quarta-feira, 6 de março de 2024

Professor Garcia (Pantuns) VIII


PANTUN DO FILHO QUE ESTUDA

TROVA TEMA:
Filho… Estuda que eu te ajudo,
capricha, porque é na soma,
do esforço e amor pelo estudo,
que se conquista o diploma.
(Ailto Rodrígues-RJ)

PANTUN:
Capricha, porque é na soma,
das luzes do conhecer...
que se conquista o diploma
da eterna luz do saber.

Das luzes do conhecer...
há um facho que nos conduz,
da eterna luz do saber
a um mundo cheio de luz.

Há um facho que nos conduz,
entre os velhos rituais,
a um mundo cheio de luz
que não se apaga jamais.

Entre os velhos rituais,
há uma luz em quase tudo
que não se apaga jamais.
Filho... Estuda que eu te ajudo!
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PANTUN DOS DEDOS NA FOTO

TROVA TEMA:
Passo os dedos sobre a foto...
Naqueles rostos tão lisos
a mocidade então noto
escondida entre os sorrisos...
(Gilvan Carneiro-RJ)

PANTUN:
Naqueles rostos tão lisos
da antiga fotografia,
escondida entre os sorrisos...
Sorri a melancolia!

Da antiga fotografia,
em meio a tanta lembrança,
sorri a melancolia
no rosto de uma criança!

Em meio a tanta lembrança,
há saudade, há dissabor;
no rosto de uma criança
um riso triste de amor!

Há saudade, há dissabor,
e ao vê-los, logo que noto
um riso triste de amor,
passo os dedos sobre a foto...
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PANTUN DA VOZ DA ESPERANÇA

TROVA TEMA:
No meu Livro da Lembrança,
ainda sem conclusão,
saudade é aquela esperança
que compôs a introdução...
(Vanda Fagundes Queiroz-PR)

PANTUN:
Ainda sem conclusão,
foi alguém sem perceber
que compôs a introdução
do livro do meu viver.

Foi alguém sem perceber
que num impulso infeliz
do livro do meu viver
riscou tudo quanto eu fiz.

Que num impulso infeliz
ou por medo ou por loucura
riscou tudo quanto eu fiz
essa insana criatura.

Ou por medo ou por loucura
eu vou guardar por herança,
essa insana criatura
no meu livro da lembrança.
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PANTUN DO VELHO EGOÍSMO

TROVA TEMA:
Por egoísmo e ganância
a Terra está dividida.
Tanto poder e arrogância,
ante a pobreza sofrida.
(Edy Soares-ES)

PANTUN:
A terra está dividida.
Fome, morte, sonhos vãos;
ante a pobreza sofrida
poderes lavando as mãos.

Fome, morte, sonhos vãos;
miséria batendo às portas,
poderes lavando as mãos
da exclusão das almas mortas.

Miséria batendo às portas,
lamentando a crueldade,
da exclusão das almas mortas
em meio a tanta maldade.

Lamentando a crueldade
é triste essa mendicância
em meio a tanta maldade,
por egoísmo e ganância.
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PANTUN DO TEU CORPO AUSENTE

TROVA TEMA:
Levada por fantasia
de um desejo inconsciente,
eu beijo na cama fria
as formas de um corpo ausente!
(Rita Mourão-SP)

PANTUN:
De um desejo inconsciente,
surge na luz da paixão
as formas de um corpo ausente,
presente nessa ilusão.

Surge na luz da paixão,
Tudo que o sonho permite
presente nessa ilusão,
nesse sonho sem limite.

Tudo que o sonho permite
Eu tento manter a calma,
nesse sonho sem limite
nos limites de minha alma.

Eu tento manter a calma,
na loucura que me guia,
nos limites de minha alma
levada por fantasia.
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PANTUN DO FALSO ARREMEDO

TROVA TEMA:
Nenhum ourives se atreve
a imitar - nem de arremedo
as filigranas de neve
dos galhos nus do arvoredo!
(Madalena Ferreira-RJ)

PANTUN:
A imitar - nem de arremedo...
O que Deus fez e pintou
dos galhos nus do arvoredo
artista nenhum tentou.

