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terça-feira, 19 de novembro de 2013

Eliana Ruiz Jimenez (Outros Versos)

HAICAIS E TERCETOS

Escritos na PRIMAVERA


Bem-te-vis em pares
preparam ninhos nos postes.
Em alta tensão.

Ah... o impressionismo...
Diante de mim, Monet
emoção etérea.

Rolinhas se enroscam
nas palmeiras do quintal.
Ovinhos à vista.

Trabalho, trabalho.
Formigas em carreirinha
levam folhas verdes.

Vida em tons pastéis
até encontrar seu olhar.
Paleta de cores.

Mais um dia nasce.
E esse amor que me vigia
é a luz da manhã.

Gorjeia em triversos
o trinca-ferro do sul.
Poeta do bosque.

Incessante chuva.
Em dia de escuridão
as luzes acesas.

Dissolve as estrelas
uma luz no firmamento.
O sol da manhã.

Estrelas do mar,
a maré nunca mais trouxe...
Detritos na areia.

Tantos professores
abriram nossos caminhos.
E quem abre os deles?

A sapa sapeca
sapeou pela lagoa.
E engirinou!

Teatro giratório.
Há lugar para sentar
em palco de sonhos?

Escritos no VERÃO

Deixar-se levar
é viajar sem e-tickets.
Pensamentos bons...

O verão, em férias,
acinzenta o céu e o mar.
Guarda-sóis guardados.

Moradas no morro.
Chove muito, chove mais,
morro abaixo, morte.

Boiando no rio
um sofá é entregue ao mar.
E quem vai sentar?

Escritos no OUTONO

Poeta na praia,
voyeur em noite encantada.
Excessos da lua.

Luona no mar
tinge de prata o horizonte.
Presente de maio.

Nuvens versus sol,
luta no ringue do céu.
E quem vencerá?

Lua em perigeu
gera preciosas saudades.
Reflexos no mar.

Voltaram as nuvens,
a luz cansou de brilhar.
Feriado solar.

Perigeu no mar
tinto de prata o horizonte
presente de maio.

Outono abre alas
para o sol quase verão.
Graça da estação.

A luz acanhada
dilui-se em serena alvura.
Procissão de nuvens.

Ameno domingo.
Bocejam as criaturas
na lenta manhã.

Doces caramelos.
Tantos sabores da infância
em tardes sem culpa.

Orgulhoso o sol
ostenta a pinta no rosto.
Passeio de Vênus.

Escritos no INVERNO

O frio de junho.
Casacos livres do armário
desfilam na rua.

Na tarde sisuda,
o vento arrepia as folhas
Chocolate quente.

Os balões no céu
já não são mais inocentes.
Florestas em chamas.

Dia em tons de cinza.
Num ninho de cobertores,
o calor das cores.

Marasmo diário.
Na rede do pescador,
garrafas e latas.

Fios por toda parte
levam notícias e sonhos.
As pessoas ficam.

Na história, o grito
lá nas margens do Ipiranga...
Hoje só detrito.

No carro de som
a propaganda política.
Vai ganhar no grito?
————-

POEMAS

ENCANTAMENTO


Encantamento.
Sobrevoo o mundo real
sem querer pousar.
A brisa leve me leva
sobre um mar de lembranças
da paisagem de sonho.
Dunas intocadas,
águas transparentes.
Verão.
A torre me dá instruções,
aterrissar é necessário.
Vou descendo
devagar, divagando.
Amenizo a reentrada
com um pensamento:
Vou voltar
sempre que puder
sempre que Deus quiser...

PERMITA-SE
O que é o presente
Senão o vão momento
Que o passado já engoliu?

O que é o futuro
Indelével destino
Que não se pode controlar?

Permita-se
Sentir a brisa,
Olhar o horizonte
Esperar a primeira estrela.

Permita-se
Beijar hoje
Não trabalhar
Esquecer as obrigações.

Permita-se
Sorver um bom vinho
Uma boa companhia,
Jogar conversa fora.

Permita-se
Acreditar no amor,
na sorte, no destino
e na bondade das pessoas.

Permita-se.

ESCRITÓRIO
Escritório
Sina de todo dia
Multidão comprimida
Na total monotonia.

A porta fecha
Deixando a vida lá fora
O relógio é moroso
E a saída demora.

Presos na caverna de luxo
Onde o sol não entra
Onde a chuva não molha
E até o ar é condicionado.

Escritório
Robôs de crachás
Sem pensamentos, sem vontade
Sem individualidade.

As melhores horas
De muitos dias
Em troca da breve alegria
Do dia dez.

O MURO

O muro gelado
Separa a cidade
De um lado a mentira
E de outro a verdade.

O muro mesquinho
Divide o amor
De um lado ele é puro
No outro é dor.

O muro pichado
Esconde a alegria
De um lado é noite
De outro é dia.

O muro maldito
Separa os humanos
De um lado carentes
De outro insanos.

O muro é eterno
E faz parte de nós
Deixando os homens
Isolados, a sós.

VEM E VAI

É a onda que vem
Vem e vai.

Como a cheia do rio
Que sobe e se esvai.

É a lua que surge
E depois se retrai.

Como o homem que nasce
Morre e “bye”.

É o ciclo da vida
Vem e vai.

Como o sol que nasceu
Sobe e decai.

É o amor que chegou
Entra e sai.

Mas a dor que deixou
Dói demais.

AGORA

Agora posso respirar
E sorrir
E jantar.

Agora posso ir
Pra um lugar
Divagar.

Agora posso ver
O meu eu
Renascer.

Agora posso parar
De sonhar
E lutar.

Agora estou livre
Para ser
E vencer.

Agora estou bem
Para o ano
Que vem.

MENINO POBRE

Menino pobre
Da noite quente
Abandonado
Menor carente.

Menino pobre
Da noite nua
Necessitado
No olho da rua.

Menino pobre
Do pé descalço
Chutando lata
Pela calçada.

Menino pobre
Menino sujo
Vagando triste
Um moribundo.

Menino inquieto
Girando o mundo
Sem casa e roupa
Sem mãe nem pai.

Menino triste
Pra onde vai
O que vai ser
Quando crescer?

MAR

Ventos
Valsando
Voltam
Vagando
Trazendo
O barulho
Do mar.

Brisas
Soprando
Ondas
Tragando
Fazendo
A beleza
Sem par.

Canários
Cantando
Aves
Voando
Planando
A leveza
Do ar.

