sábado, 7 de maio de 2016

A. A. de Assis (Revista Virtual de Trovas "Trovia" - n. 191 - maio de 2016)



Só Deus tem uma resposta
mas ninguém sabe qual é.
A nossa vida é uma aposta
que se joga com a Fé.
Ademar Macedo
-
Não sei que mais me fascina,
que mais me traz entre abrolhos:
se os olhos dessa menina,
se as meninas desses olhos...
Belmiro Braga
-
Garoando... garoando...
essa garoa, sem fim,
é qual saudade pingando
lembranças dentro de mim...
Gioconda Labecca
-
Esperança é qualquer cousa
que não se pode explicar;
que a gente quer, mas não ousa,
com medo de se enganar.
Helena Ferraz
-
Em meio a desesperanças
de sonhos que o tempo esmaga,
se eu trago muitas lembranças,
tua lembrança me traga.
João Freire Filho
-
Bate o relógio sisudo,
mede a vida com rigor,
e o tempo, que vence tudo,
não vence a força do amor.
José Lucas de Barros
-
De todas as despedidas,
esta é a mais triste, suponho:
duas almas comovidas,
chorando a morte de um sonho!
Joubert de Araújo e Silva
-
Fiz o bem na vida, a esmo,
sem sequer olhar a quem...
E, esquecendo de mim mesmo,
fiz a mim o melhor bem!
Luiz Otávio
-
O papel é a sua arena,
o seu mundo pequenino;
movendo o poeta a pena,
por vezes move o destino...
Newton Meyer
-
Não hesites aguardando
o beijo que ela não der:
há sempre um beijo esperando
nos sonhos de uma mulher!
Nydia Iaggi Martins
-
A ventura é uma quimera
que estranhos caprichos tem,
pois vem quando não se espera,
quando se espera não vem.
Petrarca Maranhão
-
Quis-te um dia, mas fugiste;
me quiseste e o mesmo fiz.
Quando enfim nós nos quisemos,
foi a vida que não quis...
Zálkind Piatigórsky
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Obrigado, Ademar Schiavone, pela sua vida bonita,
pelo seu amor às letras, pelo seu amor a Maringá!