O que Deus fez e pintou
com tinta de amor infindo,
artista nenhum tentou
pintar um quadro tão lindo.

Com tinta de amor infindo,
mas sem usar qualquer tinta,
pintar um quadro tão lindo
ninguém tentou ninguém pinta.

Mas sem usar qualquer tinta,
pintar galhos cor de neve,
ninguém tentou ninguém pinta,
nenhum ourives se atreve.

Fonte: Professor Garcia. Poemas do meu cantar. Natal/RN: Trairy, 2020. Enviado pelo autor.

Dicas de Escrita ( Como Escrever um Bom Final para uma História) – 1

(Coescrito por Christopher Taylor, PhD)

Toda história que se preze traz eventos (ou séries de eventos) que têm começo, meio e fim. Além disso, para que gere reações positivas no leitor ou espectador, o final em particular tem que ser bastante impactante. Se está escrevendo e quer conseguir esse efeito, leia as dicas deste artigo para aprender a contar o que é relevante.

MÉTODO 1: PENSANDO NO FINAL

1 – Identifique as partes da história. 

Todo enredo tem que ser dividido entre começo (apresentação de personagens, da ambientação e do conflito), meio (a tensão crescente, as complicações e as reações dos personagens ao conflito) e fim (resolução do conflito e consequências).

A história tem que terminar quando o personagem principal cumprir (ou não conseguir cumprir) o seu objetivo.

Por exemplo: se o personagem quer ser rico, pode ser que ele passe por diversas situações inusitadas para comprar um bilhete de loteria. Ele vai vencer? Se sim, termine o enredo no momento em que ele ouve os resultados vencedores da aposta.

2 – Pense em um último evento ou ação para a história. 

O enredo pode trazer vários eventos importantes e interessantes, mas escolha qual deles sintetiza a resolução geral. Pense em uma cena que faça sentido no momento final da história e que ajude a amarrar todas as pontas soltas. Por fim, ela tem que ter importância para os personagens e os leitores em si.

Por exemplo: termine a história com uma cena que apresenta as consequências de uma decisão do personagem principal que resolveu o conflito central.

3 – Determine qual é o conflito central da história. 

A maioria dos enredos traz conflitos entre pessoas, pessoas versus natureza, pessoas versus sociedade ou pessoas versus elas mesmas. Use a cena final para resolver a situação, mesmo que o personagem principal não consiga o que quer. O importante é que ela gere impacto no leitor para tornar todo o enredo memorável.

Faça as seguintes reflexões para decidir que tipo de conflito você vai usar: 

– os personagens da história estão lutando contra a natureza? 
– Uns contra os outros? 
– Contra eles mesmos (uma batalha interna ou emocional)?

Por exemplo: se o personagem principal ficar perdido em uma floresta perigosa, é porque a história se trata de pessoa versus natureza. Nesse caso, ele tem que encontrar algum abrigo que o proteja dos elementos.

MÉTODO 2: EXPLICANDO A JORNADA

1 – Reflita sobre a significância dos eventos da história. 

Determine por que eles são importantes e que lições o leitor tem que extrair deles. Que temas, ideias ou argumentos você quer passar? Não precisa falar desses detalhes diretamente ao leitor, mas mostre-os por meio de eventos, ações e diálogos.

Escreva algo como "O meu avô me ensinou a sempre fazer o que é certo em qualquer situação. Agora que sou policial, entendo por que ele considerava a moral tão importante...".

2 – Faça uma reflexão sobre a relevância da história para o leitor. 

Por que ele tem que se interessar pelo enredo? Se conseguir responder a essa pergunta, revise a história e veja se a sequência das ações que criou para os personagens levaria o público a uma reação parecida com a do protagonista.

