quarta-feira, 23 de julho de 2008

Eugenio Montale (O falcão e a nuvem)

IN LIMINE

Folga se o vento sopra no pomar e o
faz tremer na ondulação da vida;
aqui se afunda um morto
urdume de memórias,
que horto já não é, mas relicário.

Não é um vôo este adejar ao sol
e sim a comoção do eterno seio;
vê como se transforma um pobre veio
de terra solitário num crisol.

Ímpeto desta parte do árduo muro.
Se avanças, tens contatos
(tu talvez) com o fantasma que te salva;
aqui vão-se compondo histórias, atos
riscados pelo jogo do futuro.

Procura a malha rota nesta rede
que nos estreita, e pula fora, escapa!
Vai, por ti faço votos — minha sede
será leve, a ferrugem menos áspera.

(Tradução: Ivo Barroso)

[IN LIMINE]

Godi se il vento ch'entra nel pomario
vi rimena l'ondata della vita:
qui dove affonda un morto
viluppo di memorie,
orto non era, ma reliquiario.

Il frullo che tu senti non è un volo,
ma il commuoversi dell'eterno grembo;
vedi che si trasforma questo lembo
di terra solitario in un crogiuolo.

Un rovello è di qua dall'erto muro.
Se procedi t'imbatti
tu forse nel fantasma che ti salva:
si compongono qui le storie, gli atti
scancellati pel giuoco del futuro.

Cerca una maglia rotta nella rete
che ci stringe, tu balza fuori, fuggi!
Va, per te l'ho pregato,— ora la sete
mi sarà lieve, meno acre la ruggine…

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NÃO NOS PEÇAS A PALAVRA

Não nos peças a palavra que acerte cada lado
de nosso ânimo informe, e com letras de fogo
o aclare e resplandeça como açaflor
perdido em meio de poeirento prado.

Ah o homem que lá se vai seguro,
dos outros e de si próprio amigo,
e sua sombra descura que a canícula
estampa num escalavrado muro!

Não nos peças a fórmula que possa abrir mundos,
e sim alguma sílaba torcida e seca como um ramo.
Hoje apenas podemos dizer-te
o que não somos, o que não queremos.

(Tradução: Renato Xavier)

[NON CHIEDERCI LA PAROLA]

Non chiederci la parola che squadri da ogni lato
l'animo nostro informe, e a lettere di fuoco
lo dichiari e risplenda come un croco
perduto in mezzo a un polveroso prato.

Ah l'uomo che se ne va sicuro,
agli altri ed a se stesso amico,
e l'ombra sua non cura che la canicola
stampa sopra uno scalcinato muro!

Non domandarci la formula che mondi possa aprirti,
sì qualche storta sillaba e secca come un ramo.
Codesto solo oggi possiamo dirti,
ciò che non siamo, ciò che non vogliamo.

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Ó VIDA

Ó vida, não te peço lineamentos
fixos, vultos plausíveis ou possessos.
Sinto que no teu giro inquieto o mesmo
sabor que tem o mel tem o absinto.

O coração propenso todo ao vil
raro se afeta com pressentimentos.
Tal como soa às vezes no silêncio
do descampado um tiro de fuzil.

(Tradução: Ivo Barroso)

[MIA VITA]

Mia vita, a te non chiedo lineamenti
fissi, volti plausibili o possessi.
Nel tuo giro inquieto ormai lo stesso
sapore han miele e assenzio.

Il cuore che ogni moto tiene a vile
raro è squassato da trasalimenti.
Così suona talvolta nel silenzio
della campagna un colpo di fucile.
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SESTEAR ENTRE PÁLIDO E ABSORTO

Sestear entre pálido e absorto
junto a um ardente muro de horto;
ouvir por entre sarças e estrepes
pios de melros, silvos de serpes.

Entre as fendas do solo ou pelo coentro
espiar filas de rubras formigas
que ora se espalham, ora se concentram
em cima de minúsculas vigas.

Observar entre a fronde a palpitar
ao longe as escamas do mar
enquanto se erguem os trêmulos rascos
das cigarras de altos penhascos.

E andando ao sol que nos baralha
a vista, ver — triste maravilha —
como é toda esta vida e sua estafa
ao longo deste muro que rebrilha
com seus cacos agudos de garrafa.
(Tradução: Ivo Barroso)

[MERIGGIARE PALLIDO E ASSORTO]

Meriggiare pallido e assorto
presso un rovente muro d' orto,
ascoltare tra i pruni e gli sterpi
schiocchi di merli, frusci di serpi.

Nelle crepe del suolo o su la veccia
spiar le file di rosse formiche
ch' ora si rompono ed ora s' intrecciano
a sommo di minuscole biche.

Osservare tra frondi il palpitare
lontano di scaglie di mare
mentre si levano tremuli scricchi
di cicale dai calvi picchi.

E andando nel sole che abbaglia
sentire con triste meraviglia
com' é tutta la vita e il suo travaglio
in questo seguitare una muraglia
che ha in cima cocci aguzzi di bottiglia.

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NÃO RARO TIVE O MAL DA VIDA AO LADO

Não raro tive o mal da vida ao lado:
era o arroio arrochado que gorgolha,
ou era o esturricar-se de uma folha
ardida, ora o cavalo esquartejado.

Do bem não soube, exceto da magia
que emana da divina Indiferença:
como uma estátua assim na sonolência
do meio-dia, e a nuvem, e o falcão no ar alçado.

(Tradução: Ivo Barroso)

[SPESSO IL MALE DI VIVERE HO INCONTRATO]

Spesso il male di vivere ho incontrato:
era il rivo strozzato che gorgoglia,
era l'incartocciarsi della foglia
riarsa, era il cavallo stramazzato.

Bene non seppi, fuori del prodigio
che schiude la divina Indifferenza:
era la statua nella sonnolenza
del meriggio, e la nuvola, e il falco alto levato.

De Ossi di Seppia (Ossos de Sépia), 1920-1927
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COBRI DE ALPISTE A SACADA

Cobri de alpiste a sacada
para o concerto da madrugada de amanhã.
Apaguei a luz e esperei pelo sono.
E já na passarela se inicia
o desfile dos mortos grandes e pequenos
que conheci em vida. É difícil distinguir
quem eu gostaria ou não que
regressasse entre nós. Lá onde estão
parecem inalteráveis por um algo mais
de decomposição sublimada. Nós fizemos
o melhor de nossos esforços para piorar o mundo.

(Tradução: Geraldo Holanda Cavalcanti)

[HO SPARSO DI BECCHIME IL DAVANZALE]

Ho sparso di becchime il davanzale
per il concerto di domani all'alba.
Ho spento il lume e ho atteso il sonno.
E sulla passerella già comincia
la sfilata dei morti grandi e piccoli
che ho conosciuto in vita. Arduo distinguere
tra chi vorrei e non vorrei che fosse
tornato tra noi. Là dove stanno
sembrano inalterabili per un di più
di sublimata corruzione. Abbiamo
fatto del nostro meglio per peggiorare il mondo.

De Quaderni di Quattro Anni (1973-1977)
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A Bela Dama Sem Misericórdia

Sem dúvida as gaivotas cantonais esperaram em vão
as migalhas de pão que eu lhes lançava
em teu balcão para que ouvisses
mesmo ferrada no sono os seus estrídulos.

Hoje faltamos os dois ao encontro
e o nosso café da manhã esfria entre as pilhas
para mim de livros inúteis e para ti de relíquias
que ignoro: agendas, estojos, vidros e cremes.

Maravilhoso o teu rosto se obstina ainda, recortado
sobre o pano de fundo de cal da manhã;
mas uma vida sem asas não o alcança e o seu fogo
sufocado é o lampejo de um isqueiro.

(Tradução: Geraldo Holanda Cavalcanti)

[LA BELLE DAME SANS MERCI]

Certo i gabbiani cantonali hanno atteso invano
le briciole di pale che io gettavo
sul tuo balcone perché tu sentissi
anche chiusa nel sonno le loro strida.

Oggi manchiamo all'appuntamento tutti e due
e il nostro breakfast gela tra cataste
per me di libri inutili e per te di reliquie
che non so: calendari, astucci, fiale e creme.

Stupefacente il tuo volto s'ostina ancora, stagliato
sui fondali di calce del mattino;
ma una vita senz'ali non lo raggiunge e il suo fuoco
soffocato è il bagliore dell'accendino.

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DIVINDADES INCÓGNITAS


Dizem
que de divindades terrestres entre nós
se encontram cada vez menos.
Muitas pessoas duvidam
de sua existência nesta terra.
Dizem
que neste mundo ou no de cima existe uma só ou nenhuma;
crêem
que os sábios antigos eram todos uns loucos,
escravos de sortilégios se diziam
que algum incógnito
os visitava.

Eu digo
que imortais invisíveis
aos outros ou talvez inconscientes
de seus privilégios,
divindades em jeans e com suas mochilas,
sacerdotisas em gabardine e sandálias,
pitonisas de ar absorto à fumação de um fogo de pinhões,
numinosas visões não irreais, tangíveis,
intocadas,
vi muitas vezes
mas sempre tarde demais se tentava
desmascará-las.

Dizem
que os deuses não descem neste mundo,
que o criador não cai de pára-quedas,
que o fundador não funda porque ninguém
jamais o fundou ou fundiu
e que nós não somos mais do que os desastres
de seu nulificante magistério;

contudo
se uma divindade, mesmo de ínfimo grau,
alguma vez me roçou
o arrepio que senti me disse tudo e no entanto
faltava-me reconhecê-la e o não existente
ser se esvanecia.

(Tradução: Geraldo Holanda Cavalcanti)

[DIVINITÀ IN INCOGNITO]

Dicono
che di terrestri divinità tra noi
se ne incontrano sempre meno.
Molte persone dubitano
della loro esistenza su questa terra.
Dicono
che in questo mondo o sopra ce n'è una sola o nessuna;
credono
che i savi antichi fossero tutti pazzi,
schiavi di sortilegi se opinavano
che qualche nume in incognito
li visitasse.

Io dico
che immortali invisibili
agli altri e forse inconsci
del loro privilegio,
deità in fustagno e tascapane,
sacerdotesse in gabardine e sandali,
pizie assorte nel fumo di un gran falò di pigne,
numinose fantasime non irreali, tangibili,
toccate mai,
io ne ho vedute più volte
ma era troppo tardi se tentavo
di smascherarle.

