quinta-feira, 24 de junho de 2010

Josilene de Paiva, Kelly Cheron Yamasaki e Simoni Cristina Brito (Visões de um Sonhador – Lima Barreto)


Depois de um estudo minucioso da obra de Lima Barreto “Triste Fim de Policarpo Quaresma” buscamos fazer uma relação entre a mesma e a obra “Utopia “ de Thomas More, comparando a questão utópica entre ambas, já que nelas está evidente a distância entre o sonho e a realidade, de forma que vai criticar o idealismo inconseqüente, incapaz de enxergar as verdadeiras dimensão do real .

Utopia é o sonho do sistema de vida verdadeiro, justo e agradável. A primeira utopia que serviu de modelo as posteriores foi descrita por Platão (428 –547 a. C.) no mais extenso de seus diálogos intitulado “A República”. No Decorrer da obra, Platão apresenta Sócrates, seu mestre, conversando com seus amigos e discípulos sobre o tema justiça.

Muitos são os utopistas, tais como: Platão, Thomas More, Morris e Bellamy. Estes se inspiraram em paraísos primitivos ou nas aspirações camponesas.

Para Thomas More e para a maioria de seus sucessores, a utopia é a terra da sábia organização social. Inspirando-se em viagens americanas, o chanceler T. More inventou uma ilha intitulada Utopia que em grego significa “nenhum lugar”. Esta ilha, na verdade, é uma denúncia contra a Inglaterra, ou seja, contra a miséria, crueldade e luxo da sociedade inglesa. Na ilha reina o bem-estar e a justiça, estabelecendo a simplicidade e a prosperidade plena, não havendo a circulação de dinheiro, nem propriedade privada. Os deveres e direitos dos cidadãos são iguais, sendo que para o desenvolvimento da República, conta-se com o apoio e participação de todas as pessoas.

Baseando-se nestas características utópicas de Thomas More é que se torna possível estabelecer um quadro comparativo entre as duas obras, visto que T. More, com seu país utópico, ressalta a necessidade de mudar nosso mundo atual, cheio de totalitarismo, ganância e miséria. Lima Barreto em “Triste fim de Policarpo Quaresma”, é dissecado o sonho de um patriota exaltado, dominado pela idéia de um Brasil acolhedor e amável.

A utopia dentro desta obra vai se estabelecer em três planos. Num primeiro momento, o grande sonhador prepara uma reforma cultural; num segundo, uma reforma agrícola e por último, uma reforma política. Ao contrário de um grande final nessa caminhada ufanista, a narrativa destruirá todo o mito romântico de um Brasil superior mostrando um país precário, inóspito, infecundo, cruel, opressor e odioso.

A primeira reforma proposta por Quaresma se dá pela cultura. Como um patriota exaltado, possuía uma biblioteca só com obras sobre o Brasil. Assim, num de repente, viu-se assaltado por uma obsessão: salvar o país por uma reforma de costumes.

As pessoas deveriam se expressar como os primitivos tupinambás, e não como europeus. Em pouco tempo, Quaresma, pretendeu substituir o idioma português pela língua dos primitivos habitantes da terra, chegando ao extremo de redigir documentos oficiais em tupi.

Essa aventura acabou por metê-lo num sanatório. Onde ao sair, já não pensava e reformar os costumes nacionais. A partir daí, Quaresma acredita que a solução estava numa reforma pela agricultura. Muda-se então para um sítio, onde depois de importar revistas e maquinários agrícolas, incumbe-se demonstrar aos compatriotas que a melhor terra do mundo é a do Brasil. Porém, é vencido pela má qualidade do solo e pela mesquinharia da política local, tendo que voltar ao Rio de Janeiro para salvar a pátria do perigo representado pela Reforma Armada, que eclodia no país. Desta forma, alista-se no exército a favor de Floriano Peixoto, comandando um batalhão de quarenta soldados.

Nesta altura, Quaresma está empenhado nas reformas políticas do florianismo. Obtém um entrevista com o presidente da República, mas sai decepcionado com a figura displicente do líder. Abafada a revolta, é enviado para a Ilha das Enxadas, com a função de carcereiro. Ali, estavam os prisioneiros da guerra, ex–membros da marinha. Estes, numa noite, são levados para um fuzilamento por ordem de Floriano Peixoto.
Quaresma ao saber do fato, redige uma carta de censura ao presidente , exigindo os direitos humanos dos rebeldes. Em conseqüência , Quaresma é preso e enviado para a Ilha das Cobras, onde teria o mesmo fim dos prisioneiros por cujos direitos protestara.

As visões do sonhador de um Brasil perfeito se desfez ao tentar lutar pela identidade , pela valorização da terra e pelo direito do ser humano, ficando somente um idealismo patriótico e a utopia de “despertar a pátria do sono inconsciente em que jazia, ignorante de seu potencial, e conduzi-la ao merecido lugar de maior nação
do mundo.”

Fonte:
XIII Seminário do CELLIP (Centro de Estudos Linguísticos e Literários dos Paraná). Campo Mourão: 21 a 23 outubro de 1999. Maringá: Universidade Estadual de Maringá, 2000. CD-Rom.

Homenagem a José Saramago, em Itu



O Ponto de Leitura de Itu - Biblioteca Comunitária prof. Waldir de Souza Lima será palco, neste sábado, de uma homenagem ao escritor português José Saramago, falecido no último dia 18 de junho. Saramago foi um dos maiores expoentes da literatura contemporânea e o único vencedor do Prêmio Nobel de Literatura a escrever em língua portuguesa.

Pela manhã, a partir das 9 horas, será a aberta uma exposição de cartazes e obras do escritor e à noite, às 19 horas, o Cineclube Brad Will irá exibir o filme "Ensaio sobre a cegueira", do diretor brasileiro Fernando Meirelles, baseado no livro de mesmo nome, de autoria de Saramago. Quem for à biblioteca poderá conferir, ainda, uma exposição de livros sobre o continente africano, que está sediando a Copa do Mundo de Futebol.

A biblioteca fica localizada na Rua Floriano Peixoto, 238, Centro, Itu. Maiores informações em: (11) 8110-3598 ou bibliotecacomunitariaitu@gmail.com . As atividades são todas gratuitas.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Lúcio Cardoso (Poemas Avulsos)


A UMA ESTRELA

Meu domínio é o do sonho,
minha alegria é a do céu que a tormenta obscurece,
meu futuro é aquele que amanhece à luz do desespero.
Só tu saberás o segredo da minha predestinação.
Só tu saberás a extensão de tantas caminhadas,
só tu conhecerás a casa humilde em que morei.
Quem saberia romper o sortilégio que me cerca,
ó sol vermelho, aurora dos agonizantes.

Mas não reflitas nunca o gesto que condena.
Ai, este país é o da eterna aridez!
Se da altura a estrela não baixar o olhar ao pântano,
maior será a sua impiedade que o seu esplendor.

E só tu Vésper, só tu aplacarás o meu desejo,
só tu poderás depositar, nesta carne crispada,
o beijo que nas trevas dá ao sono a serenidade do repouso.
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AMANHECER

A noite está dentro de mim,
girando no meu sangue.
Sinto latejar na minha boca,
as pupilas cegas da lua.
Sinto as estrelas, como dedos
movendo a solidão em que caminho.
Logo o perfume da poesia
sobe aos meus olhos trêmulos, cerrados,
ouço a música das coisas que acordam
sobre o corpo negro da terra
e a voz do vento distante
e a voz das palmeiras abertas em raios
e a voz dos rios viajantes.

E a noite está dentro de mim.
Como um pássaro,
meu sonho ergue as asas no coração da sombra.
Ouço a musica das flores que tombam,
o tropel das nuvens que passam
e a minha voz que se eleva
como uma prece na planície solitária.

Então sinto a noite fugindo de mim,
sinto a noite fugindo dos homens
e o sol que avança na garupa do mar
e as nuvens curvas que enchem o céu
como grandes corcéis de fogo cor-de-rosa
desaparecendo sugados pela treva.
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VELHA FORTALEZA

Vejo-te dormindo no silêncio antigo e forte.

Ouço as ondas que roçam tuas ilhargas de granito,
e o vento que desenlaça no espaço frio
a memória guerreira dos teus dias idos.

Sinto renovar-se em mim
o desejo desta vida que sonhei.
Ouço a voz das madrugadas sôbre as rochas
e o mar remoto que soluça
junto ao aço morto dos canhões...

E vejo, ó fria sentinela,
o teu vulto crescer na linha do horizonte,
como um estranho navio que ancorasse
junto à cidade descuidada,
vazia de heroísmo e mocidade!

Fonte:
Jornal de Poesia.

Lúcio Cardoso (Crônica da casa assassinada : Primeira narrativa do farmacêutico)



Meu nome é Aurélio dos Santos, e há muito tempo que estou estabelecido em nossa pequena cidade com um negócio drogas e produtos farmacêuticos. Minha loja pode mesmo ser considerada a única do lugar, pois não oferece concorrência um pequeno varejo de produtos homeopáticos situado na Praça Matriz. Assim, quase todo o mundo vem fazer suas compras em minha casa, e mesmo para a família Meneses tenho aviado muitas receitas.

Lembro-me muito bem da noite em que ele veio me procurar. Achava-me sentado sob uma lâmpada baixa, a fim aproveitar a claridade o mais que pudesse, já que a eletricidade em nossa vila é deficiente, e eu consultava um dicionário de pós medicinais impresso em letras exageradamente miúdas. A noite mal começara a baixar, e a loja se achava cheia de mariposas que giravam num círculo cada vez mais fechado em torno da lâmpada. Isto me enervava e eu sacudia a cabeça para afugentá-las, pois tinha as duas mãos ocupadas em sustentar o grosso volume. Não fechara inteiramente a porta, cuidando que apareceria algum freguês retardatário. Como ouvisse um leve rangido, ergui a cabeça e percebi a mão que empurrava a porta — depois o rosto surgiu devagar, sem procurar produzir efeito, apenas como se evitasse uma intervenção repentina.Avançou dois passos e eu reconheci então de quem se tratava. Pareceu-me mais pálido do que habitualmente, de modos hesitantes, olhos desconfiados.

— Boa noite, Sr. Demétrio — disse eu, naturalmente estranhando a visita.