Por exemplo: "Por que o leitor tem que se importar com o que acontece a Nina e à vila?". "Porque as mudanças climáticas provocaram um aumento no nível do mar que inundou a região. Ou seja: se não aprendermos com os erros do passado, vamos ter o mesmo destino cruel".

Use a primeira pessoa para apresentar ideias da perspectiva do narrador. Com a perspectiva em primeira pessoa, você vai poder contar a história de maneira mais próxima, já que o leitor vai estar envolvido nos eventos. 

Nesse caso, fale diretamente a ele — seja você o protagonista ou outra pessoa. Ainda assim, lembre-se de acompanhar sempre esse personagem e de usar apenas informações que ele teria.

Por exemplo: "Eu entendi que todo o meu esforço e as horas de ensaio me trouxeram até esse momento, no palco, diante da plateia...".

3 – Use a terceira pessoa para contar a história de longe. 

Você pode usar outro personagem como narrador para mostrar a importância da história. Assim, fica mais fácil injetar a sua interpretação ao enredo, já que há certa distância entre o narrador e os personagens em si.

Por exemplo: "Denise dobrou a carta, deu-lhe um beijo e repousou o papel sobre a mesa, ao lado da pilha de dinheiro. Ela sabia que todos teriam um milhão de dúvidas sobre o que aconteceu, mas também estava certa que a verdade viria à tona algum dia".

4 – Escreva a conclusão da história. 

A forma de escrever a conclusão depende do gênero. No entanto, todos os finais interessantes têm um traço em comum: deixam o leitor com caraminholas na cabeça. Ele tem que terminar a leitura pensando nos temas centrais do enredo e na importância deles.

Se está escrevendo uma redação acadêmica ou pessoal, use o último (ou os dois últimos) parágrafo para concluir o enredo.

Se está escrevendo um romance de ficção científica, conclua o enredo nos dois últimos capítulos.

Não escreva finais batidos, pois o leitor vai ficar decepcionado. 

Por exemplo: evite "Uma luz ofuscante invadiu os meus olhos, então usei as mãos para proteger a visão. Naquele momento, senti-me envolver pelos meus lençóis macios e pelo conforto do travesseiro. Reabri os olhos e percebi que tudo fora apenas um sonho".

5 – Identifique as ligações mais gerais nos eventos da história. 

Pense em como cada evento leva a outro e cria um arco narrativo completo. Encare a história como uma jornada: o personagem começa em a, mas termina em b, em uma situação bastante diferente. Assim, vai ser mais fácil ver que o enredo tem uma forma única e, portanto, merece um final digno.

Fonte: https://pt.wikihow.com/Escrever-um-Bom-Final-para-uma-História

Hinos de Cidades Brasileiras (Blumenau/SC)


Letra por Márcio Volkmann / Edson Luis da Silva

Blumenau, tens o nome do primeiro
Que chegou e desbravou tuas riquezas
Que tanto trilhou os teus caminhos
E sempre preservou tuas belezas.

O progresso mora aqui
Blumenau, és razão de viver
O teu nome tem história.
Blumenau, nunca vou te esquecer
O teu nome tem história
Blumenau, nunca vou te esquecer.

Cidade de nobre arquitetura
Desenhada pelo leito do teu rio
O verde que cobre esta pintura
Faz de ti patrimônio do Brasil.

O progresso mora aqui
Blumenau, és razão de viver
O teu nome tem história.
Blumenau, nunca vou te esquecer
O teu nome tem história
Blumenau, nunca vou te esquecer.

O orgulho faz do peito moradia
Dos que amam esta Terra abençoada.
Cidade jardim da alegria,
No teu povo a beleza está plantada.

O progresso mora aqui
Blumenau, és razão de viver
O teu nome tem história.
Blumenau, nunca vou te esquecer
O teu nome tem história
Blumenau, nunca vou te esquecer.

