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sábado, 17 de junho de 2023

Jaqueline Machado (A Bela e a Fera)

Contos de Fadas e Fábulas, não são estórinhas escritas somente para crianças, pois as mensagens condensadas nesse tipo de literatura nos fazem refletir sobre assuntos, sombrios, tais como: inveja, falsos amores, ambição e aparências.

No conto a Bela e a Fera,  escrito pela francesa Gabrielle-Suzanne Barbot e publicado pela primeira vez em 1740, traz a temática da aparência. Um lindo e nobre príncipe que se achava superior às outras pessoas, negou abrigo a uma senhora maltrapilha e feia que lhe ofereceu uma rosa em troca de ajuda. A velha, sentindo–se humilhada transformou-se numa linda e jovem feiticeira. Ao vislumbrar a beleza da bruxa, o jovem pede perdão, mas o arrependimento é tardio: ela o transformou numa fera horrenda, a qual as pessoas teriam medo e repulsa.

O que a feiticeira fez foi exteriorizar o interior do rapaz, que na verdade, não era belo, pois seus sentimentos não tinham nobreza. Ele era vaidoso, egoísta e fútil.

Bela, a personagem que divide a protagonista do enredo, pede ao seu pai, que parte em viagem, que lhe traga uma rosa. Passando pelo castelo, seu pai apanha a rosa e é preso pela Fera. Ao descobrir a situação de seu paizinho, ela decide libertá-lo, ficando em seu lugar.

A Fera se apaixona por Bela e, com o passar do tempo, a própria Bela começa a perceber que a Fera podia ter um bom coração. Desfecho: eles se apaixonam e, ao descobrir o amor, a Fera transforma-se num lindo príncipe. Agora belo por dentro e por fora.

Esse conto nos convida a refletir sobre o “TER e o “SER”. Muitas pessoas não se dão conta de que há uma diferença enorme em ter e ser... Ter, se refere às coisas materiais, que podem, a qualquer momento, serem arrastados pelo vento. Ser, é algo muito mais fundamentado, se refere às coisas inegociáveis: saúde, amor, amizade, alegria, fé...

De nada vale ter dinheiro, imóveis, fazer viagens, quando não se aproveita ou valoriza as verdadeiras belezas da vida. A existência é tão grandiosa, que temos por obrigação, todas as manhãs, levantar, olhar para o céu e agradecer pela oportunidade de estarmos vivos e de vivermos num mundo cheio de belezas.

A beleza e a riqueza são coisas que nascem dentro da gente e não podem ser compradas ou comparadas às coisas perecíveis.

Todos nós somos um pouco Bela e um pouco Fera, mas é agindo como Bela que descobrimos onde se escondem os tesouros do mundo.  

Fonte:
Enviado pela autora

quarta-feira, 14 de junho de 2023

Minha Estante de Livros (A Volta de Tarzan, de Edgar Rice Burroughs)


É um romance de autoria do escritor norte-americano Edgar Rice Burroughs. Publicado em 1915, é o segundo de uma série de vinte e quatro livros sobre o personagem Tarzan.

RESUMO

Após renunciar ao título de Greystoke em Londres, um triste Tarzan retorna a Paris. Seu amigo Paul D'Arnot, convencido de que o herói não vai conseguir assimilar as leis e regras dos homens, arranja para ele um emprego no serviço secreto francês.

Em missão na Argélia, Tarzan desbarata uma rede de espiões russos e faz amizade com uma tribo de beduínos. Mas trava conhecimento, também, com Nicholas Rokoff, um feroz inimigo. Rokoff acaba por atirá-lo ao mar, na mesma costa ocidental da África onde fora criado.

O homem macaco, então, junta-se à tribo Waziri em uma viagem à procura da cidade perdida de Opar, onde são capturados pelos seus habitantes, brutamontes semelhantes a feras. A Grã-Sacerdotisa de Opar, no entanto, é uma beldade cruel e lasciva chamada La, que se apaixona por ele e, em decorrência disso, recusa-se a entregá-lo em sacrifício ao deus sol.

Tarzan consegue fugir, mas o que ele não sabe é que sua adorada Jane, seu primo - e noivo de Jane - William Cecil Clayton, e o arqui-inimigo Nicholas Rokoff - disfarçado como o gentil Monsieur Thuran - também naufragaram na costa africana. Jane e William deixam um doente Rokoff numa palhoça e partem à procura de ajuda. Contudo, voltam a correr perigo, pois são caçados pelos selvagens de Opar, que procuram novas vítimas para seus rituais pagãos.

HISTÓRIA EDITORIAL

Escrita de dezembro de 1912 a 8 de janeiro de 1913, com o título de Monsieur Tarzan, a obra foi submetida à revista pulp norte-americana New Story como The Ape Man e publicada por esta em sete números, entre junho e dezembro de 1913, já com o título definitivo.

A primeira edição em livro saiu em 10 de março de 1915, pela editora A.C. McClurg.

No Brasil, o romance foi lançado pela Companhia Editora Nacional em 1933, como o número 7 da afamada coleção Terramarear, com quinze mil exemplares. Houve reedições em 1946, 1948, 1954, 1956, 1959 e 1968, em quantidades que variaram entre quinze mil, dez mil e cinco mil exemplares.

Ainda no Brasil, romance saiu em 1959 pela CODIL - Companhia Distribuidora de Livros, dentro de um lote de doze volumes com as aventuras do homem macaco. O artista Manoel Victor Filho ilustrou a edição.

QUADRINHOS

A primeira quadrinização foi na forma de tiras diárias, entre 3 de junho e 17 de agosto de 1929, com desenhos de Rex Maxon e roteiro de R. W. Palmer.

A primeira edição para revistas em quadrinhos é de autoria do ilustrador Russ Manning e do roteirista Gaylord Du Bois, tendo sido publicada nos Estados Unidos pela Gold Key (selo da Western Publishing) em fevereiro de 1966. A adaptação, bastante condensada, omite as aventuras na Europa e tem início com Tarzan já na costa africana. No Brasil, a história foi publicada pela EBAL em 1968, na coleção Lança de Prata, e reeditada em 1986 na revista Tarzan.

Entre abril e setembro de 1973, a DC Comics publicou sua adaptação, ilustrada e roteirizada por Joe Kubert. No Brasil, a EBAL editou a história no ano seguinte, enquanto a Devir relançou-a em março de 2011, com o título alterado para A Volta do Rei das Selvas. Mais fiel ao original, a aventura começa em Paris. A editora Dynamite Entertainment adaptou livro em Lord of the Jungle #9-14, publicada entre 2012 e 2013.

Em 1936, a Withman, selo da Western Publishing publicou uma adaptação para a série de livros ilustrados Big Little Books com desenhos de Rex Maxon.

CINEMA E TV

O romance foi vagamente adaptado para o cinema em The Revenge of Tarzan, de 1920, estrelado por Gene Pollar e Karla Schramm. Segundo os produtores, o novo título, decidido às portas da estreia, "é mais forte. É mais dramático. É como um soco".

O enredo do livro foi utilizado, em parte, no seriado em quinze episódios The Adventures of Tarzan, de 1921, com Elmo Lincoln e Louise Lorraine. O roteiro era composto ainda por elementos de Tarzan and the Jewels of Opar e "muita invenção". Lincoln tornou-se o primeiro Tarzan do cinema ao estrelar Tarzan of the Apes e The Romance of Tarzan, ambos em 1918.

O livro também teve serventia esporádica para o roteiro de Tarzan's Return, o piloto da telessérie Tarzan: The Epic Adventures, produzida entre 1996 e 1997. Estrelada por Joe Lara e sem Jane, a série teve vinte e dois episódios em sua temporada única.

Fonte:
https://pt.wikipedia.org/wiki/The_Return_of_Tarzan

terça-feira, 6 de junho de 2023

Minha Estante de Livros (A Cor da Magia, de Terry Pratchett)


A Cor da Magia é um romance de fantasia, publicado em 1983, por Terry Pratchett, sendo o primeiro livro da série Discworld. O livro faz uma sátira aos livros de aventuras fantástica e tem bastante traços de criaturas de H.P. Lovecraft

ROTEIRO

O personagem principal é o cínico e incompetente mago chamado Rincewind Ele involuntariamente torna-se um guia para o tolo DuasFlor o primeiro e único turista do Discworld. Forçados a fugir da cidade de Ankh-Morpork para fugir de um terrível incêndio, começam uma jornada pelo Disco afora. Sem o conhecimento deles, sua jornada é controlada pelos Deuses jogando um jogo de tabuleiro. Em sua jornada eles se encontram continuamente com o Morte e conhecem Hrun, o Bárbaro. Enfrentam o deus Bel-Shamharoth em seu templo e sobrevivem, para fúria de Morte.

