segunda-feira, 26 de maio de 2008

Nathaniel Hawthorne (O Paladino Grisalho)

Houve outrora um tempo em que a Nova Inglaterra gemia sob uma opressão realenga de injustiças ainda mais pesadas que a ameaça das que ensejaram a Revolução. Jaime II, o fanático sucessor de Carlos, o Voluptuoso, anulara as cartas constitucionais de todas as colônias, e enviara um rude soldado sem princípios para roubar as nossas liberdades e pôr em perigo a nossa religião. À administração de Sir Edmund Andros quase não faltava uma só característica da tirania: governador e Conselho nomeados pelo rei, inteiramente independentes do país; leis decretadas e impostos elevados sem o concurso do povo interessado ou de seus representantes; os direitos dos cidadãos particulares eram violados e os títulos das propriedades com base na terra, declarados nulos; havia queixas abafadas mercê de restrições à imprensa; e, finalmente, a dissidência intimidada pelo primeiro bando de tropas mercenárias que nunca, até aquela data, havia marchado em nosso livre chão. Por dois anos os nossos ascendentes foram mantidos numa taciturna submissão, graças àquele amor filial que invariavelmente era o penhor da sua lealdade à pátria de origem, fosse esta governada por um parlamento, um protetor ou um monarca papista. No entanto, até aquela época infeliz, uma tal lealdade fora apenas nominal, pois os colonos governavam-se a si próprios, gozando de uma liberdade ainda maior do que aquela que é o privilégio dos súditos nativos da Grã-Bretanha.

Finalmente correu um boato em nossas praias: o príncipe de Orange arriscara-se a uma empresa, cujo sucesso seria o triunfo dos direitos civis e religiosos e a salvação da Nova Inglaterra. O boato era suspeito: podia ser falso, ou a tentativa podia falhar; em qualquer caso, o homem que se rebelasse contra o rei Jaime perderia a cabeça. Todavia o boato produziu notável efeito. Pessoas sorriam misteriosamente nas ruas, lançando olhares atrevidos a seus opressores; enquanto por toda parte se espalhava uma agitação contida e silenciosa, como se ao menor sinal toda a terra se levantasse do seu letárgico desânimo. Cônscios do perigo, os governantes resolveram evitá-lo mediante a exibição de uma imponente demonstração de força, e talvez confirmar o seu despotismo com medidas ainda mais ásperas. Certa tarde de abril de 1689, Sir Edmund Andros e seus conselheiros favoritos, depois que o vinho lhes havia subido à cabeça, reuniram os fardas-vermelhas da guarda do governador e fizeram sua aparição nas ruas de Boston. O sol se punha quando a marcha começou.

O rolar do tambor naquela crise inquietante parecia varar as ruas, não tanto como a música marcial da soldadesca, mas como um chamado de reunir aos próprios cidadãos. O povo, provindo de várias avenidas, aglomerou-se na King Street, destinada a ser o cenário, quase um século depois, de outro encontro entre as tropas da Grã-Bretanha e um povo que lutava contra a sua tirania. Embora se tivessem escoado mais de sessenta anos após a chegada dos peregrinos, a multidão de seus descendentes ainda revelava as fortes e sombrias feições de seus ancestrais, talvez ainda mais impressionantes nessa grave emergência do que em ocasiões mais felizes. Via-se ali o austero garbo, a geral severidade de fisionomia, a sombria mas intimorata expressão, as formas bíblicas do discurso e a confiança na benção do céu sobre uma causa justa, que marcaram o bando de puritanos originais, quando algum perito os ameaçava na região inculta. Com efeito, ainda não era tempo de extinguir-se o espírito primitivo; de vez que naquele dia havia homens na rua que homens na rua que celebraram o seu culto sob as árvores, antes de se erigir uma casa ao Deus por cuja causa se tornaram exilados. Também ali se achavam velhos soldados do
Parlamento, sorrindo sombriamente à idéia de que seus velhos braços ainda podiam golpear uma segunda vez a Casa de Stuart. Estavam também os veteranos da guerra do rei Filipe, que tinham queimado aldeias e matado jovens e velhos com uma piedosa ferocidade, enquanto as santas almas do país os ajudavam com orações. Muitos eram os ministros espalhados pela multidão, a qual, ao contrário de outras multidões, olhava-os com uma tal reverência, que era como se de sua própria vestimenta a santidade se exalasse. Esses santos exerciam a sua influência para acalmar o povo, não para dispersá-lo. Entrementes, o propósito do governador, perturbando a paz da cidade em um período em que a mais insignificante tropelia poderia lançar o país em convulsão, era quase o assunto universal de indagação, de várias formas explicado.

— Satã dará agora o seu golpe de mestre — exclamavam alguns —, pois ele sabe que seu tempo é curto. Todos os nossos santos pastores vão ser arrastados para a prisão! Vê-los-emos num fogo de Smithefield, King Street!

Ao que o povo de cada paróquia se aglomerava em torno de seu ministro, o qual voltava calmamente o olhar para cima e assumia uma dignidade mais apostólica, assim como convinha a um candidato à mais alta honra da sua profissão: a coroa do martírio. Realmente se fantasiava naquela época, que a Nova Inglaterra bem podia ter o seu próprio John Rogers para substituir aquele grande homem no livro de orações.

— O papa de Roma ordenou uma nova São Bartolomeu! — outros exclamavam. — Vamos ser massacrados... homens, mulheres e crianças!

Esse boato não foi de todo desmentido, conquanto a classe mais esclarecida acreditasse que o objetivo do governo fosse menos atroz. Sabia-se que o seu predecessor, quando ainda vigorava a Carta dos Direitos, um tal Bradstreet, venerando companheiro dos primeiros povoadores, estava presente na cidade. Havia motivo para conjeturar que Sir Edmund Andros pretendia de imediato aterrorizar, mercê de um desfile de força militar, e confundir a facção adversária, apossando-se ele próprio de seu chefe.

Ficai firmes ao lado do governador da velha Carta! — gritava a multidão, apossando-se da idéia. — O velho e bom governador Bradstreet!

Quando esse grito atingiu o auge, o povo viu-se surpreendido com a presença do próprio governador Bradstreet, um patriarca de quase noventa anos, que surgiu nos altos degraus de uma porta e, com uma brandura característica, concitou-os a submeter-se às autoridades constituídas.

— Meus filhos — concluiu o venerando velho —, não façais coisa alguma atropeladamente. Não griteis, mas rezai pela prosperidade da Nova Inglaterra, e esperai pacientemente o que o Senhor fará quanto a isso.

O evento em breve se decidiria. Todo esse tempo o rolar do tambor vinha se aproximando através do Cornhill, cada vez mais alto e mais profundo, até que, ecoando de casa em casa, e acompanhado do tropel marcial da soldadesca, irrompeu na rua. Uma dupla fila de soldados apareceu nessa ocasião, ocupando a passagem em toda a sua largura, com arcabuzes de mecha sobre o ombro e morrões acesos — verdadeiro renque de fogos ardendo no crepúsculo. A firmeza de sua marcha lembrava a marcha de uma máquina, que irresistivelmente tudo esmagaria em seu caminho. Em seguida, movimentando-se lentamente com um chocalhar de cascos no calçamento, vinha um grupo de cavaleiros montados, sendo sua figura central o próprio Sir Edmund Andros, velho mas ereto e de aspecto militar. Os que o cercavam eram os seus conselheiros favoritos, e os mais ferrenhos inimigos da Nova Inglaterra. À sua direita cavalgava Edward Randolph, nosso arquiinimigo, aquele “maldito excomungado”, como lhe chamava Cotton Mather, que levou a cabo a queda do nosso antigo governador, seguida por uma maldição que o acompanhou por toda a vida e até o túmulo. De outro lado vinha Bullivant, espalhando pilhérias e zombarias enquanto avançava. Dudley vinha atrás, com um ar desanimado, temendo, como devia, o olhar indignado do povo, que nele via o seu único patrício de nascença bandeado para os opressores da terra natal. O capitão de uma fragata fundeada no porto e dois ou três oficiais civis sob a coroa também faziam parte da comitiva. Mas a figura que mais atraía o olhar público, e despertava o mais profundo sentimento, era o clérigo episcopal da Capela Real, em seus trajes sacerdotais, cavalgando altaneiro entre os magistrados, representante condigno da prelazia e da perseguição, união da Igreja e do Estado, e todas as demais abominações que tinham impelido os puritanos para aquela região inóspita. Fechava a retaguarda um grupo de soldados em fila dupla.

A cena toda era um retrato da condição da Nova Inglaterra, e o seu moral, a deformidade de qualquer governo que não provenha da natureza das coisas e da índole do povo. De um lado, a multidão religiosa, com seus rostos tristonhos e trajes escuros; do outro, o grupo de governantes despóticos, tendo no meio o clérigo da Igreja Alta, o crucifixo no peito, todos magnificamente vestidos, congestionados de vinho, orgulhosos da sua injusta autoridade, escarnecendo do gemido universal. E os soldados mercenários, só esperando a ordem para inundar de sangue as ruas, mostravam o único meio pelo qual se podia garantir a obediência.

— Ó Deus dos Exércitos! — exclamou uma voz entre a multidão —, suscita um paladino para o teu povo!

A exclamação foi proferida em voz alta e serviu como o grito de um arauto para apresentar uma notável personagem. A multidão recuara e agora se aglomerava, maciça, quase no fim da rua, enquanto os soldados ainda não tinham avançado mais que um terço do seu comprimento. O espaço intermediário estava vazio — verdadeiro deserto de chão calçado entre altos edifícios que lançavam quase um crepúsculo de sombra sobre ele. Repentinamente, viu-se a figura de um ancião, que se diria ter surgido dentre o povo, caminhar sozinho pelo meio da rua a fim de defrontar-se com o bando armado. Vestia ele o antigo traje puritano, capa negra e chapéu de copa pontuda, que se usara cinqüenta anos antes, e levava uma pesada espada dependurada no flanco, além de um cajado na mão para assistir-lhe o passo vacilante da velhice.

A alguma distância da multidão o velho fez uma volta vagarosa exibindo um rosto de antiga majestade, tornado duplamente venerando pela comprida barba que lhe descia sobre o peito. Fez um gesto a um tempo de encorajamento e advertência, depois tornou a virar-se e reencetou o caminho.

— Quem é esse patriarca encanecido? — perguntaram os jovens a seus pais.

— Quem é esse venerando irmão? — perguntaram entre si os anciãos.

Mas ninguém soube responder. Os pais do povo, aqueles que tinham quatro vintenas de anos ou mais, ficaram perturbados, achando estranho terem eles próprios esquecido alguém dotado de uma autoridade tão evidente, alguém que deviam ter conhecido anos atrás, sem dúvida um sócio de Winthrop e de todos os antigos conselheiros que decretaram leis, fizeram orações e os conduziram contra o selvagem. Os anciãos deviam ter lembrança dele, com suas madeixas tão grisalhas naquele tempo, exatamente como as deles eram agora. E os jovens! Como podiam tê-lo esquecido tão completamente — aquele idoso cavalheiro, relíquia de tempos idos, cuja bênção terrível fora, sem dúvida, concedida sobre suas infantis cabeças descobertas?

— De onde teria vindo? Qual a sua intenção? Quem poderá ser? — sussurrava a multidão, presa de espanto.

Entrementes, o venerando estranho, com o cajado na mão, prosseguia em sua caminhada solitária pelo meio da rua. Ao se aproximar dos soldados em marcha, e enquanto o rolar do tambor lhe entrava em cheio nos ouvidos, o velho ergueu-se numa atitude mais ereta, enquanto a decrepitude pareceu tombar-lhe dos ombros, deixando-lhe um velhice indisfarçável, porém cheia de dignidade. Agora, marchava para a frente com um passo de guerreiro, mantendo o compasso da música militar. Assim avançou o ancião de um lado, e os soldados e os magistrados do outro, até que, não restando mais que umas vinte jardas entre eles, o ancião agarrou seu cajado pelo meio, e ergueu-o à sua frente como o bastão de comando de um líder.

— Alto! — exclamou ele.

Os olhos, o rosto e a atitude de comando; a solene mas beligerante vibração daquela voz, apta a dirigir uma hoste na batalha ou a erguer-se em oração a Deus, era irresistível. À palavra do ancião, que estendera o braço, o rolar do tambo imediatamente se calou e a linha em avanço estacou. Um trêmulo entusiasmo empolgou a multidão. Aquele vulto majestoso, que combinava o líder e o santo, mas de tal modo encanecido e quase invisível em roupagem tão antiga, só podia pertencer a algum velho paladino da causa justa, que o tambor do tirano tivesse invocado do túmulo. Elevou-se da multidão um grito de pavor de exultação, na expectativa da libertação da Nova Inglaterra.

