sexta-feira, 13 de maio de 2011

Lilia Momplé (A Voz que Expande a Consciencia Literaria Moçambicana)


Eduardo Quive, do Movimento Literário Kuphaluxa entrevista Lilia Momplé.

Ida dos remotos tempos da dominação colonial portuguesa nas terras moçambicanas e voltada dos horizontes do mundo fora, a escritora moçambicana Lília Momplé, encontrou-se com amantes da literatura para falar de si, da sua obra e do protagonismo em que dedica a sua escrita nos leitores. Lília Momplé fora voz do nacionalismo, mas hoje, aos 76 anos de vida, é a palavra que se exalta na nova consciência e inspira as novas gerações. Mas não abandonou o seu nacionalismo literário. Na conversa promovida pelo Movimento Literário Kuphaluxa, em Maputo, a escritora brincou com as palavras e educou os literatos novatos, afinal de contas Lília, fora também professora.

De nome completo Lília Maria Clara Carriére Momplé, natural da Ilha de Moçambique, esta mulher que escreve o que lhe vai na alma, inspira os jovens e, nas suas obras, revela os mistérios da sua força nacionalista e pela justiça social. Há quem diga que cada escrito da Lília Momplé, é uma denúncia, mas a escritora prefere dizer que é um momento de desabafo, revelação, confidências e só o faz quando não aguenta mais se calar.

Há uma necessitada de se fazer valer a literatura oral. Esta forma literária é riquíssima e corre o risco de se esquecer. Com a literatura, há oportunidade de se criar riqueza. A literatura é a base para o conhecimento e criação, e num país onde há criação, já sabemos que se pode alcançar o desenvolvimento.

Em seguida o teor da sua conversa com jovens em um breve resumo:

Como é que surge a vontade de escrever?

Lília Momplé - Quanto ao ser escritora, sempre sobe que um dia ia escrever, só não sabia quando. O gosto pela literatura herdei da minha avó. Ela era Macua e habitualmente contava-nos estórias lindas da tradição em volta da fogueira. Nesse momento eu dia para mim, «um dia vou escrever estas estórias».

E houve um outro acontecimento que significou muito para mim: aos 13 anos, estudei no Liceu Luís Salazar, uma escola que era apenas para brancos e pessoas com as melhores condições. Eu era a única negra e minha mãe teve que fazer muito sacrifício para que eu estudasse lá. Ela passava noites a costurar para poder pagar a minha escola, foi uma fase muito difícil. Foi mesmo um acto heróico estudar lá.

Tive um professor de que o nome não posso me esquecer: o seu nome é Rodrigues Pinto, era professor de língua portuguesa. Mandou-nos fazer uma redacção sobre o último de dia de férias.

Feita a redação e chegada a hora de entrega dos trabalhos depois de avaliadas, ele foi chamando cada aluno para buscar o seu trabalho e o meu foi último. Confesso que fiquei com medo quando não chamaram-me. Quando terminou a entrega aos outros ele disse chamou-me e disse que o meu trabalho foi magnífico. E dali, ele passou a ler a redação em, toda escola. Fiquei muito orgulhosa. Toda escola apontava no pátio por ter feito o melhor trabalho. Isso marcou-me muito e cada vez mais acreditava que um dia ia escrever.

E porque escreve?

L. M. - Escrevo porque me sinto honrada! Escrevo pelo desejo de contar e de descarregar os meus segredos.

E o primeiro livro… “Ninguém Matou Suhura”, como é que surge?

L. M. - Escrevi o primeiro livro porque tinha uma carga muito grande sobre o colonialismo em Moçambique. Eu tinha raiva do colonialismo. Muita raiva. Tinha a raiva da injustiça. Eu nunca me conformava por tudo que via: massacres sofrimento, opressão isso incomodava-me.

Mesmo quando casei-me, embora com um branco, ele porque também não suportava ver a injustiça disse que tínhamos que sair do país. Foi assim que acabei vivendo no Brasil por muito tempo.

Escrevi o Ninguém Matou Suhura porque eu queria conversar com alguém sobre o que vi e vivi durante aquele tempo. Tinha que me revelar.

As outras obras «Os olhos da Cobra Verde» e um Romance, intitulado «Neighbours» não fogem muito do quem caracterizou a primeira…

L. M. - O segundo livro também se baseou em factos reais. Da morte de uma amiga que era muito boa gente. Ela tinha muita vida, se não mesmo ela era a própria vida. Isso foi muito doloroso e marcou-me. Eu tinha que escrever. O terceiro também foi mais uma revelação.

Vivemos uma sociedade de negócios o “Business Society”, onde o que vale é o medíocre e não desenvolvimento. Tem em vista mais uma obra?

L. M. - Estou a preparar mais um livro, talvez seja o último. Ele vai retratar o que chamo de “Business Society” (sociedade de negócios). O título poderá ser “Fantoches de Aços”.

Nesta obra vai sair muitas verdades. É mais uma revelação de algo que me vai na alma, sobre os dias que vivemos. Onde as pessoas são insensíveis pelos negócios. Tudo eles fazem pelo dinheiro. Pobres que sofrem e só discursos políticos vazios. Só para fazer negócios. É o Business Society a que me refiro. Essa sociedade não é a verdadeira moçambicanidade, isso nos tira a identidade e aconselho-vos a sair dela. São Fantoches porque são; e são de Aço porque não tem piedade. No Business Society o que vale é o medíocre e não o desenvolvimento.

Como é que se define Lília Momplé?

L. M. - Essa é uma pergunta muito difícil. Acho que não sei me definir, mas vou tentar. Penso que sou uma pessoa coerente, que, por exemplo, não se pode adaptar ao Business Society. Porque não suporto injustiça. Sou coerente.

A caminho dos 80 e com percursos brilhantes na sua vida literária, pensa ainda em fazer alguma coisa na literatura, para além do livro que vai lançar em breve?

L. M. - Essa também é muito difícil de responder. Engraçado que nunca pensei nisso. Sinceramente que não. Mas é assim… Não escrevo porque quer fazer alguma coisa na literatura, aliás eu nunca quis fazer nada na literatura. Quando não tenho nada para dizer não escrevo. Então não quero fazer nada na literatura, por isso não falta nada para fazer. Eu escrevo porque tenho que escrever.

Qual é o segredo que quer deixar para uma nova geração de escritores?

L. M. - Que amem a literatura antes de querer ser escritor, porque só assim poderão ser os verdadeiros escritores. Eu não acredito em quem quer ser escritor, pois escrever tem que ser por força de alguma coisa. Uma emoção forte. Você é um enviado especial de algum sentimento. Mas se os jovens amarem a literatura, farão algo por ela e nessa convivência, podem ser escritores e bons escritores. Que sinceramente o nosso Moçambique precisa.

Tem mais alguma coisa a dizer?

L. M. - Quero agradecer a oportunidade que o vosso movimento (Movimento Literário Kuphaluxa) me deu de estar aqui em conversa com os jovens e devo dizer que vos admiro. Realmente vocês são amantes da literatura e esta conversa que aqui tivemos é muito significativa para mim. Já passei por mais de 20 países para falar da literatura de mim e das minhas obras, mas a emoção que estar a falar com os verdadeiros mensageiros da literatura e que são jovens muito novos do meu país, que mostram o verdadeiro interesse pelas artes, isso me deixa muito feliz. Obrigado Kuphaluxa.

E mais… se querem realmente crescer nesta área, leiam. Leiam muito. Assim o podem ser de facto uma nova geração de escritores e eu tenho fé, que daqui a mais quatro anos ou menos. Um de vocês vai aparecer no sucesso e lembrar-se das minhas palavras.

Continuem assim. Convidem mais escritores para estes encontros, que não seja apenas a Lília Momplé, os jovens precisam destes momentos e eu sempre estarei ao vosso dispor, para qualquer momento destes e outros.
* * *

Breve biografia

Lília Maria Clara Carriére Momplé, nascida a 19 de Março de 1935 na Ilha de Moçambique, província de Nampula, a norte de Moçambique, é Assistente Social de profissão, com licenciatura em Serviços Sociais.

Lília Momplé, foi professora de Inglês e Língua Portuguesa na Escola Secundária de Ilha de Moçambique e diretora da mesma escola entre 1970 e 1981.

Trabalhou como assistente social em Lisboa, Lourenço Marques (actual cidade de Maputo) e em São Paulo, Brasil, em 1960 a 1970.

Em outras missões, Lília Momplé foi, de 1992 a 1998, diretora do Fundo para o Desenvolvimento Artístico e Cultural de Moçambique (FUNDAC) e de 2001 a 2005, membro do Conselho Executivo da UNESCO (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura.

No seu percurso literário, dirigiu a Associação dos Escritores Moçambicanos (AEMO) de 1991 a 2001, como secretária geral, de seguida ficou presidente da Mesa da Assembleia-geral da mesma agremiação.

O seu primeiro livro veio ao público em 1988, editado pela AEMO, com o título «Ninguém Matou Suhura», uma coletânea de Contos; «Neighbours» romance publicado em 1995 e «Os Olhos da Cobra Verde» obra de contos publicada em 1997, também sob a chancela da AEMO.

Ainda na arte, a escritora publicou o «Muhipiti-Alima» um vídeo de drama, editado pela PROMARTE em 1997.

As obras da Lília Momplé, já foram editadas em Inglês, Italiano, Francês e Alemão.

Neste momento, a escritora faz parte do «Internacional Who´s Who of Authores and Writeres» e desde 1997 é membro de «Honorary Fellow in Literature» da universidade IOWA dos Estados Unidos da América (EUA).

Prêmios

Em termos de prêmios, Lília Momplé, conquistou o primeiro prêmio do concurso literário comemorativo da cidade Maputo, intitulado Prêmio 10 de Novembro com o conto «Caniço» em 1987.

Melhor vídeo-drama moçambicano em 1998, com o vídeo «Muhipiti-Alima».
Foi nomeada o Caine Prize for Africaan Writing, edição de 2001. fez parte dos cinco nomeados entre 120 escritores de 28 países.

NOTA: Este foi o resumo da conversa que jovens amantes da literatura tiveram com a escritora Lília Momplé, na galeria do Centro Cultural Brasil – Moçambique em Maputo e não se trata de uma entrevista conduzida por uma pessoa.

