sábado, 6 de maio de 2023

Policarpo da Silva (O Piolho Viajante) Carapuça VI


Parece, à primeira vista, que eu passaria mal na cabeça de um boticário porque, se houvesse quem receitasse piolhos para alguma icterícia, não ficaria piolho vivo nas cabeças de casa. Mas onde os outros julgam o mal, aí é que eu achei o remédio. Boticário jamais dá o que se lhe pede. Por isso mesmo sempre vendem gato por lebre e nunca lhes falta nada na botica. Suponhamos nós que o Médico receitava piolhos. Que fazia ele? Ia ao leito, apanhava percevejos e analisava, dizendo: —Tanto é bicho o piolho como o percevejo. Com que se sustenta o piolho? Com sangue. Que faz o piolho? Morde. E o percevejo, que faz? Também morde. E demais, se o piolho é balsâmico, o percevejo não só o é mas também odorífero. O piolho morre, o percevejo remoça. O piolho é triste, o percevejo é alegre. A cor deste é muito mais bonita que a daquele. E concluía: — O percevejo anda por leitos recamados de ouro e damasco e quando chega lá um piolho? Nunca.

No tempo dos porcos, era o meu São Martinho, porque, como o boticário fazia banha, andava sempre limpando as mãos à cabeça. Mas esta lambição ia-me dando que entender, porque uma vez que tinha lidado com os pós de Joanes, limpou também as mãos. Eu fui muito abelhudo, parecendo-me grangeia (drágea). Por um nada que os não como. O que valeu foi ter tido uma indigestão na véspera e entrar no receio de comer coisa doce, porque eu, a este tempo, já me sabia curar a mim próprio pela prática de todos os dias estar ouvindo casos e decisões sobre a Medicina, principalmente a um que era a vera efígie do Doutor Sangrado.

Ele estava justo com o boticário. Repartiam os ganhos, à exceção do defunto. E o tal amigo era tão hábil na tal nigromancia de curar que teve a habilidade de receitar trinta e três receitas para um que já estava morto havia trinta e três horas, dizendo à gente da casa que era um acidente interior mas que ainda podia tornar a si e que os remédios eram para o fim de que o acidente saísse do interior para fora, o que nunca saiu. Foi com ele à cova.

Tinha também o tal boticário uma receita para olhos que era coisa nunca vista e a um seu vizinho que teve esta moléstia curou-o em três dias. Quero dizer a receita por ser coisa útil. Meteu-o numa casa às escuras e depois sacou-lhe todos os trastes da casa e pintou-lhe vários bonecos com carvão pelas paredes. Disse ao homem que podia sair, que estava bom. O doente, que não viu traste nenhum em casa, clamou que estava pior porque não via nada. Mas o boticário teimou que era mentira e perguntava-lhe: — Vossemecê não vê estas pinturas pelas paredes? — Vejo sim senhor, respondia o pobre homem. Reperguntava-lhe: — E vossemecê, antes de eu o curar, via-as? — Não senhor.

—Então para que se queixa, se vossemecê está vendo tão bem? Até vê o que não via antes da cura.

Na verdade um homem como este nunca havia de morrer. Tinha muitas receitas particulares e foi tão bruto que morreu sem deixar nenhuma aos parentes. Alguma, que se sabe, pilhou-se a dente. Também tinha uma para a espinhela caída, que era um pasmo. Fazia uma massinha e, em lugar de formar pílulas, fazia uma espinhela, secava-a, moía-a e, dissolvida em sal amoníaco, fazia-a beber ao doente, deitado da banda da espinhela. Ao fim de três horas tornavam os pós à sua primeira forma e eis o doente com uma espinhela nova. Compôs um Tratado para tirar dentes, em cinco livros de fólio, que ensinava o método de tirar as raízes sãs deixando os dentes podres de forma que, no seu bairro, ninguém tinha raízes. Um sujeito, para pôr umas de Quaresma no seu quintal, foi-lhe pedir licença. Também tinha ópio para todo o mundo. Quem queria dormir ia lá. Houve ali um sujeito que se queixava que havia quarenta dias que não pregava olho e ele, sem prego nem martelo, apresentou-lhe tanta quantidade de ópio que ainda hoje o não abriu. Todos os anos tinha um presente do coveiro da Freguesia pelo bem que lhe fazia. Nunca comprou pevide (semente) de melão e de melancia. Comprava as das abóboras que eram quase de graça e dizia: — Para que é amendoada? Para refrescar. Pois a abóbora é muito mais fresca.

Sabem com que ele quinava qualquer remédio? Com macela e nunca isso matou ninguém. Tinha um conhecimento de ervas que não lhe faltava senão comê-las. Uma vez que um médico receitou sal inglês para uma purga (laxante), exclamou ele: — Ó tempos! Ó costumes! Não se faz caso senão dos gêneros estrangeiros. Pois não há de ser assim. Fez a purga de sal português e o pobre doente esteve a beber água todo o dia. Sobreveio-lhe uma febre à noite e no outro dia foi para a Eternidade. Mas à portuguesa. Na verdade, tinha coisas muito galantes. Um remédio que ele tinha para defluxos ajudava-os a cair no peito e depois, então, é que os levantava, se podia. Também tinha um remédio para pólipos que, dentro de meio minuto, secava pela raiz pólipo e nariz. O que lhe valia era um amigo Poeta que tinha, que lhe os fazia depois de cera, para os doentes não ficarem com defeito.

Um dia, trazendo-lhe o tal duas dúzias deles, entrou o boticário a teimar que um não prestava e o Poeta a dizer que era o melhor. E pondo-lhe na cara, disse: — Para um homem assim da sua idade, com barrete na cabeça, está-lhe pintado. Que faz o boticário? Põe o nariz no Poeta, saca o barrete e põe-lhe também. Eu, que tinha estado a ouvir a conversação e morria, havia muito, por estar numa destas cabeças, passei muito depressa para o barrete e com o mesmo para a cabeça deste Virgílio, que é o assunto da Carapuça VII.