Talvez seja necessário explicar aqui por que aquela chegada não me pareceu um fato banal — é que eles, os Meneses, por orgulho ou por suficiência, eram os únicos fregueses que jamais pisavam em minha casa. Mandavam recados, aviavam receitas, pagavam as contas por intermédio dos empregados. Eu os via passar com certa freqüência, quase sempre de preto, distantes e numa atitude desdenhosa. Dizia comigo mesmo: "São os da Chácara" — e contentava-me em inclinar a cabeça num hábito que já se perdia longe através do tempo. Aliás, devo acrescentar ainda que caminhavam quase sempre juntos, o Sr. Valdo e o Sr. Demétrio. Podiam não ser muito unidos lá dentro de casa, tal como corria de boca em boca, mas nas ruas eu os encontrava sempre ao lado um do outro, como se neste mundo não houvesse melhores irmãos. Uma única vez vi o Sr. Demétrio em companhia de sua esposa, Dona Ana, que a voz corrente dizia encerrada obstinadamente em casa, e sempre em prantos pelo erro que cometera contraindo aquele matrimônio. Não era uma Meneses, pertencia a uma família que antigamente morara nos arredores de Vila Velha, e fora aos poucos triturada pela vida sem viço e sem claridade que os da Chácara levavam. Lamentava-se muito a sua sorte, e alguns chegavam mesmo a dizer que não era de todo destituída de beleza, se bem que um tanto sem vida.

— Boa noite — respondeu-me o Sr. Demétrio, e ficou diante de mim, parado, esperando sem dúvida que eu iniciasse a conversa. Não sei que esquisita maldade se apoderou naquele instante do meu coração — ah, aqueles Meneses! — e por puro capricho continuei em silêncio, o dicionário aberto entre as mãos e contemplando sem pestanejar a face que se achava diante de mim. Devo esclarecer desde já que se tratava de um homem mais baixo do que alto, extraordinariamente pálido. Nada em sua fisionomia parecia ter importância, a natureza se encarregara de moldar uma série de traços sem relevo, tudo batido um tanto a esmo, circundando o ponto central, o único que se via desde o início e que atraía imediatamente a atenção: o nariz, grande, quase agressivo, um autêntico nariz da família Meneses. O que mais impressionava nele, repito, era o aspecto doentio, próprio dos seres que vivem à sombra, segregados do mundo. Talvez essa impressão viesse exclusivamente de sua tez macerada, mas a verdade é que se adivinhava imediatamente a criatura de paragens estranhas, o pássaro noturno, que o sol ofusca e revela.

— Queria um conselho do senhor — disse ele afinal, com um suspiro.

Inclinei a cabeça e, depositando o livro sobre a mesa, voltei-me, manifestando assim que me achava à sua disposição. Ele não ousava esclarecer o que o trouxera, talvez preferisse ser inquirido, e fitava-me sempre, os olhos miúdos rolando de um o para outro.

— No que for possível... — adiantei.

Essas simples palavras como que tiveram o dom de arrancar-lhe um peso do espírito. Qualquer coisa se iluminou escassamente em sua fisionomia e ele se inclinou sobre o balcão, num gesto de maior intimidade. Não digo que sua voz fosse totalmente segura, mas foi vencendo aos poucos as dificuldades, até que conseguiu falar com relativa calma. Confessou-me que sua mulher andava naqueles últimos tempos preocupada com um fato estranho que ocorria na Chácara. Disse isto e, depois de um ligeiro devaneio sobre os perigos da vida na roça, deteve-se e examinou-me para ver se eu acreditava no que dizia — e não sei por quê, neste inesperado silêncio que se formou entre nós, tive a intuição de que mentia, e que desejava que eu acreditasse na sua mentira. Ora, para um Meneses vir a minha casa .era necessário que realmente um fato importante ocorresse, e tão mais importante ainda, já que devia ser apresentado aos meus olhos com todas as roupagens de uma rebuscada mentira. Levantei-me, com a atenção agora inteiramente desperta, e debrucei-me ao seu lado sobre o balcão. Deste modo via seu rosto quase junto ao meu, e não poderia me escapar a menor emoção que o alterasse. Essa atenção pareceu desagradá-lo, e ele insistiu novamente, olhando-me pelo canto dos olhos, sobre as ocorrências que deveriam estar preocupando Dona Ana. Ora, todo o mundo em nossa pacata cidade sabia muito bem que a ela não interessavam as coisas da Chácara, e que seu tempo era pouco para lamentar e chorar as desditas de sua vida. Assim, era inadmissível que ela viesse a se interessar por qualquer "fato estranho" que estivesse ocorrendo na casa dos Meneses. No entanto guardei silêncio, e ele devia se ter contentado com este silêncio. De cabeça baixa, folheando à toa as folhas amareladas do meu .dicionário, ouvi a curiosa informação de que um animal desconhecido andava preocupando os moradores da Chácara. Aparentemente não existia nada de sensacional em semelhante notícia, mas a insistência na palavra "desconhecido" e o modo particular como explicou os ruídos e as pegadas que surgiam, trouxeram-me insensivelmente um sorriso aos lábios. Ele percebeu este riso e insistiu na frase com certa veemência.

— Animal desconhecido? — repeti, procurando encontrar-lhe a expressão do olhar.

Então ele fixou-me como se entregasse toda a sua alma:

— Sim, um cão selvagem; um lobo.

Novamente se estabeleceu um pequeno silêncio entre nós; fechei definitivamente o livro e indaguei:

— Neste caso, em que posso lhe ser útil?

Ele estendeu a mão, pousou-a no meu braço — e pelo tremor que a sacudia, compreendi que havíamos atingido o ponto nevrálgico da questão.

— Que me aconselha o senhor? — disse. — Foi para isto, exclusivamente para isto, que.vim aqui.

Devia ser verdade, nada me induzia a suspeitar de uma mentira oculta por trás daquela afirmativa, mas mesmo assim não pude deixar de soltar um riso breve:

— Mas, Sr. Demétrio, eu nada entendo de caçadas! Talvez fosse melhor ter procurado . . .

Ele balançou a cabeça com energia:

— Não! Não! Existem razões para ter vindo à sua procura. Por exemplo, poderia sugerir-me um veneno, ou qualquer coisa violenta que pudesse ser colocada numa armadilha.

— Não se liquidam lobos com venenos — disse, e fiz menção de colocar o dicionário no seu lugar, sobre a caixa registradora.

Ele devia ter apreendido o significado exato do meu gesto, o desinteresse que comportava. Fitou-me, e com olhos tão duros, tão cheios de súbito e agressivo rancor, que não pude deixar de sentir um estremecimento íntimo. Sem dúvida viera ali por outra causa, isto era mais do que certo, e, receando ir direto ao assunto, tergiversava, dava voltas ao problema, esperando que eu o auxiliasse. Via agora que eu não tinha a menor intenção de vir em seu socorro (por que viria? Desde há muito, desde tempos imemoriais, que entre mim e a família Meneses não existia o menor vislumbre de simpatia. . . ) e. fora esta minha atitude que lhe arrancara aquele olhar eloqüente e cheio de cólera. Ao contrário, em vez de facilitar-lhe a confissão (ou .o que quer que fosse . . . ) mudei completamente de assunto, como se a história do lobo jamais houvesse sido pronunciada. Havia um lado da parede da farmácia que se achava em péssimo estado, devido a uma pequena explosão, provocada por um prático sem experiência. Mostrei-lhe a cal arruinada, os tijolos à mostra, acrescentando com um sorriso:

— Tempos duros os que vivemos, Sr. Demétrio! Veja esta parede que carece tanto de reparos! Há dois meses espero conseguir o dinheiro necessário, e até agora não fiz nem sequer encomendar um tijolo!

Diante de mim, imóvel, ele seguia com extrema atenção aquela fingida volubilidade. Provavelmente estaria procurando adivinhar em minhas palavras um sentido oculto, uma insinuação qualquer — e eu confesso que nada mais queriam dizer além do sentido nu que exprimiam, nada, senão que o muro necessitava de conserto, e que eu não possuía o dinheiro necessário para fazê-lo. No entanto, uma inspiração pareceu tocá-lo de repente, vi uma pequena luz se acender em seus olhos, enquanto mais uma vez estendia a mão e tocava-me o braço:

— Talvez possa ajudá-lo, quem sabe? Um tijolo a mais ou a menos, sempre estamos aqui para ajudar os amigos.

Ao ouvir estas palavras, eu me achava de costas: voltei-me devagar e fitei-o bem no fundo dos olhos. Imaginei ver então agitar-se naquelas profundezas alguma coisa brilhante como a esperança — de quê, meu Deus, nem eu próprio o poderia dizer jamais, tão recôndita cintilava diante de mim, tão secreta, tão acrisolada no fundo triste daquela alma. Ele não desviou a vista, ao contrário, ofereceu-se inteiro como quem abre um livro diante de mim, e assim ficamos durante alguns segundos, transitando de um para o outro, invisíveis e rápidos, pensamentos sem nexo, restos de idéias e sentimentos, coisas que o inconsciente apenas trazia. à tona, mas que nos faziam atingir uma importante fase de compreensão.

— Uns tijolos. . . — murmurei É exatamente do que eu preciso.

— Digamos . . . um carro deles? — sugeriu, debruçando-se familiarmente sobre o balcão.

Oh, decerto ele arfava um pouco, e já seus olhos, inteiramente acesos, sondavam-me a face com avidez, buscavam-me a palavra de pronta aquiescência, numa falta de pudor, numa pressa que me escandalizava quase. Ainda assim, balancei a cabeça com ar penalizado:

— Um carro! Digamos três, Sr. Demétrio, não consigo tapar aquele rombo com menos de três carros de tijolos!

Qualquer coisa como um sorriso — um diminuto, um insignificante sorriso de vitória — esboçou-se em sua face pálida. Como eu aguardasse, ele aquiesceu com um movimento de cabeça. Havíamos atingido um terreno de onde não me seria possível recuar, e foi portanto com a mais serena das vozes que voltei ao assunto inicial:

— Um lobo numa chácara é sempre perigoso. Contudo. . .

Repetiu sufocado, como se lhe custasse um esforço imenso aquela palavra:

— Contudo. . .

Dei alguns passos pela loja, procurando mostrar-me o mais natural possível:

— Contudo existem meios práticos de liquidá-los, sem que seja necessário recorrer ao veneno.

— Por exemplo... — sugeriu ele.

Abandonei-o um instante sem resposta, dirigindo-me ao interior da casa. Devo esclarecer que ocupava um modesto aposento dos fundos, mal iluminado e de assoalho periclitante, cuja única vantagem era me oferecer guarida durante a noite, próximo à loja, podendo assim atender algum freguês que surgisse em horas avançadas. Corria no entanto a notícia de que alguns ladrões andavam operando em nossa pequena cidade, e este, sem dúvida, foi o motivo que me levou a guardar na gaveta da cômoda, entre peças de roupa passada, um pequeno revólver. "Não me apanharão desprevenido" — dizia comigo mesmo. Assim, abri a gaveta e tateei entre a roupa, não tardando muito a encontrar o que procurava. Silencioso como me afastara, voltei à farmácia e depositei a arma sobre o balcão.

— Que é isto? — indagou o Sr. Demétrio sem ousar tocar no objeto.

— Oh — exclamei — apenas uma brincadeira. É de manejo fácil, mas liquida qualquer lobo.

Ele pareceu hesitar, fixando sempre a arma, sem coragem para tocá-la. Não sei que confusos pensamentos se digladiavam no seu íntimo — sei apenas que em certo momento, estendendo devagar a mão, tomou o revólver e examinou-o erguido quase à altura dos olhos.