Dicono
che gli dei non scendono quaggiù,
che il creatore non cala col paracadute,
che il fondatore non fonda perché nessuno
l'ha mai fondato o fonduto
e noi siamo solo disguidi
del suo nullificante magistero;

eppure
se una divinità, anche d'infimo grado,
mi ha sfiorato
quel brivido m'ha detto tutto e intanto
l'agnizione mancava e il non essente
essere dileguava.

De Satura (1962-1970)
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O poeta que comparece hoje perante vocês é um dos mais celebrados da Itália: Eugenio Montale. Nascido em Gênova em 1896, Montale morreu em 1981. Interrompeu os estudos em 1915 para servir na Primeira Guerra Mundial. Com o fim do conflito, retornou à cidade natal. Em 1927, transferiu-se para Florença. No ano seguinte, passou a dirigir o Gabinete Viesseux, de literatura e ciência. Tornou-se então conhecido como poeta, tradutor e crítico.

Sua primeira coletânea de poemas, Ossi di Seppia (Ossos de sépia, ou Ossos de siba), saiu em 1925. Com a ascensão do fascismo, Montale foi afastado do Gabinete em 1938. Motivo: recusou-se a aderir ao Partido Fascista. O escritor então se afastou das atividades públicas e dedicou-se à tradução. Verteu para o italiano obras de William Shakespeare, T.S. Eliot, Herman Melville, Eugene O’Neill e outros.

Após a Segunda Guerra Mundial, Montale mudou-se para Milão (em 1948), onde passou a colaborar na seção literária do Corriere della Sera. Nesse jornal escreveu numerosas resenhas de livros e influenciou outros críticos com suas opiniões. Em 1975, Montale recebeu o Prêmio Nobel de literatura.

• • •
Eugenio Montale é considerado o mais expressivo representante italiano da chamada poesia hermética, juntamente com Salvatore Quasimodo (outro laureado com o Nobel, em 1959) e Giuseppe Ungaretti. É bom considerar que muito do hermetismo desse rótulo já se desfez com o tempo.

Para a seleção de poemas ao lado, vali-me do trabalho de três tradutores: Ivo Barroso, que incluiu poemas montalianos em seu volume O Torso e o Gato – o Melhor da Poesia Universal (Record, 1991); Geraldo Holanda Cavalcanti, que verteu a antologia Poesias (Record, 1997), com poemas de todas as fases da vida de Montale; e Renato Xavier, autor da versão do primeiro livro do genovês, Ossos de Sépia (Cia. das Letras, 2002).

A poesia de Montale tem marcas bem reconhecíveis. Talvez a que mais se destaque seja um agudo pessimismo. Não é difícil identificá-lo ao ler poemas como “Não Nos Peças a Palavra]” e “[Não Raro Tive o Mal da Vida ao lado]”. Em “[Cobri de Alpiste a Sacada]”, ele diz, explicitamente: “Nós fizemos / o melhor de nossos esforços para piorar o mundo”. É compreensível, para um homem que viu de perto as duas grandes guerras.

Outra marca que se destaca na criação lírica de Montale é — apesar do persistente pessimismo — a capacidade de captar momentos de pura beleza como na conclusão do poema “[Não Raro Tive o Mal da Vida ao lado]”: “uma estátua assim na sonolência / do meio-dia, e a nuvem, e o falcão no ar alçado”. Isso, para mim, tem a mesma tonalidade poética de um poema de Drummond: “Não amei ninguém. / Salvo aquele pássaro — vinha azul e doido — / que se esfacelou na asa do avião” (“Confissão”, de Claro Enigma, 1951).

Também vale a pena notar a refinada ironia montaliana. Ela aparece, por exemplo, no poema “Divindades Incógnitas”. Há uma combinação de desalento e ironia quando o poeta escreve “Não nos peças a fórmula que possa abrir mundos, / e sim alguma sílaba torcida e seca como um ramo”.
(“[Não Nos Peças a Palavra]”).

A poesia de Montale é isso: um exercício quase silencioso de tentar flagrar, entre apagados momentos da vida, a repentina centelha que se acende entre a nuvem e o falcão em vôo.
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Fontes:
Eugenio Montale. • "In Limine", "Sestear entre pálido e absorto", "Não raro tive o mal da vida ao lado", "Ó vida". In O Torso e o Gato – O Melhor da Poesia Universal. Ivo Barroso. Record, Rio de Janeiro, 1991
• "Não nos peças a palavra" In Eugenio Montale – Ossos de Sépia. Tradução, prefácio e notas de Renato Xavier. Cia. das Letras, São Paulo, 2002
• "Cobri de alpiste a sacada", "La belle dame sans merci", "Divindades incógnitas". In Eugenio Montale – Poesias Seleção, tradução e notas de Geraldo Holanda Cavalcanti
Carlos Machado. poesia.net. In http://www.algumapoesia.com.br/ , 2008

Fotomontagem: José Feldman

Elizabeth Barrett Browning (Sonetos de amor)

SONETO XIV

Tradução: Manuel Bandeira

Ama-me por amor do amor somente
Não digas: «Amo-a pelo seu olhar,
O seu sorriso, o modo de falar
Honesto e brando. Amo-a porque se sente

Minh'alma em comunhão constantemente
Com a sua.» Porque pode mudar
Isso tudo, em si mesmo, ao perpassar
Do tempo, ou para ti unicamente.

Nem me ames pelo pranto que a bondade
De tuas mãos enxuga, pois se em mim
Secar, por teu conforto, esta vontade

De chorar, teu amor pode ter fim!
Ama-me por amor do amor, e assim
Me hás de querer por toda a eternidade.

SONNET XIV

If thou must love me, let it be for nought
Except for love's sake only. Do not say
«I love her for her smile... her look... her way
Of speaking gently,... for a trick of thought

That falls in well with mine, and certes brought
A sense of pleasant ease on such a day» —
For these things in themselves, Belovèd, may
Be changed, or change for thee, — and love, so
[ wrought,

May be unwrought so. Neither love me for
Thine own dear pity's wiping my cheeks dry, —
A creature might forget to weep, who bore

Thy comfort long, and lose thy love thereby!
But love me for love's sake, that evermore
Thou may'st love on, through love's eternity.
=======
SONETO XXVIII


Tradução: Manuel Bandeira

As minhas cartas! Todas elas frio,
Mudo e morto papel! No entanto agora
Lendo-as, entre as mãos trêmulas o fio
da vida eis que retomo hora por hora.

Nesta queria ver-me — era no estio —
Como amiga a seu lado... Nesta implora
Vir e as mãos me tomar... Tão simples! Li-o
E chorei. Nesta diz quanto me adora.

Nesta confiou: sou teu, e empalidece
A tinta no papel, tanto o apertara
Ao meu peito que todo inda estremece!

Mas uma... Ó meu amor, o que me disse
Não digo. Que bem mal me aproveitara,
Se o o que então me disseste eu repetisse...

SONNET XXVIII

My letters! all dead paper, mute and white!
And yet they seem alive and quivering
Against my tremulous hands which loose
[ the string
And let them drop down on my knee to-night.

This said, — he wished to have me in his sight
Once, as a friend: this fixed a day in spring
To come and touch my hand... a simple thing,
Yet I wept for it! — this... the paper's light...

Said, Dear I love thee; and I sank and quailed
As if God's future thundered on my past.
This said, I am thine — and so its ink has paled

With lying at my heart that beat too fast.
And this... O Love, thy words have ill availed
If, what this said, I dared repeat at last!
===================
Há cerca de um século e meio, a poeta romântica inglesa Elizabeth Barrett Browning (1806-1861) escreveu uma coletânea de poemas que se tornou uma das mais conhecidas da lírica amorosa em seu idioma. Trata-se de Sonnets from the Portuguese, livro publicado em 1850 e dedicado ao marido dela, o também poeta Robert Browning.

Escritora de talento, Elizabeth desde cedo mostrou inclinação para a literatura. Consta que ela já conhecia as peças de Shakespeare e outras obras clássicas antes dos 10 anos de idade. Na adolescência, aprendeu grego e hebraico. Aos 20 anos, ela publicou seu primeiro livro de poemas. Em 1833, saiu sua tradução para o inglês da peça Prometeu Acorrentado, de Ésquilo.

Em 1844, ela edita uma coletânea chamada Poems. Esse volume lhe valeu a aproximação com Robert Browning. Os dois se casaram e se estabeleceram em Florença, na Itália.

No Brasil, Elizabeth foi traduzida por nomes de peso, entre os quais Manuel Bandeira. O soneto ao lado está no livro Poemas Traduzidos, do autor de "Vou-me embora pra Pasárgada". Os textos originais vêm do celebrado Sonnets from the Portuguese.

É claro que esses amores românticos e "para toda a eternidade", cantados por Elizabeth Barrett Browning soam completamente deslocados no mundo atual. Mas não há como deixar de admirar a magistral escritora que um dia pôs esses sonetos no papel.
===============
Fontes:
Elizabeth Barrett Browning. In Sonnets from the Portuguese 1850
• Tradução: Manuel Bandeira
In Estrela da Vida Inteira. Record, Rio de Janeiro, 1998
Carlos Machado. poesia.net. In http://www.algumapoesia.com.br/ , 2005
http://www.antiqbook.com/ (imagem
)

João Cabral de Melo Neto (O cão sem plumas)

(poema na integra)

I. Paisagem do Capibaribe

A cidade é passada pelo rio
como uma rua
é passada por um cachorro;
uma fruta
por uma espada.

O rio ora lembrava
a língua mansa de um cão,
ora o ventre triste de um cão,
ora o outro rio
de aquoso pano sujo
dos olhos de um cão.

Aquele rio
era como um cão sem plumas.
Nada sabia da chuva azul,
da fonte cor-de-rosa,
da água do copo de água,
da água de cântaro,
dos peixes de água,
da brisa na água.

Sabia dos caranguejos
de lodo e ferrugem.
Sabia da lama
como de uma mucosa.
Devia saber dos polvos.
Sabia seguramente
da mulher febril que habita as ostras.

Aquele rio
jamais se abre aos peixes,
ao brilho,
à inquietação de faca
que há nos peixes.
Jamais se abre em peixes.

Abre-se em flores
pobres e negras
como negros.
Abre-se numa flora
suja e mais mendiga
como são os mendigos negros.
Abre-se em mangues
de folhas duras e crespos
como um negro.

Liso como o ventre
de uma cadela fecunda,
o rio cresce
sem nunca explodir.
Tem, o rio,
um parto fluente e invertebrado
como o de uma cadela.