Praias repletas
Luzes, atletas
Completam
Essa vida
No mar.

FOSSA

Sai dessa fossa, menina
Que isso não tem remédio
O que está feito é passado
E o passado só leva ao tédio.

Se as coisas dão errado
Se a sorte te despreza
Não fuja, não vá de lado
Vá em frente que não pesa.

Sai dessa fossa, menina
Que chorar não adianta não
A vida tem dessas mesmo
Mas chorar não é solução.

Deixe de caminhar a esmo
Pare de se sentir errada
As coisas acontecem para o bem
Não há mal que resulte em nada.

Existe um horizonte além
Dos conflitos do dia-a-dia
Sai dessa fossa, menina
Olhe em frente e sorria!

TALVEZ

Talvez seja esse
O amor que procurei por toda a vida
Que pedi às estrelas
Que pedi aos santos
Que procurei nos cantos.

Talvez seja esse
O amor que sonhei da despedida
Quando descobri o engano de um amor trocado
E senti o sofrimento sem pecado.

Talvez seja esse
O amor que me fará forte
E de tão forte me fará fraca
Por ter meu coração entregue à sorte.

Talvez seja esse
O amor que me fará feliz
E será firma e será tão sólido
Que poderemos formas nós dois
Um só tronco, uma só raiz.

Talvez seja esse, finalmente
O meu caminho, o meu destino
A chave que libertará do meu peito
Todo o amor que eu tenho para dar
A recompensa por querer tão somente
Partilhar de um sentimento sincero
A realização do simples, porém complexo
Desejo de amar.

Talvez seja esse, talvez…


Fonte:
poesiasurbanasetrovas.blogspot.com

Eliana Ruiz Jimenez (1960)

Eliana Ruiz Jimenez, nasceu em São Paulo, Capital. 

Com formação em Letras e em Direito, exerce a advocacia em Balneário Camboriú/SC.

Ligada a entidades de proteção ao meio ambiente, faz parte da Comissão de Meio Ambiente e Urbanismo da OAB.

Suas incursões literárias vão das crônicas a poesias livres, trovas e literatura infanto-juvenil.

É autora do livro “A tropa do ambiente em a internet do futuro”.

Tem vários trabalhos disponibilizados nos seguintes blogs:

poesiaemtrovas.blogspot.com (Trova-legenda)
elianaruizjimenez.blogspot.com (crônicas)
poesiasurbanasetrovas.blogspot.com (poesias livres e haicais)

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Luiz Eduardo Caminha (Poesias Escolhidas) II

Reflexões poéticas ou nada poéticas sobre o Inverno

Inverno 1


Cruel,
Sisudo,
Padrasto.

De mim?

Carrancudo,
Casmurro,
Sofrido.

Teu corpo?

Se amolda,
Me aquece,
Me envolve,
Me cobre.

Só tu,
Mulher,
Podes ser
Meu Sol!

Inverno 2

Frio intenso.

Na estepe
De minha mente
Nada cresce.

Nem mesmo
Um poema -
Que me aquece –
Que me aqueça!!!

Porventura...

Inverno?
Não rima
Com estéril?

Deveria!

É isto
Qu’ele faz:

Até a mente
Tolda,
Congela,
Nada produz!

MÍNIMO

Tu és,
Mulher,
No
Inverno,
Meu
Sol.
Meu
Verão.

AMENIDADES

Coisas boas do Inverno:
Uma cama bem quentinha,
Um ar quente no máximo,
Um café de pelar a boca
...

Só prá continuar
Debaixo dos cobertores.

Nada disto é melhor
Que a areia leito de uma praia,
Um Sol de verão,
Uma água de coco bem gelada,
De doer os dentes.

...

Quem gosta de frio e neve
É pinguim, urso polar e esquimó!

LUA INVERNAL

Até a lua,
Amante dos boêmios,
Companheira dos notívagos,
Se acoberta;
Agasalha-se de nuvens,
Névoa,
Neblina;
Esconde-se
Do frio gelado.
Mas está lá!
Pronta, à espera,
O poeta sabe.

ORFANDADE

Eu não imaginava
Ficar órfão tão cedo.
Aliás, eu nunca
Imaginei-me um órfão.

Estou nos cinqüenta e oito,
Quase cinqüenta e nove,
Primeiro meu pai,
Tristeza, melancolia.
Depois um irmão,
Dor, sentimento.
Mas ainda tinha uma mãe.
O fel da dor compensava!

Daí... ela resolveu partir,
Bateu asas
Como um pássaro,
Uma borboleta
Foi ao encontro dos seus,
Do outro lado.

O velho útero,
Sacrário dos filhos,
Já não vivia.
O cordão umbelical
Definitivamente se partira.
Um silêncio ensurdecedor,
Eco de uma ausência.

Foi aí que senti a orfandade.
Ficou fácil entender saudade.
Tão fácil! Tão amarga!
Sem graça, senti-la!

A Hamilton e Edy, meus pais, 1 ano depois que ela partiu para encontra-lo e reverem, juntos, meu irmão!

ESPECTRO

Foto noturna,
Riscos de luzes,
Rasgos melancólicos,
Soturnas lembranças.

Lúgubres sombras,
Espectros famélicos,
Andanças perdidas,
Descoloridas!

Uma tela disforme
Retrata a fome.
Miséria cansada
Da exclusão.

Quem vai parir o amanhã?
Quem vai colorir a vida?
A Esperança? Último grito de Pandora?
Ou a certeza? Dum triste futuro possível?

A argamassa, massa dos pobres,
Pão amanhecido, amolecido
Pelo suor diário de desatinos.
Faina diuturna, sede insaciável
De Justiça... e Paz, enfim!

Um Sepulcro futuro e garantido,
Repleto de sonhos, sussurros,
(Caiado pela hipocrisia)
Resta como digno descanso!

SONHOS

Estás louco poeta?
Queres tu imaginar,
Que o imponderável
Acontece?

Sonha, sonha, oh! Poeta.
Ainda bem que dormes,
Melhor: existes.
E sonhas...
Poesias!

Fonte:
http://caminhapoetando.blogspot.com.br/search/label/meus%20poemas

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Luiz Eduardo Caminha (Poemas Escolhidos)

VELEJADOR

Um barco.
Uma vela (branca).
Uma aragem.
Oceano.

Lá se vai,
o poeta velejador!