— É uma arma feminina — disse, fazendo cintilar as incrustações de madrepérola que bordavam o seu cabo.

— Pertenceu à minha mãe — esclareci.

Ele rodava a arma, e já agora eu podia perceber que a satisfação brilhava claramente em seus olhos.

— Funciona bem? — indagou, apontando o cano para o fundo da loja.

— Perfeitamente.

E tentando desvanecer seus últimos escrúpulos, acrescentei:

- É uma arma como hoje não se fabrica mais.

A partir desse ponto, podia se dizer que ele estava definitivamente conquistado. Vendo-o, eu indagava de mim mesmo se aquele Meneses não teria vindo à minha casa precisamente para obter a arma — eles, que eram tão ricos em recursos e estratagemas acaso poderiam deixar de ter em casa um revólver idêntico àquele? Em que circunstâncias o utilizariam, sob que pretexto comprometeriam um outro na ação que provavelmente estariam prestes a executar? E se se tratasse na verdade de um lobo — a idéia era quase ingênua... — por que não liquidá-lo de um modo mais simples, com uma armadilha, por exemplo? De qualquer modo, ergui os ombros — o negócio me convinha.

O Sr. Demétrio experimentou ainda o gatilho, retirou o tambor, chegou a esfregar o cano na manga do paletó — e era mais do que evidente que tudo aquilo lhe causava um secreto, um intenso prazer, como se desde já, da obscuridade da farmácia, sentisse seus inimigos trucidados. Parou afinal o exame e fitou-me — e posso jurar que só um sentimento muito fundo, talvez antigo, mas imoral e cheio de impiedade, desenhou o sorriso que aflorou à sua face — ah, um sorriso de entendimento, de alguém que se sente perfeitamente seguro do valor da transação que acaba de realizar. Ao mesmo tempo colocou a mão sobre o meu braço:

— Obrigado, amigo. Creio que não existe mesmo melhor meio para liquidar lobos. . .

Sorri também, despedimo-nos. O Sr. Demétrio encaminhou-se para a rua, apertando o revólver no fundo do bolso; eu balançando a cabeça — os mistérios da natureza humana — voltei ao meu dicionário.

Fonte:
CARDOSO, Lúcio. Crônica da casa assassinada. RJ: Nova Fronteira, 1979.

Literatura Brasileira (Parte 2 = O Quinhentismo)



Esta expressão é a denominação genérica de todas as manifestações literárias ocorridas no Brasil durante o século XVI, correspondendo à introdução da cultura européia em terras brasileiras. Não se pode falar em uma literatura "do" Brasil, como característica do país naquele período, mas sim em literatura "no" Brasil - uma literatura ligada ao Brasil, mas que denota as ambições e as intenções do homem europeu.

No Quinhentismo, o que se demonstrava era o momento histórico vivido pela Península Ibérica, que abrangia uma literatura informativa e uma literatura dos jesuítas, como principais manifestações literárias no século XVI. Quem produzia literatura naquele período estava com os olhos voltados para as riquezas materiais (ouro, prata, ferro, madeira, etc.), enquanto a literatura dos jesuítas se preocupava com o trabalho de catequese.

Com exceção da carta de Pero Vaz de Caminha, considerada o primeiro documento da literatura no Brasil, as principais crônicas da literatura informativa datam da segunda metade do século XVI, fato compreensível, já que a colonização só pode ser contada a partir de 1530. A literatura jesuítica, por seu lado, também caracteriza o final do Quinhentismo, tendo esses religiosos pisado o solo brasileiro somente em 1549.

A literatura informativa, também chamada de literatura dos viajantes ou dos cronistas, reflexo das grandes navegações, empenha-se em fazer um levantamento da terra nova, de sua flora, fauna, de sua gente. É, portanto, uma literatura meramente descritiva e, como tal, sem grande valor literário.

A principal característica dessa manifestação é a exaltação da terra, resultante do assombro do europeu que vinha de um mundo temperado e se defrontava com o exotismo e a exuberância de um mundo tropical. Com relação à linguagem, o louvor à terra aparece no uso exagerado de adjetivos, quase sempre empregados no superlativo (belo é belíssimo, lindo é lindíssimo etc.).

O melhor exemplo da escola quinhentista brasileira é Pero Vaz de Caminha. Sua "Carta ao El Rei Dom Manuel sobre o achamento do Brasil", além do inestimável valor histórico, é um trabalho de bom nível literário. O texto da carta mostra claramente o duplo objetivo que, segundo Caminha, impulsionava os portugueses para as aventuras marítimas, isto é, a conquista dos bens materiais e a dilatação da fé cristã.

Literatura jesuíta - Conseqüência da contra-reforma, a principal preocupação dos jesuítas era o trabalho de catequese, objetivo que determinou toda a sua produção literária, tanto na poesia quanto no teatro. Mesmo assim, do ponto de vista estético, foi a melhor produção literária do Quinhentismo brasileiro. Além da poesia de devoção, os jesuítas cultivaram o teatro de caráter pedagógico, baseado em trechos bíblicos, e as cartas que informavam aos superiores na Europa sobre o andamento dos trabalhos na colônia.

Não se pode comentar, no entanto, a literatura dos jesuítas sem referências ao que o padre José de Anchieta representa para o Quinhentismo brasileiro. Chamado pelos índios de "Grande Piahy" (supremo pajé branco), Anchieta veio para o Brasil em 1553 e, no ano seguinte, fundou um colégio no planalto paulista, a partir do qual surgiu a cidade de São Paulo.

Ao realizar um exaustivo trabalho de catequese, José de Anchieta deixou uma fabulosa herança literária: a primeira gramática do tupi-guarani, insuperável cartilha para o ensino da língua dos nativos; várias poesias no estilo do verso medieval; e diversos autos, segundo o modelo deixado pelo poeta português Gil Vicente, que agrega à moral religiosa católica os costumes dos indígenas, sempre com a preocupação de caracterizar os extremos, como o bem e o mal, o anjo e o diabo.

Fonte:
http://www.vestibular1.com.br

Paraná Poético I

Apollo Taborda França
UM "FLASH" SERTANEJO

Pelos confins do sertão,
vive lá ZÉ SERESTEIRO...
Sempre com viola na mão:
- Perto um riacho e um pinheiro.
Seu rancho feito de palha,
o chão de terra batida...
Nele ZÉ bem se agasalha:
- No roçado a sua lida.

Beldades da Redondeza
faziam coro com ZÉ...
Ambiente de singeleza:
no terreiro um garnisé.
E do grupo a mais catita
que do ZÉ tinha atenção...
A lindeza da ZURITA:
- lábios da cor do tição.

Faces lisas, cor-de-rosa,
os olhos verdes dos campos...
ZURITA, a mais formosa:
- Lua cheia, pirilampos.
Se passarem muitas tardes,
ZÉ casou com a ZURITA...
Petizada, seus alardes:
- Choupana toda de fita.

ZURITA E ZÉ SERESTEIRO
levam a vida dourada...
Horta, feijão no celeiro:
- Cada noite nova toada.
Pelos ermos, pela mata,
o chilrear dos passarinhos...
Um sussurro se desata:
- Nas veredas, nos caminhos.

Tem coruja na vivência,
pica-pau e saracura...
João-de-barro, eficiência:
Quero-quero, com fartura.
Essa a vida sertaneja,
nos rincões do Paraná...
Tamanha beleza enseja:
- Se há outra, qual será?

ZURITA E ZÉ SERESTEIRO,
um casal bem ajustado...
Juntinhos o dia inteiro:
- Ó que amor tão sublimado!

Ceres de Ferrante
CREDO AO HOMEM

Segue,
não há razão
para parar.
Há mais caminhos
a percorrer.
Indômita é a vontade
dos que acreditam
no hoje e no amanhã.
Segue,
há uma força maior
guiando teus passos,
por isso vencerás o espaço
e encontrarás novos mundos
em outras galáxias
ou dentro de ti mesmo.

Horácio Ferreira Portella
RISONHO NASCIMENTO

Dourado, o sol desponta no horizonte,
a dissipar das brumas a cortina.
Ouve-se o manso murmurar da fonte,
que desce pela encosta da colina.

disseminando seu poder planctonte
na verdejante mata e na campina,
para ensejar que a Vida assim desponte
em plenitude mágica, Divina.

As borboletas colorindo a festa,
As flores espargindo seu perfume.
Os pássaros em mística seresta,

após o parto, que a Natureza espera
por nove meses para dar a lume
a deslumbrante filha: Primavera!

Ivo de Angelis
TRÊS QUADRAS

De lânguida flor, que murchasse
o suave perfume, dolente,
é qual a saudade que nasce,
quando morre o sonho na gente.

Nada transpassa a ferida
de um coração que padece,
como a lembrança perdida,
que cai de dentro da prece.

Mostra teu brilho e fulgor,
ao mundo que te fascina,
e nutre o teu esplendor,
na mágoa que me domina.

Janske Niemann Schelenker
UM PEQUENO TÚMULO

Lá na campina, queria ser flor
para que tua mão me colhesse,

ou ser o capim,
para que pudesses descansar em mim,

ou ser o caminho
por onde voltasses a ser meu,

our ser um pequeno túmulo
- sem nome e sem data -
á beira da tuda estrada
... e só tu saberias onde estou...

Orlando Woczikosky
ÁGUA

Quem se afunda na bebida,
para afogar sua mágoa,
descobre, no fim da vida,
que a melhor bebida é água.

Beba água mineral
e viva despreocupado,
porque água só faz mal
para quem morre afogado.

Fonte:
Revista do Centro de Letras do Paraná - n.53 - agosto 2009.

Artur de Azevedo (O Ingrato)


Vieira havia levado a vida inteira remando contra a maré. Por fim conseguiu reunir algum dinheiro, não se sabe como, e abriu uma modestíssima loja de cigarros na Rua dos Ourives. Dava para viver, mas, como se sabe, não se precisa de muita coisa para viver. Morava com a mulher num quartinho ao lado da modesta loja, e Dona Maricota cozinhava, lavava e passava a roupa do marido e de alguns conhecidos, pois não tinham filhos.

Pensando na vida e esperando os clientes, Vieira estava certo dia encostado no balcão da loja enquanto a mulher preparava o almoço, como de costume, quando entrou apressadamente um velho, meio congestionado, quase sem poder falar. Sentou-se num banquinho que ali havia, queixando-se silenciosamente e apenas murmurando algumas palavras. O traje do recém-chegado indicava pessoa de boa posição social. Solícito, Vieira indagou:

— Que tem o senhor, cavalheiro? O que aconteceu?

O velho levantou os olhos e só conseguiu dizer, com voz apagada:

— Água!

Vieira foi imediatamente buscar um copo d’água, que o velho bebeu, reanimando-se um pouco. E perguntou de novo:

— O que aconteceu?