E jamais o vi ferver
(como ferve
o pão que fermenta).
Em silêncio,
o rio carrega sua fecundidade pobre,
grávido de terra negra.

Em silêncio se dá:
em capas de terra negra,
em botinas ou luvas de terra negra
para o pé ou a mão
que mergulha.

Como às vezes
passa com os cães,
parecia o rio estagnar-se.
Suas águas fluíam então
mais densas e mornas;
fluíam com as ondas
densas e mornas
de uma cobra.

Ele tinha algo, então,
da estagnação de um louco.
Algo da estagnação
do hospital, da penitenciária, dos asilos,
da vida suja e abafada
(de roupa suja e abafada)
por onde se veio arrastando.

Algo da estagnação
dos palácios cariados,
comidos
de mofo e erva-de-passarinho.
Algo da estagnação
das árvores obesas
pingando os mil açúcares
das salas de jantar pernambucanas,
por onde se veio arrastando.

(É nelas,
mas de costas para o rio,
que "as grandes famílias espirituais" da cidade
chocam os ovos gordos
de sua prosa.
Na paz redonda das cozinhas,
ei-las a revolver viciosamente
seus caldeirões
de preguiça viscosa).

Seria a água daquele rio
fruta de alguma árvore?
Por que parecia aquela
uma água madura?
Por que sobre ela, sempre,
como que iam pousar moscas?

Aquele rio
saltou alegre em alguma parte?
Foi canção ou fonte
Em alguma parte?
Por que então seus olhos
vinham pintados de azul
nos mapas?

II. Paisagem do Capibaribe

Entre a paisagem
o rio fluía
como uma espada de líquido espesso.
Como um cão
humilde e espesso.

Entre a paisagem
(fluía)
de homens plantados na lama;
de casas de lama
plantadas em ilhas
coaguladas na lama;
paisagem de anfíbios
de lama e lama.

Como o rio
aqueles homens
são como cães sem plumas
(um cão sem plumas
é mais
que um cão saqueado;
é mais
que um cão assassinado.

Um cão sem plumas
é quando uma árvore sem voz.
É quando de um pássaro
suas raízes no ar.
É quando a alguma coisa
roem tão fundo
até o que não tem).

O rio sabia
daqueles homens sem plumas.
Sabia
de suas barbas expostas,
de seu doloroso cabelo
de camarão e estopa.

Ele sabia também
dos grandes galpões da beira dos cais
(onde tudo
é uma imensa porta
sem portas)
escancarados
aos horizontes que cheiram a gasolina.

E sabia
da magra cidade de rolha,
onde homens ossudos,
onde pontes, sobrados ossudos
(vão todos
vestidos de brim)
secam
até sua mais funda caliça.

Mas ele conhecia melhor
os homens sem pluma.
Estes
secam
ainda mais além
de sua caliça extrema;
ainda mais além
de sua palha;
mais além
da palha de seu chapéu;
mais além
até
da camisa que não têm;
muito mais além do nome
mesmo escrito na folha
do papel mais seco.

Porque é na água do rio
que eles se perdem
(lentamente
e sem dente).
Ali se perdem
(como uma agulha não se perde).
Ali se perdem
(como um relógio não se quebra).

Ali se perdem
como um espelho não se quebra.
Ali se perdem
como se perde a água derramada:
sem o dente seco
com que de repente
num homem se rompe
o fio de homem.

Na água do rio,
lentamente,
se vão perdendo
em lama; numa lama
que pouco a pouco
também não pode falar:
que pouco a pouco
ganha os gestos defuntos
da lama;
o sangue de goma,
o olho paralítico
da lama.

Na paisagem do rio
difícil é saber
onde começa o rio;
onde a lama
começa do rio;
onde a terra
começa da lama;
onde o homem,
onde a pele
começa da lama;
onde começa o homem
naquele homem.

Difícil é saber
se aquele homem
já não está
mais aquém do homem;
mais aquém do homem
ao menos capaz de roer
os ossos do ofício;
capaz de sangrar
na praça;
capaz de gritar
se a moenda lhe mastiga o braço;
capaz
de ter a vida mastigada
e não apenas
dissolvida
(naquela água macia
que amolece seus ossos
como amoleceu as pedras).

III. Fábula do Capibaribe

A cidade é fecundada
por aquela espada
que se derrama,
por aquela
úmida gengiva de espada.

No extremo do rio
o mar se estendia,
como camisa ou lençol,
sobre seus esqueletos
de areia lavada.

(Como o rio era um cachorro,
o mar podia ser uma bandeira
azul e branca
desdobrada
no extremo do curso
— ou do mastro — do rio.

Uma bandeira
que tivesse dentes:
que o mar está sempre
com seus dentes e seu sabão
roendo suas praias.

Uma bandeira
que tivesse dentes:
como um poeta puro
polindo esqueletos,
como um roedor puro,
um polícia puro
elaborando esqueletos,
o mar,
com afã,
está sempre outra vez lavando
seu puro esqueleto de areia.

O mar e seu incenso,
o mar e seus ácidos,
o mar e a boca de seus ácidos,
o mar e seu estômago
que come e se come,
o mar e sua carne
vidrada, de estátua,
seu silêncio, alcançado
à custa de sempre dizer
a mesma coisa,
o mar e seu tão puro
professor de geometria).

O rio teme aquele mar
como um cachorro
teme uma porta entretanto aberta,
como um mendigo,
a igreja aparentemente aberta.

Primeiro,
o mar devolve o rio.
Fecha o mar ao rio
seus brancos lençóis.
O mar se fecha
a tudo o que no rio
são flores de terra,
imagem de cão ou mendigo.

Depois,
o mar invade o rio.
Quer
o mar
destruir no rio
suas flores de terra inchada,
tudo o que nessa terra
pode crescer e explodir,
como uma ilha,
uma fruta.

Mas antes de ir ao mar
o rio se detém
em mangues de água parada.
Junta-se o rio
a outros rios
numa laguna, em pântanos
onde, fria, a vida ferve.

Junta-se o rio
a outros rios.
Juntos,
todos os rios
preparam sua luta
de água parada,
sua luta
de fruta parada.

(Como o rio era um cachorro,
como o mar era uma bandeira,
aqueles mangues
são uma enorme fruta:

A mesma máquina
paciente e útil
de uma fruta;
a mesma força
invencível e anônima
de uma fruta
— trabalhando ainda seu açúcar
depois de cortada —.

Como gota a gota
até o açúcar,
gota a gota
até as coroas de terra;
como gota a gota
até uma nova planta,
gota a gota
até as ilhas súbitas
aflorando alegres).

IV. Discurso do Capibaribe

Aquele rio
está na memória
como um cão vivo
dentro de uma sala.
Como um cão vivo
dentro de um bolso.
Como um cão vivo
debaixo dos lençóis,
debaixo da camisa,
da pele.

Um cão, porque vive,
é agudo.
O que vive
não entorpece.
O que vive fere.
O homem,
porque vive,
choca com o que vive.
Viver
é ir entre o que vive.

O que vive
incomoda de vida
o silêncio, o sono, o corpo
que sonhou cortar-se
roupas de nuvens.
O que vive choca,
tem dentes, arestas, é espesso.
O que vive é espesso
como um cão, um homem,
como aquele rio.

Como todo o real
é espesso.
Aquele rio
é espesso e real.
Como uma maçã
é espessa.
Como um cachorro
é mais espesso do que uma maçã.
Como é mais espesso
o sangue do cachorro
do que o próprio cachorro.
Como é mais espesso
um homem
do que o sangue de um cachorro.
Como é muito mais espesso
o sangue de um homem
do que o sonho de um homem.

Espesso
como uma maçã é espessa.
Como uma maçã
é muito mais espessa
se um homem a come
do que se um homem a vê.
Como é ainda mais espessa
se a fome a come.
Como é ainda muito mais espessa
se não a pode comer
a fome que a vê.

Aquele rio
é espesso
como o real mais espesso.
Espesso
por sua paisagem espessa,
onde a fome
estende seus batalhões de secretas
e íntimas formigas.

E espesso
por sua fábula espessa;
pelo fluir
de suas geléias de terra;
ao parir
suas ilhas negras de terra.

Porque é muito mais espessa
a vida que se desdobra
em mais vida,
como uma fruta
é mais espessa
que sua flor;
como a árvore
é mais espessa
que sua semente;
como a flor
é mais espessa
que sua árvore,
etc. etc.

Espesso,
porque é mais espessa
a vida que se luta
cada dia,
o dia que se adquire
cada dia
(como uma ave
que vai cada segundo
conquistando seu vôo).
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Ao lado de Manuel Bandeira (1886-1968) e Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), João Cabral de Melo Neto (1920-1999) forma a santíssima trindade da moderna poesia brasileira. Além da estatura poética, os três têm um fio que os une: Bandeira foi mestre de Drummond e este, por sua vez, também serviu de referência para Cabral.

Ao lado, "O Cão sem Plumas", poema publicado em 1950. Anterior à peça em versos Morte e Vida Severina (escrita em 1954-55), esse cão despossuído de adornos representa um dos momentos mais altos da criação cabralina.

O cão desemplumado é a metáfora de Cabral para o rio Capibaribe e sua cinzenta convivência com os homens-caranguejos, que também são cães sem plumas. "Difícil é saber/ se aquele homem/ já não está/ mais aquém do homem".

Poema soberbo, "O Cão sem Plumas" é a descrição das condições subumanas nas palafitas e mocambos do Recife. A dicção é dura, como convém ao tema, mas nunca resvala para o panfleto. “Só mesmo um grande artista poderia assumir ecos de um discurso social sem ser panfletário, romântico ou esteticista”, escreve o colunista Daniel Piza (Gazeta Mercantil, 18/10/1999).

Fontes:
João Cabral de Melo Neto. "O Cão sem Plumas", In Poesias Completas (1940-1965). José Olympio, 3a. ed., 1979

Carlos Machado. poesia.net. In http://www.algumapoesia.com.br/ , 2002.

Dias Gomes (A Invasão)

Comentar A Invasão de Dias Gomes é antes de tudo um presente, uma obra produzida para o povo – Do Povo, para o Povo, sem Demagogia - retrata a necessidade de mudança que a sociedade brasileira necessitava no período considerado negro que se iniciou em 1964 com uma sociedade viciada políticamente e presa a uma dramaturgia tradicionalista sem renovação do aplauso fácil da classe rica.

