terça-feira, 10 de abril de 2018

Érico Veríssimo (As Aventuras de Tibicuera) Capítulos 45 a 48

45 — “DIGA AO POVO QUE FICO.”

D. João vi voltou para Portugal com sua Corte. Estávamos em 1821. D. Pedro ficou como Príncipe Regente do Brasil. Estava assim com o ar de quem tinha nas mãos uma bomba com o pavio aceso. Olhava para o lados, aflito, procurando um lugar para onde jogar a bomba. A situação era difícil. O povo estava revoltado e exigia umas tantas coisas. Havia ainda as forças portuguesas que puxavam naturalmente para o lado de Portugal.

D. Pedro andava sobre brasas. Eu via. Eu sentia. Suas noites eram de insônia. Tinham já acabado os dias despreocupados de boêmia. Agora ele era regente dum país imenso. Imenso e desorganizado. Era preciso levar a vida a sério. E o príncipe tinha apenas 23 anos...

Eu andava satisfeito com o mundo e comigo mesmo. D. Pedro me fizera oficial do regimento de dragões. Tibicuera vivia muito orgulhoso de seus alamares, de seus botões dourados, de seu capote e de sua espada. Portugal começou a inticar com o Brasil. Inticar é um termo popular que deve ficar no nosso dicionário, pois é muito expressivo. Mandou fechar os tribunais e as repartições do Rio. Tomou outras medidas desagradáveis para os brasileiros Formara-se aqui o Partido da Independência. Era composto de um grupo de patriotas, homens inteligentes e de posição.

Bem na hora mais crítica vem de Portugal uma ordem: D. Pedro deve fazer uma viagem pela Europa. Balbúrdia no Rio. “O príncipe não vai!” — berrava o povo. “O príncipe vai, sim, senhores!” retrucavam as forças portuguesas.

Eu me lembro de um certo dia que ficou na História. D. Pedro andava de um lado para outro no salão do Palácio, com as mãos às costas, o passo duro, a testa franzida. Não esqueci as palavras do pai que, ao despedir-se, lhe dissera que previa a separação do Brasil de Portugal e que ele, Pedro, não devia deixar a Coroa cair nas mãos de aventureiros. Chegou ao paço o representante do Partido da Independência. Chamava-se José Clemente Pereira. O momento era solene. Vinha ele pedir ao príncipe que não se retirasse do Brasil. Depois que ele falou, fez-se um silêncio difícil. Mas o príncipe se perfilou. Seus olhos cintilaram. E ele disse, firme:

— Como é para o bem de todos e felicidade geral da nação, diga ao povo que fico.

E ficou mesmo. Ficou no Brasil. Ficou na História. E. depois que Clemente Pereira foi embora, ficou também a olhar perdidamente para o bico das botas polidas...

46 — FAREJO GUERRA...

Eu sentia cheiro de guerra no ar. A coisa não podia ficar assim. As tropas saíram dos quartéis, tomaram o Morro do Castelo e lá de cima intimaram o príncipe a obedecer às ordens de Portugal. Aquele dia foi para mim de agitação. Andei em cima de meu cavalo malhado de um lado para outro, servindo de ligação entre vários oficiais brasileiros. Dentro em pouco as forças nacionais que amparavam o príncipe se achavam prontas para dar combate às tropas portuguesas.

Eu estava com tanta saudade do cheiro da pólvora e do tinir da arma branca, que fiquei até triste quando nos veio a notícia de que os soldados portugueses, negando combate, iam embarcar para a Europa. O Rio estava em festa. Falava-se abertamente na independência. Eu me metia pelo meio do povo, orgulhoso do meu fardamento de dragão.

Recebemos comunicação de que em Minas, como em outras províncias, havia gente disposta a brigar. O príncipe em pessoa foi até lá, conseguindo acalmar os ânimos. Deram-lhe no Rio um título: Defensor Perpétuo do Brasil. Entusiasmado, D. Pedro resolveu convocar uma Constituinte. Chegou a pensar na nossa esquadra, dando o comando dela ao Almirante Lorde Cochrane. E foi também ao ponto de assinar uma proclamação em que convidava os brasileiros a que se unissem a fim de conseguirem sua independência.

A separação do Brasil de Portugal estava por um fio. E o Príncipe cortou esse fio com uma frase.
47 — MAL SABIA O RIACHO...

Quando fiquei sabendo que devia acompanhar o príncipe a São Paulo, numa visita de cortesia, dei pulos. Eu ia exibir naquela cidade os meus botões dourados, as minhas botas que eram um espelho, o meu peito musculoso, apertado no dólmã justo. Fomos recebidos com aclamações. Isto é: D. Pedro é que foi recebido com festas. Mas as flores e as aclamações foram tantas, que sobraram para todos nós.

Mas céu sem nuvens não dura muito — assim me dizia a experiência. Quando voltávamos de Santos, chegou-nos um comunicado do Rio: Portugal por novos decretos queria nos reduzir à condição de colônia. Os mensageiros que nos traziam a notícia nos encontraram às margens dum riacho sem importância. Era um fio d’água humilde. Tinha um nome inexpressivo: Ipiranga. Corria calmo ao sol, alheio às lutas e às paixões dos homens. Quis a sorte que fosse aquele o ponto de encontro...