— Não sei... Uma coisa que me deu de repente... Mas felizmente não foi nada, como o Sr. pode ver. Bastou esse copo d’água para sentir-me bem.

— Não quer alguma outra coisa? Talvez um pouco de água com limão...

— Não, nada. Muito obrigado.

O velho permaneceu ainda ali uns vinte minutos, conversando amistosamente com Vieira, perguntando-lhe sobre seus negócios, sua família, sua vida. Quando saiu, apertou-lhe com vigor a mão, renovando seus agradecimentos.

Dois dias depois apareceu novamente, sentou-se no banquinho e fez novas demonstrações de agradecimento, conversando amigavelmente durante meia hora.

Voltou no dia seguinte, e Vieira lhe apresentou Dona Maricota, com quem simpatizou bastante. Inteiraram-se então de que o assíduo visitante era o Comendador Matos, negociante aposentado, solteiro e sem filhos, que vivia de rendas, sem outra ocupação além da cobrança dos aluguéis e da renda dos altos negócios. Quando o Comendador saiu, Vieira disse à esposa:

— Parece que esse sujeito está disposto a vir aqui todos os dias, para entreter-se em conversa.

— É uma amizade que não devemos desprezar — respondeu a mulher, de espírito prático.

— Por quê?

— Que pergunta! Pode ser que encontremos nesse homem um protetor...

— Que protetor coisíssima nenhuma! Um passatempo aborrecidíssimo, é o que você deve dizer. Não percebeu que ele nem sequer fuma? Não comprou até agora nem uma caixa de fósforos...

Entretanto, quando o Comendador voltou no dia seguinte, encontrou uma cadeira, no lugar do banquinho. Precisamente nesse dia ficaram estabelecidas definitivamente as relações de amizade. A partir desse momento o velho foi infalível, sempre chegava na mesma hora. Não se passou muito tempo, e começou a ser-lhe oferecida durante a visita uma xícara de café, que se tornou um hábito durante os seguintes cinco anos.

Quando não aparecia na hora de costume, Dona Maricota se inquietava:

— O Comendador não veio. Estará doente? Por que não vais à casa dele? Pode ser que esteja doente, não acha?

Afinal o velho entrava, e Vieira avisava à mulher:

— Já está aqui o Comendador, Maricota. Traga já o cafezinho...

As relações chegaram a ser tão estreitas, que uma vez Vieira queixou-se da falta de freguesia. O velho lhe disse:

— É natural, pois você tem uma casa que não inspira confiança. Isto aqui não é uma verdadeira loja, é apenas um cubículo.

— Mas muitos começaram como eu, e acabaram ficando ricos.

— Isso foi antigamente. Hoje em dia as lojas de cigarros têm que estar bem instaladas, com pelo menos duas portas, boas estantes, tudo bem ordenado e bem sortido.

— É bem verdade, mas tudo isso custa dinheiro, e não vejo como possa consegui-lo.

— Não se preocupe por questões de dinheiro. Procure uma casa melhor, em pleno centro, e deixe o resto por minha conta.

Com efeito, Vieira não demorou a encontrar um local apropriado. Alugou-o, tendo o próprio Comendador como fiador. Um mês depois o novo estabelecimento estava funcionando. Não faltava nada, havia até um acendedor de cigarros constantemente ligado, que os clientes podiam usar.

O casal mudou-se para o segundo andar do mesmo imóvel, e o Comendador emprestou o dinheiro para a compra dos móveis. Quando foi assinar os papéis, Vieira perguntou se o Comendador tinha interesse em ser seu sócio.

— Nada disso! Eu me aposentei por completo dos negócios, e não tenho o menor desejo de voltar a eles. Serei simplesmente seu credor. Basta você assinar umas quinze promissórias, com juros muito reduzidos e prazos folgados.

Assim foi. Vieira resgatou as letras uma por uma, nos prazos estipulados. Sem esforço, pois a loja prosperava de maneira satisfatória. Dona Maricota já se entregava aos afazeres domésticos com mais parcimônia. Um dia notou que ia ser mãe, portanto uma nova felicidade em perspectiva.

— Quero ser o padrinho! — indicou o Comendador quando foi informado.

O excelente homem já era considerado pessoa da casa, seguindo sempre o seu próprio ritmo, tomando o cafezinho sentado no mesmo local, já agora numa cadeira estofada, para mais comodidade.

A pontualidade com que foram pagas as quinze promissórias fez aumentar a amizade do velho, pois colocava acima de tudo a probidade comercial, a honra da firma. Quando o menino foi batizado, o padrinho deu-lhe um bonito enxoval e fez para ele um seguro de vida. Desde então era raro a criança não receber todos os dias um presente ou um agrado. De vez em quando, Vieira e Maricota também eram obsequiados.

— Comendador, por que tantos cuidados? O senhor não deve incomodar-se tanto conosco.

— Não me incomodo, absolutamente. Vocês são minha única família. Não tenho ninguém mais no mundo, a não ser vocês.

— Bendito aquele copo de água! — dizia Dona Maricota, sempre que o velho tinha algum rasgo de generosidade.

— Graças àquele copo d’água mudou nossa sorte — acentuava o marido, — e espero que com o tempo ainda viremos a ser ricos.

Não sabendo como manifestar seu reconhecimento por tão inverossímil proteção, Vieira mandou pintar a óleo um retrato do Comendador, que colocou na sala de visitas.

Mas tudo se acaba. Um dia o comendador deixou de aparecer na loja, que tão assiduamente visitava durante tantos anos. Vieira correu imediatamente à casa onde morava, e o encontrou seriamente doente. Quis levá-lo para sua casa, onde seria tratado com desvelo familiar, mas o comendador resistiu. Era seu propósito recolher-se a um asilo para idosos, e foi necessário respeitá-lo. A doença se agravou. Embora não lhe faltasse nenhum dos recursos da medicina, morreu depois de quinze dias.

Vieira e Dona Maricota imaginavam — era natural — que ambos e o pimpolho seriam os únicos herdeiros, já que o velho não tinha família. Enganaram-se. O testamento, o único que apareceu entre os papéis do velho, e que foi divulgado depois do enterro, só contemplava no benefício o afilhado, com dez contos de réis. O resto era dividido entre hospitais e asilos. Nem o próprio Vieira tinha um único centavo no testamento.

— Estranho! — bramiu Dona Maricota. — Nunca imaginei que aquele homem não nos deixasse ricos. Por que nos dizia então que éramos os únicos membros de sua família? Que mal empregados os oitenta mil réis da coroa que lhe mandamos!

— Tenho intenção de não aceitar os dez contos que deixou ao nosso filho — confessou Vieira —. Dez contos! Que miséria!

— Seria melhor não haver deixado nada! Nosso filho não precisa de esmolas!

— Tenho até vontade de destruir o retrato — disse indignado o marido.

— Não! Não vale a pena. Esse retrato pode ser comprado por alguma das instituições que herdarão o dinheiro desse velho tacanho.

Lançou um olhar severo sobre o retrato do Comendador, que sorria compassivamente, enquanto exclamava decepcionada:

— Este mundo está cheio de ingratos!...

Fontes:
http://contosbemcontados.blogspot.com/

terça-feira, 22 de junho de 2010

Apollo Taborda França (O Nosso Alfabeto)


A na ordem é a primeira
Do ALFABETO, original;
Tem presença costumeira,
Vai num texto sem igual.

B se mostra importante,
Dentre as letras principais;
BRASIL a leva confiante,
É o país dos mananciais.

C tem ritmo completo,
Colorindo o seu CÉU;
Se sublima, som dileto,
Vale mais do que um troféu.

D é letra favorita,
DECISIVA e dá apogeu;
Valoriza toda escrita,
Replicando: estou no meu.

E é letra da ESPERANÇA,
Enriquece o fraseado;
E o sentido, de antemão,
Fica firme e bem postado.

F é uma letra mágica,
Que impressiona de saída;
FORTALECE a trova sáfica
E as demais, a toda brida.

G está em geralmente,
Tem GRANDEZA, é muito usada;
É importante integralmente
Sua presença numa toada.

H mostra ter talento,
Vem no nome de HEITOR;
O seu som é de acalento,
Sustentando o seu valor.

I é aquela letra base,
Que INSPIRA muito afeto;
Se impõe em qualquer frase,
É destaque no alfabeto.

J brilha em toda linha,
Joga o JOGO na jogada,
Tem sua verve, sempre tinha,
No alfabeto é a bem bolada.

K é letra motivada
É de uso bem correto;
Em KARDEC é badalada,
Mas sacaram do alfabeto.

L vai em LIBERDADE,
É o que todo mundo quer;
Sendo letra sem vaidade,
O servir é seu mister.

M tem a sua marca,
De letra sublimação;
Em MARIA bem abarca
O sentido da oração.

N nunca desfalece,
Lembrando a NATIVIDADE,
Calorosa como a prece,
É uma letra de verdade.

O é letra sintonia,
OPULENTA como o Sol;
Muito pura, sem mania,
Se repete em rouxinol.

P dispensa comentário,
Letra forte do PERDÃO;
Se mantém no itinerário
Do alfabeto, é bridão.

Q garante o rijo som,
É QUERIDA em qualquer texto,
Na poesia dá seu tom,
Na palavra é cabresto.

R é letra principal,
Ao ROSÁRIO dá estesia;
Tem um som monumental,
Flui no texto e na poesia.

S é um tanto sibilante,
SILVA a torto e a direito;
Mas, mantem-se firme e estuante:
É uma letra de respeito.

T é uma letra ponderável.
Que TEMPERA nossa língua;
Seu emprego é inumerável
E o pensar não fica à míngua.

U vogal maravilhosa
É de UNIÃO e de argumento;
Se diz muito caudalosa,
Na palavra é um sustento.

V tem som inimitável,
Ajuda muito no verso;
Em VITÓRIA é bem notável
Nos idiomas do universo.

W tem a sua saga,
É rejeitada por muitos;
Em WESTPHALEN afaga,
Da tradição, os seus mitos.

X é a base do problema
No mundo da Matemática;
Em XANGÔ é um emblema
De influência carismática.

Y era antiga
Letra assim convencional;
Na YOGA é muito amiga,
Com seu talhe bem sensual.

Z é a letra derradeira,
De nosso falar gentil;
ZODIACAL, é uma bandeira
No idioma do Brasil!...

Fonte:
Apollo Taborda França. O Nosso Alfabeto. Curitiba: Gráfica Vitória, 1982.

Literatura Brasileira (Parte 1 = Origens)

A pedidos, inicio um apanhado sobre a Literatura Brasileira, em várias partes.
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O estudo sobre as origens da literatura brasileira deve ser feito levando-se em conta duas vertentes: a histórica e a estética. O ponto de vista histórico orienta no sentido de que a literatura brasileira é uma expressão de cultura gerada no seio da literatura portuguesa. Como até bem pouco tempo eram muito pequenas as diferenças entre a literatura dos dois países, os historiadores acabaram enaltecendo o processo da formação literária brasileira, a partir de uma multiplicidade de coincidências formais e temáticas.

