domingo, 1 de maio de 2011

José de Alencar ("O Guarani") Análise da Obra


O Guarani - A epopéia da formação da nacionalidade

Escrito originalmente em folhetim, entre fevereiro e abril de 1857, com 54 capítulos, O Guarani teve tal êxito na edição folhetinesca que, antes do fim do ano de 1857, foi publicado em livro, com alterações mínimas em relação ao que fora publicado em jornal.

Mantiveram-se as quatro parte originais: Os Aventureiros, Peri, Os Aimorés e A Catástrofe, com os capítulos dispostos como saíram do folhetim.

O romance se compõe, em grande parte, de personagens e episódios, mas as imagens permanecem na memória e amarram os fios mais importantes da narrativa. São imagens poderosas, que se impõem sobretudo por seu caráter plástico. Por isso, a crítica distingue em Alencar um grande escritor, um grande artista da palavra, mas não compartilha do mesmo entusiasmo quando se refere aos seus enredos, à carpintaria da narrativa, algumas vezes falha (os conhecidos "cochilos" do escritor), e quase sempre previsível quanto às ações das personagens, lineares ou planas.

A narrativa de O Guarani é simples, mas não simplista. Trabalhando habilidosamente as possibilidades e contradições do romance romântico, vale-se com muita liberdade da trama novelesca, da coloração épica, do devaneio lírico, da anotação histórica da efabulação mítica e lendária, do ímpeto ideológico nacionalista e de elevada carga simbólica, tudo isso revestido de uma profusão de luzes e cores que invade a pupila do leitor, como se ele estivesse assistindo a um espetáculo grandioso, povoado pelas forças da natureza e por titãs, absorto pela beleza da cena, mais do que pelos pormenores da intriga.

Personagens:

Peri: índio valente, corajoso, chefe da nação goitacá, o Guarani.

Ceci (Cecília): moça linda, de doces olhos azuis, gênio travesso, mas meiga, suave, sonhadora, herdeira da força moral interior de seu pai, D. Antônio Mariz.

Isabel: moça morena, sensual, de sorriso provocador; filha bastarda de D. Antônio Mariz com uma índia, oficialmente sobrinha dele e prima de Ceci.

D. Antônio Mariz: fidalgo português da mais pura estirpe.

Dona Lauriana: senhora paulista, de cerca de cinqüenta anos, magra, forte, de cabelos pretos com alguns fios brancos; um tanto egoísta, soberba, orgulhosa, diferente do marido, D. Antônio Mariz.

D. Diogo Mariz: jovem fidalgo, na “flor da idade”, que passa o tempo em caçadas e correrias; tratado com rigidez pelo pai, D. Antônio Mariz, em nome da honra da família.

Loredano: um dos aventureiros da casa do Paquequer; italiano, moreno, alto, musculoso, longa barba negra, sorriso branco e desdenhoso, ganancioso, ambicioso; ex-padre (Frei Ângelo de Luca), religioso traidor de sua fé.

Enredo

A ação passa-se na primeira metade do século XVII, iniciando-se em 1604. Por meio do flashback, o narrador, ao apresentar o fidalgo D. Antônio Mariz, recua até à fundação da cidade do Rio de Janeiro, em 1567, por Mem de Sá, da qual o pai de Ceci teria participado, combatendo os índios inamistosos e os invasores franceses. Após o desastre português nas areias do Marrocos, em Alcácer Quibir, em 1578, e o subseqüente domínio espanhol, em 1580, D. Antônio Mariz decide-se a permanecer no Brasil, para não submeter ao governo filipino. Decide estabelecer-se na sesmaria que lhe fora concedida por Mem de Sá, em reconhecimento pelos relevantes serviços prestados à Coroa Portuguesa. Em 1593, começa a construir uma habitação provisória, até que artesãos do reino edificassem e decorassem o misto de fortaleza, castelo e vivenda, em que se estabeleceu definitivamente com sua família, cavaleiros, agregados, aventureiros etc. Assim como o Frei Antão, protagonista das Sextilhas, de Gonçalves Dias, D. Antônio quer manter na Colônia a integridade do Império Português.

O espaço é o planalto fluminense, a Serra dos Órgãos, às margens do rio Paquequer, afluente do rio Paraíba. A ação principia e termina tendo o cenário o Paquequer; imagem primeira - primordial, plena e pura - que se associa à figura nuclear do protagonista, Peri: "filho(s) indômito(s) desta pátria de liberdade", mas também "vassalo(s) e tributário(s)": o índio, de sua"senhora", Cecília Mariz; o rio, "desse rei das águas", o Paraíba.

D. Antônio Mariz, fidalgo da mais pura estirpe, leva adiante no Brasil uma colonização dentro do mais rigoroso espírito de obediência à sua pátria. Sua casa forte, às margens do rio Paquequer, edificada como verdadeiro castelo medieval, abriga, dentro de um código cavaleiresco semelhante à suserania e vassalagem medievais, ilustres portugueses, afinados ao mesmo espírito patriótico e colonizador. Entre esses cavaleiros e fidalgos insinuam-se aventureiros, mercenários em busca de ouro e prata, liderados por Loredano (ex-frei Ângelo di Lucca), que assassinara um homem desarmado para obter o mapa das famosas minas de prata. Valendo-se da ingênua cordialidade de D. Antônio Mariz, Loredano trama a destruição da nobre família do fidalgo e de seus ilustres agregados. Trama também o rapto de Cecília, filha de D. Antônio. Mas os planos de Loredano esbarram na vigilância constante de Peri, índio da tribo dos goitacás, que, tendo salvo Cecília de uma avalanche de pedras, obteve a mais alta gratidão de D. Antônio Mariz e a amizade de Cecília, que o trata como a um irmão.

A narrativa inicia seus momentos épicos logo após o incidente em que Diogo, filho de D. Antônio, inadvertidamente, mata uma indiazinha aimoré, durante uma caçada. Indignados, os aimorés procuram vingança: surpreendidos por Peri, enquanto espreitavam o banho de Ceci, para logo após assassiná-la, dois aimorés caem transpassados por certeiras flechas; o fato é relatado à tribo aimoré por uma índia que conseguira ver o ocorrido. A luta que irá se travar não diminui a ambição de Loredano, que continua a tramar a destruição de todos os que não o acompanhem. pela bravura demonstrada do homem português, têm importância ainda duas personagens: Álvaro, jovem enamorado de Ceci e não retribuído nesse amor, senão numa fraterna simpatia; Aires Gomes, espécie de comandante de armas, leal defensor da casa de D. Antônio. Durante todos os momentos da luta, Peri, vigilante, não desgruda dos passos de Loredano, frustrando todas as suas tentativas de traição ou de rapto de Ceci. Muito mais numerosos, os aimorés vão ganhando a luta passa a passo. Num momento dos mais heróicos, Peri, conhecendo que estavam quase perdidos, tenta uma solução tipicamente indígena: tomando veneno, pois sabe que os aimorés são antropófagos, desce as montanha e vai lutar "in loco" contra os aimorés: sabe que, morrendo, seria sua carne devorada pelos antropófagos e aí estaria a salvação da casa de D. Antônio: eles morreriam, pois seu organismo já estaria todo envenenado. Depois de encarniçada luta, na qual morreram muitos inimigos, Peri é subjugado e, já sem forças, espera, armado, o sacrifício que lhe irão imprimir. Álvaro (a esta altura enamorado de Isabel, irmã adotiva de Cecília) consegue heroicamente salvar Peri. Peri volta e diz a Ceci que havia tomado veneno. Ante o desespero da moça com essa revelação, Peri volta à floresta em busca de um antídoto, espécie de erva que neutraliza o poder letal do veneno. De volta, traz o cadáver de Álvaro, morto em combate com os aimorés. Dá-se então o momento trágico da narrativa: Isabel, inconformada com a desgraça ocorrida ao amado, suicida-se sobre seu corpo.

Loredano continua agindo. Crendo-se completamente seguro, trama agora a morte de D. Antônio e parte para a ação. Quando menos supõe, é preso e condenado a morrer na fogueira, como traidor. O cerco dos selvagens é cada vez maior. Peri, a pedido do pai de Cecília, se faz cristão, única maneira possível para que D. Antônio concordasse na fuga dos dois, os únicos que se poderiam salvar. Descendo por uma corda através do abismo, carregando Cecília entorpecida pelo vinho que o pai lhe dera para que dormisse, Peri consegue afinal chegar ao rio Paquequer. Numa frágil canoa vai descendo o rio abaixo, até que ouve o grande estampido provocado por D. Antônio, que, vendo entrarem os aimorés em sua fortaleza, ateia fogo aos barris de pólvora, destruindo índios e portugueses. Testemunhas únicas do ocorrido, Peri e Ceci caminham agora por uma natureza revolta em águas, enfrentando a fúria dos elementos da tempestade. Cecília acorda e Peri relata-lhe o sucedido. Transtornada, a moça se vê sozinha no mundo. Prefere não mais voltar ao Rio de Janeiro, para onde iria. Prefere ficar com Peri, morando nas selvas. A tempestade faz as águas subirem ainda mais. por segurança, Peri sobe ao alto de uma palmeira, protegendo fielmente a moça. Como as águas fossem subindo perigosamente, Peri, com força descomunal, arranca a palmeira do solo, improvisando uma canoa. O romance termina com a palmeira perdendo-se no horizonte, não sem antes Alencar ter sugerido, nas últimas linhas do romance, uma bela união amorosa, semente de onde brotaria mais tarde a raça brasileira...

"O hálito ardente de Peri bafejou-lhe a face. Fez-se no semblante da virgem um ninho de castos rubores e lânguidos sorrisos: os lábios abriram como as asas purpúreas de um beijo soltando o vôo.

A palmeira arrastada pela torrente impetuosa fugia... E sumiu-se no horizonte..."

As partes estruturais da narrativa - As quatro partes do romance compõem três que podem ser identificados com a distribuição ortodoxa da narrativa em: princípio, clímax e desfecho.

Cenário - A Natureza e a Cultura - Suserania e Vassalagem

O 1º movimento introduz o cenário e as personagens e caracteriza-se pela ausência de conflitos, pela harmonia entre o pólo da Natureza e pólo da Cultura, entre sujeitos e objetos. Há coordenação, complementação e harmonia. Descreve-se seqüencialmente um cenário de montanhas e rios no interior fluminense, os aspectos exteriores do "castelo / fortaleza / casa" de D. Antônio Mariz, e, logo a seguir, os interiores da construção, enfatizando uma antropomorfização da natureza e uma naturalização do homem, de forma que nessas três descrições o natural e o cultural constituam um cenário edênico, paradisíaco, no qual a natureza é a casa do homem, a casa é uma extensão da natureza e o homem opera a união das duas.

"Assim, a escada de lajedo é construída metade pela natureza e metade pela arte”, pois nessa paisagem a “indústria do homem tinha aproveitado habilmente a natureza para criar os meios de segurança e defesa". A integração é completa: "havia uma coisa que chamaremos jardim, e de fato era uma imitação graciosa de toda a natureza, rica, vigorosa e explêndida, que o vista abraçava do alto do rochedo"; nos aposentos de Ceci "parecia que a natureza havia se feito menina", e seu quarto, decorado com aves, animais e pedras preciosas, é apresentado como“ninho da inocência" ou "como a atmosfera do paraíso que uma fada habitava".

Exemplos dessa integração harmônica entre natureza e cultura podem ser fartarnente rastreados até o capitulo VIII. Esse clima edênico, paradisíaco está sugerido no brasão da família Mariz, no qual os três reinos, o vegetal, o mineral e o animal, estão enlaçados, numa clara simbologia ou, ainda, quando na descrição da missa rezada por D. Antônio diante de sua Família, a natureza é tomada como uma catedral aberta, imagem ao gosto da mais genuína tradição romântica: Chateaubriand, Lamartine, Garrett, Alexandre Herculano, Gonçalves Dias, para ficarmos nos exemplos mais próximos da tradição romântica luso-brasileira. Nessa missa, não apenas o homem, mas “a natureza se ajoelha aos pés doCriador para murmurar a prece da noite!, "uma prece meio cristã, meio selvagem", vale dizer, uma oração que integra o cultural ao natural.

