sexta-feira, 17 de julho de 2015

XXV Concurso Nacional/Internacional de Trovas de Pindamonhangaba - 2015 (Trovas Premiadas)


 Tema Nacional – Ousadia
Categoria “Veteranos”
VENCEDORES
(por ordem alfabética de autores):
Neste mundo irreverente,
que tanto nos faz sofrer,
minha ousadia é ser gente,
que em gente é capaz de crer!
Carolina Ramos
Santos/SP
Que ousadia dos meus dedos
o seu corpo percorrer,
fingindo sondar segredos
já cansados de saber !…
Gilvan Carneiro da Silva
São Gonçalo/RJ
Num mundo de hipocrisia
padrões e mentes servis,
quanto é que custa a ousadia
de dizer: -eu sou feliz?!
Manoel Cavalcante de S. Castro
Pau dos Ferros/RN
Houve ousadia nos passos,
mas deles não me arrependo!
Sei que ao abrir meus espaços,
se mais ouso, mais aprendo…
Maria Helena de O. Costa
Ponta Grossa/PR
Com ousadia me olhaste,
ousada, eu correspondi.
Com loucura me abraçaste
e o resto eu juro, nem vi !
Rita Marciano Mourão
Ribeirão Preto/SP
 MENÇÕES HONROSAS
(por ordem alfabética de autores):
Ousadia foi pousar,
num momento passional,
os imãs do meu olhar
nos teus olhos de metal!
Arlindo Tadeu Hagen
Juiz de Fora/MG
Roubei seu beijo…e, ao beijá-la,
a ousadia nos fez bem:
quem rouba um beijo não fala;
quem é roubada…também!
Edmar Japiassú Maia
Nova Friburgo/RJ
Chega a idade!…E eu já sem graça,
na ousadia dos meus planos,
finjo que o tempo não passa
e escondo os meus desenganos!
Professor Garcia
Caicó/RN
Quando me impele a ousadia,
domo o tempo,estreito o espaço
e completo a travessia,
driblando o medo e o cansaço.
Relva do Egypto R. Silveira
Belo Horizonte/MG
Ousar não é ser valente
ao buscar glória e poder.
Ousadia é quando a gente
humaniza o nosso SER !
Rita M. Mourão
Ribeirão Preto/SP
MENÇÕES ESPECIAIS
(por ordem alfabética de autores):
Todo sonho no horizonte,
mesmo distante da gente,
tem na ousadia  uma ponte
entre o futuro e o presente !
Heder Rubens S. e Souza
Natal/RN
Beijo ousado…e ante o receio
de dois sonhos desiguais,
nós fomos louco passeio
entre o sempre…e o nunca mais.
Manoel Cavalcante de S. Castro
Pau dos Ferros/RN
Não temo o mar que me nega
ser mais branda a travessia.
Temo sim, a mente cega
que me bloqueia a ousadia.
Rita M. Mourão
Ribeirão Preto/SP
Resguardando um bom momento
e nas proporções devidas,
ousadia é o condimento
que dá gosto às nossas vidas.
Selma Patti Spinelli
São Paulo /SP
“ Não volto!”-Mas eu previa
que, no meu leito tristonho,
tu terias a ousadia
de sempre invadir meu sonho !
Wanda de Paula Mourthé
BeloHorizonte/MG
 Categoria “Novos Trovadores”
  VENCEDORES
(por ordem alfabética de autores)
Ousadia é para poucos,
que têm pela vida afã:
é destes, chamados loucos,
o domínio do amanhã.
Edweine Loureiro da Silva
Saitama/Japão
Preciso ter ousadia
e cumprir minha missão,
de esmagar a covardia
com cada aperto de mão.
Jaqueline Machado
Cachoeira do Sul/RS
Foi grande minha ousadia
querer mudar-te ,meu bem,
mas percebi certo dia
que ninguém muda ninguém!
Nair L. Rodrigues
Santos/SP
Regional
Tema: Covardia
VENCEDORES
(por ordem alfabética de autores):
Sufocando o que eu sentia,
temeroso eu nada fiz,
fui covarde e a covardia
me impediu de ser feliz.
Argemira Marcondes
Taubaté/SP
Culpa, eu sei que não me cabe,
por arroubos de ousadia;
seus beijos roubo e ela sabe:
não roubar é covardia.
Nélio Bessant
Pindamonhangaba/SP
A covardia se instala
em mim e tanto me implora
que eu, num triz, desfaço a mala
e outra vez…não vou embora…
Élbea Priscila de Sousa e Silva
Caçapava/SP
Fui covarde em alta escala
hoje sofro e não me iludo;
pois quando o remorso fala,
falta paz e falta tudo.
José Valdez de Castro Moura
Pindamonhangaba/SP
É nas trilhas dos proscritos,
dos covardes, nos enredos,
que sou preso dos conflitos,
sendo refém dos meus medos…
José Valdez de Castro Moura
Pindamonhangaba/SP
MENÇÕES HONROSAS
(por ordem alfabética de autores):
Quando a covardia o impede
de afrontar dificuldade,
você não vive e concede
um trono à infelicidade !
Angélica Vilela R. dos Santos
Taubaté/SP
Temendo a desilusão
fingi que não te queria,
hoje vivo em solidão
pela minha covardia.
Argemira Marcondes
Taubaté/SP
Eu jamais fugi do amor,
fugirei ou fugiria.
Meu coração tem valor
bem maior que a covardia.
Nélio Bessant
Pindamonhangaba/SP
Fui covarde em meus assombros,
castigou-me a penitência;
carrego um fardo nos ombros:
muita dor na consciência…
José Valdez de Castro Moura
Pindamonhangaba/SP
Somos náufragos num barco
(afastando a COVARDIA…)
afundando em mesmo charco,
os sonhos de cada dia!
Myrtes Mazza Masiero
São José dos Campos/SP
MENÇÕES ESPECIAIS
(por ordem alfabética de autores):
Com medo eu lhe disse não,
e assim meu amor partia
levando o meu coração
e eu fiquei, por covardia.
Argemira Marcondes
Taubaté/SP
Covarde é aquele que evita
se expor a um amor qualquer.
A covardia lhe dita
como e quando, o que ela quer.
Nélio Bessant
Pindamonhangaba/SP
Um leão de estirpe e linha,
nas batalhas honro a farda,
mas…meu coração-galinha
diante do amor…se acovarda…
Élbea Priscila de Sousa e Silva
Caçapava/SP
Sou poltrão, medroso, esquivo,
pois prezo por meu conforto:
antes covarde bem vivo,
do que ser herói…e morto !
Élbea Priscila de Sousa e Silva
Caçapava/SP
De que serve o desatino
do covarde já sem voz:
pode escolher seu destino
e não desata seus nós.
Mauro Luiz Silveira
Guaratinguetá/SP