Um lápis.
Uma folha (em branco).
Um sopro.
Pensamento.

Lá se vai,
velejando o poeta!

Mar.
Vela.
Folha.
Versos.
Tudo se lhe assemelha!

Um remo.
Um lápis.
Um, quase nada.
Outro, quase tudo.

OUTONO

O compasso da vida
Me abre os olhos,
A bruma cobre,
Densa, silente,
O leito do rio,
A roupagem da mata.

A brisa fresca da manhã,
Faz a pele aquecida,
Contrastar com a natureza,
O calor do corpo, da noite.

A vida,
Parte deste ar outonal,
Desperta alegre,
Aos primeiros raios,
Do astro rei.

Num cochilo do tempo,
De repente,
Como se um hiato houvesse,
A névoa some,
A mata descortina seu verde,
É manhã.

O céu azul límpido,
Perpassa à bicharada,
A onda cálida,
Do novo dia.

A sinfônica dos pássaros,
A voz dos bichos,
A melodia das águas,
Serpenteando a corrida do rio,
Misturam-se ao som,
Barulho da cidade.

O tempo passa,
A tribo humana,
Segue seu passo.
A natureza aguarda,
Como mágica,
A volta do crepúsculo,
O sumir do novo dia.

AMIZADE

Uma estrada que acaba,
Num ponto do horizonte.
Um cais que finda, no infinito
Que é mar,
Um feixe doirado refletido. Do sol.
No oceano sem fim,
Uma canoa, um pescador. Solitários,
Solidários navegam.

Como guia o feixe prateado.
Da lua,
O luar.

Tudo, tudo é infinitude,
Tudo, tudo leva. (Todos).
A algum ponto. Distante.
Horizonte de esperança.

Um fio, como se fosse de espada,
Conduz, passo a passo.
Qual equilibrista,
Na corda de arame.

Certeza mesmo, uma só.
Haverá lá no fim,
Alguém.
Um amigo,
Um abraço,
Um ombro,
Um teto a nos colher.

Amizade.
Um meio?

Um fim.

NATL MENDIGO

Natal lembra um novo rebento,
Esperança que o mendigo sente
Triste alegria que se faz semente
Fé convertida, novo advento.

Natal estrela que lhe alumia
Por mais que lhe sofra a dor parida
Molhe o rosto a lágrima furtiva.
É menino, caminho que nos guia.

Natal é partilha do pão dormido
Que aplaca a fome do desvalido.
É felicidade quase certa.

Até que soe o sino da manhã,
Que volva mendaz a esperança vã.
Sonho vai. O mendigo desperta.

RAÍZES

Que seja ela,
A poesia,
Firme como a árvore.
Embora estática
Finca raízes,
Suga da terra...

E mostra, um dia
Nas folhas e frutos,
A razão que a move.

Que exprima ela,
A poesia,
Como a árvore,
Da seiva, o fruto.
Rabiscos de letras,
Amores e paixões,
No leito virgem, papel,
O seu doce cantar.

Sobretudo,
Que seja ela,
A poesia,
Como a água
Que se move
Corredeira abaixo.
Busca mar oceano,
Onde singram velas,
Horizontes sem fim...

FONTES

Lua cheia,
Estrelas que faíscam,

Sol nascente,
Poente eterno,

Fontes inspiram,
Respiram,
Poesias.

SONHOS

Estás louco poeta?
Queres tu imaginar,
Que o imponderável
Acontece?

Sonha, sonha, oh! Poeta.
Ainda bem que dormes,
Melhor: existes.

E sonhas...
Poesias!

PRENÚNCIO DE VERÃO
Que os ventos de Agosto,
Tão frios cá no Sul,
Tragam breve, a gosto,
O céu de Primavera, azul.

Pássaros a cantar,
Ninhos a fazer, então,
Amores a desbravar,
Prenúncio de verão.

POEMÍNIMO


no
sul
é

frio
que


quiçá
saudade
do
verão

é
tão
frio
que
não

pra
mim
mas

um
bom
surf
prá
pinguim

RODA DE VIOLA

O som,
Enche de romantismo,
O ambiente cálido
Da cantina acolhedora.

Lá está êle,
Cinquenta anos após,
A dedilhar as notas
Que lhe mandam o coração.

Olhos cerrados,
Cabeça inclinada,
Violeiro e Violão,
Misturam-se ao transe,
Da platéia; apoteose.

As mãos,
Aquelas mãos cheias de rugas,
Dedos finos,
Mostram um movimento frenético.

O toque suave,
Compasso a compasso
Sobre as cordas do violão,
Embaraçam solos e arpejos,
Maviosa sinfonia.

A seu lado,
Um copo de cerveja,
Um bandolim afinado,
Uma mesa vazia.

A platéia delira,
Canta contente :
Naquela mesa,
Eles sentavam sempre...

P.S.: Homenagem aos anônimos boêmios, a Jacó do Bandolim e a Velha Guarda, que fizeram da música brasileira, o romantismo, que até hoje, embalou tantas décadas.

Fonte:
http://caminhapoetando.blogspot.com.br/search/label/meus%20poemas

sábado, 27 de abril de 2013

Gislaine Canales (Caderno de Trovas)

A minha vida é uma Trova,
trova de ilusão perdida,
pois a vida é grande prova,
que prova a Trova da vida!

Amor à primeira vista,
foi isso, mar, que eu senti!
Ninguém há que te resista,
quando está diante de ti!

Caminhei pelo infinito,
vaguei por milhões de espaços...
Até lá estava escrito
o meu regresso aos teus braços!

É contrastante a ironia,
nesta verdade contida:
lindo o entardecer do dia,
triste o entardecer da vida!
 
É mais que um deslumbramento
ver o sol nascer no mar,
é mágico esse momento
que vem as águas dourar!

Eu gosto de navegar
nesse mar de azul infindo
formado por teu olhar.
Não existe mar mais lindo!

Não posso viver em vão,
eu preciso um filho ter,
plantar em fecundo chão
e um livro bom, escrever!

Nesta vida tão inquieta,
o meu consolo é pescar.
Sou pescadora – poeta,
que pesca versos no mar!

Numa troca de carinhos,
dois sorrisos se irmanaram,
e os dois, antes, tão sozinhos,
juntos, pra sempre, ficaram !
O brigadiano velhinho
gemia e quase chorava,
quando a velha, de mansinho,
seu cacetete... lustrava!  
 