A ideologia romântico medieval que embasa O Guarani toma a composição piramidal da sociedade, dividida em "senhor" e "servos", em "suserano" e "vassalos", e em "soberano" e "súdito", como princípio natural da ordem e da paz. D. Antônio Mariz exerce em seus domínios o direito natural, conforme concebido na Idade Média, a partir da Suma Teológica, de Santo Tomás de Aquino. O chefe praticava tanto a lei natural quanto a lei humana. Para Santo Tomás de Aquino, a lei natural é o ato da razão e vontade de Deus, que prescreve a observância da origem moral, proíbe a violação e que se manifesta às criaturas na luz natural da razão; e a lei humana é um preceito da razão ordenado para o bem da sociedade, emanado da autoridade competente e por ela promulgado (Suma Teológica, XCIV, 1 e XCVI, 4). D. Antônio Mariz tipifica o exercício das duas leis, como um senhor feudal que associa o poder humano e espiritual, sendo guerreiro e sacerdote ao mesmo tempo: "Assim vivia, e no meio do sertão, desconhecida e ignorada, essa pequena comunhão de homens, governando-se com as suas leis, com seus usos e costumes; unidos entre si pela ambição da riqueza e ligados ao seu chefe pelo respeito, pelo habito da obediência e por essa superioridade moral que a inteligência e a coragem exercem sobre as massas."

A ideologia romântico-medieval que ilustramos até aqui com exemplos do romance é justificada por uma espécie de “modelo natural” que envolve o cenário e as personagens desde a primeira página. Aí, como já referido, a descrição entre o rio Paquequer e o Paraíba é assim descrita: "dir-se- ia que vassalo e tributário desse rei das águas, o pequeno rio, altivo e sobranceiro com os rochedos, curva-se humildemente aos pés do suserano. Perde então a beleza selvática: suas ondas são calmas e serenas como as de um lago, e não se revoltam contra os barcos e as canoas que resvalam sobre elas: escravo submisso sofre o látego do senhor."

Essa descrição inicial vale como índice não só da estrutura feudal dentro da sociedade chefiada por D. Antônio, mas também da situação inicial de Peri diante de Ceci. O índio guarani (goitacá) chama a fidalga portuguesa de Iara, que significa Senhora, e aparece referenciado várias vezes como escravo submisso, diante da mulher que ele adora com fervor religioso, como um devoto diante de Nossa Senhora, ela Virgem Maria, de que já ouvira falar na educação mariana dos jesuítas, com a qual teve um ligeiro contato. Ao final, senhora e escravo serão descritos como irmã e irmão, sugerindo uma integração total dos elementos, de acordo, com a ideologia do autor, que agora vai afirmar a supremacia da Natureza sobre a Cultura, pois só com a integração total na natureza poderia haver paz.

Conflitos - Natureza e Cultura - Os bons e os maus

O 2º Movimento é o em que os conflitos começam a se delinear, as personagens vão entrando em choque até a quase destruição de todos eles.

O código dramático, a ação conflitual instaura-se quando elementos conflitantes começam a emergir dentro de um clima harmonioso que marca o início do romance e que ocultava os conflitos latentes entre o natural e o cultural e as oposições internas dentro de cada conjunto.

Assim, há dois eixos fundamentais e, em torno deles, desdobram-se todas as relações conflituais:

1º - Natureza x Cultura

2º - Os Bons x Os Maus

Formam-se assim quatro subconjuntos:

1. Os bons da natureza - Peri e os índios da tribo goitacá, pertencente à nação guarani, dóceis, nobres, leais, tomados dentro de uma perspectiva sempre positiva.

2. Os maus da natureza - os índios aimorés, antropófagos, descritos com "fisionomias sinistras, nas quais as braveza, ignorância e os instintos carniceiros tinham quase de todo apagado o cunho da raça humana".

3. Os bons da cultura - D. Antônio Mariz, sua família, especilamente Cecília e, pouco abaixo, Diogo, o filho desastrado; D. Lauriana, a esposa paulista orgulhosa, preconceituosa; Isabel, a suposta filha natural do fidalgo com uma índia, que ele não perfilhou, mas assumiu discretamente como filha adotiva. Seguem-se o cavalheiro Álvaro, corajoso, cortês, dentro do mais restrito figurino das novelas medievais e o escudeiro de D. Antônio, Aires Gomes, espécie de chefe-de-armas do fidalgo.

4. Os maus da cultura - capitaneados pelo vilão, assassino e traidor Loredano, ex-frei Ãngelo di Lucca, que de posse do roteiro das minas de prata descobertas por Ribeiro Dias, no interior da Bahia, pretende vender o seu segredo ao Rei de Espanha, enriquecer e, ainda, destruir D. Antônio Mariz e sua família, raptar e possuir sexualmente, pela força, se necessário, a casta filha loira de olhos azuis do fidalgo. Seguem-se-lhe os demais aventureiros: Rui Soeiro e Bento Simões, entre os mais ativos.

Os elementos negativos e positivos da cultura e da natureza acabam polarizando-se em relações opositivas, regidas por um sentido geral de simetria, cuja bilateralidade vai compondo módulos narrativos que mantêm uma perfeita proporcionalidade.

A partir do segundo capítulo, Alencar começa a desdobrar os sujeitos em pares opostos, repetindo um modo dual de oposição, seja segundo a raça, a moral, a nacionalidade, a religião, os costumes e os sentimentos.

D. Antônio Mariz, fidalgo português, e sua esposa, D. Lauriana, paulista, não fidalga.

Cecília, filha legítima, loira de olhos azuis, e sua irmã por adoção, Isabel, filha natural "dos amores do fidalgo por uma índia", morena de cabelos e olhos escuros.

Álvaro, cavalheiro gentil, de fala cortês e bem cuidada, pretendente à mão de Cecília, Loredano, bandido e assassino, de fala italianada, recheada de lugares-comuns, que pretende raptar Cecília e destruir seu pai.

Álvaro e Loredano - O mocinho e o Bandido

Personagens antagônicos, esse antagonismo é referenciado pela própria natureza que os envolve. No primeiro lance do capítulo III, os encontramos caminhando paralelamente, junto ao rio Paraíba, numa conversa também paralela, em diálogo que não se entrelaça, e mais parece um duelo verbal:

"Uma dessas ocasiões, em que os cavaleiros se aproximaram da tropa que seguia a alguns passos, um moço de vinte e oito anos, bem parecido, e que marchava à frente do troço, governando o seu cavalo com muito garbo e gentileza, quebrou o silêncio geral."

De maneira concisa, a descrição começa a talhar a personagem que exerce a função de autoridade na tropa, ressaltando as qualidades positivas na aparência e na maneira nobre como domina a sua montaria. A gentileza do exercício do mando emerge com a frase alegre de Álvaro:

"— Vamos, rapazes! disse ele alegremente aos caminheiros; um pouco de diligência, e chegaremos com cedo. Restam-nos apenas umas quatro léguas!"

A voz do cavalheiro abre um diálogo tenso, através do qual Alencar, também hábil dramaturgo, constrói pela alternância das falas as personalidades antagônicas de Álvaro e de Loredano, definindo seus sentimentos e perfis morais: o bom-mocismo do primeiro e a mordacidade do segundo:

"Um dos bandeiristas, ao ouvir estas palavras, chegou as esporas à cavalgadura e, avançando algumas braças, colocou-se ao lado do moço.

— Ao que parece, tendes pressa de chegar, Sr. Álvaro de Sá? disse ele com um ligeiro acento italiano, e um meio sorriso cuja expressão de ironia era disfarçada por uma benevolência suspeita.

— Decerto, Sr. Loredano: nada é mais natural a quem viaja, do que o desejo de chegar.

— Não digo o contrário; mas confessareis que nada também é mais natural a quem viaja, do que poupar os seus animais.

— Que quereis dizer com isto, Sr. Loredano? perguntou Álvaro com um movimento de enfado.

— Quero dizer, sr. cavalheiro, respondeu o italiano em tom de mofa e medindo com os olhos a altura do sol, que chegaremos hoje pouco antes das seis horas.

Álvaro corou.

— Não vejo em que isto vos cause reparo; a alguma hora havíamos chegar; e melhor é que seja de dia, do que de noite.

— Assim como melhor é que seja em um sábado do que em outro qualquer dia! replicou o italiano no mesmo tom.

Um novo rubor assomou às faces de Álvaro, que não pôde disfarçar o seu enleio; mas, recobrando o desembaraço, soltou uma risada, e respondeu:

— Ora, Deus, Sr. Loredano; estais aí a falar-me na ponta dos beiços e com meias palavras; à fé de cavalheiro que não vos entendo.

— Assim deve ser. Diz a escritura que não há pior surdo do que aquele que não quer ouvir.

— Oh! temos anexim! Aposto que aprendestes isto agora em São Sebastião; foi alguma velha beata, ou algum licenciado em Cânones que vos ensinou? disse o cavalheiro gracejando.

— Nem um nem outro, sr. cavalheiro, foi um fanqueiro da Rua dos Mercadores, que por sinal também me mostrou custoso brocados e lindas arrecadas de perólas, bem próprias para o mimo de um gentil cavalheiro à sua dama.

Álvaro enrubesceu pela terceira vez.

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— Excelente. Vede, vós, tenho visto coisas que se passam diante dos outros, e que nionguém percebe, porque não se quer dar ao trabalho de olhar como eu: disse o italiano com o seu ar de simplicidade fingida.

— Contai-nos isto, há de ser curioso.

— Ao contrário, é o mais natural possível: um moço que apanha uma flor ou um homem que passeia de noite às luz das estrelas... Pode haver coisa mais simples?

Álvaro empalideceu eu desta vez.

— Sabeis uma coisa, Sr. Loredano?

— Saberei, cavalheiro, se me fizerdes a honra de dizer.

— está me parecendo que a vossa habilidade de observador levou-vos muito longe, e que fazeis nem mais nem menos do que o ofício de espião.

Álvaro intervém com afirmações diretas e recusa-se a conversar "com meias palavras", apresentando sua opção pela franqueza, seu apreço à verdade e sua prática obediente e leal a Dom Antônio Mariz. Este é evocado para demarcar o universo do bem e para construir e legitimar autoridade do jovem sobre a tropa. Assim, ao enfrentar as insinuações de Loredano com recursos próprios à fidalguia, Álvaro revela não dispor de armas adequadas para tratar com a baixeza. Com esses traços, o narrador desenha o moço virtuoso que habita o reino da inocência e deste extrai um amor casto, trazendo mais um fio para o tecido romanesco. O moço sente-se surpreendido, pois seu interlocutor alude a um sentimento que ele julgava oculto. O traço ingênuo da personagem manifesta-se no seu constrangimento não só por titubear para responder ao tropeiro, mas sobretudo pelas anotações do narrador ao registrar que o moço três vezes enrubesce e finalmente empalidece.

Desta forma, Alencar põe em cena um preposto do Dom Antônio Mariz que conquista essa condição por sua conduta de lealdade e generosidade. A narrativa confirmará o caráter virtuoso e ingênuo de Álvaro provendo para ele ações que lhe permitam explicitar suas qualidades. O moço que apanha a flor e suspira será reencontrado quando deposita um presente na janela de Ceci ou quando a ela dirige a palavra de maneira tímida e respeitosa. A lealdade ao fidalgo será reiterada quando se compromete a casar-se com sua filha, renunciando a realizar sua paixão por Isabel, ou ainda por atirar-se à morte numa batalha. Tudo se dá como convém a um cavalheiro a quem o narrador não destina a princesa ou a um jovem a quem Alencar não atribuiu participação decisiva ao processo de configuração do país.