Fonte:
Disponível em Domínio Público
Policarpo da Silva. O piolho viajante. Portugal, publicado em livro em 1821.

sexta-feira, 5 de maio de 2023

Coelho Neto (O Milagre)

Indo um homem à floresta lenhar, descobriu na broca de um tronco um ídolo grosseiro e logo, acendido em zelo devoto, tomou-o nos braços e regressou contente à vila.

Rapidamente espalhou-se pelo lugarejo a notícia do achado e não faltaram presságios felizes, atribuindo o aparecimento da imagem a intuitos de mercês com que Deus queria premiar as pessoas.

Na tarde do mesmo dia, que foi de alegre alvoroço, encheu-se a cabana do lenhador, onde o «santo», entre luzes e flores, sobre uma mesa forrada de linho alvo, avultava como uma tora apenas falquejada (desbastada). Choveram esmolas, multiplicaram-se promessas e, como eram indistintas as feições do ídolo, cada qual o apelidou conforme a sua devoção, e foi assim que o santo teve vários nomes, prevalecendo, porém, o de “Senhor Aparecido”.

A nova propalou-se ás povoações vizinhas. Começaram as romarias e, com elas — porque a cabana não podia comportar a turba de devotos — veio a ideia de levantar-se uma capela, onde a imagem tivesse agasalho digno e todos a pudessem contemplar à vontade, pedindo-lhe o que pretendessem.

Não faltaram materiais nem obreiros e, pouco a pouco, ao som de cânticos, foram subindo os muros da capela.

Contavam-se os enfermos por centenas, vindos de várias partes — cegos, febrentos, lázaros e paralíticos, todos pedindo a cura e fazendo promessas generosas. 

O santo, sempre entre flores e luzes, parecia indiferente aos rogos dos infelizes.

Uma manhã, porém, certa velha que chegara, entrevada, pôde deixar o estrame (esteira de palha) em que jazia e, por seu pé, sem auxilio, dirigiu-se, entoando louvores, à cabana do lenhador, prostrando-se ante o santo a proclamar e a agradecer o milagre.

Tanto bastou para que se divulgasse, com maravilhosos detalhes, a notícia da cura espantosa. Cresceu a fé entre os enfermos, debalde, porém, rezaram e prometiam, nunca mais houve quem saísse do seu grabato (catre), vendo, se era cego; ouvindo, se era surdo; caminhando, se era entrevado; livre da febre ou sem dores. 

Queixavam-se os miserandos, mas sempre havia quem lhes respondesse “que a razão estava em eles não terem fé” e com isso os desgraçados resignavam-se, sempre louvando o santo, cuja fama crescia.

Com a afluência dos devotos, o povoado desenvolvia-se, o seu comércio, que era mesquinho, tornou-se considerável, e à volta da capela, ergueram-se tendas de trabalho: o oleiro apolejando (amassando) o barro, o ferreiro malhando a bigorna, o carpinteiro acepilhando (aplainando) a tábua, o imaginário esculpindo cópias do “santo” que os devotos traziam ao pescoço, a rendeira com a sua almofada de crivo e, como sempre chegavam famílias, iam os pedreiros edificando e as oficinas todas laboravam.

Apesar de não se ter realizado outro milagre depois do desentrave da velha, a romaria não cessava e se alguém, por desânimo, mostrava-se descrente, logo lhe citavam o caso da paralítica, descreviam os seus passos, diziam como chegara à cabana, que fizera, e ainda mostravam os castiçais de prata que ela mandara ao santo com um quadro em que estava miudamente referido o milagre sublime.

E assim, os mesmos que regressavam aos lares sem melhoras, faziam o louvor do santo “que curara a velha de uma paralisia de longos anos”. Outra cura não fez a imagem do santo que da cabana, passou ao altar-mor da capela, mas só com haver andado uma entrevada — benefício para o qual, talvez, não concorrera — ganhou tão grande faina, que se alguém, nas terras de longe, aludia á sua bondade, logo em coro se murmurava, em tom maravilhado:

— “Não há santo mais milagroso!” E lá vinha a referência à paralítica.

Para milhares de desiludidos só havia aquele consolo, e esse bastava para manter a crença o prestigiar o santo. Como esse ídolo da floresta — a que se atribuiu milagre — quantos há de carne e osso que são potentados por terem tido a sorte de achar uma velha entrevada e de fé... que se levantou do estrame e proclamou a sua virtude.

Ídolos e homens... tudo está em criarem fama.

Fonte:
Disponível em domínio público.
Coelho Neto. Fabulário. Porto/Portugal: Livraria Chardron, de Ceio & Irmão, 1924.
Atualização do português por J. Feldman

Filemon Martins (Poemas Escolhidos) XXI


A CARTA
(Lendo o Soneto A Carta Interrompida, de COLOMBINA - 1882-1963)

A carta interrompi. Ninguém resiste
que tanto amor acabe desprezado.
Meu mundo colorido ficou triste,
quando escrevi: está tudo acabado.

O trauma deste amor inda persiste,
— por que viver assim amargurado?
A minha mão se agita e ainda insiste
em terminar o show já começado...

Basta postar a carta já escrita,
tudo acabou, a vida é só desdita,
vou aprender viver no meu limite...

No envelope lacrado — quanto medo,
o correio há de levar o meu segredo,
mas o meu coração já não permite!
* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * 

AMOR SUPREMO

Meu coração recorda, emocionado,
o amor que norteou a minha vida,
e continua presente e bem guardado
na inspiração dos versos meus, querida.