A outra vertente (aquela que salienta a estética como pressuposto para a análise literária brasileira) ressalta as divergências que desde o primeiro instante se acumularam no comportamento (como nativo e colonizado) do homem americano, influindo na composição da obra literária. Em outras palavras, considerando que a situação do colono tinha de resultar numa nova concepção da vida e das relações humanas, com uma visão própria da realidade, a corrente estética valoriza o esforço pelo desenvolvimento das formas literárias no Brasil, em busca de uma expressão própria, tanto quanto possível original.

Em resumo: estabelecer a autonomia literária é descobrir os momentos em que as formas e artifícios literários se prestam a fixar a nova visão estética da nova realidade. Assim, a literatura, ao invés de períodos cronológicos, deverá ser dividida, desde o seu nascedouro, de acordo com os estilos correspondentes às suas diversas fases, do Quinhentismo ao Modernismo, até a fase da contemporaneidade.

Duas eras - A literatura brasileira tem sua história dividida em duas grandes eras, que acompanham a evolução política e econômica do país: a Era Colonial e a Era Nacional, separadas por um período de transição, que corresponde à emancipação política do Brasil. As eras apresentam subdivisões chamadas escolas literárias ou estilos de época.

A Era Colonial abrange o Quinhentismo (de 1500, ano do descobrimento, a 1601), o Seiscentismo ou Barroco (de 1601 a 1768), o Setecentismo (de 1768 a 1808) e o período de Transição (de 1808 a 1836). A Era Nacional, por sua vez, envolve o Romantismo (de 1836 a 1881), o Realismo (de 1881 a 1893), o Simbolismo (de 1893 a 1922) e o Modernismo (de 1922 a 1945). A partir daí, o que está em estudo é a contemporaneidade da literatura brasileira.

Fonte:
http://www.vestibular1.com.br/

Fomento e Incentivo à Cultura em Minas Gerais



A Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais é um instrumento que tem possibilitado a realização de importantes projetos culturais no Estado.

Por meio de seus mecanismos, a lei tem mediado a interlocução entre o empreendedor e o incentivador, aproximando produtores, artistas, investidores e público e contribuído para dinamizar e consolidar o mercado cultural em Minas Gerais.

Os projetos são analisados pela Comissão Técnica de Análise de Projetos (CTAP), que considera desde os critérios técnicos – pré-requisitos quanto ao empreendedor e enquadramento de seu projeto, viabilidade técnica e exeqüibilidade, detalhamento orçamentário, efeito multiplicador e benefício social – até o fato de possuírem caráter estritamente artístico-cultural e interesse público.

Empresas contribuintes do ICMS, que estejam em situação regular, podem patrocinar projetos culturais por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura. Empresas inscritas em Divida Ativa, até 31 de outubro de 2007, também podem ser patrocinadoras.

É muito fácil Investir em Cultura

O processo é muito simples, a maior parte das providências é tomada pelo responsável pelo projeto, a empresa patrocinadora só fica encarregada de preencher a Declaração de Incentivo-DI, documento que oficializa o patrocínio junto à Secretaria de Estado de Fazenda e que, depois de homologado, possibilita o repasse dos recursos para a conta bancária, específica, do projeto incentivado. Esse repasse pode ser parcelado em até 12 vezes.

Investir é lucro

A empresa patrocinadora pode deduzir 80% do valor total investido no projeto, na forma de desconto do imposto devido de ICMS, mês a mês. Os 20% restantes são repassados, sem dedução, a título de contrapartida.

O investimento é, acima de tudo, um compromisso com a sociedade. Ao incentivar um projeto cultural a empresa está escolhendo uma nova forma de se comunicar, de ampliar e agregar valor à sua marca, de contribuir para o desenvolvimento da comunidade na qual está inserida e, ainda, de reforçar o seu compromisso com a cultura e o bem estar social.

Escolha o projeto

O patrocinador pode escolher um ou mais projetos, a lista dos aprovados para captação de recursos em 2010 pode ser consultada. Para isso é só entrar em contato com a diretora da Lei de Incentivo, Sônia Valadares, por telefone (31)3269-1128 ou e-mail: leiestadual@cultura.mg.gov.br

Fonte:
Colaboração da Secretaria de Estado da Cultura de Minas Gerais.

Silviah Carvalho (O Dia Perfeito)


Para mim será quando acordar
De manhã e te ver ao meu lado,
Poder te preparar um café,
Voltar e te ver ainda deitado,

Poder segurar sua mão e,
Andar livremente pelas ruas da cidade,
Saber que és totalmente meu e,
Que nunca mais sofrerei a saudade.

O dia perfeito
Para mim será lembrar que fiz uma oração
Te pedindo como milagre,
E poder tocar em ti, e ver na viração do dia
Este milagre em sua totalidade,

Pode um construtor, não amar
A obra que construiu com tanta dificuldade,
Olhar e não sentir-se feliz vendo que o
Que era sonho tornou-se realidade?

Pois eu tenho medo que isto um dia aconteça,
Que o dia perfeito chegue e eu, talvez não mereça,
Que diante de ti, eu fique extasiada,
E ao invés de amar, para sempre adormeça,

Que não suportes meu tremor,
A força do meu amor e
Em meus braços, desfaleça.

O dia perfeito
Para mim será tê-lo ao meu lado
Sem que haja para isso juramento,
Que tudo aconteça livremente,
Que tudo se revele e que seja lindo,

E para o que não foi dito,
Que haja perdão e caia no esquecimento.

O dia perfeito
Para mim será quando o amor esconder nossos defeitos
E nos deixar viver o momento,

Pois para mim este amor vem sendo construído
Através de tempos... Eternidade até,

O dia perfeito
Para mim será ver concretizado
Aquilo que um dia era apenas fé.

Fonte:
Colaboração de Silviah Carvalho.

André Czarnobai no Projeto Autores & Idéias, do SESC Paraná




O Sesc Paraná promove o Projeto Autores & Ideias, evento que discutirá os mais variados temas da literatura, tendo como ponto de partida suas relações com o ciberespaço. Ao longo de 2010, o Autores & Ideias percorrerá cinco cidades paranaenses com atividades que pretendem ampliar o debate em torno da literatura, leitura e letramento na sociedade digital.

De maio a novembro, a cibercultura será a temática principal de mesas-redondas, workshops e oficinas, oferecidas nas unidades do Sesc em Curitiba, Londrina, Maringá, Pato Branco e Cascavel. Uma oportunidade única de trazer para o mundo real um bate-papo essencialmente virtual.

Neste ciclo de Autores & Ideias, que acontece em junho de 2010, serão abordados alguns veículos de comunicação com foco em literatura e artes em geral surgidos exclusivamente na internet, sua viabilidade em comparação com os meios impressos e algumas vantagens da publicação virtual, como maior interatividade com o leitor, baixo custo de implementação, versatilidade de formatos e a garantia de factualidade.

MESA REDONDA

Tema: Arte e informação na Rede

Autores Convidados:

André Czarnobai – Rio Grande do Sul (escritor e fundador do Cardoso Online, o mais famoso fanzine digital distribuído no Brasil)

Julio Daio Borges- Digestivo Cultural -São Paulo

Mediação : Jornalista - Marcelo Bulgarelli

DATA - 24/06/2010
HORÁRIO- 20:00
LOCAL - SESC

Público: estudantes de jornalismo, letras, artes, artistas, jornalistas, escritores.

Quem é CARDOSO? . Ficcionista e não-ficcionista, jornalista, roteirista, consultor criativo, webdesigner autodidata, desenhista, tradutor, intérprete, produtor musical, DJ, MC, demonstrador e vendedor de aparelhos de monitorização vital, pior fotógrafo do mundo, bon-vivant e modelo.

André Felipe Pontes Czarnobai nasceu no dia 27 de maio de 1979 em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil.

Autor de Cavernas & Concubinas (2005, coleção Risco:Ruído, DBA Editora).

Participou das coletâneas Oficina 32 (2004, Org. Luis Antonio de Assis Brasil), Troco (2005, Type), Dentro de um Livro, (2005, Casa da Palavra), Contos de bolso (2005, Casa Verde), Contos do Novo Milênio - Os melhores contistas gaúchos dos últimos 25 anos (Org. Charles Kiefer, Instituto Estadual do Livro, 2006), Ficção de Polpa 3 (Não Editora, 2009) e Desacordo Ortográfico (Não Editora, 2009)

Publicou contos na Revista Ficções (2003, 7Letras), no site da Revista Trip; no especial Feira do Livro do ClicRBS; nos jornais Zero Hora e Brasil Econômico; e nas revistas Aplauso, F, Bravo! e Gloss.

Participou da segunda edição do projeto Na Tábua, de Paulo Scott e Fábio Zimbres, ao lado de Marçal Aquino.
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Quem é Julio Daio Borges?

Julio Daio Borges é, por extenso, Julio Dário Revollo Porfírio Borges. Nasceu em São Paulo Capital, no dia 29 de janeiro de 1974. Formou-se em Engenharia de Computação, pela Escola Politécnica da USP, em dezembro de 1997. Foi "redação nota dez" da Fuvest, em 1992. Escreve diariamente desde então.

Quais os "antecedentes" do Digestivo Cultural?

Em dezembro de 1997, Julio Daio Borges, assinando "J.D. Borges", compõe "A Poli como Ela é...", uma crítica à Politécnica da USP, que vai parar na Folha de S. Paulo, na coluna de Luís Nassif. Começa uma atividade de "colunista independente" a partir de 1998 (por e-mail) e, em 1999, funda seu próprio site. Em 2000, esboça a newsletter que se tornará, de 2001 em diante, a revista eletrônica Digestivo Cultural.

Quais as suas atribuições no Digestivo Cultural?

Redação de Digestivos e esporadicamente Colunas e Entrevistas (perguntas). Supervisão dos Colunistas, Ensaios e Comentários. Elaboração dos Releases e Editoriais. Concepção dos Especiais. Postagem diária no Blog. Veiculação dos Anúncios. Programação do site. Administração da JDB Editora e Participações LTDA. (empresa que abriga o Digestivo, desde 2003Com que outros projetos se ocupa Julio Daio Borges?

Organização de eventos culturais a partir do Digestivo Cultural, especialmente em conjunto com a Casa Mário de Andrade, onde aconteceram três séries Palavra na Tela (2007, 2008 e 2009) e uma nova série denominada Encontros de Literatura, sempre com curadoria, planejamento e realização do Digestivo Cultural. Com intenção, ainda, de formar um arquivo em áudio desses eventos (Podcast). Além disso, otimização da arquitetura do site para entregar, mensalmente, mais de 1 milhão de páginas.

O que mais além de textos?