A esta figura contrapõe-se Loredano. Suas intervenções no diálogo são construídas por dois recursos fundamentais: a frase formulada de modo alusivo e o tom irônico. Considerando apenas sua fala, o leitor já percebe que falta grandeza a este homem para enfrentar a situação de conflito, pois ele opta pelas "meias palavras" e revela que seus conhecimentos sobre Álvaro decorrem da atitude de espreita. Mas fundamental para dar a esta personagem o talhe de grande vilão são os comentários do narrador:

"Decididamente o sarcástico italiano, com o seu espírito mordaz, achava meio de ligar a todas as perguntas do moço uma alusão que o incomodava; e isto no tom mais natural do mundo.

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Nestas condições, o italiano lançava sobre ele um olhar a fundo, cheio de malícia e ironia; depois continuava a assobiar entre dentes uma cançoneta de condottiere, de quem ele apresentava o verdadeiro tipo.

Um rosto moreno, coberto por uma longa barba negra, entre a qual o sorriso desdenhoso fazia brilhar a alvura de seus dentes; olhos vivos, a fronte larga, descoberta pela chapéu desabado que caía sobre o ombro; alta estatura, e uma constituição forte, ágil e musculosa eram os principais traços deste aventureiro.

Ele é pródigo em adjetivos para qualificar o tropeiro como encarnação do vício e revela as paixões vis que lhe dão a estatura de agente do mundo demoníaco tão necessário para viabilizar o conflito da estória romanesca. A voz narrativa intercala-se com as frases de Loredano e descreve seu comportamento, realizando um movimento eficaz para anunciar que ele se constitui pela fraude. O narrador segue de perto a personagem e indica-lhe o modo de proceder pautado por disfarces e saudações. Assim, o leitor vê que "a expressão de ironia era disfarçada por uma benevolência suspeita"; que "o sarcástico italiano, com seu espírito mordaz", destilava sua malícia "no tom mais natural do mundo"; no tom mais natural do mundo"; que se apresenta "com uma ingenuidade simulada".

Cecília e Isabel - A Loira e a Morena — A "Mulher-Anjo" e a "Mulher-Demônio"

O narrador retoma o mesmo recurso do contraste que utilizou para caracterizar Álvaro e Loredano; a virgem loira é descrita em um longo trecho, que integra a roupa, a moral, a fisionomia e o ambiente para em que imagens elevadas, de nítido gosto romântico, compor a personalidade de Ceci, aproximada das flores, dos pássaros e da idéia de inefável, gracioso, infantil e angelical.

Isabel tem sua beleza caracterizada como "o tipo brasileiro", revestido de languidez, malícia, indolência e vivacidade, um tipo bem mais terreno, com seus traços humanos mais vincados, os "cabelos pretos", os "lábios desdenhosos", em três parágrafos curtos e precisos:

Era um tipo inteiramente diferente do de Cecília; era o tipo brasileiro em toda sua graça e formosura, com o encantador contraste de languidez e malícia, de indolência e vivacidade.

Os olhos grandes e negros, o rosto moreno e rosado, cabelos pretos, lábios desdenhosos, sorriso provocador, davam a este rosto um poder de sedução irresistível.

Ela parou em face de Cecília meio deitada sobre a rede, e não pode furtar-se à admiração que lhe inspirava essa beleza delicada, de contornos tão suaves; e uma sombra imperceptível, talvez de um despeito, passou pelo seu rosto mas esvaeceu-se logo.

A imagem sensual enfatiza o "poder de sedução irresistível", capaz não só de despertar sentimentos indignos, mas de portá-los também, como a insinuada sombra de despeito pela beleza e "superioridade" de Ceci.

Alencar colhe a mestiça em situação de precário equilíbrio entre a marginalização, imposta a ela pela dona da casa, e a integração a família, sugerida nos cuidados discretos do fidalgo a ela dispensados e claramente explicitada por Ceci, quando esta lhe propõe tratá-la por irmã. O favor, travestido de afeto, revela-se no testamento de Dom Antônio Mariz. A condição de filha natural pode ser tolerada na casa, mas o acesso ao nome da família lhe é vedado. Ela não pode sonhar com o príncipe encantado ao seduzir Álvaro, transformando o compromisso do moço com Ceci em obrigação e não mais ato de devoção, Isabel conquista o direito de encontrá-lo no céu, longe das normas e dos corpos.

A morte como expiação dos pecados dos amantes e os arquétipos românticos da mulher-anjo e da mulher-demônio dois elementos modulares da narrativa folhetinesca, que Alencar cumpriu à risca.

Na longa caracterização de Cecília que se vai ler, o narrador esmera-se nas comparações sugestivas, mobilizando recursos para traduzir a impossibilidade de descrever precisamente tanta graça e beleza: diminutivos, adjetivos, expressões como "pareciam", "uma espécie de", "um quer que seja de", e comparações que aproximam a graça ao pequeno e delicado, e a suavidade ao ingênuo e simples. As cores predominantes, branco e azul, mesclam-se ao louro e rosa.

Fusão de fada, menina e mulher, a ambigüidade aparece entre atitudes de menina e devaneios de moça.

À languidez do corpo motivada pelo encantamento amoroso vivido no sonho segue-se a criança contrariada a bater o "pezinho", porque em vez de "lindo cavalheiro" via um "selvagem". A imagem onírica perturba o corpo da menina imprimindo nele movimento de mulher, que leva a personagem a aparecer ‘"toda trêmula", "com o seio palpitante substituindo o contentamento pela tristeza. Ela mesma, usando a mediação da contrariedade, localiza a origem da melancolia na distância entre cavalheiro e selvagem. Já desperta, ela confessa seu sentimentoo a Isabel e esta também o vincula ao índio, mas através de outras mediações. As diferenças na interpretação da tristeza reapresentam, sob outro ângulo, a oposição entre a loura e a morena, contrapondo a inocência de um sonho de amor impossível, de "algum desses mitos de um coração de moça" à experiência cotidiana de lsabel, que vive na escala intermediária entre o branco, que domina e o selvagem escravizado.

A apresentação das duas personagens se dá através do emprego de diferentes procedimentos para descrever cada urna delas e da justaposição de uma cena de diálogo à narração de um sonho. Esta montagem deve alertar o leitor para tentar reconhecer a elaboração particular que Alencar dá ao cânon romântico de contrapor a loura casta à morena demoníaca.

Concluindo, O Guarani é inegavelmente belo, válido como obra de arte. A narrativa parte do lendário, mas segue uma racionalização gradual, com ações rigorosamente distribuídas por capítulos que levam a uma concepção harmônica da história e à consonância com os manifestos ideais de afirmação do jovem país.

Fonte:

A. A. de Assis (Trovia n.137 – maio de 2011)


INESQUECÍVEIS

Ao lembrar que o teu brinquedo
é decifrar-me, sorrio...
De nada vale o segredo
de um velho cofre vazio.
Alonso Rocha

Riquezas tenhas tão grandes,
e tal bondade também,
que ao redor donde tu andes
não fique pobre ninguém.
Augusto Gil

A vida o tempo devora;
o próprio tempo não dura.
Colhe a alegria de agora,
para a saudade futura!
Helena Kolody

Com pose de rica e nobre,
e o orgulho que agora tens,
és de espírito tão pobre
quanto eu sou pobre de bens.
Jacy Pacheco

O mistério dos destinos
decifrar... ah, não te iludas!
Eram iguais dois meninos...
e um foi Cristo, outro foi Judas...
Lery Guimarães

Para ajustar meu vestido,
não quero fitas nem laços,
mas um cinto, meu querido,
formado pelos teus braços!
Lola de Oliveira

Espalhem que sou tristonho...
Não ligo ao que o mundo diz...
– Quem na vida tem um sonho,
mesmo se é triste, é feliz...
Luiz Otávio

Se a vida é sempre formosa,
torna pequeno o queixume:
– Que importa o preço da rosa,
se vem de graça o perfume?...
Milton Nunes Loureiro

Sobre mulher não discutam;
seus impulsos não se medem:
– As mais fracas também lutam,
as mais fortes também cedem...
Nydia Iaggi Martins – RJ

As suas cartas, senhora,
releio-as de quando em vez,
mas nelas só vejo agora
os erros de português...
Paulo Emílio Pinto

De livros encham-se as casas,
eis um conselho excelente,
pois o livro, aberto em asas,
põe asas n’alma da gente.
Orlando Brito

De gota em gota, pingando,
sem ver que a chuva parou,
goteira é a casa chorando
porque você não voltou.
Rubens de Castro

Saudade!... Raio de lua,
suprindo o sol que brilhou...
Tábua solta que flutua
depois que o amor naufragou!
Waldir Neves

Vou sorrindo com cuidado,
sondando bem a pessoa,
pois ser feliz é um pecado
que pouca gente perdoa.
Zálkind Piatigórsky

Trova é um poema pequenininho onde o autor coloca uma grande mensagem

BRINCANTES

Tem visita que aconchega,
tem outra que não me atrai;
não empolga quando chega...
mas alegra quando sai!
Ademar Macedo – RN

Diz-se um machão da pesada,
valentão que dá no couro,
mas não passa sob escada,
com medo de mau agouro.
Amilton Monteiro – SP

Minha amada é uma fofucha,
que a uma fada se assemelha...
até mesmo quando puxa
meus cabelinhos da orelha!
Archimedes de Maria – RJ

Cabelo é um negócio louco...
há divergências fatais:
– Na cabeça, um fio é pouco;
mas... na sopa... ele é demais!
Elisabeth Souza Cruz – RJ

Todo homem que arrasta asa
à mulher deste ou daquele
merece, perto de casa,
outro homem igual a ele.
(Folclore português)

Se julgas coisa bonita
andar na frente, eu destaco:
quem vai atrás sempre evita
cair no mesmo buraco!
José Fabiano – MG

De arruaça em arruaça,
de pinga a cabeça cheia,
surrou a mulher na praça
e foi “mulher” na cadeia.
Olga Agulhon – PR

Devido à idade avançada
e à minha pança roliça,
garante-me a pátria amada
o meu direito à preguiça...
Osvaldo Reis – PR

LIRICAS E FILOSOFICAS

Na varanda, um quadro lindo:
a jovem mãe e a criança.
– Era a ternura sorrindo,
amamentando a esperança!
A. A. de Assis – PR

Nesta vida meus amores
são flores do alvorecer.
Mas, se murcharem as flores,
de solidão vou morrer.
Ari Santos de Campos – SC

O invejoso não entende
que não faz mal a ninguém
e que a inveja só pretende
machucar a quem a tem.
Arlene Lima – PR

É tanta saudade, tanta,
que povoa minha vida,
que até o bacalhau da janta
lembra-me a tua partida.
Benedita Azevedo – RJ

Quem não sabe, quem não sente
que às vezes nos custa caro
essa audácia de ser gente,
quando ser gente é tão raro?!
Carolina Ramos – SP

Ter sempre a palavra certa
e a mão em paz estender,
ter a mente sempre aberta
– isso se chama viver.
Conceição de Assis – MG

Solo un beso es cual armiño
del más divino querer,
que la madre da a su niño
¡cuando acaba de nacer!
Cristina Oliveira Chávez – USA

Diz que o asilo é um paraíso
e, ao tom de voz convincente,
o filho, ao ver seu sorriso,
nem supõe que a mãe lhe mente...
Darly O. Barros – SP

Meus dias, antes tristonhos,
mudaram, hoje, confesso,
pois com pedaços de sonhos,
arquitetei teu regresso!
Delcy Canalles – RS

Sofrem tantos na agonia
do delírio, dito "amor";
isso tudo acaba um dia,
faz frio após o calor...
Diamantino Ferreira – RJ

