetivo, que caracteriza o concretismo e a poesia de Mallarmé, em favor dos impulsos e divagações, nem sempre conscientes, que caracterizam uma dicção muito próxima daquela que marcou a poesia de Rimbaud e da geração beatnik. Nela, predominam longos poemas de versos livres, em que o texto, aparentemente linear, se desenrola de modo fragmentário como em um fluxo de consciência, sem que haja um único fio condutor do discurso e, portanto, sem maior coesão e coerência.

A menção ao uso de drogas, como acontece no poema Phanopium, cujo título pode ser interpretado como a aglutinação de phanus e/ou phanopéia mais opium = ópio, constitui um outro índice de afinidade com a poesia de Rimbaud e dos Beatniks. Na busca de uma nova linguagem, Rodrigo Garcia Lopes procura despersonalizar a linguagem através da negação de qualquer centro discursivo, de modo que a representação ocorra através de uma sintaxe descontínua e fragmentada – o que resulta em um processo esquizofrênico de captação alegórica, sinestésica e ideogrâmica do que costumeiramente chamamos de mundo real (o que é claramente tematizado no metapoema Processo). Com tais procedimentos, perde-se a noção de tempo e espaço, os sentidos se misturam e se espera que a personalidade desapareça.

Em vários poemas desta parte do livro, também encontramos a tematização da cidade como caos e a negação do consumismo, da mecanização, da violência e da exploração presentes na sociedade burguesa. A América urbana e tecnológica, massificada e violenta, é comparada à cidade de “Roma em chamas” (América # 2). Nas megalópolis – representadas no poema New York – não há mais espaço para a reflexão, o sentimento e a utopia. Nelas, “a serpente das ruas arrasta seus ruídos, raps & neons / devora um real que acumula seus pós / sobre nós, camadas / de civilização sem fim e sem saída”.
 
Caos urbano digno do cenário de filmes como Blade Runner, a cidade de New York representa a demência e a desumanização de uma sociedade regida pela racionalidade pragmática, pela idéia do progresso material e técnico que leva o homem à escravidão dos relógios. Nesse mundo fragmentado e sem sentido, que também encontramos no poema “M”, os seres humanos são reduzidos ao estado de mercadoria, cujas relações são medidas pelo moderno desing do corpo e pela produtividade do prazer tecnológico.

Em busca de phanus

 A constância dos temas da dissolução da realidade e do Eu não deve ser vista apenas como uma crítica ao padrão de vida moderno que, regido pela incessante produção de novas mercadorias e valores, dissolve e pluraliza as identidades em um caleidoscópio de máscaras. Outro importante aspecto que envolve o motivo da despersonalização  também se encontra na afirmação da primeira das quatro grandes verdades da mundividência budista, que perpassa todo o conjunto da obra.

Segundo a filosofia do budismo tudo é sofrimento, pois “não há coisa alguma que não esteja submetida a incessantes mudanças. E quanto mais o homem se esfalfa, procurando alguma coisa permanente a qual se possa apegar neste mundo efêmero, tanto mais sofre” (Gira, 1992:53). A verdade está no karma, que leva o homem ao infinito ciclo de renascimentos e mortes neste plano cósmico marcado pela imperfeição e pelo sofrimento. E outra não parece ser a lição que encontramos em tantos poemas de Rodrigo Garcia Lopes. A transitoriedade que marca a existência dos seres também se estende ao Eu do indivíduo, pois para o budismo esse não possui unidade e permanência, o que nega a idéia de uma essência humana. Para Buda, a busca de um Eu permanente, ou seja, da realidade interior e do Absoluto, “não era diferente da procura da Fonte da Eterna Juventude. (...) E na mesma proporção em que um homem gasta suas energias em uma busca dessa espécie, se afasta da possibilidade real que teria de se libertar do samsãra” (Gira, 1994:55). Daí resulta a constância dos temas da busca infrutífera do Eu e da sua ausência, assim como da solidão e da estranheza entre os seres, mesmo quando eles estão lado a lado, numa cama ou na multidão.