Aparecido Raimundo de Souza (Entre a Solidão e a Esperança)

HAVIA UM MUNDO paralelo e adjacente, onde as estrelas no firmamento pareciam mais distantes e o vento impetuoso sussurrava histórias tristes pelas ruas e praças vazias. Nesse espaço medonho vivia um amontoado de crianças abandonadas, ou seja, se agrupavam pequenos seres que carregavam o peso da solidão nos ombros frágeis de uma vida totalmente em frangalhos.

Os pequenos miseráveis não tinham endereço fixo. Seus lares não iam além das calçadas frias, dos bancos das praças e dos becos escuros existentes aos redores da cidade. Elas não conheciam o aconchego de um abraço, nem o calor fraterno de uma refeição compartilhada em família. Seus pais, por razões as mais diversas, haviam partido deixando seus destinos entregues ao desamparo de um incerto negro e infame.

Algumas dessas crianças –, a maioria recém-nascida, vivia em caixas de papelão ou lixeiras. Outras mais velhas carregavam em seus olhos tristes a agonia do desespero e, dentro do peito, a febre incurável dos corações despedaçados. Elas vagavam pelas ruas e vielas invisíveis aos adultos apressados. Davam a impressão de fantasmas errantes em busca de uma parcela de afeto por menor que pudesse ser encontrada.

Uma dessas crianças era o Luiz Cláudio. Com apenas oito anos, conhecia a dureza da vida entrelaçada aos descasos do relento. Seus pés descalços pisavam o asfalto quente, outras vezes o aguaceiro dos temporais violentos e enérgicos, enquanto a sua curiosidade observava o vai e vem das pessoas. Luiz Cláudio sonhava com um lar, com uma cama macia, comida e uma mãe que o chamasse de filho.

O guri tinha um amigo, o José Bento, que também vivia como ele, ao Deus dará. Um pouco mais velho que Luiz Cláudio, o piá sabia contar histórias incríveis sobre um mundo fantástico além das estrelas vistas no longínquo céu. Ele dizia que, à noite, quando todos se recolhiam, essas estrelas se transformavam em fadas e dançavam no infinito. Ele acreditava piamente em Deus e orava à sua maneira infantil. A fantasia, como um todo se fazia a sua única companheira.

Entretanto, nem todas as histórias acabavam em mágicas alvissareiras. Havia noites em que o frio gelado cortava a pele e a fome na barriga vazia apertava. Luiz Cláudio, nesses momentos, se encolhia em um canto, abraçando os joelhos, enquanto José Bento encarava o céu em busca de respostas. Por que estava ali? Por qual motivo a sua mãe o largara aos reveses da sorte traiçoeira?

Um dia, algo extraordinário aconteceu. Uma mulher jovem, de cabelos vermelhos e rosto tranquilo se aproximou. Ela envolveu Luiz Claudio e José Bento em abraços apertados dizendo: “Vocês não estão mais sozinhos, meus pequenos. Vou cuidar de vocês.” Essa criatura inesperada, se soube depois, mantinha um abrigo. Um lugar onde crianças como Luiz Cláudio e seu amigo José Bento encontraram refúgio e esperança.

Luiz Cláudio não sabia o que significava um lar, um canto de acolhimento. Tampouco José Bento. Todavia, ambos sentiram de imediato, o calor daquelas palavras. Eles olharam para o céu e se depararam com uma estrela cadente. Fecharam os medos, recolheram os assombros e fizeram um pedido: “que todas as crianças abandonadas encontrassem um lar, um abraço, um aconchego, uma família.”

Assim, entre a solidão abrutalhada e inepta, a perspectiva em sua melhor forma de expressão. Luiz Cláudio e José Bento descobriram que o mundo podia ser mais gentil do que eles imaginavam. Aprenderam que mesmo nas noites mais escuras e longas uma luz ardente e fogosa extasiada e embevecida brilhava guiando as suas melancolias para onde seriam amados e protegidos.