Envolto nas lembranças do passado
preservo o que vivi, de fronte erguida.
Vou galopando pelo verde prado
onde a Esperança mora e faz guarida.

E enquanto o coração bater, sedento
vou prosseguir buscando o meu intento:
— continuar feliz por onde eu for.

Quero rever a Luz da madrugada
e despertar ao som da passarada
para viver, contrito, o nosso amor!
* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * 

BARRA DO MENDES

Barra do Mendes no Sertão Baiano,
és bela, culta, forte e hospitaleira,
povo trabalhador, feliz e humano
em busca da amizade verdadeira.

A vitória de um povo veterano
na construção da paz alvissareira
garante que o progresso, soberano,
já chegou na cidade brasileira.

E quando chega alegre, o viajante,
ela oferece abrigo ao visitante
e as belezas do nosso Chapadão.

Eu quero te saudar, Barra do Mendes,
pelo denodo, fé e luz que acendes
nas glórias imortais de Militão*!
= = = = = = = = = = = = = = = = = = 
* Coronel Militão Rodrigues Coelho (1859 – 1919) obteve a emancipação de Barra do Mendes.
* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * 

CONSEQUÊNCIA

Brigamos sem motivo. Era Setembro,
o campo estava verde e havia flores.
O céu cheio de estrelas, eu me lembro,
e recordo também dos dissabores.

Bem alto ela me disse; "não sou membro
desta família que me trouxe dores.
Quero partir, não fico outro dezembro,
quero ter, pelo mundo, outros amores".

E partiu... Nada fiz, fiquei calado,
o silêncio, por certo, dá um jeito
e não carece de nenhum cuidado...

O tempo vai passando e quando a vejo,
ela disfarça a dor que vai no peito,
e eu finjo que não sinto mais desejo.
* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * 

ETERNA BUSCA

Nunca quis navegar por outros mares
que a vida, por acaso, me levou,
nem quis rezar também noutros altares,
pois tua imagem nunca me deixou.

Mas parti procurando outros pilares
para atracar do barco, o que sobrou,
porque no temporal dos meus azares
só saudade, no mundo, me restou.

E agora, já no fim desta procura,
confesso que não tive essa ventura
de esquecer, para sempre, a minha dor.

E tudo que busquei nesta jornada
se resumiu, talvez, num quase nada:
— felicidade, eu sei, só com amor.

Fonte:
Enviado pelo poeta.
Filemon Francisco Martins. Anseios do coração. São Paulo: Scortecci, 2011.

Policarpo da Silva (O Piolho Viajante) Carapuça V

Que cabeça! Que cabeça! Nunca me vi tão farto. Tudo andava untado. Se os piolhos tivessem ocupação, eu não tomava outra. E até mesmo para trazer a consciência desembaraçada. Ali não há que arranhar, é vender medida por medida. Compro uma canada. Vendo uma canada. E ainda às vezes se põem linhas de casa, pois todos sabem que nas medidas pequenas sempre há quebras. E então, que homem tão escrupuloso com que eu dei! Eu conto, para pintar e conhecerem a sua boa alma, um caso sucedido na sua loja.

Tinha um caixeirinho que era um ladronete (ladrão). E que fez para furtar ao povo? Na balança oposta à dos pesos, pos-lhe, pela banda de baixo, uma bolinha de cera no fundo e, como da outra banda ia o gênero, já se sabe que, quanto a bola pesava, tanto ele furtava em cada peso que vendia. Vai o tendeirinho da minha alma dar com o furto. Ora que lhe parecem que ele faria? Pois eu lhes digo: salta-me no caixeiro e fez-lhe confessar que tempo havia que ele fazia aquele furto. O mesmo confessa que havia cinco meses. Diz o patrão: — Pois não importa. Eu quero pagar o furto que tu fizeste ao público. Passa-me já essa bola de cera para a banda dos pesos e outro tanto tempo quero dar o de César a César. E, no mesmo instante, fez mudar a bola. Mas também mudou os pesos e continuou a pesar como dantes.

Numa cabeça destas é que é estar! Então que caridade de homem! Ensinava o público a ser econômico, tirava nos molhos de carqueja ramos para fazer mais e dizia: — Quanto mais grandes são, mais gastam. Os queijos, para serem mais frescos, punha-os em parte onde houvesse água para receberem aquela humidade; e ainda que entravam mais no peso eram menos salgados. Manteiga sempre a pesou em papel grosso e sujo. Tinha uma receita para disfarçar o vinagre que ninguém diria senão que era água. Medida de azeite era como alcatruz, sempre tinha buraco no fundo. Medida de pau, toda tinha dois fundos, o natural e outro pela banda de dentro. Cebolas, era um pasmo! Ninguém fazia molhos com mais elegância. Tinha a habilidade de transformar o sebo em manteiga. Também se aquele não está no céu, mal por nós. Tinha a pachorra, só para fazer bem, de andar procurando ovos que estivessem chocos. Comprava-os a trinta réis a dúzia e vendia cada um por um vintém, quando muito por vinte e cinco, um ovo e um pinto.

Ouviu dizer uma vez a um médico que a aguardente secava e mirrava a gente por ser um espírito muito forte. Olhe lá, não a tornasse ele a vender sem lhe botar primeiro uma terça parte de água! Está na neve: Sabem o que ele fazia ao arroz para lhe tirar a pedra e não entrar no peso? Lavava-o, esfregava-o e botava-lhe areia e desta forma unia o asseio ao benefício. Nos feijões, seguia aquele ditado: Uma verde com uma madura. Comprava, por exemplo, os novos a oito tostões, os velhos a cruzado, misturava uns com os outros e vendia-os pelo mesmo que lhe tinham custado, isto é, a oito tostões. Não queria ganhar nada com o próximo e dava a razão, dizendo: — É alimento que só comem pobres.

