sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 350)


Uma Trova Nacional

O perdão é tão sublime
que, por mais que a ofensa doa,
põe uma paz que redime
no coração que perdoa.
-ZENAIDE MARÇAL/CE-

Uma Trova Potiguar


Entre o amor e o sonho vão,
eu sei que foste, querida,
a chave de uma ilusão
na porta da minha vida.
-SEBASTIÃO SOARES/RN-

Uma Trova Premiada

2011 - ATRN-Natal/RN
Tema : VERTENTE - 1º Lugar

Quando ilusões apagaram
as luzes daquele encanto,
meus olhos se transformaram
numa vertente de pranto...
-ANGÉLICA VILLELA SANTOS/SP-

Uma Trova de Ademar


Tendo o verso em parceria
mesmo aqueles mais tristonhos,
fiz um sarau de Poesia
numa varanda de sonhos.
-ADEMAR MACEDO/RN-

...E Suas Trovas Ficaram


Ao lembrar que o teu brinquedo
é decifrar-me, sorrio...
- De nada vale o segredo
de um velho cofre vazio.
-ALONSO ROCHA/PA-

Simplesmente Poesia


No Prelo.
-ABÍLIO PACHECO/BA-

Se a minha palavra é a minha busca
de uma vida inteira em todo mundo
e ela dorme encantada à sombra
de um livro raro, quiçá
encontrá-la-ei num alfarrábio,
num sebo, numa biblioteca pública...
Quem sabe minha resposta ainda
esteja no prelo.

Estrofe do Dia :


"Para Maria Teresa, Filha de Delcy Canalles/Rs"

Bem cedinho eu olhando o calendário
descobri que hoje é dia de alegria,
pois Teresa hoje faz aniversário
e eu compus para ela esta poesia.
Com essa jovem senhora e sonhadora
grande Mãe, grande Avó, grande Pintora,
eu irei festejar, mesmo daqui;
e pelos anos que hoje ela completa
vai aqui os parabéns deste Poeta
e um beijo carinhoso de Delcy.
-ADEMAR MACEDO/RN-

Soneto do Dia


Soneto Para Teresa.
-DELCY CANALLES/RS-
"Para a filha Maria Teresa"

30 de setembro, hoje, eu gostaria
de poder te abraçar, filha querida!
Tu és a causa da minha alegria
e a maior emoção, por mim, sentida!

56 anos de Arte e Estesia,
me fazem esta mãe agradecida,
que pede a Deus, por ti, neste teu dia,
e em cada dia de uma longa vida!

Brilhas na profissão de jornalista
e assombras, na pintura, como artista!
As tuas telas são uma beleza!

Junto ao esposo, aos filhos e aos teus netos,
desejo que tu vivas entre afetos,
querida filha, MARIA TERESA!

Fonte:
Textos enviados pelo autor

Florbela Espanca (Mensageira das Violetas) IV


RÚSTICA

Ser a moça mais linda do povoado,
Pisar, sempre contente, o mesmo trilho,
Ver descer sobre o ninho aconchegado
A bênção do Senhor em cada filho.

Um vestido de chita bem lavado,
Cheirando a alfazema e a tomilho...
Com o luar matar a sede ao gado,
Dar às pombas o sol num grão de milho...

Ser pura como a água da cisterna,
Ter confiança numa vida eterna
Quando descer à "terra da verdade"...

Meu Deus, dai-me esta calma, esta pobreza!
Dou por elas meu trono de princesa,
E todos os meus reinos de ansiedade.

CONTO DE FADAS


Eu trago-te nas mãos o esquecimento
Das horas más que tens vivido, amor!
E para as tuas chagas o ungüento
Com que sarei a minha própria dor.

Os meus gestos são ondas de Sorrento...
Trago no nome as letras duma flor...
Foi dos meus olhos garços que um pintor
Tirou a luz para pintar o vento...

Dou-te o que tenho: o astro que dormita,
O manto dos crepúsculos da tarde,
O sol que é d´ouro, a onda que palpita.

Dou-te comigo o mundo que Deus fez!
- Eu sou aquela de quem tens saudade,
A princesa de conto: "Era uma vez..."

EU


Até agora eu não me conhecia,
Julgava que era eu e eu não era
Aquela que em meus versos descrevera
Tão clara como a fonte e como o dia.