D Pedro leu o comunicado. Estava montado no seu belo cavalo, que batia inquieto com as patas no chão. Primeiro o príncipe ficou muito pálido e depois seu rosto se coloriu dum vermelhão forte. Eu o contemplava, aflito. Tudo se passou rápido. De repente D. Pedro arrancou da espada e gritou: “Independência ou morte!” No primeiro momento ninguém respondeu, pois a surpresa deixava todos aturdidos. Houve alguns segundos de silêncio. Depois os outros compreenderam e romperam num viva entusiasmado.

Mais sereno, já com a espada na bainha, D. Pedro disse que as cortes de Lisboa queriam mesmo nos escravizar e que convinha declarar já a nossa independência. Terminou com estas palavras: “Estamos definitivamente separados de Portugal. De ora em diante traremos um outro laço de fitas verdes e amarelas, que serão as cores do Brasil.”

O riacho continuava a correr ao sol, sem qualquer entusiasmo. Mas, mesmo sem o saber, já estava célebre. Ipiranga! Um nome que dali por diante seria repetido como um símbolo.

Chegamos ao Rio todos cheios de laços verdes e amarelos. No paço pude ver o sorriso satisfeito e sereno de um homem que desempenhou papel importante na nossa independência. Era o Ministro José Bonifácio de Andrada e Silva. Tinha uma cabeça privilegiada. Depois de Anchieta, foi o primeiro homem que me fez duvidar da força do músculo para me fazer pensar na força do miolo.

Havia outras figuras tão importantes como a de Andrada no movimento libertador. Joaquim Gonçalves Ledo, José Clemente Pereira, por exemplo. E outros, outros...

No dia em que vi Andrada com o sorriso da vitória, resolvi deixar de ser o Tibicuera valente das guerras para tratar de estudar um pouco. Em suma, queria trocar a espada pelo livro. Quando D. Pedro me disse:

— Tibicuera, pede o que queres...

...respondi:

— Um professor.

O príncipe ficou surpreendido. Eu também...
48 — EU E OS LIVROS

Deram-me um professor. Era um sujeito calvo e calado, feio e tristonho. Solteirão, seu quarto era pobre e ficava numa rua tranquila Ele me abriu as portas de um mundo maravilhoso: O mundo dos livros. Aprendi Francês, Latim, um pouco de Grego, Geografia, História, Gramática Portuguesa e outras matérias. Quando chegamos à Botânica e à Zoologia, tive discussões terríveis com o meu bom professor. Ele dizia o nome científico das plantas e dos bichos; eu lhes dava o nome indígena. O professor conhecia os bichos porque os tinha visto desenhados em livros ou empalhados e catalogadinhos nos museus. Quanto a mim eu os conhecia ao vivo ou, melhor, pessoalmente.

Fiquei tão apaixonado pelos livros, que me esqueci das guerras e das aventuras. Deixei os dragões. O Imperador me deu bom emprego numa repartição pública.

A literatura me absorveu durante muitos anos. Comecei a ler os livros dos escritores brasileiros. Gostei muito dum certo Sr. Gregório de Matos, que nasceu na Bahia em 1623. Era formado em Direito. Contam que foi um sujeito patusco, alegre e atrevido. Fez gostosos versos satíricos e também poesias líricas. Achei insuportável o Sr. Bento Teixeira Pinto, que é considerado o primeiro literato do Brasil. Mas primeiro — está claro — por ordem cronológica. Escreveu um livro de nome engraçado: Prosopopeia

Outros poetas que li: Cláudio Manuel da Costa, José Basílio da Gama, Inácio José de Alvarenga Peixoto, Tomás Antônio Gonzaga... Este quarteto, como vocês devem estar lembrados, tomou parte na Inconfidência Mineira. Conheci outros poetas: Frei Manuel de Santa Rita Itaparica, Frei Santa Rita Durão, Manuel Inácio da Silva Alvarenga...

Meti-me História a dentro e li Frei Vicente do Salvador, que escreveu uma História do Brasil. Quando contei a meu professor que tinha tomado parte na guerra contra os holandeses, ele me olhou com o rabo dos olhos, franziu a testa e acabou dizendo.

— Deixe-se de gracejos, rapaz.

A guerra holandesa durara de 1624 a 1654. Estávamos em 1823. 0 professor fez as contas de cabeça e achou que eu estava me fazendo de engraçado.

Conheci também as obras de Rocha Pita, de Baltasar da Silva Lisboa, de José Feliciano Pinheiro e de outros historiadores menores. Muito me encheram de entusiasmo os discursos dos dois Andradas: Antônio Carlos e Martim Francisco. Outro nome de que não me esquecerei é o de um jornalista que era padre e político. Guardo-o na memória por causa de seu nome — Frei Joaquim do Amor Divino Caneca — e porque ele tomou parte na revolução pernambucana de 1824.

Mas a minha grande admiração mesmo era por Frei Francisco de Mont’Alverne. Foi Anchieta que me converteu ao Deus Único. Foi Mont’Alverne que com seus formidáveis sermões me fortaleceu nessa fé. Outro cidadão bom cem por cento era José Bonifácio de Andrada e Silva, político e filósofo. Muito entendido em Mineralogia, Química e Matemática. Ficou o homem com o título de “Patriarca da Independência”. Ora, estas palavras em si mesmas não significam coisa alguma. Eu queria que vocês tivessem conhecido pessoalmente o homem, para terem uma ideia do que ele valia, sabia e fazia.