Eles visitam Wyrmberg uma montanha invertida lar dos dragões que só existem na imaginação. Eles quase caem pela cascata à beira do Disco, apenas para serem salvos pelo Reino de Krull uma cidade localizada na beira do Discworld por magos hidrofóbicos. Os Krullians querem descobrir o gênero da Grande A'Tuin, a gigante tartaruga que carrega o Discworld através do espaço, então decidiram construir uma cápsula espacial e lançá-la pela beira. Eles intencionam em sacrificar Rincewind e DuasFlor para que o Destino sorria para a viagem. No entanto, Rincewind e DuasFlor furtam a capsula em uma tentativa de fuga e são lançados para fora do Disco por própria conta.

A história continua no romance seguinte de Discworld A Luz Fantástica

A Cor da Magia é um livro de um total de oito, de Discworld.

GRAPHIC NOVEL

Uma graphic novel ilustrada por Steven Ross e adaptada por Scott Rockwell, foi publicada por Corgi em 1992. Esta graphic novel é dividida em uma série de capítulos como no livro.

Diferenças cruciais entre o livro e o quadrinho incluem o corte de algumas aventuras em Ankh-Morpork e Krull. Inclusive, no livro, as montadoras de dragão são descritas como seminuas, como mulheres bárbaras na ficção tendem a ser. No entanto, para abranger o público infantil, as mulheres usam cotas de malha nos seios como as descritas no livro. Foi publicado em capa dura junto com o romance de A Luz Fantástica, como The Discworld Graphic Novels.

ADAPTAÇÃO DE TV

The Mob Film Company e Sky One produziram uma adaptação em duas partes chamada The Colour of Magic (TV film) combinando A Cor da Magia e A Luz Fantástica e exibido em 2008. David Jason atuou no papel de Rincewind, Sean Astin ficou com o papel de DuasFlor, enquanto Christopher Lee dublou o personagem Morte.

Fonte:
https://pt.wikipedia.org/wiki/A_Cor_da_Magia

sexta-feira, 2 de junho de 2023

Estante de Livros (Uma princesa de Marte, de Edgar Rice Burroughs)


Uma Princesa de Marte (A Princess of Mars, no original) é um romance de fantasia científica de Edgar Rice Burroughs, o primeiro de sua série Barsoom. Repleto de lutas de espadas e proezas audazes, o romance é considerado um exemplo clássico da literatura pulp do século XX. É também um exemplo seminal do romance planetário, um subgênero da fantasia científica que se tornou muito popular nas décadas após a sua publicação. Seus primeiros capítulos contêm também elementos de faroeste. A história se passa no Planeta Marte, imaginado como um planeta moribundo com um ambiente de deserto inóspito. Esta visão de Marte foi baseado nos trabalho dos astrônomos Percival Lowell e Camille Flammarion sobre os supostos canais de Marte.

Foi publicado pela primeira vez na revista pulp All-Story com título "Under the Moons of Mars" em 1912, Mais tarde foi publicado como um livro pela A.C. McClurg em 1917.

A série Barsoom inspirou uma série de bem conhecidos escritores de ficção científica do século XX, incluindo Jack Vance, Ray Bradbury, Arthur C. Clarke, Robert A. Heinlein, e John Norman. A série também foi inspiradora para muitos cientistas nas áreas de exploração do espaço e a busca por vida extraterrestre, incluindo Carl Sagan, que leu A Princess of Mars quando ele era uma criança. A obra encontra-se em domínio público, porém os herdeiros de Burroughs ainda possuem direitos da marca registrada.

No Brasil o livro só foi publicado em 2010 pela Editora Aleph.

PERSONAGENS PRINCIPAIS

John Carter, é um nativo de Virginia humana, EUA. Enquanto morava na Terra lutou na Guerra Civil no lado confederado, servindo como capitão. Ele descobriu uma mina de ouro por isso é imensamente rico. Fugindo um grupo de índios pele vermelha entra refúgio em uma caverna onde ele entra em um estado de sonolência. Ao acordar ele se encontra em Mars.

Capitão James K. Powell, um nativo de Richmond, Virginia, é um oficial confederado, especialista em minas e um experiente caçador de índios.

Dejah Thoris, filha de Mors Kajak e neta de Tardos Mors Jeddak de Helium. Ela é uma princesa marciano do reino Helium dos homens vermelhos, de aparência humana e excepcionalmente bela. Ele é corajoso e decidido e muitas vezes em perigo mortal. Ela é o interesse amoroso de John Carter.

Tars Tarkas, marciano verde, grande guerreiro, feroz, cruel e corajoso.

Alone, uma marciana verde, filha secreta de Tars Tarkas é de bom coração e bons sentimentos, o que torna Thark um traidor de seu povo.

Woola, uma espécie de cão marciano monstruoso e gigantesco, com cabeça de sapo e presas. Professa lealdade absoluta para John Carter.

Sarkoja, um marciano verde, nove anos de idade, pérfido, cruel e traiçoeiro.

Tal Hajus, um verde marciano Jeddak de Thark, famoso por sua extrema crueldade e ferocidade com prisioneiros que caem em suas mãos.

GÊNEROS

Enquanto o romance é muitas vezes classificado como fantasia científica, também pertence aos subgêneros romance planetário e espada e planeta, que possuem afinidades com a fantasia e a espada e feitiçaria. Distingue-se pela sua inclusão de elementos científicos (ou pseudo-científicos). Tradicionalmente, romances planetários ocorrem na superfície de um mundo alienígena, e muitas vezes incluem lutas de espadas; monstros; elementos sobrenaturais, tais como: habilidades telepáticas (em oposição a magia), culturas semelhantes a do Planeta Terra em épocas pré-industriais, especialmente com as estruturas sociais teocráticos ou dinásticas. Naves espaciais podem aparecer normalmente, mas não são fundamentais para a história. Esta é uma diferença fundamental da space opera, em que geralmente naves espaciais são fundamentais para a narrativa. Embora existam exemplos anteriores nos gêneros, A Princesa of Mars e suas sequelas são os mais conhecidos, e eles foram uma influência dominante em autores posteriores.

O romance também compartilha uma série de elementos de faroestes, como ambientações desérticas, mulheres sendo raptadas, e um climático confronto de vida ou morte com o antagonista.

FILMES

Em 2009 foi lançado um filme diretamente em vídeo intitulado "Princess of Mars" com os atores Antonio Sabato Jr. no papel de Carter e Traci Lords como Dejah Thoris.

Em 9 de março de 2012, a Disney lançou o filme "John Carter: Entre Dois Mundos", dirigido por Andrew Stanton, com Taylor Kitsch no papel de John Carter.

Fonte:
https://pt.wikipedia.org/wiki/A_Princess_of_Mars

segunda-feira, 29 de maio de 2023

Minha Estante de Livros (Despertar dos Deuses, de Isaac Asimov)


Despertar dos Deuses (The Gods Themselves) é uma obra de Isaac Asimov, famoso escritor de ficção científica, publicada em 1972. O livro é divido em três passagens distintas que, apesar de fazerem parte da mesma narrativa, possuem muitas diferenças em sua estrutura.

O título do livro e o título de suas três partes teriam sido inspirados na citação de Friedrich Schiller (1759–1805): "Contra a estupidez os próprios deuses lutam em vão".

Enredo

O livro narra um estranho acontecimento, quando cientistas descobrem que uma amostra de Tungstênio-186 foi estranhamente trocada por outra de Plutônio-186. Acontece que o Plutônio-186 não é estável e nem mesmo possível, segundo as leis da física conhecidas, e por isso, em pouco tempo o elemento perde a sua estabilidade e começa a liberar radiação. O radioquímico Frederick Hallam cria a teoria de que este elemento teria vindo de um outro universo, onde as leis da física pudessem aceitar a existência do mesmo. O elemento ao chegar ao nosso universo seria capaz de se manter estável, por trazer parte de seu verdadeiro universo, mas com o tempo, o nosso universo conseguia fazer valer suas leis sobre ele e o Plutônio-186 se desestabilizava.