Olhando o mar, eu diviso,
a areia branca a esperar
um beijo feito sorriso,
que as mansas ondas vêm dar!

Olhava o mar com temor,
numa espera preocupada:
nem peixes...nem pescador!
Tão só o vazio do nada!
O magro e a magra dançando...
Osso com osso batia...
E quem estava escutando
pensava ser bateria...

O magro era tão magrinho,
magrinho de fazer dó...
seu pijama listradinho
era de uma listra só!

O mais bonito sorriso,
que eu ganhei, cheio de afeto,
revelar nem é preciso !
Foi do meu primeiro neto!

O meu viver enfadonho,
só de amarguras composto,
põe as rugas do meu sonho
sobre as rugas do meu rosto!

O trovador que em verdade,
faz da trova uma oração,
coloca com amizade
“A trova no Coração”!

Para mim, não há segredos,
meu mar, de infinito azul,
nós convivemos sem medos,
nas belas praias do Sul!

Quero cantar pelo espaço
e, nas estrelas, rever
todas as trovas que eu faço.
Trova é prece em meu viver!

Sou pescador de ilusões,
e nesse pescar me ponho,
conquistando corações
com os anzóis do meu sonho!

Sou tão triste e tão sozinha,
que o eco do meu lamento,
desta saudade tão minha,
escuto na voz do vento!

Um bombeiro consciente,
alto, loiro, bonitão,
apaga o fogo da gente
mesmo sem água na mão!

Um gemido de dar medo,
eu ouvi... que coisa estranha!
Cravou o espeto no dedo,
em vez de ser na picanha! 

 Um segredo que me assusta:
-Não saber, se após a morte,
há uma vida boa e justa,
que não dependa da sorte!

Vamos a vida encantar
com nossa Trova querida,
e na Trova, então cantar,
um hino de amor à vida!

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Pedro Du Bois (Poemas)


FUTURO

Não havia o traço esbranquiçado
rasgando o firmamento, nem a britadeira
e o caminhão misturando cimento e areia:

manualmente transportados
manualmente contados
manualmente colocados
blocos de pedras
superpostos
sobrepostos
erguiam paredes
em pequenos arcos
de telhados

sobre o topo o homem
sonhava traços de fumaça
cortando o firmamento.

HÁBIL

Hábil, rabisco verdades: levo o pão
sob o braço, comida faltante na mesa
do pai. Ofereço minha habilidade
desferida em tiros: atiro a esmo
nos cadáveres deixados. Vou
pelo caminho acrescentado
(no bolero reencontro os passos) 
onde me encontro na habilidade
recíproca do renascimento.

FABULAÇÕES

Da desmoralizada fábula 
retiro a lição antagônica 
do ato

fujo em cigarras
jogadas ao vento
na derrubada
da casa

(pela enésima vez
ofereço ao pastor
o lobo despedaçado)

no final da história
retorno em alisadas
frases. Em cada começo
reencontro a farsa.

SUBMISSÃO

Submeto o poder
ao gesto de renúncia

anuncio ao vento
a água fervente
da conversão anímica
dos espíritos corporificados

da renúncia retiro a verdade
escalada em elevados tetos

cubro a história em divisões
estéreis e no consenso
sei do início:

o poder sucumbe ao encontro
no desprazer da morte
em sequência.

A CONCRETUDE DA CASA

A casa se esforça em cumprimentos.
Mimética, esconde fissuras e a parede
desbotada do passado; reafirma cores
inexistentes, ilude; ouve as pessoas 
dizerem da vida lá fora e lembra 
sua construção: a edificação exige 
equilíbrio e graça na modificação 
dos materiais, na sobreposição
das lajes, no colocar tijolos e no cobrir
o corpo em telhado; a casa conhece 
cada pedaço do seu todo: as junções 
vitais dos encanamentos e a energia 
referida ao uso das utilidades.

RUDIMENTOS 

O corpo tosco, ideológico, a bebida 
barata do bar da esquina, o olhar
inerte sobre a toalha: a lembrança
é mortalha viva do intelecto e o longo
caminho percorrido no alongar o físico;
o contato contamina o todo destinado
e aos ouvidos se rebelam sons inaudíveis;
repete o gesto com que bebe o líquido,
repete as vezes despretensiosas da saudade;
reafirma ao homem da outra mesa a incerteza
da sobrevivência: ideológico, destila o humor
esbranquiçado da verdade: o homem ao lado
faz de conta que não é com ele e bebe
aos santos de todos os sábados.

PRÓDIGO

Destraçar o caminho
replantado na grama
sob os passos

desconsiderar o avanço
e retornar em plácido
andar de retomada

esquecer o desenho
mapeado em escuros
tesouros inatingíveis

ser diletante: pai e mãe
a recolocar no alpendre
espantalhos ao espantado
o filho.

Fonte:
O Autor

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Vivaldo Terres (Como Posso Viver)

Como posso viver sem teus carinhos.
Se contigo, vivi dias cheios de felicidade.
Cheios de luz, paz e sem saudade.

Agora tudo mudou
E porque mudou... tu sabes o porquê.
A saudade é demais preciso te ver.

Simplesmente partiste, fugiste de mim.
Deixando-me sozinho me ferido coração.
Cravando-o de espinhos

A tristeza invade meu ser!
Eu não mais vivo e tu sabes por quê.
A saudade é demais preciso te ver

Não me digas não quero, não posso te ver!
Estou com outro alguém já não amo você.
Do meu triste passado prefiro esquecer...

Fonte:
O Autor

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Neida Rocha (Vem me Buscar)

Busco as estrelas.
Quero te encontrar.
Busco teu rosto
na multidão.
Não te encontro.
Sei que estás
em outro mundo
e clamas por mim,
como eu clamo por ti.
Sei que já fomos um só.
estamos separados
Por nossa própria culpa.
Quero te reencontrar.
Busco teu rosto,
mas sei que na multidão,
não estás.
Sei que vives sozinho
em teu mundo,
assim como eu,
vivo sozinha
na multidão.
Me espera.
Estou indo.
Mas se a saudade
for muita,
vem me buscar.

Fonte:
A autora

domingo, 12 de fevereiro de 2012

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Efigênia Coutinho (Flor do Pecado)

Nesta dança ardente em chamas alma desperta
E serpenteia todo o meu corpo em sedução,
Como num jogo, incendeia a pele em descoberta
Propenso a exalar o incenso da louca paixão...