Fonte
Colaboração de Amosse Mucavele Movimento Literário Kuphaluxa

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 213)


Uma Trova Nacional

Apesar desta certeza
de que somos tão iguais,
alma gêmea, que tristeza,
chegaste tarde demais!...
–ERCY Mª MARQUES DE FARIA/SP–

Uma Trova Potiguar


Sem saber o que fazer,
a prostituta, perdida,
vende prazer p’ra viver,
mesmo sem prazer na vida...!
–MANOEL CAVALCANTE/RN–

Uma Trova Premiada

2007 - UBT-Natal/RN

Tema: TEMPO - M/H.

Chora, entre as pedras, um rio,
seu pranto cheio de mágoas
porque o tempo, em desvario,
foi manchando as suas águas...
–MARINA BRUNA/SP–

...E Suas Trovas Ficaram
O receio que me alcança,
ao ver inverno chegar,
é que, perdida a esperança,
eu já nem possa sonhar!...
–MARIA DOLORES PAIXÃO/MG–

Simplesmente Poesia

MOTE:
“É mais feliz a velhice
Que é por alguém amparada.”

GLOSA:
Distante da meninice,
Nos remansos da saudade,
Havendo fraternidade
É mais feliz a velhice;
Há mais encanto e meiguice
Sobre a fronte esbranquiçada...
Mais branda se torna a estrada
Que é pisada com amor,
Como dói menos a dor
Que é por alguém amparada.
–JOSÉ LUCAS DE BARROS/RN–

Estrofe do Dia

Eu que sempre fui robusto,
forte que nem um lajedo,
de nada sentia medo,
hoje com tudo me assusto;
até pra dormir eu custo,
achando a noite comprida,
a alma desiludida
e o corpo cheio de dor;
todo dia muda a cor
do quadro da minha vida...
–ZÉ DE CAZUZA/PB–

Soneto do Dia

–DOROTHY JANSSON MORETTI/SP–
Um Olhar sobre Sorocaba

Em pleno ciclo de tantas tropeadas,
quer de mulas, ou quer também de bois,
Sorocaba levanta as mãos armadas...
Mil oitocentos e quarenta e dois.

Passa o século. A poeira das estradas
vai-se apagando e vão florir, depois,
as lindas laranjeiras carregadas…
Mil novecentos e quarenta e dois.

Os ciclos vão-se de outros distanciando...
Do bandeirante ao têxtil se afastando,
a indústria abre, imponente, o seu roteiro.

E hoje, aos ventos do tempo e seus avanços,
Sorocaba levanta os braços mansos
e torna irmãos... filhos do mundo inteiro.

Fonte:
Textos enviados pelo Autor

José Faria Nunes (Zezinho e o Pé do Frango)


Dona Maria está apressada, tem que terminar a prenda para o leilão.

Zezinho, o menor dos sete filhos, quer um pedaço do frango cheiroso que deixa água na boca.

Dona Maria não pode satisfazer os desejos do filho, o frango é para o leilão, é para a Igreja, é para o Santo.

Zezinho não entende disso, fica confuso, não compreende porque a Igreja, o Santo, o leilão são mais importantes que ele. Ele, coitado, como os irmãos maiores, nem se recorda mais do sabor de um bom pedaço de frango. Os pais são pobres, não podem comprar guloseimas gostosas, aquele frango é da Igreja.

- Igreja come frango? - indaga Zezinho a si mesmo, sabendo que não terá resposta. Ah! Igreja é o povo de Deus. Não foi isso que o padre falou na missa antes do leilão de ontem?

Zezinho duvida se é filho de Deus, mas quer um pedaço do frango. Não entende que sua mãe apenas obedece à tradição religiosa. Seu nome apareceu no anúncio das novenárias, fica feio se não colocar a prenda.

E o novenário?

Também deve ter feito suas concessões para sobrar-lhe o dinheiro para o leilão, para ouvir dou-lhe uma, duas e três, para o leiloeiro humilhar o rival, mandar fazer vaquinha. O dinheiro da prenda será para ajudar a construir a Casa de Deus de sua vila.

Zezinho não entende. Acha que matar sua fome é mais importante que levar a prenda para a Igreja. Lá tem padre que mora no centro da cidade, que tem casa com telefone, tem janela com tela para não entrar mosquito.

Isso Zezinho sabe porque o irmão mais velho lhe contou.

Zezinho não entende por que levar prenda para dar dinheiro para padre que tem carro, comida boa, muita coisa boa. Padre que até vai para o estrangeiro de avião ou de navio. Não foi o que o padre falou ontem no final da missa e a platéia até bateu palmas? Sabia que a platéia da igreja se chama de fiéis? Quem falou foi seu irmão mais velho. Foi também o irmão que questionou se as pessoas da igreja tem esse nome porque são fiéis em dar prenda e comprar prenda para dar dinheiro para a igreja. Ou é por que dão dinheiro na coleta da missa? Mas se nem todo mundo põe prenda e compra prenda no leilão e nem dão dinheiro na coleta, estes não são fiéis? A pergunta fica sem resposta.

Zezinho quer saber também se as pessoas de outras igrejas são do mesmo jeito. Será que as mães de lá deixam de dar um pedaço de frango para os filhos para levar para o leilão da festa da igreja? As outras igrejas também fazem festas com leilões de prenda? Fazem coleta que nem na igreja da vila? Lá os chefes são tratados pela igreja ou trabalham para se sustentarem, para comprarem seus carros, construírem suas casas? Zezinho quer compreender muita coisa, mas não pode. É ainda muito pequeno. Os irmãos mais velhos explicam alguma coisa. Zico, o maior deles, até já foi sozinho ao centro da cidade. Passou em frente à casa do padre. Viu muita coisa bonita. Ele disse que um dia vai levar Zezinho, que só anda sozinho na vila. A cidade fica do outro lado do córrego e tem uma rodovia para atravessar. Os pais dizem que é perigoso criança atravessar a rodovia sem gente grande acompanhando. O irmão mais velho é corajoso, atravessa lá sozinho, correndo para não ser atropelado pelos carros, carretas, o diabo a quatro. A mãe de Zezinho disse que quando mudaram para a vila não existia asfalto na rodovia, era tudo muito tranqüilo. Foi só asfaltar que virou um terém esquisito. Um Deus nos acuda. Zezinho fica pensando no dia em que crescer. Vai ser pedreiro como o pai. Só que diferente. Se é que vai ser pedreiro vai fazer uma casa para ele. Uma também para os pais e para os irmãos.

Coitado do Zezinho. Não entende por que sua casa é pobre, não tem janela, é de pau-a-pique e chão batido. E o pior é que o pai tem que pagar aluguel. Por que o pai não faz paredes de tijolos, se é pedreiro?

Zezinho pergunta demais, ainda que para si próprio. A mãe dele acha aquilo esquisito, tem hora que até parece gente grande. A mãe não sabe que ele é superdotado, tem inteligência superior à média dos demais meninos de sua idade. Tem hora que ele pergunta coisa que ela não sabe responder. As mulheres da tal Pastoral da Criança da Igreja Católica diziam que tudo iria mudar na vida da família a partir de quando começasse a usar aqueles produtos da multimistura, folha de mandioca, casca de ovo, coisas que sempre jogava fora e que agora sabe que faz bem à saúde. Até as constantes dores de barriga, as desidratações, se curaram com um simples soro caseiro: uma pitada de sal e duas medidas de açúcar em um copo d'água.

Zezinho, ao se lembrar do padre estrangeiro, que viaja para visitar parentes na Europa, pergunta a si próprio e ao futuro: será que um dia vai entrar num avião, ou num navio?

Aviões passam diariamente por cima da casa de Zezinho. Mas navio, nunca viu, a não ser em sonho ou em alguma figura.

Nem na escola, talvez, Zezinho poderá entrar. Lá estudam crianças de pais que tem casa igual à do padre, tem carro igual ao do padre, talvez até mais bonito, como o do dono do armazém. Sabia que pastor de igreja também tem carro? Tem casa boa? Será que é dele ou é da igreja? Mas se tudo é da igreja e quem usa é o chefe da igreja, como é o caso da casa do padre e do carro do padre, quer dizer que igreja é o chefe?

Zezinho fica intrigado porque a mãe dá frango para a igreja mas nunca pôde usar nada da igreja. Quando vai à casa do padre só chega até a cozinha, pela porta dos fundos. Nem vai até a sala que tem as coisas modernas, como disse a professora de um amiguinho do bairro. Será que os pobres das outras igrejas se beneficiam do carro da igreja, entram na casa do pastor, comem frango com o pastor, vê TV na casa do pastor, escuta música ou vê filme na casa do pastor?

A mãe de Zezinho nunca fez isso na casa do padre. Aliás, o padre está sempre com pressa, tem pouco tempo para conversar. Até parece político depois que passa a eleição. Não tem tempo para nada.

Zezinho se lembra de que, nas campanhas das últimas eleições, até candidato a vereador visitou o barraco dele. A mãe aprendeu a desenhar o nome e fez o título de eleitor. Foi bem tratada pelo candidato, que até deu um abraço no Zezinho, sem se preocupar com a sujeira em que ele estava. Depois da eleição? Tiau e bênção.

O menino fica intrigado porque os meninos da escola usam roupas bonitas. Ele não entende porque em sua casa todos usam roupas ruins, com remendos e nem comem carne. Não sabe porque vem cobrador à porta de seu barraco e nem porque o armazém não quer mais vender fiado para seu pai.

Zezinho não sabe porque o seu pai estava enxugando uma lágrima que lhe escorria no rosto.

Coitado do Zezinho. Sua mãe vai levar a prenda para o leilão. Para consolar o garoto, a mãe dá-lhe o pé do frango.

Os filhos mais velhos já têm consciência da miséria.

Fonte:
Texto enviado pelo autor

Imagem = http://www.alimentacaoecultura.com.br

Editorial Paco (Publique seu Livro de Poesias)


A poesia é arte, vida, movimento. Expressão da razão, dos sentimentos, emoções, da loucura; jogos vivos de palavras, que impressionam, provocam reação.

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Fonte:
Colaboração da Paco Editorial .