Através das experiências de trocas dos elementos, os cientistas recebem placas enviadas por seres deste "outro universo" (Universo Paralelo), onde eles descreviam como criar uma máquina que faria a troca de elementos dos dois lados, recebendo a Terra o Plutônio-186, e enviando para eles o Tungstênio-186 (assim como Plutônio-186 em nosso mundo, o Tungstênio-186 seria instável e radioativo no Para-Universo). Esta máquina (chamada de "Bomba Eletrônica") seria capaz assim de criar energia radioativa cíclica e infinita, para os dois lados.

Dr. Peter Lamont, que estava trabalhando em um artigo sobre a história da Bomba de Elétrons, chega a conclusão de que tal Bomba traria a ruína ao nosso universo. Com a troca constante de "leis" entre ambos os universos, suas regras se misturariam e tudo que faz o nosso universo funcionar como é, aos poucos se desestabilizaria. Isto foi previsto pelo Dr. Hallam, mas a prazos de bilhões de anos. De acordo com Denison, podia acontecer em menos de cem anos.

UM LIVRO, TRÊS HISTÓRIAS

1. Contra a estupidez...

A primeira parte narra a descoberta do Plutônio-186 e a criação da Bomba Eletrônica, sendo o Dr. Frederick Hallam aclamado como o pai do projeto. Mas o que parecia ser uma solução perfeita para os problemas de energia da Terra, poderia significar uma grande desgraça. Investigando os fatos e indivíduos envolvidos em torno da criação da Bomba Eletrônica, o jovem Dr. Peter Lamont chega a conclusão de que esta poderia significar a aniquilação do Universo. Ele passa a investigar a tradução das placas enviadas pelos seres do Universo Paralelo com a ajuda de um perito linguístico, Dr. Myron Bronowski. A situação complica-se quando começam a surgir placas com mensagens de que a Bomba seria perigosa, ao mesmo tempo que os esforços de Lamont em provar sua teoria da possível destruição não se veem reconhecidos.

2. ...Os próprios deuses...

A parte mais fantástica do livro, narra sobre o Universo Paralelo, um mundo habitado por seres fantásticos, de natureza completamente diferente da vida encontrada na Terra.

Estes Seres estariam divididos em 2 grupos em seu mundo, os "Suaves" e os "Duros".

Os Suaves são seres mais simples, de composição maleável, capazes de modificar suas formas (alguns até em formas gasosas). Os Suaves deviam se reunir em trindades (Tríades), sendo que cada ser da tríade possuía um tipo de personalidade que representava um dos 3 papéis existentes em seu mundo:

– Emocionais: eram a porção feminina da Tríade, os mais sutis e sensíveis, reunindo em si os sentimentos, emoções e preocupações.

– Parentais: representavam o lado instintivo da Tríade, responsáveis pela gestação, criação e educação dos filhos, a medida que nascem.

– Racionais: a parte intelectual do trio, com a capacidade de aprendizado, intelecto e raciocínio muito aguçados.

Os Duros representam a elite da sociedade destes Seres, possuindo seus corpos mais sólidos e consistentes, sendo inteligentíssimos e responsáveis pela evolução do mundo. Para os Suaves, os Duros eram dignos de todo respeito, e a origem deles dentro de sua espécie nunca foi uma coisa muito clara (este fato é explicado mais adiante nesta parte do livro).

Na História temos Dua, a Emocional, que fazia parte de uma Tríade com Odeen, um Racional e Tritt, um Parental. Dua era considerada uma Esquerda-Em, por ser uma Emocional com grande capacidade intelectual e por compreender os assuntos dos Racionais. No decorrer da história, Dua começa a tomar ciência sobre as verdadeiras intenções e implicações da Bomba Eletrônica, e se vê na tentativa de impedir o seu uso.

3. ...Disputam em vão?

O desfecho do livro é protagonizado pelo Dr. Benjamin Allan Denison (ex-colega de Frederick Hallam, e que foi ridicularizado por este, na época primeira da descoberta da amostra de Plutônio-186). Denison viaja até a Lua, procurando na colônia selenita um recomeço para sua carreira que fora destruída na Terra por Hallam. Lá conhece Selene, uma selenita que serve de guia a ele no diferente ambiente lunar. Logo, Denison vê-se novamente envolvido com os problemas da Bomba Eletrônica e se torna a peça chave para explicar as teorias que comprovam seu perigo e por elaborar uma possível solução para todo o problema.

Fonte:
Wikipedia

domingo, 28 de maio de 2023

Minha Estante de Livros (Doutor Benignus, de Augusto Emílio Aluar)


O Doutor Benignus é um dos livros do português naturalizado brasileiro Augusto Emílio Aluar, publicado em 1875. É considerado a primeira obra de ficção científica escrita no Brasil.

O texto tem como tema central os questionamentos filosóficos e as andanças pelo interior do país do seu personagem principal, o Dr. Benignas, médico e naturalista.

Apesar de ser um obra ficcional, o texto traz referências precisas à obra de diversos cientistas contemporâneos, entre os quais estão Peter Wilhelm Lund, Camille Flammarion e José Vieira Couto de Magalhães.

Em 1875, Augusto Emílio Zaluar escreveu e publicou no Brasil o romance O Doutor Benignus, influenciado pelas obras iniciais de Júlio Verne, Cinco semanas num balão (1863) e Viagem ao redor da lua (1870), e principalmente por Camille Flammarion, astrônomo francês, que publicou, entre outros, o livro A pluralidade dos mundos habitados (1862), referido explicitamente nas páginas do romance. Publicada no jornal O Globo, em fascículos, a obra é considerada o primeiro romance brasileiro no qual se exprimem claramente as várias convenções do gênero ficção científica, que na época ainda estava em formação: o cientista como protagonista, a máquina de ver o futuro e o primitivo mundo perdido. Esta é, de fato, a primeira obra de literatura fantástica escrita no Brasil.

O livro defende o conhecimento científico como forma de alcançar o progresso, construindo assim a identidade de um país. Escrito com uma visão nacionalista, deixando clara a preocupação em caracterizar o Brasil como um território cuja natureza é rica e exuberante, Benignus, médico e cientista amador, pretende provar que o homem americano teria surgido no Brasil e daqui migrado para outros continentes. Apesar de parecer absurda nos dias atuais, a ideia era debatida no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) e fundamentada pelo paleontólogo dinamarquês Peter Wilhelm Lund (1801–1880), que defendia essa proposta tomando por base os esqueletos humanos encontrados em cavernas na região de Lagoa Santa, no estado de Minas Gerais.

É de se imaginar que uma obra escrita no século XIX traga inconsistências em relação aos conceitos aceitos pela comunidade científica nos dias de hoje, entretanto, a obra faz clara referência à evolução do homem e à seleção natural de Darwin, hoje plenamente aceita, mas que nem sempre foi assim. É bem possível que, durante as semanas em que o romance foi publicado, muitos leitores tenham ouvido falar de Darwin pela primeira vez, buscando posteriormente outras leituras que envolvessem a teoria da evolução.

Esta obra expressa ao leitor o sonho de Benignus: a visita de um ser espiritual proveniente do Sol que o parabeniza por sua “impaciência de saber”, animando-o a infiltrar o bem na alma de seus semelhantes por meio do conhecimento.

sábado, 27 de maio de 2023

Minha Estante de Livros (Crônicas do Cretáceo: O tempo antes de nós, de André Nemésio)


É um livro brasileiro de ficção científica escrito pelo biólogo André Nemésio e publicado em 2020.

