ouça bem o que lhe opino:
– Pense mais no que professa
e fabrique seu destino.
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Aos meus caros notifico,
com claros sons de clarim,
toda a paz que lhes dedico
vem do céu, não vem de mim!
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Com toda esta minha idade
aventurei-me no amor
e a desgraça da saudade
não me fez nenhum favor…
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Contemplo meu sol de outono
e as borrascas deste mar;
confesso o triste abandono
num amargo lamentar…
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Da antiga infância... que sinto?
Juventude? Não provei...
Se falo em saudade... eu minto!
Lembro só... quanto chorei...
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De alegria singular
governante tem a glória
persistente e popular
quando faz da paz, história...
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De tornar ao meu passado,
sonho até com mais vontade;
mas do amar sem ser amado
é impossível ter saudade.
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Deus dos céus, oh! sol fulgente,
santa paz da eternidade;
dá-nos esse grão presente:
a luz da fraternidade!
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E do amor tanto se fala,
se escreve e nada se sente;
esta trova não se cala
e haverá quem a desmente?!
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Enrugado e impopular
como fole de sanfona,
corre o risco de ficar
quem o amor só coleciona.
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Gostaria de esquecer...
Ser-lhe igual... Nada sentir...
Mas... Qual! Bem sei que vou ter
a saudade a me oprimir!
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Há nos céus menos estrelas
do que os versos que eu cantei;
nosso amor vai surpreendê-las
com os beijos que lhe dei...
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Há quem culpe seu destino
pelas desgraças que enfrenta,
mas esquece o desatino
da má vida que fomenta!
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Lancei sementes de paz
para ver da guerra o fim
e o triunfo que perfaz
toda fé que existe em mim...
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Livros teus, abraça forte
se cultura queres ter;
coisas fúteis, dá-lhes corte
deixa de moleque ser!
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Melancólica estação
das cores esmaecidas
gera alguma inspiração
no outono de nossas vidas…
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O destino pode ser
a desculpa do fracasso
daquele que julga ter
uma pedra em cada passo.
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O sincero sentimento
faz cantar nova canção,
sopra à vida o vivo alento,
quando o amor cala a razão.
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O vento derruba as folhas,
fez o tapete no chão
do outono que, sem escolhas,
pôs rimas numa canção…
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Quem a paz deseja ter,
honra e valor conquistar,
procura não se envolver
no ato que o mal lhe insuflar!
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“Queres paz? Prepara a guerra!”
Funesto lema romano!
Faze assim e... pobre Terra...
e... do que é chamado humano!
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Sem meus pais e irmãos aqui;
e os amigos que partiram,
por saudade traduzi
tanta dor que me impingiram...
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Sempre foi o meu destino
ser calado e assim sofrer;
nem a fé, num descortino,
fez-me a vida bendizer...
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Somos todos criaturas
pelo amor de Deus gerados;
Ele nos vê das alturas
e nos faz apaixonados...
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Temos o exemplo no mundo,
– livre de qualquer domínio –
da paz, de um jeito profundo,
dos seres sem raciocínio!
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Todo afeto se alivia
no cantar ou no sofrer
e a saudade, em sintonia,
faz-nos trovas escrever...
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Um amor ou outro eu tive...
Conto-os nos dedos da mão;
me foram joias de ourives
que perdi por precaução.
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Fonte:
https://www.asesbp.com.br/TROVADORES/indice%20trovadores.html
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