Chego ao fim, e em realidade,
não sei que rumo tomar:
seguir, matando a saudade...
ou deixando-a me matar.
Dorothy J. Moretti – SP

Nas ilusões delirantes
do amor que vem sem alarde,
o dia amanhece antes,
e a noite dorme mais tarde!
Eduardo A. O. Toledo – MG

Para a alma aliviar
na dor, conflito, paixão,
a lágrima acalma o olhar;
um poema, o coração!
Eliana Palma – PR

Um segredo bem guardado,
para assim permanecer,
não deve ser partilhado,
para nunca se perder.
Eliana Ruiz Jimenez – SC

Na loucura dos meus versos,
e em quase todos seus traços,
há pedacinhos dispersos
do amor que tive em teus braços.
Francisco Garcia – RN

A minha mãe, vinte e um filhos,
ao lembrá-la me enterneço!
Venceu grandes empecilhos:
eu, vigésimo, agradeço.
Francisco Macedo – RN

Mesmo que a tantos iluda
com diversas abordagens,
história de amor não muda,
mudam só os personagens.
Gilvan Carneiro da Silva – RJ

Sou tão triste e tão sozinha,
que o eco do meu lamento,
desta saudade tão minha,
escuto na voz do vento!
Gislaine Canales – SC

Um sonho bom não tem fim,
enquanto a entrega é dos dois...
... E vamos sonhando, assim,
antes... Agora... e depois!...
Hermoclydes S. Franco – RJ

O que ao mais simples conforta
– e o torna feliz, até –
é saber que o céu tem porta
...e uma das portas é a fé!
Héron Patrício – MG

Na clausura da existência,
das prisões que nos impomos,
um devaneio é a essência
do que pensamos que somos!
J. B. Xavier – SP

Numa espera doce e mansa,
qual zelosa tecelã,
bordo rendas de esperança
pra enfeitar nosso amanhã!
Jeanette De Cnop – PR

Desencantado da vida,
do amor – em total entrega –,
sou folha no chão caída
que nem o vento carrega.
João Costa – RJ

Foi tanto, na despedida,
o encanto do seu olhar
que bem antes da partida
eu já pensava em voltar!
José Messias Braz – MG

Sambando ao som do "Abre-alas",
pisa as agruras da vida
na pretensão de apagá-las
e não se dar por vencida.
Lóla Prata – SP

Com ternura tu me olhaste
e com ternura te olhei...
Nunca mais tu me deixaste,
nunca mais eu te deixei.
Lucília Decarli – PR

Eu te amo tanto, mas tanto
que já pus num pedestal
toda a glória desse encanto,
que se tornou imortal.
Luiz Carlos Abritta – MG

Debruçada sobre o berço
do seu querido filhinho,
busca a mãe, com o seu terço,
indicar-lhe um bom caminho.
Luiz Hélio Friedrich – PR

Árvore... da terra abrigo,
que insensato o homem destrói,
pondo a vida ao desabrigo...
desatino que corrói.
Mª da Conceição Fagundes – PR

Um abraço com frequência
sempre muito amor nos traz.
Ele desarma a violência,
constrói um mundo de paz.
Mª da Graça Stinglin – PR

Vens na carícia do vento
e na doçura do olhar;
és luz no meu pensamento
e guias meu caminhar.
Mª Lúcia Godoy Pereira – MG

Eu já fui um beija-flor
em outras vidas passadas:
– era segredo em louvor
às flores desamparadas.
Mª Luiza Walendowsky – SC

Não há no mundo distância
que faça um dia esquecer
a terra de nossa infância,
o sol que nos viu nascer!
Mª Thereza Cavalheiro – SP

Num engano de momento,
a vida se transformou...
Eu fui rosa... foste vento
que ao passar... me desfolhou...
Marina Bruna – SP

Eu trago, junto do peito,
silente, a lembrar, constante,
o teu retrato, que estreito,
feito uma joia galante.
Mauricio Friedrich – PR

Muitas vezes, na pintura,
em aquarela aparece,
numa suave ternura,
a dor que nunca se esquece.
Mifori – SP

E’ do passado a lição,
mas com valor de presente:
Só pode ter corpo são
quem tem saúde na mente.
Newton Vieira – MG

Orgulho é a bola de neve
que vai, em diário exercício,
levando o infeliz de leve
às bordas do precipício.
Nílton Manoel – SP

Juventude, o procurar
permanente de viver.
Enquanto a busca durar
ninguém vai envelhecer.
Olympio Coutinho – MG

Se o coração ainda sente
o amor perdido de outrora,
o sonho, na alma da gente,
se abraça a esse amor... e chora!
Otávio Venturelli – RJ

Prefiro ficar no sonho
a embarcar na realidade;
lá, meu mundo é mais risonho,
mais seguro e sem maldade!
Renato Alves – RJ

Vivemos tão lindos sonhos,
mas agora só nos resta
vencer os dias tristonhos
ao aparar as arestas.
Roberto Acruche – RJ

Numa pétala orvalhada,
uma gota luminosa
é um beijo que a madrugada
deixou na face da rosa.
Thalma Tavares – SP

Na ilusão de ser gaivota,
se piso a areia, acredito...
Eu olho o mar, traço a rota
e, em sonho, toco o infinito.
Therezinha Brisolla – SP

Sofro por não tê-lo perto,
porém nego que o desejo
e esqueço o portão aberto
se na minha rua o vejo.
Vanda Alves – PR

Reconheço que a razão
me exerce extremo fascínio,
mas, se acerta o coração...
perco o rumo e o raciocínio!
Vânia Souza Ennes – PR

Canta a prosa, canta o verso
com esplêndida leveza,
enchendo todo o universo
e louvando a natureza.
Vidal Idony Stockler – PR

Assim como a vida soube,
sem dó, romper nossos laços,
a saudade também coube
nos meus braços sem abraços.
Walneide F. Guedes – PR

Fonte:
Revista enviada por A. A. de Assis

José Faria Nunes (Um Rosto Miscigenado)

Imagem de Gilberto Queiroz
Na rua nem cortejo havia. O caixão barato, doação de uma instituição de caridade, era conduzido por poucas mãos que se revezavam entre as poucas pessoas que levavam o corpo.

Estivessem em campanha eleitoral o séquito chamaria a atenção de populares, atraídos por figuras da política à cata de simpatia para investimento nas urnas. Teatro de humildade, benevolência, humanidade, máscara comum de semelhantes tempos. A pessoa do esquife seria, no mínimo, reverenciada ainda que nem família tivesse. Pose pública na busca da notória atenção dos nem sempre incautos eleitores.

Em não estando em campanhas eleitoreiras, digo eleitorais, exceto a espontânea curiosidade de um ou outro garoto por onde seguia, ninguém nada perguntava. Ninguém se preocupava em saber de quem era o corpo, que só não fora deixado para decomposição natural em algum terreno baldio ou enterrado em algum fundo de quintal por razões óbvias: para não incomodar pelo cheiro nauseativo que por certo exalaria ou porque havia proibição legal para enterros em locais não autorizados. O cemitério, ainda que distante (do outro lado da cidade) era um mal necessário. Enterro em cova rasa, sem alvenaria nem obra de arte. Túmulos em mármore ou granito, só para pessoas de posse, que deixam herança, ou tenham merecido o respeito público local. E aquele não era o caso.

Ninguém sabia quem era, de onde viera. Até parece ter chegado ali só para morrer. O médico chamado para emissão do laudo cadavérico nem ver o corpo foi. Assinou o documento em do único estabelecimento comercial do bairro. Um misto de boteco, frutaria e armazém de secos e molhados.

Cortejo sem pompa, sem glória, só não ignorado de ter existido porque ali estava o corpo. Prova de que um dia, em algum lugar, alguma mulher teria dado à luz um filho. Ainda que sem a consciência de que um dia ele viveria como mendigo, morreria como um ninguém, seria enterrado como indigente. Sem lenço, sem documento, sem choro, sem vela.

E pelas ruas periféricas da pequena cidade seguia o corpo no caixão barato, conduzido por poucas mãos que se revezavam entre as poucas pessoas.

No cemitério o caixão foi aberto apenas para cumprir uma tradição, visto que ninguém ali estava por amor a um ser humano que perdera a vida, mas apenas por desencargo de consciência. Ainda havia alguém que ainda tinha consciência de que o homem, imagem e semelhança de Deus, ainda que ignorado pela vida, na morte teria que ter a reverência mínima de receber um enterro ainda que sem quaisquer formalidades. Não se poderia deixar um corpo apodrecer ao deus-dará, sem ao menos uma cova onde seus ossos pudessem ficar reunidos. A menos que o cemitério venha a encher tanto que não tenha lugar para o enterro de mais ninguém. Aí então restos mortais de pessoas ignoradas, desconhecidas, indigentes poderão ser removidos para covas coletivas para reserva de seus lugares para novos sepultamentos. Por certo nenhum local é seguro para a insegurança das vítimas da indiferença humana (humana?) da sociedade do ter. O ser, se não acompanhado do ter, apenas em dimensão que nos foge à compreensão terá o mérito de ter existido. Será que terá?

Aberto o caixão chamou a atenção dos circunspetos presentes o defeito físico da mão e antebraço direitos do corpo em desajeitada posição, cruzados sobre o peito do cadáver de aparência sexagenária. Cabelos poucos a ornamentar uma careca sobreposta a um rosto miscigenado. Herança de uma sonhada democracia racial que ainda inexiste no país, onde a corrupção, o crime organizado, os desmandos, o autoritarismo, a ganância e a hipocrisia insistem em manchar a grandeza de uma nação privilegiada pela generosidade da natureza. Aqui entre os trigais o joio se propaga, um joio de agentes ativos e passivos da especulação e da exploração do homem pelo homem, céticos de que cada um acabará por se tornar vítima de si mesmo, de suas próprias armadilhas.

Fechou-se o caixão e nem os três costumeiros punhados de terra sobre ele foram jogados. Para o agrado dos coveiros, ninguém ali ficou para lhes perturbar o trabalho, costumeiramente empertigado pelas presenças incomodativas próprias de enterro de pessoas, cuja notoriedade foram objeto em vida, ainda que apenas pelos cifrões.

Todos se foram, pois a vida haveria de continuar, até que algum dia em alguma estação o trem da existência tivesse que parar para uma breve reflexão sobre a própria vida. Ainda que poucos para isso tenham tempo.

No cemitério os coveiros perceberam que o relógio os liberava para o merecido descanso. Afinal a noite se aproximava com sua boca enorme para engolir a cidade e seu povo. Sobre a cova, um poodle que um dia teria sido preto, então grisalho como seu amo, aconchegara-se sobre o monturo de terra fresca na ala de sepultamento de indigentes.

Em algum lugar do planeta, duas filhas interrogam pelo destino do pai, há uma década desaparecido.
---------
Conto publicado na Antologia de Contos de Autores Contemporâneos - vol.4

Fonte:
Colaboração de José Faria Nunes

Ademar Macedo (Homenagem ao Trabalhador)


Parabéns a você trabalhador,
empregada doméstica e diarista,
pedreiro, servente, e soldador,
a dona de casa e ao frentista;
o guarda noturno, o jardineiro,
a linda aeromoça e o coveiro,
o piloto e o cardiologista;
arquiteto, gari e contador,
manicure, palhaço e professor,
ao bombeiro, camelô, e taxista.

Parabéns a você telefonista,
ao alfaiate e ao cabeleireiro,
secretária, garçom e motorista,
segurança, pintor e sapateiro;
ao recepcionista e operário,
padeiro, bóia fria e ao bancário,
cirurgião, vigia e a parteira;
aposentado, chaveiro e corretor,
advogado, juiz e promotor,
policial militar e enfermeira.