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Por ironia, um defeito
a manicure consome:
não consegue dar um jeito
no marido “unha-de-fome”!
Arlindo Tadeu Hagen – MG
-
Senhor, em minha oração,
eu peço em termos exatos:
– Fazei que os maus sejam bons
e os bons sejam menos chatos...
(Autor não identificado)
-
A mulher do amolador,
que é fofoqueira afamada,
diz que casou sem amor
só pra ter língua afiada!
Clenir N. Ribeiro – RJ
-
Sem sapato... madrugada...
Ao entrar, pé, ante pé,
fui – que ironia danada –
traído pelo... chulé!
João Paulo Ouverney – SP
-
Eu já dei muita boiada
para evitar confusão...
Hoje, com fome danada,
por um bife... eu sento a mão!
Joaquim Carlos – RJ
-
Minha prenda o ardor respinga
por onde passa...  ela é arisca...
É que nem pedra de binga:
se tu risca sai faísca.
Jota José – RJ
-
Ganhei um "dogue alemão",
mas é tão mole o safado,
que, se eu quiser proteção,
só dublando o condenado!
Sérgio Ferraz – RJ
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O céu deve estar cheinho
de madrinhas, mães e avós...
– Têm lá, em dobro, o carinho
com que cuidaram de nós!
A. A. de Assis – PR
-
Eu canto triste no canto
saudades do teu amor;
porém, se ouvires meu canto,
darei graças ao Senhor.
Agostinho Rodrigues – RJ
-
Tão forte nos abraçamos,
confundidos no entrelaço,
que eu acho até que trocamos
de corações nesse abraço!
Almerinda Liporage – RJ
-
Sei que a vida é muito dura
e por isso não me iludo,
mas sonhar não se segura
e em sonhos alcanço tudo!
Almir Pinto de Azevedo – RJ
-
Bem-te-vi, que bom te ver!
Vim aqui pra te encontrar...
Pousa no meu pé de ipê;
quero ouvir o teu cantar.
A.M.A. Sardenberg – RJ
-
O meu melhor agasalho
é o colo de minha amada,
pois quando nele me encalho
não temo o frio ou geada!
Amilton Maciel Monteiro – SP
-
No clarão da velha chama,
de ritmos e de valores,
curitibano conclama:
– Rimai por nós, trovadores!
Andréa Motta – PR
-
Viver fiado em quimera
é coisa que não convém
porque de onde não se espera...
de lá mesmo é que não vem!
Antônio Juraci Siqueira – PA
-
A paixão é traiçoeira,
dizem que pode matar.
Eu digo que é só coceira
gostosa de se coçar.
Ari Santos de Campos – SC
-
Ferem sim, mas quero tê-las
ao longo da caminhada:
ilusões, cacos de estrelas
que enchem de luz minha estrada!
Carolina Ramos – SP
-
Coragem é um predicado
para um homem de valor;
audácia é quase pecado:
tu és quase um pecador.
Cida Vilhena – PB
-
Rasguei carta, telegrama,
fotos, bilhetes de amor,
mas ao deitar nesta cama,
rasga-me o peito esta dor!
Conceição de Assis – MG
-
Ouvir e ver as estrelas,
sonhara, enfim, o profeta.
Se Bilac falou com elas,
vale a pena ser poeta!
Cônego Telles – PR
-
Era un niño silencioso...
Con la mirada me amaba,
y con un beso amoroso
¡sin tocarme me besaba!
Cristina Olivera Chávez – USA
-
Na porteira envelhecida,
o “X” que a mantém de pé
parece os braços da vida
sustentando a nossa fé.
Dáguima Verônica – MG
-
Tenho momentos tristonhos
e às vezes nem sei por quê;
é que o príncipe que sonho
mem mesmo em sonhos se vê.
Delcy Canalles – RS
-
Saudade – eterna pontada
que a gente sente e não diz;
uma lembrança apagada
do tempo em que foi feliz!
Diamantino Ferreira – RJ
-
Enquanto proles “distintas”
esbanjam pão e agasalho,
milhões de bocas famintas
vivem clamando trabalho.
Djalma da Mota – RN
-
A estrela ainda reluz,
e a madrugada artesã
cose retalhos de luz
no alvo lençol da manhã.
Domitilla Borges Beltrame – SP
-
Que bela seria a vida
se acima de ódios mortais,
uma ponte fosse erguida
unindo margens rivais!
Dorothy Jansson Moretti – SP
-
Amigo é um irmão de fé,
que, nas quedas dos caminhos,
discreto nos põe de pé
e diz que agimos sozinhos...
Edmar Japiassú Maia – RJ
-
Minhas rotas saltimbancas
oscilam nesta escalada:
há nuvens amenas, brancas,
outras balançam-me a escada.
Eliana Jimenez – SC
-
Olho o céu: são tantos astros,
que não cabem no meu verso.
As estrelas deixam rastros:
purpurinas do universo!
Eliana Palma – PR
-
O meu deserto mais triste,
aquele que eu não transponho,
é justamente o que existe
na ousadia do meu sonho!
Elisabeth Souza Cruz – RJ
-
Deus, garimpeiro maior,
vai, no seu mister profundo,
salvando o bom e o melhor
que há nos garimpos do mundo.
Flávio Stefani – RS
-
Chega a idade!... E eu já sem graça,
na ousadia dos meus planos,
finjo que o tempo não passa
e escondo os meus desenganos!
Francisco Garcia – RN
-
Tuas palavras magoam,
mas te perdoo, pois, enfim,
são abelhas que ferroam
mas que dão mel para mim.
Francisco Pessoa – CE
-
Sou tão triste e tão sozinha,
que o eco do meu lamento,
desta saudade tão minha,
escuto na voz do vento!
Gislaine Canales – SC
-
Diz-me esta ruga esculpida,
entalhe que o tempo fez,
que a primavera da vida
só nos floresce uma vez.
Jaime Pina da Silveira – SP
-
A fuga não leva a nada,
meu caminho eu sigo em frente.
Em toda e qualquer estrada
há um anjo guardando a gente.
Jaqueline Machado – RS
-
Vivem dois lobos em mim
– um do bem, outro cruento.
Lutam, brigam, mas, ao fim,
ganha aquele que alimento.
JB Xavier – SP
-
Quantas pedras removidas
e quantas por remover.
Provações em nossas vidas
que só nos fazem crescer!
JBX de Oliveira – SP
-
A direção recebida
do meu coração não sai:
Caminho, verdade e vida
para chegarmos ao Pai!
Jeanette De Cnop – PR
-
Bendito o irmão que na roça
puxa a enxada e planta o grão,
tirando da terra a nossa
diária alimentação.
Jorge Fregadolli – PR
-
O meu prêmio, ao fim do dia,
é um sorriso na janela
de onde os lábios da alegria
beijam os meus, antes dela!
Josafá Sobreira da Silva – RJ
-
“Por que trazes a Saudade
à casa que é tua e minha?"
E a Solidão: "Na verdade,
é medo de estar sozinha..."
José Fabiano – MG
________________
Ser mãe é ainda a maneira mais bonita de ser poeta.
__________________________
Quando nós somos crianças,
tantos sonhos são sonhados.
Hoje...adultos, são lembranças
daqueles tempos passados.
José Feldman – PR
-
Mamãe fazia a polenta,
papai pitava um cigarro...
Hoje a saudade é que esquenta
o velho fogão de barro!...
José Ouverney – SP
-
Ante os açoites da sorte
e as calúnias que enfrentei,
sinto que gritei mais forte
quando altivo me calei.
José Valdez – SP
-
Nas horas mortas da noite,
sem luar e bem-querer,
tua ausência é puro açoite
que duplica o meu sofrer.
Luiz Carlos Abritta – MG
-
És meu gênio predileto,
pois, sem lâmpada e magia,
meu desejo mais secreto
me concedes dia a dia.
Luzia Brisolla Fuim – SP
-
Feliz aquele que faz
crescer o bem em redor.
É alguém que semeia a paz,
tornando o mundo melhor.
Maria Luíza Walendowsky – SC
-
É o ventre materno o espaço
da semente em gestação,
onde Deus fez seu regaço
em amor à Criação!
Maria Conceição Fagundes – PR
-
Temendo teu abandono,
meu coração – velho avaro –
soma horas mortas de sono
a madrugadas em claro!...
Maria Madalena Ferreira – RJ
________________
Na trova, que é seu veleiro, / singrando temas diversos, / trovador
é marinheiro / que navega em quatro versos. (Thereza Costa Val)