(...) O que
carregamos são espelhos que refletem sempre
o diferente, enquanto nós, eu e você
mudamos juntos. Nuvens
                                               (Outras praias).


Na caminhada em busca da libertação, de acordo com as outras três nobres verdades, deve o homem abrir mão dos seus desejos e ouvir o que o “(...) outono / tem pra nos dizer: / tempo de se desfolhar / – cores, peles, percepções”, conforme lemos em Um poema para o deserto.

Na busca da iluminação, deve-se renunciar ao desejo de possuir um Eu permanente através de um comportamento reto, de uma disciplina mental em que a concentração constitui o caminho para a “eliminação de tudo aquilo que alimenta a ignorância do homem” (Gira, 1994:91). Daí a necessidade de se eliminar os “cinco agregados” que constituem aquilo que percebemos como um indivíduo: a matéria, as sensações, as percepções, os desejos e a consciência, em suma, todos os vínculos que ligam o homem ao mundo material. Somente assim, por esse processo de ascese e meditação, em que “(...) é preferível / eliminar este pensamento e deixá-lo livre” (Improvisos), é possível o encontro com a sabedoria, com a iluminação que caracteriza o nirvãna.

É devido ao diálogo com a filosofia do zen-budismo que encontramos constantemente, nas três partes da obra, a presença das imagens do outono e das folhas secas que o vento leva e que sempre se renovam, revelando em sua alegoria o eterno movimento cíclico da vida – conforme vemos em O eterno renovo do mesmo (poema concreto e metalingüístico pertencente a Dioramas). Desta forma também se explica a obsessão pelo deserto “com seus rios secos desde o começo / com sua sede sonora / com o sal que não pergunta / do sentido / deste paraíso perfeito” (Um poema para o deserto) em que não há “nenhum milagre a não ser / as coisas como são” (Sedona), onde “tudo é phanus” (O fotógrafo), ou seja: templo, iluminação – conforme o significado grego.

 Como vemos, o orientalismo e especialmente o zen-budismo atravessam o livro inteiro, convivendo com a racionalidade ocidental – tão bem representada por Mallarmé e pelo concretismo –, com a contracultura do movimento beatnik, e com a fragmentação alegórica de um mundo moderno (ou pós-moderno?) em ruínas. Em meio a este caos e à esquizofrenia geral, fica, no fim, a sensação de que o poeta luta entre ser um zen-fotógrafo – procurando congelar em suas iluminuras o tempo eternamente cíclico da existência – ou então ser um câmera-zen, almejando registrar o fluxo ininterrupto e fragmentário da existência.
_________________________
Referências Bibliográficas
GIRA, Dennis. Budismo: história e doutrina. São Paulo: Vozes, 1992.
LOPES, Rodrigo Garcia; MENDONÇA, Maurício Arruda. Iluminuras: poesia em transe. In: Rimbaud, Arthur.  Iluminuras: Gravuras Coloridas (Tradução de Rodrigo Garcia Lopes & Maurício Arruda Mendonça). São Paulo: Iluminuras, 1996.


_____
 Nota:  
Texto escrito originalmente para a saudosa revista eletrônica No Meio do Caminho, em Maio/2004.


Fonte:
MetAArte http://marcianolopes.blogspot.com.br/

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Trovas (Dia do Professor)

A. A. DE ASSIS
Maringá/PR

-
Professor, amigo e mestre,
quanta luz você irradia,
desde a escolinha campestre
à mais douta academia!
======================

ALBA HELENA CORRÊA
Niterói/RJ

-
Honra e glória ao professor
com seu trabalho fecundo,
é, da pátria, o construtor,
em qualquer nação do mundo!
=====================

ALBERTINA MOREIRA PEDRO
Rio de Janeiro/RJ

-
Professor, tu és a tocha
que tira da escuridão
a mente que desabrocha
à procura da instrução!
===================

ALDA CORRÊA MENDES MOREIRA
Niterói/RJ
-
Agora que envelhecemos,
percebemos a jazida:
cada mestre que tivemos
pelos caminhos da vida!
-
Na agenda da minha vida
o nome Mestre é sagrado;
eu sempre lhe dou guarida,
pois o quero respeitado.
-
Professor, tua riqueza
não são as aulas que dás
mas é a tua nobreza
quando conosco tu estás.
======================

ALFREDO DE CASTRO
Pouso Alegre/MG


Por seu labor missionário,
Deus concedeu um troféu
ao professor do primário:
entrada livre no céu!
=========================

ALOÍSIO BEZERRA
Fortaleza/CE

-
Deus, que me fez trovador,
aos meus ais nunca foi mudo:
fez-me, também, professor.
Que sorte! Deus me deu tudo!