Meus parabéns a você engomadeira,
ao funcionário público e zelador,
ao officce boy e camareira,
eletrotécnico, salva vida e cobrador.
parabéns ao herói caminhoneiro,
tratorista, flanelinha e carroceiro,
vereador, deputado e merendeira,
músico, florista e ao barbeiro,
trapezista, babá e ao porteiro,
ambulante, empresário e lavadeira.

Parabéns a você que é faxineira,
a governanta e ao eletricista,
agricultor, mecânico, e a copeira,
comerciante, atendente e ao dentista.
fotógrafo, gerente e comerciário
jogador, feirante e veterinário
ao sanfoneiro, soldado e escritor,
vaqueiro, locutor e jornalista;
parabéns à você radialista
e ao Violeiro, Poeta e Trovador!!!
--
Fonte:
Colaboração de Ademar Macedo

Monteiro Lobato (Histórias de Tia Nastácia) XXIV - O Macaco, a Onça e o Veado


Uma vez uma onça convidou um veado para ir com ela à casa dum compadre. Foram. Como houvesse no caminho um ribeirão a atravessar, a onça enganou o veado, dizendo que não tivesse medo, pois era água rasinha. O veado meteu-se no ribeirão e quase se afogou.

Seguiram. Vendo umas bananeiras logo adiante, a onça propôs:

— Amigo veado, vamos comer bananas. Você sobe e pega as verdes, que são as melhores, e me atira as amarelas, que não valem nada.

O veado subiu, jogou as amarelas para a onça e ficou com as verdes, que não pôde comer. Desceu coro o estômago no fundo, enquanto a onça arrotava de gosto.

Seguiram. Adiante encontraram uns trabalhadores capinando a roca. A onça disse:

— Amigo veado, quem passa junto daqueles homens deve dizer: "Que o diabo os carregue!" É uma saudação que deixa os homens contentíssimos.

O bobo do veado foi e disse aos trabalhadores: "Que o diabo os carregue!" mas os homens, furiosos, soltaram-lhe os cachorros em cima e quase o pegaram. Já a onça ao passar por eles, o que disse foi: "Deus ajude a quem trabalha!" E os homens, muito satisfeitos com a frase, deixaram-na passar sossegadamente.

Adiante a onça viu uma cobrinha coral.

— Olhe, amigo veado, que lindo colar vermelho. Leve-o para pôr no pescoço de sua filha.

Assim que o veado foi pegar aquilo, a cobra deu-lhe um bote, que por um triz o não alcançou.

Finalmente chegaram à casa do compadre. Era quase noite, de modo que depois duma prosinha trataram de dormir. O veado armou uma rede a um canto e logo ferrou no sono. A onça, então, foi pé ante pé ao curral, comeu uma ovelha e trouxe uma cuia de sangue, que derramou em cima do veado. Depois deitou-se e dormiu regaladamente.

De manhã o compadre foi ao curral e percebeu que lhe haviam comido uma ovelha. Desconfiou logo da onça.

— Eu, comer sua ovelha, compadre?

Que idéia! Olhe como estou sem o menor sinal de sangue. Talvez fosse o veado... O compadre olhou para o veado e o viu todo sujo de sangue.

— Ah, ladrão! — e deu-lhe de cacete até matar.

A onça despediu-se do compadre e lá se foi, muito lampeira.

Dias depois convidou o macaco para outra visita ao compadre. O macaco aceitou. Foram. No ribeirão a onça veio com a mesma história:

— Passe sem medo, macaco. A água é rasinha.

Mas o macaco, que tinha sabido da história do veado, não foi na onda.

— Nada! — disse ele. — Passe você primeiro, para eu ver se a água é mesmo rasinha como diz — e a onça não teve remédio senão passar na frente.

Lá nas bananeiras o macaco subiu, mas comeu todas as amarelas e à onça só deu as verdes. Furiosa do logro, a onça foi pensando: "Ah, bicho duma figa! Eu ainda acabo lanhando esse lombo com as minhas unhas!"

Quando chegaram à roça dos trabalhadores, a onça avisou:

— Escute, macaco. A saudação que esses homens gostam é assim: "O diabo leve quem trabalha!" — mas ao passar por eles o macaco disse coisa diversa: "Deus ajude a quem trabalha!" — e os homens, deixaram-no passar.

Quando encontraram a cobrinha e a onça lembrou que era um ótimo colar para a mulher do macaco, este respondeu:

— Está me parecendo muito melhor para pulseira de uma filha de onça! — e não quis saber de pôr a mão na cobra.

Chegaram por fim à casa do compadre. Depois duma prosinha foram deitar-se. O macaco, sabidão, armou sua rede bem alto; deitou-se e fingiu dormir. A onça foi ao curral e comeu outra ovelha, vindo com a cuia de sangue lambuzar o macaco. Mas este arrumou com o pé na cuia, de modo que o sangue caiu em cima da onça.

Indo pela manhã ao curral, o compadre deu pela falta da ovelha.

— Que coisa esquisita! Sempre que a onça vem cá, desaparece-me uma ovelha...

È foi para casa, furioso da vida. Deu com a onça roncando — fingindo que dormia, mas lá do alto de sua rede o macaco apontava para ela, dizendo:

— Veja como está barreadinha de sangue.

— Desta vez me paga! — gritou o compadre, e apontando a espingarda, pum! — matou a onça.
================
— Nas histórias populares — disse dona Benta—o papel da onça é sempre desastroso. Personifica a força bruta, a traição, a crueldade. Os contadores vingam-se dela ser assim, fazendo-a perder todas as partidas.

— Está claro — disse Emília. — Não tinha graça nenhuma se a onça acabasse vencendo. Ela é bruta, é má, é cruel; logo, tem de ser castigada — pelo menos nas histórias.

— E o pobre veado? — lembrou Narizinho.

— Já ouvi várias histórias de veado e até tenho dó. Uns bobinhos completos. Não há nenhuma em que se atribua a menor inteligência aos veados. Acabam sempre comidos.

— Veado, ovelha e outros animais não passam de carne com quatro pés — disse Pedrinho.

— Inteligência não existe em suas cabecinhas, nem para lograr a onça, que é o mais estúpido dos animais. Eu até me rio quando ouço uma ovelha fazer: Bé! Que bichos bobos! Só servem mesmo para dar lã e costeletas.

— Isso não — protestou Emília. — Quando os homens querem um símbolo de meiguice, de que se lembram? Dos cordeirinhos. S. João andava com um no braço.

— Bom, S. João era um santo, era diferente dos outros homens. Quando esteve no deserto só passava a gafanhotos, coisa que ninguém come. Juro que não comeu o cordeirinho que trazia no braço. Mas o resto da humanidade, nem é bom falar! Elogiam os cordeirinhos, sim, senhor. "Que beleza! Que encanto!" — mas passam-lhes a faca no pescoço e comem-nos.

— Ué! — exclamou tia Nastácia. — Pois para que serve carneiro senão para ser comido? Deus fez os bichos cada um para uma coisa. A sina dos carneiros é a panela.

Emília danou.

— Bem se vê que é preta e beiçuda! Não tem a menor filosofia, esta diaba. Sina é o seu nariz, sabe? Todos os viventes têm o mesmo direito à vida, e para mim matar um carneirinho é crime ainda maior do que matar um homem. Facínora!...

— Emília, Emílial — ralhou dona Benta.

A boneca botou-lhe a língua.
–––––––––––––
Continua… XX – O Veado e o Sapo
–––––––––––––-
Fonte:
LOBATO, Monteiro. Histórias de Tia Nastácia. SP: Brasiliense, 1995.
Este livro foi digitalizado e distribuído GRATUITAMENTE pela equipe Digital Source

sábado, 30 de abril de 2011

Trova 195 - Roberto Pinheiro Acruche (São Francisco de Itabapoana/RJ)

Colaboração do Autor

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 201)


Uma Trova Nacional

A crise nos invadiu...
pindaíba nacional:
não sei se o real caiu
ou se eu "caí na real"...
–SELMA PATTI SPINELLI/SP–

Uma Trova Potiguar

Galo bom de galinheiro
e pegador de galinha,
quando disputa um terreiro
muitas vezes dá murrinha.
–MARCOS MEDEIROS/RN–

Uma Trova Premiada

1994 - Nova Friburgo/RJ
Tema: “LIVRE” - M/H

Fazer prédio? Desperdício!
Diz o caipira a sorrir:
– Se em baixo diz: “Edifício”,
como é que se vai subir?
–NEIDE ROCHA PORTUGAL/PR–

...E Suas Trovas Ficaram

Ante a noiva bem nutrida,
o cinquentão ficou louco:
– Ela só pensa em comida
e cinquentão come pouco...
–MÍLTON NUNES LOUREIRO/RJ–

Simplesmente Poesia


MOTE:
O filho toma apracur,
a mãe toma novalgina.

GLOSA:
Ele liga o abajour
pra que na cama se aqueça.
E, para a dor de cabeça
O filho toma apracur,
analgésico hor-concour,
recurso da medicina,
qualquer balconista ensina
e vende sem empecilho.
Contrariando seu filho,
a mãe toma novalgina.
–FRANCISCO MACEDO/RN–

Estrofe do Dia

Um candidato a prefeito
falando aos aduladores
distante dos eleitores:
vamos ganhar esse pleito!
Sou cidadão de conceito
só eu levo essa parada,
porém o que mais me agrada
nesta tremenda disputa
é ter um ano de luta
e quatro sem fazer nada.
-VICENTE GONÇALVES/PB-

Soneto do Dia

–BELMIRO BRAGA/MG–
Propaganda Eleitoral

Meu caro Coronel Martins Ferreira,
candidato extra-chapa a deputado
ao congresso da Câmara Mineira,
desejo ser aí o mais votado.

A minha fé de ofício é de primeira.
vale por um programa o meu passado,
e no congresso não direi asneira
todas as vezes... que ficar calado.

Fui caixeiro, depois fui negociante,
e do torrão natal, representante,
agora aspiro a ser como escrivão;

E, eleito, espero, mas que maravilha!
Ser pai da Pátria e receber da filha
todo o subsídio, quer trabalhe ou não..

Fonte:
Colaboração de Ademar Macedo

Trovadores da Seção Bragança Paulista da UBT (Amor é...) Primeira Parte


Há muito tempo morri,
morri, amor, de saudade;
no dia em que te perdi,
foi que morri de verdade.
Adalzira Bittencourt (Céu)

Quem tem alma de poeta,
em geral é um trovador,
que na vida tem por meta
semear somente o Amor!
Amilton Maciel Monteiro (S. José dos Campos)

Amar é meu lema de vida;
viver, meu lema de amor.
Quem ama jamais duvida
que será um vencedor.
Anna Servelhere (Bragança Paulista)
-------------------
Antonio Miguel Cestari (Bragança Paulista)

O brilho do teu olhar
refletiu nos olhos meus.
Início do caminhar
unidos no Amor de Deus.

Pense em Deus, maior Amor
que criou o universo,
na singeleza do verso
que inspira neste louvor.

Deixe logo esse terror!
É o que todo mundo diz.
Viva em paz, em pleno amor.
Tenha uma vida feliz!
-----------------------------

Cida Moreira (Bragança Paulista)

Seu amor - e sou feliz!-
é o meu maior presente
pois tudo que sempre quis
é só te amar, simplesmente.


No mistério desse olhar
naveguei a minha vida
como um barco em alto-mar
sem jamais achar guarida.
-----------------

Flávio Rodrigues (Bragança Paulista)

Mágoa é desgosto, amargura,
paixão, descontentamento,
desagrado, dó, tortura,
tristeza...enfim, sofrimento!

Helena Walderez Scanferla (Bragança Paulista)

Sim! Desde que a vida existe
aqui na face da Terra,
só o amor é que subsiste
na palavra que encerra.

Tantos amores na vida
eu já tive com alegria;
hoje, esta vida bandida
levou-me tudo o que eu tinha.

Henriette Effenberger (Bragança Paulista)

Na grandeza do universo,
enxergo os olhos de Deus.
Na pequenez de meu verso,
mergulham os olhos teus...