O ardor em mim instalado vira um braseiro
De rubro sentir, que toda pele se inflama
E a entranha ardente, deste fogo é o picadeiro,
De onde se devora ao leito desejos,de toda trama.

E em cada beijo sedutor todo o nosso sonho,
Acalenta audaz o desejo dessa entrega total...
E na vontade de ser possuída componho,
Ao corpo a chama deste sentir seqüencial.

Agiganta-se dentro de mim o teu ser agrilhoado,
E no meu íntimo a chama ardente em sinfonia,
Exala de todo o ser o aroma da flor do pecado,
Em desejos ardentes numa eloqüente sincronia!

Fonte:
Poema enviado pela autora

Efigenia Coutinho (Trovas Avulsas)

Meu pescador enlaçado
quero todo o teu carinho,
 sonho um abraço apertado,
vou me perder no caminho.

Os teus sonhos reluzentes
de ternura e emoção,
são como enredos fluentes
pescando nossa emoção.

Acreditando em Deus, fui
pescando meus sonhos sim,
e lá onde o sonho flui,
encontrei você em mim!

Voltar sonhar, não me peças...
perderia a insensatez,
creria em  tuas promessas
p’ra arrepender-me outra vez.

Essa foi a trova classificada com Menção Especial:

Os teus sonhos reluzentes
de ternura e emoção,
são como enredos fluentes,
pescam nosso coração.

Fonte:
Trovas enviadas pela autora

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Eliana Ruiz Jimenez (Tarde no Molhe)


Uma tarde de inverno parecendo primavera. Bênção da estação para uma cidade que vive do turismo e das boas previsões do tempo.

No canto sul da praia há um molhe, uma extensão feita de pedras que adentra no mar, dando aos pescadores esportivos um lugar privilegiado para lançarem suas tralhas sofisticadas e fisgarem minúsculos peixinhos que assim perdem a chance de crescer.

O molhe também separa as águas do rio das águas do mar e o motivo principal dessa necessidade de deixá-las bifásicas é o fato do esgoto urbano não receber o tratamento devido na sua totalidade e, clandestinamente ou não, acaba sendo despejado na água doce.

As famílias lotavam o agradável recanto naquela tarde e as crianças divertiam-se no parquinho, andavam de bicicleta, empinavam pipas, nadavam. Outras comiam milho cozido e pipoca acompanhados de água de coco.

As mães entretinham-se nas lojinhas de artesanato e os pais tiravam fotos e conversavam, sentados nos bancos de madeira maciça, observando os caríssimos iates que passavam em direção ao mar aberto.

Seria um final de semana normal, não fosse o que vinha boiando no rio; primeiro algumas, como num abre-alas, depois muitas e seguidas de centenas de garrafas pet, além de embalagens de produtos de limpeza, potes de margarina, copos descartáveis, espuma, isopor e outros materiais não identificáveis, mas que também boiavam nesse ondular grotesco.

Um pai que fotografava o filho baixou a câmera sem acreditar no que via. As bicicletas pararam e as pipas enrolaram-se no céu. As pipocas caíram dos saquinhos e as mães puxaram rapidamente para fora da água as crianças que nadavam.

Lentamente, todos os que ali se divertiam vieram à margem do rio e observaram em silêncio o que era levado pela correnteza em direção ao mar.

A cidade ficou menos turística naquele momento e quem ali estava desejou estar em outro lugar.

O sol já se punha por detrás dos prédios da orla em um anoitecer alaranjado. No horizonte a primeira estrela despontava com seu brilho.

As pessoas ficaram ali paradas, estupefatas diante do próprio descaso, num jogo de empurra em que cada um não faz a sua parte pensando que somente o outro deva se incomodar com isso.

E na cidade onde os moradores misturam todo o lixo numa mesma embalagem, embora seja disponibilizada a coleta seletiva, os observadores se deram conta de que os descartes, mesmo não mais estando em suas casas, permanecem no meio ambiente, poluindo, deteriorando, prejudicando os ciclos da natureza.

Noite adentro continuou aquela procissão de detritos levados ao mar, nas incontáveis embalagens plásticas que testemunharão nos próximos 500 anos, em seu lento e imperceptível degradar, o fortuito destino da humanidade.

Fonte:
http://elianaruizjimenez.blogspot.com/

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Lausimar Laus (1916 – 1979)


Lausimar Maria Laus nasceu na cidade de Itajaí, SC no dia 16 de abril de 1916. Filha de Pedro Paulo Laus – oficial da marinha mercante condecorado por participar das duas Grandes Guerras Mundiais – e, Maria Stuart Laus – professora do ensino elementar. Foi casada duas vezes, sendo que ficou viúva do oficial do exército Sílvio Conti Filho.

Teve dois filhos: Gualberto e Eli. Em muitos documentos Lausimar Maria Laus é citada pelos nomes Lausimar Laus Gomes e Lausimar Laus Conti. Contudo, adotou o nome artístico de LAUSIMAR LAUS.

Lausimar estudou na Primeira Escola Mista da Barra do Rio e depois se transferiu para o Grupo Escolar Victor Meirelles. Na década de trinta seguiu para Florianópolis onde a cinco de dezembro de 1936 se formou normalista pelo Instituto de Educação. Ato contínuo, Lausimar se transferiu para o Rio de Janeiro, onde iniciou vitoriosa carreira como escritora, educadora e jornalista

No Rio de Janeiro Lausimar trabalhou no Ministério da Educação e Saúde e ingressou no magistério público no ano de 1944. Foi também no Rio de Janeiro que publicou seus primeiros versos no ano de 1942, com o título de CONFIDÊNCIAS.

Em 1948 publicou seu primeiro livro de contos direcionados ao público infantil: HISTÓRIAS DO MUNDO AZUL.

Em 1952 Lausimar ganhou o segundo lugar no concurso da Academia Brasileira de Letras, categoria teses. Como prêmio publicou em 1953 o livro: O ROMANCE REGIONALISTA BRASILEIRO.

Na década de cinquenta intensificou suas atividades no campo da literatura e jornalismo.

Em 1953 publicou BRINCANDO NO OLIMPO e em 1958 publicou o livro de contos FEL DA TERRA. Nesta época colaborou com vários jornais e revistas literárias modernistas, inclusive com o afamado grupo literário de Florianópolis, o GRUPO SUL.