__________________________
Com volúpia e desvario,
neste amor vou mergulhar...
Eu me sinto como o rio,
que se atira para o mar!
Maria Thereza Cavalheiro – SP
-
Tem gente que esconde o pranto;
sem razão, sente vergonha;
não sabe que o desencanto
é normal quando se sonha.
Mária Zamataro – PR
-
De meu pai, um grande espelho,
hoje velho, lembro ainda,
refugiado em seu conselho:
– Sê feliz, que a vida é linda!
Maurício Friedrich – PR
-
Sou mulher e sou guerreira,
lutando em busca de paz;
da vida sou passageira
que não desiste jamais.
Neiva Fernandes – RJ
-
O tudo que o mundo tem
não vale nem a metade
da metade de um vintém
de uma sincera amizade!
Nemésio Prata - CE
-
O amor, bem como a neblina,
sempre nos turva a visão:
vem do nada e, como sina,
deixa inquieto o coração.
Olga Agulhon – PR
-
Eu não lamento a saudade
que a tudo invade, porque
é tão bom sentir saudade,
quando a saudade é você!
Olympio Coutinho – MG
-
Minha mãe... como não ser
grato por tudo o que fez?
Pois ao me ensinar a ler,
me deu à luz... outra vez!
Pedro Melo – PR
-
Rompeste um antigo laço
contudo, mantenho aceso
este amor que não desfaço,
mas disfarço com desprezo.
Relva do Egypto – MG
___________________
Felizes os trovadores, / romancistas de quadrinhas, / que fazem
de seus amores / romances de quatro linhas. (Durval Mendonça)