Andei também às voltas com os artigos de Manuel Ferreira de Araújo Guimarães, sobre Matemática. Fui fã do Marquês do Maricá, o homem que escrevia pensamentos. Devorei o seu famoso: “Máximas, Pensamentos e Reflexões do Marquês do Maricá”. E andava sempre com um dito na ponta da língua. Eu devia estar mesmo insuportável!

Como eu andava fazendo a minha literaturazinha por aquela época, conheci um jornalista que muito me auxiliou na publicação de meus artigos. Chamava-se Evaristo Ferreira da Veiga. Fundou o jornal Aurora Fluminense, que surgiu lá por 1827.

Outros homens inteligentes com quem travei conhecimento: José da Silva Lisboa, entendido em Filosofia e Grego. Antônio José da Silva que escrevia para o teatro. E o primeiro dicionário que vi na minha vida foi o do brasileiro Antônio de Morais Silva. Foi publicado em 1789. Nunca ouviram falar no “Dicionário de Morais”? Pois é esse mesmo. Não abram a boca de surpresa. E esse mesmíssimo.

Tive o prazer de ler os versos de meu querido amigo Anchieta. E ninguém me dava crédito quando eu contava que ouvira alguns deles dos lábios do próprio poeta.

Mas eu não estou escrevendo um compêndio de Literatura Brasileira e sim a minha vida, as minhas aventuras!

Fonte:
Érico Veríssimo. As aventuras de Tibicuera, que são também do Brasil. (Texto revisto conforme Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa em vigor em 2009). Porto Alegre: Edição da Livraria do Globo, 1937.

segunda-feira, 9 de abril de 2018

Fernando Pessoa (Quadras ao Gosto Popular) V

1
Andorinha que vais alta,
porque não me vens trazer
qualquer coisa que me falta
e que te não sei dizer?
2
Ao dobrar o guardanapo
para o meteres na argola,
disseste-me conhecer
como um coração se enrola.
3
Baila o trigo quando há vento,
baila porque o vento o toca.
Também baila o pensamento
quando o coração provoca.
4
Caiu no chão a laranja
e rolou pelo chão afora.
Vamos apanhá-la juntos,
e o melhor é ser agora.
5
Dá-me um sorriso a brincar,
dá-me uma palavra a rir,
eu me tenho por feliz
só de te ver e te ouvir.
6
«Das flores que há pelo campo,
o rosmaninho é rei…»
É uma velha cantiga...
Bem sei, meu Deus, bem o sei.
7
Deixaste cair no chão
o embrulho das queijadas.
Ris-te disso — e porque não?
A vida é feita de nadas.
8
Deste-me um cordel comprido
para atar bem um papel.
Fiquei tão agradecido
que inda tenho esse cordel.
9
Duas horas vão passadas
sem que te veja passar.
Que coisas mal combinadas
que são amor e esperar!
10
É limpo o adro da igreja.
É grande o largo da praça.
Não há ninguém que te veja
que te não encontre graça.
11
Esse xale que arranjaste,
com que pareces mais alta
dá ao teu corpo esse brio
que à minha coragem falta.
12
Fazes renda de manhã
e fazes renda ao serão.
Se não fazes senão renda,
que fazes do coração?
13
Fizeste molhos de flores
para não dar a ninguém.
São como os molhos de amores
que foras fazer a alguém.
14
Fui passear no jardim
sem saber se tinha flores.
Assim passeia na vida
quem tem ou não tem amores.
15
Lá por olhar para ti
não julgues que é por gostar.
Eu gosto muito do sol,
e nem o posso fitar.
16
Manjerico, manjerico,
manjerico que te dei,
a tristeza com que fico
inda amanhã a terei.
17
Meia volta, toda a volta,
muitas voltas de dançar...
Quem tem sonhos por escolta,
não é capaz de parar.
18
Na quinta que nunca houve,
há um poço que não há,
onde há de ir encontrar água
alguém que te entenderá.
19
No dia em que te casares,
hei de te ir ver à Igreja
para haver o sacramento
de amar-te alguém que ali esteja.
20
O moinho que mói trigo
mexe-o o vento ou a água,
mas o que tenho comigo
mexe-o apenas a mágoa.
21
Por cima da saia azul
há uma blusa encarnada,
e por cima disso os olhos
que nunca me dizem nada.
22
São já onze horas da noite.
Porque te não vais deitar?
Se de nada serve ver-te,
mais vale não te fitar.
23
Toda a noite ouvi os cães,
p'ra manhã ouvi os galos.
Tristeza — vem ter conosco.
Prazeres — é ir achá-los.
24
Vai alta sobre a montanha
uma nuvem sem razão.
Meu coração acompanha
o não teres coração.
25
Voam débeis e enganadas
as folhas que o vento toma.
Bem sei: deitamos os dados,
mas Deus é que deita a soma.