SINOPSE

A trama baseia-se na possibilidade do surgimento da inteligência e da senciência mais de uma vez na história do nosso planeta e que a linhagem dos dinossauros teve tempo suficiente para que uma ou mais espécies inteligentes pudessem ter surgido. Partindo dessa premissa, e relacionando-a com as possibilidades de vida inteligente em outros planetas, a humanidade, em fins do século XXI, descobre evidências de que uma civilização desconhecida já esteve em nosso sistema solar milhões de anos antes do surgimento da espécie humana. Acreditando inicialmente que tal civilização teria origem extraterrestre, os cientistas gradualmente se dão conta, através do estudo de um cubo de ouro encontrado em Marte e aplicando o pensamento lógico-dedutivo, que, na verdade, a Terra já foi habitada não por uma, mas por duas espécies de dinossauros terópodes inteligentes no final do período Cretáceo. Essas duas espécies, conhecidas em seus respectivos idiomas como Korubo e Arama, erigiram civilizações com desenvolvimento tecnológico equivalente àquele alcançado pela humanidade no início do século XXI, e tiveram que lidar com um grande desafio: a chegada de um enorme asteroide em rota de colisão com a Terra. Embora tivessem a tecnologia para, ao menos, mitigar os efeitos do impacto, as desconfianças mútuas e o desprezo pela ciência por parte de alguns impediram que os dois povos lograssem êxito na tarefa de evitar o desastre, resultando no impacto que deu origem à cratera na região de Chicxulub, na atual Península de Yucatán, no México, há 66 milhões de anos, pondo fim à "era dos dinossauros".

O autor apoia-se nas mais recentes descobertas nas áreas da astronomia, geologia, geofísica, biologia evolutiva, paleontologia, paleoecologia e filosofia da ciência para construir sua trama, inclusive listando toda a literatura consultada e utilizada como fonte para sua história fictícia ao final da obra, dando à mesma um caráter adicional de divulgação científica. Os dinossauros terópodes, por exemplo, são retratados da forma mais exata possível, de acordo com os mais recentes estudos paleontológicos, que lhes atribuem penas. Além disso, referências e trocadilhos com várias outras obras de ficção científica estão presentes ao longo de toda a história.

Recebeu críticas positivas na imprensa. Foi um dos três finalistas do IV Prêmio Le Blanc e também finalista do Prêmio Argos de Literatura Fantástica 2021. Ganhou uma tradução para a língua inglesa, publicada em outubro de 2021.

Fonte:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Cr%C3%B4nicas_do_Cret%C3%A1ceo

domingo, 21 de maio de 2023

Jaqueline Machado (Quincas Borba humano / cão)

No romance Quincas Borba, de Machado de Assis, o leitor recebe uma cartilha, quase uma enciclopédia sobre o jogo de interesses humanos. 

Rubião queria que sua irmã, Piedade, casasse com Quincas, que era um homem rico, assim, poderia ele se favorecer em parte, da vida luxuosa do amigo, que passaria a ser seu parente, mas a moça era muito tímida e rejeitou o matrimônio.

Rubião levava uma vida simples de professor. No entanto, apesar do golpe não ter dado certo, ficou rico. E vestido em seu chambre, de frente para uma janela de um imenso apartamento no Botafogo, orgulhava-se de si. Entusiasmava-se ao lembrar da vida simplória de seu passado recente e de tudo o que agora podia desfrutar, sendo bem servido pelos seus serviçais.

Rubião tinha um amigo chamado Cristiano Palha, também muito interesseiro, que o ensinava como ser um rico de verdade, que o aconselhou a contratar um novo serviçal que fosse estrangeiro e branco. ( Aqui a narrativa enfatiza a cruel questão do racismo de um Brasil que acabava de sair de um período escravocrata).

Mas afinal, por qual meio Rubião, que era um homem de vida simples, teria ficado rico?

Quincas era um mendigo filósofo, que estava para morrer de uma doença pulmonar. Tinha consigo um cãozinho que levava o seu nome. Rubião era o amigo que ouvia sobre as ideias de Humanitas de Quincas.

Humanitas é um sistema filosófico criado por Quincas para explicar o sentido da existência. A filosofia de Quincas Borba afirma que a substância da qual emanam e para a qual convergem todas as coisas é Humanitas. Portanto, Humanitas é o princípio único de tudo o que existe. E se esse princípio está em tudo, está também no seu cãozinho de estimação, que terá como herança o seu nome. 

Humanitas, segundo sua filosofia, também significa que essa substância não se esvai com a morte do corpo. É uma espécie de célula da imortalidade, portanto, o fenômeno (matéria) se desfaz, mas a essência fica. Os que morrem em batalha, nas disputas pelas batatas na sobrevivência da vida, permanecem vivos em um outro estado de existência.

Quincas propôs a Rubião o seguinte: caso ele aceitasse cuidar do seu cãozinho, se tornaria seu herdeiro universal. Rubião, bajulador e interesseiro, aceitou. Logo que o velho morreu, tomou posse da herança e do cachorro. 

Ele não conseguia nutrir muita estima pelo animal, que uma hora era cuidado, e instantes depois, desprezado por ele. 

Rubião passou a desfrutar da chamada “Vida boa”. Vida essa a qual não conseguiu se adaptar, pois eram muitas normas e requintes a seguir para ser considerado um bom rico. 

Ele era um homem atrapalhado, se apaixonou pela mulher do seu melhor amigo, e emprestava dinheiro para todo mundo que o enxergava como um bobo da corte. 

Não suportando a falta de adaptação exigida pela sociedade e perdido de amor por uma mulher que o ignorava, aos poucos, foi enlouquecendo. 

Ao ser dominado pelos sintomas da loucura, perdeu a herança. Com isso, os amigos sumiram e ele terminou seus dias sem família, sem amor, sem amigos, com fome e sozinho. 

Fonte:
Texto enviado pela autora.

sexta-feira, 12 de maio de 2023

Jaqueline Machado (Tempos muito difíceis)

 Ora, eis o que quero: fatos. Ensinem a esses meninos e meninas apenas os fatos. Nada além dos fatos. Da vida, precisamos somente dos fatos. Não plantam nada mais. Erradique todo resto. As mentes dos animais racionais só podem ser formadas com base nos fatos. 

É assim, com essa repetição da palavra “fatos” que se inicia "Tempos difíceis",  um livro satírico publicado no período da revolução industrial, por Charles Dickens. Trata-se de uma crítica à filosofia utilitarista, baseada em fatos, capitalismo e positivismo, defendida pelos britânicos Jeremy Bentham e John Stuart Mill. Filosofia essa adotada pela Inglaterra, que era, nesse período, o maior império do mundo, e através de sua influência, exportava essa ideia a outros países. 

A história se passa na cidade fictícia de Coketown.

Um dos personagens centrais é o senhor Thomas Gradgrind, dono de uma escola que aplica essa ideia utilitarista nas aulas. Ele era pai de cinco filhos, mas na história só aparecem os dois mais velhos: a Luiza e o Tom. Tanto seus filhos quanto os demais alunos só aprendiam as disciplinas consideradas úteis, lógicas e necessárias para que, futuramente, se tornassem trabalhadores lucrativos e racionais, podendo assim contribuir com a felicidade do maior número de pessoas. Pois o lema do utilitarismo era "a máxima felicidade para o maior número de pessoas". O que importava era a maioria, mesmo que isso custasse o sacrifício da minoria. Toda solução era dada de forma racional, fria e numérica. Se um precisasse morrer para dois viverem melhor, então assim era feito. 

Nessa escola, as brincadeiras, a contação de histórias e a fantasia, eram consideradas desnecessárias e perigosas na formação de crianças. Tanto, que Cecília, uma menina abandonada por pais circenses é adotada pelo senhor Thomas, e tem por ele a sua educação reiniciada segundo a sua filosofia de vida.

O tempo passou, os filhos cresceram. O senhor Gradgrid tornou-se um sujeito mais flexível em seus ideais. Já a filha Luiza, torna-se uma mulher rígida, mantendo em si, a visão de mundo segundo o que aprendeu quando criança. Tomas, digamos assim... Não tinha muita firmeza de caráter. 

Cecília não perdeu seus sonhos de infância. Mas apesar de tudo, ao seu modo, eles tentavam se entender em seus próprios desentendimentos.

O clássico, "Tempos difíceis" mantém sua atualidade. Em meio à crise capitalista que assola parte do mundo com números crescentes de desempregados e cortes de gastos dos Estados - e, consequentemente, de empobrecimento da população. 