Folclore Português = Fernanda Frazão (Lenda da Fundação de Santarém)


Santarém, à qual já se chamou «Varanda do Ribatejo», é uma cidade de antiquíssimo povoamento. Crê-se que a sua fundação remonta a uns dez séculos antes da era cristã.
Segundo a lenda , o seu nome terá sido, de início, Esca-Abidis.

Nos meados do século X antes de Cristo foi tentada a sua conquista por Fenícios e Gregos; quatro séculos depois, foi a vez de os Cartagineses tentarem, igualmente sem resultado, o assalto ao pequeno burgo. No início do século IV antes da era cristã, povos de raça céltica atacaram a cidadela e depois de longo assédio acabaram por conseguir a sua conquista. Juntaram-se então aos autóctones, lusitanos ao que consta, e, mediante uma política de alianças, acabaram sendo integrados e assimilados pela população.

Quando os Romanos invadiram a Península, Santarém, pela sua situação estratégica, foi um dos pontos no qual incidiu o desejo de conquista dos invasores.

Ao fim de longos esforços, a praça foi conquistada e quando Júlio César pacificou a terra ibérica foi-lhe dado o nome de Proesidium Jullium. No início da era cristã, Octávio mudou-lhe o nome para Scalabicastrum, e fez dela sede de uma das províncias em que dividiu a Península.

Desde sempre considerada uma das povoações mais importantes da sua região, não só pela situação quase inexpugnável das suas muralhas, como pela riqueza dos campos circundantes, Santarém veio a ser presa cobiçada pelos povos bárbaros que invadiram o Império Romano. Assim, os Alanos e os Vândalos chamaram-lhe Escalabis, os Suevos, mais tarde, Calabicastrum, e os Visigodos mudaram-lhe o nome para Santa Irene ou Santa Helena, em memória a uma virgem sacrificada cujo corpo foi encontrado a boiar nas águas do Tejo, frente à cidade.

Anos mais tarde, quando da invasão árabe da Península, a cidade caiu nas mãos dos Mouros, que lhe chamaram Chantarin, Chantirein ou Xantarin. Com a reconquista cristã, Santarém, umas vezes moura, outras cristã, ao fim de muitos anos de cobiça e luta, acabou por ser reconquistada para os cristãos, definitivamente, por Afonso Henriques, que a tomou de assalto em 13 de Março de 1147.

A LENDA

Segundo conta a lenda, em 1215 a. C, reinava sobre a próspera Lusitânia um príncipe chamado Gergoris ou Gorgoris. Chamavam a este homem «o Melícola», porque ensinara os seus a extrair o mel dos favos das abelhas.

Certo dia, Ulisses de Ítaca, que navegava pelos mares na sua penosa Odisséia de uma década, chegou à foz do Tejo com alguns navios. Achando a amenidade e o encanto do país ideais para o seu descanso, decidiu fixar-se na região, a fim de recuperar as forças perdidas e aguardar a melhor ocasião de tornar à Grécia.

Hóspede de Gorgoris, Ulisses, como visitante de honra, tinha permissão de vaguear por onde fosse o seu desejo. Deste modo, acabou conhecendo a bela Calipso, filha única do seu hospedeiro. E do longo e descuidado convívio dos dois jovens foi nascendo a paixão. Segundo conta a lenda, destes amores com Ulisses teve Calipso um menino, ao qual chamou Ábidis.

Gorgoris, mal soube do caso, ficou furioso e procurou Ulisses para o castigar. Este, porém, avisado da fúria de «o Melícola», juntara à pressa os companheiros e zarpara rápido, rumo à Ítaca.

Entretanto, o príncipe lusitano, incapacitado de exercer o seu legítimo desejo de vingança, querendo apagar os traços da passagem do grego e para que não ficasse memória do acto impensado de Calipso, mandou que encerrassem a criança num cesto e a lançassem ao Tejo. O rio encarregar-se-ia de destruir aquele vestígio dos amores de sua filha e a justiça far-se-ia!

A maré subia na hora em que o cesto foi deixado sobre as águas e, em vez de a criança ser atirada para a foz pela corrente, foi empurrada rio acima até encalhar numas brenhas, perto da gruta que servia de covil a uma cerva, ou, segundo outras versões, a uma loba.

O animal, ouvindo o choro da criança, acercou-se do cesto, farejou e, vendo que era apenas uma cria esfomeada, amamentou-a e criou-a.

O menino foi crescendo até que se fez homem. Alimentava-se de frutos silvestres e de peixe do rio, e à noite, quando lhe chegava o sono, embrenhava-se em qualquer gruta juntamente com a fera que a habitasse, porque de todas era familiar. Durante o dia corria pelas brenhas, tomava banho no rio e brincava com os animais selvagens, aprendendo a viver naqueles ermos.

Certa manhã, caçadores lusitanos embrenharam-se mais nos silvados da margem do Tejo e, de súbito, viram aquele rapaz saltando valados como se fora veado. Acharam estranho o espetáculo insólito daquele homem vivendo só, por ali e, cheios de curiosidade, decidiram tentar capturá-lo. Armaram-lhe uma cilada com redes e esperaram calmamente a sua passagem. Desprevenido, Abidis acabou por ser capturado, apesar da resistência feroz que opôs aos caçadores, e levado à presença de uma mulher: Calipso, sua mãe.

Esta, depois do primeiro espanto, observou atentamente o homem selvagem que lhe traziam e acabou por descobrir, por uma cicatriz que lhe ficara de nascença, que aquele era o seu filho abandonado. Hesitou a princesa no que fazer, recordando a fúria de Gorgoris há vinte anos atrás.

A notícia, porém, chegou ao velho «Melícola» antes que Calipso decidisse o que fazer, pois os próprios caçadores se encarregaram de a espalhar pela Lusitânia. Mas haviam passado vinte longos anos sobre aquele dia em que Gorgoris mandara deitar a criança ao rio. Velho de setenta anos e sem herdeiro varão, o príncipe ponderou no que fazer do rapaz e acabou por se decidir a educá-lo como seu sucessor.

Segundo conta a lenda, em boa hora «o Melícola» educou Abidis, porque por sua morte o jovem foi rei dos Lusitanos e ficou nos anais do seu povo como rei justo, sábio e humano. E não esquecendo os acontecimentos ligados ao seu nascimento, decidiu construir naquele local inculto e silvestre uma cidade que lembrasse para sempre os seus primeiros vinte anos de vida. E à bela povoação que mandou construir chamou Esca-Abidis, que significa manjar do príncipe Abidis.
–––––-
Voce pode ouvir esta lenda e várias outras na voz de Luiz Gaspar, no Estúdio Raposa, http://www.estudioraposa.com/index.php/category/historias/

Fonte:
Estudio Raposa

IV Festival de Poesia Falada do Rio de Janeiro (Prêmio Francisco Igreja)


A APPERJ - Associação Profissional de Poetas no Estado do Rio de Janeiro convida todos os poetas a participarem do IV FESTIVAL DE POESIA FALADA DO RIO DE JANEIRO - PRÊMIO FRANCISCO IGREJA.

O tema do concurso é livre, sendo aceitos todos os estilos poéticos. Poderão participar poetas residentes no país, de qualquer nacionalidade, exceto os diretores da APPERJ.

Cada concorrente poderá enviar até três poemas inéditos, em língua portuguesa, digitados, de no máximo 30 linhas (espaços inclusive), em 3 (três) vias de cada, acompanhados da taxa de inscrição: 10 reais por poema (cópia do depósito feito em nome de APPERJ, Banco Real/Santander, ag. 0894, cc 2017863-5, até o dia 31 de julho de 2011, para:

IV Festival de Poesia Falada do Rio de Janeiro - Prêmio Francisco Igreja
Rua Pereira da Silva, 586/304,
Cep: 22221-140, Laranjeiras, Rio de Janeiro/RJ,
valendo como data de entrega o carimbo do correio.

O trabalho deverá ser apresentado com pseudônimo e os dados do autor deverão ser enviados em envelope lacrado, digitado (não serão aceitos poemas manuscritos), constando de: nome completo do autor; nome literário; pseudônimo; título da obra; endereço completo - CEP inclusive; telefone para contato - indicar DDD; e-mail. O envelope lacrado com os dados do autor deve ser enviado dentro do envelope maior contendo o(s) poema(s) para o concurso. Colocar como remetente, o nome Francisco Igreja e o mesmo endereço do destinatário. A identificação indevida do poeta, assim como o não atendimento a qualquer item do regulamento, acarretará na desclassificação do mesmo.

Os poemas serão julgados por literatos reconhecidamente idôneos da comunidade poética brasileira, cuja decisão será irrevogável e irrecorrível. Serão considerados na decisão: a correção da linguagem, a beleza das imagens poéticas e a originalidade com que o tema for tratado.

Premiação:

Categoria Única - serão selecionados os 20 melhores textos, cujos autores receberão certificado de Menção Honrosa e prêmios no valor de mil reais, assim distribuídos: 1° lugar: R$400,00; 2° lugar: R$300,00; 3° lugar: R$200,00 e melhor intérprete: R$100,00.

O poeta 1° lugar em texto receberá o Prêmio Francisco Igreja, que constará de: além do prêmio em dinheiro; publicação sem ônus na coletânea PERFIL e medalha Francisco Igreja.

Ao apperjiano mais bem classificado dentre todos os concorrentes selecionados ou não (e em dia com a Tesouraria da associação), será oferecido certificado, o Troféu Francisco Igreja, sendo seu poema publicado graciosamente – sem ônus, na Coletânea PERFIL.

A seleção dos poemas será feita por associados, especialmente, convidados para este mister. A classificação dos poemas selecionados será feita por júri presente ao evento que, também, considerará a oralidade na seleção do melhor intérprete (tempo máximo de apresentação de 10 minutos, a ultrapassagem do tempo estimado acarretará em desclassificação). Concorrerão todos os intérpretes, autores ou não. Os poemas selecionados para a cerimônia de premiação serão publicados nos sites da APPERJ e da OFICINA Editores (apoio cultural).

O encerramento do concurso acontecerá dia 16 de setembro de 2011 (6ª feira), a partir das 17h, no Auditório Machado de Assis, da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Pedimos a todos os concorrentes, que indiquem a intenção de comparecer ao encerramento ou o nome de um poeta carioca que possa representá-lo. A Diretoria da APPERJ garante, antecipadamente, a apresentação dos poemas selecionados, durante a festa de encerramento.