A mensagem que esse texto quer deixar para todos os leitores é que as crianças abandonadas abaixo da linha da pobreza, ao relento das malhas do azar, ou ao acaso das intempéries, encontrem seus caminhos de volta ao brilho da felicidade. Ao menos se deparem com um trilhar robusto, onde a solidão se transforme em luz e a esperança de dias melhores jamais se apague.

Fonte: Texto enviado pelo autor 

segunda-feira, 4 de março de 2024

Versejando 133

 

Monsenhor Orivaldo Robles (Na infância tudo se decide)

Entre as muitas coisas que aprendi em criança, uma, que me marcou de modo indelével, foi a preocupação com o bem-estar alheio, com o respeito devido aos outros. Já tive oportunidade de comentar o conselho que o pai não se cansava de nos repetir: “Não sejais pesados a ninguém”. Embora homem do campo, que não frequentara bancos escolares, havia conquistado, não sei onde nem como, uma sabedoria que universidade nenhuma ensina. Era incapaz de conduta ou gesto que ferisse o direito ou até a simples preferência de alguém. Não que ele assumisse postura subserviente. Possuía clara consciência de seus direitos. Se deles chegava a abrir mão – como, mais de uma vez, pude comprovar, – fazia-o em razão de uma naturalidade que lhe brotava de dentro, de uma generosidade inata; nunca por covardia ou temor. Com tal protótipo sempre ao lado, enquanto nós crescíamos, seria mesmo difícil não nos deixarmos moldar por ele. Há gestos que ainda agora, a três décadas de sua morte, os filhos recusam praticar. Não tanto, creio, por virtude própria, senão mais pelo que ele nos deixou como exemplo. Vimos nele a importância de crer, desde muito cedo, que a grandeza de alguém independe de certos atributos hoje, infelizmente, muito valorizados.

Uma lição que o pai transmitiu com muita serenidade foi que todos nós somos iguais em natureza, mas cada um possui a própria individualidade. Aprendemos que é tolice comparar pessoas, pois, como dizem, “cada um é cada um”. Não me lembro de termos argumentado com ele que fulano tivesse algo e nós não. Ou que outros fizessem coisas que a nós não eram permitidas. Noções do dever e da consequente responsabilidade pessoal foram-nos incutidas de maneira suave, mas firme e diuturna. Mais com o jeito de agir do que com o uso de palavras.

Hoje mantenho hábitos vistos talvez como excêntricos. Se, na pressa, derrubo uma peça de roupa, ou água, leite ou suco, posso até seguir adiante, certo de que a empregada cuida disso. Mas não adianta: tenho que voltar para ajeitar, eu mesmo, as coisas. Quando estaciono o carro, observo se deixei espaço suficiente para o vizinho. Muitas vezes volto para estacionar melhor: vá que ele dirija mal como eu. Evito bater porta com força, falar alto, fazer ruído desnecessário: por que incomodar os outros? Cultivo ainda um monte de esquisitices de que não me consigo livrar. Fazer o quê? Desde criança aprendi que o outro é igual a mim. Não gosto de gente espaçosa, dona do mundo, que não respeita ninguém. Acredito que os outros também não gostem.

Não pretendo passar imagem de “bonzinho”. Nem ser melhor que ninguém. Tenho suficiente idade para não cultivar vaidades tolas. É que tive a felicidade de aprender em casa princípios válidos para qualquer tempo ou lugar.

Vivemos reclamando da violência que toma conta do mundo atual. Temos razão de reclamar. Do jeito que as coisas vão, que mundo as crianças de hoje vão encontrar quando forem adultas? Mas torná-lo menos violento depende de nós. Não há como fugir dessa evidência. Cada um é obrigado a pôr em prática aquilo que dele todos têm direito de esperar.

Começando pelos pais, que precisam convencer-se disto: tanto para o bem quanto para o mal, são eles os modelos para os filhos.