Se as ofensas tu perdoas,
se rejeitas as vaidades,
se ao mundo o bem apregoas,
és professor das verdades!
==========================

CÉLIA G. SANTANA
Sete Lagoas/MG

-
Professor é simplesmente
a mão amiga estendida
de gente ensinando a gente
a ser mais gente na vida!
======================

CIDINHA FRIGERI
Maringá/PR

-
A professora, oferenda,
por deuses santificada,
professor, guarda-a na tenda
para não ser imolada.
==========================

DARLY BARROS
São Paulo/SP

-
Foi meu guia e conselheiro,
e hoje eu venho agradecer
àquele mestre – o primeiro -,
que, um dia, ensinou-me a ler...
======================

DJALDA WINTER SANTOS
Rio de Janeiro/RJ

-
É mister que uma nação
fundamente a sociedade,
dando ao povo... educação
e ao professor... dignidade!
======================

DULCÍDIO DE BARROS MOREIRA SOBRINHO
Juiz de Fora/MG

-
Repartindo o amor profundo
na missão de tantos brilhos,
ser professora no mundo
é ser mãe de muitos filhos.
==========================

EDMAR JAPIASSÚ MAIA
Rio de Janeiro/RJ

-
Professor, pelo profundo
amor que o saber enverga,
abriste os olhos do mundo,
e, enfim, o mundo te enxerga!
-
Ser professor compreende
ser exemplo ao aprendiz,
que educação não se aprende
apenas com quadro e giz...
====================

ELIANA RUIZ JIMENEZ
Balneário Camboriú/SC

-
Todos têm um professor
na memória bem guardado,
que ensinava com amor,
mesmo mal remunerado.
================

ERNESTO TAVARES DE SOUZA
Pindamonhangaba/SP
-

Professor, eu te bendigo
por tanta benfeitoria;
és a semente de trigo
do pão da sabedoria.
-
Quando o povo, com certeza,
do saber perde a noção,
professor é vela acesa
nas trevas da escuridão!
==========================

FERNANDO LOPES DE ALMEIDA
Belo Horizonte/MG

-
A vela queima e ilumina
em holocausto de amor;
tal como faz quem ensina,
desperta botões de flor.
=====================

GIOVANELLI 
Nova Friburgo/RJ

-
Dedicação, é uma crença
que, regida com amor,
é o que faz a diferença
em todo bom professor...
======================

GLÓRIA TABET MARSON
São José dos Campos/SP

-
Quando há talento divino,
compromisso e bem querer,
o professor faz do ensino
a razão do seu viver!
=====================

JOÃO PAULO OUVERNEY
Pindamonhangaba/SP

-
Muitas palavras busquei
que rimassem com “amor”,
e a mais bonita que achei
foi uma só... “Professor”!
-
Professores são abelhas
distribuindo, em seu afã,
os polens que são centelhas
das flores de um amanhã!
==============

MARIA MADALENA FERREIRA
Magé/RJ

-
Levada pela saudade,
volto à infância e, com amor,
lembro os gestos de bondade
do meu velho professor!
===================

NEI GARCEZ
Curitiba/PR

-
Todo dia é da criança,
e também do professor:
ela aprende com confiança,
e ele ensina com amor.
=====================

OLIVALDO JUNIOR
Moji-Guaçu/SP

-
Professor das criancinhas,
professor dos “cavalões”,
ambos viram “figurinhas”
num “albinho” de ilusões.
-
Um menino, desde cedo,
“teve peito” de ensinar,
sem jamais ter tido medo
da missão de lecionar.
======================