Outras informações pelos tel: Marcia Agrau (21) 2265-3934 / Sérgio Gerônimo (21) 3328-4863.

Apoio cultural: www.oficinaeditores.com.br

Fonte:
Texto enviado por APPERJ

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 212)

Devido a manutenção do blogger, as postagens de ontem estão sendo postadas em conjunto com as de hoje
Uma Trova Nacional

No oceano do meu peito,
há um grande mar de paixão,
que eu chego a ficar sem jeito
com as ondas que vêm e vão!
–DELCY CANALLES/RS–

Uma Trova Potiguar

Na praia, a noite, o luar
tranquilo no céu passeia...
E nós dois à beira mar,
brincamos de amor na areia!
–MARIA ANTONIETA BITTENCOURT/RN–

Uma Trova Premiada

2009 - Ribeirão Preto/2009
Tema: Lápis - 5º Lugar

O lápis tem cores lindas
Arco-íris que vem do além
Como saudades infindas
Que nos fazem muito bem.
GUILHERME DE ALMEIDA CAMARGO/SP
7ª A – EMEF “Professor Anísio Teixeira”

...E Suas Trovas Ficaram

Ó trovas simples quadrinhas
que têm sempre um quê de novo...
- Como podem quatro linhas
trazer toda a alma de um povo?!
–LUIZ OTÁVIO/RJ–

Simplesmente Poesia

–CAVALCANTI BARROS/AL–
Eu Sou a Vida

Não se enganem, sou a Vida.
Magicamente contida
num corpo que Deus me deu.
Tudo simples, sem mistério:
corpo morre. Cemitério.
Vida não morre. Sou eu.

Estrofe do Dia

O que o verso é para mim,
é difícil de dizer.
O céu? O mar? Um jardim?
Tudo isso pode ser.
Pode ser um vaga-lume,
a flor que brota do estrume,
ou um pesadelo medonho,
e pode até ser tristeza,
se eu vir pela correnteza,
descer meu último sonho.
–RAIMUNDO DE S. BRASIL/BA–

Soneto do Dia

–CRUZ E SOUSA/SC–
Madona na Tristeza.

Quando te escuto e te olho reverente
e sinto a tua graça triste e bela
de ave medrosa, tímida, singela,
fico a cismar enternecidamente.

Tua voz, teu olhar, teu ar dolente
toda a delicadeza ideal revela
e de sonhos e lágrimas estrela
o meu ser comovido e penitente.

Com que mágoa te adoro e te contemplo,
à da Piedade soberano exemplo,
flor divina e secreta da Beleza!

Os meus soluços enchem os espaços,
quando te aperto nos estreitos braços,
solitária madona da Tristeza!

Fonte:
Texto enviado pelo autor

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Sérgio Napp (Onde se Esconde a Poesia?)


I

esta pedra em minha mão
pedaço de um pedaço de outra pedra
não uma pedra qualquer

só ela
entre outras
em minha mão

também eu
pedaço de um pedaço de outros tantos
não me sinto qualquer
em tuas mãos

II

porque sabes a fogo
trago a noite
e seus ardores

porque as labaredas se armam
na lucidez do gozo
destroem-se cidadelas
sucumbimos

porque te alimenta a febre
teu ventre
incendeia
me


III

sento para espiar a lua
em uma dessas cadeiras simples
de palha e madeira clara
sem braços
e ela vem

clara
enorme
plena
colorida

a lua circunda
os vultos
a lua indulta
as tumbas
a lua inunda
os ventres
a lua

IV

os pardais não valem
tanto quanto o
homem
no entanto proclamam
seus cantos
no alto dos telhados

teus cabelos estão contados
homem
fio a fio
os pardais no entanto
não caem ao chão sem o consentimento
Dele

na escuridão revelas
homem
queixas silenciosas
os pardais por sua vez
colorem o coração das pessoas

ensombreces de medo
homem
bebem o orvalho da noite
os pardais

V

na casa vazia
o que menos se ouve
é o silêncio

o vento beija as canecas
de alumínio
e elas cantam

um gato mia
pelos corredores
papéis amarelecidos
escorregam pelo piso

o sol aquece
a panela-de-ferro
sobre o fogão à lenha

neste momento uma rola pousa
no alpendre

enquanto na sala
o chapéu sobre a poltrona
conversa com o retrato do homem
na parede

VI

não se beija o morto
ao morto se agradece
pela vida
cerca de pedra
subitamente interrompida

não se lamenta o morto
do morto se registram
as virtudes
e o inúmeros vícios

não se culpa o morto
ao morto se perdoa
o que ficou nas entrelinhas
e os silêncios

não se julga o morto
do morto guarda-se
o último registro
carteira de identidade
um anel de pedras falsas

não se purga o morto
o morto é quadro
na parede das lembranças
saudade
que acontece em repentes

do morto não te despeças
o morto é tempo
que não te abandona

VII

demasiada luz
nessa manhã
e os olhos poucos

eu sou apenas
Adeuses

Jussara Gabin (Poesias Avulsas)

Corredeira. Pintura de R. O. Peixoto
TODO DIA

TODO O DIA,
no mesmo compasso,
toco minha vida.
Curo as feridas
e busco um espaço.
Não guardo rancor,
nem mágoa de amor,
tristeza ou cansaço.
Tenho na algibeira
pedrinhas preciosas,
nas mãos, um rosa,
colhida no jardim.
Sou peça importante
neste mundo inconstante
que escolheram pra mim.

SE VOCÊ CHEGAR DE REPENTE

e não me encontrar,
é porque Eu me encontrei
e, finalmente, soltei minhas asas.
Voei.
ONDE MORO

a beleza tem muitas formas,
o som faz muitas melodias,
o vento passsa faceiro,
o gavião voa ligeiro,
tem festa todos os dias.
A água canta lá embaixo,
o galho dança brejeiro,
e do alto do pinheiro,
salta a pinha com alegria.
Cá onde eu moro,
tristeza não faz parada
e tem tudo o que eu preciso,
dispensando o dinheiro.
Não é o céu por inteiro,
mas é um pedaço do paraiso.
___________________________________________
Jussara Gabin escreve em Colônia Faria, na cidade de Colombo, Pr.

Fonte:
Boletim Guatá

A. A. de Assis (A Moça do Jipe)

Primeiro jipe montado
Seu Nando vivia ali pacato e bom, baixinho, redondo, discreta calva, solteirão encalhado, atendendo a aldeia na vendinha de secos e molhados. Se deu que porém a moça passante brecou o jipe lhe passando um susto, não muito pelo de-repente do impacto, mas pela explosão da imagem. Aquela coisa louca, aquele jeitão de rir. Seu Nando tremeu total.

Queria a moça informação sobre a estrada que levava a uma praia próxima, onde haveria reunião de surfistas e de agitadas meninas que nem ela, a que parecendo vir das nuvens caíra na porta dele.

– Tem de voltar até o trevo e repegar o rumo.

– Será que acerto?

– Se quiser vou junto. Posso mostrar o caminho. Preciso mesmo ir lá, volto de ônibus. Me dá carona?

– Sobe aí, tiozão!

Zuuuuuuuuuuuuummmmmmmm... Tremeu de novo Seu Nando. Agora sim de medo. Moça maluca, 140 por hora naquele jipe trotão. Só não pediu pra descer por encabulação. Olhando as pernas dela, se distraiu. De agradecimento, ela deu-lhe na chegada um beijo. Na boca. Seu Nando ensandeceu de vez. Retribuiu grudando a moça, que todavia gostou. Rolaram na areia, rolaram no mar, a noite chegou.

Na aldeia, no dia seguinte, o bochicho. Sumiu Seu Nando. Os vizinhos estranharam aquela coisa de ele na véspera haver fechado a venda cedo. Uns, que o viram entrar no jipe da moça, se espantaram mais ainda. Agora já era meio-dia, e de Seu Nando nada. Seria acidente? Seria acaso aquela moça alguma parenta dele? Um galho dele? Seria?...

Mandaram o aviso a um compadre que vivia em cidade próxima, único mais-íntimo que se sabia dele. Comunicaram às autoridades, botaram notícia no rádio, espalharam de boca em boca o misterioso evento.

Ele tão bom homem, nunca perturbara ninguém, vendeiro prestativo. Chegaram a supor que a moça do jipe fosse extraterrestre.

Quase um mês mais tarde, já davam Seu Nando por inencontrável: afogado, engolido por tubarão, levado para um planeta distante... Até que noutro de-repente reapareceu ele, a barba crescida, a roupa em trapos, a cara de quem andara metido em muito complicada encrenca.

– Depois eu conto o que aconteceu. Agora quero é tomar um banho, comer um bife enorme, dormir umas 24 horas. Avisem por aí que estou vivo.

Geral curiosidade, só satisfeita no outro dia, com a presença de repórteres, fotógrafos, e os ouvidos atentos da aldeia inteira. Seu Nando tinha ido com a tal garota litoral acima, até a Bahia. Nem chegara a saber o nome dela, dizia apenas “Coisinha”, o resto era o fascínio.

– Voltei de carona num caminhão, ajudando a carregar-descarregar em troca da comida. Desci no trevo e de lá vim caminhando.

Os cartões de crédito que havia levado, duas semanas depois já acusavam ultrapassagem de limite. Foi a grana acabar e a moça sumir, sem ele imaginar para que destino nem se ela era gente mesmo, talvez fosse irreal. Sabia só que nas alegrias era mulher ao máximo.

Sorte dele que o gerente do banco entendeu a história, refez-lhe o crédito. E o bom homem se reinstalou atrás do balcão, de onde oito meses passados ouviu outra freada.

– Olhe aqui, tiozão! Trouxe pra você a sua obra.

Ela desceu do jipe mostrando a barriga prenha. Voltara para ter o bebê onde ele começara a ser feito. Seu Nando acolheu-a, guloso dela, pouco se importava se a criança era sua ou não. Pagou as despesas do parto, do berço, das roupinhas.

Porém cadê a “Coisinha”?... Ninguém sabe, ninguém viu. Do jeito que rechegou, de novo magicamente sumiu.

Criou-se a criança engatinhando ali na venda, assistida pela bondade de umas senhoras vizinhas. Ele um homem de tão generoso coração, baixinho, redondo, discreta calva, pela segunda vez abandonado no pique dos seus melhores sonhos.