Fonte:
PESSOA, Fernando, Quadras ao gosto popular, Lisboa, Ática, 1994.

domingo, 8 de abril de 2018

Contos e Lendas do Mundo (A Bruxa e o Caldeirão)

Quando preparava uma sopa com uns olhinhos de couve para o jantar, a bruxa constatou que o caldeirão estava furado. Não era muito, não senhor. Um furo pequeníssimo, quase invisível. Mas era o suficiente para, pinga que pinga, ir vertendo os líquidos e ir apagando o fogo. Nunca tal lhe tinha sucedido. Foi consultar o livro de feitiços, adquirido no tempo em que andara a tirar o curso superior de bruxaria por correspondência, folheou-o de ponta a ponta, confirmou no índice e nada encontrou sobre a forma de resolver o caso. Que haveria de fazer?

Uma bruxa sem caldeirão era como padeiro sem forno. De que forma poderia ela agora preparar as horríveis poções? Para as coisas mais corriqueiras tinha a reserva dos frascos. Mas se lhe aparecia um daqueles casos em que era necessário preparar na hora uma mistela (vinho de baixa qualidade)? Como o da filha de um aldeão que engolira uma nuvem e foi preciso fazer um vomitório especial com trovisco, rosmaninho, três dentes de alho, uma semente de abóbora seca, uma asa de morcego e cinco aparas de unhas de gato.

Se a moça vomitou a nuvem? Pois não haveria de vomitar? Com a potência do remédio, além da nuvem, vomitou uma grande chuvarada de granizo que furou os telhados das casas em redor.

Era muito aborrecido aquele furo no caldeirão. Nem a sopa do dia-a-dia podia cozinhar. Mantinha-se a pão e água, que remédio, enquanto não encontrasse uma forma de resolver o caso. Matutou dias seguidos no assunto e começou a desconfiar se o mercador que lhe vendera o caldeirão na feira há muitos anos atrás a não teria enganado com material de segunda categoria. A ela, bruxa inexperiente e a dar os primeiros passos nas artes mágicas, podia facilmente ter-lhe dado um caldeirão com defeito. Decidiu então ir à próxima feira e levar o caldeirão ao mercador.

Procurando na seção das vendas de apetrechos de cozinha, a bruxa verificou que o mercador já não era o mesmo. Era neto do outro e, claro, não se lembrava – nem podia – das estrepolias comerciais do seu falecido avô. Ficou desapontada. Perguntou-lhe, todavia, o que podia fazer com o caldeirão furado. O mercador mirou-o, remirou-o, sopesou-o com ambas as mãos e disse:

– Este está bom é para você pôr ao pé da porta a fazer de vaso. Com uns pés de sardinheiras ficava bem bonito.

A bruxa irritou-se com a sugestão e, não fosse a gente toda ali na feira a comprar e a vender, transformava-o em sapo. Acabou por dizer:

– A solução parece boa, sim senhor. Mas diga-me cá: Se ponho o caldeirão a fazer de vaso, onde cozinho eu depois?

– Neste novo que aqui tenho e com um preço muito em conta…

A bruxa olhou para o caldeirão que o mercador lhe apontava, sobressaindo num monte de muitos outros, de um brilhante avermelhado, mesmo a pedir que o levassem. A bruxa, que tinha os seus brios de mulher, ficou encantada. O mercador aproveitou a ocasião para tecer os maiores elogios ao artigo, gabando a dureza e a grossura do cobre, os rendilhados da barriga, o feitio da asa em meia lua, a capacidade e o peso, tão leve como um bom caldeirão podia ser, fácil de carregar para qualquer lado.

– Pois bem, levo-o.

O mercador esfregou as mãos de contente.

– Mas aviso-o – acrescentou a bruxa. – Se lhe acontecer o mesmo que ao outro, pode ter a certeza de que o transformarei em sapo.

O mercador riu-se do disparate enquanto embrulhava o artigo. Os anos foram passando e a bruxa continuou no seu labor. Até que um dia deu por um furo no novo e agora velho caldeirão.

Rogou uma praga tamanha que o neto do segundo mercador que lho vendera, a essa hora, em vez de estar a comer o caldo na mesa com a família, estava num charco a apanhar moscas.

Fonte:
Portal São Francisco

Odenir Follador (Convite para Solenidade de Posse: 26 de abril)


sábado, 7 de abril de 2018

Zelinda Slomp (40 Trovas Seletas)