Os reformuladores da sociedade dramatúrgica ganham nomes como Gianfrancesco Guarnieri, ao lado de Oduvaldo Viana Filho. Moldam um novo teatro brasileiro com os moldes do Teatro Americano de crítica social, é o STREET SCENE ganhando espaço no Brasil. Três grandes autores despontam com um teatro novo de linguagem simples, sem um figurino exagerado e caro, uma linguagem direta à serviço das causa populares. Seu único e verdadeiro objetivo preparar o pobre para sua independência , mesmo tardia.

O Autor de O Bem-Amado, O Berço do Herói, Amor em Campo Minado, Campeões do Mundo, Decadência, Meu Reino por um Cavalo, Odorico na Cabeça, O Pagador de Promessas, As Primícias, O Rei de Ramos, o Santo Inquérito, Sucupira, Ame-a ou Deixe-a nos deu também, A Invasão que é uma peça de teatro – Dramaturgia BRASILEIRA – escrita em três atos e cinco quadros. “É um teatro engajado é a noção completada que um artista decente não pode furtar-se à sua contribuição inalienável à história. É também um teatro combatido, sobretudo censurado. Mas é o melhor e o único de temos necessidade”. A INVASÃO foi premiada duas vezes: Prêmio Padre Ventura, 1962 (CICT); Prêmio Cláudio de Souza, 1961 (ABL); Em 25/10/1962, foi apresenta pela primeira vez ao público, no Teatro do Rio de Janeiro.

No Primeiro Ato, a peça apresenta um grupo de favelados invadindo um edifício, em construção, abandonado. Devido as fortes chuvas que os havia expulsado da favela. Vieram em um desses caminhões denominados, no Nordeste do Brasil, de pau de arara. Sem opção de moradia Bené, Isabel e Lula iniciam propriamente a Invasão no Primeiro Quadro. Depois seguido de Justino, Santa, O Filho de Santa, Tonho, Malu e Rita. Já estavam lá fazendo amor Bola Sete e Lindalva que no início os confunde com a Polícia. Depois os outros vão chegando, O Profeta, no primeiro piso e a Invasão vai se dando gradativamente no Prédio abandonado. Vai se configurando o que os Moradores vão chamar de Favela do Esqueleto, muita gente pobre, negros, mulatos e muitos palavrões mesclados com desemprego e fome.

O Segundo Quadro é marcado pelos sonhos, Bola Sete sonha em gravar seu disco de Vinil, ser compositor, Bené que foi jogador de futebol joga suas esperanças no filho Lula ser descoberto por um olheiro do Flamengo num campinho próximo e tirar a família da miséria, mas seu destino era ser operário mesmo. Justino depois da fome na Cidade Grande sonha em voltar para sua terra. Malu é seduzida pela Cidade Grande, quer ficar e arrumar um homem rico, pobre não dá. Lula se apaixona por ela, ainda vai ao cinema com ele, mas pobre não dá. Rita que seguir os passos da irmã, O FATO MAIS EMOCIONANTE DESTE QUADRO é a morte do filho de Santa. Palavras do Justino “ Eu sabia que ele não ia aturar”. Diante da fome e da miséria que matou a criança ainda aparecem os Tiras para expulsar a todos, em menor número, recuam e Bola Sete e todos os enfrentam. Eles dizem que chamar o Rabecão, saída honrosa para a polícia.

Três dias depois da invasão começa o terceiro Quadro do Segundo Ato da peça, Tudo está mais habitável, com exceção o quarto do Profeta, O Mané Gorila entra no primeiro piso, ele é o Cabo Eleitoral do Deputado Deodato Peralva, tem que tirar proveito do fato para as próximas eleições. Vivia explorando na Favela antes das chuvas e enchente, aqui não podia ficar de lado. Foi chegando assumindo o que restava, e como se fosse dono foi dizendo que o Deputado vai botar água, luz tudo direitinho. O Dono do Prédio toma conhecimento da Invasão, tenta a reintegração de posse, conflito de novo com a polícia e se mete Deodato Peralva cheio e promessas e enrola a todos.

No Quarto Quadro é o encontro de Malu e Lula, ele pede fazer amor com ela e montar um cantinho para os dois se ajuntar, mas ela recusa. Seu argumento é que seu ganho não dá nem para sustentar o Bené e a Isabel, imagine mais uma boca. Insiste em casar e ela recusa dizendo ser moça que o Deodato quer a mesma coisa que ele. Só que o Deodato vai dar a ela uma gaiola de luxo.

No Quinto quadro, passados dois meses, o Juiz está para assinar a ordem de posse para os favelados, Mané Gorila desentende-se com Tonho, por causa do material do barraco na favela que seus pais compraram ao Mané Gorila e não pagaram.

Seis meses depois, os apartamentos já tem portas, não são uniformes, mas são portas e janelas, O PROFETA ESTÁ PREGANDO É PRESO, Tonho o defende, não adianta tem que dizer onde está o Rafael. Todos ficam com medo pois assinaram um documento que o Rafael levou para o Juiz. Nova briga de Tonho com Mané Gorila, sobre a ída da sua família para Paraíba sem pagar o aluguel. Gorila tenta impedir, Tonho rasga-lhe a barriga com uma facada. Gorila cai no chão, Bola Sete chega gritando que conseguiu gravar seu disco de Vinil, está quentinho e bota para tocar no meio da confusão, chega a notícia de que Rafael está vindo com documento, todos são donos dos seus apartamentos, no meio da confusão os Tiras encontram o corpo de Gorila e saem loucos perdidos a procura do assassino enquanto todos dançam profusamente.

Fonte:
http://www.algosobre.com.br

terça-feira, 22 de julho de 2008

Falecimento de Geraldo Casé


Geraldo César Casé (Rio de Janeiro, 7 de junho de 1928 — Rio de Janeiro, 21 de julho de 2008)

Geraldo Casé morreu, às 15h35 desta segunda-feira (21), aos 80 anos, no Rio, de insuficiência respiratória. Ele tinha problemas cardíacos e estava internado na clínica São Vicente, na Gávea (zona sul), desde o último dia 12.

Geraldo César Casé, de família pernambucana, é filho de Graziela e de Ademar Casé, o pai, a quem ele muito admirou, por ser a pessoa mais criativa que já existiu, irmão do arquiteto Paulo Casé e do publicitário Maurício Casé, além de pai da atriz Regina Casé.

Casé, pai da atriz e apresentadora Regina Casé, vinha se tratando de problemas respiratórios há um bom tempo e já foi internado com o quadro complicado, de acordo com a assessoria do hospital.

O velório foi nesta terça a partir das 8 horas na capela 5 do cemitério São João Batista, em Botafogo, e o enterro será às 16 horas.

"Se alguém gosta do que eu faço na televisão pode agradecer a ele, Geraldo Casé, que me ensinou a tratar todos da mesma maneira, a amar incondicionalmente, e estas são as minhas armas contra o preconceito", declarou a filha Regina.

O escritor foi o responsável por levar a primeira versão de O Sítio do Picapau Amarelo, de Monteiro Lobato, para a televisão. A atração, uma das principais do público infantil, foi exibida na Globo entre 1977 e 1986. Outro trabalho de destaque de Casé foi Programa Noite de Gala, na TV Tupi.
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Nota do Pavilhão:
Mais um imortal segue seu caminho, deixando a saudade dentro de nós, mas mais imortal ainda é Geraldo Casé, por eternizar a obra do grande escritor brasileiro Monteiro Lobato, com o Sítio do Picapau Amarelo. Que seu caminho seja ornado por todas as suas criações e que naquele lugarzinho especial no céu, esteja sentado ao lado merecidamente ao lado de Monteiro Lobato, nos observando, perpetuando as suas lutas.
José Feldman

Geraldo Casé (1928 - 2008)

Geraldo César Casé no Rio de Janeiro em 07 de junho de 1928. O pai estava sempre atento a tudo. Por exemplo, observou que, no mercado, algumas laranjas eram vendidas, outras deixadas de lado. Comercializou-as, com grande lucratividade. Começou a vender rádio, também de forma criativa, deixando-o em consignação, por alguns dias. Com isso vendia o rádio, não apenas, a quem ofertava, mas também a seus vizinhos. Foi assim que começou a ouvir rádio e a pensar em influir em sua programação. Ouvia a BBC de Londres e percebia como havia dinamismo em sua programação. Comprou um horário de rádio. Deu-se bem.

E, embora tivesse outros filhos, era Geraldo que ia com o pai, às emissoras de rádio. O "Programa Casé" fazia sucesso. Aí o menino aprendeu a fazer sonoplastia, a operar áudio e logo passou a ser diretor artístico do programa. Isso com 16 anos.

Foi também radio-ator, locutor e escritor. Foi assim que chegou à televisão, como um elemento eclético, conhecedor de tudo numa emissora. Foi para a Mayrink Veiga, e depois para a Globo. No começo, apenas rádio.

Geraldo Casé fundou também uma agência de propaganda. Tinha, ao lado de sua equipe, 12 programas por semana. Foi também para a televisão. Seu grande interesse era por crianças. Moldava boneco, preparava bonecos. Já havia casado, quando realizou o "Teatro de Malasarte". A agência entrava no "Programa de Flavio Cavalcante", e outros.

Esteve na TV Tupi, onde criou o programa "Um instante , Maestro", que no começo tinha outro nome. Foi depois para a TV Rio e TV Continental. Foi também para a TV Tupi de São Paulo e para a TV Paulista, preparando-a para se transformar em TV Globo. Com isso Geraldo Casé foi se habituando aos grandes empreendimentos, aos grandes acontecimentos das emissoras de televisão.

Geraldo Casé esteve ainda na TV Educativa, dirigindo e modificando sua programação.

Na TV Globo teve momentos e programas de muita importância, como "Noite de Gala". Mas, aquilo que mais marcou e foi unanimidade nacional, foi "O Sitio do Pica-pau Amarelo". A adaptação do texto de Monteiro Lobato para a TV Globo, foi de importância enorme, dentro do cenário nacional. Foi seu ponto maior, da dramaturgia infantil. Os meninos, os jovens, e até adultos seguiam essa série, que ficou no ar por dez anos, e nunca a tiraram da memória.