Se valeu? Ora se...

Fonte:
ASSIS, A. A. De. Vida, verso e prosa. Maringá/PR: EDUEM, 2010.
Imagem = Ao Chiado Brasileiro

Sérgio Napp (Da Arte da Palavra ao Prazer da Leitura) Parte 5


Fico me perguntando se existe, ainda, alguma coisa a dizer sobre livros. Ou sobre leitura. Ou sobre qualquer coisa que se coloque sobre a face da terra. E me respondo, há. E assim não tenho saída, a não ser escrever sobre. Com uma ressalva: cuidado, ler pode ser perigoso.

Ler desperta sentimentos, às vezes, estranhos. E pode nos transformar. E pode nos alertar para problemas até então não percebidos. E nos despertar para realidades nunca imaginadas. Portanto, todo cuidado é pouco. Vá devagar. Não pegue pesado. Nada de começar com Cidade de Deus, do Paulo Lins; ou Vinhas da ira, do Steinbeck; ou com a poesia do Carlos Drummond de Andrade ou do João Cabral de Melo Neto. Pode-se quebrar o andor. Porque se resolver ler pra valer você é capaz de descobrir o que existe para além do horizonte da nossa vidinha quotidiana. E pode doer, amigo, pode doer. Pode provocar gastrite, pode provocar úlcera. E arroubos de cólera. Ao mesmo tempo, você descobrirá um bem inimaginável, mas que irá adentrar sua alma e corroê-la: a cidadania.

Talvez seja melhor, portanto, você aguardar um pouco mais e continuar assistindo ao Faustão, ao Gugu, ao Luciano, ao Ratinho e tantos outros. Daí, você continuará pensando que a vida é isso mesmo e aquilo também. Poderá dormir tranqüilo. Tomar café calmamente, sair a bordo de seu carro com ar condicionado e som estéreo, chegar ao serviço sorrindo. Sem ver os meninos maltrapilhos nas sinaleiras; sem tomar conhecimento dos mensalões ou das últimas ações de nossos esforçados, compenetrados e bem-intencionados representantes públicos. Que você ajudou a eleger, lembra?

Talvez você se horrorize com os últimos acontecimentos ocorridos em São Paulo, mas, e daí? São Paulo está a centenas de quilômetros e nós, bem, nós estamos ao sul de um outro mundo onde se tem a melhor qualidade de vida, os melhores quadros políticos, o mais belo pôr-do-sol, os melhores índices de educação. E outras tantas regalias e atributos. Para que preocupações? Tudo se resolve com mais uma grade na porta, um vigilante na calçada, um reforço no alarme. Coisas banais.

Ler, amigo, irá lhe abrir os horizontes além do trivial futebol-cerveja-carro-mulher; desenvolver o raciocínio sem prendê-lo ao feijão e arroz do dois mais dois são quatro; levá-lo a outros patamares de compreensão e não apenas discutir o inútil problema do Código Da Vinci; fazê-lo discernir entre tantas opções que a todo o momento se nos apresentam. Ler, amigo, irá arejar sua alma e fazê-lo entender o que se passa por trás dos acontecimentos, seja de São Paulo ou do Iraque; porque somos o que somos e porque este país é o país em que o transformamos. Talvez cause calafrios, dores nas articulações, noites mal-dormidas, taquicardia. Não importa. Leia. É absolutamente necessário para o mundo, para benefício dos que lhe cercam, para melhorar as relações interfamiliares, para desobstruir os canais incompetentes, para resolver os insolúveis problemas celulares. Leia. Seu café, a ida ao serviço, o som estéreo, o jogo de tênis nas noites de terça, o encontro com os amigos nos finais de tarde nunca mais serão os mesmos. Mas vocês, finalmente, terão se transformado em seres humanos.

Fonte:
Artistas Gaúchos

Sérgio Napp (1939)


Sergio Napp nasceu a 03 de julho de 1939 em Giruá/RS. Por esse tempo todo se formou em engenharia, tornou-se professor universitário e continuou procurando caminhos, ora através da literatura, escrevendo de tudo e sobre tudo, tendo publicações em jornais de Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro, ora através da música, participando e sendo premiado em diversos festivais.

Onde se fez presente, e do que se lembra, segue abaixo:

1959
– Prêmio em poesia. Concurso promovido pelo Clube de Cultura do Rio Grande do Sul. Texto: Pequena Lua.

1963
– Primeiro lugar no Festival de Novos Compositores do RS. Música Pequeno Sol.
- Sétimo lugar no Festival Um milhão por uma canção/Rio de Janeiro. Música Pequeno Sol. Gravada por Hebe Camargo.

1964
– Músicas gravadas por Elis Regina (Meus olhos), Tito Madi (Pra que mentir), Marisa Barroso (Vou ficar com você).

1968
– Festival Sul-Brasileiro da Canção/Porto Alegre e Festival Internacional da Canção/Rio de Janeiro. Música: Tempo de Partir. Gravada por Clara Nunes e Walter Matesco.

1969
– Quinto lugar no Festival Sul-Brasileiro da Canção/Porto Alegre. Música: Memórias. Parceria: Paulo Dorfman.

1978
– Prêmio Apesul / Revelação Literária. Destaque em crônica. Promoção da Cia. Jornalística Caldas Júnior, Instituto Estadual do Livro e Habitasul.

1979
– Prêmio Apesul / Revelação Literária. Destaques em poesia e crônica

1980
- Prêmio Apesul / Revelação Literária. Premiado na categoria conto com O pássaro. Destaques também em poesia e crônica.
- Selecionado, com dois poemas, para o Mutirão de Poesia, promovido e editado pela Editora Cultura Contemporânea, Rio de Janeiro.

1981
- Grande prêmio “Calhandra de Ouro no Festival “Califórnia da Canção Nativa”/Uruguaiana/RS. Música: Desgarrados. Parceria: Mario Barbará, a qual obteve, até o momento, mais de 40 gravações e lançada, em 1993, na Alemanha.
- Participação na criação do Grupo Canto Livre que, em pouco tempo, se transforma no principal grupo vocal gaúcho.
- Primeiro lugar no Festival Vindima da Canção/Flores da Cunha/RS. Música: Canto Livre. Parceria: Fernando Cardoso e Jair Kobe.
- Produz o primeiro Lp do Grupo Canto Livre.

1982
– Melhor letrista do Estado considerado pelo crítico Juarez Fonseca.
- Colaborador do Jornal Tchê!, jornal alternativo.
- Prêmio Linha de Projeção Folclórica do Festival Califórnia da Canção/Uruguaiana/RS. Música: Campesina. Parceria Mario Barbará.
- Terceiro lugar no Festival Ciranda Musical Teuto-Riograndense/Taquara/RS. Música: Recuerdos. Parceria: Jair Kobe.
- Terceiro lugar no Festival Reculuta da Canção Crioula/Guaíba/RS. Música: Punhais de valentia. Parceria: Marco Aurélio Vasconcellos.

1984
– Segundo lugar no Festival MUSIPUC/POA/RS. Música: Mutirão. Parceria: Fernando Cardoso.
- Segundo lugar no Festival Vindima da Canção/Flores da Cunha/RS. Música: Os fundadores. Parceria: Fernando Cardoso.
- Terceiro lugar no Festival Coxilha Nativista/Cruz Alta/RS. Música: Morada. Parceria: Fernando Cardoso.
- Quinto lugar no Festival Coxilha Nativista/Cruz Alta/RS. Música: Palavra bem/dita. Parceria: Mario Barbará.

1985
– Publica Quintais da madrugada, poemas, Editora Tchê!
- Primeiro lugar no Festival Vindima da Canção/Flores da Cunha/RS. Música: Neste Momento. Parceria: Fernando Cardoso.
- Participa do Festival dos Festivais, promovido pela Rede Globo. Música: Esse gaiteiro. Parceria: Fernando Cardoso e Jair Kobe.
- Troféu Grito do Campo no Festival Seara da Canção Gaúcha/Carazinho/RS. Música: O grito. Parceria: Edson Vieira e Cláudio Amaro.
- Segundo lugar no Festival Vigília do Canto Gaúcho/Cachoeira do Sul/RS. Música: Paisagem rural. Parceria: Mário Barbará.
- Representante oficial de Porto Alegre na Mostra Farroupilha de Nativismo, promovido pelo Grupo RBS. Música: Ontem e hoje. Parceria: Fernando Cardoso e Jair Kobe.

1986
– Primeiro lugar no Festival Tertúlia Musical Nativista/Santa Maria/RS. Música: Paisagem. Parceria: Edson Vieira e Cláudio Amaro.
- Terceiro lugar no Festival Carijo da Canção Gaúcha/Palmeira das Missões/RS. Música: Menino potro. Parceria: Edson Vieira e Cláudio Amaro.
- Prêmio Linha de Projeção Folclórica do Festival Califórnia da Canção Nativa/Uruguaiana/RS. Música: Missões. Parceria: Edson Vieira e Cláudio Amaro

1987/1991
- Diretor da Casa de Cultura Mario Quintana. Governo Pedro Simon.

1987
- Lança Natural, disco com seus principais trabalhos, dentro do Projeto Cultural Riocell.
- Publica Para voar na boca da noite, livro de contos, Editora Tchê!.
- Primeiro lugar na Feira Avareense de Música Popular/Avaré/SP. Música: Inimigo Comum. Parceria: Pedro Guisso.
- Segundo lugar e canção mais popular do Festival Acampamento da Canção Nativa/Campo Bom/RS. Música: Fonte da alegria. Parceria: Edosn Vieira e Cláudio Amaro.

1988
– Quarto lugar no Festival Vigília do Canto gaúcho/Cachoeira do Sul/RS. Música: Essa louca. Parceria: César Dorfman.
- Melhor arranjo no Festival Vigília do Canto Gaúcho/Cachoeira do Sul/RS. Música: Rodrigo e Bibiana. Parceria: Fernando Cardoso e Jair Kobe.
- Prêmio Acordes Riograndenses no Festival Ciranda Teuto-Riograndense/Taquara/RS. Música: As primeiras aves. Parceria: Marco Aurélio Vasconcellos.
- Terceiro lugar no Festival Moenda da Canção Nativa/Santo Antônio da Patrulha/RS. Música: Contando estrelas pelo céu. Parceria: César Dorfman e Luís Carlos Borges.
- Melhor letra do Festival Seara da Canção gaúcha/Carazinho/RS. Música: Arrabaldes da América do Sul. Parceria: César Dorfman.