Em novembro de 2009, Julio Daio Borges participou do evento Oxigênio, ao lado de Ana Paula Sousa da "Ilustrada" da Folha. Em setembro de 2009, participou do "III Seminário Tendências Conectadas nas Mídias Sociais" da Faculdade Cásper Líbero (Palestra/Perguntas). Em maio de 2008, deu uma aula sobre Web 2.0 no curso de "Jornalismo na Internet" do Espaço Cult. Em dezembro de 2007, participou de uma mesa com outros "editores de publicações independentes", nos Encontros de Interrogação do Itaú Cultural, em Buenos Aires. Em outubro de 2007, participou ainda da mesa sobre "Literatura Digital" na Flip de Porto de Galinhas; e, no mesmo mês, proferiu uma palestra sobre "Jornalismo Cultural na Internet", no II Encontro de Comunicação e Letras, da Universidade Mackenzie.


A PROGRAMAÇÃO É GRATUÍTA, VAGAS LIMITADAS.

PARA SE INSCREVER ENCAMINHE E-MAIL COM NOME E TELEFONE E OU DIRETAMENTE NO SESC.

O SESC FORNECERÁ CERTIFICADO DE PARTICIPAÇÃO.

maringa@sescpr.com.br
laidesousa@sescpr.com.br

Fonte:
Laíde Cecilia de Sousa
Assistente de Atividades
SESC- Maringá

6a. Semana do Escritor e do Livro de Sorocaba

XVI Jogos Florais de Curitiba (Classificação Final - Âmbito Internacional)


Âmbito Internacional
Países de Língua Hispânica

Tema : MADRUGADA

GANADORES (por ordem alfabética)

Una estrella matutina
siempre duerme esperanzada,
ver que todo se ilumina
¡ después de la madrugada !
CRISTINA OLIVEIRA CHAVEZ – USA

Mi madrugada es desvelo
si es tu ausência mi pensar,
pero se convierte em cielo
si en ti me pongo a somar.
ELENA GUEDE ALONSO – Peru

Recuerdo esa madrugada
que en un tálamo de rosas,
me amabas em la alborada,
com carícias primorosas.
ELIZABETH LEVYA RIVERA – México

En mi pasado y presente
por ti me siento adorada,
eres luz que intensamente
alumbra mi madrugada.
ELIZABETH LEVYA RIVERA – México

Al llegar la madrugada
mi pecho triste te nombra,
pues tu amor es alborada
y el mio, es ocaso y sombra.
IRMA GUADALUPE HERNÁNDEZ VÁLDEZ (Pentrova) – México

Sobre suaves almohadas
sueño contigo mi amor
y en oscuras madrugadas...
mi piel busca tu calor.
LIZ CASTRO RIVERA – México

Quiero dormir en tu lecho
una tíbia madrugada
y al cobijarme en tu pecho,
sentirme por siempre amada.
LIZ CASTRO RIVERA – México

Madrugada eres mi sino
un faro de luz brillante
y por siempre en mi destino
serás recuerdo constante.
LIZBETH RIVERA ANDREW – México

Anhelo la madrugada
porque es anuncio de aurora
y es espacio en que mi amada
demostra cuánto me adora.
MANUEL SALVADOR LEYVA MARTÍNEZ – México

Te amo por la madrugada,
por la noche y por el día,
que temo ser castigada
por amarte en demasía.
MARÍA ELENA ESPINOSA MATA – México

Mi madrugada es rezar
para esperarte despierta,
por si quieres regresar
te dejo la puerta abierta.
MARTHA ALICIA QUI DE ZAMORANO – México

No me niegues tu mirada
que me haces morir de pena,
te espero esta madrugada
que hay noche de luna llena.
RENE B. ARRIAGA DEL CASTILLO – México

MENCIÓN HONORÍFICA

Después de una bella noche
la madrugada es preciosa
porque nos llena el derroche
de la vivencia amorosa.
CARLOS RODRIGUES SÁNCHEZ – Venezuela

Después de una noche triste
con llanto tu alma mojada,
olvida todo y se viste
¡ con la hermosa madrugada!
CRISTINA OLIVEIRA CHAVEZ – USA

Se suma otra madrugada
a las que tantas viví,
con tu ausencia como espada
y todo mi amor por ti.
ELENA GUEDE ALONSO – Peru

La madrugada es amiga
de los males y el pecado,
y también es mi enemiga
si no te tengo a mi lado.
ELENA GUEDE ALONSO – Peru

La noche tiende la cama
como lógico remanso,
en madrugada que llama,
al cuerpo para el descanso.
HILDEBRANDO RODRÍGUEZ – Venezuela

Fría está mi madrugada
ya vuelve cariño mío,
quiero pronto tu llegada
para no morir de frío.
LIZ CASTRO RIVERA – México

Con la luz de madrugada
se enciende en el alma sueños.
De pincelada azulada
se tiñen soles risueños.
MARIA CRISTINA FERVIER – Argentina

No se como será amarte
pero se que dicha siento.
De madrugada al pensarte
El amor es mi sustento.
MARIA CRISTINA FERVIER – Argentina

Madrugada...¿volverás?
a mí no me pertences,
¿o tal vez me olvidarás?
si en otra cama amaneces.
MARTHA ALICIA QUI DE ZAMORANO – México

No habrá sufrimiento y llanto...
Ni sombras alucinadas,
Porque Dios que te ama tanto,
Cuidará tus madrugadas!!
MIGUEL ÁNGEL MUÑOZ CORTÉS – España

Los paraísos hermosos,
de tu bella alma iluminas,
se aparecen impetuosos,
¡en madrugadas divinas!
MIGUEL ÁNGEL MUÑOZ CORTÉS – España

Dame nueva madrugada
repleta de inmensidad
y en tus manos sujetada
alcanzar la eternidad.
NATIVIDAD PADILHA – República Dominicana

MENCIÓN ESPECIAL

Madrugada tempranera
Blasón del madrugador,
siempre serás la primera
¡ en gozar del trovador!
CARLOS IMAZ ALCAIDE – Francia

Son mis tristes madrugadas
como gotas de rocio
siempre de pena empapadas
y congeladas de frío.
CARMEM PATIÑO FERNÁNDEZ (Carmiña) – España

La luna está enamorada
del sol que se ha retirado
y al llegar la madrugada
con sus rayos le ha besado.
CARMEM PATIÑO FERNÁNDEZ (Carmiña) - España

Llegaste de madrugada
a entregarme tu calor
me hiciste sentir amada
al darme todo tu amor.
GLORIA RIVERA ANDREU – México

El que ve de madrugada
la lumbre del gran lucero
tendrá la suerte marcada
para triunfar de primero.
HÉCTOR JOSÉ CORREDOR CUERVO – Colombia

El sueño sin ajetreo
en su acción más pronunciada
lo brinda siempre Morfeo
en la fría madrugada.
HILDEBRANDO RODRÍGUEZ – Venezuela

Madrugadas de desvelo
contando estrellas de a una,
tu abandono es un flagelo
me acompaña triste luna.
IRMA GUADALUPE HERNÁNDEZ VALDEZ – México

Recuerdo las MADRUGADAS
de mi tierra campesina,
jugaba malas pasadas,
con formas en la neblina.
JOSÉ TRINO CAMPOS – Colombia

Te busco en el mismo cielo.
Te llamo de madrugada.
Solo tenerte yo anhelo.
Para dormirme abrazada.
LIBIA BEATRIZ CARCIOFETTI – Argentina

Yo fui feliz en tus brazos
esa bella madrugada
y unidos en dulces lazos
me sentí tu prenda amada.
LIZBETH RIVERA ANDREW – México

Que divina es la aventura
de amor, en la madrugada,
por todo el tiempo perdura
esa pasión añorada.
MANUEL SALVADOR LEYVA MARTÍNEZ – México

Las inquietas madrugadas,
bajan en mi despertar,
en bellos sussurros de hadas.
¡ Dulce ambrosía a cantar!
MIGUEL ÁNGEL MUÑOZ – España

En el mar quiero esperar
que llegue la madrugada,
bajo este cielo estelar
con la luna plateada.
SUSANA STEFANIA CERUTTI – Argentina

Fonte:
- Livreto dos XVI Jogos Florais – Troféu Gledis Tissot – Curitiba 2010

segunda-feira, 21 de junho de 2010

XVI Jogos Florais de Curitiba (Classificação Final )


Neste fim de semana,a convite da Presidente da UBT/Curitiba, estive presente nas festividades dos Jogos Florais de Curitiba, como Delegado Municipal de Ubiratã da UBT/PR.

Num ambiente de descontração e confraternização, estiveram presentes trovadores do Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Ceará, Argentina, entre outros, além de representantes literários, havendo a abertura na Câmara Municipal na sexta feira à noite, quando foram entregues os prêmios aos vencedores estudantis, e no sábado após um passeio turistico pela capital paranaense, no Paraná Suite Hotel, onde estavam hospedados os convidados, a entrega dos premios na Categoria Estadual, Nacional e Internacional nos países de língua hispânica, que obteve a participação de Argentina, Colômbia, Espanha, França, México, Peru, República Dominicana, USA, Venezuela e outros.

Segundo as palavras de João Cláudio Derosso, Presidente da Câmara Municipal de Curitiba: "A cidade de Curitiba está mais uma vez em festa, ao sabor da poesia vestida de trova! (...) A poesia é o cantar da alma...e a trova é, das modalidades poéticas, a mais popular, acessível e apreciada. Felizes os que possuem este dom!"

Nas palavras de Lygia Lopes dos Santos, presidente da Academia Feminina de Letras do Paraná: "O trovador vive num mundo especial, cheio de beleza, no encanto das florestas, na magia dos cumes das montanhas, na sedução do amor puro, na fantasia do palhaço, na alegria do alvorecer.

Trovando, ele transmite todas as suas belas inspirações aos leitores, a trova agrada a todos, pois é alegre, romântica, abordando vários temas, ela abrange todas as raças, tornando-se universal.

A trova encanta, comove, perturba, porque em uma quadra apenas, apresenta vigorosa mensagem poética, emotiva, benfazeja, que preenche a nossa carência emocional
"

Segundo Vânia Maria Souza Ennes, presidente estadual da UBT/Paraná, em seu livro "Paraná em trovas", nos diz: "Penso que a trova na vida do ser humano está agregada, intimamente, naquilo que ele tem de melhor. Suas viagens mentais são inerentes aos seus desejos, princípios e personalidade. Quando transcritas para o apel podem tornar-se eternas, muitas vezes, verdadeiras jóias poéticas: líricas, filosóficas, educativas, ou humorísticas.