Numa entrevista ao Estado, há quatro anos, ele recordou com orgulho o momento da criação do infantil baseado na obra de Monteiro Lobato. "Fiz uma proposta ao Boni (José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, então diretor geral da Globo) de fazer uma novela para crianças e pré-adolescentes à tarde. Ele adorou. Foi o que abriu as portas para o início das novelas da 6 na Globo, que antes não existiam. Então, a Globo conseguiu os direitos da obra de Lobato e me chamou para produzir e dirigir. Foi mais de um ano de preparação até entrar no ar. Fazíamos tudo na base do improviso."

Compôs com Dori Caymmi as músicas da trilha sonora como "A Cuca te pega", "Rabicó" e "Quindim".

Depois da Globo, Geraldo Casé esteve na TV Bandeirantes, como diretor artístico. Foi na época do incêndio da emissora e Casé a colocou no ar no dia seguinte. Hoje Geraldo Casé é Diretor Artístico da Divisão Internacional da Globo. É ele que abre mercados, adapta as novelas para o gosto internacional, para o mercado do mundo inteiro.

Casado pela segunda vez, sua primeira esposa faleceu, tem cinco filhos. Suas filhas Claudia e Virginia, e um rapaz, são ligados à televisão, como produtores, como "promoter". Regina, é simplesmente a Regina Casé.

Em 2002 lançou o livro de poesias "Um dia fui pássaro"

Sua obsessão: inventar, criar, vencer.

Fontes:
http://www.netsaber.com.br/biografias/ver_biografia_c_4458.html
http://www.estadao.com.br/arteelazer/not_art209615,0.htm
http://pt.wilipedia.org/
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u424642.shtml (foto)

Dicas para a Utilização de Bibliotecas









Noções Básicas de Conservação de Livros e Documentos

artigo de Maria Aparecida de Vries Mársico

Introdução: a ordem dos fatores altera o produto

Imagine a situação: documentos rasgados, amassados e manchados, livros com as capas soltas, lombadas danificadas e cadernos com costuras rompidas. Diante de tantos danos, o que devemos fazer primeiro para salvar estes materiais?

A primeira coisa que vem a nossa mente é a necessidade de consertar o que está danificado, ou seja, restaurar o material degradado. Pensamos a partir da seguinte lógica: devemos restituir a integridade física destes materiais para que de novo possam estar acessíveis à pesquisa e ao estudo. Seguindo este raciocínio teríamos a seguinte seqüência de trabalho: primeiro restaurar o material, depois conservá-lo e assim estaríamos preservando a informação para o futuro.

Será que procedendo deste modo estamos realmente salvaguardando estes livros e documentos danificados? Aparentemente sim, a curto prazo. No entanto, caso não identifiquemos os fatores que causaram a sua degradação, estaremos apenas nos iludindo, e, infelizmente, reduplicando o mesmo dano em um futuro próximo. O que fazer, então?

Diante de um acervo danificado e em risco de perda, a primeira providência a ser tomada é efetuar um minucioso diagnóstico dos motivos que levaram à sua degradação, estancar ou minimizar estes agentes agressores. Assim procedendo estamos evitando que esses fatores de degradação se disseminem e atinjam outros livros ou documentos. Por mais paradoxal que possa parecer, diante de um acervo em risco, a primeira atitude efetiva a ser tomada é conservá-lo. Inverte-se, portanto, a seqüência restauração, conservação e preservação e adotamos uma nova seqüência: preservação, conservação e restauração. Preservar para não restaurar, eis a questão.

A restauração é uma atividade técnica muito onerosa, pois exige equipamentos e materiais de alto custo além de mão de obra especializada. Ao término do trabalho de restauração, todo o benefício do tratamento volta-se para um único objeto. Se este livro restaurado retornar ao mesmo local de guarda e ao meio ambiente que causaram o seu dano, o dispêndio de energia e de recurso financeiro foram em vão. Para termos um procedimento efetivo e duradouro benéfico ao acervo a logo prazo, devemos criar uma política de preservação voltada para a realidade do acervo de cada Instituição ou Biblioteca.

Ao estabelecermos critérios para o tratamento de um acervo, estamos criando prioridades e implantando uma política de preservação, escalonando as atividades técnicas a serem desenvolvidas e dotando o local de guarda do acervo com as condições ambientais favoráveis à sua conservação. A partir deste recorte e das metas a serem atingidas, passamos à ação física de conservação preventiva, que nada mais é que a atualização prática das metas desta política de preservação. Neste instante toda a relação custo/benefício estará voltada para o acervo de modo integral, isto é, benefício partilhado por todos, custo dividido entre vários livros.

Diferentemente do trabalho de restauração, a conservação preventiva é uma atividade técnica de baixo custo financeiro e de fácil implementação. O conhecimento do motivo que causou a degradação de um acervo e a utilização de materiais alcalinos para a guarda são fundamentais para o trabalho de conservação preventiva.

Apresentaremos a seguir os principais fatores de degradação de material bibliográfico. Procuramos especificar os procedimentos técnicos necessários para minimizar e controlar estas fontes de degradação.

Conservação Preventiva

A meta principal da Conservação Preventiva é o estudo e o controle das principais fontes de degradação do papel. Constitui-se, na realidade, em uma série de medidas preventivas contra a ação dessas fontes de degradação, com a finalidade de evitar o alastramento e a disseminação de seus efeitos danosos. Em linhas gerais, os principais agentes de destruição de acervos podem ser divididos em três categorias: fatores internos de degradação; fatores externos ou ambientais de degradação; ação do homem sobre o acervo

Fatores Internos de Degradação

Os fatores internos de degradação são males inerentes à própria estrutura do papel e se originam do processo de feitura a que foi submetido. Dependem basicamente da qualidade da fibra e do tipo de encolagem utilizados na confecção do papel. Sendo assim, o único meio de minimizar esses fatores é através da estabilização das condições ambientais do local de guarda e do manuseio do público

Fatores Externos de Degradação

É consenso entre os conservadores que a permanência e a durabilidade de livros e documentos estão diretamente relacionadas às condições ambientais em que esses materiais estão guardados. Em outras palavras, há uma estreita relação entre a longevidade ou durabilidade do papel e as condições ambientais do acervo. Um controle racional e sistemático do meio ambiente não apenas diminui os problemas dos fatores internos de degradação do papel, como principalmente evita o seu alastramento.

Os principais fatores externos de degradação são os seguintes: umidade, temperatura, luz, poluição atmosférica, insetos, roedores, fungos e bactérias.

Umidade e Temperatura

Esses dois fatores de degradação de acervos são extremamente comuns a nossa realidade de país de clima tropical. A umidade é o conteúdo de vapor d’água presente no ar atmosférico, resultante da combinação dos fenômenos de evaporação e condensação d’água, que estão intrinsecamente relacionados à temperatura ambiental

Independentemente do tipo de fibra, todo o papel possui uma característica comum, o seu caráter higroscópio, ou seja, toda a fibra de papel absorve água e perde água de acordo com a taxa de umidade existente no local em que está sendo mantido.

Essa oscilação de umidade faz com que as fibras se dilatem ao absorver excesso de umidade e se contraiam ao perder umidade. Esse movimento brusco de contração e dilatação ocasiona rupturas na estrutura do papel, causando o seu enfraquecimento. A temperatura elevada aliada à umidade excessiva e à falta de aeração são os fatores básicos para a proliferação de esporos de fungos e bactérias. O controle da umidade se
faz através de desumidificadores, para locais úmidos, e de umidificadores, para locais secos. A temperatura é controlada através de aparelhos de ar refrigerado. A taxa adequada para a manutenção de um acervo é a seguinte: temperatura de 22º a 25ºC, umidade relativa de 55%. A medição da temperatura se faz com o uso de termômetros, e a de umidade com higrômetros, podendo-se utilizar também o termoigrômetro (junção dos dois equipamentos).

Além dessas constantes contrações e dilatações a que as fibras dos papéis estão sujeitas devido às variações de umidade e temperatura, a proliferação de agentes biológicos de degradação, como insetos, fungos e bactérias, encontra um local propício para sua disseminação em ambientes úmidos e quentes.

Luz

A luz provoca a degradação da celulose por processo de fotodegradação, rompendo a estrutura da fibra do papel. Esse tipo de degradação é também conhecido como envelhecimento precoce ou acelerado.

O espectro eletromagnético contém diversos tipos de radiações capazes de causar danos ao papel em vários níveis. Basicamente as radiações eletromagnéticas são as seguintes: a luz visível, o ultravioleta e o infravermelho, cada uma delas atuando de modo danoso sobre o acervo em maior ou menor escala. A radiação ultravioleta situa-se na faixa de comprimento de ondas entre 200 a 400 manômetros, a luz visível situa-se entre 400 a 700 manômetros e o infravermelho na faixa acima de 700 manômetros. A fotodegradação depende de vários fatores associados: faixa de radiação, intensidade da radiação incidente, tempo de exposição e a natureza química dos suportes de documentação. A luz natural, ou seja, a luz solar e as luzes artificiais (as lâmpadas) são os dois elementos básicos da fotodegradação. A luz solar emite os três tipos de radiação acima apontadas. Logo, devemos evitar a incidência de luz solar sobre o acervo, protegendo-o através do uso de persianas, cortinas e filtros absorventes de ultravioleta. As lâmpadas elétricas são outro fator comum de fotodegradação, a degradação será maior ou menor dependendo do tipo de radiação emitida pela lâmpada usada. As lâmpadas fluorescentes são ricas em radiação ultravioleta, as lâmpadas comuns emitem uma quantidade muito grande de calor, sendo assim, não existe um tipo de luz não agressiva aos acervos, o que devemos ter em mente é a necessidade constante de protegermos nossos acervos desse tipo inevitável de degradação.

Poluição atmosférica

A poluição atmosférica é um dos fatores que mais atinge os acervos. Essa poluição deriva-se da poeira do dia a dia que se deposita sobre os materiais e também dos gases tóxicos que são emitidos por automóveis, fábricas, queima de lixo, etc. Esse depósito constante de poeira sobre os livros e documentos causa problemas de ordem estética, constituindo-se em um meio propício ao desenvolvimento de microorganismos.

Nos grandes centros urbanos é comum a poeira conter resíduos de produtos químicos que catalisam reações químicas que aceleram a degradação dos acervos. Os gases ácidos agridem muito rapidamente a estrutura química dos materiais, estando essa degradação relacionada diretamente aos níveis de umidade do meio ambiente.

Um dano muito presente em livros e documentos é o aparecimento de manchas de tom marrom ao longo de um documento, como se um líquido escuro tivesse sido derramado sobre a superfície do papel. Essas manchas, chamadas de manchas d’água, são o resultado do acúmulo de poeira na superfície do documento aliada à umidade relativa elevada.