Osvaldo Ferreira de Melo no livro Introdução à História da Literatura Catarinense inclui Lausimar como uma “agregada” aos modernistas do Grupo Sul: “Da geração modernista ou dela próximos, mas sem se terem integrado diretamente aos movimentos de renovação temos:[...] Zedar Perfeito da Silva (história, ficção), Nereu Corrêa (crítica)[...] Lausimar Laus (ficção)”. Junto com Meyer Filho – integrante direto do Grupo Sul, todos estes intelectuais mantiveram ligação histórica com a cidade de Itajaí.

Nas décadas de sessenta e setenta Lausimar Laus promoveu diversas viagens de estudo ao exterior e consolidou sua carreira no magistério superior.

Em 1962 recebeu credencial da revista Manchete para uma série de reportagens na Alemanha e em l965 publicou pela Editora Pongetti (a mesma que publicou diversos livros do poeta Marcos José Konder Reis) o livro sobre observações de viagem e crônicas, intitulado EUROPA SEM COMPLEXOS.

Em 1966 (a exemplo de Silveira Júnior) a convite do governo americano passou três meses em viagem de estudos nos EUA, onde fez observações sobre o sistema educacional daquele país. Em seguida, viajou a estudo para a Espanha e diversos países europeus, publicando uma série de reportagens intitulada NA ROTA DO VASTO MUNDO.

No final da década de setenta chegou a visitar o Japão e muitos outros países asiáticos e europeus. Em 1970 publicou seu primeiro romance, intitulado de TEMPO PERMITIDO, prefaciado por Rachel de Queiroz e editado pelo Instituto Nacional do Livro em parceira com a Editora Americana. Em 1975 publicou pelo Instituto Nacional do Livro e Editora Pallas a sua obra de maior sucesso: O GUARDA-ROUPA ALEMÃO.

Em 1976 recebeu o prêmio Odorico Mendes da Academia Brasileira de letras pela melhor tradução do ano em língua portuguesa para o livro de Alain Robbe-Grillet intitulado PROJETO PARA UMA REVOLUÇÃO EM NOVA YORK

Já no ano seguinte, tendo Afrânio Coutinho como orientador, defendeu dissertação com o título de O MISTÉRIO DO HOMEM NA OBRA DE DRUMMOND, na Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro (publicado em 1978).

Ainda em 1977 recebe do Jornal de Santa Catarina o Troféu Barriga-Verde por sua contribuição na divulgação da literatura catarinense.

Publicou também o ensaio A PRESENÇA CULTURAL DA ALEMANHA NO BRASIL.

Lausimar contribuiu com a revista Manchete e chegou a ocupar a segunda página da revista O CRUZEIRO com suas crônicas. Publicou em O Globo, Diário de Notícias, Correio da Manhã, Jornal do Commércio, Jornal do Brasil (suplemento do livro), O Estado de Minas Gerais (Suplemento Literário), Correio do Povo (Caderno de Sábado), Revista Presença, O Estado de São Paulo (Suplemento Literário) e Jornal do Povo (hebdomadário itajaiense).

Na área musical teve vários poemas seus musicados por Aristides M. Borges e gravados com o selo da RCA/VICTOR. A música que obteve maior sucesso foi gravada com o título: TENHO PENSADO TANTO EM TI.

No setor acadêmico, Lausimar se licenciou em letras clássicas pela Faculdade de Letras da Universidade Santa Úrsula. Titulou-se mestre em letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e doutora pela Faculdade de Letras da Universidade de Madri. Exerceu por muitos anos o magistério superior na Universidade Federal Fluminense, em especial como professora de literatura alemã.

Lausimar Laus morreu aos 63 anos de idade, em sua residência (rua Aristides Espíndola, 106, Leblon – RJ), vítima de infarto fulminante, no dia três de outubro de 1979. Lausimar foi sepultada no Rio de Janeiro no Cemitério São Francisco Xavier, bairro do Caju.

Fonte:
http://pt.scribd.com/doc/57492836/O-Guarda-Roupas-Alemao

domingo, 20 de novembro de 2011

Guido Wilmar Sassi (1922 – 2003)


Guido Wilmar Sassi nasceu em Lages, SC, em 1922.

Passou sua infância e juventude em Campos Novos. Em sua convivência com o povo dessas duas cidades, colheu parte do material das histórias que iria escrever mais tarde.

Aos doze anos de idade, já costumava ler tudo quanto lhe caía às mãos: a Bíblia, Cervantes no original espanhol, histórias de fadas, ficção científica (Júlio Verne), romances policiais (Edgar Wallace e Conan Doyle), peças de teatro e dicionários.

Colaborou na imprensa de sua cidade natal. Um conto, que tem como personagem central um pinheiro, marcou sua estréia literária na Revista Globo, de Porto Alegre, em 49. Na década de 50, participou do grupo Sul (editora e grupo de escritores novos), de Florianópolis.

Morou na capital paulista em duas ocasiões. Lá, publicou “São Miguel”, romance vencedor de importante concurso literário. Transferiu-se para o Rio de Janeiro, em 1963, onde viveu até sua morte e lá publicou outros livros, como “Geração do Deserto”, 1964 e “Os Sete Mistérios da Casa Queimada”, 1989.

Ao lado de Enéas Athanázio (Campos Novos), Tito Carvalho (Orleans) e Edson Ubaldo (Lages), participa de uma geração que representam a região dos campos de Lages e do oeste catarinense, o regionalismo Serrano-Gauchesco. Grupo “Sul” – Revista “Sul” – Círculo de Arte Moderna - Salim Miguel, Eglê Malheiros, Aníbal Nunes Pires, Ody Fraga, Antonio Paladino - Intenções modernistas.

Sassi iniciou nas letras brasileiras o “ciclo do pinheiro”. Seu linguajar, embora explorando nuances locais, não é fundamental de sua obra e não é sobre ele que incide sua preocupação primeira. O pinheiro derrubado de maneira implacável e indiscriminada, e as conseqüências daí decorrentes, constituem-se em temas que se envolvem constantemente nas suas narrativas. A devastação das matas, a extinção da fauna, o desfigurar da paisagem, as serrarias devoradoras de homens e fabricantes de aleijões, tudo se reflete na sua obra de ficção. Nesse contexto, a obra é amarga, refletindo o inconformismo de um escritor sensível aos maléficos passos do homem na trilha da destruição da natureza e dos seres que dela dependem. (Enéas Athanázio).