1
A água move o moinho,
o moinho mói o grão...
Do grão moído, fininho,
sai farinha para o pão.
2
A energia das mãos dadas,
numa devota oração,
sempre abre portas fechadas
e conquista o coração.
3
A mãe natureza oferta
florestas, a água e o ar.
Elementos, que na certa,
precisamos preservar.
4
À sombra da Catedral
está o velho campanário
chamando todo pessoal
para rezar o rosário...
5
Cheia de nós pelas costas
e a língua muito ferina,
tem sempre pronta as respostas
a irrequieta menina!
6
De mãos dadas e beijinho,
arrulhos no roseiral.
Cenas de amor e carinho
do apaixonado casal.
7
Diga com toda franqueza:
Oh! Espelho, espelho meu!
Onde está toda beleza
que a natureza me deu?
8
Do primeiro namorado,
guardo sempre na lembrança
um doce beijo roubado...
Brincadeira de criança...
9
Eu te exalto, verde e ouro
como exalto o branco e o anil.
São símbolos do tesouro
que é o nosso imenso Brasil.
10
Harpas, violinos e banjos,
em suave melodia,
embalam cantos de anjos
ao chegar um novo dia.
11
Homem de boca pintada,
mulher de basto bigode:
é correr em disparada,
pois com eles ninguém pode!
12
Maria Mãe de jesus,
da catedral padroeira,
seu exemplo nos conduz
a uma fé mais verdadeira.
13
Milhões de luzes brilhantes
no universo das estrelas
são como joias distantes,
só vejo, não posso tê-las!
14
Não fiques aí na gare
olhando o trem que passou.
Corra, lute, não pare,
que a vida o vento levou.
15
Não há no mundo uma herança
mais rica e mais valiosa
do que uma bela lembrança
escrita em verso ou e prosa...
16
No começo deste dia,
a minha bela oração:
peço a Jesus e Maria,
dos males - libertação.
17
No grande palco da vida
há um cenário iluminado
por uma estrela perdida
que espera a volta do amado.
18
O enorme brilho da lua
faz aumentar o meu desejo
de tocar tua pele nua
com o calor do meu beijo.
19
O poder da minha fé
está sempre na oração:
peço a Maria e José,
ajuda e consolação.
20
O povo na Catedral,
numa sublime oração,
louva o Cordeiro Pascal
com amor e devoção!
21
Para vidas estressadas,
existe uma solução,
se estivermos de mãos dadas,
"Coração a coração"!
22
Por lugares bem risonhos
viaja o meu pensamento...
Vai transformando os meus sonhos
em ânsias soltas ao vento.
23
Por um ato de bravura,
por um ato de grandeza,
abolindo a escravatura,
perdeu seu trono a princesa.
24
Quando fenece o vigor,
com as águas já passadas,
restará amizade e amor
caminhando de mãos dadas.
25
Quem na lisura não medra,
deve agir devagarinho,
evitando jogar pedra
no telhado do vizinho.
26
Quem na vida pede tralhas
não lamente o que perdeu,
pois as tralhas são migalhas
de tudo o que Deus lhe deu!
27
Quem tem força, garra e raça,
e faz tudo com amor,
vai em frente, enfrenta, abraça...
Será sempre um vencedor!
28
Quem na vida tem vontade
de galgar os altos cumes
tenha ao seu lado a bondade,
e de nada tenha ciúmes.
29
Saint-Exupéry criou
um príncipe de alma pura
que toda jovem buscou
como fonte de cultura.
30
Se adormecer o vigor
com as águas já passadas,
haverá amizade e amor
caminhando nas calçadas.
31
Se é amor a primeira vista,
não perca a oportunidade:
vá em frente, não desista,
abrace a felicidade.
32
Sejam Maria ou Teresa
a musa do eterno amante,
é na língua portuguesa
que o verso aflora vibrante.
33
Somente tendo vontade
não se criam boas trovas.
É preciso, na verdade,
buscar sempre ideias novas!
34
Se perguntar não é ofensa,
digo então para a comadre:
Tens barriga de nascença?
Ou é obra do compadre?
35
Tem um fantasma escondido
nas brumas do meu passado,
lembrança do amor partido
do primeiro namorado!
36
Tenho sempre na lembrança
aquele amor que perdi.
E por simples vingança,
só sublimei, não vivi.
37
Toda luz que nos aquece
emana, sempre, de Deus;
nosso Pai jamais esquece
dos amados filhos seus!
38
Todos no palco da vida,
representam seu papel:
para uns, difícil lida...
para outros, só favos de mel.
39
Velho, levante a cabeça!
Não mire apenas o chão!
Deixe que o mundo conheça
em seu olhar... a paixão!
40
Zás-trás! É num só segundo
aciono um simples botão.
Abro a janela do mundo,
recebo a Televisão.

___________________________________________________
Zelinda Cecília Regla Slomp nasceu em Carlos Barbosa/RS, em 1931. Mudou-se para Caxias do Sul ainda jovem. Licenciada em História pela Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade de Caxias do Sul (UCS), formou-se em 1964.

Sempre gostou muito de escrever. Conheceu a poetisa e trovadora Eloy M. de Oliveira Fardo da qual se tornou amiga, as quais junto a outros apreciadores da boa poesia, passou a fazer parte da União Brasileira de Trovadores, Seção Caxias do Sul. Zelinda, em 1996 recebeu Menção Honrosa no Concurso Estadual de Trovas e, em 1997 foi Vencedora no Concurso Municipal de Caxias do Sul . Em 2000 participou da Antologia "A Trova Literária em Caxias do Sul". Era sócia efetiva do Clube da Simpatia de Olhão, de Algarve, Portugal.

Zelinda teve textos publicados em diferentes livros e escreveu, em Porto Alegre, o livro de trovas “Só Trovas” e em 2002, o obra “A Aurora da Minha Vida”. Finalizou a publicação com a trova:

“Não fiques aí na gare
olhando o trem que passou.
Corra, lute, não pare,
que a vida o vento levou.”

Zelinda morreu aos 83 anos, em Porto Alegre, vítima de complicações do Parkinson.

Fontes:
Jornal de Santa Catarina – Seção Obituário
– União Brasileira de Trovadores de Porto Alegre. Milton S. De Souza (editor). Livro de Trovas de Zélia de Nardi e Zelinda Slomp. Coleção Terra e Céu vol. XCIX. Porto Alegre/RS: Textocerto, 2016.
– União Brasileira de Trovadores de Porto Alegre. Calêndula Literária.