domingo, 12 de julho de 2015

I Concurso Nacional de Trovas de Itapema/SC (Trovas Vencedoras)




Nacional
Veteranos
Tema: Maré
1º. Lugar
Venci marés violentas,
ondas e mares sem fim...
Só não venci as tormentas
que existem dentro de mim!
Prof. Garcia
Caicó/RN
2º. Lugar
Viver é desafiar
as marés enfurecidas
que teimam em afundar
o barco das nossas vidas...
Ercy Maria Marques de Faria
Bauru/SP
3º. Lugar
Sem contar com teu carinho,
na praia, em pleno verão,
a maré vem de mansinho
molhar minha solidão...
Antonio Colavite Filho
Santos/SP
4º. Lugar
Sem um porto verdadeiro
onde ancorar os meus pés,
meu coração jangadeiro
vive ao sabor das marés!
Arlindo Tadeu Hagen
Juiz de Fora/MG
5º. Lugar
Em fantasias, singrando
nas marés onde navego,
meu barco tem o comando
dos sonhos a que me entrego!
Edmar Japiassu Maia
Nova Friburgo/RJ
6º. Lugar
Na vida, contra a maré
eu remo e jamais afundo
pois quem tem força e tem fé
transpõe marolas do mundo.
José Henrique da Costa
Magé/RJ
7º. Lugar
O mar, quando vê desfeita
a fúria da maré cheia,
na praia, exausto, se deita
e se abraça com a areia.
Sandro Pereira Rebel
Niteroi/RJ
8º. Lugar
Quando, à noite, a maré cresce,
e o plenilúnio incendeia,
o oceano se incandesce,
prateado: - É lua cheia!
Fabiano de Cristo Magalhães Wanderley
Natal/RN
9º. Lugar
Nas praias do desencanto
onde a saudade passeia,
a maré se eleva tanto
que joga os sonhos na areia!
Eduardo A. O. Toledo
Pouso Alegre/MG
10º. Lugar
Sob os raios do luar,
as ondas ficam de pé,
querendo a lua alcançar
no refluxo da maré.
Sônia Maria Sobreira da Silva
Rio de Janeiro/RJ
11º. Lugar
A maré, tão impulsiva,
esbanjando inquietude,
parece a locomotiva
do viço da juventude.
Heder Rubens Silveira e Souza
Natal/RN
12º. Lugar
Com a fronte sempre erguida
e robusto em minha fé,
vou singrando o mar da vida
alheio a qualquer maré!
José Antonio de Freitas
Pitangui/MG
13º. Lugar
Pela maré empurradas,
as ondas, quais corredeiras,
parecem saias bordadas
pelas mulheres rendeiras.
Sonia Maria Sobreira da Silva
Rio de Janeiro/RJ
14º. Lugar
A minha vida, hoje em dia,
do que foi nada mais é
que uma jangada vazia,
indiferente à maré.
Maria Madalena Ferreira
Magé/RJ
15º. Lugar
Um garotinho, na areia,
tantos castelos constrói,
sem saber que a maré cheia,
logo que chega... os destrói!...
Carolina Ramos
Santos/SP
Nacional
Novos Trovadores
Tema: Maré
1º. Lugar
Tanto lixo a maré deixa
na rede do pescador,
que o mar bravio se queixa
num triste grito de dor.
José Feldman
Maringá/PR
2º. Lugar
Singrando o mar desta vida,
mesmo ao sabor da maré,
nenhuma rota é perdida,
se eu não perco o amor e a fé.
Aluízio Alberto da Cruz Quintão
Belo Horizonte/MG