Baú de Trovas 80


Havia à noite um poema:
as luzinhas em cardumes...
Hoje sequer no cinema
pisca-piscam vaga-lumes.
A. A. de Assis
Maringá/PR
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Quem seu ciúme proclama,
fazendo questão de expô-lo,
insulta aquela a quem ama,
e ainda faz papel de tolo…
Adalberto Dutra Resende +
Bandeirantes/PR
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Deus - escreve em linhas tortas...
As nossas vidas por certo -
sem jamais, fechar as portas...
Quando o amor está por perto!!!
Ana Maria Guerrize Gouveia
Santos/SP
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“Cara-de-pau!” E o grã-fino 
não se abala, não se afoba;
e no rosto, enfim, ladino,
passa um óleo de peroba…
Antonio Colavite Filho
Santos/SP
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Prato de vidro, vazio,
feito um espelho, em teu fundo
refletes o olhar sombrio
das injustiças do mundo!
Antônio de Oliveira
Rio Claro/SP
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Perdão no amor que se apruma
sem guardar mágoas, constrói.
É flor que enfeita e perfuma 
as mãos de quem o destrói.
Antonio Juraci Siqueira 
Belém/PA
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Eu vejo a terra cansada,
a cada passo mais linda,
sofrendo golpes de enxada,
e dando frutos ainda.
Antonio Salomão +
Curitiba/PR
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Com um abraço agradeço
as letras do meu saber;
contudo, não desmereço
as que deixei de aprender.
Ari Santos de Campos
Balneário Camboriú/SC
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Meu sogro cheio de medo,
tenta a peruca esconder
e o que ele guarda em segredo
"tô" careca de saber!
Arlindo Amadeu Hagen
Juiz de Fora/MG
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"O cão que ladra não morde".
Permitam que nesta quadra
eu do provérbio discorde:
sim, não morde... enquanto ladra.
Bastos Tigre +
Rio de Janeiro/RJ
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As almas de muita gente
são como o rio profundo:
- A face tão transparente,
e quanto lodo no fundo!…
Belmiro Braga +
Juiz de Fora/MG
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A receita é de colírio
mas o bebum se apavora
e lê, cheio de delírio:
- pinga, só uma vez por hora?
Campos Sales +
São Paulo/SP
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Nós somos duas tipoias
na ajuda às forças escassas
- quando fracasso, me apoias,
te apoio, quando fracassas!...
Carolina Ramos
Santos/SP
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É verdade, neste inverno,
vou dar tudo a quem não tem,
porque sei que para o inferno
nunca vai quem faz o bem.
Cecim Calixto +
Tomazina/PR
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– “Eu volto um dia” – juraste.
– “Não te espero” – me zanguei…
– “Mentiste: nunca voltaste…
Menti: eu sempre esperei…”
Cícero Acayaba +
Cambuquira/MG
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Palhaços de profissão?
Ah, Como é bom, fazem bem.
O triste é ter coração
e ser palhaço de alguém!
Cláudio de Cápua + 
Santos/SP
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Os passarinhos da praça
não podem nem ver um calvo:
- Na careca de um que passa
praticam... "titica ao alvo"!
Cleber Roberto de Oliveira
São João de Meriti/RJ
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Na minha "Melhor Idade",
sendo  velho, sou criança.  
Vivendo a felicidade...
No carrossel  "Esperança"!
Décio Rodrigues Lopes
Mogi das Cruzes/SP
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Mãe! criatura querida,
santa heroína sois vós;
quando nos destes a vida,
destes o sangue por nós.
Décio Valente
São Paulo/SP
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O marido agonizante,
insistindo quer saber:
– Fui traído? – e ela, hesitante:
– E se você não morrer?…
Domitilla Borges Beltrame
São Paulo/SP
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Que as estrelas com seu brilho,
   e o sol, com seu loiro raio,
        iluminem cada filho 
 do adorável mês de Maio!
Dorothy Jansson Moretti +