Em linhas gerais, o processo de formação de manchas d´água é o seguinte: a poeira acumulada na superfície do papel é empurrada pela umidade para o interior das fibras, migrando da superfície para o interior do papel. Essas manchas causam graves problemas estéticos ao documento, pois obliteram grandes áreas da documentação, além de acusarem danos à estrutura do papel, já que a poeira é transferida da superfície do papel para o interior das suas fibras.

Como medida de proteção contra a ação da poluição atmosférica podemos utilizar aparelhos de ar refrigerado e sistemas de ventilação com acoplamento de filtros para ar. Devemos também incentivar uma política sistemática de higienização do acervo, evitando assim o acúmulo de poeira na superfície dos livros e documentos. Atenção especial deve ser dada às janelas quebradas, com vidros partidos, danos que provocam o aumento de poeira no acervo

Insetos, Roedores e Fungos

Os insetos, fungos, bactérias e roedores, denominados agentes biológicos de degradação, são causadores de danos irremediáveis ao acervo e também à segurança do prédio. Sendo assim, muito cuidado deve ser tomado para evitar a proliferação desses agentes predadores. Os países de clima tropical apresentam as condições climáticas ideais para o rápido desenvolvimento desses inimigos do acervo, isto é, temperatura e umidade elevadas. A higienização sistemática do acervo, o monitoramento da temperatura, da umidade são pré-requisitos básicos para o controle de sua ação danosa.

Os insetos e os roedores são basicamente atraídos ao acervo através da ação do homem ao introduzir nele fontes de alimentação. Os métodos de combate a esses organismos envolvem, na maioria das vezes, o uso de produtos químicos, através da desinfestação do acervo. Os insetos mais comuns presentes nos acervos são as traças, as baratas, os anóbios e os cupins.

A melhor estratégia preventiva para evitar a presença de insetos e roedores:

• manter o local de guarda do acervo longe de fontes de alimentos
• evitar comer e manter alimentos no local de guarda do acervo
• evitar que a cantina ou refeitório fiquem em sala ao lado de guarda do acervo
• retirar o lixo do dia após o final do expediente, evitando o pernoite do lixo
• substituir os vidros quebrados das janelas
• arejar os armários onde os livros estejam guardados, abrindo suas portas por algumas horas

Os fungos, comumente denominados de mofo ou bolor, atacam todo tipo de acervo. Os fungos são vegetais desprovidos de clorofila, não sendo capazes de efetuar a fotossíntese. Por essa razão esses organismos instalam-se sobre materiais orgânicos, de onde podem retirar seus nutrientes. A disseminação dos fungos ocorre por meio de esporos, que ficam em suspensão no ar. Os principais fatores que acarretam a proliferação dos fungos são os seguintes: a temperatura elevada, umidade do ar elevada e ar estagnado. Ao se aliarem estes três fatores, os fungos encontram o ambiente ideal para a sua proliferação.

A Ação do Homem como Fonte de Degradação do Acervo

Ao lidar diariamente com o acervo, o homem introduz e utiliza uma série de materiais impróprios à conservação de livros e documentos. Às vezes a tentativa bem intencionada de tentar estancar a degradação provoca, na realidade, danos irreversíveis. Essas tentativas amadoras não fundamentadas nos princípios de conservação se cristalizam com o correr do tempo, transformando-se em hábitos que levam indiretamente a acelerar a degradação de livros e documentos.

Apresentamos uma série de recomendações técnicas gerais, com a finalidade de facilitar a identificação de procedimentos técnicos corretos ao lidar com problemas cotidianos de conservação de acervos.
• Guardar os livros nas estantes em sentido vertical
• Evitar guardar os livros semi-inclinados, quando os mesmos não couberem nas estantes
• Guardar os livros nas estantes em sentido horizontal, quando os volumes excederem em tamanho a área para a guarda em sentido vertical.
• Não sobrepor mais de três volumes ao guardar volumes em sentido vertical
• Manter sempre os volumes maiores como base ao guardá-los em sentido vertical.
• Não superlotar as estantes com livros.
• Reservar espaço de três milímetros entre cada livro para facilitar sua retirada da prateleira e evitar o atrito entre as capas (desgaste por abrasão).
• Utilizar bibliocantos para impedir que os livros tombem.
• Não puxar os livros pelo topo (cabeça) ao retirá-lo das estantes, os volumes devem ser retirados da estante pelo centro da lombada.
• Não manter mapas, documentos, periódicos etc. dobrados ou enrolados. Ao longo do vinco cria-se uma linha de fragilidade nas fibras do papel, ocasionando a médio prazo a ruptura dessa área.
• Manter os documentos, mapas e jornais planificados.
• Evitar umedecer as pontas dos dedos com saliva para virar as páginas do livro.
• Evitar dobrar as margem superiores ou interiores das folhas para marcar as páginas
• Evitar encapar os livros com papel pardo ou similar. Essa aparente proteção contra a poeira causa, na realidade, mais dano do que benefício ao volume em médio e curto prazo. O papel tipo pardo, de natureza ácida devido a seu processo de feitura, transmite seu teor ácido para os materiais que estiver envolvendo (migração ácida).
• Não utilizar fitas adesivas tipo durex e fitas crepes, cola branca (PVA) para evitar a perda de um fragmento de um volume em degradação. Esses materiais possuem alta acidez, provocam manchas irreversíveis onde aplicado.
• Usar cola metil-celulose em todo o trabalho de conservação e na rotina de trabalhos diários. Essa cola é livre de acidez e facilmente reversível.
• Não utilizar grampos e clips metálicos, esses materiais enferrujam com o correr do tempo, deixando, no local aplicado, manchas marrons, oxidando o papel, causando o rompimento das fibras com subseqüente rasgo do papel.
• Evitar a incidência direta de luz solar sobre o acervo, a luz solar provoca o esmaecimento de cores, amarelamento do papel e esfacelamento do couro.
• Evitar a utilização de lâmpadas ricas em radiação de ultravioleta, tais como as lâmpadas fluorescentes.
• Suspender ou afastar as luminárias que incidam sobre as estantes dos livros.
• Colocar cortina ou persiana em portas e janelas de vidro, a fim de evitar a incidência direta de luz solar nas estantes.
• Não encostar as estantes nas paredes: evita-se que a umidade presente nas paredes se transmita aos volumes.
• Colocar telas protetoras contra insetos nas janelas de bibliotecas situadas em locais de muita vegetação.
• Trocar os vidros quebrados de todas as janelas, consertar janelas e portas danificadas; com esse procedimento evita-se a penetração de poeira e insetos no acervo.
. Não abrir os livros que forem atingidos diretamente por água e que estejam com as folhas molhadas.
• Intercalar papel mata-borrão para secar as folhas e as capas de livros atingidos por água.
• Nunca secar os livros molhados com calor: sol, forno de cozinha, secador de cabelo. O calor em excesso faz o papel secar muito rapidamente, causando ondulação do material.
• Usar as duas mãos para virar as páginas de jornais: segurar no topo e no pé da página para virá-lo.
• Usar lápis 6B, quando precisar fazer anotações de identificação no livro.
• Controlar o manuseio e orientar o público.
• Optar por encadernação inteira, ao mandar encadernar um livro. Não sendo possível fazer encadernação inteira, optar por encadernação meia com cantoneiras.
• Evitar excesso de tinta nos carimbos.
• Manter uma política voltada para a higienização do acervo.

Higienização de Acervo

A operação técnica de higienização nada mais é do que manter o acervo de modo limpo e asséptico. Uma operação tão simples de ser realizada e que, por isso mesmo, passa desapercebida para nós, transforma-se a curto prazo em um dos mais sérios problemas enfrentados por bibliotecários, arquivistas e por todos aqueles que têm a missão de
manter um acervo em bom estado.

A poeira, depositada dias após dias sobre os livros e documentos, causa sérios danos para a conservação do acervo. O acúmulo de poeira na superfície das obras interfere no seu aspecto estético e constitui-se em uma fonte contínua de acidez e degradação. Sendo assim, a higienização deve ser executada de modo sistemático, a fim de manter o acervo livre dessa fonte contínua de acidez, deixando-o o mais saudável
possível. Os procedimentos técnicos básicos para a atuação na área de higienização são os seguintes:

• Manter um política sistemática de limpeza de livros e estantes. A higienização do acervo possibilita identificar qualquer problema de início de contaminação do acervo por microorganismo e insetos, além de evitar o acúmulo de poeira nos livros e estantes.
• Examinar, atentamente, todo o material que for incorporado ao acervo da Biblioteca. O exame deve ser feito tanto em livros que forem doados, comprados, permutados, etc., como também em móveis, principalmente em mobiliários de madeira. Tal exame é sumamente importante, pois evita a contaminação do acervo por livro ou móvel que esteja infestado.
• Limpar os livros com trinchas ou pincel nas áreas da cabeça (parte de cima), no pé (parte de baixo) e na goteira (parte lateral). Deve-se segurar o livro pelo centro com a lombada voltada para cima, para evitar que, durante o processo de limpeza, a poeira penetre por entre as folhas. Os livros que forem incorporados ao acervo devem ter prioridade no processo de higienização. Estes livros devem ser limpos individualmente, e folha a folha, forrando-se a mesa de trabalho com papel de tonalidade clara (branca de preferência) para possibilitar a identificação da sujidade removida. O ideal é utilizar uma mesa de higienização com sucção.
• Reforçar a limpeza, com pincel ou trincha, no centro das folhas do livro. Este é o local preferido pelos microorganismos para se desenvolverem e atacarem o papel. Isso se deve, principalmente, ao fato de ser a lombada do livro coberta com espessa camada de cola em geral de base protéica que se torna uma fonte potencial de alimento para os microorganismos.
• Iniciar a higienização das estantes pela prateleira superior. A limpeza pode ser feita com o auxílio de um aspirador de pó doméstico, de flanela ou perfex. Essa limpeza é denominada de limpeza a seco, pois não utiliza vias aquosas de limpeza.
• Trabalho de higienização dos livros e das estantes deve ser feito segundo escala de trabalho a ser estipulada. A princípio de 2 em 2 meses, de acordo com o tamanho do acervo.