O governador e os cavalheiros do seu grupo, percebendo que tinham sido levados a uma posição inesperada, avançaram depressa, como se impelissem seus cavalos resfolegantes e assustados para cima da velha aparição. Esta, porém, não recuou um só passo, mas passando o olhar severo pelo grupo, que quase o cercava totalmente, finalmente o fixou severamente em Sir Edmund Andros. Alguém poderia pensar que o ancião de preto era ali o próprio governador, e que o governador e seu Conselho, com soldados a respaldá-los, representantes que eram de todo o poder e a autoridade da coroa, não tinham outra alternativa senão obedecer-lhe.

— Que faz aqui este velho? — gritou Edward Randolph num tom de ferocidade. — Avante, Sir Edmund! Que os soldados avancem e dêem a esse velho caduco a mesma opção que damos a todos os seus compatriotas: sair do caminho ou ser pisado!

— Não, não, mostremos nosso respeito ao bom ancião — disse Bullivant, abrindo uma risada. — Não vê que ele é um dos dignatários dos cabeças-redondas que dormiu estes últimos trinta anos e nada sabe da mudança dos tempos? Pensa sem dúvida que nos poderá derrotar mediante uma proclamação em nome do Velho Noll!

— Está louco, velho? — perguntou Sir Edmund Andros num tom áspero e estridente. — Como se atreve a interromper a marcha do governador do rei Jaime?

— Já interrompi a marcha do próprio rei — respondeu o grisalho vulto com austera compostura. — Aqui estou, senhor governador, porque o clamor de um povo oprimido me perturbou no meu esconderijo; e implorando sofregamente esse favor ao Senhor, foi-me concedido tornar a aparecer na Terra pela boa causa de seus santos. E que dizeis de Jaime? Já não há um tirano papista sobre o trono da Inglaterra, e amanhã ao meio-dia o seu nome será uma senha nesta mesma rua onde fizestes dele uma palavra de terror. Para trás, vós, que fostes governador: para trás! Com esta noite se acaba o vosso poder — e, amanhã, a prisão! Para trás, antes que eu vos vaticine o cadafalso!

O povo ia-se aproximando cada vez mais, e bebia as palavras do seu paladino, que falava em acentos agora desusados, como alguém desabituado de conversar exceto com pessoas há muito tempo mortas. Mas a sua voz comovia-lhes a alma. E o povo enfrentou a soldadesca, não inteiramente desarmado, pronto a converter as pedras da rua em armas mortíferas. Sir Edmund Andros fitou o ancião; depois lançou o seu duro e cruel olhar sobre a multidão, e viu-a ardendo naquela ira lúrida, tão difícil de atear ou de apagar; em seguida tornou a fixar o olhar no vulto envelhecido, que, obscuro, se erguia no espaço aberto onde nem amigo nem inimigo ainda se precipitara. Quaisquer que fossem os seus pensamentos, nenhuma palavra pronunciou que os relevasse. Ou fosse porque o opressor ficasse temeroso diante do olhar do Paladino Grisalho, ou porque percebesse o perigo na atitude ameaçadora do povo, o certo é que recuou e ordenou a seus soldados que dessem início a uma lenta e cautelosa retirada. Antes do novo pôr-do-sol, o governador e todos os que tão orgulhosamente cavalgavam a seu lado foram feitos prisioneiros, e muito antes que o rei Jaime abdicasse, o nome do rei Guilherme foi proclamado por toda a Nova Inglaterra.

Mas onde estava o Paladino Grisalho? Disseram alguns que, ao se retirarem as tropas da King Street e ao se reunir o povo tumultuosamente em sua retaguarda, Bradstreet, o velho governador, foi visto abraçando um vulto ainda mais velho do que ele. Outros discretamente afirmavam que, enquanto se maravilhavam diante da veneranda grandeza do seu aspecto, o velho desaparecera de vista, confundindo-se lentamente com os matizes do crepúsculo, até deixar um lugar vazio no ponto onde estivera. Todos, porém, concordavam em que o vulto encanecido derretera-se. Os homens daquela geração ficaram, dia e noite, esperando pelo seu retorno, porém nunca mais o viram, nem souberam quando se deu o seu enterro, nem onde o seu túmulo ficava.

E quem era o Paladino Grisalho? Talvez o seu nome pudesse ser encontrado nos registros daquele austero tribunal de justiça que passou uma sentença demasiado forte para a época, mas gloriosa por todos os tempos, pela humilhação infligida a um monarca e o alto exemplo dado ao súdito. Ouvi dizer que, quando quer que os puritanos precisem mostrar o espírito de seus ancestrais, o ancião torna a aparecer. Após oitenta anos, ele tornou a palmilhar a King Street. Cinco anos depois, na penumbra de uma madrugada de abril, surgiu no relvado, diante da casa de oração, em Lexington, onde agora o obelisco de granito, com uma ardósia incrustada, comemora os que primeiro tombaram pela Revolução. E quando nossos pais lutavam nos parapeitos de Bunker Hill, a noite toda o velho guerreiro ali fez a sua ronda. Que muito tempo se escoe, antes que ele torne a voltar! A sua hora é uma hora de treva, adversidade e perigo. Mas se a tirania doméstica oprimir-nos, ou o pé do invasor poluir nosso solo, possa ainda o Paladino Grisalho aparecer, pois ele encarna o espírito hereditário da Nova Inglaterra; e sua marcha sombria, na véspera do perigo, será o voto perpétuo de que os filhos da Nova Inglaterra saberão vingar os seus ancestrais.
==================
Fonte:
Os melhores contos de Nathaniel Hawthorne. Seleção e tradução de Olívia Krähenbühl. São Paulo: Círculo do Livro SA. Disponível em
http://planeta.terra.com.br/arte/ecandido/mestr112.htm

Daniela Jacinto (Maratona Literária em Sorocaba)

Projeto encabeçado por escritores do Sorocult visita instituições que atendem crianças com o objetivo de incentivar a leitura e discutir questões sobre o meio ambiente

Pode ser que a condição financeira de uma família não permita que o orçamento se estenda à compra de livros, já que outros aspectos, como a alimentação, estariam em primeiro lugar. Nesse caso, o livro seria supérfluo. É por isso que surpreende encontrar crianças e adolescentes, filhos e filhas de catadores de materiais recicláveis, que possuem coleção de livros em casa, que apreciam a leitura, e inclusive sonham em ser escritores. A maior alegria dessa turma, assistida pelo Centro de Orientação e Educação Social (Coeso) da Vila Angélica, foi ter conhecido pessoalmente escritores da cidade - deu até mesmo para pedir autógrafo. A iniciativa ocorreu no início do mês, dentro da Maratona Literária Infantil Sorocult, encabeçada pelos autores da 1ª Coletânea do Sorocultinho, livro dirigido ao público infantil que visa estimular a prática da leitura e também o cuidado com o meio ambiente.

E é com esse objetivo que os escritores sorocabanos têm percorrido diversas instituições de ensino e também entidades que cuidam dos menores. Nesses locais, os autores falam de literatura e da natureza através de palestras, levam mudas de árvores para serem plantadas pelas crianças, e ainda distribuem gratuitamente a coletânea.

A Maratona Literária teve início no dia 18 de abril e já percorreu mais de 25 instituições. Ao todo, são 500 livros para doação. No encontro com as crianças do Coeso, os autores se surpreenderam com o nível de interesse daquele pessoal pela leitura, já que, durante outras visitas, encontraram crianças que nunca tinham visto um livro. Na avaliação de Neusa Padovani Martins, coordenadora do Projeto Sorocult, as visitas também acabam por estimular a escrita. Eles perceberam que também podem, afirma. Para ela, é um erro dizer que o brasileiro não gosta de ler. O brasileiro só não lê porque não tem acesso a livros, muito embora tenha escolas do Estado jogando livros fora, denuncia.

Incentivo também à escrita

Entre as histórias contadas pelos autores, o depoimento da jovem escritora Ana Paula de Cássia, de 16 anos, chamou a atenção da criançada. Com seu jeito tímido e delicado, Ana Paula contou como publicou seu primeiro livro: Quando era pequena, minha mãe me contava muitas histórias e eu gostava tanto que passei a inventar várias delas. A partir da segunda série, com 8 anos, eu comecei a passar tudo para o papel, explicou, sob olhares atentos e curiosos. Mas foi quando viu em uma revista que uma menina da mesma idade que ela conseguiu publicar um livro, que Ana Paula se entusiasmou. Hoje, ela tem dois livros publicados, participa de coletâneas e ainda tem seus textos no site Sorocult (http://www.sorocult.com/).

Durante a palestra, Neusa aproveitou para falar que o site está aberto a crianças que estiverem produzindo textos e também alertou sobre a possibilidade da publicação dos trabalhos em um próximo livro do grupo.

Questionadas sobre quem ali já tinha inventado alguma história, a maioria das crianças levantou as mãos. Também a maioria disse gostar de ler e ter vontade de se tornar escritor.

Luiz Henrique Marques, de 14 anos, afirmou que tinha um texto que inclusive ia participar de concurso. Josué Amós, de 8 anos, disse ter inventado a história do Ninja Barulhento. Já José Gabriel Rigui, também de 8 anos, inventou uma história chamada A Casa de Madeira. E assim muitos outros ergueram as mãos para falarem de suas criações. Os alunos também disseram gostar de ler gibis e livros infantis. Entre eles, Ketlin Daiana da Costa, de 13 anos, disse ter em sua casa uma coleção de livros de contos de fadas.

Sobre a questão do meio ambiente, todos disseram cuidar da natureza, plantando árvores e regando as plantas. Eu jogo o lixo no lixo, acrescentou Eduarda Ribeiro Camargo, de 7 anos.

Conforme Neusa, as visitas nas escolas e entidades acabaram por descobrir diversos talentos. Elas viram também que nós estamos aqui para ajudá-las. Tanto é que já ganhamos colunistas para o site e temos uma adolescente de 14 anos entrando para a nova coletânea, comemora. Neusa também anuncia a formação de um grupo de teatro infanto-juvenil, nascido desse projeto nas escolas.

Quinze escritores participam da coletânea

A 1ª Coletânea do Sorocultinho apresenta textos de 15 escritores, dos 8 aos 80 anos, em forma de fábulas, crônicas, poesias e trovas, que focam a questão do meio ambiente. Ilustrada para ser colorida pelos leitores, a obra traz ainda histórias traduzidas para o inglês, um capítulo com teoria literária e algumas atividades lúdicas educativas.

O livro foi patrocinado pelo marido de Neusa, Válter de Jesus Martins. Dessa vez não foi em sistema de cooperativa. Esse foi o meu presente de Natal, diz. Para ela, o projeto tem sua importância. É comum as pessoas doarem alimentos para as entidades, mas nós queríamos que as crianças sonhassem.

Já o Sorocult (http://www.sorocult.com/) é um site voltado ao incentivo e divulgação da literatura de Sorocaba e Região. No decorrer dos seus quase três anos de existência, já publicou duas coletâneas literárias feitas em sistema de cooperativa. Há quase um ano, fundou o Clic Art & Letras - Centro Literário Cultural de Sorocaba e Região para agregar e divulgar os escritores e as coletâneas. No decorrer deste tempo, várias crianças e jovens foram ingressando no site como colunistas, o que levou à criação de um espaço infantil dentro dele: o Sorocultinho.

Sobre o Coeso

O Coeso atende crianças e adolescentes de 7 a 14 anos que estejam devidamente matriculados em uma escola e freqüentem as aulas. Lá, os assistidos recebem aulas de reforço escolar, música, balé, tae kwon do, artes plásticas (através do Pintura Solidária), e ainda fazem roda de leitura. Eles também contam com acompanhamento psicológico e eu mesma faço questão de verificar as notas da escola e a freqüência de cada criança. Também faço uma análise de como ela estava quando entrou no Coeso e sua evolução, frisa a coordenadora do Coeso, Renata Silva Andrade.

Com capacidade para atender 25 crianças no período da manhã e outras 25 no período da tarde, provenientes dos bairros da Zona Norte (como Vila Angélica, Jardim Baronesa e Nova Sorocaba), a estrutura do Coeso não é suficiente para acolher a todos os interessados. De acordo com Renata, existe uma lista de espera imensa de crianças que desejam participar do projeto.

As crianças, em sua maioria, são membros de famílias desestruturadas, com pais que têm problemas com drogas e alcoolismo. Muitos deles estariam nas ruas catando papéis para ajudar a família, caso não estivessem aqui na entidade, acrescenta.

Fontes:
Notícia publicada na edição de 15/05/2008 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 1 do caderno D
http://www.cruzeirodosul.inf.br/materia.phl?editoria=42&id=86850
http://www.sorocult.com

Foto: Érick Pinheiro

4º Concurso de Trovas do Projeto de Trovas para uma Vida Melhor (Resultado Final)

Tema – Fortaleza
Resultado oficial

GRUPO. 1 NACIONAL

1º Lugar
Nas tramas que a vida tece,
lutando contra a avareza,
se o Diabo me enfraquece,
Deus é minha Fortaleza!
GABRIEL BICALHO
MARIANA/MG
Delegado da UBT-Mariana-MG.

