domingo, 6 de fevereiro de 2022

Isabel Furini (O Chapéu na literatura)

“Pode ser até que nem mesmo o chapéu seja complemento do homem, mas o homem do chapéu.”
  Do conto: Capítulos do chapéu de Machado de Assis

Falar de chapéus é falar de um acessório que, além de proteger a cabeça do Sol e do vento, pode aumentar o glamour das pessoas. Em literatura elementos como bolsas, relógios, luvas, bengalas, chapéus e outros, podem servir para destacar a singularidade de algum personagem.

Em alguns locais do mundo as festas de casamento exigem que as mulheres escolham elegantes chapéus. O chapéu é muito usado nas históricas cidades da Europa, como Londres, por exemplo, onde as nobres cabeças são muitas vezes ornadas com belos chapéus - como símbolo de elegância.

Um chapéu tem que ser adequado para o tipo de rosto, para potencializar o charme... e até a altura. Sim, segundo alguns autores essa era a função do chapéu de Napoleão: torna-lo mais alto aos olhos dos outros.

Na literatura o chapéu também fez sua aparição em grandes livros. Por exemplo, quem não lembra de Sherlock Holmes, o famoso detetive inglês e seu chapéu. Miss Marple, a idosa também detetive, usava um chapéu surrado.

Talvez como disse Machado de Assis no conto citado (Capítulos do chapéu): “O princípio metafísico é este: — o chapéu é a integração do homem, um prolongamento da cabeça, um complemento decretado a eterno; ninguém o pode trocar sem mutilação.”
 
E qual é essa força que o chapéu empresta ao ser humano? É força da escolha, de se distinguir, singularizar. Um homem de chapéu destaca-se na multidão.
 
Também em livros infantis aparecem personagens usando chapéus. O chapeleiro louco do livro Alice no País das Maravilhas usa uma cartola muito especial, com um pano amarrado e uma carta. Também podemos lembrar de Chapeuzinho Vermelho. E as bruxas? Elas quase sempre estão representadas com um chapéu preto pontudo. Já os gnomos são representados com um gorro colorido. O imaginário representa Papai Noel, também com um gorro.

Dick Tracy, Indiana Jones e Freddy Krugger (personagem de A Hora do Pesadelo) são caracterizados usando chapéu.

A belíssima Brett Ashley, na obra O Sol Também se Levanta, de Ernest Hemingway, usava um chapéu masculino sem perder a feminilidade. Ao contrário, com esse ornamento a sua beleza e sensualidade pareciam aumentar.

Em O Lustre de Clarice Lispector, um chapéu é citado no início da história. No final Virginia, a protagonista, morrerá e será reconhecida por aquele chapéu marrom. O chapéu adquire um simbolismo especial. É como um personagem do livro.
 
O romance de Menalton Braff, Moça com Chapéu de Palha (2009), também traz a imagem de uma mulher usando um chapéu. Em A Insustentável leveza do ser, de Milan Kundera, lemos: “Por isso, quando Sabina colocou diante dele o chapéu-coco na cabeça...”

Bill McGovern, o personagem de Stephen King também usava chapéu. Lemos: “O chapéu marrom surrado que estava usando lhe dava um ar elegante, como o de um repórter de filme policial dos anos quarenta.” (...)

Os Três Mosqueteiros de Alexandre Dumas usavam chapéus de abas largas com uma pluma decorativa.

Em Don Quixote de la Mancha lemos: “Como no caminho lhe começou a chover, receoso ele de que lhe estragasse o chapéu, que naturalmente seria novo, pôs-lhe por cima a bacia.”
 
Um fato interessante é que na cidade de Oviedo (Astúrias) Espanha, existe um concurso e literatura chamado Cuentos e Sombreros (Contos e Chapéus), promovido pela chapelaria Albiñana.

O chapéu, como acessório dos personagens e como elemento que pode revelar um forte simbolismo, já conquistou o seu espaço na cabeça de alguns protagonistas e de seus autores.

Grande ou pequeno, masculino ou feminino, elegante ou bizarro, o chapéu pode ser encontrado não só nas vitrines das chapelarias, mas também na literatura.

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