Costumo dizer que saber viver é saber quebrar as durezas normais da existência, ao conseguir enxerga-las com os olhos da alma e da serenidade do espírito. É ter a habilidade de, além de adquirir, saber declarar belos e profundos sentimentos, revelados através do coração"

Com alma verde e amarela
o meu coração febril,
com muito orgulho revela,
o Trovador do Brasil.
Vânia Maria Souza Ennes (Curitiba/PR)
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Âmbito Nacional
(Brasil, exceto estado do Paraná)

Trovas Líricas/Filosóficas

Tema “MADRUGADA”

VENCEDORAS:

Em teus traços eu diviso
a natureza espelhada:
a alvorada em teu sorriso,
e em teus olhos... madrugada!
ARLINDO TADEU HAGEN – Belo Horizonte/MG

Foi tão triste a despedida,
na madrugada chuvosa,
que a roseira, entristecida,
chorou pétalas de rosa...
CAMPOS SALES - São Paulo/SP

Madrugada. A lua sonda
minha rede e, sem vacilo,
entregue à exaustão da ronda,
se deita, para um cochilo...
DARLY OLIVEIRA BARROS – São Paulo/SP

Nos braços da Madrugada,
eu deito anseios tristonhos...
e ela preenche, calada,
minha insônia... com mil sonhos!
GILVAN CARNEIRO DA SILVA – São Gonçalo/RJ

Pelas noites desoladas,
minha saudade, sem sono,
vai contando, em madrugadas,
os meus dias de abandono...
MARINA BRUNA – São Paulo/SP

MENÇÃO HONROSA

Deslumbrando a natureza,
a lua, cristalizada,
veste de prata e riqueza
a nudez da madrugada.
AILSON CARDOSO DE OLIVEIRA – Magé/RJ

Madrugada... e me consome
a insônia a me perseguir.
Saudade grita o teu nome...
como é que eu posso dormir?!
CAROLINA RAMOS – Santos/SP

Dos insones, confidente,
a Madrugada, arredia,
vai saindo, lentamente,
e não conta nada ao dia.
GILVAN CARNEIRO DA SILVA – São Gonçalo/RJ

Madrugada... e tens no olhar
estrelas a refulgir.
- Fecha os olhos, devagar...
que elas precisam dormir.
HEGEL PONTES – Juiz de Fora/MG

Suavizando a escuridão
de uma fria madrugada,
foste na vida o clarão
a iluminar minha estrada.
IEDA MARINI SOUZA OLIVEIRA – B. Horizonte/MG

A madrugada é o instante
em que o sol, com ousadia,
induz a noite – gestante –
a dar à luz... novo dia!
JAIME PINA DA SILVEIRA – São Paulo/SP

- DEUS PAI: Protege os meus filhos!
Meu medo é tal – que nem sei! –
de que se percam nos trilhos
das madrugadas sem lei!...
MARIA MADALENA FERREIRA – Magé/RJ

Madrugada... No infinito,
estrelas a cintilar...
Mas meu céu é mais bonito:
ele brilha em teu olhar!
MILTON SOUZA – Porto Alegre/RS

Madrugada, por que insistes
- na solidão que apavora –
em arrastar horas tristes...
se eu anseio pela aurora?
THEREZA COSTA VAL – Belo Horizonte/MG

Não vens... te espero... e, sem queixa,
minha esperança resiste!
Mas vem a saudade... e deixa
a madrugada... mais triste!
THEREZINHA DIEGUEZ BRISOLLA – São Paulo/SP

MENÇÃO ESPECIAL

Eu me lembro com saudade
das madrugadas de outrora...
Mamãe, na extrema bondade:
- “Filha, acorda, está na hora”.
DÁGUIMA VERÔNICA DE OLIVEIRA – Sta. Juliana/MG

Na incerteza da jornada
que a vida me faz seguir,
nem mesmo de madrugada
vejo a saudade dormir!
ELEN DE NOVAIS FELIX – Niterói/RJ

Meus cabelos cor de prata,
que o luar pintou em mim,
são marcas de serenata
nas madrugadas sem fim.
FRANCISCO JOSÉ PESSOA – Fortaleza/CE

Quando sai de madrugada,
sabe o filho a direção,
se o pai deixou pela estrada
suas pegadas, no chão.
HEGEL PONTES – Juiz de Fora/MG

Ouve-se o último acorde
da seresta... E a madrugada,
com a cortesia de um lorde,
cede seu posto à alvorada.
JAIME PINA DA SILVEIRA – São Paulo/SP

Sinto uma falta sofrida,
nas madrugadas vazias:
É tua ausência... estendida
no lado em que tu dormias...
LUIZ MACHADO STABILE – Uruguaina/RS

Só vejo em Deus as respostas
às providências cobradas,
ante as crianças expostas
ao frio das madrugadas!...
MARIA MADALENA FERREIRA – Magé/RJ

Temendo teu abandono,
meu coração - velho avaro –
soma horas mortas de sono
a madrugadas em claro!...
MARIA MADALENA FERREIRA – Magé/RJ

Nas madrugadas compridas,
em que a solidão me invade,
eu vivo milhões de vidas...
movidas pela saudade!
MARIA NASCIMENTO S. CARVALHO – Rio de Janeiro/RJ

Minha esperança é chamada,
sempre que a vida escurece.
Ela espanta a madrugada...
e o sol brilhante aparece!
MARILÚCIA REZENDE – São Paulo, SP

TROVAS HUMORÍSTICAS –

Tema “PIJAMA”

VENCEDORAS

Ele diz, ressabiado:
- Eu vi um fantasma falante!
E ela, em humor refinado:
- Era um pijama ambulante!
DILVA MARIA DE MORAES – Nova Friburgo/RJ

Da nova mulher reclama,
gritando, com voz já rouca:
- Eu não durmo de pijama!...
E ela: - Mas dorme “de touca”...
EDMAR JAPIASSU MAIA – Rio de Janeiro/RJ

Do soldado o sangue ferve,
por saber que, em seu plantão,
seu pijama, em casa, serve
de sargento a capitão!
EDMAR JAPIASSU MAIA – Rio de Janeiro/RJ

É “Almirante de Pijama”,
mas no amor tem vida ativa:
No alto-mar de sua cama,
não deixa o barco “à deriva”...
HERMOCLYDES S. FRANCO - Rio de Janeiro/RJ

Noite e dia, usa pijama,
depois que se aposentou.
E a sogra, ao vê-lo na cama:
- Vai dormir... ou acordou?...
MARIA NASCIMENTO S. CARVALHO – Rio de Janeiro/RJ

MENÇÃO HONROSA

Irmão gêmeo, desligado,
só viu que errou de pijama,
quando acordou, assustado,
com a cunhada na cama.
ALBA CHRISTINA CAMPOS NETTO – São Paulo/SP

Ao chegar, vira um capeta,
o marido que usa P,
ao ver que em sua gaveta
só tem pijama G...G!...
DILVA MARIA DE MORAES – Nova Friburgo/RJ

Dois pijamas, dialogando,
no varal dependurados:
- À noite, estão nos usando...
pra quê, se acordam pelados?
DORALICE GOMES DA ROSA – Porto Alegre/RS

O molequinho, encantado
com a zebra do “zoo”, pediu
um pijaminha listrado:
- Mas, mamãe, sem rabo, viu?...
LISETE JOHNSON – Porto Alegre/RS

Com Adão, no paraíso,
Eva pensa, ao ir pra cama:
- Ah... se eu tivesse juízo...
dava pra ele um pijama!
WANDA DE PAULA MOURTHÉ – B. Horizonte/MG

MENÇÃO ESPECIAL

Ainda agora estou vendo
o que ninguém mais controla:
- O meu pijama correndo
atrás de uma camisola...
ANTONIO COLAVITE FILHO - Santo André/SP

Mal se deita, já adormece,
só ocupa lugar na cama:
- Meu velho, você parece
um banana de pijama.
ARGEMIRA FERNANDES MARCONDES - Taubaté/SP

Não sei bem o que acontece
com nós dois, em nossa cama:
Estamos, quando amanhece,
dentro do mesmo pijama.
DORALICE GOMES DA ROSA - Porto Alegre/RS

Tive um amigo – coitado –
que era magro de dar dó:
No seu pijama listrado,
cabia uma listra só!
EDERSON CARDOSO DE LIMA – Niterói/RJ

Minha sogra quebra um galho,
no pomar, quando abre os braços,
pois de pijama é espantalho
pra afugentar os sanhaços!
WANDA DE PAULA MOURTHÉ - Belo Horizonte/MG

ÂMBITO ESTADUAL (PARANÁ)

TROVAS LÍRICAS FILOSÓFICAS –

Tema “IMAGEM”

VENCEDORES

Cuidemos, irmão, da imagem;
sem exagero, contudo.
- Muito mais do que a embalagem,
o que conta é o conteúdo.
ANTÔNIO AUGUSTO DE ASSIS – Maringá/PR

Não julgue alguém pela imagem,
pois muitos fazem de tudo
para esconder na “embalagem”
a falta de conteúdo.
GERSON CÉSAR SOUZA – São Mateus do Sul/PR

Sem o meu consentimento,
tua imagem atrevida
invade o meu pensamento
e tranca qualquer saída.
MARIA LÚCIA DALOCE – Bandeirantes/PR

A minha imagem se verga,
mas meu espelho, educado,
afirma que não enxerga,
por estar velho e riscado!
NEIDE ROCHA PORTUGAL – Bandeirantes/PR

É tão vazia a paisagem,
e nem um vulto se vê...
Mas, sem ver qualquer imagem,
consigo enxergar você!
VANDA FAGUNDES QUEIROZ – Curitiba/PR

MENÇÃO HONROSA

Deus nunca foi retratado,
mas, se tiveres coragem,
olha o próximo, ao teu lado,
e verás, de Deus, a imagem!
MARIA LÚCIA DALOCE – Bandeirantes/PR

Quem pratica a temperança
e cultiva o dom do amor
tem, na imagem, semelhança
com o seu próprio Criador.
NEI GARCEZ – Curitiba/PR

Na estação... e sem passagem,
avistei o rosto dela,
e, diante daquela imagem,
o que faltou... foi janela!
NEIDE ROCHA PORTUGAL – Bandeirantes/PR

Minha infância – que linguagem!
Se no céu relampejava,
eu sentia, nessa imagem,
que Deus me fotografava!
ROZA DE OLIVEIRA – Curitiba/PR

A grande riqueza humana
consiste em se perceber
quando a luz do “ter” profana
e ofusca a imagem do “ser”.
WANDIRA FAGUNDES QUEIROZ – Curitiba/PR

MENÇÃO ESPECIAL

Da lembrança doce e calma,
quando a tarde se inicia,
tua imagem em minha alma
é saudade todo dia.
AMÁLIA MAX – Ponta Grossa/PR

Na copa de uma araucária,
a graça da gralha-azul:
- bela imagem legendária
do eterno charme do Sul.
ANTÔNIO AUGUSTO DE ASSIS – Maringá/PR

“O homem foi por Deus criado
à Sua imagem”... somente.
Deus o fez capacitado
para um viver plenamente.
MARIA DA CONCEIÇÃO FAGUNDES – Curitiba/PR

A saudade, qual miragem,
vendo o meu deserto triste,
insiste em mostrar a imagem
de um bem que não mais existe.
VANDA FAGUNDES QUEIROZ – Curitiba/PR