Também dava crédito a alguns oficiais mecânicos. Mas não lhes vendia os gêneros por mais que os vendia aos outros. Só apenas no rebate das férias é que levava sessenta por cento. Sim, senhor, é nesta cabeça que eu passei uma vida regalada. Chupava-lhe o sangue e ele nada sentia. Suponho que era por ser alheio. Não tinha tempo nem para se coçar. Mas que desgraça! Uma noite, pela volta das três horas, deu-lhe um estupor, não disse nem guarde Deus a vossa mercê. Eu apenas o senti frio, quis-me safar. Mas neste tempo chega um boticário vizinho que chamaram com muita pressa e pos-lhe o ouvido ao pé da boca para ver se o sentia respirar. Eu, sem perder tempo, me passei para a cabeça do dito, na qual ponho a minha Carapuça VI.

Fonte:
Disponível em Domínio Público
Policarpo da Silva. O piolho viajante. Portugal, publicado em livro em 1821.

XXIV Concurso de Poesia Agostinho Gomes (Prazo 31 de maio de 2023)

ÂMBITO

1. Ao presente concurso podem concorrer todos/as os/as interessados/as, só sendo admitidas a concurso poesias inéditas, de tema livre, nas seguintes condições:

a) Máximo de uma poesia por cada concorrente;

b) A poesia não pode exceder a dimensão de uma página A4;

c) A poesia deve ser apresentada datilografada ou escrita em computador;

d) Devem ser enviadas duas cópias, no caso de envio por correio normal.

2. Para concorrentes com idade superior a 18 anos e a modalidade “Prêmio Revelação Juvenil” à qual só poderão concorrer jovens até aos 18 anos de idade inclusive.

MODO DE APRESENTAÇÃO DE CANDIDATURAS

1. Os trabalhos devem ser assinados com pseudônimo e apresentados em envelope fechado, sem qualquer identificação, em cujo rosto se deve escrever “Candidatura ao Concurso de Poesia Agostinho Gomes”.

2. Cada envelope postal corresponde a uma e só uma candidatura.

3. Os/as jovens que pretendam concorrer à categoria do “Prémio Revelação Juvenil” devem mencionar tal fato no rosto do envelope de apresentação de candidatura atrás referido.

4. Conjuntamente com o trabalho deve ser enviado outro envelope fechado em cujo rosto deve ser inscrito o pseudônimo utilizado, contendo no interior a ficha de inscrição devidamente preenchida.

5. O trabalho poderá ser enviado através de correio eletrônico, em ficheiros word, respeitando as condições definidas no ponto anterior: a cada poesia corresponde um ficheiro e a ficha de inscrição deve ser enviada noutro anexo identificado com o pseudônimo.

6. Cada envelope ou e-mail deve conter os trabalhos de um/a só concorrente.

LOCAL E PRAZO DE ENTREGA

1. As candidaturas podem ser entregues pessoalmente na Biblioteca Municipal Ferreira de Castro, através do e-mail para 

concurso.agostinhogomes@bm-ferreiradecastro.com 

ou através do correio para o endereço:

Biblioteca Municipal Ferreira de Castro
Rua General Humberto Delgado
3720-254 Oliveira de Azeméis
Portugal

2. No caso das obras enviadas pelos serviços dos correios, será considerada a data do carimbo dos Correios desse mesmo dia. No caso das obras enviadas por e-mail, será considerada a hora em vigor em Portugal.

COMISSÃO JULGADORA

constituído por cinco elementos de reconhecido mérito e idoneidade em representação de cada uma das entidades promotoras e por si designadas para o efeito:
- Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis;
- Junta de Freguesia da Vila de Cucujães;
- Núcleo de Atletismo de Cucujães;
- Individualidades ligada à produção poética residente ou nascida no município a designar pelo/a Presidente da Câmara Municipal ou Vereador/a competente.

Através de deliberação, a Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis reserva-se o direito de designar elementos de outras instituições existentes no Município de Oliveira de Azeméis, para a constituição do  júri.

CLASSIFICAÇÃO E PUBLICIDADE

As poesias premiadas serão divulgados através do sítio da Biblioteca Municipal Ferreira de Castro e os/as autores/as premiados/as serão contatados pessoalmente, através de carta, e-mail ou telefone.

PRÊMIOS

1º - Pela Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis no valor de €1000 (mil euros);

2º - Pela Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis no valor de €600 (seiscentos euros);

3º - Pela Junta de Freguesia da Vila de Cucujães e Núcleo de Atletismo de Cucujães, no valor de €400,00 (quatrocentos euros).

Será ainda atribuído pela Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis o “Prêmio Revelação Juvenil”, no valor de €250 (duzentos e cinquenta euros).

A todos/as os/as concorrentes admitidos/as a concurso serão entregues diplomas de participação.

A entrega dos prêmios é presencial mas, na sua impossibilidade, os encargos de envio daí decorrentes são assumidos pelos/as vencedores/as.

ACEITAÇÃO DAS CONDIÇÕES

1. Os/as concorrentes ao entregarem os trabalhos em candidatura aderem às condições consignadas no presente regulamento, obrigando--se ao seu cumprimento e cedência de todos os direitos que sobre os mesmos têm.

2. Os trabalhos entregues em candidaturas ficam na posse do Município de Oliveira de Azeméis que os poderá utilizar em qualquer altura para publicação.

DÚVIDAS E OMISSÕES

1. Para qualquer esclarecimento sobre o estabelecido no presente regulamento poderão ser contatados os serviços da Biblioteca Municipal Ferreira de Castro.

2. As dúvidas e omissões do presente regulamento serão decididas pelo júri do concurso e homologadas pelo/a Presidente da Câmara Municipal ou pelo/a Vereador/a competente.