3º. Lugar
Eu comparo o meu passado
à maré, na lua cheia:
- Derruba um sonho encantado
e o meu castelo de areia!
Eulinda Barreto Fernandes
Bauru/SP
4º. Lugar
O meu coração errante
é oceano de emoções...
vive em compasso inconstante
na maré... das ilusões.
Luzia Brisolla Fuim
São Paulo/SP
5º. Lugar
A maré que me levou
para tão longe do lar
também cedo me ensinou
que viver é navegar.
Edweine Loureiro da Silva
Saitama/Japão
6º. Lugar
Maré alta, o mar se enfesta;
sobe a lua, explode em prata;
faz-se a noite toda em festa,
e a beleza me arrebata!
Lilia Maria Machado Souza
Curitiba/PR
7º. Lugar
Neste mar de desenganos,
levado pela maré,
em tantos sonhos insanos,
minha força é sempre a fé.
José Feldman
Maringá/PR
8º. Lugar
Maré - que balé gostoso
das dançarinas do mar...
sobem o aclive rochoso
e descem a descansar.
Adamo Pasquarelli
São José dos Campos/SP
9º. Lugar
No mar azul dos teus olhos,
vai meu barco navegando,
bem distante dos abrolhos,
onde a maré vem chegando.
José Roberto Canôas
Barretos/SP
10º. Lugar
Sumiu minha nova trova
rabiscada em plena areia
debaixo de outra mais nova
que chegou na maré cheia.
Carlos Henrique da Silva Alves
Senhor do Bonfim/BA
Estadual
Tema: onda
1º. Lugar
Que a onda leve a tristeza
e me devolva a esperança,
fortalecendo a certeza
de que me espera a bonança
Jean Carlos Sophiatti
Brusque/SC
2º. Lugar
Quando me deito a seu lado,
as ondas dos seus cabelos
são como ninhos trançados
com finíssimos novelos.
Jean Carlos Sophiatti
Brusque/SC
3º. Lugar
Qual boca sensual, a onda
beija as areias da praia.
Ao final de cada ronda
volta ao seu leito... e desmaia.
Maria Luiza Walendowsky
Brusque/SC
4º. Lugar
A onda beija os rochedos,
deixando neles gravados
velhos sonhos e segredos
jamais ao mar revelados.
Patricia I. F. Sophiatti
Brusque/SC
5º. Lugar
Tal qual indomável onda
que ameaça as cercanias,
terrível perigo ronda
a criança em nossos dias!
Maria Luiza Walendowsky
Brusque/SC
6º. Lugar
Aquelas ondas serenas
largadas de um mar azul
vão banhar belas morenas
nas praias “quentes” do sul.
Ari Santos de Campos
Itajaí/SC
7º. Lugar
Uma garça passeava
naquela praia pequena
e a onda ali cirandava
na branca areia serena.
Maria Carmen Varejão
Balneário Camboriú/SC
8º. Lugar
No balanço do meu barco,
que vai subindo e descendo,
na onda como em um marco
deixo o que está remoendo.
Patricia I. F. Sophiatti
Brusque/SC
9º. Lugar
O mar molhando os meus pés,
suave balanço da onda;
provocantes cafunés
nas belas noites de ronda.
Arthur Gabriel Silveira
Brusque/SC
10º. Lugar
Pororoca, grande onda,
mexe e remexe os barquinhos,
e no barranco ela estronda
assustando os ribeirinhos.
José Carlos Cercal
Brusque/SC