O periquito atrevido
adivinhou meu desejo:
beleza, grana e um marido
no toque do realejo.

Joarez de Oliveira Preto (Bragança Paulista)

Sentei-me ali na varanda,
esperando, pode crer,
sem saber por onde anda
meu amor, meu bem-querer.

Olho da porta de entrada,
vejo pássaros voando.
Vi o ônibus na estrada,
mas não vi você chegando.

O ramalhete de flores
que preparei pra te dar;
não esqueças, se tu fores
pretendendo retornar.

No meu castelo de sonhos,
de rosas brancas cercado,
vejo teu rosto risonho,
paz e bem no teu reinado.

Fonte:
Colaboração de Lola Prata com o livro "Amor é..." - Trovadores da Seção Bragança Paulista
da União Brasileira de Trovadores - UBT - Novembro de 2010
Imagem = http://andreiamartins.blogspot.com

Roberto Pinheiro Acruche (Revista Trovas e Poemas n. 27)

Irmanemos nossas vidas
em comunhão generosa, tal como vivem unidas as pétalas de uma rosa! A. A. DE ASSIS – PR O namoro venturoso, curtido na mocidade, mudou de nome, o teimoso: hoje se chama SAUDADE! ADAMO PASQUARELLI-SP No quarto, vazio agora, nosso velho cobertor cobre as mentiras que outrora foram delírios de amor... ALBA CHRISTINA-SP Retorno à praça da infância: é o mesmo antigo jardim! Só eu mudei, na distância... Ah! Que saudade de mim! ALBA ELENA CORRÊA-RJ R Ninguém sabe, nesta lida, onde a surpresa é mais forte: se nos mistérios da vida ou nos segredos da morte! ALFREDO DE CASTRO - MG Não irá jamais embora quem deixou tanta amizade; a despedida de agora é presença na saudade. ALMIR PINTO DE AZEVEDO - RJ A natureza agredida não se defende e nem xinga, mas no decorrer da vida cedo ou tarde, ela se vinga AMILTON MACIEL MONTEIRO-SP Que lição de amor profundo aos homens legou Jesus, trocando os sonhos do mundo por três cravos e uma cruz! ANTÔNIO JURACI SIQUEIRA-PA O amor, para muita gente, é diversão perigosa. Quem não sabe ser prudente transforma em espinho a rosa. ARLENE LIMA-PR Se a vida é mera passagem por este plano somente, o preço desta viagem é a própria vida da gente. ARLINDO TADEU HAGEN-MG “Mamãe”, esse fato eu sei, é palavra de emoção: a primeira que falei, a maior no coração. CARLOS AUGUSTO S. DE ALENCAR-RJ Quando a penumbra descia, a nossa emoção vibrava, sonhando o que não dizia, dizendo o que nem sonhava!… CAROLINA RAMOS – SANTOS-SP Rosas fazem emergir o que os namorados sentem: os lábios podem mentir mas as rosas nunca mentem. CLÊNIO BORGES-ES Sei quando vais demorar... Mesmo assim, tudo ofereço: quem espera para amar paga ao tempo qualquer preço! CLENIR NEVES RIBEIRO – RJ Enganar que sou feliz é coisa inútil, porque meu sorriso triste diz quanto eu sofro sem você. CONCEIÇÃO A. C. DE ASSIS - MG Lança as mágoas ao passado Ao meu Deus peço um favor, bom presente para o mundo: Um saco cheio de amor, daqueles que não tem fundo! CRISTIANE BORGES BROTTO - PR Analisa a própria crença, veja a beleza da flor, sinta seu perfume e pensa: - A minha essência é o AMOR. DÁGMA VERÔNICA -MG Eu vejo Deus na magia dos versos simples que teço Deus é rima, amor, poesia, é fim, é meio, é começo! DELCY CANALLES-RS Apenas em quatro versos retrata-se uma emoção, através da trova imersos em realidade e ficção. DILMA RIBEIRO SUERO -RJ Teu olhar perpetuado numa saudade sem fim, é aquele espinho encravado que já faz parte de mim! DILVA MORAES-RJ Pela Maria da Penha, lei-justiça conquistada, quebro pau e queimo lenha mas, congraço a mulherada! DINAIR LEITE-PR Voltas… e eu acho tão triste a emoção de disfarçar, que, por mim, já que partiste, nem precisavas voltar… DIVENEI BOSELI - SP O nosso amor escondido, sem papel, sem aliança, tem o sabor proibido da fruta da vizinhança DOMITILA BORGES BELTRAME-SP ]Talvez porque a noite esconda sombras de amor... é que a Lua põe mais luz em sua ronda, quando ronda a minha rua! EDMAR JAPIASSÚ MAIA -RJ Na viagem da ilusão, pela tarde azul e morna, vivo a esperar na estação um trem que nunca retorna! EDUARDO A. O. TOLEDO-MG Nem mesmo a ilusão remenda, com seus fios de saudade, os velhos sonhos de renda que eu teci na mocidade! ELIZABETH S. CRUZ - RJ De armas, não precisaste. palavras brutais, somente... com elas apunhalaste meu coração, friamente! ESTER FIGUEIREDO–RJ È certo, é pura verdade, que se diz do casamento: Que só, se tem liberdade, com um mal comportamento! FABIANO WANDERLEY-RN Nos trigais do sentimento que contra o vento eu transponho, cozi o pão sem fermento no forno quente de um sonho. FRANCISCO JOSÉ PESSOA-CE Na rapidez da informática meu sonho dura um segundo, numa proposta automática: paz, ponto com, ponto mundo. FRANCISCO NEVES MACEDO-RN É pecado a idolatria mas eu te admiro tanto, que até me ajoelharia aos teus pés por teu encanto. GERALDO AMÂNCIO PEREIRA - CE Reconheço que acabou... Como tu, não lamentei. O que pensavas, não sou; e não és o que pensei... GILVAN CARNEIRO DA SILVA – RJ O mar é o mais doce amante pois não cansa de beijar, num lirismo alucinante, toda praia que encontrar! GISLAINE CANALES - SC Dupla festa eu preconizo, para noites de luar: A festa do teu sorriso, na festa do meu olhar!... HERMOCLYDES S. FRANCO-RJ As flores fito uma a uma, e mais que eu nelas repare, em beleza não há nenhuma que contigo se compare! HUMBERTO RODRIGUES NETO –SP Responde, ó Deus, pela mão que podes ver, calejada: -- por que há de ter tanto chão quem nele não planta nada? JAIME PINA DA SILVEIRA-SP Tua ausência, mãe querida, o bom filho nunca esquece… És o amor de Deus, és vida: - Tu és a mais linda prece! JOAMIR MEDEIROS-RN Não me assusta a alta montanha. Firme eu empreendo a escalada... Com a fé que me acompanha, só vejo flores na estrada. JOÃO COSTA-RJ Mãe, se dor fosse julgada, não sei qual a mais doída: se a que te dei na chegada, se a que me dás na partida... JOSÉ FABIANO –MG Tanto mal nós infligimos Em todos que bem nos queira, E o perdão que lhes pedimos É uma nuvem passageira. JOSÉ FELDMAN – PR O cego, com dedos certos, tange a sanfona dorida, e eu, com dois olhos abertos, erro nas teclas da vida. JOSÉ LUCAS DE BARROS - RN Zelar pela natureza, eis aí nossa missão. Deus fez tudo com grandeza, pra nossa sustentação. JOSÉ MOREIRA MONTEIRO-RJ Se a sorte não me convida, teimoso, forças concentro e entro na festa da vida como "penetra"... mas entro!... JOSÉ TAVARES DE LIMA-MG Falassem os arvoredos... e o mundo iria corar ante os milhões de segredos que o vento deixa, ao passar!... MARIA MADALENA FERREIRA-RJ Às vezes, na despedida, num simples modo de olhar se diz o que em toda a vida ninguém ousa revelar. MARIA NASC. SANTOS CARVALHO-RJ Representando paixão na alvura de seu buquê, tem no centro o coração, o gerânio que se vê! MARILENE BUENO– RS Falaste em breve regresso: marcaste mês, dia e horário. Mas a saudade que eu meço é maior que o calendário! MARINA BRUNA - SP Minhas trovas são singelas, sem marcas nem pedantismo, pois eu faço, assim, com elas, arautos do romantismo. MAURÍCIO NORBERTO FRIEDRICH-PR Se a saudade não consegue destruir meu dia a dia, quero, ao menos, que carregue esse tédio, essa agonia! MESSODY RAMIRO BENOLIEL- RJ Jamais ficarei passiva ante a luz do teu olhar; há muito já sou cativa deste teu jeito de amar! MIFORI-SP Sobreviver é uma arte. É driblar a natureza, tendo a fé como estandarte e Deus como fortaleza. MYRTHES MAZZA MASIERO-SP A paz, numa sociedade, entre tantas coisas boas, só depende, na verdade, da consciência das pessoas. NEI GARCEZ-PR Tenho orgulho do que faço; se é feito com perfeição. Mas aceito meu fracasso se não tiver solução. NEIVA FERNANDES-RJ No rodeio do existir, peço a Deus, a todo instante, que eu não caia e, se cair, com mais força me levante. NEWTON VIEIRA -MG Nada mais embriagador no arrepio das ternuras que escutar juras de amor mesmo que sejam perjuras. NILTON MANOEL-SP A chuva benze a semente, que o homem planta no chão; e Deus permite que a gente transforme o trigo no pão. OLGA AGULHON – PR A ciência que eu rejeito é a que tem a insensatez de explicar o que foi feito e afirmar que ninguém fez! PEDRO ORNELLAS - SP Teu amor que me enternece, que acaba todo meu pranto, da sobra faço uma prece, e ainda sobra outro tanto. PROFESSOR GARCIA-RN Não deixe que se enraíze A mágoa no coração; Antes mesmo a cauterize, Bom remédio é o perdão. RAYMUNDO SALLES BRASIL-BA Esses teus mágicos olhos, quando me fitam assim, são carícias ou escolhos do naufrágio que houve em mim? RENATO ALVES - RJ O mais sublime recado, veio de longe... do céu... Sendo a Maria, levado, pelo Arcanjo Gabriel. ROBERTO PINHEIRO ACRUCHE - RJ Na ansiedade das demoras, quando chegas e me encantas, mesmo sendo às tantas horas, as horas já não são tantas… RODOLPHO ABBUD - RJ O belo na juventude traz orgulho, por costume. Mas beleza sem virtude é qual rosa sem perfume... RUTH FARAH NACIF-RJ Nas cartas, sê verdadeiro! Cuida bem tudo o que dizes: pois cartas são travesseiro nas noites dos infelizes. SELMA PATTI SPINELLI/SP A rua não sabe quando, mas lembra, do início ao fim, o quanto a pisei buscando quem tanto pisava em mim!... SÉRGIO BERNARDO-RJ Paguei tanto pelo engano, pelo mito que criei, pois foste apenas tirano, e eu te escolhi por meu rei! TEREZA COSTA VAL – MG Da vida o imenso valor pode estar num… quase nada! Como ver brotar a flor entre as fendas da calçada. VANDA FAGUNDES QUEIROZ-PR Meu jogo, audaz e exigente, encara a carta que der, mas com você, frente a frente... jogo charme de mulher! VÂNIA MARIA SOUZA ENNES-PR O teu silêncio me afronta; nem breve mensagem veio, mas meu amor faz de conta que a culpa é só do correio. WANDA DE PAULA MOURTHÉ-MG As nuvens choraram tanto, que o sol compensa o escarcéu, tecendo com doce encanto mais sete cores no céu! WANDIRA F. QUEIROZ – PR ============= Dorothy Jansson Moretti-SP S O L Hoje estás escondido. Olhando para fora, em meio à névoa densa, em vão eu te procuro. Que falta fazes quando, ao se esboçar a aurora, vejo o céu carrancudo e tão cinzento e escuro! És tu que trazes vida, a ausência eu te censuro. Sem ti sofre a semente a emergir para a flora, falta a luz dos teus raios ao trigo maduro, esmaecem os tons quando te vais embora. De repente, através de uma nesga apareces... Com que força vital a alma da gente aqueces e afastas tão depressa as nuvens de tristeza! És dono do universo, a nada te comparas; e ao sentir teu calor reconfortando as searas, feliz volta a sorrir, de novo, a Natureza! Roberto Pinheiro Acruche CONFIDÊNCIAS AO LUAR Lua, mística e de rara beleza inspiradora dos enamorados, assistente de segredos guardados... confessados a vossa realeza! Qual trovador não vos citou um verso encantado com a luz prateada ou caminhando pela madrugada, ainda que, em estado adverso? Crendo em vossa majestade, confesso, que vos prestei versos e confidência... recitei poemas com eloquência... -Sorvido por grande amor, nele imerso, perdido de paixão neste universo... condenado... venho pedir, clemência! Pierre Acruche Nunes Ó Filha! Mal sabes o quanto tensos e intensos foram seus primeiros momentos nosso primeiro encontro Preocupação imatura, sim ansiosa aflição logo dissipada após ver-te linda, forte e sã O privilégio de antes conhecer-te ora furtado de sua Mãe compesa-la-emos por toda a vida pelo nobre ato maternal Seu rostinho inchado seu choro contido seu susto latente sua alma bem vinda - Quem diria, heim, papai ? Diria, sim, o experiente o mais íntimo amigo ou parente que a chegada de uma criança desmonta o pétreo coração infla a vida de esperança me faz dedicado e zeloso guardião. Seu Pai. Roberto Pinheiro Acruche PECANTE Não importa o quanto pecas. O que eu quero é sentir o teu calor, o inebriante perfume do teu corpo, passear por toda extensão de tuas curvas. Não importa o quanto pecas. É irresistível a tua beleza, o sabor dos teus lábios, o brilho dos teus olhos. Tu és divina Perfeita Uma obra de arte Doçura. Não importa o quanto pecas.
UNIÃO BRASILEIRA DE TROVADORES Delegacia de São Francisco de Itabapoana- RJ II JOGOS FLORAIS DE SÃO FRANCISCO DE ITABAPOANA REGULAMENTO 1-Concurso Nacional Tema: CRIANÇA- Trovas líricas e/ou filosóficas 2-Concurso Estadual Tema: VENTO - Trovas líricas e/ou filosóficas PULGA – Trovas humorísticas ENDEREÇO PARA REMESSA II JOGOS FLORAIS DE SÃO FRANCISCO DE ITABAPOANA A/C de Roberto Pinheiro Acruche Caixa Postal 123.192 São Francisco de Itabapoana- RJ CEP – 28.230-000 3-Sistema de Envelopes A trova deverá ser escrita num envelope pequeno em cujo interior estarão nome e endereço completo do remetente, telefone e e-mail (se tiver). Esse envelope deverá ser lacrado e colocado num envelope maior com o endereço para remessa. Como remetente, repetir no verso o endereço com o nome de Luiz Otávio. Data limite de entrega – 31 de maio de 2011. Valendo a data da postagem. Limite de 3 (três) trovas por tema. É obrigado constar a palavra-tema na trova OUTROS CONCURSOS EM ANDAMENTO Jogos Florais Ac. de Letras e Artes de Cambuci- até 31.05.2011 XLI Jogos Florais de Niterói - até 31-05-2011 VII Concurso de Trovas de Maranguape/CE - até 31.05.2011 Jogos Florais de Cantagalo-RJ até 31.05.2011 VII Concurso Maranguape/CE - até 31.05.2011 VII Concurso Academia Mageense de Letras - até 01.06.2011 XV Jogos Florais de Porto Alegre - até 30.06.2011 X Concurso de Trovas do CTS - Caicó - até 30.06 XXXI Concurso de Trovas da ATRN - 2011- até 30.06 Concursos de Trovas de Taubaté - até 30.06.2011 NOITE DE AUTÓGRAFOS Foi extremamente concorrida e prestigiada a solenidade de lançamento do Livro “O Mangue da Moça Bonita” de autoria de Roberto Pinheiro Acruche. O espaço da Câmara Municipal de São Franciscode Itabapoana-RJ ficou pequeno para abrigar as inúmeras autoridades, poetas, acadêmicos, professores e membros da sociedade sanfranciscana. ALCANÇOU ENORME SUCESSO A SOLENIDADE REALIZADA PELO CONGRESSO DA SOCIEDADE DE CULTURA LATINA – SEÇÃO BRASIL PARA PREMIAÇÃO DOS MELHORES DE 2010
Roberto P. Acruche MARIA Maria Mãe Maria Mulher Maria Santa Maria de Nazaré De Ti nasceu o Jesus menino De Ti nasceu o Salvador De Ti nasceu o Nazareno De Ti nasceu o Redentor Contigo nasceu o Cristianismo Sofreste com a crucificação Deste o fruto do Amor Jubilou-se com a ressurreição. Maria Mãe Amantíssima Maria Mãe Venerada Maria Mãe de Deus Maria Mãe Adorada Aos Vossos pés levo a prece Pedindo-lhe graças e proteção Mãe de misericórdia me proteja Purifique o meu coração.
Fonte: Colaboração de Roberto Pinheiro Acruche