Sorocaba/SP
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O amor se faz infinito,
longe do bem e do mal,
quando brota do granito
e se transforma em cristal!
Eduardo A. O. Toledo 
Pouso Alegre/MG
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O teu amor me conforta,
teus braços sabem a mel,
mesmo tendo - que me importa?
- frágil corpo de papel.
Elisabete Aguiar
Mangualde/Portugal
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Que bom se a gente pudesse
fazer tudo que não fez…
e a vida, a chance nos desse,
de ser criança outra vez!…
Ercy Maria M. de Farias 
Bauru/SP
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A bela flor de papel
que tu me deste, outro dia...
Foi tão perfeita e fiel,
que o cheiro dela eu sentia!
Eva Garcia
Caicó/RN
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Um sonho é sonho, mais nada,
mas, às vezes, na emoção,
deixa marcas na calçada
das ruas do coração.
Flávio R. Stefani 
Porto Alegre/RS
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Dos artigos que componho
nas minhas noites sozinhas,
fazes parte do meu sonho
abraçada às entrelinhas.
Francisco José Pessoa +
Fortaleza/CE
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A todos respeito e ensino
a minha definição.
O beijo é o til pequenino
da palavra coração.
Godofredo Mendes Viana + 
São Luís/MA
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A vida o tempo devora;
o próprio tempo não dura.
Colhe a alegria de agora,
para a saudade futura!
Helena Kolody +
Curitiba/PR
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Pombas-da-paz prometidas
pelos países mais ricos,
não portam ramas floridas
e sim ogivas nos bicos.
Heribaldo Gerbasi
São Paulo/SP
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Quem come pizza demais,
pode saber, com certeza,
que os efeitos especiais
vão ser sua sobremesa.
Ialmar Pio Schneider
Porto Alegre/RS
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Só três?! (o paizão lamenta),
vendo os bebês no bercinho.
Ah, se a rede não rebenta,
"nóis enchia esse quartinho!"
Jaime Pina
São Paulo/SP
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Na clausura da existência,
das prisões que nos impomos,
um devaneio é a essência
do que pensamos que somos!
JB Xavier 
São Paulo/SP
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Até nas flores se encontra
a diferença da sorte:
umas enfeitam a vida,
outras enfeitam a morte!
Jerônimo Guimarães +
Rio de Janeiro/RJ
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Após vencer vendavais,
meu coração navegante
retorna à brisa do cais
que teu abraço garante. 
Jérson Lima de Brito 
Porto Velho/RO
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Me esculpindo a cada dia,
vendo no Mestre o padrão,
tento chegar - que utopia! -
mais perto da perfeição.
Jessé Nascimento
Angra dos Reis/RJ
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Saudade... é igual à tristeza
 de quem,  ao partir num trem,
na estação deixa a incerteza
e, no lenço...o amor de alguém!
José Feldman
Campo Mourão/PR
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Estes carecas sofridos,
sem cabelos ... que ironia,
deixam piolhos perdidos
por falta de moradia!
José Reginaldo Portugal
Bandeirantes/PR
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Nosso motel não tem cama,
mas tem rede ... Vão topar?
E o jovem casal exclama:
- Nós não viemos pescar...
José Tavares de Lima
Juiz de Fora/MG
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A Mãe, somente, perdoa
o mal que um filho lhe faça,
embora o coração doa
dá-lhe um sorriso e o abraça!...
Lacy José Raymundi +
Garibaldi/RS
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É no afago dos seus braços
que me enlaçam com calor,
que eu me esqueço dos cansaços
quando chego do labor.
Licínio Antonio de Andrade 
Juiz de Fora/MG
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As outras brincam de roda…
E a olhar a brincadeira
a menina se acomoda
sobre as rodas da cadeira…
Luna Fernandes +
Rio de Janeiro/RJ