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Prefiro ficar no sonho
a embarcar na realidade;
lá, meu mundo é mais risonho,
mais seguro e sem maldade!
Renato Alves – RJ
-
Com os retalhos dos panos
que sobravam da costura,
mamãe fez todos os planos
de minha vida madura..
Ronnaldo Andrade – SP
-
No embalo da serenata,
quisera ser como a lua
vestindo com tons de prata
os homens tristes da rua!
Selma Patti Spinelli – SP
-
Tudo pode acontecer
no encontro de duas almas.
Tua afeição dá prazer
e sei que só tu me acalmas.
Talita Batista – RJ
-
Velho é quem, preso ao cabresto
de paixão não assumida,
busca na idade um pretexto
para ausentar-se da vida.
Thalma Tavares – SP
-
A orquídea branca e violeta...
A foto quase sem cor...
Na pequenina gaveta,
os restos de um grande amor!
Therezinha Dieguez Brisolla – SP
-
Esquecida na lareira,
esta cinza sem calor
lembra a chama passageira
que incendiou nosso amor.
Vanda Alves da Silva – PR
-
Seu forte olhar, penetrante,
me acelera o coração.
O seu perfil, estonteante,
ofusca a minha visão!
Vânia Ennes – PR
-
O vinho ao pé da lareira,
teu carinho, teu calor...
Como não ser prisioneira
desses prazeres de amor?
Wanda de Paula Mourthé – MG
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quarta-feira, 27 de abril de 2016

Contos Populares Portugueses (Duas Pessoas Casadas)

Era uma vez um homem e uma mulher, casados e muito amigos. Mas, em dada altura, ela começou a sentir uma aflição e pôs-se a dizer que lhe estava a apetecer matar-se. E o marido disse-lhe:

- Vamos passear, vamos espairecer!

E foram. Depois ele andou para o campo e ela para casa. Nessa ocasião passou o Diabo, que ia muito apressado, e uma mulher feiticeira, que o viu, perguntou-lhe:

- Tu vais tão aflito? E ele respondeu:

- Queria arranjar aqueles dois para mim e não posso. - Aludia aos dois casados.

E ela disse-lhe:

- Isso te arranjo eu, mas quanto me dás?

- Dou-te umas chinelas.

E a feiticeira foi ter com o homem ao campo e pediu-lhe uma esmolinha. E o homem:

- Vá a casa ter com a minha mulher. E ela perguntou-lhe:

- A sua mulher é sua amiga?

- Sim, senhora, é muito minha amiga.

- Pois olhe que ela quer matá-lo.

A tal foi então a casa do homem e pediu a esmola à mulher. Perguntou-lhe:

- Q seu homem é seu amigo?

- É muito meu amigo.

- Pois olhe, se quer que ele seja mais seu amigo, fique a cirandar e deixe-o adormecer, corte-lhe dois cabelos da cabeça e traga-os consigo. Isso então é que ele há-de ser seu amigo.

A mulher assim fez. Deixou-o adormecer, pegou numa tesoura e foi ver se ele dormia. Pôs-se a examinar e foi com a tesoura para ele. Ele então levantou-se e sempre acreditou o que a outra lhe tinha dito, pois que cuidava que a tesoura era para ela o matar. Mas quem a matou foi ele.