Érico Veríssimo (As Aventuras de Tibicuera) Capítulos 41 a 44

41 — A CABEÇA NA PONTA DO POSTE

Um tal Joaquim Silvério dos Reis, coronel de um regimento de cavalaria auxiliar, tinha denunciado os conspiradores. Para encurtar o caso: Cláudio Manuel da Costa enforcou-se na prisão. O poeta Gonzaga foi mandado para a África, para bem longe de Marília dos seus sonhos. Muitos tiveram a mesma sorte. Outros foram condenados à morte.

Chegaram-nos notícias de Tiradentes. Submetido a interrogatórios repetidos, ele insistia em negar a culpabilidade dos amigos. Dizia-se o único responsável por tudo: o animador, o chefe e principal culpado da tentativa de revolta. A pena de morte dos outros foi comutada. Mas Tiradentes foi levado à forca. Eu não quis assistir ao seu martírio. Sei que ele manteve a coragem e a fé até o fim. Não fraquejou. Foi levado para o patíbulo num cortejo assustador.

Devia estar impressionante naquela bata branca que ia ser a sua mortalha. Levava na mão um crucifixo preto, para o qual ele olhou todo o tempo, murmurando preces. Quando me disseram que o corpo de Tiradentes fora esquartejado, sendo sua cabeça espetada na ponta de um poste — estremeci de raiva e cheguei a chorar de sentimento. E não sei se por influência dos versos de Gonzaga, começou a dançar em minha cabeça esta frase: “Aquela cabeça na ponta do poste é uma bandeira, a bandeira da nossa liberdade.”

Foi assim que terminou a aventura da Inconfidência Mineira. Foi assim que perdi o meu amigo Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes.

42 — CHEGA-NOS NOVO SÉCULO E UM REI...

Entramos num novo século. No ano de 1800 eu me encontrava no Rio de Janeiro. Minha cabeça era um ninho de ideias confusas. As recordações da taba se misturavam com as dos quilombos, com as da guerra contra os holandeses e com as de meu convívio com Anchieta. Eu continuava a ser um homem solitário. Se por um lado não era ainda civilizado, por outro lado já tinha deixado de ser um selvagem completo.

Anchieta me fizera perder o medo aos espíritos do mato e me dera a conhecer o Deus único, que era agora o meu Deus. Mas eu ainda sentia o desejo da aventura e, para mim, quem dizia aventura dizia guerra.

Aconteceram coisas importantes em Portugal no ano de 1807. D. João VI assumira desde 1792 a regência do país, porque sua mãe, a Rainha Maria I não estava “regulando bem”, como se diz em linguagem familiar. Como já contei, Portugal sempre foi aliado da Inglaterra. Inimigo deste último país, Napoleão Bonaparte mandou invadir Portugal. Que foi que fez D. João VI, Príncipe Regente: Rumou para o Brasil, transferindo para cá a sede da monarquia portuguesa. Com ele vieram 15 000 pessoas.

Pude ver com meus olhos e ouvir com meus ouvidos as festas com que receberam o soberano e sua comitiva no Rio. A cidade teve a sua importância aumentada. Ganhou um ministério, tribunais, escolas, repartições...

Logo após sua chegada, entusiasmado com a recepção, contente por ter escapado à fúria conquistadora de Napoleão, encantado com a beleza da heroica cidade de São Sebastião, — D. João VI praticou vários atos de utilidade pública. Abriu os portos do Brasil ao comércio das nações amigas. Criou uma academia de Belas-Artes, a imprensa régia, uma biblioteca pública e um jardim botânico. O Regente D. João VI estava em franco idílio com o Brasil. Foi por esse tempo que comecei a amar de verdade os livros. Durante vários anos frequentei uma escola. Para me manter, trabalhei como sapateiro remendão. Ganhava o suficiente para viver. Visitava a biblioteca pública. Aos poucos ia ficando com uma visão mais larga do mundo e da vida.

Assisti pela primeira vez a uma corrida de touros. Foi lá que o selvagem que dormia dentro de mim tornou a despertar. Num dado momento, não resistindo ao grande entusiasmo que me fervia no peito, saltei para a arena. Ergueu-se uma gritaria. Sai fora! Olha o touro! O’ maluco! Eu estava fascinado. O touro, parado, fuzilou para mim um olhar furioso. Precipitou-se na minha direção. Quebrei o corpo e me livrei do golpe. Em seguida segurei o animal pelas aspas e nossa luta começou. Eu tinha músculos rijos. Os espectadores da tourada estavam em silêncio. Os toureiros recuaram. O sol batia em cheio na praça e perto de nós as nossas sombras também lutavam no chão. Aquilo durou cinco minutos. Derrubei o touro, torci-lhe o pescoço. Ele ficou estirado no pó, ofegando. Ergui-me. Estouraram palmas e vivas.
43 — UM CAPRICHO DE D. CARLOTA

D. João VI, que assistia à tourada do camarote real, mandou-me chamar. Falei com o Regente sem a menor comoção. Vi que era um homem de bochechas gordas e coradas. Tinha um ar camarada. Perguntou-me se eu queria ser criado do paço. Aceitei, é claro, e no dia seguinte estava metido numa libré de botões dourados. Passei a ter vida um pouco melhor.