Mas que eu não era eu não o sabia
E, mesmo que o soubesse, o não dissera...
Olhos fitos em rútila quimera
Andava atrás de mim...

E não me via!
Andava a procurar-me - pobre louca!
- E achei o meu olhar no teu olhar,
E a minha boca sobre a tua boca!

E esta ânsia de viver, que nada acalma,
É a chama da tua alma a esbrasear
As apagadas cinzas da minha alma!

PASSEIO NO CAMPO

Meu amor! Meu amante! Meu amigo!
Colhe a hora que passa, hora divina,
Bebe-a dentro de mim, bebe-a comigo!
Sinto-me alegre e forte! Sou menina!

Eu tenho, amor, a cinta esbelta e fina...
Pele dourada de alabastro antigo...
Frágeis mãos de madona florentina...
- Vamos correr e rir por entre o trigo!

Há rendas de gramíneas pelos montes...
Papoulas rubras nos trigais maduros...
Água azulada a cintilar nas fontes...

E à volta, amor... tornemos, nas alfombras
Dos caminhos selvagens e escuros,
Num astro só as nossas duas sombras...

MENDIGA


Na vida nada tenho e nada sou;
Eu ando a mendigar pelas estradas...
No silêncio das noites estreladas
Caminho, sem saber para onde vou!

Tinha o manto do sol... quem mo roubou?!
Quem pisou minhas rosas desfolhadas?!
Quem foi que sobre as ondas revoltadas
A minha taça de ouro espedaçou?

Agora vou andando e mendigando,
Sem que um olhar dos mundos infinitos
Veja passar o verme, rastejando...

Ah, quem me dera ser como os chacais
Uivando os brados, rouquejando os gritos
Na solidão dos ermos matagais!...

SUPREMO ENLEIO


Quanta mulher no teu passado, quanta!
Tanta sombra em redor! Mas que me importa?
Se delas veio o sonho que conforta,
A sua vinda foi três vezes santa!

Erva do chão que a mão de Deus levanta,
Folhas murchas de rojo à tua porta...
Quando eu for uma pobre coisa morta,
Quanta mulher ainda! Quanta! Quanta!

Mas eu sou a manhã: apago estrelas!
Hás de ver-me, beijar-me em todas elas,
Mesmo na boca da que for mais linda!

E quando a derradeira, enfim, vier,
Nesse corpo vibrante de mulher
Será o meu que hás de encontrar ainda...

TOLEDO


Diluído numa taça de ouro a arder
Toledo é um rubi. E hoje é só nosso!
O sol a rir...Viv´alma...Não esboço
Um gesto que me não sinta esvaecer...

As tuas mãos tateiam-me a tremer...
Meu corpo de âmbar, harmonioso e moço,
É como um jasmineiro em alvoroço
Ébrio de sol, de aroma, de prazer!

Cerro um pouco o olhar, onde subsiste
Um romântico apelo vago e mudo
- Um grande amor é sempre grave e triste.

Flameja ao longe o esmalte azul do Tejo...
Uma torre ergue ao céu um grito agudo...
Tua boca desfolha-me num beijo...

SER POETA


Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de infinito!
Por elmo, as manhãs de ouro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma e sangue e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!

ALVORECER


A noite empalidece. Alvorecer...
Ouve-se mais o gargalhar da fonte...
Sobre a cidade muda, o horizonte
É uma orquídea estranha a florescer.

Há andorinhas prontas a dizer
A missa d´alva, mal o sol desponte.
Gritos de galos soam monte em monte
Numa intensa alegria de viver.

Passos ao longe...um vulto que se esvai...
Em cada sombra Colombina trai...
Anda o silêncio em volta a q´rer falar...

E o luar que desmaia, macerado,
Lembra, pálido, tonto, esfarrapado,
Um Pierrot, todo branco, a soluçar...

Amar!


Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: aqui...além...
Mais este e aquele, o outro e toda a gente....
Amar!Amar! E não amar ninguém!

Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar.

E se um dia hei de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... pra me encontrar...

Fonte:
ESPANCA, Florbela. A mensageira das violetas: antologia. Seleção e edição de Sergio Faraco. Porto Alegre: L&PM, 1999. (Pocket).

Hermoclydes S. Franco (Proposições a um Vocabulário em Trovas) Letra "B"


BABÁ: que não cause danos,
Para quaisquer afazeres...
BACALHÁU: Dos lusitanos
Eis o maior dos prazeres!