Atenção especial deve ser tomada ao se utilizar o aspirador de pó para limpeza das áreas externas do livro, devem-se observar os seguintes procedimentos:
• Revestir internamente o saco coletor de lixo do aparelho com um saco de lixo de plástico descartável. Esta medida evita o acúmulo de sujidade no coletor de lixo do aspirador de pó, tornando a sua limpeza segura e asséptica.
• Revestir o bocal de sucção de limpeza do aparelho com tecido de filó. Na eventual sucção de um fragmento importante do livro, ele é facilmente recuperado sem ter-se de abrir o saco coletor de lixo.

Higienização de Documentos

A limpeza de documentos avulsos deve ser feita com o auxílio de pó-de-borracha. O pó-de-borracha é facilmente obtido através da seguinte operação:
• Materiais necessários: ralador inox, borracha branca TK plastic
• Ralar a borracha Tk plastic em ralador inox, a fim de obter uma fina película.
• Depositar o pó-de-borrracha na superfície do material a ser limpo.
• Friccionar levemente, em movimentos circulares, o pó-de-borracha, depositado na superfície do material a ser limpo.
• Evitar o contato direto do pó de borracha com as pontas dos dedos.
• Utilizar tecido de puro algodão para ajudar a fricção e evitar o contato com os dedos.
• Nunca efetuar a operação de limpeza com pó de borracha sobre superfícies muito danificadas, escritas ou desenhadas a lápis, carvão e com pigmentação.

Higienização do Assoalho

A remoção da poeira depositada no assoalho deve ser feita com cuidado, a fim de evitar o seu deslocamento para a superfície das estantes e para os livros. Idealmente deve ser realizada com o auxílio de aspirador de pó, pois assim evita-se que a poeira fique em suspensão. Não se deve utilizar vassoura ou espanadores como na higienização doméstica, esse procedimento faz com que a poeira se desloque de um local para outro. Procurar utilizar, na impossibilidade de ter aspirador de pó, a vassoura revestida depano levemente umedecido. É necessário que a poeira grude no pano, evitando o seu deslocamento para
outra área do acervo.

Pode-se também utilizar o pano levemente umedecido em mistura de lisoform e álcool, (uma parte de lisoform para duas partes de água) para evitar a proliferação de microorganismos.

Em todo esse processo é fundamental que o pano de chão nunca esteja molhado. Para saber se está no ponto correto de utilização, deve-se torcer o pano até não pingar nenhum excesso líquido. Ao ficar saturado de sujidade, o pano deve ser lavado ou substituído por outro. A utilização do pano sujo causará apenas o deslocamento de sujidade de uma área para outra.

Melhoria Ambiental: Área de Guarda do Acervo

Todos sabemos que a climatização de acervo exige um alto custo financeiro. Manter aparelhos de ar refrigerado, desumidificadores e umidificadores funcionando vinte e quatro horas parece quase que inviável. Mesmo não sendo possível contar com estes aparatos tecnológicos, muito pode ser feito para minimizar os danos causados pela temperatura e umidade por meio da racionalização do espaço disponível para a guarda do acervo.

A disposição das estantes na sala de guarda deve sempre ser pensada de modo a facilitar a aeração (a movimentação e circulação do ar), observando-se os seguintes procedimentos:
• Disposição perpendicular às janelas
• Espacejamento mínimo de 70 cm entre as estantes
• Afastamento mínimo de 30 cm da parede
• Pé direito mínimo de 2,40 m para a circulação do ar sobre as estantes
• Mínimo de 10 cm entre a última prateleira e o piso para favorecer a circulação do ar
• Mobiliário: estantes metálicas, prateleiras ajustáveis e bibliocantos

Melhoria das Condições Ambientais

• Depósitos em área com menor insolação (reduz a temperatura)
• Evitar fontes geradoras de umidade (reduz a umidade relativa)
• Promover a ventilação com uso de circulador de ar
• Evitar a penetração de poeira e poluentes

Desastres em Bibliotecas: Inundação e Incêndio

Em caso de os livros serem atingidos diretamente ou indiretamente por água, decorrente de inundação, chuva, goteira, infiltração, etc., medidas imediatas de controle devem ser tomadas, a fim de evitar problemas de intensa ondulação do papel e de criação de um local ideal para a disseminação de fungos (vulgarmente denominados de mofo). Os seguintes procedimentos técnicos devem ser observados e acionados de modo mais rápido possível.

• Não abrir o livro molhado ou úmido para tentar secar as folhas do livro. Ao abrir, aleatoriamente, as folhas do livro, a água, depositada em algumas folhas, penetra para outras não atingidas ou levemente atingidas, causando o alastramento do problema.
• Secar, inicialmente, as capas do livro com o uso de papel mata-borrão
• Intercalar o papel mata-borrão entre as capas e retirar todo o excesso de água possível.
• Trocar o papel mata-borrão molhado por outros secos.
• Introduzir papel mata-borrão no miolo do livro, começando a operação pelo meio do livro e ir secando as folhas em lotes de 10 folhas.
• Não expor o livro ao sol para secar, nem colocá-lo perto de forno. A secagem com calor se dará muito rapidamente, causando grande deformação do papel.
• Deixar o livro em local arejado, em posição vertical com as folhas levemente entreabertas em forma de leque. Essa operação deve sempre ser precedida de secagem com papel mata-borrão.

Um dos piores danos, em termos de destruição de acervo, é a ocorrência de incêndio em bibliotecas. O papel é um material de fácil e rápida combustão e os danos ocasionados são irreversíveis. O único modo seguro de evitar esse desastre é o trabalho preventivo. Destacamos alguns tópicos que devem ser observados atentamente:

• Não fumar nas dependências do prédio.
• Manutenção periódica de extintores de incêndio.
• Evitar sobrecarga elétrica nas tomadas.
• Os fios e os dutos não devem ficar expostos.
• Desligar todos os equipamentos elétricos ao fim do expediente.
• Produtos inflamáveis devem ser guardados isolados em armários especiais e longe das áreas de trabalho e circulação de pessoas.

O esclarecimento prévio dos funcionários sobre como proceder em caso de incêndio é fundamental para a segurança e rápida evacuação do local. Devemos ter em mente que em primeiro lugar está a vida humana. Sendo assim a prioridade é a segurança das pessoas. Deve-se sempre ter em local visível e amplamente difundido o número de emergência do corpo de bombeiro. Tem-se revelado de grande utilidade a criação de uma brigada de incêndio dentro do estabelecimento, formada por funcionários que ficam encarregados de vistoriar as dependências e as áreas de guarda do acervo.

As saídas de emergências devem ser de conhecimento de todos os funcionários e não podem estar bloqueadas por nenhum motivo. Ter sempre em mente que o único meio de evitar um incêndio é a constante vigilância e obediência aos cuidados básicos acima listados.

Montagem de Exposições: Recomendações Técnicas

A montagem de exposições de livros, gravuras e mapas deve sempre obedecer a diretrizes básicas de conservação, evitando-se, assim, que as peças sofram degradação durante o período de exposição.

Apesar de o período de uma exposição ser curto, os problemas que advêm da exposição inadequada das peças causam danos irreversíveis ao material, o que costumamos denominar de envelhecimento precoce do material ou envelhecimento acelerado do material.

Cuidados especiais devem ser tomados em relação à montagem, à iluminação e às vitrines. Na montagem das gravuras, mapas e livros a serem expostos devem-se obedecer às seguintes recomendações:

• Montar as gravuras em passe-partout duplo, ou seja, com frente e verso.
• Fixar as gravuras no cartão de base do passe-partout, com o uso de cantoneiras de poliester ou de papel japonês.
• Utilizar cartão de pH neutro (alcalino) para a feitura do passe-partout.
• Utilizar cartão neutro com gramatura de no mínimo 600gr, a fim de afastar a obra em relação ao vidro.
• Não utilizar fitas adesivas ou colas para a fixação das gravuras no cartão de base do passe-partout.
• Nunca fixar a gravura no verso do cartão da janela do passe-partout.
• Nunca colocar as gravuras em contato direto com o vidro ou placa de acrílico (montagem tipo sanduíche de vidro).
• As gravuras nunca devem ser expostas sob os efeitos da luz solar ou incandescente. A recomendação de iluminação é de no máximo 60 lux luz.
• Os ambientes da exposição devem conter aparelhos de medição de temperatura e umidade relativa. Temperatura de cerca de 22º a 25C e umidade relativa de 55%.
• Os ambientes devem ter um controle do número de visitantes, evitando a superlotação do local.
• Usar cortinas, persianas, filtros para evitar a entrada de luz solar.
• Os expositores devem ser em forma de vitrines horizontais inclinadas, permitindo a visão dos visitantes.
• Os expositores devem ser revestidos com materiais de qualidade comprovada, papéis alcalinos.
• As peças que forem expostas sem passe-partout devem sempre ter um afastamento em relação ao vidro, evitando o contato direto da gravura com o vidro.
• Os livros expostos abertos devem ter suportes especiais de sustentação (“berço”) como medida de proteção a sua estrutura.
• Não é permitido o uso de “flash” para fotografar o acervo.

Conclusão

A Conservação Preventiva vem sendo amplamente difundida e adotada em diversos segmentos culturais, conscientes de que somente por meio deste trabalho preventivo se efetuará a consolidação da salvaguarda do acervo.

Procuramos, neste artigo, explicar e apresentar soluções viáveis a problemas cotidianos enfrentados por bibliotecários e arquivistas e, também, por aqueles interessados em manter os seus livros e documentos de modo seguro e duradouro. Conhecendo os fatores que causam a degradação do acervo, podemos protegê-lo, indo ao âmago da fonte do problema, e sem dúvida alguma prolongando a vida útil destes bens culturais.

Fonte:
Biblioteca Central da Universidade Federal de Lavras (MG)
http://www.biblioteca.ufla.br

Pesquisando Artigos Científicos

Os periódicos (jornais e revista de publicação seriada, semanal, mensal, etc.) e seus artigos são as fontes mais importantes para o pesquisador. Ao disponibilizar seus sites na internet, os editores permitem acesso a resumos, e em alguns casos, acesso ao texto completo.

O artigo de periódicos surge no século XVII, no âmbito das recém criadas sociedades científicas da Inglaterra e da França – as Academias de Ciências – juntamente com os primeiros periódicos científicos, como um meio de favorecer a comunicação entre pesquisadores. Os avanços da tecnologia na área da Informação não destronaram os periódicos e seus artigos de sua posição.

A internet possui importantes fontes de referência para auxiliar na formação de uma boa coleção de periódicos. Há fontes que requerem pagamento para licenças de uso e outras permitem acesso gratuito.