PAULO DE TARSO
Fortaleza/CE

-
Professor, o grande mestre
Desse nosso conhecer
Pro praciano ou campestre
Ele transmite saber!
==========================
RELVA DO EGIPTO REZENDE SILVEIRA
Belo Horizonte/MG

-
Luzeiro da humanidade,
o professor, em missão,
é pilar da sociedade,
promovendo a educação.
-
Professor em sua trilha,
iluminando outro ser,
cultiva o dom da partilha
na partilha do saber.
===============

ROSA SILVA
Portugal

-
Professor nos dá ensino
e nos tira da cegueira,
começa de pequenino
pra servir a vida inteira.
==============================

SANTOS TEODÓSIO
Brumadinho/SC

-
De imensurável valor
por seu trabalho fecundo,
o incansável professor
eleva o nível do mundo.
==================

SELMA PATTI SPINELLI
São Paulo/SP

-
A Professora parece
um lavrador a colher
ouro puro em sua messe
no garimpo do Saber!
=========================

SIMÃO ELANE MARQUES RANGEL
Rio de Janeiro/RJ

-
Professor, por vocação,
tem prazer em ensinar;
repete sempre a lição,
não se cansa de explicar.
========================

SÔNIA DITZEL MARTELO
Ponta Grossa/PR

-
Põe na voz o coração
e saúde o Professor
que cumpre sua missão
com carinho e muito amor !…
==========================
TARCÍSIO FERNANDES
Brasília/DF

-
Dentre as muitas profissões,
eu destaco o PROFESSOR
que fez, com suas lições,
alguém ser, hoje, um doutor.
===========================

THEREZINHA ZANONI FERREIRA
Rio de Janeiro/RJ

-
Dando apoio e segurança...
Apontando os erros meus...
Aos meus olhos de criança,
professor, eras um Deus!
====================

WAGNER MARQUES LOPES
Pedro Leopoldo/MG

-
Ao levar o barco à frente,
embora o peso do remo,
o educador paciente
recebe o laurel supremo.

Fontes:
http://falandodetrova.com.br/XVencontropetropolis
http://poesiaemtrovas.blogspot.com.br/p/tema-deus-trovas-liricas-ou-filosoficas.html
E-mails recebidos de trovadores

Oldney Lopes (Homenagem ao Professor)

Se os livros alimentam o saber
O mestre proporciona-lhes sabor
Se são enigmas a resolver
O educador é o codificador.

Que seria do livro e do leitor
Sem orientador a despertar
Ideias e sentidos, corpo e cor,
Na relevante ação de mediar?

Se há na escola uma qualquer contenda
O docente é o reconciliador
Se há conflito que obstrua a senda
O mestre mostra-se apaziguador.

Que seria de uma escola sem docentes?
Salas vazias e paredes nuas
Prédio deserto, árido e silente
Portal do nada, a esmaecer nas ruas.

É que a jornada, sem apoio e guia
É trilha escura, sem norte e sem destino,
Pois falta o rumo da sabedoria,
Facho de luz, clarão para o ensino.

Sendo os alunos pássaros que tentam
Os seus primeiros voos do saber
É pelas mãos dos mestres que alimentam
A fome insaciável de aprender.

Se, entretanto, as agruras são gaiolas
Que encarceram o aluno em estupor,
A porta que liberta é a escola
E a chave que a destranca é o professor!

Jussára C Godinho (Homenagem aos Professores)

Educador por opção, por vocação
És  mola propulsora da descoberta do saber
Deixa em cada um pedacinhos do coração
Divide todos os dias grande parte do teu ser

Aprender e ensinar
Ensinar e aprender...
Mestre!
Ensina e aprende a amar
Aprende e ensina a viver
Descortina sombras
Ilumina mentes
Descobre caminhos
Mostra horizontes

Emociona e se emociona
Ajuda a crescer
Sofre, ri, lamenta, se alegra
Mas sempre se entrega
Ao prazer e a dor de ensinar
De aprender, de viver, de Amar!