Em “Amigo Velho”, que lhe proporcionou o Prêmio Arthur Azevedo, do Instituto Nacional do Livro, o tema central é o pinheiro, com todas as implicações sociais e humanas que advêm da presença das grandes serrarias destruidoras de selvas e de criaturas humanas.

O livro “Geração do Deserto” virou filme em 1971, com o título de “A Guerra dos Pelados”. Neste romance, Guido Wilmar Sassi conseguiu fixar com agudeza admirável o que foi a Guerra do Contestado, havida há mais de meio século entre os Estados de Santa Catarina e Paraná. Lá estão os coronéis da pecuária, donos da vida dos homens e da honra das mulheres; a luta dos camponeses, pequenos industriais, peões e trabalhadores, na tentativa de reconquistar seus direitos; as explosivas e violentas revoltas dos fanáticos e jagunços, conduzidos por guias “iluminados”, por heróis místicos e messiânicos, que fizeram da Guerra do Contestado uma réplica sulina de Canudos. Um romance epopéico que retrata corajosamente uma realidade brasileira só então transposta para a ficção com tanto vigor e verdade. E não pense, quem não leu, que se trata de narrativa apenas, um livro de história, simplesmente. O autor conseguiu fazer de um fato histórico, a Guerra do Contestado, um romance dinâmico, cheio de ação, prendendo o leitor do princípio ao fim.

Fontes:
http://www.terceirao2005.kit.net/site/htm/arquivos/acafe.doc
http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/guidoautores.htm
Imagem =http://www1.an.com.br/

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Eliana Ruiz Jimenez (Caderno de Trovas)


- 1 -
Nesta vida o encantador,
com maior significado,
dá-se ao cativar o amor
e ao render-se, cativado.
- 2 -
São forças da natureza,
não se pode fazer nada:
– fogo, vulcão, correnteza...
e a mulher apaixonada!
- 3 -
Quantas bênçãos recebidas
quando se caminha aos pares:
um ideal, duas vidas
dois corações similares.
- 4 -
Um amor que se alardeia
não passa de sonho vão:
é só castelo de areia
escorrendo pela mão.
- 5 -
Jaz latente enternecido
nas vertentes do meu ser
um amor adormecido
esperando efervescer.
- 6 -
A caridade amplifica
o sentimento Cristão
que tão bem se multiplica
quando é feita a divisão.
- 7 -
Criança muito levada,
que corre, chuta e sacode...
Que disciplina, que nada:
- Casa da vó tudo pode!
- 8 -
Por ser eterno esse amor
não amedronta a partida,
sendo Deus o condutor
não existe despedida.
- 9 -
Valorando o sem valor,
conjugando o verbo ter,
esqueceu-se quanto amor
num ranchinho pode haver.
- 10 -
Segredos engarrafados
boiando ao sabor do vento...
Corações despedaçados
para os quais não houve alento!
- 11 -
Paraíso, Liberdade,
Morumbi, Consolação:
- se for amor de verdade,
tanto faz a direção.
- 12 -
Pensamento irresolvido
remoendo a mesma história:
- um amor não esquecido
reticente na memória.
- 13 -
Bem no alto, aqui estou;
neste ápice, a conquista.
Mas de nada adiantou:
tu não estavas à vista...
- 14 -
Sentimento irresponsável
perturbando o coração:
- é o amor, força implacável
fez perder minha a razão.
- 15 -
Nos percalços dessa vida
já deixei muita pegada
como marca dolorida
dos revezes da jornada.
- 16 -
Voa passarinho, voa,
que gaiola é só maldade.
Livre, lá nos céus entoa
o cantar da liberdade.
- 17 -
Os mistérios da conquista,
como olhares, sedução,
são enigmas cuja pista
bem esconde o coração.
- 18 -
Não é o homem proprietário
nem senhor da criação;
é somente um usuário
que fez usucapião.
- 19 -
Como é que pode, hoje em dia,
um homem achar prazer
na farra da covardia
que é ver um boi padecer...
- 20 -
Vivo sempre a divagar,
no silêncio em que me abrigo:
- Ah que bom poder voltar,
a estar outra vez contigo!
- 21 -
Desfazendo a natureza,
vai o homem construtor
desconstruindo a certeza
de um futuro promissor.
- 22 -
Às vezes menina, ainda;
outras, mulher revelada.
Em tudo o que a vida brinda
Segue sempre apaixonada!
- 23 -
Uma vida sem amor
é qual comida sem sal:
em ambas falta sabor,
por ausente o principal.
- 24 -
Um segredo bem guardado
para assim permanecer
não deve ser partilhado
para nunca se perder.
- 25 -
Noite a dentro, sempre atento,
aliviando a minha dor,
da insônia eu encontro alento
com o meu computador.
- 26 -
O futuro do planeta
não é segredo a ninguém
preserve e se comprometa
que a vida assim se mantém.
- 27 -
Esse mundo feminino
De segredos permeado
É um gracejo do destino
Pelos homens odiado.
- 28 -
Sorria pra natureza
respeite e sempre preserve,
só assim teremos certeza
que o mundo assim se conserve.
- 29 -
Rede que volta vazia
traz tristeza ao pescador
que apesar da nostalgia
leva adiante o seu labor.
- 30 -
Pescador mais esportivo
deixa seu peixe escapar,
melhor solto que cativo,
para assim o preservar.
- 31 -
O mar de um azul profundo
e as montanhas esverdeadas,
são belezas desse mundo,
precisam ser preservadas.
- 32 -
Abra a porta, deixe a luz
resgatar seu coração.
Vá sem medo, faça jus
a viver nova paixão.

Fonte:
Eliana Ruiz Jimenez. Caderno de Trovas.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

26ª Feira de Livros de Florianópolis (Convite para Participação)


CONVITE

Convidamos a todos os Escritores, Associações e Academias de Letras para participar da

26ª FEIRA DE LIVROS DE FLORIANÓPOLIS

Realizada pela Câmara Catarinense do Livro - Florianópolis

Data:
08/12 a 23/12/11.

Local: ]
Praça da ALfândega- Centro- Florianópolis/SC

Horário:
das 09:00 H às 20:00 H

INSCRIÇÕES ABERTAS

1 -Exposição de Obras Literárias;

2 - Lançamento de novas Obras ou sessão de Autógrafos (relançamento),
no Estande.