A forma mais simples de busca de um artigo científico é através de uma Base de Dados que são sites de editoras que permitem acesso aos artigos. Algumas das principais bases de dados são:
Web of Science, Proquest, Science Direct, Wilson, Blackwell, Derwent Innovations Index, Scopus, Ovdi, CAS, entre outras.

Basicamente temos dois tipos de bases de Dados, as Bases Referenciais que só nos dão a referência do artigo ( nome do periódico em que foi publicado, autor, título, volume) com o resumo do artigo e as Bases de Texto Completo onde temos acesso ao artigo na integra.

Atualmente temos duas excelentes ferramentas para busca de artigos o “meta-buscador” da Google chamado Google Acadêmico http://scholar.google.com.br/ e o portal de periódicos CAPES http://www.periodicos.capes.gov.br/ que oferece acesso aos textos completos de artigos de mais de 11.419* revistas internacionais, nacionais e estrangeiras, e a mais de 90 bases de dados com resumos de documentos em todas as áreas do conhecimento. Inclui também uma seleção de importantes fontes de informação acadêmica com acesso gratuito na Internet.

* dados de jan/2008.

Como iniciar uma busca

Fazer uma busca científica é basicamente encontrar artigos sobre determinado assunto e para isso podemos pesquisar por publicações de um determinado periódico ou de um determinado autor ou o que é mais comum pesquisar pela referência do artigo desejado.

Tendo a referência do artigo que desejamos, podemos entrar no portal de periódicos da Capes e nele bastando digitar o título do periódico em que foi publicado o artigo que desejamos encontrar, se este periódico fizer parte do portal da capes podemos ter acesso ao artigo completo ou a seu resumo.

Se não tivermos a referência podemos procurá-la usando uma das bases de dados contidas no portal da Capes e podemos selecioná-la por área do conhecimento. Devemos começar procurando nas bases referencias (resumo) porque ela é uma fonte de pesquisa mais geral, encontrando a referência do artigo desejado passamos a procurar nas bases de texto completo usando a referência encontrada para ter acesso ao texto na íntegra.

Se o artigo não for encontrado no portal da Capes podemos utilizar o Google Acadêmico, nele podemos digitar o assunto e ele nos mostrará artigos que tratam do assunto digitado e também mostrará nome de autores que escreveram sobre este tema. Muitas vezes temos acesso ao texto completo.

A seguir temos uma lista de bases de dados direcionadas por área do conhecimento:

Área de Ciências Biológicas e da Saúde:










Área de Ciências Exatas e Tecnologia:












Área de Humanas












Ciências Agrárias



Fonte:
Biblioteca Central da Universidade Federal de Lavras
http://www.biblioteca.ufla.br

Revista Veja seleciona as cidades que são número 1 no Brasil

De um total de 5564 municípios brasileiros, a Revista Veja desta semana selecionou 40 municípios que se destacam. Alguns, por possuírem indicadores sociais de países ricos, outros, que adotaram experiências dignas de serem reproduzidas em outras regiões. Muitos batem recordes mundiais e nacionais na agricultura e na indústria. Outros tantos são famosos por suas singularidades.

No item Educação e Cultura, Passo Fundo é considerada a cidade brasileira onde mais se lê. O texto da revista contém a seguinte informação:

“Os habitantes da gaúcha Passo Fundo lêem, em média, 6,5 livros por ano – um índice próximo ao francês e mais de três vezes superior ao brasileiro. Para alardear o feito, a prefeitura inaugurou em março um monumento de metal de 13 metros de altura chamado Árvore das Letras.”

Esse reconhecimento se deve ao trabalho realizado pela equipe interinstitucional coordenada pela Universidade de Passo Fundo, com apoio da Prefeitura Municipal, com a participação de professores e alunos de diferentes sistemas educacionais, de distintos níveis de ensino há 27 anos, através das Jornadas Literárias de Passo Fundo e seus desdobramentos: Centro de Referência de Literatura e Multimeios (Mundo da Leitura), realização da Pré-Jornada e da Pré-Jornadinha (metodologia de leitura antecipada das obras dos autores convidados para o evento), Jornadinhas Nacionais de Literatura (atendimento de, aproximadamente, 17 mil crianças e adolescentes a cada edição),

Programa Mundo da Leitura na TV (programa televisivo para crianças realizado na UPF, numa parceria entre o Centro de Referência de Literatura e Multimeios, a UPF TV e distintas unidades universitárias, reproduzido no canal Futura em nível nacional quatro vezes por semana e na Globo Internacional em, aproximadamente, 103 países.

Dois projetos similares se desenvolvem nas escolas – Mundo da Leitura na TV e Mundo da Leitura na escola, com vistas à formação de leitores multimidiais, a partir da proposta defendida pelo Centro de Referência de Literatura e Multimeios. Desenvolve-se, ainda, o quadro televisivo intitulado Boa Leitura que se configura como uma notícia sobre um livro novo disponibilizado pelo mercado editorial, divulgada no Jornal do Canal Futura às sextas-feiras. Desenvolve-se, dentro de uma perspectiva inovadora, o projeto Livro do Mês, com a realização de três seminários com a presença do autor do livro selecionado, direcionados a públicos distintos: alunos e professores de escolas municipais, estaduais, particulares e estudantes e professores universitários.

Outro desdobramento importante se constituiu no título concedido a Passo Fundo como Capital Nacional da Literatura (Lei Federal nº 11264, de 02/01/2006) que gerou a construção do Largo da Literatura, na Praça Armando Sbeghen, próxima à ponte do rio Passo Fundo, onde se encontra a Árvore das Letras. A idéia concebida pelos autores, Jéferson Lorentz e Luís Hoffman, consiste em espalhar sementes-letras para estimular mais pessoas a se envolverem com a leitura, a apreciarem textos literários e as linguagens de manifestações artístico-culturais. Nesse Largo da Literatura, há dois túneis de policarbonato onde são adesivados, a cada quinze dias, textos literários de autores brasileiros, de autores locais, viabilizando uma riqueza de textos aos leitores em formação, usuários desse espaço de lazer e de fruição da literatura.

Segundo a Prof. Tania Rösing, coordenadora das Jornadas Literárias e do Centro de Referência de Literatura e Multimeios, “o destaque concedido pela Revista Veja a Passo Fundo é reconhecimento que estimula cada um e todos os integrantes da comissão interinstitucional a se comprometerem ainda mais com o processo de formação de leitores numa perspectiva multimidial, crítica e cidadã.”

Fonte:
Boletim Jornadas Literárias de Passo Fundo.
n.65 - 22. julho. 2008
http://http://mundodaleitura.upf.br/boletim/65/veja.htm

4a. Semana do Escritor de Sorocaba


Programação

22/07 terça-feira

14h
Início da 4ª Semana do Escritor de Sorocaba

17h
Lançamentos e Palestras: Magda Vilasboas
Obras: “Crianciranda – Terapia Corporal com crianças” / “Terceira Idade: Uma Experiência de Amor” / “Resgatando a Vida” / CD: “Atraindo Realizações”

19h
Lançamentos e autógrafo: Lurdinha Blagitz
Obras: Êta Trem Bão, Sô!"

19h
Lançamentos e autógrafo: Edivaldo de Moraes Blagitz
Obras: Arroubos Poéticos

19h30
Abertura Solene - Com apresentação do Mestre de Cerimônia José Dezidério

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23/07 quarta-feira

18h
Exposição Livro: Maria do Patrocínio S. Maia Lopes (Dra. Neta)
Obra: “Perdendo o medo de anestesia – mitos e verdades”

19h
Exposição Livro: Ana Paula Cattai Pismel
Obra: Tributo à Solidão
19h30
Exposição e autógrafo: Benedito Aleixo
Obras: O poeta de sargeta e Celebridades I
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24/07 quinta-feira

17h
Exposição Livro e Cd: Marcelo Torca
Obras: Antológica Primazia e CD Música Instrumental e Vocal

18h
Lançamento: Antologia infanto-juvenil
Obra: Rodamundinho 2008

18h30
Apresentação: Associação dos Mágicos de Sorocaba e Região

19h
Lançamento: Coletânea
Obra: RODA MUNDO 2008

19h
Emposse do escritor Douglas Lara na ONE

19h30
Exposição: Laé de Souza
Obra: Nos Bastidores do Cotidiano

20h
Lançamento: 1ª Coletânea Teia dos Amigos
Obra: 1ª Coletânea Teia dos Amigos
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25/07 sexta-feira
18h
Exposição e autógrafo: Dr. Sergio Balsamo
Obra: Revelação

18h
Exposição e autógrafo: Dr. Edgard Steffen
Obra: O anjinho dos pés tortos

19h
Exposição e autógrafo: Celso Ribeiro "Marvadão" e Walter Martins
Obras: Criando Com O Marvadão / Sorocaba bem-te-vi

19h
Exposição e autógrafo: Samuel Barros
Obra: DRACMAS

20h
Exposição e autógrafos: João Rosas Barrios
Obras: - Caminhos mesclados - A praça e a prosa - O monge, o santo e a devoção

DIA RESERVADO PARA OS ESCRITORES DA IMPRENSA
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26/07 Sábado

15h
Exposição e autógrafo: Rodrigo Capela
Obra: Poesia não Vende

15h
Exposição e autógrafos: Renato de Oliveira Leme
Obra: A baleia que aprendeu a voar

16h
Exposição e autógrafos: Nilza Florentina Vendrami
Obra: Sete filhos de Maria

16h
Exposição e autógrafos: Ivone Carvalho
Obra: Poeminando

16h
Exposição e autógrafos: Míriam Cris Carlos
Obra: Arteiras sorocabanas

16h
Exposição e autógrafos: Leda Borguesi Rodrigues
Obra: Faça da sua cozinheira um sucesso na cozinha

16h
Exposição: Otto Wey Netto
Obra: Memórias do esporte sorocabano

18h
Exposição e autógrafos: Dalila Silva
Obra: Sob o olhar do corvo, a história de Hermes Tadeu/ Arrecadação para o GPACI

19h
Exposição e autógrafos: Prof. Mário Pereira Neto
Obras: Sorocaba Século 21 / Multinacionais em Sorocaba – BR

20h
Exposição e autógrafos: Carlos Roberto Mantovani
Obra: Escritos Ordinários
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27/07 Domingo

10h
Atividades diversas

18h
Encerramento da Semana do Escritor de Sorocaba
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Mapa do local e acesso rodoviário encontra-se na postagem de 19 de julho.