2º Lugar
A fortaleza da alma,
está na paz, no perdão,
na força da fé que acalma,
no silêncio da oração!!!
FRANCISCO GARCIA (PROF. GARCIA )
CAICÓ-RN

3º Lugar
Canto alegre, a fortaleza
que sempre cobriu meus passos;
porém escondo a fraqueza
de não contar meus fracassos.
CONCEIÇÃO PARREIRAS ABRITTA
BELO HORIZONTE- MINAS GERAIS

MENÇÃO HONROSA

1. Mesmo na dor, pus de pé,
com esperanças sem fim,
a Fortaleza de fé
que existe dentro de mim.
ADEMAR MACEDO
NATAL – RN

2. Encontrando fortaleza
nos poderes da oração,
rogo a Deus eu possa, à mesa,
repartir amor e pão.
MIGUEL RUSSOWSKY
JOAÇABA – SC

3. Não falo da "Fortaleza"
capital do Ceará,
mas da constante firmeza
que a fé em Cristo nos dá.
ROZA DE OLIVEIRA
UBT CURITIBA PR

MENÇÃO ESPECIAL

1. Só peço a Deus fortaleza
para levar minha cruz:
- mais vigor (vindo a fraqueza);
nas trevas, ver Sua luz!
GERALDO LYRA
RECIFE – PE

2. É forte o meu bem-querer,
aqui o perigo não medra...
A fortaleza em meu ser
construí, pedra por pedra!
RENATO ALVES
RIO DE JANEIRO/RJ

GRUPO. 1 INTERNACIONAL

1º Lugar
Se eu tivesse a Fortaleza
que Cristo teve na Cruz,
tinha sempre, com certeza,
pouca sombra e muita Luz!
GISELA ALVES SINFRÓNIO
OLHÃO - PORTUGAL

2º Lugar
Sendo o meu melhor amigo
Cristo é minha fortaleza,
meu terno porto de abrigo,
minha chama sempre acesa!
FERNANDO MÁXIMO
AVIS - PORTUGAL

3º Lugar
Por mais que te julgues forte,
nessa tua fortaleza
não há ninguém que suporte
as forças da Natureza!
MARIA JOSÉ FRAQUEZA
FUZETA - PROVÍNCIA: ALGARVES -PORTUGAL

Não houve trova pontuada para receber Menção Honrosa nem Menção Especial, neste grupo.

COMISSÃO JULGADORA DO GR.1
NACIONAL E INTERNACIONAL – FORTALEZA:

1. Adamo Pasquarelli - SP
2. Lisieux Souza – MG
3. Luiz Antonio Cardoso – SP
4. Myrthes Massa Masiero – SP
5. Zelia Maria Carvalho de Figueiredo – RN


GRUPO. 2 NACIONAL

1º Lugar
Sobreviver é uma arte.
É driblar a natureza,
tendo a fé como estandarte
e Deus como fortaleza.
MYRTHES MAZZA MASIERO
S.J.CAMPOS/SP

2º Lugar
Não existe ser que agrida
ou faça perder a calma,
de quem tem sua guarida
na fortaleza da alma!
FLÁVIO DE AZEVEDO LEVY
CAMPINAS - SÃO PAULO

3º Lugar
Quando uma mágoa me lança
nas trevas de uma tristeza,
dá-me o Senhor a esperança,
dá-me o Cristo a fortaleza!
HUMBERTO RODRIGUES NETO
PIRITUBA – SP

MENÇÃO HONROSA

1. Na minha grande fraqueza,
Num poço fundo, sem luz,
Descobri a FORTALEZA,
Da mão firme de Jesus.
RAYMUNDO DE SALLES BRASIL
SALVADOR/BAHIA

2. Se no destino há tristeza,
de encontro às pedras, eu sigo,
construindo a fortaleza
que me servirá de abrigo.
MÁRCIA SANCHEZ LUZ
ARARAS/SP

MENÇÃO ESPECIAL

1. Os vendavais da existência
são vencidos, com certeza,
por quem tem a paciência
moldada na Fortaleza!
MARIA EMÍLIA LEITÃO MEDEIROS REDI
PIRACICABA/SP

2. O caminho de JESUS
é luz, amor e beleza.
Percorrê-lo nos conduz
a uma eterna Fortaleza.
ZÉLIA MARIA CARVALHO DE FIGUEIREDO
NATAL/RN

GRUPO. 2 INTERNACIONAL

1º Lugar
A fortaleza se mede
no enfrentar da verdade,
o forte não é quem pede,
mas quem o dá, de vontade.
OLÍVIA ALVAREZ MIGUEZ BARROSO
PAREDE – PORTUGAL

2º Lugar
Que ninguém tenha receio
Se a vida foi de incerteza,
Mas teve Deus por esteio
A servir de fortaleza!
JUDITE RAQUEL NEVES FERNANDES
GÓIS/PORTUGAL

3º Lugar
Fortaleza é uma virtude
da pessoa com bondade,
viverá com plenitude
e terá felicidade.
JAMIL WILLIAM PISCOYA AYALA
PERU

MENÇÃO HONROSA

A fortaleza da vida,
que o mundo anima e conduz,
é a fé rejuvenescida
nos caminhos de Jesus,
MAIMA MAZZA PRADAT
TOULON – FRANÇA
.
MENÇÃO ESPECIAL

Busco o dom da fortaleza
Numa alma de eleição.
Para encontrar a beleza
Dentro do seu coração.
ISAURA MARTINS
S. JOÃO DA BOAVISTA/PORTUGAL

COMISSÃO JULGADORA DO GRUPO. 2
NACIONAL E INTERNACIONAL

1. Ademar Macedo – RN
2. José Valdez – SP
3. Maurício Cavalheiro – SP
4. Miguel Russowsky - SC
5. Vicente Liles de Araújo Pereira – SP

GRUPO. 3 - ALUNOS

1º LUGAR
Deus é minha fortaleza
e nada me faltará,
com Ele não há tristeza,
pois Ele me salvará.
FELIPE AUGUSTO DOS SANTOS NOGUEIRA.
PARAIBUNA-SP

2º LUGAR
Paraíso é Fortaleza
Que parece uma história
lugar de muita beleza
Que retenho na memória.
DAVI FARIA BARROS
8ª A - EE “CEL. E.J.CAMARGO”

3º LUGAR
Quem tropeçou e caiu,
e logo se ergueu, com calma,
não tem a força dum rio,
mas tem fortaleza de alma.
JOÃO TIAGO BLASQUES DE OLIVEIRA BARROSO
PAREDE - PORTUGAL

MENÇÃO HONROSA

01. Aqui dentro do meu eu,
posso dizer com certeza:
coração que Deus me deu
é a minha fortaleza.
CAMILA DE CÁSSIA DA COSTA ALVES
3º A - EE”CEL. E.J.CAMARGO”

02. A fortaleza é castelo
e reino de seu senhor,
não precisa de ser belo,
mas, precisa ter amor.
CATARINA BLASQUES DE OLIVEIRA BARROSO
PAREDE – PORTUGAL
.
MENÇÃO ESPECIAL

01. Esta vida me avalia,
traz alegria e tristeza,
é abismo, é reta, é folia,
é uma grande fortaleza.
TAILA DE JESUS SANTOS MIRANDA
CEMPORCENTO

02. Nos dias que olho o mar
já vejo a sua grandeza,
e a alegria de te amar
faz de ti uma fortaleza.
TAÍS A. DE FARIA PRADO
8ª A - EE “CEL. E.J.CAMARGO”

03. Explicar esta grandeza
parece quase impossível,
só mesmo com fortaleza
é que pode ser cabível.
ANA DAIR DOS SANTOS MORAES
3º B - EE “CEL. E.J.CAMARGO”

COMISSÃO JULGADORA DO GR.3
ALUNOS NACIONAL E INTERNACIONAL

1. Cláudio de Morais – SP
2. Delcy Rodrigues Canalles – RS
3. Francisco Garcia - RN
4. Gislaine Canales – SC
5. Lucia Helena de Lemos Sertã – RJ


LEMBRETES:

01. Estas trovas e seus respectivos autores constarão do 1º Livro de Trovas desta 1ª Etapa do Projeto de Trovas Para Uma Vida Melhor, a ser editado em dezembro deste ano de 2008. As demais trovas serão deletadas, conforme regulamento do concurso.

02. Após os concursos: Faremos Cirandas de trovas, iniciando com as trovas classificadas. Os demais trovadores, cujas trovas foram deletadas, conforme normas do Concurso, poderão inscrevê-las na Ciranda.

03. As trovas que estiverem em desacordo com as normas da UBT (União Brasileira de Trovadores) serão devolvidas para acertos, com orientação, caso contrário não farão parte da Ciranda em questão.

04. RETIFICAÇÃO: Esta primeira Etapa do Projeto de Trovas Para Uma Vida Melhor passa a ser constituída por seis (06) Concursos com os seguintes temas: SABEDORIA, ENTENDIMENTO, CONSELHO, FORTALEZA, CIÊNCIA E PIEDADE.

05. Esperamos aumentar o nº de participantes nos próximos concursos: Ciência e Piedade.

06. Nossos agradecimentos a todos que participaram, com suas trovas, como membros da Comissão Julgadora, como divulgadores e os nossos Parabéns a todos os Classificados.

Maria Inez
Delegada da UBT – PARAIBUNA - SP

sábado, 24 de maio de 2008

Tertúlia Literária do Movimento Médico Paulista do Cafezinho Literário

Na próxima 4a feira, dia 28, haverá novamente uma reunião em Sorocaba para uma Tertúlia Literária do Movimento Médico Paulista do Cafezinho Literário - MMCL., como de costume na Sociedade Médica de Sorocaba (Rua Mons João Soares, 75) a partir das 19h30.

Será levado para sorteio entre os presentes cinco exemplares de cada um dos dois livros recentemente editados por Ottoni Editora tangentes ao MMCL: ANAIS do I Congresso Paulista Comunitário de Letras, do MMCL, festejando o terceiro aniversário do Movimento e que se fez realizar em Santos entre 2 e 4 de maio p.p. e o primeiro volume do livro A Presença Literária do MMCL, ambos magnificamente elaborados.

Cada um dos sorteados receberá os dois livros. O MMCL já realizou 75 reuniões literárias em 13 cidades do Estado de São Paulo com a participação de cerca de 450 pessoas que apresentaram em torno de mil trabalhos (resenhas, poesias, contos, crônicas, relatos, etc.) O Movimento é gratuito e aberto a todos os interessados, médicos e não médicos. A única exigência é a apresentação de um trabalho de sua própria lavra e para a qual tem 10 minutos..

Um dos que se farão presentes, será William Moffitt Harris, o qual participou do Roda Mundo 2008, com três crônicas em português e mais três capítulos em inglês do livro que está escrevendo sobre as andanças e aventuras do seu pai, logo após a Primeira Guerra Mundial, entre os índios "lengua" na margem oriental do Rio Paraguai em pleno Chaco Paraguajo. Vivenciou inclusive alguns choques culturais com bastante maturidade apesar dos seus 24-25 anos de idade durante os cinco anos que lá esteve.

Fonte:
Colaboração de Douglas Lara. In
http://www.sorocaba.com.br/acontece

XI Concurso Literário - Algarve-Brasil / 2008, do Clube da Simpatia

O Clube da Simpatia homenageia este ano, Tito Olívio, sócio n.º 100 e Delegado do Clube, em Faro. Talentoso Poeta e Prosador que muito tem contribuído para o enriquecimento do nosso património Cultural, será o seu soneto, “Os Teus Olhos”, que, este ano, servirá de tema para todas as modalidades do Concurso Literário, Algarve-Brasil, que, de ano para ano, vai crescendo em qualidade e quantidade, de trabalhos literários.

REGULAMENTO

O concurso destina-se a todos os cidadãos, maiores de 16 anos, de nacionalidade portuguesa ou brasileira, sócios ou não do Clube da Simpatia, que apresentem produções inéditas escritas em língua portuguesa e que respeitem o tema proposto.

Tema para o Conto: “ BRINCANDO COM O LUME…”

Tema para a Quadra: “ OS TEUS OLHOS “

Tema para o Soneto e Poesia Lírica:

Um verso do soneto, “ OS TEUS OLHOS “ do Poeta, Tito Olívio, que a seguir se transcreve:

OS TEUS OLHOS

Nos teus olhos me afogo com doçura,
nesse mar remansoso da esperança
que minha alma perdera e agora alcança
nas ondas dos teus beijos de ternura.

Por certo deve ser uma loucura
amar mais tempestade que bonança,
gostar da luta em vez da vida mansa,
mas eu tenho atracção pela aventura…

E há também no perigo poesia…
Por isso eu vou brincando com o lume,
não receio nadar por entre escolhos,

Mergulho em teu olhar com alegria.
E nem sequer do mar tenho ciúme,
porque há muito mais verde nos teus olhos.