3 - Sarau Literário com livre divulgação de suas Obras;

4 -Palestras relacionadas com a Literatura em Geral;

5 -Mini-Oficinas, não ultrapassando 50 minutos;

I - DAS INSCRIÇÕES:

Inicia em 16/11/11 com término em 05/12/11;

II - VALOR DAS INSCRIÇÕES REFERENTE:

1 - Exposição de Obras: R$ 10,00, no limite de 2 títulos. Se houver interesse de expor mais títulos, entre em contato;

2 - Lançamento ou sessão de Autógrafos, a contribuição é de R$ 10,00, caso a Obra não ficar na Exposição.

3 - Sarau Literário (divulgação de Obras): R$ 10,00;

4 - Palestras: Cada Palestrante do Grupo contribuirá com R$ 10,00;

5 - Mini-Oficina, cada Instrutor contribuirá com R$ 20,00;

III – TAXA DE INSCRIÇÃO

Depositar os valores respectivos no: CEF – Agência: 1877; Conta: 101.607-9; OP: 013.

IV - FICHA DE INSCRIÇÃO

Preencha a Ficha abaixo, o Anexo, devolva junto com o recibo escaneado.

V – VENDA DAS OBRAS

Sobre as Obras vendidas no estande da Feira, será descontado um percentual de 10 % para a Câmara Catarinense do Livro, nos mesmos moldes aplicado anteriormente.

Mara Vianna – Responsável pelo Estande dos Escritores Catarinenses

Fones: (48) 9153-4380 / 3034-0380.
E-mail: rovianhr18@yahoo.com.br ;
maranubiaroloff@hotmail.com

Florianópolis, 11/11/11.

Data: 08/12 a 23/12/11.
Local: Praça da Afândega- Centro- Florianópolis/SC
Horário das 09:00 H às 20:00 H

FICHA DE INSCRIÇÃO

Nome completo: ............................................................................
Endereço: ......................................................................................
Fone: ( ....) .....................................................................................
CI : ........................................... CPF : ...........................................

Marque a opção desejada e descreva, nas linhas pontilhadas.
(1) (2) (3) (3) (5) Ex: 1- Obras: ........................................................................................................
........................................................................................................
........................................................................................................
........................................................................................................
........................................................................................................

INSCRIÇÕES ABERTAS

1 - Exposição de Obras Literárias;
2 - Lançamento de novas Obras ou “Sessão de Autógrafos”
(relançamento), no Estande.
3 - Sarau Literário (os escritores poderão divulgar as suas Obras);
4 - Palestras sobre a Literatura atual;
5 - Mini-Oficinas com tema livre (não ultrapassar 50 minutos);

Florianópolis, 11/11/11.

Ass.: ........................................................

MNR /(48) 9153-4380.

Fonte:
Mara Viana
http://projetoculturalartecriandosempre.blogspot.com/

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Efigênia Coutinho (Cristais Poéticos)


PORQUE AMO

Amo-te na união de todos os sonhos
Que te completam em cada era destinada.
Amo-te nos meus ideais mais risonhos...
Teu coração é minha estrela Futurecida!

Amo-te até na aerosfera que respiro…
Tal qual o verão estação que prefiro,
Amo-te acima, aos céus, onde és meu suspiro,
Porque creio nos sonhos e por ti aspiro!

Num amor pelos deuses do Olimpo aclamado,
Onde sou vestal preparando a tua vinda,
Vestida em brocados de cristal dourado,
Para te ofertar o amor de minha alma infinda!

Amo-te! E amarei assim tão docemente,
Afagando os sonhos postos em minha mente.
Amo-te! Deste grande amor eu sou ciente
Que seremos abençoados eternamente!

Sei que a vida nos colocou num só destino,
Por esta razão o meu amar eu proclamo.
Vou embalando o amor ao tons cristalinos,
Acalentando por todo Universo porque Amo!

O SONHO REALIZADO

E na noite, onde o sonho que te inflama,
Tornar-se-á na mais bela realidade.
Ao amanhecer tecendo toda trama,
Unindo corpos em aprazível felicidade.

No real que nos tinge nas cores do amor,
Serei tua, sequiosa de todos os desejos.
Na pele, sentirei da paixão todo ardor
Do teu afago em mim, tão benfazejo.

E nas noites, jamais sozinho ficarás,
Porque o futuro ditará a nossa vontade.
Na cama, teu corpo ao meu tu unirás
E no sempre viveremos nessa dualidade.

Este sentir que hoje é tão sonhado,
Logo será o nosso mais belo momento.
Quando se fizer em ato consumado,
O aconchego deste sublime sentimento.

SONHOS

Quando tiver um sonho, construa um altar:
um espetacular altar de rua
que lhe couber em sorte no ato de amar
ainda que imperfeito à luz da Lua!

Quando você sonhar, construa um caminho
de saibro ou granito, pouco importa!,
onde a Lua possível seja o linho
dum telhado com janelas e uma porta!

Não há sonho que dure eternamente,
perdemos um-a-um, sem grande esforço,
sorrimos à deriva pela mente
que nos atrai o pólo ou o seu dorso.

Somos fiéis ao amor pra nosso mérito
porque nele encontramos o que é feérico...

CANÇÃO DO AMOR

Quando em teus braços estou
sou o teu sonho todo esplendor
vestida nas cores dum arco-íris
Palpitando o coração amoroso!

Com teu Amor deixo-me a sonhar
dentro, teu olhar, ouvindo teu cantar
outra vez, em teus olhos banho-me
Com este imenso Amor a Sonhar...

Vou levando essa melodia sem par
Se é sonho ou soneto, veio para ficar...
Com teu olhar tua voz, eu Amo sonhar!

De Amar e de ser Amada...,
Todo meu esplendor te dou
Na canção que nasceu essa paixão!

SÓ QUERO EXISTIR

Me dão asas que me prendem
Querem-me mãe-líder
Porque você resolve tudo
E me mantém submissa

Me querem omissa
Mas me cobram decisões
Não me permitem ir
Mas me cobram a busca

Me prendem nas prendas
Enclausuradas do lar
Afinal, você faz tudo
Mas exigem tudo de mim

Me tolhem ações e pensamentos
Mas quando ajo e penso
Querem saber o que fiz
Querem saber o que penso

Me tiram até o direito ao sonho
Mas me exigem sonhando
Me tiram até o direito ao canto
E me querem só música

Me prendem imobilizada
Sem deixar de cobrar-me liberdade
Sem que eu possa me dividir
Nem me doar a ninguém
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