BACO: Grande Deus do vinho.
BAÇO: Glândula. Sem brilho.
BACORIM: É leitãozinho.
BAFEJO: A vida no trilho.

BAGUNÇA: Pândega; Inteira
E ruidosa reinação...
BAILE: Na côrte ou gafieira
Sempre a mesma animação.

BAITA: Grande; Bem crescido.
BAIXEL: Uma embarcação.
BAIXELA: Brinde querido
Que vira “de estimação”...

BANDA: Marcial ou “furiosa”,
Sons para todos os gostos.
Também rasteira maldosa
Que machuca muitos rostos...

BANDEIRA: A própria nação;
Símbolo para se amar;
Praça que, em pleno verão,
No Rio... parece o mar....

BOCEJO: Em marmanjo é sono
Mas, em nenê, é gracejo...
Enfado em que nem o dono
Da boca, doma-la, vejo.

BORDEL: Velho lupanar,
Ou melhor, casa suspeita.
(Depois do motel chegar,
agora, tudo se ajeita).

BOTE: Embarcação pequena
Que ajuda na pescaria...
De uma cobra que envenena
Deus nos livre! Ave-Maria!

Fonte:
O Autor

Silvia Araújo Motta (Envelhecer sem Notar)


Poema Nº 1582

Vejo nas folhas que caem
que o inverno vai chegar,
Nas estrelas que se apagam,
meu tempo de descansar.
Relógio? Desnecessário.
Valorizo minha hora,
no segundo extraordinário,
vivo pensando no "agora".
Meio século de vida
e os sete cumpro a somar...
na música, amor, poesia,
Trago a missão bem cumprida
com metas, planos de um dia...
Nos sonhos e fantasias,
um trabalho útil, honroso
de incontáveis alegrias,
fez-me o mundo prazeroso.
Valores transcendentais
aos minutos cultivados
a buscar cada vez mais
espíritos elevados...
Ficarei "sex"? Pois sim!
Com perfeita lucidez?
SEXagenária? Ah! Sim...
Daqui a pouco é minha vez!
SEXOxigenada nos cabelos...
Mais adolescente, talvez...
A história de cada saudade
dos momentos e pessoas...
Olhos miúdos!!!!!Verdade!
Muito para recordar!
Tantos fatos! Coisas boas!
Na infância e maturidade!
Meus quinze ou vinte anos!
Milagres! Maturidade!
Recebi e dei nos carinhos,
amor, atenção, compreensão!
Trabalhei com inteligência,
pra gostar do que fazia!
Filhos amados!...Meus amores!
Até netos... quem diria!
Lutei pra ter paciência!
Enfrentei tantos problemas!
Alguns consegui vencer
pela Fé que me carrega.
Meu espelho interior
Diz-me até...que já cresci!
Da gravidez... na balança,
faço o parto da alegria...
Agradeço todo dia
a Deus, pelo meu talento,
pelo amor, pela alegria
e pelo conhecimento.
O sol nasce acima das nuvens
e a lua inteira brilha no lago
porque alta vive, a cada dia!
Envelheci e não vi...por isso,
começaria tudo outra vez.

Fonte:
Poesia enviada pela autora

Raquel Amélia dos Santos (Ler com a Alma)


Ler é muito mais do que simplesmente decifrar o código escrito. A leitura plena e eficaz de qualquer tipo de texto, só acontece quando o que se dispõe a fazê-lo, assume-se participante do objeto da leitura no sentido de utilizar mais do que seus conhecimentos sobre o código.

É uma atividade complexa e carregada de possibilidades de criação, interação e interpretação entre indivíduos e contextos.

O leitor aplica ao ato de ler, conhecimentos linguisticos e gramaticais, que são internalizados durante sua trajetória e vivência com a linguagem escrita.

Além desses conhecimentos, ainda pode e deve contar com a imaginação, o raciocínio, a vontade, e uma flexibilidade suficiênte para deslocar-se para o ponto de vista do escritor.

Esse deslocamento acontece mesmo que seja inconsciente e provisório.

Vale lembrar também, que nem escritor, nem leitor estão neutros diante de uma produção textual, seja ela literária ou não.

Escritor e leitor são portadores de uma história e de uma bagagem cultural que acabam por determinar e porque não dizer, personalizar os modos de leitura, interpretação e aplicação do objeto lido.