❀❀❀

MODALIDADES:

POESIA
1 – QUADRA: em redondilha maior, de rima ABAB.
2 - SONETO: de características clássicas, em versos de 10 sílabas.
3 – LÍRICA: sem sujeição a qualquer sistema poético, não podendo, no entanto, ser soneto, nem exceder 20 versos.

PROSA
CONTO - Pequena narrativa real ou fictícia subordinada ao tema proposto. O conto não pode exceder quatro páginas A/4 escritas de um só lado.

a) - Cada concorrente pode apresentar a Concurso um máximo de dois trabalhos de cada modalidade com pseudónimos diferentes para cada um. As composições devem trazer no cimo da página a indicação da modalidade e no final do trabalho o pseudónimo.

b) – Para todas as produções é obrigatório o envio de três exemplares dactilografados ou digitados em papel A/4, escritas de um só lado. As margens devem ter, pelo menos, dois centímetros. O espaço entre linhas será de um e meio e os caracteres de tamanho 12 com letra “Times New Roman” ou idêntica. As quadras também serão apresentadas, uma em cada folha A/4.

c) - Anexo a cada trabalho será enviado um envelope fechado contendo, no exterior, a indicação da modalidade e do pseudónimo e, no interior, a identificação completa do autor: nome, morada, número de telefone e e-mail, se possuir.

d) - Os originais serão enviados, sem indicação de remetente, (excepto para o Brasil que será o mesmo do endereço) até ao dia 25 de Agosto de 2008 (carimbo dos correios) para:

CLUBE DA SIMPATIA
XI Concurso Literário - ALGARVE-BRASIL /2008
8700-911 Olhão - Portugal

e) - O Júri, constituído por individualidades de idoneidade e competência reconhecidas, deliberará por maioria e das suas decisões não haverá recurso, salvo se vier a provar-se que houve plágio ou que os trabalhos não são inéditos.

f) - Não se devolvem os trabalhos não distinguidos.

g) - Para cada modalidade serão atribuídos 1º, 2º, e 3º Prémios e as Menções Honrosas que o júri entender merecidas.

h) - Os premiados serão avisados com a devida antecedência.

i) - A entrega dos prémios está marcada para o dia 5 de Outubro de 2008, data do 13.º Aniversário do Clube.

O Regulamento está disponível em:

http://www.geocities.com/clubedasimpatia

Fonte:
Colaboração de A. A. De Assis, por e-mail.

Tito Olívio (1931)

Tito Olívio Henriques é natural de Penalva do Castelo, Distrito de Viseu, onde nasceu em 1931 e vive em Faro.

É licenciado em Engenharia Civil (1958) e Sociologia (1961).

Como Engenheiro Civil trabalhou no setor privado e no setor público.

Em suas atividades sociais antes da Reforma, pode-se destacar
- Vice-presidente da Assembleia Geral do Cine-Clube de Faro
- Presidente do Sporting Club Farense
- Secretário da Comissão Distrital de Árbitros de Faro
- Presidente da Assembleia Geral do Sport Faro e Benfica
- Presidente da Associação de Xadrez de Faro
- Secretário da Delegação de Faro da Cruz Vermelha Portuguesa
- Presidente do Rotary Club de Faro
- Presidente da Comissão Distrital dos Serviços à Comunidade do Distrito Rotário 196
- Presidente da Direção dos Bombeiros Voluntários de Faro
- Vereador da Câmara Municipal de Faro
- Presidente da Comissão Municipal de Arte e Arqueologia da C.M.F.
- Secretário-Geral do Conservatório Regional do Algarve - Maria Campina.
- Colaborador de jornais diários e regionais

Atividades depois da Reforma
- Fundador e Editor do jornal "Poetas de Faro" (1997-99)
- Chefe de redação do jornal "Distrito de Faro" (1995-98)
- Presidente da Assembleia Geral da Associação dos Jornalistas e Escritores do Algarve
- Subdiretor do mensário "Jornal Escrito"
- Colaborador de jornais regionais

Livros publicados antes da Reforma
- O Romance do Homem Solitário – contos (1963)
- Sonetos Proibidos e Outros Poemas – poemas (1983)
- Roteiro do Algarve – ensaio (1983)
- Divisão Administrativa do Algarve – ensaio (1983)
- Algures... Alguém – sonetos (1987)
- A Democracia Que Temos – ensaio (1988)
- Algures... Alguém - 2ª Edição – sonetos (1989)
- Contradições da Democracia – ensaio (1989)
- A Democracia Que Temos - 2ª Edição – ensaio (1989)
- Cantata Para Um Corpo – sonetos (1989)

Livros publicados depois da Reforma
- Formas de Fumo – sonetos (1990)
- A Gota de Água – poema infantil (1993)
- Flor de Luz – sonetos (1993)
- Ode a Penha Garcia – poema (1994)
- A Democracia Que Temos - 3ª Edição – ensaio (1995)
- Ode a Penha Garcia - 2ª Edição – poema (1995)
- Justiça Social – ensaio (1995)
- Sombra Desfeita – sonetos (1996)
- A Cauda do Cometa – poemas (1997)
- A Lenda do Moliceiro – contos (1997)
- Sombra Desfeita - 2ª Edição – sonetos (1997)
- A Cauda do Cometa - 2ª Edição – poemas (1998)
- A Lenda do Moliceiro - 2ª Edição - contos (1998)
- Guia Prático do Poeta – didático (1999)
- E Agora?... – poemas (2000)
- Mulheres Sem Verão - romance (2004)
- Para Quê Helena - romance (2006)

Honrarias
Mais de 90 prêmios literários, entre os quais,
- Prêmio Cidade de Olhão-Prosa,
- Menção Honrosa no Prêmio Eça de Queiroz (Lisboa),
- Referência especial no Prêmio Revelação Manuel Teixeira Gomes (Portimão)
- Sócio Honorário do Boa Esperança Atlético Clube Portimonense (1960)
- Medalha de Mérito da Cruz Vermelha Portuguesa (1973)

Fontes:
http://www.caestamosnos.hpg.ig.com.br/
http://www.geocities.com/clubedasimpatia/

Tito Olívio (Cama Vazia - Botões de Rosa)

CAMA VAZIA

Na cama vazia, uma sombra fenece,
Suspiro se solta, vestido de louco,
A mão que procura se perde, arrefece,
Por ter tido muito e sobrado tão pouco.

Cortinas, espelhos, sofás, almofadas,
Imóveis na espera do quê que não volta,
Relembram a mágoa das noites paradas
Nos lençóis de linho em fúria revolta.

O quarto esquecido em solidão de ausência,
A mão que procura e tacteia pra nada...
Navegam no escuro batéis de demência,
Que a mancha da noite morreu de cansada.

Se há gritos na rua, ou são arvoredos
Ou gente que berra no seu desvario,
Fugindo à desgraça, à sombra dos medos,
Ou pobre mendigo tremendo de frio.

Será pois da morte o escuro capote,
De cal a brancura da face sombria?
Será uma musa, ditando algum mote
P’ra versos de raiva p’la cama vazia?

Quem há de fazer um poema perfeito,
Quintilhas ou odes à viva saudade,
Se a mão, percorrendo esse lado do leito,
Só toca na angústia da triste verdade!

A marcha das horas remarca infinito
E, lentos, os passos de quem já não vem,
Perdidos agora, não são mais que mito
Ou são cantarinhas perdidas além.

Nas voltas e voltas, estria madura,
O sono não vem e, nas horas que vão,
Desejos de agora não são mais loucura
E a ausência não pode ter graça ou perdão.

BOTÕES DE ROSA

Por baixo do cetim de fino corte,
Pendente do teu corpo abandonado,
Havia a luz do Sol alcandorado,
Que macerava a vista, de tão forte...

Era a festa das rendas transparentes,
Como astros radiosos nos espaços,
Cortando as doces curvas dos teus braços
De riscos luminosos, refulgentes,

E emoldurando os peitos arquejantes,
Dois montes esculpidos em marfim,
Exalando perfume de jardim
Nos seus acordes de harpa provocantes.

E vi então teus seios luminosos,
Dum branco radioso cor de leite,
Como se fossem asas de um enfeite
Ou apenas dois cisnes caprichosos.

E tinham duas pintas, amuletos
De magia, de sonhos esquecidos
Ou dois faróis de cultos prometidos
Em aras dos deleites mais completos,

Oh! Dois olhos castanhos, astrolábios
Medindo a latitude da loucura,
Botões de rosa ardendo na secura,
A pedir a frescura dos meus lábios.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Mary Shelley (Conto do mortal imortal)

Dezesseis de julho de 1833. Este é um aniversario especial para mim, cumpro trezentos e vinte três anos!

O judeu errante? Decerto que não, por ele já passaram mais de oito séculos. Em comparação com ele sou um imortal muito jovem.

Serei imortal? Isso é o que me tenho perguntado dia e noite durante os últimos trezentos anos, e ainda não fui capaz de responder. Precisamente hoje descobri um cabelo branco entre meus fartos morenos, e isso certamente significa que começo a envelhecer. Ainda que também poderia já estar ali escondido durante trezentos anos, pois algumas pessoas têm o cabelo completamente branco antes de cumprir os vinte.

Vou contar a minha historia; e logo, deixarei que os leitores julguem por mim. Assim, enquanto a conto, irão passando umas tantas horas desta longa eternidade que me está sendo tão insuportável. Para sempre! É isso possível? Viver para sempre! Tenho escutado sobre encantamentos em que as vítimas foram entregues a um profundo sono e despertaram cem anos depois, frescas coma uma rosa. Ouvi falar, por exemplo, dos Santos dormentes e do feliz que foi o lendário Nourjahad. Ser imortal dessa maneira não seria cansativo porém, ai, que insuportável se faz o peso do tempo eterno, o lento passo das horas sucedendo-se sem fim! Mas sigo com meu relato.

Todo o mundo ouviu falar de Cornelius Agrippa. A sua memória é tão imortal como sou eu, por causa da sua sabedoria. Todo o mundo ouviu também falar daquele discípulo seu que, sem querer, invocou o Inimigo na ausência do mestre e foi destruído por ele. O relato deste acidente, verdadeiro ou falso, pôs em apuros o célebre filósofo. Abandonaram-no todos alunos seus, e os seus serventes desapareceram. Não tinha quem mantivesse o lume aceso enquanto dormia ou quem prestasse atenção às mudanças de cor das suas poções enquanto estudava. Um após outro, estragavam-se todos seus experimentos, já que duas mãos não bastavam para ter conta deles. Os espíritos das trevas riam-se dele por não conseguir reter um só mortal a seu serviço.

Eu era naquela época mais novo, muito pobre e estava muito apaixonado namorado. Fora discípulo de Cornelius durante um ano mais ou menos, porém estava ausente quando ocorreu o acidente. Quando regressei, os meus amigos pediram-me que não voltasse àquela casa. Tremia quando me contaram aquela arrepiante historia e não esperei por um segundo aviso; assim que, quando Cornelius me veio oferecer uma bolsa de ouro para ficar sob seu teto, senti como se o próprio Satanás me estivesse a tentar. Estava arrepiado, batiam-me os dentes e sai correndo tão rápido quanto me permitiam as minhas debilitadas pernas.

Desfalecido, deixei que os meus passos me levassem ao lugar onde me dirigira cada serão dos dois últimos anos: a uma fonte da qual brotava suavemente uma água pura e limpa, perto da qual aguardava uma moça de cabelos mouros com olhos fixos no caminho pelo qual eu acabava de chegar. Não recordo o tempo em que não amava Bertha: fomos vizinhos e companheiros de jogos desde crianças; os seus pais, coma os meus, eram de condição humilde porém honrados, e nosso amor era fonte de alegria para eles. Mas um funesto dia, uma febre maligna levou seu pai e sua mãe, e Bertha ficou órfã. O meu pai a acolheria de bom grado sob nosso teto, porém, desgraçadamente, a dona do castelo vizinho, rica, solitária e sem filhos, declarou a sua intenção de apadrinhá-la. Daí em diante, Bertha vestiria roupas de seda, moraria num palácio de mármore e todos a veriam como aquela a quem sorria a fortuna. Realmente, apesar da sua nova situação e os seus novos amigos, Bertha seguia fiel a seu amigo de tempos mais humildes. Visitava amiúde a casa do meu pai, e quando lhe proibiram ir ali, desviava-se para um caminho próximo para encontrar-se comigo na sombria a fonte.

Dizia amiúde que com a sua nova protetora não tinha um compromisso tão sagrado como o que a unia comigo. E como eu não era bastante rico para poder casar, ela começava a estar farta de viver atormentada por causa minha. Era orgulhosa porém também impaciente, e exasperava-se pelos obstáculos que impediam a nossa união. Ela estivera muito aflita enquanto eu estava fora, e agora lastimava-se com amargura e me reprovava por ser pobre. Respondi-lhe sem pensar: "Sou pobre porém honrado! Não te preocupes, quem sabe logo serei rico!"