Muitas vezes acompanhei a princesa real D. Carlota nos seus passeios de carruagem. Eu ia à boleia, muito perfilado e enfeitado. Quando a carruagem real passava, todas as criaturas eram obrigadas a parar e ajoelhar-se, estivessem onde estivessem. Eu vi lindas moças e belos cavalheiros dobrarem o joelho à passagem de Sua Alteza. Por quê? — perguntava eu a mim mesmo. D. Carlota não era uma pessoa igual às outras, de carne e osso? Todos os homens não eram iguais como nos ensinava Anchieta? Eu guardava esses pensamentos para mim. E quando ia abrir a portinhola da carruagem para a princesa descer, quase encostava também o nariz no chão.

Nas horas vagas eu apanhava algum livro e lia. Sentia agora vontade de conhecer outros povos, outras terras. Seria bem bom lutar sob as ordens de Napoleão ou sair em um navio em busca de terras distantes.

Lá por 1817 nos chegaram notícias alarmantes de Pernambuco. A ideia de Tiradentes andava ainda assombrando o Brasil. Falava-se em independência. Domingos José Martins e Domingos Teotônio Jorge estavam à frente dum movimento revolucionário que declarou a independência da Província, instituindo um governo provisório. Confesso que fiquei alegre, lembrando-me de meu amigo Tiradentes. Mas a revolução não tardou em ser abafada. Seus chefes foram condenados à morte. Mais vítimas! Mais vítimas!

Falei-lhes há pouco na agora Rainha D. Carlota, não foi? Pois um dia ela teve um capricho... Olhando por acaso um mapa, viu lá no extremo sul do Brasil um território cujo nome lhe soou bem: Banda Oriental. Manifestou o desejo de ser rainha também dessa terra. Lavrava a guerra civil nesse país. D. João VI examinou a situação. Viu que os Estados do Prata estavam cansados de repetidos ataques da parte dos ingleses. Não hesitou. Mandou invadir a Banda Oriental. Mas antes de transporem as fronteiras, as tropas de D. João VI tiveram a notícia de que a Inglaterra, intervindo na questão, conseguira a assinatura do armistício. D. João VI teve de se comprometer a não meter o real bedelho na nação vizinha. Mas quatro anos depois, caudilhos orientais praticaram depredações nas nossas fronteiras. Belo pretexto! D. João VI viu nele a oportunidade de realizar o sonho de D. Carlota.

Mandou ocupar a Banda Oriental, espichando dessa forma as fronteiras do Brasil. O Ten. Gen. Lecor marchou sobre Montevidéu. Em 1821 a Banda Oriental passava a fazer parte da Coroa de D. João VI com o nome de Estado Cisplatino.
44 — IDEIAS QUE O VENTO TRAZ...

Mas a todas essas eu não contei nada a vocês a respeito do filho de D. João VI. No entanto muito trabalho me deu ele. Chamava-se Pedro. Chegara ao Brasil com nove anos e meio. Era um rapaz inquieto e impetuoso, travesso e todo cheio de vontades. Quando ficou mocinho me escolheu para pajem. Segui-o em muitas aventuras e mais de uma vez consegui livrar o príncipe de grandes apertos.

Lá por fins de 1820 rebentou uma revolução em Portugal. A notícia estourou no Rio como uma bomba. D. João VI resolveu que seu filho Pedro partisse para Portugal para tomar conta do governo. O Rio de Janeiro estava em polvorosa. As ideias de liberdade que andavam espalhadas por todo o mundo, como que trazidas pelo vento, contagiaram os brasileiros. O que naquela época acontecia, eu não podia compreender com limpidez. Hoje vejo claro. O povo decerto raciocinava assim:

“Ora, se Napoleão com tanta facilidade tomou conta de Portugal atirando D. João VI e sua Corte para o Brasil, por que não havemos nós de com igual facilidade mandar D. João VI e seu povo para Portugal? Somos maioria. Temos direito de ser nação independente. Olhem os Estados Unidos, vejam como progride aquela terra!”

D. João VI, sem querer, contribuíra para alimentar essas ideias de independência. Criando bibliotecas, escolas, jornais, museus — dera vistas mais largas ao povo e este foi compreendendo as vantagens de ser livre, de ter regalias, de progredir. Os portos estavam abertos aos navios das nações amigas. Chegavam barcos da Europa, trazendo gente europeia, costumes europeus, ideias europeias.

Assim como nos nossos dias o cinema divulgou pelo mundo todos os costumes, a música e as coisas dos Estados Unidos da América do Norte — os viajantes que aportavam ao Brasil naquele tempo, os livros que vinham da França e da Inglaterra, os artistas que D. João VI mandava vir do Velho Mundo — espalharam por nossa terra as ideias de liberalismo.

Quando um dia o povo e as forças se revoltaram, obrigando o rei a jurar a futura constituição, eu sorri, pensando no meu amigo Tiradentes. A cabeça dele na ponta do poste era mesmo uma bandeira...

Fonte:
Érico Veríssimo. As aventuras de Tibicuera, que são também do Brasil. (Texto revisto conforme Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa em vigor em 2009). Porto Alegre: Edição da Livraria do Globo, 1937.