Saber-se participante de uma produção textual, pode ser um bom caminho na construção da necessária flexibilidade que deve permear o ato de ler.

Por meio da leitura é possível conhecer novas e antigas idéias, rever, elaborar e reelaborar pensamentos, informações e conhecimentos.

O que é escrito em papel, numa tela de computador ou em qualquer outro portador, não traz consigo uma verdade absoluta e irrevogavel. Um texto escrito, comporta apenas parte de modos de pensar, parte de uma filosofia, parte de crenças e até parte da imaginação e fantasia de alguém.

O texto escrito, tem suas limitações. A linguagem escrita não pode contar com todos os elementos contextuais, com gestos, expressões faciais, movimentos ou expressões corporais. Apesar de seus limites, mobiliza tanto o que escreve como o que lê o que foi escrito.

Leitor e escritor fazem uma espécie de trabalho em equipe. E neste trabalho, há constante movimento.

O leitor lê, pode ler, reler, fazer anotações, pensar, comparar, parar a leitura, continuar e utilizar-se dela de várias maneiras. O escritor também conta a mobilidade de reelaborar, rever, repensar e reeditar suas produções. E em muitos casos, o faz em decorrência do retorno e interação gerados pelo público alvo de seu trabalho.

A mobilidade da qual escritor e leitor utilizam-se, promove aprendizagem mútua e aciona mais que a habilidade de reconhecer o código escrito e decifrá-lo, pois a relação que se estabelece entre esses agentes, é permeada de elementos pessoais, emocionais, sociais, intelectuais, culturais e até afetivos.

Vendo por este ângulo, pode-se afirmar que é possivel escrever e ler com a alma.
Ler com a alma é ler com a plenitude do ser. O ser é o que se é de fato, a essência. O que há de permanente na personalidade ou no caráter de cada pessoa.

É certo que há um estar sendo, uma parte de atitudes e pensamentos de cada pessoa, que é transitória. É o ser é quem decide sobre a parte transitória que há em cada um.

Pode ser que a leitura seja em alguns momentos motivada pelo ser, em outros momentos pelo estar sendo e as vezes pelos dois.

Um tema sobre o qual algum escritor decide escrever pode servir como alimento do ser ou do estar sendo.

Na perspectiva de alimentar a alma ou o intelecto por exemplo, a leitura é sempre motivada pelo desejo ou necessidade de cada pessoa, que são regidos pelo Ser.

No entanto, a necessidade por si só, nem sempre tem força para acionar o desejo. Já o desejo, atua com mais eficácia sobre o ser que o porta. Este atua mesmo não havendo necessidade.

O desejo é mais poderoso que a necessidade em muitos casos. Uma pessoa tem a necessidade de alimentar-se, mas pode não sentir fome ou vontade de comer. Neste caso, a necessidade pura e simples, não é suficiente para provocar a ação. Já o desejo, busca seus interesses, mesmo não havendo uma real necessidade.

A leitura é uma atividade que muitas vezes é tratada como mera necessidade. Como em muitos casos nos processos de ensino/aprendizagem na educação formal, em que a ação de ler é tratada unicamente objetivando a apreensão de conteúdos propostos em uma disciplina que compõe o currículo.

O desejo de ler, nem sempre apoia-se em razões bem claras e definidas. Mas também pode surgir por várias razões. Até por "razões mágicas", afirma Rubem Alves: "Ler é um ritual antropofágico. (...) A antropofagia não se fazia por razões alimentares. Fazia-se por razões mágicas. Quem come a carne do sacrificado se apropria das virtudes que moravam no seu corpo. (...) Cada leitura é um ritual mágico."

Desejo e necessidade, nem sempre andam juntos. Mas são elementos impulsionadores da alma humana.

Quando criança deleitava-me com uma professora que lia histórias em voz alta para a turma. A leitura feita por ela, continha aspectos singulares como, entonação de voz, ritmo e uma musicalidade que lhe eram próprias, fez toda diferença para minha formação como leitora.

Uma de minhas irmãs, Rute, lia para mim e para meus irmãos. Lia trechos da bíblia, histórias do livro "As mil e uma noites" e outros. Ela também me ensinou a ler. Quando entrei para a escola, já sabia ler.

Sua voz, postura e visão sobre os textos lidos nunca saíram da minha memória.
Ela despertou em mim disposição e desejos por "rituais mágicos", que são realizados através da poder proporcionado pela leitura.