Esta afirmação deixou-a cheia de perguntas. Tinha medo de assustá-la se lhe confessasse a verdade. Porém conseguiu que eu contasse; e então, com um olhar de desprezo, disse: "Diz que me ama, não obstante tem medo de enfrentar o diabo por mim!"

Assegurei-lhe que só temia ofendê-la, porém ela teimava que receberia uma magnífica recompensa. Assim, alentado e envergonhado por ela, cego pelo amor e pela esperança e rindo-me dos meus temores, voltei com passo rápido e coração ligeiro para aceitar a oferta do alquimista, quem me devolveu imediatamente o meu antigo posto.

Passou um ano e ganhei uma soma considerável de dinheiro. O costume espantou os meus temores. Ainda que estava à espreita em todo momento, nunca achei nenhuma pegada de bode na nossa casa, nem se viu nunca a tranqüilidade do nosso estudo perturbada por gritos demoníacos. Segui vendo Bertha às escondidas e a esperança renasceu em mim; esperança sim, mas não felicidade completa, pois que Bertha cuidava que a segurança era inimiga do amor e se comprazia-se fazendo-me elixir entre eles. Ainda que fiel, era bastante coquete e fazia-me adoecer de ciúmes. Desprezava-me de mil maneiras e nunca se desculpava, fazia-me gemer de raiva e logo obrigava-me a suplicar-lhe perdão. Às vezes, quando cuidava que não era submisso o bastante, inventava alguma historia dum rival que era o preferido da sua protetora. Vivia rodeada de moços vestidos de seda, ricos e galantes, que oportunidade poderia ter o esfarrapento discípulo de Cornelius comparado com eles?

Numa ocasião, o filósofo tinha-me tão ocupado que não pude encontrar-me com ela tal como combináramos. Cornelius andava enredado em trabalho muito importante, e tive que ficar alimentando o forno e vigiando os preparados químicos dia e noite, enquanto Bertha esperava em vão na fonte. Era orgulhosa, e zangou-se muito por isso. Quando por fim pude escapar durante os escassos minutos que tinha para dormir, esperava que ela me confortasse; contudo, recebeu-me com indiferença e desprezo, e assegurou-me que não havia concedido sua mão a um homem que não fosse capaz de estar em dois lugares ao mesmo tempo por ela. Jurou que se vingaria, e decerto que o fez. Enquanto eu sofria em silêncio minha derrota, escutei dizer que ela estivera caçando acompanhada de Albert Hoffer. Hoffer era o preferido da sua protetora, e um dia passaram os três cavalgando diante de minha casa. Pareceu-me que mencionavam o meu nome, seguido duma risada burlesca, enquanto Bertha cravava os seus olhos escuros, cheios de desprezo, na minha velha casa.
Todo o veneno e o desassossego dos céus assolou meu coração. Primeiro derramei um rio de lágrimas pensando que nunca chegaria a ser minha, e logo reneguei da sua veleidade. Porém ainda assim tinha que seguir atiçando o lume e vigiando as mudanças das ininteligíveis mezinhas do alquimista.

Cornelius levava três dias e três noites de vigília sem sequer cerrar olhos. As poções dos seus alambiques progrediam a um ritmo mais lento do que ele esperava. Apesar de sua preocupação, já não podia manter os olhos abertos; custava-lhe um tanto sacudir o sono que lhe cegava uma e outra vez os sentidos. Por fim, olhou melancólico os crisóis e murmurou: "Ainda não está pronto, terá que passar ainda outra noite antes de que a obra esteja pronta. Winzy, filho, tu que és arguto e leal e dormiste pela noite, vigia este vaso. Contém um líquido duma cor ligeiramente rosada; quando começar a mudar de tom, acorde-me, até então deixa-me fechar um pouco os olhos. Primeiro põe-se branco, e depois despende faiscas douradas; porém não esperes até que passe disso, quando a cor rosa começar a sumir, acorda-me". Estas últimas palavras, murmuradas enquanto adormecia, já quase não as escutei. Mas, nem sequer então se deixou dobrar pelas leis da natureza e seguiu dizendo: "Winzy, filho, não toques o vaso, não se te ocorra levá-lo aos lábios. É um filtro que cura o amor, e tu não queres deixar de amar a tua Bertha, não é? Pois muito cuidado com ele!"

Repousou a venerável testa no peito e caiu no sono, apenas se escutava a sua respiração. Observei o vaso durante uns minutos, porém o tom rosa do liquido não mudou. Então, a minha mente começou a vagar, vi-me na fonte, em lembrando cenas encantadoras que nunca haviam de voltar, nunca! Quando a palavra "nunca" começou a tomar forma nos meus lábios encheu-me o coração de veneno. Traidora!, traidora e cruel! Nunca tornaria a olhar como olhava Albert. Mulher detestável e odiosa! A coisa não podia ficar assim, como vingança havia de dar morte a Albert a seus pés... mataria a ela com minhas próprias mãos... Sorria triunfante e altiva, consciente da minha aflição e o seu poder. Mas, que poder tinha ela sobre mim? O poder de provocar minha ira, o meu desprezo mais absoluto, a minha... qualquer coisa menos indiferença! Se pudesse conseguir isso! Se pudesse olhá-la com olhos indiferentes e entregar-lhe esse amor não correspondido a outra mais pura e sincera, isso seria, sem dúvida, uma vitória!

De repente, um luz intensa cintilou ante meus olhos. Já me esquecera da poção do mestre. Contemplei-a com assombro: a superfície do liquido refulgia com beleza admirável, despendia umas faíscas mais brilhantes que as produzidas pelos raios de sol ao passar através de um diamante. Uma fragrância deliciosa embebeu meus sentidos, o vaso parecia uma bola luminosa e brilhante, fascinante para a vista e cativante para o olfato. A minha primeira reação, inspirada instintivamente pelos sentidos, foi: "quero beber! tenho que beber!" Levei o vaso aos lábios e murmurei: "Curara-me deste amor, desta tortura!" Quando o filósofo acordou, já eu engolira a metade do licor mais delicioso que provou o paladar humano. Assustei-me e deixei cair o vaso, o liquido derramou cintilando pelo chão e começou a arder. Entretanto, senti como Cornelius me apertava a garganta berrando: "Desgraçado, destruíste o trabalho de toda a minha vida!"

Não se deu conta de que eu bebera parte da poção. Cria que pegara o vaso por curiosidade e que o deixara cair, assustado pelo resplendor e a intensa luz que desprendia; versão que eu admiti implicitamente. Nunca lhe contei a verdade. Apagamos o lume e o resto da poção foi-se esvaecendo, Cornelius recuperou a serenidade, como deve fazer todo filósofo ante as maiores adversidades, e deu-me permissão para descansar.

Seria inútil tentar descrever o sono celestial que elevou a minha alma ao paraíso do gozo durante as restantes horas daquela noite inesquecível. As palavras seriam simples representações banais da satisfação e da alegria que assolavam o meu coração quando despertei. Flutuava no ar, o meu pensamento vagava pelas nuvens. A terra parecia o céu, e o meu legado desse paraíso era viver num êxtase de gozo. "Isto é estar curado do amor", pensei. "Hoje irei visitar a Bertha e mostrar-me-ei frio e distante, demasiado feliz como para tratá-la com desprezo, porém completamente indiferente ante ela!"

As horas voavam e Cornelius, certo de que se o conseguira a primeira vez também o havia lograr uma segunda, começou de novo a elaborar a sua poção. Fechou-se com os livros e as ervas, e deu-me uns dias de descanso. Vesti-me cuidadosamente e olhei-me num escudo velho porém brilhante que me serviu de espelho; parecia que o meu aspecto melhorara extraordinariamente. com bom ânimo e rodeado de toda a beleza do céu e da terra, sai para fora dos limites da cidade. Fui ao castelo, chegando lá, dei-me conta conta de que era capaz de ver suas grandiosas torres com espírito leve, porque já estava curado do amor. Bertha viu-me ao longe quando subia pelo caminho, e não sei que repentina força despertou no seu peito que, ó verme, desceu a escada de mármore brincando com uma corça e começou a correr para mim. Mas também me viu a velha bruxa fidalga que se fazia chamar sua protetora e, na realidade, era a sua tirana; subia abafada e coxeando para o pórtico, enquanto um pagem, tão feio coma ela, lhe sustentava o vestido. Foi ele que deteve minha linda amiga dizendo: "Onde vais com tanta pressa, desvergonhada? Volta à tua gaiola, que fora revoam os falcões".

Podem apreciar como Bertha apertava as mãos, com olhos ainda voltados para mim. Como aborrecia a velha harpia que teimava em reprimir os nobres impulsos da minha amada quando por fim começava a comover-se! Até então, eu sempre evitara defrontar-me com a senhora do castelo por respeito, porém naquele momento não reparei em considerações tão triviais. Já curara do amor e estava por cima de qualquer temor humano, assim apurei o passo e cheguei em seguida ao pórtico. Bertha estava preciosa! Brilhavam-lhe os olhos e ardiam de impaciência e raiva, estava mais garrida e encantadora que nunca, porém eu já não a amava Oh, não! Adorava!, Venerava! Idolatrava!

Aquele dia pressionara-a com mais insistência que nunca para que consentisse em casar de imediato com meu rival. Reprovava-lhe que lhe tivesse dado azos, e ameaçava-a com expulsá-la da casa envergonhada e desonrada. Ela, orgulhosa, rebelou-se contra a tal ameaça; mais, ao lembrar todos os desprezos que me fizera, e que, quiçá por isso, perdera o que agora considerava o seu único amigo, rompeu a chorar com raiva e remorsos. Nesse momento apareci. "Oh, Winzy!", exclamou. "Leva-me em seguida a cabana da teu pai. Renego todos os luxos desta suntuosa casa que não me trouxe mais que desgraças, leva-me de volta à pobreza e à felicidade!"

Colhi-a nos braços, extasiado. A velha ficou muda de raiva, e quando começou a proferir impropérios já estávamos longe, caminho da casa dos meus pais. A minha mãe recebeu com ternura e alegria a coitadinha refugiada, que acabava de escapar duma gaiola de ouro buscando a liberdade na singeleza; e o meu pai, que lhe queria coma a uma filha, deu-lhe as boas-vindas de todo coração. Foi um dia de júbilo, o meu coração pulava de alegria sem necessidade de nenhuma poção mágica.

Pouco depois daquele dia tão agitado casei com Bertha. Deixei de ser discípulo de Cornelius, porém segui sendo seu amigo. Sempre lhe estive agradecido por permitir, sem saber, tomar um gole daquele elixir divino que, em vez de curar-me do amor –triste cura!, um remédio cheio de saudade e dor contra uma coisa que hoje se assemelha a uma bênção– infundiu em mim a coragem e resolução necessárias para conquistar o inestimável tesouro que resultaria ser Bertha.

Com freqüência, recordo aquela época de embriaguez quase hipnótica. A beberagem de Cornelius não cumprira o cometido para o que ele afirmava que fora preparada, mas não há palavras que possam expressar os efeitos tão maravilhosos que produziu em mim. Ainda que o efeito se ia esvaecendo, durou muito tempo e encheu-me a vida de delícia. Às vezes, Bertha abraçava-se ao me ver tão alegre e entusiasmado, algo inusitado em mim já que antes era mais bem sério, mesmo tristonho. Agora, com meu novo caráter, ainda me queria mais, e nas nossas vidas não havia lugar para a tristeza.

Uns cinco anos depois, Cornelius mandou-me chamar a seu leito de morte requerendo a minha presença imediata. Achei-o deitado no leito cunha febre altíssima; a faísca de vida que lhe restava brilhava-lhe no penetrante olhar, fixo num vaso de vidro que continha um líquido rosado.

—Notaste do insignificante que é a vontade humana? –disse com voz entrecortada e como para si. Pela segunda vez estão a ponto de ver-se cumpridas as minhas esperanças, e uma segunda vez me escapam. Vês essa poção? Lembra que há uns cinco anos preparei a mesma beberagem com mesmo resultado: daquela, como agora, esperava poder saciar a minha sede com elixir da imortalidade então, entregá-lo a ti e agora, já é tarde demais!

Falava com dificuldade e tinha que recostar-se contra a almofada. Mas não pude evitar dizer-lhe:

—Porém, venerado mestre, como pode um remédio contra o amor devolver-lhe a vida?

—Um remédio para o amor e para tudo: o Elixir da Imortalidade! Ai, se pudesse bebê-lo agora viveria para sempre! –disse, de maneira case ininteligível, enquanto que um vago sorriso lhe iluminava a cara.

E, dizendo isto, do vaso surgiu um resplendor dourado, e uma fragrância bem conhecida por mim espalhou-se no ar. Apesar de débil que estava, ergueu-se e estendeu o braço, a força parecia retornar a seu corpo como por arte de magia. A mim assustou um forte estalo, o elixir despendeu fagulhas e o vaso quebrou em mil cacos. Olhei para o filósofo: caíra de costas e tinha os olhos vidrados e as feições rígidas, estava morto!