O presente regulamento entra em vigor no dia útil seguinte à data da sua publicação no Diário da República.

Fonte:

1º Concurso de Poesias do Jornal Maria Quitéria (Prazo: 20 de maio de 2023)


O concurso conta com o apoio cultural da Academia Metropolitana de Letras e Artes de Feira de Santana, Academia de Letras e Artes de Feira de Santana e Revista Literária Inversos.

I - TEMA

O tema proposto é: “Mãe: um verso de amor”, abrangendo de forma geral os sentimentos, as virtudes das mães e a relevância do amor materno para a formação do ser humano. O texto enviado que não contemplar a temática proposta incidirá em desclassificação automática.

II – NÚMERO DE TEXTOS SELECIONADOS

Serão selecionados e classificados 20 (vinte) poemas. Poderão, a critério da comissão julgadora, serem escolhidos mais 10 (dez) poemas, a título de “Menção honrosa”.

III - INSCRIÇÕES

A inscrição do texto e participação é totalmente gratuita e cada pessoa poderá enviar apenas 01 (um) poema, o qual não precisa ser inédito. Poderá se inscrever qualquer pessoa a partir dos 18 (dezoito) anos, do Brasil ou do exterior, desde que o poema seja escrito em língua portuguesa. Menores de 18 anos podem se inscrever, porém, com autorização escrita dos pais ou representante legal.

IV - PERÍODO DAS INSCRIÇÕES

Serão aceitos textos enviados para o e-mail: jornalmariaquiteria@gmail.com 
no período de 13 de abril a de 20 de maio de 2023.

V - DADOS EXIGIDOS NAS INSCRIÇÕES

Serão aceitos apenas poemas. Anexo deverão ser enviados dois arquivos: 

1º arquivo: um poema, máximo de 30 linhas; nome do autor, breve biografia com até 15 linhas, telefone e endereço com CEP; 

2º arquivo: uma foto de perfil do autor, formato JPEG. 

O texto deverá ter as seguintes especificações: fonte New Roman Time ou Arial, tamanho 12, espaçamento 1,0; formato Word.

 VI - DO PROCESSO DE AVALIAÇÃO

Todas as inscrições serão avaliadas por uma comissão de escritores e poetas de elevado conhecimento nas artes e na Literatura, os quais efetuarão o julgamento dos trabalhos com base em critérios de criatividade, originalidade, técnica de escrita conforme a norma culta da língua portuguesa ou qualidade artística e adequação ao tema proposto. Dessa decisão, não cabe recurso.

VII - DA PUBLICAÇÃO

O resultado com a relação dos textos escolhidos será publicado no portal online do Jornal Maria Quitéria - https://jornalmariaquiteria.com.br/ . As obras selecionadas serão publicadas em formato digital, na Revista Literária Inversos – ISSN 2527-1857 - http://www.revistainversos.com/, a qual estará disponível gratuitamente aos autores selecionados e ao público em geral.

VIII – DA PREMIAÇÃO

A premiação constará de:

- Entrega de Certificado digital aos autores classificados, do 1º ao 20º lugar; entrega de Certificado digital para 10 (dez) autores selecionados como Menção Honrosa.

- Os autores classificados em 1º, 2º e 3º lugar, com endereço no Brasil, receberão, gratuitamente, um livro impresso como forma de premiação, incentivo e reconhecimento.

- Os 30 (trinta) textos selecionados serão publicados, sem ônus, individualmente, no Portal de Notícias Jornal Maria Quitéria, em destaque, na matéria de capa, no intuito de promover a Literatura Brasileira Contemporânea e valorizar os poetas.

IX - CALENDÁRIO

Inscrição: 13 de abril a 20 de maio 2023 | 
Seleção dos textos: 20 a 25 de maio | |  
Publicação do resultado no portal online do Jornal Maria Quitéria: 26 de maio de 2023.

X - DISPOSIÇÕES GERAIS

O inscrito deve responder exclusivamente pela autoria e originalidade da obra, e em caso de violação da legislação dos direitos autorais, assume única e integralmente a responsabilidade perante o Jornal Maria Quitéria e terceiros.

O envio e submissão do texto para o Jornal Maria Quitéria caracteriza a aceitação dos termos e condições deste edital.

Ao realizar a inscrição, os autores cedem o direito de publicação e reprodução dos textos para o Jornal Maria Quitéria, sem ônus, exclusivamente para os propósitos definidos neste edital e para promoção desta iniciativa. Os direitos autorais da obra são do autor e permanecem com o mesmo.

O Jornal Maria Quitéria se compromete a manter sob sigilo todas as informações prestadas pelos autores inscritos.

Os casos omissos serão resolvidos pelo Jornal Maria Quitéria.

XI - QUEM SOMOS – JORNAL MARIA QUITÉRIA

  O Jornal Maria Quitéria é um portal online de notícias, com conteúdo voltado para os mais variados públicos, publicando os principais acontecimentos de Feira de Santana, da Bahia, do Brasil e do mundo, com informações atualizadas a todo momento.

Nas matérias, primamos pela repercussão de assuntos vinculados à educação, à cultura e às artes, além de informar também sobre as principais notícias sobre saúde, política, economia, etc.

Enquanto veículo de comunicação, nos comprometemos em observar os princípios da verdade e da ética, na divulgação de informações e no trato cotidiano com as pessoas.

Fonte:

quinta-feira, 4 de maio de 2023

Ademar Macedo (Ramalhete de Trovas) 4

 

A. A. de Assis (Por que “Vós”?)

“Por que vós, tão gravata-e-colarinho? O você comunica muito mais”
. Quem disse isso foi Carlos Drummond de Andrade, o megapoeta.