Hoje assumo a ação de ler como necessidade movida pelo desejo.

Aprender a ler com a alma, é mais que uma necessidade, é ler com a plenitude do ser, tomando emprestado o desejo da alma de alguém, aliando-o ao próprio desejo. Pode ser forma mais flexível de viver e estar no mundo.

Fonte:
Texto enviado pela autora

Francisco Pessoa (De Pessoa para Pessoa)


2º lugar no Concurso Nacional (LITTERIS EDITORA - RJ) dentre 942 poesias concorrentes.

Comemoração do nascimento do grande Fernando Pessoa.

O concurso solicitava que se fizese uma poesia em alusão à sua mais comhecida poesia entre nós. " O poeta é um fingidor, finge tão.......!

Fernando Pessoa

Autopsicografia


O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,

Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas da roda

Gira, a entreter a razão,

Esse comboio de corda

Que se chama coração.


27/11/1930


Fco. José Pessoa De Pessoa para Pessoa

Poesia é um sonho e, se sonhado,
Sobre nuvens volutas, pictóricas,
Rédeas soltas sem bridas, metafóricas,
Faz do poeta um ser místico e alado.
Quem o lê, leia certo ou leia errado,
Sempre os versos encontram seu intento...
Lamentar cada um com seu lamento,
E sorrir cada um com seu sorriso,
Coração de poeta é sem juízo
E a razão de fingir é seu talento!
27/11/2009

Fonte:
Francisco Pessoa

Ialmar Pio Schneider (Soneto Quixotesco IV)


Nascimento de Miguel de Cervantes Saavedra 29 de setembro de 1547

Naquela tarde volta Dom Quixote
de um dos combates contra os moinhos
de vento e vem andando a largo trote,
em seu Rocinante, nos caminhos...

Sancho Pança o acompanha, o bom velhote,
não pertencia ao grupo dos mesquinhos,
vêm devagar sem que ninguém os note,
ouvindo gorjear os passarinhos...

O Cavaleiro Andante está cansado,
em vão tem combatido, tem lutado,
defendendo com fibra sua ideia...

Em que pensava assim andando a esmo?
Um sonho guarda dentro de si mesmo:
conquistar e viver com Dulcineia !

Fonte:
Soneto enviado pelo autor

Academia Sul-Brasileira de Letras (Sarau Poético-Musical)


CONVITE

Tenho a alegria de convidá-los para o Sarau Poético-Musical que a Academia Sul-Brasileira de Letras realizará no Auditório da Casa dos Conselhos, à rua 3 de maio, 1060, no próximo dia 04/10, às vinte horas e trinta minutos, tendo como fonte inspiradora São Francisco de Assis.

Encareço aos apreciadores das Letras levarem textos a serem lidos na ocasião, se assim o desejarem, para maior brilho do evento.

Após será servido coquetel.

Pelotas, 29 de setembro de 2010.

Olga Maria Dias Ferreira
Presidente
--
Fonte:
Ligia Leivas

Amosse Mucavele (Conversa do Pão e da Escrita)


Ao Marcelo Panguana*

Pão- Oi! Ví aquele homem que certa vez disse que conhecia o local onde foram sepultados os Ossos de Ngungunhane** a andar como um louco.

Escrita- Quando?

Pão- Ontem, ao fim da tarde! Acreditas que ele falava para si mesmo dizendo falta-me algo.

Escrita- O que é que fizeste para o ajudar?

Pão- Nada! Somente fiquei com pena dele,e é por isso que estou partilhando consigo este pesadelo, que não sai da minha cabeça mesmo acordado.

Escrita- Sabes! Deverias ter lhe arranjado um livro para ele (pro)ler.

Pão- Pareces que não conheces esta nossa cidade? Na avenida em que cruzei com ele não tem nem sequer uma bilbioteca,ou livraria, o que tem de mais são barracas,discotecas,e drogarias. Mas, amigo! O porquê do livro? Achas que a leitura poderia ter curado a loucura que o acompanhava naquela tarde?

ESCRITA- Sim! Lembro-me dele ter me segredado que quando encotra-se com os livros e lê, ele sente os seus pés a pisarem o chão das coisas que o rodeiam, e a sua alma a dançar a balada dos deuses, e quando anoitece convida o amigo à volta da fogueira, conversam com os seus antepassados e compartilham as estórias de reconciliação.