Porém eu estava vivo e ia viver para sempre! Isso disse o desafortunado alquimista, e durante uns dias acreditei nas suas palavras. Recordava a felicidade embriagadora que me inundou depois de tomar aquele trago às escondidas. Passei a observar as mudanças que se produziram no meu corpo e na minha alma: a exultante elasticidade do primeiro e o eufórico entusiasmo da última. Examinei o meu rosto detalhadamente no espelho, e não notei que se tivesse produzido nenhuma mudança nas minhas feições durante os últimos cinco anos. Recordava a luminosa cor e o aroma daquela deliciosa bebida, dignos do poder que possuía. Portanto, eu era Imortal!

Uns dias mais tarde, eu mesmo ria da minha credulidade. O velho provérbio que diz que "ninguém é profeta na sua terra" resultou ser verdade tocante a mim e meu defunto mestre. Eu apreciava-o como pessoa e respeitava-o como mestre, porém a idéia de que pudesse ter algum poder sobre as forças das trevas parecia-me ridícula e ria-me do medo supersticioso com que o olhavam. Era um filósofo sábio, mas não conhecia outros espíritos que não fossem os recobertos de carne e osso. Os seus conhecimentos eram puramente humanos; e o saber humano, conseguiu convencer-me, nunca chegaria a dominar as leis da natureza até o ponto de poder encerrar a alma para sempre na sua morada carnal. Cornelius elaborara uma bebida que restabelecia o espirito, uma bebida mais embriagadora que vinho e mais doce e olorosa que nenhuma fruta, e que provavelmente tinha poderes medicinais: proporcionava alegria ao coração e vigor aos membros. Porém os seus efeitos acabariam desaparecendo, no meu corpo já começavam a minguar. Considerava-me um tipo afortunado porque o meu mestre me obsequiara com boa saúde e alegria e quiçá uma longa vida. Porém a minha boa fortuna acabava ai, a longevidade era bem diferente da imortalidade.

Segui abrigando esta crença durante muitos anos, ainda que às vezes me passava uma idéia pela cabeça: estava realmente equivocado o alquimista? Mas, em geral, seguia a crer que chegaria a minha hora como a qualquer cristão, talvez um pouco tarde porém, a uma idade normal. Mas não havia dúvida que tinha uma aparência extraordinariamente juvenil. As pessoas riam de minha vaidade por olhar-me no espelho com tanta freqüência. Porém era tudo debalde, já que na minha fronte não se via uma ruga; as madeixas, os olhos, tudo eu seguia tão jovem como aos vinte anos.

Estava desconcertado, olhava a mirrada beleza de Bertha, e parecia mais a minha mãe. Pouco a pouco, os vizinhos começaram a fazer comentários deste tipo e finalmente, descobri que me chamavam "o rapaz amigado". Mesmo Bertha começou a inquietar-se, tornou-se zelosa e irritável e, com o tempo, começou a fazer perguntas. Não tínhamos filhos, estávamos completamente sós; porém, assim como tudo, ao ir envelhecendo, o seu caráter leve e esperto acabou por aquietar-se, e a sua beleza começou a murchar. Contudo, eu apreciava-a como a amante que adorara na juventude e a esposa que conquistara com tanta dedicação.

A final, a situação tornou-se insuportável. Bertha tinha cinqüenta anos e eu vinte. Envergonhado, adotei costumes de velho: nos bailes já não me juntava com moços, ainda que o meu coração brincava com eles e tinha que conter os pés para não dançar; fazia uma figura ridícula entre os homens maduros da vila. Porém as coisas já começaram a mudar antes de tudo isso. Rejeitavam-nos todos porque acreditavam que fizéramos, pelo menos eu, um pacto diabólico com algum dos supostos aliados do meu antigo mestre. De mim tinham medo e aborreciam, e a pobre Bertha, ainda que lhe tinham mágoa, abandonaram-na à sua sorte.

Que podíamos fazer? Ficar sentados a frente do lume vendo como a pobreza entrava na nossa casa, já que ninguém queria comprar os produtos da minha granja. Amiúde tinha que fazer vinte milhas de viagem para poder vendê-los em local onde não me conhecessem. Menos mal que tínhamos algo guardado por virem maus tempos.

Ficávamos sós, o moço avelhentado e a sua antiquada mulher sentados diante do fogo. Bertha seguia insistindo em saber a verdade, juntava tudo o que escutara sobre mim e tirava as suas próprias conclusões. Chegou a suplicar-me que desfizesse aquela magia. Tentou convencer-me de quanto mais formosas eram as cãs que meus cabelos castanhos, elogiava o respeito e a veneração que inspira a velhice, comparados com a escassa consideração que se tem com os jovens. Como podem imaginar que o desprezável dom da juventude e a beleza seria mais forte que ódio, o desprezo e a vergonha? Acabariam queimando-me por praticar magia negra, e a Bertha –a que não fora capaz de transmitir nem sequer uma pequena parte da minha boa fortuna– poderiam dilapidá-la por ser a minha cúmplice. Por último, chegou a insinuar que devia compartilhar meu segredo com ela para que pudesse gozar dos mesmos benefícios, se não queria que me denunciasse, e depois começou a chorar.

Vi-me tão encurralado que pensei que o melhor era dizer-lhe a verdade. Contei com todo o tato que pude, e não lhe falei de imortalidade, senão duma longa vida, que era também o que melhor encaixava com a idéia que eu tinha do assunto. Quando rematei o relato, pus-me de pé e disse-lhe:

—E agora, Bertha, ainda queres denunciar o teu amante de juventude? Sei que não o farás, porém seria injusto que ui, a minha querida esposa, sofresse as conseqüências da minha má sorte e das artes malditas de Cornelius. Devo-me ir. A ti fica o bastante para viver; e, quando eu partir, voltarão os velhos amigos para dar-te uma mão. Ainda pareço novo e sou forte, posso trabalhar e ganhar o pão onde ninguém me conheça nem suspeite de mim. Amei-te de moço e ponho a Deus por testemunha de que não te abandonaria na velhice, se não fosse pela tua própria segurança e felicidade.

Vesti o casaco e dirigi-me à porta; porém em seguida senti que os braços de Bertha rodeavam o meu pescoço e os seus lábios bicavam os meus. "Não, meu queridinho, meu Winzy", disse,"não te irás só, leva-me contigo; deixaremos este lugar e, como ti disseste, entre desconhecidos estaremos seguros e livres de qualquer suspeita. Ainda não sou tão velha para envergonhar-te. Seguramente há de desaparecer logo o feitiço e, por Deus, envelhecerás como deves. Por favor, não te vás sem mim!"

Abracei-a forte contra o meu peito e disse-lhe: "Não temas, não te deixarei, não o pensara nem por um momento. Seguirei sendo o teu maridinho fiel e cuidarei de ti até que Deus te chame a seu lado".

No dia seguinte preparamo-nos em segredo para a partida. Teríamos que renunciar a muitas coisas, era inevitável. Reunimos a soma de dinheiro necessária para manter-nos pelo menos enquanto Bertha vivesse e, sem dizer adeus a ninguém, deixamos nossa terra natal para refugiar-nos num lugar remoto do oeste de França.

Foi cruel afastar a pobre Bertha da sua vila natal e os seus amigos de juventude e levá-la a um país com outra língua e outros costumes. Para mim, a partida era algo sem demasiada importância devido ao segredo do meu insólito destino. Compadecia-me profundamente dela e alegrava-me comprovar que encontrava consolo para as suas desgraças em pequenas casualidades ridículas. Longe de todos os conhecidos, ela tentava ocultar a evidente diferença de idade que nos separava mediante milhares de truques femininos: punha carmim nos lábios, usava roupa juvenil e comportava-se coma uma mocinha. Não podia aborrecer-me com ela, não levava eu também uma máscara? Por que havia de discutir com ela se os seus truques não funcionavam tão bem como os meus? Uma tristeza infinita assolava o meu coração quando lembrava que essa era a minha Bertha, a que eu amara tão apaixonadamente, a que tanto me custara conquistar. Aquela garota de cabelos mouros e olhos escuros, com sorriso pícaro e cativador, que saltitava como uma corça, convertera-se nessa velha mexeriqueira e zelosa. Deveria venerar as suas cãs e rugas! Sabia que era o meu dever.

Porém esse tipo de decadência não era o que me aborrecia nela. A sua desconfiança não tinha limite. A sua principal ocupação era descobrir que, apesar da aparência externa, eu também estava a envelhecer. Creio que, no fundo, a pobre amava-me de verdade; mas nunca conheci uma mulher com forma tão opressiva de mostrar o seu carinho. Descobria rugas no meu rosto e debilidade no meu andar, enquanto eu brincava com vitalidade juvenil e parecia o mais novo dos moços do lugar. Nunca se me ocorreria falar a outra mulher; porém, numa ocasião, ela, crendo que a beleza da vila me via com bons olhos, comprou-me uma peruca cinza. O tema habitual de conversação com suas amizades era que, ainda que parecesse tão novo, o meu corpo estava a deteriorar-se e o pior sintoma, afirmava, era essa aparente saúde. Dizia que a minha juventude era uma enfermidade e que devia estar preparado, se não para uma morte repentina e horrível, quando menos para espertar uma manhã com o cabelo todo branco, cuvado e com todos os achaques da velhice. Deixava-a falar e amiúde mesmo corroborava as suas conjecturas, que concordavam com minhas eternas especulações sobre o meu estado. Até cheguei a tomar um sério ainda que doloroso interesse por escutar tudo o que o seu rápido engenho e a sua imaginação exaltada podiam discorrer sobre o tema.

Para que estender em mais detalhes? Ainda vivemos juntos muitos anos. Bertha ficou paralítica e prostrada numa cama. Cuidei dela como uma mãe cuidaria um filho. Com o tempo, tornou-se ainda mais raivosa e obsessiva, sempre cismando sobre quanto tempo eu ia sobreviver. Consola-me saber que cumpri escrupulosamente o meu dever para com ela. Foi a minha companhia na juventude e foi também na velhice e, afinal, quando enterrei o seu corpo, chorei desconsolado pela perda do único elo que realmente me unia a este mundo.

Desde então, quantas foram as minhas preocupações e pesares e que poucas e vãs as alegrias! Vou deixar a minha historia neste ponto, não paga a pena seguir. Um marinheiro sem temor nem compaixão, sacudido por um mar tormentoso; um viajante perdido num monte imenso, sem luzes nem estrelas que o guiem: isso é o que eu sou e estou mais perdido e desesperado que nenhum deles. Um barco próximo ou a luz d’alguma casa ao longe poderiam salvá-los, porém para mim não há outro farol que a esperança da morte.

Morte! misteriosa dama de escuro rosto que alentas os pobres mortais! Por que, entre todos eles, tivestes que me privar a mim do teu abraço protetor? Oh, a paz, o profundo silêncio da tumba! Se o meu cérebro se detivesse e o meu coração deixasse de sentir emoções que só variam em novas formas de tristeza!

Então, sou imortal? Volto com a primeira pergunta. Em primeiro lugar, nao é mais provável que a poção não concedesse a vida eterna, senao uma longa vida? Isso é o que eu espero. Ademais, só tomei a metade da poção, não teria que bebê-la toda para completar o feitiço? Portanto, tomar a metade do Elixir da Imortalidade só suporia ser semi-imortal e assim, a minha eternidade ficaria truncada e invalidada.

Ora, de todo o modo, quem poderia saber quantos anos são a metade da eternidade? Amiúde, trato de adivinhar segundo que regra se pode dividir o infinito. Às vezes imagino que me acho velho. já encontrei uma cã. Porém sou um tolo!! ainda me lamento? Sim, invade-me com freqüência o medo da velhice e morte; e, ainda que aborreço a vida, quanto mais vivo mais me aterra a morte. Ai, o ser humano é um mistério! Nascemos para perecer e teimamos em lutar, como faço eu, contra as leis que regem a nossa natureza.

Maldita contradição, estou certo de que algum dia hei morrer. A poção do alquimista não poderá mais que o fogo, uma espada ou as profundas águas dum rio. Já me tenho visto mais duma vez nas azuis profundidades de um plácido lago ou nos tumultos rápidos dum imenso rio, pensando que a paz reside nas suas águas. Porém, assim mesmo, sempre dei volta para seguir vivendo outro dia mais. Pergunto eu se o suicídio será um pecado para alguém que não tem outra forma de cruzar as portas do outro mundo. Fiz de tudo, exceto apresentar-me voluntário para o exército ou um duelo, porque desta maneira não só destruiria a mim mesmo, não, senão também outros mortais, por isso dei para trás. Os mortais não são os meus iguais. A inesgotável força vital que habita o meu corpo e a sua existência efêmera nos faz tão opostos como os pólos. Por isso, eu não seria quem ergueria uma mão nem contra o mais débil nem o mais forte deles.

Assim vivi durante todos estes anos, só e aborrecido de mim mesmo, desejando morrer porém ainda vivo: um mortal imortal. não tenho ambições nem sou cobiçoso, e esse ardente amor que me rói o coração –esse que não voltará nunca, porque nunca encontrei um igual a quem possa entregá-lo– perdura só para atormentar-me.