Os portugueses são muito bons em pronomes e lidam sem dificuldade com essa coisa de “tu” e “vós”, mas na maior parte do Brasil o tratamento habitual é “você”. Tanto que, nas regiões onde o “tu” é mais usado como indicativo de intimidade, é comum o falante escorregar em discordâncias como “tu gosta”, “tu viu”. Nesse caso, por que não eliminar de vez o “tu” e o “vós”? A gente ficaria com o “você”, que é menos complicado e “comunica muito mais”.

Veja como seria fácil conjugar verbos: Eu estou, você está, ele está, nós estamos, vocês estão, eles estão.... Se for preciso usar tratamento cerimonioso, bastará substituir “você” por “o senhor”, “a senhora”. E se, por exigência de algum ultrarrigoroso protocolo, não for possível simplificar as coisas, o “você” se transformará em “vossa senhoria”, “vossa excelência”, mas sempre com o verbo na terceira pessoa.

Os políticos, que por ofício precisam se aproximar do povo, poderiam ser os primeiros a arquivar o tal de “vós”, até pelo perigo de misturar “vós” com “vossa excelência” e formar aquela salada: “Saúdo vossa excelência e vossa luzidia comitiva nesta honrosa visita que fazeis ao nosso próspero município...” Ora, “vossa excelência” concorda com “seu/sua” e pede o verbo na terceira pessoa do singular; “vós” concorda com “vosso/vossa” e pede o verbo na segunda do plural. “Vossa excelência” é apenas a roupa de gala do “você” (forma reduzida do antigo “vossa mercê”).

Dessa trapalhada no uso das expressões de tratamento não escapam nem mesmo pessoas mais cultas, igualmente sujeitas a ocasionais cochilos na concordância. 

“Tu” e “vós” são pronomes realmente complexos para uma população habituada a conversar usando o familiaríssimo “você”. Seria, portanto, sábio e prático aposentar logo os dois tropeços que só servem para aumentar os desarranjos gramaticais. Diríamos simplesmente assim: “Eu quero, você quer, ele quer, nós queremos, vocês querem, eles querem”. E nenhum estudante precisaria mais dizer o que de um deles certa vez ouvi: que “o verbo se fez problema e habitou entre nós”...

Ninguém, na fala real, diz “vós gostais”; dizemos “vocês gostam”. Até a Bíblia, para comunicar mais, tem aparecido hoje em versões populares, onde o “vós” cede lugar ao “você”: “Amem-se uns aos outros como eu amo vocês”.

Esquecer o “tu” e o “vós” seria um bom passo em benefício da descomplicação da língua. Acabaria a vexação de dizer “tu vai”, “vossa excelência quereis...” E o discurso ficaria mais leve: “Saúdo o senhor e sua luzidia comitiva nesta honrosa visita que fazem ao nosso próspero município”. 

Penso até que a comitiva ficaria mais luzidia e bem mais próspero o município... 
=============
 (Crônica publicada no Jornal do Povo – Maringá – 02-11 -2022)

Fonte:
Texto obtido no facebook do autor.

Jaqueline Machado (Poemas Avulsos)


DIAS NUBLADOS 

Às vezes, o céu da nossa vida fica nublado. 
A névoa toma conta 
de todas as paisagens. 
Da paisagem 
das coisas de dentro 
e das coisas de fora. 
A beleza do mundo 
fica destorcida 
e a gente chora... 
E é preciso chorar 
para desabafar e limpar 
o que parece 
não ter cura. 
Precisamos 
nos permitir a isso, 
pois nem tudo 
é nossa culpa. 
Às vezes viver dói, 
arde, queima. 
Acontece... 
Em dias assim, 
é preciso ter paciência. 
Deixar os olhos chover... 
Mais cedo ou mais tarde 
o céu torna a ficar azul. 
O sol volta a brilhar! 
E a gente volta a sorrir. 
=====================================

TUAS CAMADAS 

Durante teu sono, 
sem aviso, 
visitei o teu coração. 
E nele, avistei temporais. 
Benzi teus ventos 
e a tua tempestade cessou. 

Depois, visitei tua mente, 
e enfrentei teus temores. 
Recitei palavras de amor. 
E na minha canção 
te fiz repousar. 

Mais tarde, passeei 
por tuas entranhas. 
Nelas, me deparei 
com os teus abismos, 
fontes e montanhas. 
E assim, 
desvendei teus véus. 
Me revesti de tuas luzes 
E nos teus breus 
me perdi. 

Busquei sair de volta 
pela porta de saída 
do teu coração. 
Repousei em tua superfície 
E as tuas cicatrizes, beijei 
com emoção. 

Depois 
de todos os beijos, 
acordaste de repente. 
Para mim 
sorriste lindamente. 
Banhou-me em teu amor 
de paraíso 
até me fazer adormecer em teus braços. 
Ao despertar, constatei: 
Amo-te de forma plena. 
E como adorei 
repousar em cada uma 
das camadas 
do teu ser…

Fonte:
Versos enviados pela autora.

Policarpo da Silva (O Piolho Viajante) Carapuça IV

Não foi das melhores cabeças em que caí. Tive meus incômodos. O tal barbeirinho já endireitava o olho à coifa e tinha o maior cuidado na cabeça, quando, na verdade, era um traste que lhe não devia dar nenhum. Ele, ora em pente de bichos, ora em azeite para sacar as lêndeas, ora em pós e banha de cheiro, gastava quantos vinténs tinha. Chamavam-lhe por alcunha o Amola do que ele se picava tanto que esteve cinco vezes preso por bulhas que teve por amor deste ditério (troça). Mas ultimamente, quando lhe chamavam o Amola, já amolava, fazia que não entendia. Era um falador eterno. Sabia quanto se passava duzentos passos em redor da loja, de forma que só pelas novidades tinha mais gente na loja que o resto dos barbeiros do bairro. Não posso deixar de contar um ópio que lhe sucedeu com um freguês dos avulsos e que achei lindo, principalmente por se julgar ele tão esperto.