Pão- Oh,interessante! É por isso que o chamam a voz que fala verdades!A propósito, quando o encontrares, peça-o para me ensinar a tocar xipalapala.***
==============
Notas:

* MARCELO PANGUANA - escritor e jornalista moçambicano,Charrueiro,atualmente é diretor da Revista Proler Fundo Bibliográfico da Lingua Portuguêsa),onde assina uma coluna denominada Algum Algo. Xipalapala nome da coluna que assinava no Jornal Notícias na decada 90.

Publicou - As vozes que Falam de Verdade, 1987; A Balada dos Deuses, 1991; Os Fazedores da Alma, 1997 (com Jorge de Oliveira - entrevistas, Estórias de Reconciliação - com Ungulani Ba Ka Cossa, Os Ossos de Ngungunhane, 2006; Como um Louco ao Fim da Tarde, 2010,e tem no prêlo o livro O Pão e a Escrita.

** NGUNGUNHANE, Mdungazwe Ngungunyane Nxumalo, N'gungunhana, Gungunhana ou Reinaldo Frederico Gungunhana (Gaza, c. 1850 — Angra do Heroísmo, 23 de Dezembro de 1906) foi o último imperador do Império de Gaza, no território que actualmente é Moçambique, e o último monarca da dinastia Jamine. Cognominado o Leão de Gaza, o seu reinando estendeu-se de 1884 a 28 de Dezembro de 1895, dia em que foi feito prisioneiro por Joaquim Mouzinho de Albuquerque na aldeia fortificada de Chaimite. Já conhecido da imprensa europeia, a administração colonial portuguesa decidiu condená-lo ao exílio em vez de o mandar fuzilar, como o fizera a outros. Foi transportado para Lisboa, acompanhado por um filho de nome Godide e por outros dignitários. Após uma breve permanência naquela cidade, foi desterrado para os Açores, onde viria a falecer onze anos mais tarde

*** XIPALAPALA - Substantivo feminino e singular derivado de "Xi-pala-pala", termo incerto no idioma Ronga (também reconhecido como XiRonga) que é um dialecto do sudeste africano e da família Tswa-Ronga, especialmente audível nas regiões do sul de Moçambique e nordeste da África do Sul.


O vocábulo é designativo de uma corneta produtora de magnas sonoridades, sintetizada a partir de uma haste de um antílope cuja específica identificação é impala.

É muito comum em Moçambique, onde diversos povos nativos a utilizavam e ainda usam como meio de chamamento, de convocação para variados mas determinados fins; e.g., para juntar os líderes intelectuais e políticos em uma reunião importante onde cruciais assuntos eram e são debatidos ou, até mesmo, somente para unificar o povo em alguma celebração ocasional ou oficializada, alguma ocorrência espontânea ou preestabelecida.

Exemplo: O chefe da tribo fez soar a xipalapala, chamando todos os constituintes do grupo à sua presença.

Ele tem voz de xipalapala. Todo o bairro escuta suas profundas falas quando ele conversa na intimidade de sua casa com sua mulher


Fontes:
O Autor
NGUNGUNHANE e XIPALAPALA = wikipedia

Silvia Araújo Motta (Acróstico para O Voo da Gralha Azul numero 7)


Acróstico nº 3949 de agradecimento ao Presidente, Acadêmico José Feldman/PhI/ALB/Paraná.
Por Sílvia Araújo Motta/BH/ALB/MG.

O-O VOO da GRALHA AZUL nº SETE...

V-Veio do Paraná-Junho/Agosto de 2011.
O-O Acadêmico J.Feldman, na internete
O-Ostenta a Idealização, Seleção e Edição;

D-Digno de aplausos, em sua Presidência:
A-Academia de Letras do Brasil, do Paraná.

G-Garante o sucesso do excelente Blogspot,
R-Rico de pura e clássica LITERATURA...
A-Agora, em cento e sessenta e nove páginas,
L-Leva o ALMANAQUE que semeia cultura!
H-Hoje, pode colher seus sonhos plantados:
A-A Poesia e Prosa criam asas pela inspiração!

A-A Gralha Azul chegou silenciosamente...
Z-Zelosamente, trouxe de Sílvia Araújo Motta
U-Uma nota autobiográfica, em seis sonetos...
L-Liderando a esperança de mudança na rota.

---Muito Obrigada,Presidente J.Feldman!---

Fonte:
A autora