Precisamente hoje, ideei um projeto com o qual poderei acabar com tudo sem ter que suicidar-me nem fazer doutro homem um Caim: uma expedição a que nenhum mortal, nem sequer alguém novo e forte como eu, havia sobreviver. Desta maneira, porei à prova a minha imortalidade e descansarei para sempre ou voltarei para converter-me num prodígio da natureza e um benfeitor da humanidade.

Mais antes de partir, a vaidade levou-me a escrever estas páginas. Não quero morrer sem deixar pegada. Já passaram três séculos desde o funesto dia em que bebi aquela poção e não há de passar outro ano antes de que, enfrentando enormes perigos, lutando contra as forças do céu no seu próprio terreno, açoitado pelo temporal, a fome e a fatiga, abandone a ação da chuva e o vento este corpo que se converteu numa gaiola demasiado resistente para uma alma tão sedenta de liberdade. Porém se sobrevivo, o meu nome será lembrado como um dos mais célebres entre os mortais. E, daquela, hei empregar métodos mais contundentes para dispersar e aniquilar todos os átomos que compõem o meu corpo e liberar a vida encadeada dentro, a que tão cruelmente se lhe impediu ascender deste mundo de trevas a uma esfera mais adequada á sua essência imortal.

Fontes:
http://victorian.fortunecity.com/postmodern/135/

Sergio Antonio Meneghetti (Manifesto de Poeta)

Se a poesia é ferramenta para paz
Que utilizem desta para pacificar
Que a escrita nobre que se faz
Fale de amor, e não de crucificar.

A letra que ataca
Está no nível da guerra
Esta corta o homem como a faca
E será mais uma contenda nesta Terra.

O poeta busca a beleza na divindade
Ele é o elo entre a palavra e a criação
Sua conduta no papel é responsabilidade
E não pode levar ódio algum no coração.

A poesia da concórdia fala de luz
Não é separatista em nenhuma questão
São ensinamentos semelhantes à de Jesus
Esta que eleva o homem, tirando seus pés do chão.

No manifesto dos poetas em Natal
Lembre-se que harmonia se consegue com dedicação
Arrancando primeiro dentro de nós todo o mal
Este é o primeiro passo, para a grande união.

Fonte:
Sergio Antonio Meneghetti. Publicado em 13/02/08.
http://www.congressopoetasdelmundo.com/

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Primeiro Congresso Internacional de Poetas Del Mundo (Natal - RN)


O lançamento Oficial do 1º Congresso Internacional de Poetas del Mundo - "Natal um Mar de Poesia e Paz", aconteceu no dia 2 de outubro de 2007, em Natal - RN.

A Entidade – espera, nesse encontro, que dar-se-á de 24 a 31 de maio de 2008, a participação de poetas de todos os cantos do mundo anônimos e famosos em busca da "Paz" tão sonhada por toda humanidade. E também, promoverá ações que deverão ser levados adiante num movimento que pugna pela luta em prol da Paz, da Igualdade, da Justiça e pelo Meio-Ambiente.

Para o lançamento Oficial contamos com a presença da Senhora Delasnieve Daspet de Souza, Embaixadora da Paz para o Brasil, nomeada por Gèneve, Suíça, Subsecretária de Poetas Del Mundo, que também representou o Secretário Geral e fundador do Movimento de Poetas del Mundo, Luis Árias Manzo; Senhora Marisa Cajado, poetisa, musicista e autora do hino da referida entidade, que foram anfitrionados por Deth Haak, "A Poetisa dos Ventos", Cônsul de Poeta Del Mundo para o Rio Grande do Norte, membro da SPVA-RN - Sociedade dos Poetas Vivos e Afins e organizadora desse mega evento.

Forma:

O evento será dividido em partes e terá o envolvimento de todas as artes com oficinas, exposições de poesias visuais por toda a cidade, envolvendo as escolas municipais, particulares e universidades.

Em tese, teremos aqui, poetas dos cinco continentes.
50% - leitura de poesias
15% - lançamentos de livros
15% - performances poéticas
10% - assembléias para discutir-se o movimento, o seu futuro e a sua forma de intervir e/ou interagir com as ocorrências mundiais.

Fonte:
http://www.congressopoetasdelmundo.com/

Deth Haak (A Noiva do Sol)

Natal em maio de 2008, se converterá em um mar de Poesia e Paz! O sonho da SPVA-RN, Sociedade dos Poetas Vivos e Afins - RN se fará em um encontro que reunirá Poetas del Mundo, do mundo todo, laureados e anônimos.

E em palavras formaremos elos condensados nos versos. Plasmaremos Poetas Del Mundo ou não, sim a Vida é a missão concedida aos homens e mulheres e crianças eleitos por Orfeu, que inundaram esse solo com um dilúvio de "PALAVRAS".

Quando apresentei a cidade do Natal o fiz através de palavras, bordadas em um Acróstico descrevendo-a Assim: "Rio Grande do Norte Natal Brasil", versos que flanaram como véus a beleza das Dunas, honrando seus mártires ovacionando as Mulheres que fizeram história nesse rincão por mim amado. Contei seus feitos e fatos da velha Ribeira; citei Ferreira Itajubá inebriando versos com olor de caju. O mestre Câmara Cascudo inspirava a Potioca que do Vento recebeu alvíssaras em rimas. Ousei como Nizia Floresta, e o defeso com galhardia abriu seu leque, e como Auta de Souza a descrevi como Olimpo erguendo um altar sagrado pro templo da Poesia! Eis que a Praieira de Othoniel Meneses se fará! "Natal um Mar de Poesia e Paz". De mãos dadas, o Mundo ao Brasil virá testemunhar que a Paz pode ser conquistada através das "PALAVRAS, que o verbo se faz Verbo".
A NOIVA DO SOL!
Deth Haak

Natal cidade, um dia talvez nos entenda
De o porquê render-te versos de amor e paz
Porque de ti bordamos a beleza que é prenda
Porque não cantamos tristes os seus azas...
Talvez seja a linha do Equador que o lenço emenda
Pra secar da face o pranto enquanto sorri o que é voraz.
Forjaras rimas para que a humanidade compreenda
Que nos seus véus a Poesia irmanará Poetas iguais.
Que neste Mar de Poesia e Paz possam advir regaços
Borbotados em tríades inspiradas alianças poéticas
Assinando bodas nas nuvens que entremearão os laços
Entre a Noiva do Sol e a história, explodindo ogivas éticas
Que ouvirá o Mundo a redimir dos seres os percalços
Da insanidade alastrada por almas tão maléficas!

Paz, Poetas Del Mundo ou não!

"A Poetisa dos Ventos"

SPVA-RN
AVSPE
Cônsul Poetas Del Mundo - RN

Luis Arias Manzo (O Poeta e a Poesia na Luta pela Paz no Mundo)

O Primeiro Congresso de Poetas Del Mundo acontecerá nos dias 24 a 31 de maio de 2008 na bela cidade de Natal no Estado do Rio Grande do Norte, no Brasil.

Os Poetas del Mundo, se reúnem no país do futuro, assim como o chamou Stefan Zweig, e não obstante disso já faça mais de sessenta e cinco anos, seu vaticínio ainda cobra vigência hoje mais que nunca. Por isso nada mais significativo e simbólico que nosso Primeiro Congresso de Poetas del Mundo se leve a cabo neste país, o país de Luis Carlos Prestes, como solo nomeá-lo. O mundo nos reclama.

O poeta é um ente especial, tem o dom de fazer da palavra algo belo que transcende o sentido simples quando ela está desnuda. O poeta a veste de uma maneira que a faz forte, espetacular, bela.

Para os tempos que vivemos é necessário que o homem consiga entender-se através do diálogo, mas o ruído dos canhões impede que nos escutemos, então se necessita imperiosamente que a voz ultrapasse o retumbar das armas, e o poeta sabe disso.

Vivemos atualmente o processo de morte de uma etapa degenerada e o nascimento de uma NOVA ERA, em que o poeta tem um rol determinante de coisas em que intervir. O poeta não pode ficar atrás, o poeta deve ir à primeira fila, se não o faz, é que não é um verdadeiro poeta, em todo caso, não é um verdadeiro Poeta del Mundo.

Como algo concreto neste combate pela vida e pela paz, fixei-me na árdua tarefa de unir os Poetas de todo o mundo que abraçam os ideais de liberdade, justiça e igualdade, e em conseqüência, criei o “Movimento Poetas del Mundo” fixando-me um ambicioso objetivo: converter a palavra em uma força real capaz de influir nos destinos do mundo e no equilíbrio do planeta. Logo, quando nossa voz ressoar nos frios palácios do Poder e chegar também ao bairro que o poeta não pode deixar de visitar, devemos ser capazes de propor uma via que nos retire do estado de decadência que vive nossa sociedade.

Nesta tarefa futurista o sujeito social é o poeta, e este poeta guerreiro deve nutrir-se da realidade social, mesclar-se nela e ser capaz de abandonar o Ego. Qualquer lugar onde se desenvolva a atuação do escritor é uma trincheira de combate, porque em todas as partes há decadência.

Os políticos fracassaram; arrastaram-nos à situação apocalíptica em que nos encontramos pelo que hoje é necessária uma troca profunda na estruturação da organização do mundo, em outras palavras, creio que estamos vivendo nos limites do aceitável e muito perto do início de uma revolução planetária, é aí onde o escritor pós-moderno tem uma lista determinante de coisas em que intervir.

É certo que a guerra não é algo novo que nos surpreenda, a guerra tem existido sempre; desde a noite dos tempos em que o homem tomou consciência de sua existência, viemos nos combatendo uns com os outros, o problema é que hoje a ambição do homem está provida de armas capazes de fazer desaparecer a vida no planeta em poucas horas. O que estamos vendo no Oriente Médio é uma etapa de um nefasto projeto muito ambicioso do Império, que consiste em apoderar-se dos recursos naturais que possui essa região, hoje se trata do petróleo (energia), amanhã será a água doce e a biodiversidade.

Então, os poetas devem usar a melhor arma para combater o horror, a ignorância ou a inconsciência dos homens, essa arma é o poema; essa maneira curta de expressar algo grande, essa forma de dizer brevemente algo que envolve um sentimento enorme ao interior mesmo das entranhas da alma. O poema é a linguagem misteriosa que brota inexplicavelmente desde a fonte que nutre a vida sentimental do ser, isso que chamamos inspiração.

É uma forma de comunicação entre o eu terrestre e a voz misteriosa que sussurra no interior de cada um. O poema pode ser tão potente, que se o usamos bem, o podemos converter em uma arma poderosíssima para combater os sentimentos cinzentos destes loucos que nos governam. Para lá se encaminha meu ambicioso projeto: Criar um exército de poetas guerreiros cuja arma seja a palavra que se expande pelo mundo como uma torrente de resistência para o que mata a vida e a felicidade.

Estou consciente do perigo que implica este projeto; não faz muito, faz algo assim como dois mil anos, eram os tempos do Império romano, um homem jovem entrou em Jerusalém falando de amor e de paz, sua arma era a palavra, todos sabem como terminou sua aventura. Não me estranharia que em algum tempo mais, nos acusem de terroristas intelectuais, e nos persigam por todas as partes, mas ainda assim vale à pena dar esta batalha pela vida e a paz.

Por isso convoco os Poetas del Mundo a envolver-se ativamente nos problemas que aflijam as suas comunidades, sobretudo ali onde os homens perdem a razão e o sentido essencial de nossa existência. A poesia deve começar a jogar seu rol nestes tempos de guerra, de extermínios, de fome, de seqüestros, de injustiças, de aquecimento global do planeta e das novas pestes que carcomem a mentalidade de quantos detenham o poder e decidem sobre os destinos do mundo.

Convoco o nosso Corpo Diplomático Poético a fazer dos seus misteres e a atuar ali onde seus bons ofícios são necessários, e a pensar em como ser mais eficaz em nosso histórico praticado pela humanidade.

Estes e outros temas estarão no nosso Primeiro Congresso de Poetas del Mundo onde chegarão poetas de todo o planeta.”

VIVA A VIDA!

Luis Arias Manzo: Fundador e Secretário Geral do Movimento Poetas Del Mundo
Delasnieve Daspet: Embaixadora para o Brasil e Sub Secretaria para as Américas
Deth Haak: Cônsul dos Poetas Del Mundo para o Rio Grande do Norte
Tradução: Nadir Silveira Dias - Cônsul Poetas Del Mundo para o Estado do Rio Grande do Sul.
.

Deth Haak (Discurso em Trovas de Lançamento do 1o Congresso Mundial de Poetas Del Mundo - 2007)

Discurso proferido em trovas pela Coordenadora Sra. Deth Haak, Cônsul do Movimento de Poetas del Mundo no Estado do Rio Grande do Norte, no ato do lançamento oficial do 1º Congresso Mundial de Poetas del Mundo em 02.10.2007.