Monteiro Lobato (Histórias de Tia Nastácia) XXIII - O Macaco e o Aluá


Um macaco, uma vez quis fazer aluá, mas estando sem dinheiro para comprar milho...

Narizinho interrompeu-a:

— Que história de alua é essa?

— É uma petisqueira lá do Norte, que se faz de milho. Mas o macaco, que não tinha dinheiro para comprar milho, armou um plano. Foi à casa do galo, onde comprou um litro de milho para pagar em tal dia e tal hora. Foi à casa da raposa, onde comprou outro litro para pagar a tal dia e tal hora — e marcou uma hora,, meia hora depois da hora marcada para o galo. Depois foi à casa do cachorro, onde comprou outro litro de milho para pagar meia hora depois da hora marcada para o pagamento à raposa. E na casa da onça comprou outro litro de milho para pagar meia hora depois da hora marcada para o pagamento ao cachorro.

E muito contente da vida com os quatro litros de milho arranjados a crédito, o nosso macaquinho foi para casa fazer uma porção de alua, que guardou num pote. Depois armou um jirau bem alto e deitou-se em cima, de cabeça amarrada com um pano, como quem está com dor de dente.

Na hora do primeiro pagamento apareceu o galo.

— Então, que é isso macaco? Doente assim?

— Estou que não posso comigo de tanta dor de dente — respondeu o macaco. — Abanque-se e sirva-se do alua aí do pote.

O galo sentou-se e começou a servir-se do alua. Nisto apareceu lá no terreiro a raposa, que vinha cobrar o litro de milho vendido. O galo ficou com a crista branca de medo.

— Não se assuste, compadre — disse o macaco. — Esconda-se ali no cantinho.

O galo foi e escondeu-se. Entra a raposa. O macaco, depois de contar a sua doença, manda a raposa servir-se de alua.

— Coma, coma, comadre, que está ótimo. O compadre galo já se regalou.

— Quê? — exclamou a raposa. — O galo andou por aqui?

— Ali está ele! — disse o macaco, apontando para o cantinho onde o pobre galo se escondera.

E a raposa foi e comeu o galo. Nisto apontou no terreiro o cachorro. A raposa tremendo de medo, escondeu-se num canto. O cachorro entrou, muito amável.

— Pois é — disse o macaco — estou tão doente que nem posso descer da cama. Mas vá se servindo de alua, compadre cachorro. Está muito bom. A raposa comeu de lamber os beiços.

— Quê? A raposa esteve aqui?

— Não esteve, está! — respondeu o macaco, e apontou para o canto onde a pobre raposa se escondera.

E o cachorro foi e comeu a raposa. Nisto apontou a onça no terreiro. Entrou. Soube da doença do macaco, e também, a convite dele, se serviu do alua.

— Coma, comadre. O cachorro disse que está da pontinha.

— Quê? Esteve o cachorro por aqui? O macaco piscou, apontando o cantinho onde estava escondido o pobre cachorro e a onça foi e comeu o cachorro.

— Bem, macaco — disse ela depois da festança. — Vamos agora ajustar nossas contas. Quero receber o dinheiro do meu milho.

— É boa! — exclamou o macaco. — Pois então a comadre entra aqui, serve-se do meu alua, come um cachorro que tinha comido uma raposa que tinha comido um galo, e ainda tem coragem de querer receber o dinheiro dum litro de milho cheio de caruncho?

A onça, furiosa, deu um pulo para pegar o macaco; mas este saltou do jirau para cima duma árvore e ficou a rir-se da lograda.

— Deixe estar, macaco, que você me paga! — rosnou ela, e lá se foi ruminando a vingança. Chamou as outras onças e combinou que ficariam tomando conta do riozinho que havia ali, de maneira que o macaco não pudesse beber.

O macaco ficou atrapalhadíssimo. A sede veio, e sede é coisa que nenhum animal agüenta. Como fazer? Nisto viu uma cabaça de mel. Teve uma lembrança. Lambuzou-se de mel e rolou sobre um monte de folhas secas ficando transformado no Bicho-Folhagem, que ninguém sabia o que era. E lá se foi para o riozinho, beber água.

Bebeu, bebeu à vontade, bem na vista das onças, que olhavam para aquilo com rugas na testa. Depois de bem saciada a sede, sacudiu-se das folhas e dum pulo alcançou um galho de árvore, gritando para as onças desapontadíssimas: "Piticau! Piticau!..."

— Deixa estar que você me paga! — disse a onça, e pôs-se a imaginar outro meio de pegar o macaco. Abriu um grande buraco, entrou dentro e deitou-se de costas, ficando com a boca arreganhada, como armadilha; e pediu às outras que a cobrissem de folhas secas para que o macaco não desconfiasse.

O macaco veio vindo. Mas ao ver aqueles dentes arreganhados no meio das folhas secas, desconfiou.

— Chão com dentes? Está aqui uma coisa que nunca imaginei. Mas dente de chão há de gostar de comer pedra — e, zás! jogou uma grande pedra dentro da boca da onça.

A onça morreu engasgada e o macaco lá se foi, muito satisfeito da vida.
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— Ora até que enfim apareceu um macaco esperto! — exclamou Narizinho. — Esse era dos tais de circo, como dizem, mais matreiro que uma raposa.

— A história deve estar errada — disse Emília. — Em vez de macaco devia ser uma raposa. Só as raposas têm idéias assim. Mas gostei. Está bem arrumadinha. Grau dez.

— Notem — disse dona Benta — que a maioria das histórias revelam sempre uma coisa: o valor da esperteza. Seja o Pequeno Polegar, seja a raposa, seja um macaco como este do alua, o esperto sai sempre vencedor. A força bruta acaba perdendo — e isto é uma das lições da vida.

— Já observei esse ponto, vovó — disse Pedrinho. — Todas as histórias frisam uma coisa só — a luta entre a inteligência e a força bruta. A inteligência não tem muque, mas tem uma sagacidade que no fim derruba o muque.

— E a gente quer que seja assim — disse Emília. — Se vier um conto em que a força bruta derrota a inteligência, os ouvidores são até capazes de dar uma sova no contador.

— E a história perderia completamente a graça — disse Narizinho. — Que graça tem, por exemplo, que um touro vença uma lebre? Ne-nhumíssima. Mas quando uma lebre vence um touro, a gente, sem querer, goza.