Folclore Indígena Brasileiro: Tribo Krahó (Koioeré, o machado cantante)



Os índios krahós, do rio Tocantins, possuíam outrora um machado mágico chamado koieré. Sua lâmina era feita de pedra, em formato de âncora, e ele era usado tanto na guerra quanto nas cerimônias religiosas da tribo.
Os krahós viviam em guerra com seus vizinhos. O seu maior desafeto eram os krolkametrás, uma tribo rival.
Certa feita, as duas tribos estavam se enfrentando, quando uma flechada certeira abateu o portador do machado cantante. O valente guerreiro krahó caiu para um lado, e o machado, para o outro.
Como um raio, o matador correu e apoderou-se da arma.
– Agora o koieré pertence aos krolkametrás! – urrou ele, brandindo no ar o machado.
Finda a matança, todos voltaram satisfeitos para as suas casas, cada lado levando os inimigos mortos para serem assados nas grelhas.
Mas quem ia feliz mesmo era o novo portador do koieré, que era casado com uma bela índia. Antes mesmo de chegar em casa, decidiu que, agora que se tornara um personagem importante da aldeia, deveria arrumar coisa ainda melhor do que a sua bela índia.
Não demorou muito, apareceu uma candidata, e o índio se mudou para a oca dela. Na pressa, porém, acabou esquecendo o machado dependurado em cima da sua rede.
Durante a noite, a índia abandonada escutou por entre os intervalos dos seus soluços o machado falar-lhe:
– Mamãe, vamos passear!
Índias são muito maternais. Por algum motivo, o machado passara a chamá-la de mamãe, e bastara isso para ela ficar enternecida com o objeto.
Tomando-o nos braços, ela saiu porta afora para passear.
Durante a noite inteira a índia enjeitada embrenhou-se pelas matas, enquanto o machado lhe ensinava todas as canções de amor e de guerra dos krahós.
Logo, toda a aldeia ficou sabendo do caso, e a notícia se espalhou, chegando à aldeia dos krahós. Então, o irmão do primitivo dono do machado decidiu recuperá-lo.
A esta altura, o novo dono já havia retomado o objeto e foi com raiva que recebeu a visita do emissário.
– De forma alguma o restituirei! – bradou ele.
Mas o cacique da tribo disse que havia regras que o obrigavam a restituir o objeto aos inimigos.
– Anhangá e maldição! – rosnou o novo dono. – Pois saibam que só o restituirei àquele que me vencer na corrida de toras!
Corrida de toras era uma competição que os índios disputavam tendo atravessada às costas uma tora de madeira de cerca de um metro de comprimento.
– Quem me vencer poderá não só levar de volta o machado como me matar e comer a carne do meu corpo! – disse o desafiante, seguríssimo.
O emissário retornou aos krahós e repetiu ao pretendente o desafio.
– Corrida de toras nenhuma! – disse este. – Vamos reaver o koieré à força!
Então os krahós armaram-se de flechas e porretes e rumaram para a aldeia dos krolkametrás, prontos para mais uma bela dança das flechas. Quando chegaram à divisa da aldeia inimiga, foram lançados ao ar os brados de guerra das duas tribos valorosas, e as flechas assoviaram de novo, para valer. Mas quem mais trabalhou foi, como sempre, o machado mágico, que não parou de cantar um segundo enquanto levava adiante a sua obra guerreira de ceifar vidas, desta vez as dos krahós, seus antigos donos.
A certa altura, porém, o novo dono do machado viu-se cercado por algumas dezenas de adversários e não teve alternativa senão correr com machado e tudo. Não sabemos que espécie de canção o machado entoou na fuga, mas o fato é que, ao enfiar o pé num buraco de tatu, o krolkametrá foi ao chão e perdeu, além do machado, a própria vida, estraçalhado pelas lanças adversárias.
E foi assim que o koieré voltou à tribo dos índios krahós.

Fonte: Franchini, Ademilson S. As 100 melhores lendas do folclore brasileiro. Porto Alegre/RS: L&PM, 2011.