Entra-lhe um dia um homem pela porta dentro, que teria os seus quarenta anos, com umas barbas de quarenta dias. Contou-lhe quarenta histórias. Disse-lhe que as suas barbas sempre as pagava a quarenta réis. Que a causa de as ter grandes era por ter prometido uma quarentena não as fazer mas que, quarenta dias a fio, as havia de barbear. Depois de o ter aquarentado por todas as formas, vira-se para ele e diz-lhe muito admirado: — Vossemecê bota as barbas que rapa no pano? — Pois onde as hei-de botar?, lhe respondeu o mestre. — Dessa me rio eu, ainda tinha mais esta para ver! Vossemecê certamente está doido? Esses cabelos têm uma grande serventia e se vossemecê quer guardar, eu lhes pago depois de enxutos, e bem secos, à moeda de ouro o celamim (1).

O barbeiro, que o único peso que tinha na cabeça era eu e o cabelo, ficou tão admirado como contente. Protestou pela conserva e o freguês pelo ajuste. Mas nestes dares e tomares acabou-se a barba e safou-se, com muitas cortesias, sem pagar nada, no que o mestre não reparou, na esperança do futuro ganho. Três meses levou o bom do homem a ajuntar cabelo e a pô-lo ao sol. E ainda que a barba fosse de graça, sempre a escanhoava duas vezes. Já tinha quase meio alqueire, apareceu o maroto do freguês. Muita festa para a festa. Então ajuntou? — Sim, senhor, não me ficou barba em claro, tenho bastante quantidade. E eu muita precisão. Vamos a isto. Logo. Primeiro vamos à barba.

Aparelha-se a cara, bota-se-lhe a barba abaixo e, depois de feita, vai o papalvo buscar meio alqueire de barbas muito limpas e enxutas. Ainda agora o tratante se entra a esconjurar: Está tudo perdido! — Pois que tem? replica o mestre, — eu fiz tudo o que vossemecê me disse. — Não senhor, faltou o principal. — Pois que é? — Era preciso que vossemecê tivesse todos estes cabelos apartados; os loiros a uma banda, os negros à outra, os ruivos, os brancos, etc. O mestre arde, vira a buscar o chuço [2] e o magarefe safa-se com duas barbas de graça e duas horas de mangação que encaixou ao barbeiro, o qual entrou num frenesi que o julguei doido. E ficou tão zangado com homem de barbas grandes, que barba que passasse de uma semana era como confissão de um ano: jamais a fazia ainda que lhe dessem um tostão. De forma que a alcunha que tinha do Amola mudaram-lha e lhe chamavam o Barba-curta. Mas sempre sou obrigado a dizer que era um dos homens mais regulares que tenho conhecido na minha vida.

Ele erguia-se pela manhã, bebia um copo de aguardente e comia o seu dente de alho. Assoava-se, lavava o rosto, tocava o seu bocado de viola. Se aparecia algum amigo, punha a viola aos outros. Era um bocadinho de língua que fazia molho de tudo. Depois afiava as suas navalhas e, se era dia de fregueses, dava-lhe uma volta, e sempre pedia a algum amigo que lhe ficasse na loja, para demorar alguém que entrasse, no caso de ele ir perto. O seu comer era sopa, vaca e arroz [3] e não se fartava de dizer aos amigos que era a sua diária. De tarde, quando não tinha que fazer, lia Carlos Magno* ou dizia mal da vizinhança. De forma que estava já tão senhor destes autores que citava as folhas e conhecia os vizinhos pelos seus nomes, ocupações e costumes. Umas inquiriçõezinhas tiradas por ele, não havia nada que lhe chegasse. Era um dos melhores genealogistas e tinha feito a árvore de geração de Judas. E dava razão por que se não comiam as maçãs de Arcipreste e não deixou de lucrar com isso.

Defronte dele moravam umas raparigas de quem ele compôs a vida. E, antes de a dar ao prelo, deram-lhe uma navalhada na cara que não deixava de lhe dar sua graça. Mas deixou de compor. Ultimamente descompunha qualquer pessoa por dá cá aquela palha. Numa dessas descomposturas que teve com um tendeiro, agarrou-se-lhe este aos cabelos com tanta ânsia que lhe trouxe uma mão-cheia deles, nos quais eu vim pegado por casualidade. E foi felicidade e esperteza minha passar-lhe para a mão antes que os botasse fora. A poucos passos estava na cabeça onde lhe encaixei a Carapuça V.
= = = = = = = = = = = = = = = = = = 

Notas
(1) O celamim ou selamim é uma antiga unidade de medida de capacidade para secos, usada em Portugal e no Brasil, correspondendo à décima sexta parte de um alqueire. Hoje em dia, o celamim é usado no Brasil para medidas agrárias. (wikipedia)
(2) Chuço: Zagaia, na língua piolha. [N. do A.]
(3) Almoçava a sopa, jantava a vaca e ceava o arroz. [N. do A.]

Fonte:
Disponível em Domínio Público
Policarpo da Silva. O piolho viajante. Portugal, publicado em livro em 1821.