O narrador é muito satírico ao descrever as personagens, pois parece considerar que pessoas não são como máquinas capazes de viver somente de cálculos, fazendo tudo de modo lucrativo. A razão unicamente baseada em fatos desumaniza, já que para estar vivo, é preciso sentir, e para uma nação evoluir é preciso, às vezes, errar os cálculos matemáticos do que parece ser o certo. Ou seja, o utilitarismo impede que pessoas sejam, de fato, pessoas. Portanto, o desejo de proporcionar felicidade à base de uma racionalidade fleumática, sugerido pelos filósofos  Jeremy Bentham e John Stuart Mill, não existe. E é favorável apenas a um seleto número de irracionais perdidos de si. 

Fonte:
Texto enviado pela autora.

quinta-feira, 27 de abril de 2023

Jaqueline Machado (O Gato malhado e a Andorinha Sinhá, de Jorge Amado)

"O mundo só vai prestar para nele se viver, no dia em que a gente ver um gato maltês casar com uma alegre andorinha, saindo os dois a voar: O noivo e sua noivinha, Dom Gato e Dona Andorinha“

Este é um trecho da fábula escrita por Jorge Amado, e publicada em 1976.

Eis que o tempo inventou de fazer uma promessa para a donzela manhã. Prometeu dar-lhe uma rosa azul, se ela lhe contasse uma história bonita.

Ela escolheu contar uma bela história de amor entre o Gato Malhado e a Andorinha Sinhá.

Gato Malhado era um gato já ancião, ranzinza e sem piedade. Certa vez, todos os animais que estavam a refestelar-se alegremente no parque, fugiram do gato a fim de escaparem de suas vilanias, quer dizer, nem todos: uma jovem andorinha permaneceu num galho de uma árvore. Os dois começaram a discutir.

Desde então, se apaixonaram. Um passou a viver nos pensamentos do outro.

O Gato voltou ao parque, os dois se aproximaram, e daí em diante passaram a conversar civilizadamente, e passearem juntos.  No período do término do verão, o Gato declarou o desejo de casar com a bela Andorinha. Ela respondeu que as andorinhas não se casam com gatos. E, em seguida, desapareceu.

A bicharada descobriu o amor que existia entre o Gato e a Andorinha, e logo começaram a criticar.

Algum tempo se passou. Era Outono, e o Gato soube da notícia de que a sua amada estava de casamento marcado com o Rouxinol,  que era amigo dela. O Gato Malhado entristeceu-se profundamente. Era tanta a tristeza do Gato Malhado, que ele decidiu caminhar até ao Fim do Mundo. Este viu a Andorinha, pela última vez no casamento. Ela também o viu. Na cara dela via-se também tristeza, pois gostava do Gato, mas fora obrigada a casar com o Rouxinol.

A Andorinha Sinhá deixou cair uma pétala de rosa do seu buquê sobre o  Gato, a qual ele colocou  no peito, parecendo uma gota de sangue.

Quando o gato saiu de lá, a pétala brilhou e o encaminhou até ao Fim do Mundo.

Assim, a Manhã recebeu a rosa azul do Tempo.

 A fábula retrata muito uma realidade humana ainda vigente no mundo atual, onde regras sem sentido se opõem aos sonhos, às vontades e aos amores. Na verdade, a realidade deveria ser o oposto disso. Os amores e os ideais sadios é que deveriam estarem à frente de tudo.

Pensando nisso, disse o autor: “Temos olhos de ver e olhos de não ver, depende do estado de coração de cada um”.

Fonte:
Texto enviado pela autora.

terça-feira, 18 de abril de 2023

Jaqueline Machado ( O Estrangeiro, de Alberto Camus)

Hoje, mamãe morreu. Ou talvez ontem, não sei”.

A abertura de “O estrangeiro",  obra escrita pelo escritor francês Albert Camus e publicada em 1942, é uma das mais famosas da literatura. 

Esta fala inicial é proferida pelo protagonista, Mersault, que demonstra frieza e quase desdém em relação à triste noticia.

Veja bem: “Hoje mamãe morreu”. Essa frase tem um tom neutro, talvez um tanto reflexivo, mas não diz muita coisa, e já na frase seguinte: “Talvez ontem, não sei”. É revelada a indiferença do filho em relação à perda de sua mãe. Ele, estranhamente, não parecia estar bem a par sobre o instante do falecimento da idosa, que vivia num asilo.

A narrativa trata de um cara  estrangeiro de si mesmo. Já que era um ser humano sem humanidade, insensível às coisas fundamentais da vida: amor, família, estudo e trabalho. Vivia num eterno “Tanto faz”. Aliás, esta frase é uma constante no livro, quase um mantra.   

Mersault corre para resolver tudo do enterro, como faz qualquer cidadão de bem, mas durante o velório, não chora, bebe café e ainda cochila.

Logo depois, parte para casa e pensa: preciso dormir umas doze horas. No outro dia vai à praia com a namorada e ao cinema assistir um filme engraçado.

Quando Maria, sua namorada, pergunta se ele a ama, ele responde que não. Ela quer casar. Ele leva o convite em consideração, já que isso parecia ser importante para a moça, mas para ele, casar ou não, não tinha importância alguma.

Em seguida, recebe de seu chefe uma proposta de trabalho em Paris. E o que ele responde ao patrão? “Tanto faz...

A história passa por uma reviravolta, quando um de seus vizinhos bate na amante e pergunta se Mersault  pode testemunhar a seu favor, dizendo que a briga foi uma coisa banal. Ele aceita. Como recompensa, ganhou uns dias numa praia. Nessa praia, nota a presença do irmão da moça espancada, que começa a perseguir o agressor. O calor é intenso, o sol ardia em sua pele, a água parecia um mar de fogo. A ira tomou conta do seu íntimo. Irritadíssimo, puxou sua arma e atirou no homem. Um tiro bastava para matá-lo, mas ele aproximou-se do corpo e atirou mais quatro vezes.

Por nada, matou um homem, comprando uma briga que nem era dele. É processado, condenado à execução, e fica a refletir: - “Que importa ser condenado à morte? Morrer aos trinta e poucos ou aos setenta? De toda forma estamos todos condenados à morte”. E aí entra outra vez a intenção do tanto faz.

Segundo os críticos literários, esta obra foi inspirada no absurdismo que é a teoria filosófica de que a vida em geral é absurda. E sem nexo. Mas psicanaliticamente falando, nos faz refletir profundamente a insensibilidade, o que torna um ser humano incapaz de sentir, de apaixonar-se pela existência.

O sentido da vida se encontra dentro do indivíduo que sente o perfume das flores, que vê beleza nos astros e que ama amar tudo e a todos. Sem essas percepções, realmente tudo perde a cor, o valor... O sentido de tudo se faz nulo e a razão de existir se torna ausente. Ok! Até aí, eu entendo, mas o que leva de fato um ser humano ser um estrangeiro em sua própria natureza? Sinceramente, nem Freud explica. 

Fonte:
Texto enviado pelo autora.

sábado, 15 de abril de 2023

Jaqueline Machado (O Diabo, de Liev Tolstói)

"Eu, porém, vos digo, que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela. 
Portanto, se o teu olho direito te escandalizar, arranca-o e atira-o para longe de ti; pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que seja todo o teu corpo lançado no inferno. E, se a tua mão direita te escandalizar, corta-a e atira-a para longe de ti, porque te é melhor que um dos teus membros se perca do que seja todo o teu corpo lançado no inferno."

É com esse versículo ameaçador de Mateus, 5. 28:30,  que se inicia a novela de Liev (ou Leon) Tolstói publicada postumamente no ano de 1911. Essa tônica vai reger toda a novela que conta a história do personagem Evguêni Vânovitch, que é um de três filhos. O rapaz é comum, nem burro, nem muito inteligente, mas bem educado. Após a morte de seu pai, ele fica com a mãe e assume as responsabilidades da herança. Logo, também descobre que seu pai deixou muitas dívidas. Sua herança é uma fazenda que ficava num vilarejo. Na fazenda, ele se envolve com uma mulher casada: Stiepachka, com quem se encontra muitas vezes num galpão da propriedade. E o que parecia ser uma paixão aleatória, apenas para saciar seus desejos carnais, ganha inesperadas proporções.  