1989
– Melhor tema litoral norte do Festival Moenda da Canção Nativa/Santo Antônio da Patrulha/RS. Música: (In)terno de reis. Parceria: Vinicius Brum.
- Melhor arranjo do Festival Moenda da Canção Nativa/Santo Antônio da Patrulha/RS. Música: Oficinas. Parceria: César Dorfman.

1990
– Participação na antologia de poesia, Poetas Contemporâneos Brasileiros. Editora Garatuja.
- Primeiro lugar no Festival Vigília do Canto Gaúcho/Cachoeira do Sul/RS. Música: Labareda. Parceria: César Dorfman.

1992
– Participação na antologia bilíngüe de contos Marcosul/sur, com lançamento simultâneo no Brasil e Argentina. Editora Tchê!
- Publica A construção da casa, livro de poemas, Editora Tchê!.
- O conto Jogos é selecionado para um curta-metragem em concurso promovido pela Sec. Municipal de Cultura de POA e recebe prêmios
de melhor fotografia e roteiro nos Festivais de Gramado, RS e de Huelva, Espanha (1995).
- O conto Uma chance para Deus é traduzido e publicado na revista Puro Cuento, editada pelo escritor argentino Mempo Giardinelli.
- Participação na antologia de poesia, Poeta, mostra tua cara. Editora Alcance.
- Participação na antologia de poesia, Medida Provisória161. Editora Alcance.
- Segundo lugar no Festival Moenda da Canção Nativa, Santo Antônio da Patrulha, RS. Música: Fogo de céu. Parceria: Fernando Corona.

1993
– Publica Jogo de circunstâncias, novela, Editora Tchê!.

1994
– Publica Pássaro dos dias de verão, novela, Editora Tchê!.

1995/1997
- Diretor Superintendente da Fundação Orquestra Sinfônica de Porto Alegre. Governo Antônio Britto.

1996
– Primeiro prêmio no II Concurso Nacional de Contos de Uberaba/MG. Conto: Gilian.

1997
– Primeiro prêmio no Concurso Literário Anual da Academia Sul-Brasileira Letras-Pelotas/RS. Conto: Fábio.
- Destaque no Concurso Nacional Revista Brasília. Conto: Sobreviventes.
- Participação na antologia, Mutirão de Poesia. SRR Editor.

1997/1998
- Diretor da Casa de Cultura Mario Quintana. Governo Antônio Britto.

1998
- Terceiro lugar no Concurso Nacional de Contos Paulo Leminski/Toledo/PR. Conto: José.
- Participa da antologia, Brasil: receitas de criar e cozinhar, Editora Bertrand.
- Terceiro lugar no Festival da Música Crioula de Santiago/RS. Música: Sangue. Parceria; Mario Bárbara.

1999
– Lança Claridade, CD com a trajetória urbana do autor.

2000
– Publica Estranhos sentimentos, livro de contos. WS Editores.
Participa da antologia de contos, O livro dos homens. Artes e Ofícios Editora.

2001
– Participa da antologia, Brasil: receitas de criar e cozinhar, vol. II. AGE Editora.
- Lança Nos Palcos da Vida, cd com o Grupo Canto Livre, tendo apoio do Fumproarte/Secretaria Municipal de Cultura/POA/RS.

2002
- Publica memória das águas, livro de poesias. Edição IEL/CORAG.
- Participa da antologia de contos eróticos, Porto Alegre: curvas e prazeres. WS Editores.
- Lança Mala de Garupa, cd com músicas regionais, apoio da LIC/Governo do Estado/RS.

2003
- Diretor da Casa de Cultura Mario Quintana / SEDAC /Governo do Estado. Governo Germano Rigotto.
- Prêmio Açorianos de Música, Troféu Especial pelo CD Mala de Garupa. Promoção da Prefeitura Municipal de Porto Alegre.

2004
– Publica delicadezas do espanto, poesia infanto-juvenil, Editora Saraiva.

2005
- Publica A Gangue dos Livros, novela juvenil. WS Editor.
- Patrono da Feira do Livro de Bento Gonçalves, RS.

2006
- Publica Passarinhar-se, texto infantil. WS Editor.
- Publica caixa de guardados, livro de poesias. Travessa dos Editores/PR.
- Recebe o Troféu Palavra Viva, homenagem do SINTRAJUFE por sua obra.
- Participa da Bacchanales no. 40, Revue de La Maison de La Poésie Rhône-Alpes/França (Mémoires d’eau)

2007
- Patrono da Feira do Colégio Pe. Colbacchini, Nova Bassano, RS.
- Patrono da Feira do Colégio Ulbra São Pedro, Cachoeira do Sul, RS.
- Participa da antologia de contos de terror e ficção científica Ficção de polpa - Volume 1. Conto: Dias de fome, noites de cão. Editora Fósforo.
- Participa da criação da Confraria Reinações de Narizinho, voltada para a literatura infanto-juvenil.
- Participa da Bacchanales no. 41, Revue de La Maison de La poésie Rhône-Alpes/França (Oiseau).

2008
- Publica das Travessias, contos. WSEditor.
- Lança CD Angela Jobim canta Sergio Napp.

2009
- Participa da antologia de contos de terror e ficção científica Ficção de polpa - Volume 3. Conto: O anão. Não Editora.
- Publica das Travessias, poesia & letra de música. WS Editor.

2010
- Lança os CDs Signos, com Luciah Helena, e Vivências, com Victor Hugo e Geraldo Flach.

Fonte:
Sérgio Napp

Monteiro Lobato (Histórias de Tia Nastácia) XXX – O Pinto Sura


Era uma vez um pinto diferente de todos os mais pintos do galinheiro. Que culpa tinha ele disso? Nenhuma. No entanto, todos judiavam dele — vejam só! — porque era sura...

O pobrezinho nem comer em paz podia. Na hora do milho, era zás! uma bicada daqui, zás! uma bicada dali, enquanto os outros, sossegadamente, enchiam o papo até estufar.

E se apanhava algum bichinho, grilo ou içá, era aquela certeza: a galinhada inteira punha-se a correr atrás dele até tomar o petisco.

Por causa disso o pinto sura vivia sempre com fome, encolhidinho pelos cantos, magro e mandiguera...

Certo dia perdeu a paciência. Um frangote carijó, que andava de namoro com umas frangas amarelas, deu-lhe, à vista dessas meninas de penas, uma tal sova de bicadas que o deixou descadeirado. As frangas entusiasmaram-se com a valentia do carijó, riram-se à grande do triste sovado que nem suster-se em pé podia. E chegaram, mesmo, a compor um versinho:

Foi saracura,
ó pinto sura!
Quem te pregou
tamanha surra?

O pinto, desesperado, resolveu queixar-se ao rei.

— Levo-lhe uma carta — pensou lá consigo — e o rei há de atender-me. Depois, quero ver!...

Procurou pelo chão uma carta.

Bobinho como era, qualquer papelzinho para ele era carta.

Achou logo um pedacinho de papel quadrado e, tomando-o no bico, partiu em direção ao palácio do rei. Levava ainda um embornal cheio de milho para ir manducando pelo caminho.

Andou, andou, andou, até que deu com uma raposa sentada à beira do caminho com um cacho de uvas na mão.

— Bom dia, dona Raposa!

— Ora viva, pinto sura! Para onde vai com tanta pressa?

— Ao palácio do rei, entregar-lhe esta cartinha.

— Quer levar-me também?

— Só se você couber neste embornal...

— Caibo, sim! — disse a raposa, e com muito jeito acomodou-se dentro do embornal.

— Mas não me vá comer o milho, hein? — recomendou o pinto, fincando o pé na estrada.

Andou, andou, andou, até que deu com um rio de águas muito limpas, cheio de peixinhos. Parou para beber, e estava glug! glug! quando o rio disse:

— Amigo sura, que vontade de ir viajar com você!

— Pois vamos. Já levo comigo a raposa e nada me custa levar também um rio. Até é bom — porque não preciso parar no caminho quando tiver sede.

— Pois aceito o convite! — disse o rio. E, enrolando-se como um novelo, ajeitou--se dentro do embornal ao lado da raposa, a qual se encolheu toda e exclamou:

— Chispa! Arreda para lá, que me molha, senhor rio!

— Cuidadinho! — interveio o pinto. — Não me vão brigar aí dentro!... E o senhor rio que não me molhe o milho.

Disse e continuou a viagem. E andou, andou, andou, até que deu com um espinheiro.

— Saia do meu caminho, ouriço! — intimou ele. — Saia da frente que quero passar!

— Hum! Como está valente o pinto sura!... — retorquiu o espinheiro. « i;

— Saia da frente, já disse! — repetiu o pinto engrossando a voz. — Saia da frente, senão...

A raposa, ouvindo o bate-boca, espichou a. cabeça para fora.

— Que é lá isso? — perguntou.

-- É este espelho sem aço que não me quer dar caminho!... — berrou o pinto, furioso.

A raposa virou-se para o espinheiro e propôs:

— Olhe, amigo, em vez de estar aí cercando o pinto sura, muito melhor que viesse cá dentro nos fazer companhia.

— Mas será que caibo nesse embornalzinho?

— Como não? Cá está o milho, estou eu, está o rio e ainda há lugar para muita gente. O pinto sura vai ao palácio do rei tratar dum negócio muito importante...

— Nesse caso, vou também! — resolveu o espinheiro — e dobrando os espinhos encolheu-se todo e acomodou-se no embornal.

O pinto, muito contente da vida, piou qui-qui-ri-qui-qui! — e lá se foi, de papo empinado e cartinha no bico, como um grande figurão!

De novo andou, andou, andou, até que, de repente, ao dobrar um espigão, viu lá embaixo o palácio do rei, alumiando de ouro e prata. Aqui o pinto, assombrado de tanta beleza, parou, com receio de continuar a viagem. Mas para não perder tempo enquanto refletia, engoliu vinte grãos de milho.

— Que leve a breca! — disse por fim. — Quem não arrisca, não petisca!