Meu coração, “paparazzo”,
guardou imagens tão belas,
que mesmo as sombras do ocaso
são manhãs, ao lado delas.
WANDIRA FAGUNDES QUEIROZ – Curitiba/PR

TROVAS HUMORÍSTICAS –

Tema “PIJAMA”

VENCEDORES

Diz a zebrinha ao zebrão,
sacolejando na grama:
- E que tal, meu bonitão,
triramos logo o pijama?...
ANTÔNIO AUGUSTO DE ASSIS – Maringá/PR

Primeira noite... Pijama,
camisola de babado...
Ela, acordada na cama,
tudo o mais... “desacordado”!
LUCÍLIA A. T. DECARLI – Bandeirantes/PR

Quando, ao zoológico, vai
o piá, vê a zebra e exclama,
chamando a atenção do pai:
- Quem pôs, no burro, um pijama?
LUIZ HÉLIO FRIEDRICH – Curitiba/PR

Com seu pijama listrado,
a sogra vai ao quintal...
E o genro, todo apressado,
prende a “zebra” no curral!
MARIA LÚCIA DALOCE – Bandeirantes/PR

Teve um infarto, na cama,
a noiva, que é tão frajola,
ao ver que, em vez do pijama,
o noivo pôs camisola!
MAURÍCIO N. FRIEDRICH – Curitiba/PR

MENÇÃO HONROSA

Faz frio e Eva reclama,
questionando a Criação:
“Ó Deus, invente o pijama,
que eu dispenso o tal Adão!”
GERSON CESAR SOUZA – São Mateus do Sul - PR

Chega o marido com medo,
põe o pijama, quietinho.
E a mulher: - Ainda é cedo,
volte pra cama, benzinho!
MARIA APARECIDA PIRES – Curitiba/PR

Meu pijama... sem botão,
fez sucesso, no passado;
mas se as coisas vêm... e vão,
hoje dorme abotoado!!!
NEIDE ROCHA PORTUGAL – Bandeirantes/PR

Depois que se aposentou,
seu pijama é só frangalho,
pois nunca mais o tirou,
para não lhe dar trabalho.
VANDA ALVES DA SILVA – Curitiba/PR

Celular ao pé do ouvido,
nem ouve se alguém o chama,
de tal modo distraído...
vai trabalhar de pijama!
VANDA FAGUNDES QUEIROZ – Curitiba, PR

MENÇÃO ESPECIAL

- Que será que o meu pijama
quer com a tua camisola?...
- O mesmo que nós na cama,
quando a gente deita e rola!...
ANTÔNIO AUGUSTO DE ASSIS – Maringá/ PR

O noivo, muito acanhado,
de noite ele fez um drama...
Teve de dormir pelado,
pois esqueceu o pijama.
ISTELA MARINA GOTELIPE LIMA – Bandeirantes/ PR

Preocupado com ladrão,
assustado, em sua cama,
trancou tudo, até o portão...
e acordou sem o pijama.
NEI GARCEZ – Curitiba/ PR

Dois pijamas lamentando
as suas vidas em vão:
- Começa assim, desbotando,
e depois... pano de chão!
NEIDE ROCHA PORTUGAL –Bandeirantes/PR

- Hoje é domingo, benzinha,
ovos mexidos na cama...
E a mulher, assanhadinha:
- Mexo, sim, mas sem pijama.
WANDIRA FAGUNDES QUEIROZ – Curitiba/PR

Âmbito Regional

ESTUDANTIL

Tema: ÁGUA

Se esta água nós sujamos,
De sede vamos morrer.
Pois ainda não pensamos
Que os bisnetos vão sofrer.
ALENCAR DOS SANTOS VIEIRA – 6a. Série do Ensino Fundamental
Escola Municipal Albert Schwettzer

A torneira está pingando?
Então é melhor fechar.
Pouco a pouco se esgotando…
A água pode até acabar.
ALINE OLIVEIRA – 2o. Ano do Ensino Médio
Escola Estadual Prof. Alcyone M. Castro Vellozo

É lindo vê-la na areia,
saindo da água do mar,
parecendo uma sereia…
Até fez-me apaixonar.
ALISSA CRISTINA CARNEIRO – 3o. Ano do Ensino Médio
Escola Estadual Prof. Alcyone M. Castro Vellozo

A água da chuva é tão bela,
que faz a gente feliz,
recebendo, na janela,
Um pinguinho no nariz.
GUSTAVO GUIMARÃES – 3o. Ano do Ensino Médio
Escola Estadual Prof. Alcyone M. Castro Vellozo

É desperdiçando as águas,
muitas vezes sem pensar,
que passamos pelas mágoas
de ver a fonte secar.
GUSTAVO GUIMARÃES – 3o. Ano do Ensino Médio
Escola Estadual Prof. Alcyone M. Castro Vellozo

Água, coisa essencial,
Que rima com “perfeição”.
E seu uso racional
rima com “preservação”.
HIGOR ALEXANDRE PADILHA LIMA – 6a. Série Ensino Fundamental
Escola Municipal Albert Schwettzer

As águas pedem ajuda,
pois existe solução.
Por favor, alguém acuda
a nossa grande nação!
JULIANE SALES – 3o. Ano do Ensino Médio
Escola Estadual Prof. Alcyone M. Castro Vellozo

Fiz um verso diferente,
com meu olhar cheio d’água…
Quis mostrar a toda a gente
Meu peito cheio de mágoa.
LILIAN J. CARVALHO – 3o. Ano do Ensino Médio
Escola Estadual Prof. Alcyone M. Castro Vellozo

Se a água acabar um dia,
todos nós vamos chorar.
Para manter a alegria,
vou mesmo dela cuidar.
POLIANA CELINE DE ALMEIDA – 5a. Série do Ensino Fundamental
Escola Municipal Albert Schwettzer

Gente, plantas, animais…
água de todos. Direito!
Seres vivos, tão iguais,
Em equilíbrio perfeito.
RAFAELLA CRISTINE DE S. LOPES – 6a. Série do Ensino Fundamental
Escola Municipal Albert Schwettzer

A água vira vapor,
e fez as nuvens também.
O sol, trazendo calor…
é a chuva que logo vem.
VICTÓRIA A. DE ASSIS FRAGOZO – 6a. Série do Ensino Fundamental
Escola Municipal Albert Schwettzer


As trovas de Âmbito Internacional divulgarei amanhã, terça-feira.
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Fontes:
- Livreto dos XVI Jogos Florais – Troféu Gladis Tissot – Curitiba 2010.
- Vânia Maria Souza Ennes – Paraná em Trovas. 3a. Edição revisada e ampliada. Curitiba: ABRALI, 2009.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Cecy Barbosa Campos (O Homem Transparente)

Desenho por Felipe Corsini
Recebi da autora o livro Recortes de Vida, onde estão reunidos diversos textos em prosa, muitos deles premiados em Concursos. Para o leitor que não conhece seus textos, coloco o texto que me chamou atenção entre os 28 que compõem o livro, o qual obteve Menção honrosa no 7. Concurso de Contos da A.D.L. Boa Esperança,MG, em 2008.
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Liberato não fazia jus ao próprio nome. Era um homem baixo, encolhido, parecendo estar sempre com medo e desconfiado, olhando de esguelha para um lado ou para o outro, às vezes, para trás. Não tinha nada de liberado, extrovertido ou comunicativo.

Sempre sozinho, não tinha amigos. Parecia não se interessar pelo convívio com outras pessoas e, até mesmo, teme-las, preferindo ser sua própria companhia. Em contrapartida, os “outros” também o ignoravam, e ninguém tentava aproximação com aquele homenzinho, que se sentia quase invisível.

Quando na repartição, trabalhava corretamente, cumprindo a sua função de maneira precisa, não deixando de realizar as tarefas que lhe competiam, mas nunca tomando a iniciativa para aumentar, num milímetro, as suas responsabilidades.

Quieto, entrava em sua sala; quieto saía. Tão quietamente, que numa tarde ficou esquecido e a repartição foi fechada com ele lá dentro. Como era uma sexta-feira, só foi encontrado na segunda, quando o homem da limpeza chegou antes do início do expediente. Assustado, deparou com Liberato no momento em que, abrindo todos os cômodos, ia dar início à faxina, animadamente, empunhando uma vassoura.

O homenzinho, sentado à sua mesa, tinha a cabeça apoiada nos braços cruzados. Dormia profundamente numa imobilidade que levou o faxineiro apavorado a pensar que tinha encontrado um defunto. Deixou cair a vassoura, e o barulho acordou Liberato que abriu um olho, depois outro e, sem nada dizer, levantou-se e saiu do recinto.

Acomodado com o que lhe tinha acontecido, Liberato tomou um café preto e, rotineiramente, voltou ao escritório para recomeçar um dia normal de trabalho como se nada tivesse acontecido. Na entrada, cruzou com o faxineiro, mas nao trocaram palavra. Com a fisionomia inalterada, assentou-se à sua mesa de trabalho, acomodando-se na mesma cadeira onde tinha sido encontrado naquela manhã, após as cinquenta horas em que permanecera no escritório.

Os colegas não observaram nada de diferente nele. Continuava silencioso, magro e pálido. Apenas, a barba por fazer trazia-lhe um aspecto descuidado que não lhe era habitual. O homem da limpeza passou o dia encafifado. Não entendia como o "seu" Liberato já se achava no escritório antes do início do expediente; estranhou a sua saída e na sua volta observara que ele parecia mais miúdo, mais branco, quase transparente.

Liberato não comentou com ninguém o que lhe acontecera. O faxineiro, que não queria saber de confusão para o seu lado, também não contou a estranha situação para o pessoal do escritório e nem para seus colegas de limpeza. Afinal, a corda sempre arrebenta para o lado mais fraco, pensou ele, lembrando as sábias palavras de sua falecida mãe. No caso, como a parte mais fraca era ele próprio, melhor não falar nada.

Naquela semana, Liberato parecia mais silencioso do que nunca. Em alguns dias, não saiu do escritório para almoçar e, na sexta-feira, não teve ânimo para voltar à sua casa. Na segunda, o faxineiro tornou a encontrá-lo pela manhã e notou que ele parecia menor, mais branco, quase transparente.

A situação se foi repetindo, ignorada por todos, exceto pelo faxineiro que nada fazia além de observar Liberato, achando que, qualquer dia, ele ia desaparecer de tão magro, tão quieto, tão transparente.

Numa fria manhã de segunda-feira, quando o homem da limpeza chegou, notou apenas uma marca no assento da cadeira giratória da sala de Liberato e um fio de cabelo grisalho sobre os papéis um pouco amassados, talvez, pela pressão de braços cruzados. Liberato não estava lá. O que teria acontecido com ele não chegou a preocupar ninguém exceto, talvez o faxineiro, mas não por muito tempo.

Desaparecera, ignorado por todos e ignorado por um mundo no qual não encontrou o seu lugar.

Fonte:
Cecy Barbosa Campos. Recortes da Vida. Varginha,MG: Alba, 2009.