NATAL, UMA MAR DE POESIA E PAZ
Deth Haak

Que unidas todas as mãos
Inundem com alegrias
Poetas Del Mundo irmãos
Façam versos em demasia;

O mundo inteiro hoje vê
Na SPVA nordeste
Da Potyoca pra você
Versos de cabra da peste.

CASCUDO então me diria
Por e-mail ou telefone
Que Minerva aqui faria
Os versos em ciclone;

Bastante Camões virão
De Flor Bela, muitos clones
Poetas declamarão
Seus versos nos microfones

A SPVA deu provas
Que o verso e seus acalantos
Trará-nos nas boas novas
A Paz de todos os cantos

Em Deus Pai, tenho esperança
Que a Poesia reinará
E a Paz será a herança
Que Natal vos legará!

Será amena a lembrança
Que a saudade plantará
E então em cada criança
A Paz Mundial medrará;

Sinta qual Brisa a palavra
Plasmando o que eu sonhei
A Musa que o Vento lavra
Natal rainha sem rei!

Cidade Sol evidência
De universal harmonia
Busca da rima essência
E do verso a sinfonia;

Saudar Natal com ardor
Eis que o mar amante canta
E as Dunas primam o louvor
Na musica sacrossanta;

Poder exaltar-te em vida
Com trovas de puro amor
Enalteço-te comovida
Agradecendo ao Senhor;

Quem com versejar milita,
Basta ver-te magistral
Para despir-te bendita
Natal nubente sensual...

Poetas louvam-te em gloria
A Praeira do Othoniel
Cascudo em ti fez história
Cingindo-te com laurel!

És louvada por teus filhos
Em noitadas e manhãs
De Auta áureos estribilhos
E Luiz Carlos Guimarães;

Versos em Trovas altivas
O Cordel popular manto
Do Parnaso as sempre-vivas
Emolduradas de encanto;

Na verve de seus autores
Elevemos a nobreza
Pedro Grilo e seus valores
Da potiguar realeza.

Será em Maio o casório
Mês de Maria senhores
E haverá sol compulsório
Na Roma dos trovadores;

Que chova rima e o verso
No amparo da inspiração
Nas vírgulas do estro terço
Rezas preces e emoção;

Vinte e quatro a trinta e um
Num certame assaz afoito
Tu serás Natal o podium
Em Maio dois mil e oito;

Um mar de Paz te proponho
Minha Natal que amo tanto
Voragem de amor e sonho
Por isso em verso te canto;

Crispiniano o Presidente
Da Fundação se empolgou
E o projeto de repente
Desta poetisa aprovou;

Sou Poetisa e me orgulho
De ser par na confraria
Onde no verso procuro
A femína Academia.

Bem digo Ademar Macedo
Trovador da minha estima
Também louvo ao bardo ledo
Diógenes da Cunha Lima;

Poetas são pensadores
Nos mais variados climas
Neruda e demais autores
Os li pra cantar-lhes rimas

O Itajubá é saudade
Zila Mamede também
São dois anjos de bondade
Lá no azulado além!

Nobre guardião Luiz Árias
Dos pacifistas senhores
Almas da Paz sectárias
Recebam nossos louvores.

Digníssimo Secretario
Que do evento é timoneiro
É de escol o dignitário
De Natal pro Mundo inteiro;

Dona Vilma de Farias
Ilustre Governadora
Foi com Mar de Poesia
Simpática e acolhedora;

No dever bastante ativa
Desde o primeiro momento
Mui gentil e receptiva
Deu garantia ao evento;

Para o Brasil é a primaz
Esta escrita na lousa
Embaixadora da Paz
Delasnieve Daspet de Souza;

Prefeito Carlos Eduardo
Flutuando em cordialidade
Fará a entrega ao bardo
Da chave desta cidade;

Poetas Vivos e Afins
Firmes idealizadores
Ouçam de Cristo os clarins
O Mestre dos Sonhadores...

"A Poetisa dos Ventos"
Sociedade dos Poetas Vivos e Afins do Rio Grande do Norte
Cônsul Poeta Del Mundo - RN
AVSPE

Fonte:
http://www.congressopoetasdelmundo.com/

Delasnieve Daspet (Discurso Oficial do 1o Congresso Mundial de Poetas Del Mundo)

Discurso de Abertura Oficial do 1º Congresso Mundial de Poetas del Mundo, pronunciado pela Embaixadora no Brasil do Movimento Poetas del Mundo, Sra. Delasnieve Daspet, representando o Secretário Geral do Movimento Poetas del Mundo, Sr. Arias Manzo, no ato de seu lançamento em 02.10.2007, às 19hs no Palácio da Cultura/Pinacoteca em Natal, Rio Grande do Norte.

Aos poetas que participam da organização do Primeiro Congresso do nosso Movimento "Poetas del Mundo".

Aos poetas de todo o Brasil que se uniram a este esforço e que acreditaram nesta utopia que consiste em pôr poesia nos problemas que agoniam a humanidade.

Aos Poetas del Mundo
Desde Chile, o país de Gabriela Mistral e Pablo Neruda, dois Prêmios Nobel de Literatura, quero saudar a todos os poetas que trabalham na organização do nosso primeiro congresso que se realizará na cidade de Natal, Brasil. Quero saudar-lhes através da nossa Sub-Secretária Geral e Embaixadora Delasnieve Daspet, que tem trabalhado lado a lado comigo desde o início deste magno projeto, e que tem a difícil missão de fazer deste evento histórico um êxito sem precedentes na história da humanidade. Envio esta mensagem por ocasião do lançamento deste evento, acontecimento do qual quis participar pessoalmente, mas por dificuldades que não vem ao caso explicar agora, não pude estar com vocês, porém sei que os responsáveis de Natal e do Brasil saberão representar e expressar nossos ideais e princípios.

O poeta é um ser especial; tem o dom de fazer da palavra algo belo que transcende o sentido simples quando esta está desnuda, o poeta a veste de uma maneira que a faz forte, espetacular, bela. Para os tempos que vivemos é necessário que o homem consiga entender-se através do diálogo, porém o ruído dos canhões impede que nos escutemos, então se necessita imperiosamente que a voz ultrapasse o retumbar das armas, e o poeta sabe disso. Vivemos atualmente o processo de morte de uma etapa degenerada e o nascimento de uma NOVA ERA em que o poeta tem uma lista determinante de coisas em que intervir. O poeta não pode ficar atrás, o poeta deve ir na primeira fila, se não o faz, é que não é um verdadeiro poeta, em todo caso, não é um verdadeiro poeta del mundo.

Como algo concreto neste combate pela vida, me fixei na árdua tarefa de unir os poetas de todo o mundo que abraçam os ideais de liberdade e criei O Movimento Poetas del Mundo e fixei um ambicioso objetivo: converter a palavra em uma força real capaz de influir nos destinos do mundo e no equilíbrio do planeta. Logo, quando nossa voz ressoe nos frios palácios do Poder e chegue também ao bairro que o poeta não pode deixar de visitar, devemos ser capazes de propor uma via que nos retire do estado de decadência que vive nossa sociedade.

Nesta tarefa futurista o sujeito social é o poeta, e este poeta guerreiro deve nutrir-se da realidade social, mesclar-se nela e ser capaz de abandonar o Ego. Qualquer lugar onde se desenvolva a atuação do escritor, é uma trincheira de combate, porque por todas partes há decadência. Os políticos fracassaram; nos arrastaram a situação apocalíptica em que nos encontramos, hoje é necessária uma troca profunda na estruturação da organização do mundo, em outras palavras, creio que estamos vivendo nos limites do aceitável e muito perto do início de uma revolução planetária, é aí onde o escritor pós-moderno tem uma lista determinante de coisas em que intervir.

É certo que a guerra não é algo novo que nos surpreenda, a guerra tem existido sempre; desde a noite dos tempos em que o homem tomou consciência de sua existência viemos nos combatendo uns com os outros, o problema é que hoje a ambição do homem está provida de armas capazes de fazer desaparecer a vida no planeta em poucas horas. O que estamos vendo no Oriente Médio é uma etapa de um nefasto projeto muito ambicioso do Império, que consiste em apoderar-se dos recursos naturais que possui essa região, hoje se trata do petróleo, amanhã será a água doce.

Então, os poetas devemos usar nossa melhor arma para combater o horror, a ignorância ou a inconsciência dos homens, essa arma é o poema, essa maneira curta de expressar algo grande, essa forma de dizer em breve algo que envolve um sentimento enorme ao interior mesmo das entranhas da alma. O poema é a linguagem misteriosa que brota inexplicavelmente desde a fonte que nutre a vida sentimental do ser, isso que chamamos inspiração. É uma forma de comunicação entre o eu terrestre e a voz misteriosa que sussurra no interior de cada um. O poema pode ser tão potente, que se o usamos bem, o podemos converter em uma arma poderosíssima para combater os sentimentos cinzentos destes loucos que nos governam. Para lá se encaminha meu ambicioso projeto: Criar um exército de poetas guerreiros cuja arma seja a palavra que se expande pelo mundo como uma torrente de resistência para o que mata a vida e a felicidade.

Estou consciente do perigo que implica este projeto; não faz muito, faz algo assim como dois mil anos, eram os tempos do Império romano, um homem jovem entrou em Jerusalém falando de amor e de paz, sua arma era a palavra, todos sabemos como terminou sua aventura. Não me estranharia que em algum tempo mais, nos acusem de terroristas intelectuais, e nos persigam por todas as partes, mas ainda assim vale a pena dar esta batalha pela vida e a paz.

Luis Arias Manzo
Fundador e Secretário Geral do Movimento Poetas del Mundo
Tradução: Nadir Silveira Dias, Poeta del Mundo em Porto Alegre e Cônsul Estado do Rio Grande do Sul, com o estrito cuidado de preservar o exato pensamento e a construção lingüística do autor, no idioma original.
.
Fontes:

Delasnieve Daspet (Movimento Poetas Del Mundo - Poesia: Conviver com responsabilidade)

Movimento Poetas del Mundo

Tem a aparência de uma cadeia. Cadeia sinonímia de corrente. Sempre circulando. Sempre em movimento. De braços dados estamos lutando -com e pela palavra – pelo direito à vida. Vida com qualidade. Do ar sem poluição. Da água límpida. Da manutenção das matas. Do direito das minorias. Dos aviltados. Pela voz de todos os povos – oprimidos ou não.

Para nos fazermos ouvir – estamos falando pela poesia. Dela mesma. A palavra efetiva, de suas composições, de seus mitos, de suas espécies, de suas formas, metrificadas ou não, pois a poesia é a dialética da vida!

A poesia imita por diversos meios.

Exprime-se em cores ou figuras.

Imita a vida com o som, com o ritmo, com a harmonia. É tragédia ou comédia. Um canto, um ritmo. Epopéia, versos soltos, poemas livres....

Estes são alguns dos movimentos da palavra e de como a descrevem os poetas.

Então, amigos, não há que se falar em norte único do movimento. Tudo o que esta escrito no Manifesto faz parte.

Mas, é muito mais do que isso! Cada um tem de buscar dentro de si o que pode fazer – não esperar que lhes diga o que pode fazer.

Atuem no seu bairro. Na sua vila. Na sua família. No trânsito. Com seu amigo. Com seu próximo.

Exerça a sua cidadania. Isso não dependerá de qualquer movimento, mas sim, do interesse de cada um pela vida.

Olhem quanta coisa existem ao nosso redor... Falem de fatos que estão aí... à mão, por exemplo, sobre o meio ambiente. Se os governantes da terra, se cada um de nós – não nos conscientizarmo-nos muito em breve a poesia na e da Terra se calará.

Não haverá nada a ser cantado. Nem um por de sol, nem penumbra, nem vida...

Então?

Desejo que todos consigam realizar bom combate:

CONVIVER COM RESPONSABILIDADE
Delasnieve Daspet

O que esta fazendo o homem?
Dominar a natureza é sua intenção...
Não tem como, não!
Antes de dominar o planeta temos de aprender
A nos conhecer...

É hora de parar e examinar nossa sede de extermínio,
De agressão à vida,
Necessitamos de uma nova visão de progresso
De consciência ecológica,
Pois somos partes, integrantes, deste mundo,
Partilhamos com ele nossos sonhos e projetos.

Ganhamos o planeta de presente,
Só falta convivermos com zelo e responsabilidade.
Já foi dito que poderíamos aproveitar de
Todos os frutos, de todas as riquezas,
Conservando-a com sabedoria.

Diz-se que o planeta não tem instinto...
Que não pode se vingar
Do que lhe fazem no dia a dia,
Quando vivemos a poluir e a exterminar...

Mas ele tem se virado contra o homem,
Mostrando sua força e exigindo respeito...
Ou o que dizer dos tornados, tsunamis, enchentes,
Fogo, frio, calor, lixos, secas latentes...

Homens ouçam:
O planeta, a natureza , o universo, a vida
Pedem clemência!

05.06.05
Campo Grande MS