Evguêni se casa com Lisa Anienkaia, uma mulher que Tolstói descreve como a mulher perfeita em tudo o que faz, o apoia em tudo e mantém a casa perfeitamente organizada. E ainda divide o seu dinheiro com ele. O casamento ia muito bem até que, um ano depois de casado, ele se encontra novamente com Stiepachka, que ao se mover e erguer o vestido, deixa parecer o tornozelo e o lenço. Dali em diante ele passa a se deixar levar por uma tentação arrebatadora. O que parecia sem importância, agora estava integrado à sua vida conjugal.

Toda vez que Evguêni, via a ex-amante, sentia-se irremediavelmente atraído por ela. E num momento de desesperança total, pede a ajuda do tio de sua esposa. Nessa conversa ele desabafa, expondo todas as suas vulnerabilidades. E implora: “- Por favor, salve-me de mim mesmo!” O tio o aconselha a se retirar por um tempo da fazenda junto de sua esposa. Ele acolhe o conselho e decide partir. 

Em seguida, Lisa dá a luz a uma linda menina. Ao retornar à casa com sua família, ele se sente liberto: um marido honesto e fiel. Mas está enganado a respeito de si mesmo. Ao ver Stiepachka percebe que não está curado: os desejos o possuem novamente. E ele só consegue enxergar três saídas: matar a esposa para viver com a mulher que o atormenta, matar Stiepachka ou matar a si mesmo. 

Desesperado, ele mata a camponesa, porque ela era o diabo que o possuía. Foi preso, e depois passou um tempo num mosteiro onde bebia. E retorna ao lar como um alcoolatra. Ou seja, agora o diabo que o dominava não era mais a bela camponesa a quem matou, e sim, a bebida.

Fonte:
Texto enviado pela autora.

quarta-feira, 12 de abril de 2023

Silmar Böhrer (O Novo Iluminismo, de Steven Pinker)

A Companhia das Letras lançou no Brasil o livro O NOVO ILUMINISMO, do psicólogo Steven Pinker, cientista do conhecimento, professor em Harvard.  Nestes tempos conturbados em que vivemos é interessante sabermos das ideias do pensador, pouco conhecido entre nós.

Com uma original avaliação da condição humana no terceiro milênio, o cientista cognitivo nos incita a rechaçar manchetes alarmistas e profecias apocalípticas que vicejam nos dias atuais e influenciam nossa visão de mundo.

Pinker demonstra que a vida, a prosperidade, a saúde, a segurança, a paz, o conhecimento e a felicidade estão em ascenção, não apenas no Ocidente, mas em todo o mundo.

Para o cientista das ideias, esse progresso é uma herança do Iluminismo  -  a convicção de que a razão e a ciência podem impulsionar  o florescimento humano  -   e mais do que nunca, elas precisam de uma defesa vigorosa.

E escreve o autor: "Nadando contra as correntes da natureza humana, exploradas por demagogos  -  tribalismo, autoritarismo, demonização, pensamento mágico  -, o projeto iluminista é atacado por religiosos, políticos e intelectuais que insistem que a civilização ocidental passa por um inexorável processo de declínio.

Gráficos e planilhas no livro expõem os dados.  Eles indicam que com o avanço do conhecimento, as pessoas estão de fato vivendo mais e melhor.  Sem negar que nossos tempos são atribulados, não hesito em apontar o caminho para as soluções:  reforçar o ideal iluminista de usar a razão e a ciência para resolver problemas".

Fonte:
Texto enviado pelo autor.

quinta-feira, 6 de abril de 2023

Estante de Livros (Diário de um pároco de aldeia, de Georges Bernanos)


Sinopse: 
Escrito em 1934 e publicado em 1936, este romance confessional traça o doloroso itinerário espiritual de um jovem sacerdote, pobre e doente, enviado para uma terriola habitada por uma sociedade pragmática, descrente de fé e de cristandade. Neste cenário começa a luta contra a penetração do mal com armas como a humildade, o sofrimento e a solidão.

A história, em tom confessional, descreve a vida de um jovem padre católico na paróquia de Ambricourt, no norte da França, quase divisa com a Bélgica. A vida do padre é marcada por um câncer no estômago e pela falta de fé da pequena população local.

Comentários: 
Uma grande obra é aquela que agrega conhecimentos sobre a realidade e aumento de consciência da condição humana. Diário de um pároco de aldeia faz isso com magistral propriedade. Mais que isso, ultrapassa esses propósitos e nos dá uma verdadeira demonstração de fé, cristianismo e santidade e uma aula verdadeiramente filosófica. É uma história comovente, muito bonita e maravilhosa, contada com grande maestria literária. Entretanto, não é um livro fácil de ler porque é um livro com sentido filosófico onde a personagem central está argumentando em torno de ideias e o leitor moderno não está mais acostumado com isso.

O nosso herói é um jovem padre, cujo nome nós não sabemos e que registra em seu diário a vida angustiante que leva numa paróquia de interior. A obra denuncia como o Cristianismo está sendo transformado em rotina no mundo moderno, simbolizada pelo padre na aldeia de Ambricourt. No fundo, a história retrata a morte simbólica do mundo.

O livro começa com o padre descrevendo como é a vida na sua paróquia. O tempo todo se tem a impressão de que o padre está lutando contra um caso perdido, como se àquele lugar não pudesse ser recuperado.

Minha paróquia é uma paróquia como todas as outras. Todas as paróquias se parecem. As paróquias de hoje, naturalmente. Eu dizia ontem ao pároco de Norenfontes: o bem e o mal devem ficar em equilíbrio nelas, só que o centro da gravidade está lá embaixo, bem lá embaixo. Ou se preferir, os dois se sobrepõem nelas sem se misturar como dois líquidos de densidades diferentes. O padre riu na minha cara. Ele é um bom sacerdote, muito benevolente, muito paternal, e que no arcebispado passa até por incréu, um pouco perigoso. Suas tiradas fazem a alegria das casas paroquiais, e ele as reforça com um olhar que ele gostaria que fosse vivo, e que acho tão gasto e cansado que sinto vontade de chorar.

Minha paróquia é devorada pelo tédio, essa é a palavra certa. Como todas as outras paróquias. O tédio a devora diante de nossos olhos e não há nada que possamos fazer. Talvez um dia destes sejamos contagiados, e descubramos em nós esse câncer. Pode-se viver muito tempo com isso.”

Há algo de errado na sociedade e que acaba influindo na vida do pároco. E como o padre é jovem, os problemas são maiores, as dúvidas são maiores, e os sonhos são grandes. O problema está no grande abismo que separa o pároco entre o que ele sonhou ser e o que a aldeia espera que ele seja, e o que ele consegue ser, na prática.

Ele é um pároco numa cidade de gente descrente, gente cínica, gente ferozmente pragmática. Ele não tem nenhum colega de profissão que o ajude de verdade, porque todos eles estão apenas tentando transformá-lo em um ser tão cínico quanto eles. Em última análise, ficou sozinho e completamente solitário nessa vida.

“Eu me dizia então que o mundo é devorado pelo tédio. Naturalmente, é preciso refletir um pouco para se dar conta disso, não é uma coisa que se perceba imediatamente. É uma espécie de poeira. A pessoa vai e vem, sem a ver, respira essa poeira, come e bebe essa poeira, e ela é tão fina que nem faz barulho quando é mordida. Mas basta parar um momento e ela torna a cobrir o rosto e as mãos da pessoa. É preciso se agitar sem parar a fim de sacudir essa poeira de cinzas. Por isso mesmo, o mundo se agita muito.”

Este tédio que o padre descreve, é algo que não se percebe que acontece, uma espécie de poço invisível, um estado de coisas profundo e estabelecido, que não se consegue mexer. É como a poeira com a qual as pessoas se acostumam e com a qual não conseguem lidar. Este é mais ou menos o clima que se estabeleceu ali na paróquia do nosso herói.

O padre acha que a sua própria vida não tem mistério algum e o diário que ele se utiliza é um exercício para anotar as coisas que acontecem, com sinceridade que ele tem com ele mesmo.

SENTIDO DA OBRA:
1. A obra é um estudo sobre a santidade. O padre vai morrendo ao longo da história e há um sentido simbólico por trás disso.

2. O mote da obra é o confronto entre a conformidade e inconformidade.

3. O autor nos mostra o paradoxo entre espiritualismo e pragmatismo. O padre de Ambricourt simboliza o espiritualismo, enquanto o padre de Torcy e o senhor deão, seu superior, simbolizam o pragmatismo.