III Concurso de Trovas de Cachoeira do Sul/RS (Prazo: 30 de Julho de 2018)

REGULAMENTO

1. O III CONCURSO DE TROVAS DE CACHOEIRA DO SUL, promovido e realizado pela União Brasileira de TROVADORES, Seção Cachoeira do Sul, obedecerá a seguinte regulamentação:

2,  Para efeito deste concurso, entende-se por TROVA a composição poética de 4 versos (ou linhas) setissilábicos, rimando o 1º com o 3º e o 2º com o 4º, expressando um sentido completo.

3. Os temas, âmbitos e gêneros serão os seguintes:

ÂMBITO NACIONAL E INTERNACIONAL: PRINCESA (L/F)

ÂMBITO ESTADUAL: ARROZAL (L/F) – para trovadores residentes no RS.

4. Cada autor poderá enviar um máximo de 2 (duas) trovas,

      4.1. pelo sistema de envelopes, para o endereço a seguir: “a/c de Jaqueline Machado – Rua Alarico Ribeiro, 2.502, CEP 96503-268 – Cachoeira do Sul – RS.

      4.2. Por e-mail, para a fiel depositária:  concurso.cachoeiradosul@gmail.com

5. Prazo para remessa: 30.07.18.

6. Serão constituídas comissões julgadoras, compostas por trovadores de reconhecido mérito literário, para ambos os temas.

7. A premiação, composta de diplomas, será enviada diretamente aos vitoriosos via Internet. Haverá um mínimo de 3 vencedores, 3 menções honrosas e 3 menções especiais, a critério da UBT Cachoeira do Sul, em conjunto com as comissões julgadoras.

8. Os casos omissos serão resolvidos pela diretoria da UBT Cachoeira do Sul.

JAQUELINE MACHADO
Presidente

Fonte: Jaqueline Machado

sexta-feira, 6 de abril de 2018

Trova 286 - Joaquim Carlos Trovador (Nova Friburgo/RJ)

André Kondo (Poema em 1.º Lugar no Prêmio de Literatura Unifor 2018)


O poema "Sobre sementes e folhas", de André Telecazu Kondo  ficou em 1.º lugar no Prêmio de Literatura Unifor 2018, categoria trabalho inédito, e está estampado na orelha do livro "A Peregrinação das Folhas Caídas". Aqui a primeira estrofe do poema:

Penetro na surda casca do outono
As linhas do meu tronco tatuam
Cada intempérie congelada em desterro
Camadas de perdas e esquecimentos

(...)

Em 2011, o seu livro "Cem pequenas poesias do dia a dia" venceu o Prêmio Unifor.

O primeiro poema deste livro:

uma folha
brinca sozinha
dando cambalhotas
de outono


Em 2012, como parte do prêmio, André foi aos Estados Unidos. Chegou lá no primeiro dia de outono daquele ano no hemisfério norte.

A obra foi selecionada pelo ProAC e ele escreveu a narrativa poética dessa viagem.

A convite da Unifor, voltou ao Teatro Celina Queiroz para lançar o livro em outono de 2018.

"Não sei como essas coisas acontecem, como a poesia funciona, mas sei que a peregrinação das folhas caídas... sempre traz um sabor de retorno." (André Kondo)
Quem quiser conhecer a obra, que recebeu o Prêmio Vicente de Carvalho - UBE-RJ e a Bolsa de Criação Literária do Governo de São Paulo, é só pedir aqui:

https://kondo.lojaintegrada.com.br/a-peregrinacao-das-folhas-caidas-andre-kondo

O livro acompanha sementes de "Sensitiva", uma planta cujas folhas... se movem ao toque.

O sucesso desse lançamento só foi possível porque foi realizado em quatro atos:

1) 22/03, no Teatro Celina Queiroz, pela Unifor.

2) 23/03. na Monsenhor Dourado pelo SESC-CE.

3) 24/03, no Centro Universitário Farias Brito, pela Especialização em Escrita Literária da Socorro Acioli.

4) 25/03, na cerimônia do Prêmio Yoshio Takemoto pela Nikkei Bungaku em São Paulo (os últimos exemplares, que não havia levado para Fortaleza).

Link sobre a premiação:

https://g1.globo.com/ce/ceara/especial-publicitario/unifor/ensinando-e-aprendendo/noticia/21-autores-de-poesia-sao-premiados-no-premio-de-literatura-unifor.ghtml
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André Kondo é autor de vários livros premiados. Foi finalista do Prêmio Jabuti e recebeu mais de 250 prêmios no Brasil e no exterior. Filho de imigrantes japoneses, morou no Japão e na Austrália, sendo pós-graduado pela University of Sydney. Viajou por mais de 60 países em busca de inspiração, mergulhando na Grande Barreira de Corais no Pacífico, percorrendo trilhas no Himalaia, escalando um vulcão ativo na Guatemala, cruzando o Círculo Polar Ártico e os desertos de Gobi e do Atacama, navegando pelos rios da Amazônia e visitando os lugares mais sagrados e fascinantes do mundo: Jerusalém, a Grande Muralha da China, Petra, Machu Picchu, a Ilha da Páscoa, o Taj Mahal, os jardins de Lumbini, as pirâmides do Egito... “A Peregrinação das Folhas Caídas” é o seu segundo livro de poesia, que narra a sua aventura poética em busca dos grandes autores da América do Norte. Vive de literatura.

Fontes:
Texto sobre a premiação obtido no Facebook de André Kondo
Livraria Kondo