E dirigiu-se, firme, na direção do palácio real.

LÁ chegou de tardezinha. Cumprimentou os guardas e foi entrando, muito senhor de si.

— Epa! Que sem-cerimônia é essa? — perguntou-lhe um criado de farda verde.

— Que é que quer?

— Quero que não me aborreça! — respondeu o pinto, fechando a carranquinha. O criado abriu a boca, a pensar lá consigo: "Isto há de ser algum mágico disfarçado em pinto!" E deixou-o passar.

O amigo sura, então, com toda a importância, atravessou salões e mais salões até chegar à sala do trono, onde viu o rei, todo emproado, de coroa na cabeça e cetro na mão. Aproximou-se dele, dobrou os joelhos e — qui-ri-qui-qui! — entregou-lhe a carta.

O rei pegou no papelzinho, examinou-o de um lado e de outro; vendo que era um papel sujo apanhado no lixo, encheu-se de furor. Voltou-se para os guardas:

— Já com este pinto malcriado fora daqui! Ponham-no junto com as galinhas

— e amanhã, panela com ele!...

O pobrezinho, agarrado pela asa, viu-se arrastado pelo palácio afora até um galinheiro onde várias galinhas orgulhosas esperavam a vez de serem mastigadas pela real dentuça de S. Majestade. Mal o viram, começaram a judiar dele, dando-lhe bicadas ainda piores que as do carijó namorador.

Mas o pinto lembrou-se de que trazia no embornal a raposa; e, tirando-a para fora, disse:

— Raposinha amiga: dê um pega, dos bons, nestas emproadas!

A raposa, incontinenti — zás, zás! — deu cabo de todas as galinhas e dos galos que vieram defendê-las.

Livre, assim, daqueles inimigos, o pinto sura mais que depressa saltou o muro e "abriu" para trás, com quantas pernas tinha.

O rei, ao saber do acontecido, rebolou--se no chão de cólera; depois deu ordem, aos berros, para que em perseguição do pinto partisse um regimento de cavalaria.

O regimento partiu no galope — pá-tá--Lá! pá-tá-lá! — erguendo nuvens de poeira.

Quando o pinto ouviu aquele tropel, tremeu de medo, com uma gota de suor frio na testa.

— Estou aqui, estou assado! — murmurou.

— Assado, nada! — falou de dentro do embornal uma voz. — Solte-me e verá.

Era o rio quem falava. O pinto, criando alma nova, soltou-o; e o rio, desenrolando-se por ali afora, inundou os campos e deteve a soldadesca.

Mas os soldados logo arranjaram canoas e conseguiram atravessar o rio.

Ao vê-los de novo galopando atrás dele, o pinto esfriou e disse:

— Estou aqui, estou em molho pardo!

— Molho pardo, nada! Solte-me e verá. ' Era o espinheiro quem falava.

Mais que depressa o pinto soltou o espinheiro, o qual, arrepiando os espinhos, fechou a estrada como tranqueira que nem porco-do-mato vara.

O pinto, vitorioso, subiu a um cupim e fez pito para os soldados. Depois encheu o papinho de milho e continuou a viagem, sossegadamente, ciscando bichinhos à beira da estrada.

Quando deu acordo, tinha chegado. Mas aqui ficou triste.

— Pobre de mim! — pensou. — Vai recomeçar a minha vida de animal judiado... Venci o rei, venci as galinhas do rei, venci os soldados do rei; mas pior que tudo isso é o malvado frangote carijó deste galinheiro. Que será de mim?

Enchendo-se de ânimo, porém, entrou no velho cercado onde nascera. Entrou ressabiado, com mil cautelas, espia de um lado, espia de outro.

Mas aconteceu o que ele jamais esperara. As galinhas vieram rodeá-lo, muito amáveis, com festinhas e olhares meigos. Quanto ao frango arreliento, nem sombra!

— Que é dele? — perguntou o sura.

— Foi para a panela — responderam as galinhas.

O pinto criou alma nova. Depois, olhando, olhando e não vendo o galo, indagou:

— E o galo esporudo?

— Morreu de gogó — disse com lágrimas nos olhos uma bela poedeira.

O pinto sura deu um pinote de alegria.

— E... e quem é o galo agora?

— É você, beleza!... — exclamaram todas as frangas em coro.

Só então o sura compreendeu que a viagem tinha levado muito tempo e ele não era mais o pobre pinto que dali partira e sim um formoso galo, de crista no alto do coco e esporas apontando nos pés.

Em vista disso pulou para cima dum jaca, estufou o papo e desferiu um canto de vitória:

Có-có-ri-có-có!
Quem é o rei daqui?

E a galinhada inteira respondeu: O galo sura só!

O pinto já não era mais pinto, e sim um corajoso galo...
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Todos gostaram, sobretudo do pedaço em que pegou um papelzinho do chão e disse que era carta.

— Bobinho, bobinho... — comentou Emília. — Tal qual o pinto com que sonhei...
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Continua… XXXI – O Jabuti e o Homem
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Fonte:
LOBATO, Monteiro. Histórias de Tia Nastácia. SP: Brasiliense, 1995.
Este livro foi digitalizado e distribuído GRATUITAMENTE pela equipe Digital Source

Anderson Moço (Projetos Didáticos) Parte final


10 Como apresentar a proposta à turma?

O primeiro passo é criar um clima de curiosidade. Para envolver a garotada, de nada adianta só dizer: "Vamos trabalhar nos próximos meses com um projeto". "O sucesso da estratégia está condicionado ao interesse despertado no estudante, valorizado como pesquisador e expositor do que apreendeu", explica Jorge dos Santos Martins, autor de livros sobre projetos de pesquisa.

O ideal é começar a conversa problematizando o tema e o produto final. Nesse caso, o recomendado é envolver os alunos na discussão sobre como chegar ao resultado esperado. A professora Lisiane Hermann Oster, do Sesquinho - Escola de Educação Infantil do Sesc, em Ijuí, a 410 quilômetros de Porto Alegre, seguiu à risca essa recomendação. Ao desenvolver um projeto sobre o sistema de numeração com uma turma de 5 anos, ela se baseou nas seguintes questões: para que servem os números? Onde eles aparecem em nosso dia a dia? Os pequenos falaram do número do sapato, do peso e da altura. Só então ela propôs criarem um jogo de cartas do tipo Supertrunfo e perguntou como fazer isso. Com os passos do trabalho já previstos, Lisiane foi ajustando o que eles diziam e apresentou as etapas a ser seguidas.

11 Quando é preciso replanejar?

Sempre, já que nunca o que foi previsto se confirma totalmente na prática. Em geral, o planejamento é ajustado e repensado a cada etapa vencida, de acordo com os indícios que os alunos dão sobre o que estão efetivamente aprendendo durante o processo. É comum identificar pontos que precisam ser retomados antes de iniciar a etapa seguinte ou conteúdos que necessitam ser reforçados para garantir novas aprendizagens. "Todo professor deve se perguntar ao fim de cada atividade ou etapa se o andamento do trabalho está de acordo com o que quer ensinar", recomenda Paula Stella, coordenadora pedagógica da Comunidade Educativa Cedac, em São Paulo. Um alerta: ter de replanejar uma parte do projeto é muito diferente de desenvolver o trabalho de forma intuitiva. Quando não há um plano, as intervenções ficam menos efetivas e o professor tem de correr, ao término de cada aula, para preparar as atividades da próxima. Replanejar é retornar à etapa anterior, incluir uma nova ou repensar aspectos das que estavam previstas.

12 Vale interferir para aperfeiçoar o produto final?

Sim, mas desde que o objetivo seja fazer com que a própria turma aperfeiçoe o trabalho realizado. Não é tarefa do professor melhorar sozinho o acabamento de um cartaz ou o texto de um diário de campo escrito pelos alunos. Como já devem ter entrado em contato com diversos modelos do produto final escolhido, eles podem retomá-los, comparar ao que produziram e corrigir trechos que não ficaram a contento. "Quando está envolvida com o propósito social do projeto e sabe para que ele serve, a garotada se dispõe a refazê-lo inúmeras vezes", avalia Paula Stella. Prova disso é o projeto sobre a transição do trabalho escravo para o assalariado livre no Brasil, realizado por Juliano Custódio Sobrinho na EM João de Deus Rodrigues, em Petrópolis, a 68 quilômetros do Rio de Janeiro. Para a montagem de um seminário (o produto final escolhido), os alunos realizaram entrevistas com moradores da cidade. Além de pedir que retomassem algumas conversas, ao avaliar um esboço do painel de apoio e da apresentação, o professor apontou problemas e estimulou a construção de novas versões, no que foi prontamente atendido.

13 Como avaliar os estudantes?

No caso dos projetos, são três os eixos de aprendizagem que podem ser considerados na avaliação:

- o conteúdo;
- o aprofundamento no tema;
- a aproximação com a prática social relacionada ao produto final.

As respostas dadas pelos alunos ao longo do processo dão pistas sobre o que já foi compreendido e no que ainda é preciso avançar, assim como os momentos de sistematização dos conteúdos - quando a turma define com suas palavras os conceitos estudados. Para Delia Lerner, o processo permite diminuir a incerteza do professor e do aluno porque nele se passam a limpo os conteúdos ensinados e aprendidos. Outra boa estratégia é, no fim de cada atividade, fazer uma análise das produções, que funcionam como um retrato da aprendizagem até aquele ponto. O conjunto delas pode revelar os avanços e os problemas enfrentados por cada um. Da mesma maneira, o produto final, em suas sucessivas versões, também mostra o percurso pelo qual o aluno passou.

Os projetos possibilitam ainda uma avaliação do trabalho do professor e indicam em que pontos sua condução precisa ser ajustada. Um meio de fazer isso é pensar nos objetivos de ensino e nas condições didáticas oferecidas. A análise das produções realizadas e das respostas dadas pelos estudantes no desenvolvimento do projeto também pode ser vista sob a ótica do ensino. Algumas questões que norteiam as análises: a forma de conduzir o trabalho foi adequada? Foram feitas intervenções sempre que necessário? As atividades responderam ao objetivo de cada etapa? Os materiais usados foram adequados? O tempo previsto foi suficiente? Esse tipo de reflexão tem uma importância formativa única para o professor e pode impactar positivamente a prática cotidiana.