— Por isso vivo eu dizendo que a esperteza é tudo na vida — gritou a boneca. — Se eu tivesse um filho, só lhe dava um conselho: Seja esperto, Emilinho!
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Continua… XIX – O Macaco, a Onça e o Veado
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Fonte:
LOBATO, Monteiro. Histórias de Tia Nastácia. SP: Brasiliense, 1995.
Este livro foi digitalizado e distribuído GRATUITAMENTE pela equipe Digital Source

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Aparecido Raimundo de Souza. (O Sósia)


- Oi, Aninha, é você?

- Quem está falando?

- Sou eu, Rafael.

- Ummmmmm! Com essa voz?

- Qual é Aninha? Ta me estranhando?

- Claro que não.

- Então. Vamos sair?

- Calma. Muita hora nessa calma. É você mesmo?

- Três meses de namoro e ainda tem duvida amor?

- Você nunca me chamou de amor. Começa por ai...

- Por isso mesmo. Resolvi fazer a partir de agora tudo o que você gosta e lhe agrada.

- Nossa, que mudança repentina. E a que devo tal honra?

- Ao amor que sinto por você.

- Muito esquisito!

- O que é esquisito, amor?

- Sua mudança de comportamento sem mais nem menos. Quando o santo é demais a esmola desconfia.

- Bobagem, minha princesa. Alguém deve estar botando minhoca na sua cabeça.

- Ninguém bota nada na minha cabeça. Principalmente minhoca.

- Não é o que tem chegado aos meus ouvidos. Suas amigas...

-... Qual delas, exatamente?

- Eliza.

- O que tem contra ela?

- Eu, nada. Só não gosto do que fala a meu respeito.

- Aí é que está, meu caro. Ela não fala. Nem sabe que você existe.

- Não é o que chegou ao meu conhecimento.

- Chegou ao seu conhecimento? Por quem?

- Um passarinho cor de rosa cantou na minha janela.

- Passarinho? Não sabia que gostava.

- Não gosto. Você sabe disso. Escuta amor da minha vida: não acredito que vamos começar a brigar por pouca bobagem. Por favor, me poupe.

- Não é bobagem. A coisa é séria. Você liga pra minha casa, diz que é meu namorado e me pede para sair com você. Hoje em dia... Do jeito que as coisas andam. Sem falar nessa sua voz parecendo de taquara rachada...

- Para com isso, minha linda. Taquara rachada? De onde tirou essa comparação? Resolveu tirar o dia pra me sacanear. Ta legal conseguiu. Um a zero pra você. Agora posso passar ai e te pegar?

- Você não é o Rafael.

- Pelo amor de Deus, Aninha. Não é hora pra brincadeiras.

- Sua voz. Há algo de errado com ela.

- Meu Deus! O que há com a minha voz?

- Não é a do meu namorado.

- Estou rouco. Lembra que falei pra você que estava com uma tosse danada, o nariz escorrendo, garganta inflamada?

- Mas isso já faz bem uns quinze dias.

- Em que planeta você está, Aninha. Na ultima vez que nos encontramos ainda me pediu para parar de tomar banho frio.

- E quando foi?

- Quarta passada. Ou seja, uma semana hoje.

- E onde você se meteu desde a última vez em que nos encontramos?

- Viajando, amor. Você não sabe que eu vivo viajando?

- Pra onde mesmo?

- São Paulo.

- Ué! Você não me ligou ontem de Belo Horizonte?

- Sim, liguei, mas você sabe que não paro muito tempo num lugar só.

- Tudo bem. Deixo você vir me buscar...

-... Legal. Passo ai em meia hora. Esteja pronta.

- Calma, meu caro. Pra que a pressa? Devagar com o barro que o andor é de santo.

- Xiiiiii! Aninha não estou a fim de brincar. Tive uma semana chata.

- Não estou brincando. Falo sério.

- Então se apronta.

- Primeiro me prove que você é o Rafael.

- Tá legal. Você quer brincar? Pois bem. Vou entrar na sua.

- Pensei que já tivesse...

- Modo de falar.

- Pois bem. Você não é o Rafael.

- Sou.

- Vou te provar que não.

- Vou te provar que sim.

- Tente. Se realmente for, pode passar aqui e me buscar. Estarei pronta, a sua espera, cheia de amor e carinho pra dar.

- Aninha, não sei qual é a sua, ou o que andaram te falando. Mas tudo bem. Vou fazer seu jogo.

- Então vamos jogar. No final terá que ter me convencido de que realmente é o Rafael.

- Certo. Concordo. Provar que sou seu namorado é a coisa mais fácil deste mundo.

- Não é provar que é meu namorado. Vai ter que provar que é o Rafael.

- Que seja. A ordem dos fatores não altera o produto. Eu sempre digo essa frase. Está lembrada?

- Claro que estou.

- Então. Pode começar seu jogo.

- Na verdade, Rafael, ele já está em andamento. Agora você precisa de um fator mais sério e talvez o mais importante desta conversa toda: ser o ganhador.

– Não me faça rir, Aninha.

- Quem ri por melhor, ri por último.

- Engraçadinha.

- Onde foi nosso primeiro encontro?

- Em frente a farmácia do seu Alcides

- Essa foi fácil. O bairro inteiro sabe. Quem me apresentou a você?

- A sua amiga Heliodora.

- Barbada.

- Então. Posso ir até sua casa te buscar?

- Não me lembro de ter marcado nada com você.

Ademais hoje estou...

- Estudando para a prova de sábado. Viu? Sou eu ou não sou, Aninha.

- Que eu estou estudando pra prova toda galera que convive comigo também sabe. Até aquele cachorro sarnento que fica ali na esquina.

- Amor, qual é! Resolveu me tirar?

- Não, resolvi te tirar?

- Me tirar?

- Não. Eu disse te tirar.

- Como assim, me tirar? O que é me tirar?

- Não é me tirar, é te tirar.

- Diabo, Aninha e o que é me... Digo te tirar?

- Te tirar do meu caminho.

Fonte:
http://www.paralerepensar.com.br/aparecidoraimundo_osocia.htm

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 200)


Uma Trova Nacional

Após busca pertinaz,Alinhar ao centrodescobri, um dia, a esmo:
- Só hei de encontrar a paz
na renúncia de mim mesmo!
–LUIZ ANTONIO CARDOSO/SP–

Uma Trova Potiguar

Quando eu não fizer mais trova
numa noite enluarada,
podem cavar minha cova,
que estarei no fim da estrada!
–JOSÉ LUCAS DE BARROS/RN–

Uma Trova Premiada

1998 - Bandeirantes/PR
Tema: PODER - Venc.

Do poder tens o infinito,
à fortuna tens direito,
mas não sufoques o grito
do amor que vive em teu peito...
–MÍLTON NUNES LOUREIRO/RJ–

...E Suas Trovas Ficaram

Os laços indestrutíveis,
que reúnem corações,
são, geralmente, invisíveis:
nascem só das emoções!
–MARIINHA MOTA/SP–

Simplesmente Poesia

–CARLOS DRUMMOND DE ANDRADEMG–
Memória

Amar o perdido
deixa confundido
este coração.
Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.
As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão.
Mas as coisas findas,
muito mais que
lindas,
essas ficarão.

Estrofe do Dia

Aqui por estas areias
Já correram muitos pés...
Estalaram muitos arcos,
Vibraram muitos borés...
Estes garbosos coqueiros
São fantasmas de guerreiros
Que o tempo não quis matar!
Estas palmeiras delgadas
São índias apaixonadas
Por homens brancos do mar!
–ROGACIANO LEITE/PE–

Soneto do Dia

–FRANCISCO MACEDO/RN–
Água

A vida nasceu fazendo parceria
com a água, e, dela fez-se dependente.
Ação, relação, no Meio Ambiente,
que canto e decanto na minha poesia.

Esta água que bebo também te sacia,
no rio que passa, veloz, transparente,
ou mesmo na fonte, tão doce e tão fria,
é a vida real, nesta vida da gente.

Presente de Deus, ele é minha, ela é sua...
Conserve-a, proteja-a, favor não polua,
nós temos desta água, três terços em nós.

Que seja meu verso o maior mutirão,
minha arma é meu “grito de alerta” e de ação,
e as balas que tenho é só minha voz!…

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Santana do Matos, município no estado do Rio Grande do Norte (Brasil), localizado na microrregião da Serra de Santana. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), no ano 2007 sua população era estimada em 14.312 habitantes. Área territorial de 1.420 km².

No Município de Santana se encontram dois sítios arqueológicos registrados pelo IPHAN nos quais se preservam pinturas rupestres deixadas pelos habitantes da região (paleoameríndios) no período pré-colonial. Localizam-se a sudeste do Serrote dos Cablocos.

Características geográficas

Área 1.420,313 km²
População 14.312 hab. est. 2007
Densidade 12,1 hab./km²

O Município de Santana do Matos, foi fundado a partir de uma fazenda de nome Bom Bocadinho, de propriedade do português Manoel José de Matos, onde teve início um povoado com o nome de Santana do Pé da Serra e por ter sido iniciada nas proximidades de uma capela construída em homenagem a Nossa Senhora de Santana , o povoado passou posteriormente a ser chamado de Santana do Matos, num vínculo direto com a capela que lhe deu origem.

Com o desenvolvimento do povoado criou-se o distrito por alvará em 13 de agosto de 1831. Em virtude da resolução Provincial no 9 de 13 de outubro de 1836, foi criado o Município com a denominação de Santana do Matos, em território desmembrado do município de Açu. Mas, outra lei de 07 de março de 1853, extinguiu o município de Santana do Matos e tudo voltou na estaca zero, passando a ser dependente de Açu novamente.

Somente em 06 de agosto de 1855, depois de muitas lutas políticas aconteceu a Emancipação Política do nosso município através da lei no 314, oriunda do deputado Manoel de Melo Montenegro Pessoa, e sancionada pelo presidente da província Antônio Bernardo de Passos. A referida lei restaura definitivamente o município de Santana do Matos. E a partir de 05 de setembro de 1855 começa a funcionar a Câmara de vereadores de Santana do Matos, prova do governo próprio sem depender de qualquer outro município.

Limitando-se ao Norte com os municípios: Angicos, Itajá, Fernando Pedrosa; ao Sul com: São Vicente, Florânia, Tenente Laurentino Cruz, Lagoa Nova; ao Leste com: Bodó, Cerro-Corá; ao Oeste com: São Rafael e Jucurutu. Distante 218 km da capital do estado do Rio Grande do norte (Natal) e 190 km de Mossoró RN.

Ponto Turistico:

Sítios Arqueológicos
Santana do Matos é o município com o maior número de sítio arqueológicos registrados no nosso Estado. São mais de 80 sítios repletos de pinturas rupestres, feitas em sua maioria com ocre, uma argila de coloração avermelhada devido à presença de óxido de ferro. Outros resquícios da presença de povos pré-históricos na região são ossadas humanas e utensílios da pedra polida e lascada encontrados nestes sítios.

Os sítios arqueológicos estão espalhados por toda região de Santana do Matos. Alguns são de fácil acesso, podendo-se chegar de carro até o local. Outros estão localizados em lugares de mais difícil acesso. Para chegar até eles, é preciso percorrer um longo caminho a pé. Um destes sítios fica no alto da Serra do Basso, onde há uma loca repleta de pinturas rupestres.

A trilha que leva ao topo da serra é um atrativo à parte. É uma prazerosa caminhada passando por rios, plantações, casas típicas da zona rural e ainda por lajedos repletos de rochas arredondadas e com outros formatos curiosos. No alto da serra, o visual é de tirar o fôlego. Não é difícil encontrar no caminho lascas de sílex, um tipo de pedra cujos pedaços foram usados como ferramenta de corte pelos povos pré-históricos.

Fontes:
Colaboração de Ademar Macedo
Santana do Matos
http://wikimapia.org/7814002/pt/Santana-de-Matos-Rio-Grande-do-Norte-Brasil
http://www.vivaviver.com.br/viagens/rn_pre_historico_conheca_santana_do_matos/973/