Depois a feiticeira foi ter com o Diabo e disse-lhe:

- Venham, venham para cá as minhas chinelas.

E ele exclamou, pondo-se à distância:

- De longe!... Toma lá! Fizeste num dia o que eu não fiz num ano!

Fonte:
Viale Moutinho (org.) . Contos Populares Portugueses. 2.ed. Portugal: Publicações Europa-América.

terça-feira, 26 de abril de 2016

Elizabeth Misciasci (Poemas Escolhidos)

OLHO NO OLHO...

Dos meus medos faço canção
embalando meus sonhos em desatino.
Desvairada num anseio turbulento
de quem se despede da razão

Envolta persisto e desisto
insegura me entrego aos desvios
do vazio que minh' alma teme
meus dias são passados distantes
Versos sem rimas que se apagam
Folhas secas caindo a fremir
Atroz aparente disfarçada audaz
arsenal revestida conclamo concisa

Mar a ser atravessado
sem barco nem remo
Necessidade de transpor
lanço-me neste fluxo

Incerteza é direção
niilismo insistente
desordenada renego
este meu perecimento

Canção que me decompõe
harmonia espacejada sem ritmo
procriada dos meus medos
transformados mau grado e solidão.

Olho no olho
encaro meu ego sem receio
sou de mim mesma esteio
Dos meus medos, faço canção.

SER POETA

Ser poeta é estar no palco da vida
representando com suas silenciosas palavras
a cena mais forte de um ato
que consegue mesmo sem falas
penetrar em mentes diversas
criando sonhos, gerando esperanças,
plantando sorrisos sentimentos libertados
transformando vidas, emocionando os que
desconhecem
mas que por ser este o POETA de raiz
com sapiência e vivencia transporta
para a platéia, as letras que bailam
deixando no ar o bálsamo envolvente
mágicas que tecem almas,
E como alguém a levitar,
o POETA se transporta
estando em toda parte em todo canto
com suas mudas palavras
repletas do saber, do sentir e do fazer,
oferta
com suas bailarinas incansáveis
ahhhh..... essas letras intermináveis
que chegam para muitos como
abraços, acalantos, aconchegos, afagos
despertando sentimentos
estimulando momentos, distribuindo
calor.
Porque para fazer poemas,
poesias, trovas e versos
é necessário ser POETA...
é necessário SER AMOR…

REFÉM DO PASSADO

Fechei os olhos... sonhei acordada
Com voragem me despi da razão
E em torno do meu eu recatada
Libertei! Fiz-me reconstrução.

Aterrei um amor passado
Liberei a vida atilada
lacuna de um vazio apossado
amarra entregue....mutilada

Folhetinesco romance apagado
Um pasquim que já foi editado
Fez-se vida em ano dourado
Foi me o tempo refém do passado

Aflorei na mais pura emoção
E em confidencias sem atritos
Levei meus medos a redução
Sendo o que fui... sem conflitos.

Reeditei minha história de vida
Miscível alegria e dor
Cenário de luz reluzida
Esplanada...hoje sou só amor

De um sonho fiz realidade
Viagem que sigo na estrada
Meu caminho só é Felicidade
Fechei os olhos... sonhei acordada!

ABNEGADA

"Sou tudo aquilo que um coração pede
por indução, a perfilar sentimentos.
Sem o desvio do probo que me norteia,
torno por vezes redutível à razão.
Por crer, que o inviável é mera justificativa
do "não tentar", contesto!
Abnegada, não julgo o que desconheço e,
até que se apresente o reverso, considero
crível, os relatos e fatos a mim revelados.
Apiedando-me dos excluídos, não temo a luta e,
relevando os que tendem a profligar, sigo adiante.
Não nego que tenho imperfeições e repudio a injúria,
No entanto, por ser eu, tudo aquilo que meu
coração pede, me esquivo dos ínfimos
e de peito aberto, só quero transbordar Amor".