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Tantas corridas levou
dos pais de suas gatonas,
que finalmente virou
corredor de maratonas.
Márcia Jaber 
Juiz de Fora/MG
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Ventre Materno… o espaço
da semente em gestação,
onde Deus fez Seu regaço
em amor à Criação!
Maria da Conceição Fagundes
Curitiba/PR
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Na corrida e sem atrasos
nós levamos os canecos
e a cada cem metros rasos
uma pausa... nos botecos!!
Maria Lúcia Daloce 
Bandeirantes/PR
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Não teimes, se algum transtorno
teu caminho atravancar!
- Antes, procura um retorno
que te permita voltar!
Maria Madalena Ferreira 
Magé/RJ
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"Dez filhos do mesmo leito?!"
pergunta o padre e ela fala:
"Acho que não, pois suspeito
que um é da rede da sala..."
Marina Bruna +
São Paulo/SP
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É magia que me encanta
e que a Deus mais enaltece:
a raiz sustenta a planta,
mas quase nunca aparece!
Mauro Macedo Coimbra
Juiz de Fora/MG
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Quando a vida fica tensa,
na iminência de um perigo,
como faz a diferença 
a presença de um Amigo.
Nei Garcez
Curitiba/PR
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Dizem, com propriedade,
que a saudade é inexplicável;
explica-se: na verdade,
o senti-la é indecifrável!
Nemésio Prata
Fortaleza/CE
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Tira a roupa, e, quase nua
diz ao marido, emburrada:
- Pareço ainda "Perua "?!
- Parece, sim... depenada!
Newton Meyer Azevedo
Pouso Alegre/MG
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Uma lágrima reluz
numa pétala dourada.
Orvalho cheio de luz,
clareando a madrugada.
Paulo Walbach Prestes +
Curitiba/PR
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O passado é vento morno,
afaga nossa lembrança:
estéril, não tem retorno;
atado, não nos alcança.
Pedro Oliveira Dutra Neto 
São José de Ribamar/MA
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Mãe! quisera eu me deitar
junto à parede, aos teus pés.
adormecer e sonhar,
sentindo os teus cafunés.
Professor Garcia
Caicó/RN
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Ao deitar na rede, o Guido
morreu de uma forma tétrica,
porque, de tão distraído,
deitara na rede elétrica!
Renata Paccola
São Paulo/SP
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Em Páscoa feliz tem ovo,
sonho doce de criança,
buscando um mundo bem novo
e redondo de esperança!
Roberto Nini
Mogi-Guaçu/SP
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Sobre a parreira, o luar
no sereno te retrata…
E os teus olhos a brilhar:
“Duas uvas”… cor de prata…
Roberto Tchepelentyky
São Paulo/SP
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Nos mais difíceis momentos,
tuas virtudes revelas:
quando o barco enfrenta os ventos,
mostra a beleza das velas!
Sérgio Ferreira da Silva 
São Paulo/SP
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Mãe, o teu riso gostoso, 
eterno, presente em mim, 
é o legado mais saudoso... 
Uma saudade sem fim. 
Solange Colombara 
São Paulo/SP 
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Muitas rosas só não falam.
      Não nos ferem com espinhos.
      Um doce perfume exalam
      e nos cobrem de carinhos.
Suely Braga
Osório/RS
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– Depressa!… A bolsa ou a vida.
– Mas, que sufoco, senhor!…
Diz a livreira polida.
– Não sabe o nome do autor?
Therezinha Dieguez Brisolla
São Paulo/SP 
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A tua ausência é o refrão
de uma tristeza sem fim,
onde o tempo ao dizer não,
permite à dor dizer sim.
Walneide Fagundes de S. Guedes
Curitiba/PR
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Na corrida certa vez,
deu-se um caso singular .
Em prova que tinha três,
cheguei em quarto lugar!
Zunir Pereira Andrade Filho 
Ponta Grossa/PR
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