Mais 3 Concursos de Trovas com Inscrições abertas


JOGOS FLORAIS DE BRAGANÇA PAULISTA 

(Prazo: 31 de julho de 2023)

REGULAMENTO

Poderão participar com trovas líricas ou filosóficas trovadores com idade igual ou superior a dezesseis anos completos, com os seguintes temas:

a) - Âmbito Nacional/Internacional (demais países de língua portuguesa):

Categoria Veterano e Novo Trovador

Tema: ENLEVO

 b) - Âmbito Estadual:

Categoria Veterano e Novo Trovador: 

Tema: RISO

c) - Âmbito Estudantil (Juventrova) de Bragança Paulista:

Categoria Ensino Fundamental e Médio: 

Tema: FELICIDADE

Categoria Novo Trovador: considerado como tal aquele que não obteve 03 (três) classificações entre os 5 (cinco) primeiros colocados em 3 (três) concursos de Trovas Oficiais da UBT em âmbito nacional.

Âmbito Estudantil (Juventrova): exclusivamente para estudantes do ensino fundamental II (5a. a 9a. série) e ensino médio (1a. a 3a. série) da rede de ensino de Bragança Paulista.

Será aceita apenas 1 trova inédita

A palavra-tema deverá obrigatoriamente constar do corpo da trova.

A Inscrição é gratuita e poderá ser feita da seguinte forma:

ENVIO POR EMAIL:  

Assunto: Jogos Florais de Bragança Paulista. 

A trova deverá constar no corpo do email, com indicação da categoria a qual concorre, nome e endereço completos do autor (rua, cidade, estado, país, CEP, telefone e e-mail). 

Não serão aceitos anexos.

Âmbito Nacional/Internacional: 
categoria Veterano/Novo Trovador 

Enviar para: José Rui Camargo joseruicamargo@gmail.com.

Âmbito Estadual: 
categoria Veterano e Novo Trovador 

Enviar para Catarina Santos catarina.ifcs@gmail.com.

Âmbito Estudantil (Juventrova) 

Enviar para Marialini Bertolini marialini.bertolini@hotmail.com.

As inscrições serão recebidas até 31 de julho de 2023.

As trovas remetidas em desacordo com quaisquer itens deste regulamento, serão eliminadas automaticamente do concurso.

Resultado:
O resultado do concurso estará disponível a partir de 10 de setembro de 2023 no site www.asesbp.com.br/trovadores e nas redes sociais facebook e instagram da UBT de Bragança Paulista, sendo comunicado por e-mail aos vencedores.

Premiação: 
Serão selecionadas dez trovas por categoria para compor a antologia de vencedores, a saber: três primeiros colocados, cinco menções honrosas e duas menções especiais, aos quais serão concedidos certificados e exemplares da antologia.   

Os prêmios serão entregues em solenidade em data e horário divulgados posteriormente;

A premiação será remetida via postal para o classificado que não puder comparecer na data marcada para seu recebimento.
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = 

CONCURSO DE TROVAS DE ARACOIABA

(Prazo: 31 de agosto de 2023)

Âmbitos e temas:

NACIONAL/INTERNACIONAL: 

1 trova por tema

Novo Trovador (Registrar Novo Trovador abaixo da trova)
Carinho (L/F)

Veteranos
Tema: Serenata (L/F)

ESTADUAL (CEARÁ): 

2 trovas por tema

Tema: Saudade (L/F)

Modo de envio de trovas:

Por e-mail para Edna Dourado: ubt.ceara@gmail.com

Assunto: Concurso de Trovas de Aracoiaba
Co´rpo do email: Trova/s, nome e endereço completo do autor – Município e Estado. Se estudante indicar também o nome da escola, série/turma.

PREMIADOS:
20 trovas por tema. 5 Vencedores [1 ao 5] / 5 menções honrosas [6 ao 10], 5 menções especiais [11 ao 15], 5 Destaques [16 ao 20] 

PRÊMIOS: 
Diploma para cada um dos vinte classificados no tema. 

Os resultados devem ser anunciados em novembro, em data a ser confirmada. Todos os diplomas serão enviados por e-mail.
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = 

II CONCURSO LITERÁRIO CARLOS GOMES

(Prazo: 31 de Julho de 2023)

Nos anais da tua história,
Campinas, mostras teu brilho
na música, que é memória,
de CARLOS GOMES – teu filho!
Alba Helena Corrêa

TEMA: MÚSICA

(trovas líricas ou filosóficas)

Âmbito Nacional / Internacional - Categoria Veterano e Novo Trovador

Âmbito Estadual (para os residentes no estado de São Paulo) – Categoria Veterano e Novo Trovador.

A palavra tema deve constar do corpo da trova.
Máximo de 02 (duas) trovas.

ENVIO POR E-MAIL

Maria Cristina de Oliveira mcristinaoliveira.ol@gmail.com 

assunto: II CONCURSO LITERÁRIO CARLOS GOMES. 

Não serão aceitos anexos.

As trovas, bem como a identificação do trovador, deverão constar no corpo do e-mail em letra Arial tamanho 12. (SERÃO DESCLASSIFICADAS AS TROVAS QUE NÃO SEGUIREM ESSA FORMATAÇÃO)

É obrigatória a informação pelo participante, como se segue, sob pena de desclassificação: Nome completo/ Endereço postal completo (inclusive CEP) -/ Telefones (com DDD) -/ E-mail -/Categoria - VETERANO ou NOVO TROVADOR/ Âmbito - ESTADUAL ou NACIONAL

PRAZO
31 de julho de 2023.

A divulgação acontecerá de forma remota na última semana do mês de agosto;

PREMIAÇÃO
A premiação se dará de forma presencial no mês de setembro de 2023, em data a ser divulgada oportunamente.

Premiados os cinco primeiros colocados na categoria NOVO TROVADOR e os cinco primeiros premiados na categoria VETERANO no âmbito nacional/internacional;

Premiados os cinco primeiros colocados na categoria NOVO TROVADOR e os cinco primeiros Premiados na categoria VETERANO no âmbito estadual.
Fonte:
UBT Nacional

quarta-feira, 3 de maio de 2023