QUANTO MAIS

Quantas vezes te procurei...
vaguei pelos vales, atravessei os rios
me fiz águia, condor, gaivota
nas noites frias queria teu calor teu sorriso.
Em cada dor, chorei o choro mais triste
meu lamento não foi o bastante
nem minhas lágrimas molharam seu chão.
A estrada que percorri era uma
e a busca incansável parecia em vão.
Dias passando, noites em murmúrios
lábios cerrados e a voz?
Aos poucos se calando...
coração parando, olhares que buscavam
nada mais enxergaram
Quanto mais busquei mais me distanciei
quanto mais te quis mais me perdi
quanto mais tentei, mais sei que errei
quanto mais acreditei, mais me magoei.

Hoje sei que nada encontrei…

Elizabeth Misciasci

Elizabeth Misciasci é jornalista, humanista, pesquisadora, escritora, poetisa, crítica literária, jurada de diversos concursos de literatura, palestrante, empresária.
            Embaixadora Universal da Paz no âmbito do Círculo Universal dos Embaixadores da Paz! (Cercle Universel Des Ambassadeurs De La Paix - Suisse/France)
            Membro Correspondente da Governadoria da INBRASCI no Estado de São Paulo- Instituto Brasileiro Culturas Internacionais -
            Membro Efetivo AVSPE.
            Prêmio Frente Nacional dos Direitos da Criança em 2010
            Honra ao mérito - Clube Brasileiro da Língua Portuguesa - título Humanista Honoris Causa, em Língua Portuguesa, em razão da excelência de sua obra a favor dos Direitos Humanos.
            Delegada para e Estado de São Paulo (Brasil) do CEN- Intercâmbio Brasil Portugal.
            Coordenadora de imprensa do Proyecto Cultural Sur Paulista
            Indicada ao "Prêmio Clara Mil Mulheres" Nobel da Paz
            Certificação de Empreendedor Social pelo Apoio na Campanha Páscoa Solidária 2010
            Cadeira vitalícia 02, Academia de Letras do Brasil Estado de São Paulo.
            Misciasci foi uma das fundadoras do projeto zaP! Ao qual, hoje é Presidente. O zaP! É um trabalho voluntário desenvolvido nos Presídios Femininos, com as reeducandas e fora destes, com as egressas, que visa entre muitos, a não reincidência e a reinserção social. Desde 1987, ela vem desenvolvendo trabalhos voluntários, pesquisas e combate á exclusão social, diretamente com a pessoa na condição de encarcerada e egressa. Nessa trajetória, permaneceu com a massa carcerária masculina (e mais precisamente na antiga Casa de Detenção) - Carandiru, onde atuou até o início de 1992, época em que passou a se dedicar aos menores infratores e ex-infratores da FEBEM. Já entre os anos de 1997 e 1998, com o objetivo de se aprofundar nas questões que tratavam à criminalidade feminina e todo o contexto que a englobava, escreveu em parceria a Obra Literária Presídio de Mulheres.
            Sempre ressaltando a realidade da mulher na condição de pessoa presa e todas as dificuldades, que estão presentes. Assim, pela sua ótica tendo como básico relatos daquelas que estão ou estiveram encarceradas, se preocupa com as condições precárias e degradantes, aos quais algumas sentenciadas são ou foram submetidas. O que constantemente, se agrava, pelo estado gravídico no cárcere e período pós-parto.

            Mantenedora de vasta documentação e material tanto físico como humano, e este último, podendo ser contado por uma longa trajetória, que reuniu estudos, pesquisas, cotidiano, situações de risco, emoções, enfim, Experiências vividas na alma, e colhidas de dentro das galerias das prisões.