CONCLUSÃO:
A obra busca despertar a consciência de que o pragmatismo está sufocando o espírito do cristianismo.

Fonte:
Anatoli Oliynik. Anatoli: um blog cultural

sexta-feira, 3 de março de 2023

Estante de Livros (David Copperfield, de Charles Dickens)


David Copperfield é um romance de Charles Dickens. A exemplo de vários trabalhos da época, inicialmente foi publicado em capítulos, tendo sido publicado como livro em 1850.

Muitos elementos descritos no livro se parecem com eventos da vida de Dickens, o que leva os estudiosos a considerarem-na a mais autobiográfica de suas obras. No prefácio da edição de 1867, Charles Dickens escreveu ""... como muitos pais amorosos, eu tenho, no fundo, no fundo, um filho favorito. E seu nome é David Copperfield".

A história narra o trajeto de David Copperfield da infância à maturidade. David nasceu na Inglaterra em 1820; seu pai havia morrido 6 meses antes de seu nascimento, e sete anos após, sua mãe se casa com Mr. Edward Murdstone. David não simpatiza com o padrasto, nem com a irmã dele, Jane, que passa a morar em sua casa. Mr. Murdstone espanca David pelas dificuldades nos estudos, e David, num desses espancamentos, morde-o, sendo mandado para um colégio interno, Salem House, sob os cuidados do cruel mestre Mr. Creakle. Ali, David faz amizade com James Steerforth e Tommy Traddles, os quais posteriormente voltará a encontrar .

David retorna a casa nas férias e encontra a mãe, que tivera um bebê, mas após voltar à escola, a mãe e o irmão morrem, e David retorna imediatamente para casa. Mr. Murdstone o manda para trabalhar em uma fábrica em Londres, da qual Murdstone é um dos proprietários. Seu chefe, Mr. Wilkins Micawber, é mandado para a prisão dos devedores King's Bench Prison, após a falência da fábrica, e passam-se muitos meses até sua liberdade, quando então se muda para Plymouth; enquanto isso, como David não tinha ninguém para cuidar dele em Londres, decide seguir caminho. 

Ele anda todo o caminho de Londres a Dover, para encontrar seu único parente, sua tia Miss Betsey. A excêntrica Betsey Trotwood aceita cuidar dele, apesar de frequentemente Mr. Murdstone visitá-la tentando conseguir a custódia de David. A tia o renomeia como 'Trotwood Copperfield', encurtado depois para "Trot", e pelo resto da história ele é chamado por um nome ou outro, dependendo de a pessoa ser uma velha conhecida ou tê-lo conhecido recentemente.

A história narra a passagem de David para a vida adulta, e seu envolvimento com as pessoas que encontra, levando-o a rever sua vida. Uma dessas pessoas era Peggotty, a fiel ex-caseira de sua mãe, sua família e a sobrinha órfã Little Emily, que vive com eles e encanta o jovem David. O romântico e independente amigo de David, Steerforth, seduz e desonra Emily, desencadeando a maior tragédia do romance, e a filha de seu chefe, a angelical Agnes Wickfield, torna-se sua confidente. 

Dois personagens próximos de David são o eterno devedor Mr Wilkins Micawber, e o fraudulento Uriah Heep, cujos deslizes são eventualmente descobertos por Micawber. Micawber é retratado como um personagem simpático, apesar de o autor deplorar sua inabilidade financeira e, como ocorrera na realidade com o pai de Dickens, é aprisionado por suas insolvências.

Uma das características de Dickens é fazer descrições rápidas sobre o destino de suas personagens; Dan Peggotty leva Little Emily para uma nova vida na Austrália; acompanhando-os estão Mrs. Gummidge e os Micawbers; em busca de segurança, todos encontram felicidade na sua nova vida. David inicialmente casa com a bela, mas ingênua Dora Spenlow, mas ela morre após um aborto. David, finalmente, casa com a sensível Agnes, que secretamente o amava e descobre a felicidade. Eles têm muitos filhos, incluindo uma filha chamada Betsey Trotwood.

PERSONAGENS:

David Copperfield – um otimista, diligente e perseverante personagem. Posteriormente ele é chamado "Trotwood Copperfield" por alguns ("David Copperfield" é também o nome do herói de seu pai, que morreu antes de David), mas tem muitos apelidos: James Steerforth o apelida de "Daisy", Dora o chama "Doady", e sua tia (Betsey Trotwood) se refere a ele como "Trot" (de "Trotwood Copperfield").

Clara Copperfield – mãe de David, descrita como inocente e pueril, morre enquanto David está em Salem House, juntamente com seu bebê.

Clara Peggotty – a fiel caseira dos Copperfield e longa companheira de David (viveu um tempo como Mrs. Barkis, após seu casamento com Mr . Barkis). Herdou 3 mil libras – uma grande quantia no século – quando Mr . Barkis morreu. Após a morte dele, passou a servir Betsey Trotwood.

Betsey Trotwood – a excêntrica e temperamental tia de David, que passou a ser sua guardiã. Ela está presente na noite do nascimento de David.

Mr. Chillip – o médico que assiste o nascimento de David.

Mr. Barkis – um reservado carroceiro que declara sua intenção de casar com Peggotty . Ele diz para David: "Conte a ela, Barkis está querendo! Apenas isso." Ele é um tanto mesquinho, e esconde sua surpreendente fortuna em uma caixa onde está escrito "Roupas Velhas". Ele deixa para a esposa a então grande soma de 3 mil libras, quando morre, dez anos depois.

Edward Murdstone – o cruel padrasto de David, que após a morte da esposa, o manda para trabalhar na fábrica. Após David sair pelo mundo, aparece na casa de Betsey Trotwood. 

Wilkins Micawber – um homem gentil que faz amizade com David. Ele sofre dificuldades financeiras e gasta seu tempo em prisões de devedores. Posteriormente emigra para Austrália. Seu personagem é baseado em John Dickens, pai de Charles Dickens. 

Jane Murdstone – a igualmente cruel irmã de Mr. Murdstone, que muda para a casa de David quando o irmão casa com Clara Copperfield. Ela é amiga confidente da primeira esposa de David, Dora Spenlow, e a encorajadora de muitos dos problemas surgidos entre David e o pai de Dora, Mr . Spenlow.

Daniel Peggotty – o irmão de Peggotty, um humilde, mas generoso pescador de Yarmouth que cria seus sobrinhos órfãos Ham e Emily. Após a partida de Emily, ele sai pelo mundo a procurá-la, e a encontra em Londres, após o que eles migram para a Austrália.

Emily (Little Emily) – uma sobrinha de Mr. Peggotty, amiga e amor de infância de David. Ela troca seu primo e noivo Ham por Steerforth, mas vai embora de casa após Steerforth abandoná-la. Posteriormente, ela emigra para a Austrália com Mr. Peggotty após ser resgatada por ele de um bordel em Londres.

Ham Peggotty – o bondoso sobrinho de Mr . Peggotty e noivo de Emily, antes de ela ser levada por Steerforth. Posteriormente, morre ao tentar resgatar um marinheiro de um navio naufragando, que ele acredita ser Steerforth.

Mrs. Gummidge – a viúva do sócio de Daniel Peggotty no barco. Ela também emigra para a Austrália com a família de Dan Peggotty.

Martha Endell – uma jovem de má reputação que ajuda Daniel Peggotty a procurar sua sobrinha em Londres. Ela trabalha como prostituta.

Mr. Creakle – o cruel mestre do jovem David, que é assistido por Tungay. Mr. Creakle é amigo de Mr. Murdstone.

James Steerforth – amigo íntimo de David, romântico e charmoso; conhece David em Salem House. Acaba mostrando sua deficiência de caráter ao seduzir e abandonar Little Emily .

Tommy Traddles – amigo de David, de Salem House. Tommy trabalha pesado, mediante dificuldades financeiras.

Mr. Dick (Richard Babley) – um alienado, pueril e amável senhor , que vive com Betsey Trotwood.

Dr. Strong – o mestre de David na escola de Canterbury , que o visita várias vezes.

Anne Strong– a jovem esposa do Dr. Strong.

Jack Maldon – um primo e amor de infância de Anne Strong, que continua a ter afeição por ela e tenta seduzi-la.