14 Qual a importância da culminância?

São duas as funções principais das cerimônias de fechamento de um projeto didático: dar ao aluno visibilidade para o processo de aprendizagem pelo qual passou e apresentar o trabalho da turma para a comunidade e os pais, que são estimulados a perceber o avanço de seus filhos.

O evento só cumprirá esses dois papéis se estiver prevista a exposição dos objetivos de cada atividade realizada, dos registros das várias versões do produto final e das fotos que ilustram o processo. Fazer uma festa bonita não deve ser a maior preocupação da escola- como é bastante comum -, mas o mínimo de organização precisa ser garantido.

Sem despender muito tempo nessa tarefa, professores e gestores precisam tomar uma série de providências, como conseguir microfones para as apresentações orais, organizar as cadeiras para os convidados e distribuir pelo espaço reservado para o evento suportes para expor os trabalhos. "Não é correto transformar a culminância na grande estrela de um projeto. O mais atrativo é o caminho pelo qual todos passaram e as realizações das crianças", explica Maria Alice Junqueira. Alerta: a participação dos alunos na culminância deve ter caráter pedagógico, incluindo a definição de critérios para a exposição do material, e não na produção de enfeites, o que não se relacionam a nenhum objetivo.

BIBLIOGRAFIA
Ensinar: Tarefa para Profissionais, Beatriz Cardoso (org.), 406 págs., Ed. Record, tel. (21) 2585-2000
Ler e Escrever na Escola: O Real, o Possível e o Necessário, Delia Lerner, 128 págs., Ed. Artmed, tel. 0800-703-3444
Livros de Alfabetização e de Português:Os Professores e suas Escolhas, Antônio Augusto Gomes Batista e Maria da Graça Ferreira da Costa Val (orgs.), 240 págs., Ed. Autêntica, tel. 0800-2831-322
O Ensino da Linguagem Escrita, Myriam Nemirovsky, 160 págs., Ed. Artmed
O Poder dos Projetos - Novas Estratégias e Soluções para a Educação Infantil, Judy Helm e outros, 175 págs., Ed. Artmed,
Piaget-Vygotsky - Novas Contribuições parao Debate, Delia Lerner e outros, 176 págs.,Ed. Ática, tel. 0800-11-5152,
Propostas Didáticas para Aprender a Escrever, Anna Camps (org.), 220 págs., Ed. Artmed,
Trabalho com Projetos de Pesquisa: Do Ensino Fundamental ao Ensino Médio, Jorge Santos Martins, 144 págs., Ed. Papirus, tel. (19) 3272-4500

Fonte:
Revista Nova Escola.

XIX Congresso Brasileiro de Poesia (Abertas Inscrições para Antologias Oficiais)



Caro Poeta,

Dentre todos os projetos desenvolvidos durante o CONGRESSO BRASILEIRO DE POESIA, o que mais vem repercutindo junto à comunidade escolar de Bento Gonçalves é o POESIA NA ESCOLA, que consiste na publicação das coleções “POESIA DO BRASIL” e “POETA, MOSTRA A TUA CARA”.

No ano de 2010, foram distribuídos às escolas do município e região 1.200 exemplares dos volumes 11 e 12 das antologias “POESIA DO BRASIL” e do volume 7 da antologia “POETA, MOSTRA A TUA CARA” e a previsão é de que este ano possamos chegar aos 2.500.

A exemplo do ano passado, as antologias serão publicadas com antecedência, para que cheguem às escolas no máximo no início do mês de agosto, possibilitando assim que os alunos possam conhecer um pouco do trabalho dos poetas que vão estar no evento em outubro.

As antologias serão publicadas no sistema cooperativado e obedecerão às seguintes normas:

POESIA DO BRASIL (VOLUMES 13 e 14)

1 - Custo por participação por volume: R$ 665,00

2 - número de páginas por participantes: 6, sendo 5 com poemas e a restante com biografia e foto do autor;

3 - número de exemplares que cada autor terá direito: 40 além dos 20 que cederá para distribuição por ocasião do lançamento da antologia e para as escolas.

POETA, MOSTRA A TUA CARA (volume 8)

1 - Custo por participação: R$ 270,00

2 - número de páginas por participantes: 3, sendo 2 com poemas e a restante com biografia e foto do autor;

3 - número de exemplares que cada autor terá direito: 30 além dos 20 que cederá para distribuição por ocasião do lançamento da antologia e para as escolas.

IMPORTANTE:

1 – Pagamento parcelado através de cheques pré-datados que deverão ser enviados juntamente com as provas revisadas

2 – A remessa dos exemplares será por conta do autor

3 - O lançamento oficial das antologias será nas noites dos dias 4 e 5 de outubro, dentro da programação oficial do XIX Congresso Brasileiro de Poesia.

Gostaríamos de contar com sua participação

Abraços
ADEMIR ANTONIO BACCA

Presidente Sur/Brasil – Coordenador XIX Congresso Brasileiro de Poesia

PRAZO FINAL DE ENVIO DO MATERIAL: 30 DE JUNHO

Fonte:
Ademir Antonio Bacca (Consul de Bento Gonçalves/RS – Poetas del Mundo)
As imagens das capas dos livros são referentes aos lançados em 2010.

Sarau à Beira-Mar em Charitas – Niterói - RJ


Dia 13/05/2011 – sexta-feira – das 19 às 22h.

Local: QUIOSQUE 22 (quiosque do Cyrino)

próximo a estação de Catamarãs.

Compareça para declamar poesias, ler seus textos,
bater um papo poético e
saborear os petiscos deliciosos do quiosque do Cyrino.

Obs: O evento é grátis, porém cada participante arcará com as despesas de consumo individualmente.

Compareça!!!

Dê-nos o prazer de sua companhia.

Será bem-vindo(a).

Contato com: VALDIR BARRETO RAMOS
Cônsul Poetas del Mundo – Niterói – RJ
vb_ramos@hotmail.com
fone: (21) 8692.4008

Fonte:
Valdir Barreto Ramos

Sarau Literário no Recife


Artigo por Claudia Giane

Uma das galerias de arte mais conceituadas do Recife, a Arte Plural, consagradíssima principalmente por causa de suas exposições de artes plásticas e fotografias, abre espaço para mais uma manifestação artística: a Literatura. O espaço, em parceria com o produtor cultural Homero Fonseca, vai abrir para eventos literários. E o primeiro já será na próxima sexta-feira (26/05), com o Sarau Plural. O evento está planejado para acontecer em todas as últimas terças-feiras do mês. O primeiro encontro terá como tema a própria cidade do Recife, com textos e músicas pernambucanas. Os poemas serão declamados pelo premiado escritor Raimundo Carrero. As trilha musical ficará a cargo de Flavio Brayner e o produtor e ator de teatro Sérgio Gusmão também fará apresentações especiais na ocasião.

SERVIÇO:

Sarau Plural Tema: Ser do Recife
Com Homero Fonseca, Raimundo Carrero, Flávio Brayner e Sérgio Gusmão

Na Arte Plural Galeria, Rua da Moeda, 140, Bairro do Recife

Dia 26 de maio, a partir das 19h

Aberto ao público
Informações: (81) 3424.4431

Fontes:
Zany Lopes [Cônsul de Poetas del Mundo - Olinda - PE]
Imagem = Senda Doce

terça-feira, 10 de maio de 2011

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 211)


Uma Trova Nacional

Mulher de rara beleza
não deve, jamais, pintar-se,
pois obra da natureza
não necessita disfarce.
–RUTH FARAH/RJ–

Duas Trovas Potiguares

Saí da roça cansado,
andando meio de banda;
depois de um banho amornado,
pus-me a "sonhar" na varanda.
–TARCÍSIO LOPES FERNANDES/RN–

Contemplo o céu estrelado,
no silêncio da amplidão,
eu penso que ele é bordado
de rendas feitas à mão.
–ULISSES FREITAS JUNIOR/RN–

Uma Trova Premiada


2006 - Balneário Camboriú/SC
Tema: PESCADOR - M/E


Pescador mais esportivo
deixa seu peixe escapar,
melhor solto que cativo,
para assim o preservar.
–ELIANA JIMENEZ/SC–

...E Suas Trovas Ficaram


Nosso grande encantamento,
quando a julgar eu me ponho,
é o encanto do momento
do nosso primeiro sonho.
–FERNANDO VASCONCELOS/PR–

Simplesmente Poesia


–SUELY NOBRE FELIPE/RN–

Estranho Olhar


A estranheza do teu olhar
Abespinha minha pele
Sangrando-a sem compaixão.
E é essa estranheza em teu olhar
Que afugenta meus pensamentos
Deixa meu corpo em agonia
Impedindo-me de te amar.

Estrofe do Dia

Vendo a imagem de Cristo coroado
Com os espinhos da maldade humana
E vendo dos seus olhos que emana
O imenso Amor que foi, a nós, doado,
Eu lembro com tristeza que o pecado
É algo muito ruim! E eu conclamo
A todos os irmãos, gritando. E chamo:
- Busquemos, ao invés de guerra, Paz!
- Façamos que o amor que ora jaz,
Ressurja! E ao irmão, diga-se: O AMO!!
–ROSA REGIS/RN–

Soneto do Dia

–FLORBELA ESPANCA/ESP–
Em Busca do Amor

O meu Destino disse-me a chorar:
"Pela estrada da Vida vai andando,
E, aos que vires passar, interrogando
Acerca do Amor, que hás-de encontrar."

Fui pela estrada a rir e a cantar
As contas do meu sonho desfiando...
E a noite e dia, à chuva e ao luar,
Fui sempre caminhando e perguntando...

Mesmo a um velho eu perguntei: "Velhinho,
Viste o Amor acaso em teu caminho?"
E o velho estremeceu... olhou...e riu...

Agora pela estrada, já cansados,
Voltam todos pra trás desanimados...
E eu paro a murmurar: "Ninguém o viu!..."

Fonte:
Textos enviados pelo Autor
Montagem do quadro com imagens obtidas na internet e enviadas pelo Ademar.
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Obs: a montagem é apenas ilustrativa, espero que o amor do Ademar entenda que a foto da mulher é fictícia. Aviso como precaução para ela não cismar de enfiar a "peixeira" nele e em mim.