segunda-feira, 25 de abril de 2016

Matusalém Dias de Moura (Aldravias)

fico
mudo
ao
ouvir
tua
voz
*

minha
mãe
morrendo
dói
em
mim
*

procurando
poesia:
em
Mariana
descobri
aldravia
*

minha
alma
chora
um
sonho
morto
*

sonho
morto
a
esperança
ainda
vive
*

espero
tua
chegada
e
você
virá?
*

ontem
esperei
e
você
vão
veio
*

teu
sorriso
me
basta
sou
feliz
*

bem-te-vi
na
antena
cantando
a
tarde
*

todo
dia
leio
Deus
na
poesia
*

sou
seixo
rolado
mas
todo
esfolado
*

paradoxo:
frente
fria
aquece
minha
alma
*

de
repente
teu
sorriso
me
olha
*

tua
piscadela
me
confirma
nosso
amor
*
no
olhar
me
diz:
sou
tua
*

mesmo
velho
meu
coração
ainda
sonha
*

pela
janela
a
piscadela
da
estrela
*

noite
alta:
a
lua
no
quarto
*

sozinho
na
varanda
namoro
as

nuvens

Matusalém Dias de Moura (1959)

Matusalém Dias de Moura nasceu em 05 de junho de 1959, no Município de Iúna, ES. Advogado e Procurador de carreira da Assembléia Legislativa do Espírito Santo. Foi Vereador e Presidente da Câmara Municipal de Iúna, Relator Geral da primeira Lei Orgânica do Município de Iúna. Foi Assessor Jurídico dos Municípios de Ibatiba (ES) e Lajinha (MG); Escrivão Judiciário da Quarta Vara Criminal de Cariacica (ES) e Secretário Particular da Presidência da Assembléia Legislativa, na gestão do então Deputado Vicente Silveira. Em 2000 recebeu da Câmara Municipal de Vitória o título de “Cidadão Vitoriense”.
            Poeta, cronista, contista, ensaísta e haicaísta, com trabalhos publicados em vários jornais e revistas. Publicou, também, os seguintes livros: Menino de Cachoeirinha, 1993; Varal Partido, 1998; 17 Poemas da Infância, 1999; Vento Rasteiro, 1999; O Silêncio dos Sinos, 2000; Poemas do Caparaó, 2000; Crônicas da Montanha e do Mar, 2006, (Prêmio Rubem Braga, da União Brasileira dos Escritores/RJ); Poemas Mínimos, 2008; Minha Mãe Lavadeira, 2008; Flagrantes da Rua, 2009; Pequenos Ensaios, 2009; Água de Nascente, 2009; e História da Criação e Instalação da Biblioteca Municipal de Iúna, 2010; Alguma Coisa da Memória, 2011; Os Olhos de Lúcia e Outros Poemas de Amor, 2011 (Prêmio Arnaldo Aizim, da União Brasileira de Escritores/RJ); Carta Um Lavrador e Outros Poemas, 2011. Participou de várias Antologias publicadas em nível nacional.
            Membro da Academia Espírito-santense de Letras (cadeira 34); da Academia Iunense de Letras (cadeira 26), do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo, União Brasileira dos Trovadores. Como Membro Correspondente, pertence, dentre outras, à Academia Mineira de Letras; Academia Cachoeirense de Letras; Academia Pindamonhangabense de Letras e à União Brasileira de Escritores, do Rio de Janeiro. Em 2001 recebeu o Diploma de Alto Mérito Cultural da União Brasileira de Escritores, do Rio de Janeiro. trabalhos publicados em vários jornais e revistas. Publicou, também, os seguintes livros: Menino de Cachoeirinha, 1993; Varal Partido, 1998; 17 Poemas da Infância, 1999; Vento Rasteiro, 1999; O Silêncio dos Sinos, 2000; Poemas do Caparaó, 2000; Crônicas da Montanha e do Mar, 2006, (Prêmio Rubem Braga, da União Brasileira dos Escritores/RJ); Poemas Mínimos, 2008; Minha Mãe Lavadeira, 2008; Flagrantes da Rua, 2009; Pequenos Ensaios, 2009; Água de Nascente, 2009; e História da Criação e Instalação da Biblioteca Municipal de Iúna, 2010; Alguma