Mr. Wickfield – o pai de Agnes Wickfield e advogado de Betsey Trotwood, que tem problemas com alcoolismo.

Agnes Wickfield – a filha madura e sensata de Mr . Wickfield, que tem amizade por David desde a infância. Posteriormente se torna esposa de David e mãe de seus 3 filhos.

Uriah Heep – o perverso sócio de Mr. Wickfield, que é descoberto e preso.

Mrs. Steerforth – a mãe de James Steerforth.

Miss Dartle – a mulher que vive com Mrs. Steerforth, e tem um amor secreto por James Steerforth.

Mr. Spenlow – um empregado de David, que morre de ataque cardíaco enquanto dirige a carruagem.

Dora Spenlow – a adorável, mas infantil filha de Mr . Spenlow que se torna a 1ª esposa de David e apresenta muitas similaridades com a mãe de David.

Mr.Sharp – o diretor de Salem House.

Mr.Mell – um homem alto e magro, também de Salem House.

ADAPTAÇÕES

David Copperfield foi filmado em várias ocasiões, desde 1911. 

As numerosas adaptações para TV incluem a versão de 1966, com Ian McKellen como David, e a versão de 1999, com Daniel Radcliffe (do Harry Potter) como David jovem e Ciaran Mc Menamin como o David adulto.
Numa versão posterior, McKellen retorna, dessa vez como o cruel Creakle.

Há uma versão animada em 1993, onde os personagens são animais. Julian Lennonfaz a voz de David (um gato).

Foi transformado em musical em 1981 ( Copperfield).

David Copperfield foi publicado em 19 meses, em forma de série, a exemplo de outras publicações da época,

Os personagens de David Copperfield, muitas vezes, inspiraram o nome de personagens famosos, tais como o ilusionista David Copperfield e a banda hard rock Uriah Heep.

Fonte:
Wikipedia. Em 16 setembro 2017.

sábado, 25 de fevereiro de 2023

Estante de Livros (“Tartufo”, de Molière)


Tartufo (em francês Le Tartuffe) é uma comédia de Molière, e uma das mais famosas da língua francesa em todos os tempos. Sua primeira encenação data de 1664 e foi quase que imediatamente censurada pelos devotos religiosos que, no texto, foram retratados na personagem-título como hipócritas e dissimulados.

Por meio de um diálogo de enorme sutileza e força cômica, o autor apresenta a figura de um homem sensual e lascivo que, sob a aparência de asceta virtuoso, consegue aproveitar-se da confiança de seu protetor, inclusive voltá-lo contra a família, e só é desmascarado quando tenta seduzir a dona-de-casa.

O livro todo se apresenta com uma homogeneidade perfeita de Alexandrinos de rimas ricas, conservando de Molière a graça e seus métodos de criação e as suas virtudes de autor.

ENREDO:

Orgon, pessoa muito importante da sociedade parisiense, havia caído sob a influência de Tartufo, um religioso bastante hipócrita, além de ser extremamente inescrupuloso. Na verdade, os únicos que não se dão conta do verdadeiro caráter do espertalhão são Orgon e sua mãe, madame Pernelle.

Tartufo exagera em sua devoção religiosa, chegando mesmo a ser o diretor espiritual de Orgon. Desde que o vilão passara a residir em sua casa que Orgon segue-lhe todos os conselhos, chegando ao ponto de prometer-lhe a filha em casamento, apesar de a mesma estar noiva de Valério. A jovem Mariana fica bastante infeliz com a decisão paterna, e sua madrasta Elmira tenta desencorajar o embusteiro de suas pretensões matrimoniais. Durante este diálogo, Tartufo tenta seduzir a jovem esposa do velho Orgon, cena esta testemunhada por Damis, filho de Orgon.

Damis relata ao pai o que vira, mas este, longe de acreditar, deserda Damis e decide passar a própria casa para o nome do caloteiro – uma forma de assim forçar o casamento contra o qual todos pareciam tramar. Aumenta a tristeza de Mariana, e Elmira adia a sua assinatura do contrato feito pelo marido. Ela então propõe ao marido que, escondendo-se sob uma mesa, seja ele próprio testemunha do verdadeiro caráter de Tartufo.

Orgon concorda com o estratagema, e ante as palavras de Tartufo para sua mulher, descobre finalmente qual o verdadeiro caráter daquele hipócrita a que tanto confiara, e que sua família sempre tivera razão. Colocando Tartufo para fora da casa, este porém impõe-se como seu novo proprietário. E Orgon dá-se conta de que depositara com o falso devoto documentos de um amigo, cuja fuga ocultara, comprometendo-o.

A mãe de Orgon vem lhe visitar. Pernelle tem ainda grande admiração por Tartufo, e não se deixa convencer sobre o real caráter dele. Surge então o Sr. Loyal, policial enviado por Tartufo, a fim de avisar que a família tem até o dia seguinte para desocupar o imóvel. Só depois disso, Pernelle reconhece que ele é mesmo um caloteiro.

Enquanto a família reunida discute como safar-se daquela situação vexatória, chega Valério, informando que Tartufo entregara ao Rei os documentos que incriminavam Orgon, e este deveria ser preso. Planejam rapidamente uma fuga, mas Tartufo reaparece, desta feita acompanhado por um policial.

Autoritário, o falso amigo expede a ordem para que Orgon seja preso. Mas este, para surpresa de todos, prende o próprio Tartufo: ele era um caloteiro conhecido, tendo já aplicado outros golpes. A doação feita é anulada, e finalmente Orgon permite o casamento de Valério e Mariana.

REAÇÕES À OBRA:

A obra foi apresentada perante o Rei em maio de 1664, antes de sua estreia e numa versão inacabada, com apenas três atos. Apesar disto, conseguiu indignar os devotos, por seu conteúdo. A Companhia do Santo Sacramento utilizou de sua influência para conseguir que a obra fosse proibida: viam nela um ataque frontal à religião e aos valores que ela propunha. O certo é que, por trás das críticas à hipocrisia, que é o tema principal da obra, se vê um ataque ao papel demasiado influente que tinham alguns devotos que se passavam por guias espirituais, quando na verdade eram saqueadores de heranças.

Após algumas apresentações particulares, Molière tratou de representar sua obra com o título de "Panulfo, ou o Impostor", em agosto de 1667. Mas depois da primeira apresentação, o responsável pela polícia proibiu novamente a obra, com o argumento de que "não é o teatro o local para se pregar o Evangelho". O Arcebispo de Paris, Hardouin de Péréfixe, chega a ameaçar com a excomunhão todo aquele que represente ou assista tal obra, que acusa ser um violento ataque à religião.

Foi mister esperar até fevereiro de 1669 para que Louis XIV autorize a Molière a representar sua peça, que além disso recupera o título original de Tartufo.

INTENÇÕES DE MOLIÈRE:

Ao escrever sua obra, o autor ataca um grupo muito influente: os devotos. Entre estes se contavam homens cuja religiosidade era sincera, mas a maioria era de manipuladores conscientes do poder que poderiam obter com a falsa devoção. Foi a este segundo tipo que Molière atacou.

Mas também descreve uma rica família da alta burguesia. Orgon, uma vez tendo consolidado sua posição financeira, busca uma espécie de legitimidade religiosa. Como todos os altos burgueses descritos por Molière, mostra uma certa ingenuidade. Exerce um tipo de ditadura sobre seus filhos. O tema do matrimônio de conveniência, algo que Molière não aceitava, também se acha nesta obra.

A peça se insere na realidade histórica com alusão à revolta da Fronda que se deslanchara em França, quinze anos antes. O Rei aparece como símbolo do bom senso.

Em torno de Orgon e Tartufo (que somente surge quando a peça está bastante avançada) aparecem outros personagens frequentes em Molière: os jovens ingênuos e impetuosos (Damis, Mariana e Valerio), os sábios e razoáveis (Elmira e Cleanto), a serviçal com senso vulgar e linguagem curta e direta (Dorina), a velha fora do tempo e da razão (Mme. Pernelle).

CURIOSIDADE:

Na língua portuguesa, o termo tartufo, como em outro idiomas, passou a ter a acepção de pessoa hipócrita ou falso religioso, originando ainda uma série de derivados como tartufice, tartúfico ou ainda o verbo tartuficar - significando enganar, ludibriar com atos de tartufice.

Fonte: