quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Secretaria da Cultura de Maringá – Programação de outubro/2009

Teatro Calil Haddad, em Maringá
CLUBETEEN (entrada franca)

Dia 29/10 – “Lua Nova”, de Stephenie Meyer. Biblioteca Centro, às 14h00.

Dia 30/10 – “Crepúsculo”, de S. Meyer. Biblioteca Alvorada, às 14h00.

CLUBINHO DE LEITURA (entrada franca)
Livro: “A Boca do Sapo”, de Mary França.

Dia 08/10, na Biblioteca Mandacaru, às 14h00.

Dia 15/10, na Biblioteca Alvorada, às 10h00.

Dia 30/10, na Biblioteca Operária, às 14h00.

CONVITE A MÚSICA (Auditório Luzamor, às 21h00, entrada franca)

Dia 08/10 – Marco Antonio de Almeida e Orquestra de Solistas de Londrina.

Dia 22/10 – Karen Cristina Guimarães, Antonio Dimas e Ticiano Biancolino (flauta e piano), de Maringá/São Paulo.

Dia 29/10 – Demilson José da Silva e Enilton Cavalcanti (piano e canto).

PROJETO “UM OUTRO OLHAR”
(Auditório Hélio Moreira, às 20h00, entrada franca)

10/10 – Aniversário de 9 anos do Projeto – Sessão surpresa, 18 anos.

17/10 – “O Sopro no Coração” (França, 1971), dir. Louis Malle – 16 anos.

24/10 – “O Joelho de Claire” (França, 1970), dir. Eric Rohmer – 16 anos.

31/10 – “O Tempo que Resta” (França, 2005), direção de François Ozon – 16 anos.

Dia 14/10 – PROJETO “Luz no Palco”, no Teatro Calil Haddad, às 20h00. Ingressos: R$5,00.

Projeto “Histórias de Vida” (Lei de Incentivo) – Apresentação Teatral “Oficina 3ª idade”, (entrada franca).
Dias 13 e 14/10, no Teatro Barracão, às 20h00.

Projeto “A História que sai do livro” (Lei de Incentivo) – Apresentação de teatro de bonecos (entrada franca).

Dia 14/10, na Biblioteca Operária, às 14h30.

Dia 15/10, na Biblioteca Operária, às 10h00 e 14h30.

Dia 16/10, na Biblioteca Alvorada, às 14h30.

Dias 17 e 18/10, na Casa da Cultura, às 16h00.

Dia 19/10, na Biblioteca Alvorada, às 10h00 e 14h30.

Dia 19/10 – Grupo “NRE e 4º Batalhão” - 3º Filme do Projeto: Vendo, Lendo, Escrevendo e Desenhando – Transito VLED – “A Heroína”, no Teatro Calil Haddad, às 19h30. Entrada Franca.

Espetáculo “Templos e tempo”, direção Elizabet Moro, no Teatro Calil Haddad. Ingressos: R$10,00 (antecipado) e R$20,00 (na hora).

Dia 24/10, às 20h30.

Dia 25/10, às 19h30

Fonte:
Academia de Letras de Maringá

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Nivaldo Donizeti Mossato (Poesia é...)

Nivaldo Donizeti Mossato (1959)



Nasceu em Itambé, estado do Paraná, em 10 de abril de 1959.

Empresário e acadêmico em psicologia, possui MBA em Gestão Empresarial, ministra cursos e palestras abordando temas administrativos, motivacionais e de relacionamento interpessoal.

É acadêmico na ALM – Academia de Letras de Maringá-PR; onde ocupa a cadeira 19, tendo como patrono o escritor Guimarães Rosa.

É autor dos livros
Sedução (1982) e
Emoções (1986) produções independentes –

Prêmio Literatura da União dos Escritores de Maringá, 1986,
O menino que queria voar (2007 – Romance/aventura infanto-juvenil),
Do outro lado da cruz – reflexões para o homem de hoje (2008) e
Caderno de treinamento empresarial Prodege – Programa de Desenvolvimento Gerencial e Empresarial (2004).

Fonte:
http://www.nivaldomossato.com.br/

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Trova LXIV - Uma Trova Triste

Falecimento de Miguel Russowsky

Miguel Russovsky (Trovas)


A saudade às vezes fala,
e até grita - quem diria? -
quando a rede, a sós, se embala
numa varanda vazia.

A saudade às vezes fala
e até grita -- Quem diria!
quando a rede, a sós, se embala
numa varanda vazia.

Os murmúrios das gaivotas ,
em noites de luz cheia ,
são canções deixando as notas
nas pautas brancas da areia.

Quanto mais o tempo avança,
mais eu fico a perceber
que a saudade é uma lembrança
que se esquece de morrer.

O tempo não traz perigo
à verdadeira amizade.
Quem não é mais teu amigo,
jamais o foi de verdade.

O tempo escreve a seu gosto
no passar do dia a dia,
muitas rugas no meu rosto,
mas... tem má caligrafia.

Na blusa prendes a rosa
à altura do coração.
Como pode ser viçosa
uma flor sobre um vulcão?

Cupido sempre intercala
alguma perda em desejos:
se me beijas... perco a fala;
se me falas... perco os beijos!

Cupido avisa aos poetas
e também aos namorados
que seus estoques de setas
foram todos renovados!

Se te serves de mentiras
para cresceres em ganho,
é bom que logo confiras
que encurtaste no tamanho!

A vila reza, orvalhada,
tendo o sol por capelão...
-- Homem no cabo da enxada
é uma espécie de oração!

Na trova, às vezes, invento
emoções e não as sinto.
Mas creia no meu talento,
sou sincero quando minto!

Nesta vida hostil e azeda
e desespero sem par,
rogo a Deus que me conceda
a coragem de sonhar.

Tendo à mão uma caneta
mais o empenho a manejá-la,
vou mesmo a qualquer planeta
sem sair daqui da sala.

O papel é a carruagem
que eu dirijo da boléia.
Tomo as rédeas da viagem
dando açoites numa idéia.

Estrofes são caravelas
que singram os pensamentos.
Com as rimas, faço as velas,
com as sílabas, os ventos.

Pelas ciladas que trama,
a Insônia é mulher-perigo:
marca encontro em minha cama,
mas não quer dormir comigo!

O poema é luz imensa
que se espalha em frenesi.
Por isso o poeta pensa
ter um deus dentro de si.

Pela vida me foi dado
um conselho em que me alerto:
antes rir desafinado
que soluçar no tom certo.

Ser caule, flor ou ser folha
não é sorte nem é sina,
pois de antemão tal escolha
se fez por ordem divina.

A humanidade até gosta
de não saber a verdade,
quando a mentira, bem posta,
lhe trouxer felicidade.

Vai para o mar a jangada
tendo um sonho por escolta.
Volta sem peixes, sem nada,
nem o sonho traz de volta.

Este dístico singelo
a verdade satisfaz:
caneta, arado e martelo
são os arautos da paz.

Há balanços conflitantes
em vidas fúteis e loucas:
os outonos são bastantes
e as primaveras bem poucas.

Quatro versos num estojo,
mas além desta embalagem,
a trova deve, em seu bojo,
comportar uma mensagem.

Vai para o mar a jangada,
tendo um sonho por escolta.
Volta sem peixe, sem nada,
nem o sonho traz de volta.

As trovas no dia a dia
atuam como remédio.
São drageas de poesia
contra a depressão e o tédio.

Na trova é bom que se invista
muito amor, talento e calma,
a trova desperta o artista
que trazemos centro d’alma.

Se lhe ofendem, não se doa,
A maledicência passa,
Como passa uma garoa
Sem arranhar a vidraça.

Mãe, de fato, não tem rima
mas seria alentador
condensar esta obra-prima
numa só rima: o amor.

Quem despreza um bom conselho
dado em prol de seu porvir,
fica igualzinho ao espelho:
reflete sem refletir.

Consultei livro em ciência
de conhecimentos rica;
mas baseado na experiência,
a saudade não se explica.

Estudo trovas a fundo,
mas persisto na suspeita,
que a trova melhor do mundo
até hoje não foi feita!
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Miguel Russowsky (Poemas)


Oração do Poeta

– Que me darás, Senhor, pela jornada
de dores, privações e misereres?
– Eu te darei a noite salpicada
de estrelas e silêncio. Que mais queres?

– E para a solidão da madrugada?
– Já fiz o mundo cheio de mulheres.
procura e encontrarás a tua amada.
Faz os mais lindos versos que puderes.

– Mas como irei, Senhor, reconhecê-la?
– Há no céu, entre todas, uma estrela
que apenas tu verás. Que mais perguntas?

– E este frio e esta angústia que ora sinto?
– Quando ela penetrar em teu recinto
a primavera e a paz hão de vir juntas.


Promessas

Estava eu só Passou... Sorriu... Olhei-a...
Estremeceu. Estremeci. Sucede
que o imprevisível manda e a gente cede.
No céu azul brilhava a lua cheia.

Depois... as conseqüências... — Quem as mede
se a razão, sem razão, já titubeia?
E o mar acariciando o ardil, na areia:
"O vinho é bom sorver antes que azede!"

Vai-se o verão. Agora é frio e neva.
Palavras sem valor, o vento as leva.
As juras antecedem as desditas.

Um instante de amor — eternidade!
Dois instantes de amor — fidelidade'
... Nem todas as mentiras foram ditas.


Outono em meio

O vento desistiu de seus andares,
cansou-se e resolveu dormir mais cedo.
As folhas, nem balançam no arvoredo.
Borboletas...algumas pelos ares.

Nuvenzinhas solteiras e sem medo
buscam no céu seus noivos ou seus pares.
Cá por dentro borbulham os cismares
numa ausência de rumos e de enredo.

(- Ó tardes, de domingo, ensolaradas!...)
O silêncio murmura uma cantiga
para ouvirmos a sós...mas de mãos dadas.

Deixemos, por enquanto o lábio mudo!
E o relógio, deixemos que prossiga...
Conversar?...Para que, se sabes tudo?!.


Noite sem aurora

A noite de um adeus não tem aurora
mas tem silêncios longos por recheio;
tem farpas arranhando, bem no meio...;
tem desesperos mil vagando fora...

A noite de um adeus, eu sei que chora
ao ver a sepultura de um anseio.
Não a censuro e até a manuseio
com estes versos que componho agora.

A noite de um adeus ensina a gente
ter dias sem relógio...e alguém já disse
que nunca cicatriza totalmente.

A noite de um adeus...só bem depois
expõe a solidão, numa velhice,
em que murchamos tristes nós, os dois.


Arrependimento

Um por um, os meus sonhos, nesta vida,
Despi no andar do tempo modorrento
Qual árvore esfolhada pelo vento
Numa tarde outonal, entristecida.

Quebrei-me um pouco, assim, a cada ida
À procura não sei de qual intento.
Deixei amor, amigos e, ao relento,
Destroços de minha alma enrijecida.

E hoje, velho, ao voltar da caminhada,
Tropeço em meus pedaços pela estrada
Com saudosa visão aqui e ali.

Não mais me iludo, e essa descrença atesta
Que passarei o tempo que me resta
Recolhendo os pedaços que perdi.

Tarde nevoenta... em julho

Domingo sem ninguém...A casa está vazia.
O silêncio no horror persistente blasfema.
Quer se fazer ouvir. Ó tolo estratagema!...
Eu posso ouvi-lo bem, mas qual a serventia?

A solidão nem quer me servir como tema...
...e a tarde se espezinha imensamente fria...
Ó Tristeza, vem cá! Se queres companhia
ajuda-me a cerzir pedaços de um poema

Talvez assombrações que possuam prestígio
se queiram embutir em tercetos, com zelo,
para dar-lhe feições de soneto-prodígio.

Alguém se desmanchou em brumas do passado
e quer ressuscitar de cor, num atropelo.
Se lembrar é viver, eu devo estar errado.


Receita de saúde e felicidade

Não antecipe nunca o sofrimento!...
Diga “Bom Dia!” ao sol que lhe saúda.
Seja qual um discípulo de Buda:
- É mister se gozar cada momento.

No “que será...será” que não se muda,
se abrigam primaveras...(mais de um cento!)
os “depois” nem podem ser tormento
se os “agoras” lhe derem boa ajuda.

“Cara feia” - sinal de enfermidade -
com certeza, costuma sobrepor
mais pesos aos obstáculos da idade.

"Alegre-se e sorria, por favor!
Um sorrisinho dá felicidade,
pois contagia e ativa o bom humor"
Alegre-se e sorria, por favor!
Um sorrisinho dá felicidade,
pois contagia e ativa o bom humor.

Domingo...(de licor e açúcar cândi)

Manhã de sol...A luz passeia a toa...
Explode a primavera em frenesi.
Meu bairro, todo chique, não destoa,
parece um ogro alegre que se ri.

Mignon, gentil, arisco, sobrevoa,
a namorar a rosa, um colibri...
...e perfumes no ar...-Que coisa boa!
O céu está pertinho...É logo ali!

Meu domingo é grande (- Muito grande!)
Cheinho de licor e açúcar cândi.
Estou de bem com toda a humanidade.

Minha amada virá...(telefonou-me)
e ela não quer que lhe revele o nome,
que tem dez letras...(é ?... -FELICIDADE!)

Noturno nº 2

Anseios de verão... Noite clara, sem bruma.
A lua argêntea adorna uma paisagem maga.
A flor perfuma... A lua brilha... O vento vaga
como doce carícia angelical de pluma.

As nuvens pelo céu — enfermeiras de espuma —
se prpõe a curar qualquer dorida chaga.
No silêncio dormita um repouso de saga.
A lua brilha... O vento vaga... A flor perfuma...

Uma fada de azul — fugitiva de lenda —
escreve em cada rosa uma nova armadilha.
Cupido ergue na sombra o seu punhal de renda.

Com preguiça o relógio esquece e compartilha...
Diana vai marcando um nome em cada agenda:
A flor perfuma... O vento vaga... A lua brilha...
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domingo, 4 de outubro de 2009

Cyro dos Anjos (O Amanuense Belmiro)



O romance é narrado na primeira pessoa pela personagem centra, Belmiro Borba , solteirão tímido e sonhador, dotado de grande capacidade para analisar a si próprio e aos outros, que vive modestamente em Belo Horizonte com duas irmãs, "as velhas".

Numa noite de Natal, resolve iniciar uma espécie de diário, para registrar o cotidiano e evocar a infância em Vila Caraibas , cuja saudade o persegue como doce obsessão.

Vemos então o desenrolar das suas meditações, o seu convívio com um grupo, de amigos (Jandira, Silviano, Florêncio, Redelvim, Glicério ) ; a sua paixão distante por uma jovem desconhecida da alta roda ( Carmélia); identificada na sua imaginação a uma personagem de lenda ( a Donzela Arabela) e despertando na memória a lembrança de uma namorada juvenil ( Camila) .

Em tudo se nota que Belmiro foge a ação por meio do sonho e da reflexão, dissolvendo de certo modo a realidade pela excessiva aplicação da inteligência.

Fonte:
http://www.pobrevirtual.com.br

Milton T. Mendonça (O Amuleto)



Camilo era um sujeito simplório, não tinha ido muito longe nos estudos, não acreditava em nada e não tinha sonhos. Levantava de manhã e ia trabalhar na fabrica onde todos que o conheciam trabalhavam. Após o trabalho, à tardinha, passava no boteco para tomar uma, ou duas pingas e uma cerveja, depois, ia para casa jantar. Era recém-casado, não tinha mais do que vinte cinco anos.

Foi num final de semana que tudo começou a mudar. Ele precisou ir lá para as bandas do cafundó, atrás de um galo e de uma galinha caipira, que a mulher resolvera criar nos fundos da casa e, esquecido da vida na venda do seu Joaquim, junto com o compadre Anacleto, ele perdeu a hora e, quando saiu da vila e se jogou na estrada com o seu velho Fiat, a noite já estava a caminho da madrugada.

Camilo, meio cego, mas bem tonto pelo excesso da cajibrina, não reparou num vulto que atravessava a estrada, o atropelando. Ouvindo o tremendo barulho, parou o carro com uma brecada seca, abriu a porta e desceu aos tropeções, indo parar próximo ao monte de pano imóvel, caído a pouca distância da roda traseira do veículo.

Ele, então, se debruçou junto ao atropelado pensando ser uma criança. Ao levantá-lo, porém, percebeu que se enganara, a roupa larga cobria algo mais parecido com um animal, coisa que o deixou espantado e confuso.

Mesmo na sua obtusidade, Camilo, tinha escondido em algum lugar, uma consciência que o impelia a se preocupar com o que acontecia à sua volta. Sem saber o que fazer, o levou para casa. Depois de acomoda-lo, procurou sinais de ferimentos. Não encontrou nenhum. Vendo que o bichinho estava desmaiado, o deixou dentro de uma caixa de papelão e passou o resto da madrugada, e o dia seguinte inteiro, observando, vez ou outra, mas sem mostrá-lo a ninguém.

Quando chegou do boteco, no final do segundo dia, foi até o esconderijo e pegou a caixa. Ao abri-la, percebeu que o animalzinho estava sentado no fundo, todo vestido e com um chapéu de três pontas na cabeça.

Levantou-se quando percebeu que a caixa estava aberta e olhou fixamente para Camilo, que se espantou com a expressão séria e com os seus olhos grandes, verdes e brilhantes.

- Ah! Meu caro senhor – disse a personagem – poderia por obséquio me informar onde estou?

- Está na minha casa, fui eu quem o atropelou.

- Ah! foi? E o que pretende fazer comigo, agora?

- Eu?! - Camilo pego desprevenido, respondeu espantado - nada! Quer dizer, não sei!

- Ah! Que tal me deixar ir embora? Falou de maneira simpática, com um pequeno sorriso nos lábios finos e graciosos.

- Ir embora?!

- Sim! O monstrinho gritou com o tom de voz enérgico e quase nas pontas dos pés.

- Está bem! Exclamou de cara amarrada deixando a pequena visita espantada com sua ingenuidade.

- Está brincando comigo? Resmungou furibunda, a pequena criatura.

- Não, que isso?!

Camilo pegou a caixa e a levou para fora, depositou no chão do quintal, ficando alguns passos de distância. Agitou as mãos, dando a entender que ele podia ir embora e o pequenino saiu, ameaçando fugir correndo. Camilo não se mexeu. E ele não fugiu. Em vez disso, se voltou para o rapaz imberbe à sua frente e pediu que se abaixasse. Retirou do bolso do seu colete um amuleto colorido, gravado com sinais obscuros e lhe entregou. Mas não antes de lhe avisar que com aquela peça mágica, ele poderia ter tudo quanto quisesse. Despediu-se e atravessou o portão saindo para a rua, desaparecendo de vista.
.
Camilo, como era de seu feitio, demorou um pouco para perceber o que tinha nas mãos e, quando finalmente entendeu o que lhe tinha acontecido, correu para casa e escondeu o precioso objeto. A partir desse dia nada mais foi o mesmo. Camilo começou a pensar nas oportunidades que aquilo poderia lhe trazer, e se acostumou a pensar no futuro, coisa que deixara de fazer desde que sua família, quando tinha apenas nove anos, passara a achá-lo um idiota, um leso da cabeça. Não se lembrava porque, nem como isso começara . Mas por qualquer razão, se tornara verdade para ele.

Alguns dias depois, olhando no espelho do banheiro, ao se levantar, percebeu que era jovem e bem apessoado. Qualidades que nem sabia ser portador. Sentou-se na privada e retirou o amuleto do bolso, sentindo sua textura lisa, sem nenhuma reentrância que o desqualificasse. Olhou-o contra a luz e nada viu. Era totalmente opaco.

- Como fazer para usufruir seus poderes? Perguntou alto - ninguém respondeu.

Bateram à porta e rapidamente o escondeu.

Sua mulher, que esperava do lado de fora, o olhou apreensiva.

- O que houve? Perguntou séria.

- Nada que eu saiba. Respondeu com um pequeno sorriso de triunfo na boca larga, o deixando diferente daquele rapaz angustiado que ela conhecia e que lhe inspirava compaixão.

¬-Vai perder a hora. Resmungou entre dentes.

Camilo tomou seu café e, após beijar a mulher no rosto, foi em busca do ônibus que o levaria ao trabalho.

Ao chegar na fabrica, os conhecidos perceberam algo diferente. Mais alegre e comunicativo, deixava à sua volta um ambiente de afetividade e cooperação, trazendo para perto de si pessoas que até então tinham passado à larga. Parara de beber, se tornando uma pessoa caseira com gosto para a manutenção. Os amigos, que agora abundavam, contratavam-no e logo comprou um utilitário, que além de facilitar a locomoção e servir de transporte para suas ferramentas, servia à vizinhança, e isso, o transformou em uma pessoa conhecida e querida por todos.

No trabalho, fora promovido, e como chefe de seção aumentou a produtividade e diminuiu os acidentes de trabalho. Sua preocupação com o bem-estar do próximo virara lenda. E, poucos anos depois, foi convidado para se candidatar a prefeito, depois a deputado e agora, no final do mandato de senador, começava a pensar em se candidatar a presidente.

Nesses anos todo, sempre em segredo, retirava o talismã de seu esconderijo e o segurava esfregando na testa, na boca e nas mãos, acreditando ter descoberto como fazê-lo funcionar. Durante esses anos, guardara no peito a certeza que podia ter tudo o quanto quisesse e nada no mundo o prejudicaria.Essa certeza o confortava, aquecendo sua alma nos momentos em que uma decisão importante o deixava gelado e pronto a se esconder, com medo de não ser competente o bastante, ou pior, quando se considerava com mania de grandeza e seu objetivo nobre demais ou grande demais para alguém tão medíocre.

Certo dia, quando voltava para casa, ao entrar em seu carro estacionado na sua vaga privativa, encontrara o pequeno gnomo sentado à sua espera no banco de trás, escondido na penumbra. Ao vê-lo, Camilo ficou muito assustado.

- Sempre tive medo que aparecesse e tomasse meu talismã. Falou resignado, se sentando ao volante.

- Ah! Não fique preocupado! Respondeu o pequeno individuo - o talismã não tem nenhum poder. Naquele dia eu pensei que como todos que encontrara até então, você também tentaria me roubar e me fazer mal. Aí lhe dei aquele amuleto falso.

- Como?! Perguntou Camilo perturbado.

- Ah! É falso! Estou aqui para avisá-lo que é falso. Falso! Falso! Falso!

Desceu do carro e saiu rindo, dando cambalhotas e gritando: Falso! Falso! Falso!

Camilo, com os olhos arregalados e uma expressão de incredulidade no rosto, ficou olhando aquela pequena figura desaparecer, dançando, no final da rua.

Fontes:
http://www.entrementes.com.br/
Imagem =
http://expressomoda.blogspot.com

Poesia e atitude pela paz com Lançamento do Livro Nós da Poesia



Ato poético pela paz marca o lançamento do livro “Nós da Poesia”, durante a Bienal do Livro do Rio de Janeiro.

Há os que dizem que a arte engajada não tem mais espaço no atual momento do mundo. As preocupações dos artistas, supõem alguns, giram apenas em torno das condições estilísticas e da preocupação com a colocação da obra entre o seleto grupo de consumidores da cultura.

Isso pode até ter uma sombra de verdade. Mas, para dar mostras que a unanimidade não cai bem em se tratando da expressão artística, um grupo de poetas escolheu a XIV Bienal do Livro, que está sendo realizada na cidade do Rio de Janeiro, para chamar a atenção para a paz no continente americano. Trata-se do lançamento da coletânea “Nós da Poesia”, publicação do Instituto Imersão Latina, formado por ativistas preocupados em preservar a diversidade cultural latino-americana.

O grupo fará o lançamento do livro através de sarau, designado de “Ato poético pela paz”, marcando todas as atrocidades cometidas durante o dia 11 de setembro, como o sangrento golpe do General Pinochet contra o regime democrático que vinha sendo construído no Chile, em 1973. Ou, ainda, a perda de milhares de vidas durante os ataques às torres gêmeas, em Nova Yorque, em 2001 e que marcou uma escalada de agressões dos EUA contra povos do Oriente Médio.

A comercialização das publicações do Instituto Imersão Latina, que recentemente também lançou o livro “Poesia Sonora – História e Desdobramentos de uma Vanguarda Poética”, de autoria de Brenda Mars, são utilizadas para custear as atividades da instituição.

A antologia “Nós da Poesia” tem a participação dos seguintes autores: Angela Togeiro, Aníbal Albuquerque, Avelin Rosana, Bilá Bernardes, Brenda Mars, Carmem Cristal, Cláudio Márcio, Clevane Pessoa, Dimythryus, Filipe Marks, Graça Campos, Helenice Rocha, Iara Abreu, Jéssica Araújo, Karina Campos, Lívia Tucci, Lucas Guimaraens, Luciana Campos, Luciana Tannus, Luiz Lyrio, Marco Llobus, Maria Moreira, Marta Reis, Nina Reis, Neuza Ladeira, Regina Mello, Rosângela Ferris, Silvia Motta, Soninha Porto, Tânia Diniz, Rosa Pimentel, Roberto Bianchi, Terezinha Romão, Vagnér Santo e Vicente Ferrer.

Fonte:
http://www.guata.com.br/

Andréia Donadon Leal (Jornal Aldrava é finalista no Prêmio VIVALEITURA)


Poesia Viva - Poesia bate à sua porta com os poetas do Jornal Aldrava, de Mariana Minas, Gerais, apresentado ao Prêmio Viva Leitura, edição 2009, foi selecionado entre os 15 trabalhos do país.

No período de 20 a 24 de outubro de 2009, estarão em São Paulo, para receber o troféu e diploma no Museu da Língua Portuguesa.

A Comissão formada por representantes do Ministério da Educação, Ministério da Cultura, Organização dos Estados Ibero-Americanos e Fundação Santillana, divulgou os finalistas do Prêmio VIVALEITURA 2009. São cinco trabalhos escolhidos nas três categorias que compõem o prêmio: bibliotecas, escolas; e experiências desenvolvidas por pessoas físicas, ONGs, universidades/faculdades e instituições.

Este ano, outras cinco experiências também recebem a distinção da Menção Honrosa. São empresas ou instituições que se destacaram na promoção da leitura, tendo como destaque sua abrangência e relevância.

Os vencedores das três categorias serão anunciados na festa de entrega do Prêmio VIVALEITURA 2009, que acontecerá no dia 22 de outubro de 2009, em São Paulo, no Museu da Língua Portuguesa. O Projeto POESIA VIVA: Poesia bate à sua porta - foi selecionado na categoria pessoa física.

Fonte:
http://www.imersaolatina.blogspot.com/

Dicionário do Folclore (Letra V)



VAIA. A vaia é a maneira usada pelo povo quando, em grupo – não importando se pequeno ou grande -, para protestar ou contrariar uma idéia, ou uma pessoa. Sua origem se perde no tempo. Os romanos, os gregos e todos os povos de hoje, usam a vaia, toda vez que não aprovam, quando estão contra qualquer ponto de vista ou pessoa.

VALDEMAR DE OLIVEIRA nasceu no dia 2 de maio de 1900, na cidade do Recife, PE. Desde criança demonstrou pendores musicais, razão pela qual começou a estudar piano com a professora Olímpia Braga, com o professor Euclides Fonseca e com a professora francesa Angeline Radevese. Em 1918 foi estudar Medicina em Salvador, onde se formou em 1923, defendendo sua tese sobre musicoterapia. Regressando ao Recife, passou a escrever no Jornal do Commercio e a partir de 1935, manteve uma coluna, A propósito, dedicada à música e ao teatro. Mas Valdemar de Oliveira, no decorrer de sua vida, foi um homem plural. Foi médico, professor, jornalista, teatrólogo, musicólogo, compositor, escritor, crítico de arte, foi membro da Academia Pernambucana de Letras, da Academia Pernambucana de Medicina, da Academia Brasileira de Música, do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico de Pernambuco, da Comissão Pernambucana de Folclore, foi diretor do Teatro Santa Isabel, diretor do Nosso Teatro – hoje Teatro Valdemar de Oliveira, da Sociedade de Cultura Musical, fundador e diretor do Teatro de Amadores de Pernambuco, representante da SBAT, presidente regional da Sociedade Brasileira de Escritores Médicos, professor das faculdades de Medicina do Recife e de Ciências Médicas, Delegado Regional do Instituto Nacional do Cinema, presidente da Sociedade de Cultura Musical de Pernambuco. Escreveu livros didáticos adotados na rede nacional de ensino, livros científicos e peças de teatro encenadas em todo o país. Na área do Folclore, além de inúmeros artigos publicados em jornais e revistas nacionais são de sua autoria O frevo e o passo de Pernambuco (1946), A recriação popular (1966), A origem do fado (1969), Frevo, capoeira e passo (1971), Frevo (1976), As modalidades do Frevo (1976). Morreu no dia 18 de abril de 1977, na cidade do Recife.

VALSA. As origens da valsa – um gênero musical que esteve muito em voga até os começos do século passado – são desencontradas, diferentes. Os franceses, os alemães discutem, entre si, a paternidade da origem da valsa, antiga dança aristocrática, dos palácios imperiais e que, logo em seguida, passou a ser cantada, tocada e dançada pelo povo. As valsas vienenses de Strauss são muito famosas. As valsas brasileiras, muito bonitas, também marcaram época, como Sobre as ondas, de Juventino Rosa, para muitos no mesmo nível das melhores valsas vienenses.

VAMOS-PENEIRAR. É uma modalidade de samba dançado na Bahia.

VAQUEIRO. O vaqueiro é a figura principal da criação de gado. Com seu chapéu, suas luvas e sua roupa de couro cru, o vaqueiro penetra na caatinga, para trazer de volta a rês fugitiva. Junta o gado que é levado para o pasto ou para bebedouro. Ajuda a ferrar, com a marca do dono, as reses compradas ou filhas do rebanho. Quando conduz o gado, o vaqueiro, com seu aboio triste, enfeita as tardes sertanejas. Veja ABOIO, VAQUEJADA.

VAQUEJADA. No fim do inverno – antigamente, quando o gado ainda não era criado em currais, – os vaqueiros saíam, com seus chapéus, suas luvas e sua roupa de couro cru, à procura do gado nas caatingas para ferrar, castrar, tratar as feridas e separar o gado de muitos donos. É a festa da apartação, de separação do gado. Feita a separação, acontece a vaquejada. Os vaqueiros mais jovens, mais valentes, saem em disparada e, pegando na cauda dos bois, derrubam-nos sob os aplausos das pessoas presentes. Correm apenas dois vaqueiros e o que fica à esquerda, o esteira, tem o trabalho de manter o animal correndo mais ou menos em linha reta. Com a mucica ou saiada – que é o puxão do vaqueiro na cauda da rês – esta perde o equilíbrio e cai. Se o vaqueiro não conseguir derrubar a rês (o boi, a vaca, o garrote, o novilho), recebe uma vaia dos que estão assistindo à vaquejada.

VARA-DE-BATER-PECADO ou VARA-DE-VIRAR-TRIPA. É o homem, magro, alto, o mesmo que espanador-da-lua.

VASSOURA. Vários são os tabus da vassoura: 1. A vassoura não pode ser emprestada, porque carrega a felicidade e a saúde das pessoas da casa para as pessoas da outra casa à qual foi emprestada; 2. Casa nova pede uma vassoura também nova, para que ela não traga para a casa nova os problemas da casa velha; 3. É bom colocar a vassoura atrás da porta para que a visita não demore muito, vá embora; 4. Depois que a vassoura fica velha, imprestável, é bom queimá-la para não dar infelicidade aos donos da casa; 5. Quem leva uma surra com uma vassoura a pessoa seca o corpo; 6. A vassoura deitada traz desgraça financeira para a família; 7. Quem primeiro deve varrer a casa com uma vassoura nova é a mulher mais velha da casa; 8. Uma casa deve ser varrida da porta de entrada para a porta da cozinha; assim fazendo, fica mais fácil a felicidade entrar na casa.

VATAPÁ. O vatapá é o prato mais tradicional da culinária afro-brasileira. É feito com peixe ou crustáceos numa papa de farinha de mandioca com molho de dendê e com pimenta, a gosto da pessoa. Faz-se, também, vatapá de galinha, de milho e de pão.

VATICANO. Vaticano é o nome que se dá aos vapores de novecentos a mil toneladas, usados nos rios da Amazônia. Dentro de suas limitações, oferecem um certo conforto.

VELA. Antes dos candeeiros a querosene e da energia elétrica, a vela era um tipo de iluminação muito comum no mundo inteiro. Hoje, somente quando o fornecimento de energia é interrompido, é que a vela é usada. Mas, nas igrejas, a vela é uma espécie de chama da fé e, nas procissões, os fiéis conduzem sua vela enquanto cantam e rezam. Em todas as cerimônias religiosas a vela está presente, significando a fé do cristão, que nasce e morre com uma vela na mão, pagando suas promessas, acendendo-a nos túmulos dos familiares no dia de finados. Até mesmo para se tirar uma botija, o ato tem que contar com uma vela acesa, meio consumida, retirada de um altar da igreja.

VELHA-DO-CHAPÉU-GRANDE. É a personalização da fome no Nordeste.

VELHO. É uma figura cômica dos pastoris nordestinos. Também é conhecido como o bedegueba. No pastoril profano ou pastoril de ponta de rua, o velho não escolhe as palavras para declamar versos apimentados e, às vezes, até mesmo indecentes, e cantar suas canções impróprias para menores. Ele se apresenta como um verdadeiro palhaço, vestindo um fraque de cores espalhafatosas, calças listradas, uma gravata bem maior do que a comum, com uma flor na lapela, empunhando uma bengala, com um chapéu de abas largas, acompanhando a dança das pastoras exagerando nos gestos. No Recife, vários velhos marcaram época, entre os quais o velho Barroso. Os velhos de antigamente usavam uma linguagem comedida e muito diferente da que hoje é falada pelos bedeguebas.

VELHOS (DANÇA DE). Durante as festas do Divino Espírito Santo realizadas nas regiões Sul e Centro-Oeste brasileiras e, principalmente nas cidades de São Luís de Paraitinga (São Paulo), Parati e Angra dos Reis (Rio de Janeiro), a dança-dos-velhos acontecia sempre nos salões da nobreza aristocrática do café e do açúcar. Depois, como aconteceu na Europa com relação à quadrilha, a dança-de-velhos ganhou as ruas, popularizando-se. Os participantes vestem roupas antigas e nobres (fraques, cartola, etc.) e empunham suas bengalas para bater, de leve, nas pessoas que estão assistindo à brincadeira. O grupo percorre as ruas da cidade aos pares, andando como velhos, engomando, dançando músicas antigas (polcas, valsas) tocadas por sanfonas e alguns instrumentos de percussão. Ao anoitecer, mais mortos do que vivos, os brincantes voltam às suas casas, readquirindo suas verdadeiras identidades.

VELÓRIO. O velório acontece depois que a pessoa morre até a hora do enterro. Em outras regiões brasileiras o velório é conhecido como fazer quarto ao defunto. Quando o velório é de uma criança, os cantos são festivos acompanhados à viola. Durante o velório, as pessoas, madrugada adentro, ficam conversando, comendo, velando, até que o corpo do falecido é conduzido ao cemitério.

VENTANIA. Frevo-de-rua que, quando executado pela orquestra, as clarinetas e os saxofones predominam.

VENTO. Para se chamar o vento nada como se assobiar três vezes seguidas, como fazem os meninos quando estão soltando seus papagaios, suas pipas. Costumam, também, em tais ocasiões, dizer: - "Abra a porta do vento, São Lourenço!" O nome de São Lourenço é assim invocado porque o santo morreu assado numa grelha de ferro. Outra maneira de se chamar o vento é sessar milho ou arroz, atirando os grãos para o alto. Nos navios à vela, antigamente, era proibido assobiar porque o assobio podia chamar tempestades.

VER-A-CAMA. No dia do casamento era hábito a família da noiva convidar os parentes e amigos para visitar os aposentos dos noivos. É um costume existente ainda hoje em algumas regiões brasileiras.

VERÍSSIMO DE MELO nasceu no dia 9 de julho de 1921, na cidade de Natal. Concluiu o curso de bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito do Recife, exercendo as funções de advogado, juiz municipal, professor de Etnografia do Brasil da Faculdade de Filosofia de Natal e de Antropologia Cultural da Universidade Federal Rio Grande do Norte, além de jornalista. Em 1989, depois de aposentado, Veríssimo de Melo dedicou-se, com mais afinco, aos estudos folclóricos e ao jornalismo. Foi, também, membro do Conselho Estadual de Cultura e da Academia Norte-Riograndense de Letras. Publicou: Adivinhas (1948), Acalantos (1949), Parlendas (1949), Jogos populares do Brasil (1956), Gestos populares (1960), Cantador de viola (1961), O conto folclórico no Brasil (1976), Folclore brasileiro: Rio Grande do Norte (1978), Folclore infantil (1965), Tancredo Neves na literatura de cordel (1986), Medicina popular no mundo em transformação (1996), além de outros trabalhos, ensaios, artigos e participação em congressos e seminários folclóricos. Faleceu no dia 18 de agosto (mês do folclore) de 1996, na cidade de Natal.

VER-QUEM-TEM-ROUPA-NA-MOCHILA. Na linguagem popular, esta expressão significa ver quem tem razão, quem tem direito, quem pode.

VÉSTIA. É a roupa encourada do vaqueiro, composta de gibão, peitoral, perneiras, chapéu e luvas. Só assim o vaqueiro consegue sair em disparada, através da caatinga sertaneja, sem se ferir, à procura da rês que fugiu do rebanho.

VIOLA. É um instrumento de corda trazido pelo colonizador português, ao som da qual cantava para curtir a saudade da pátria distante. Tem cinco ou seis cordas duplas, metálicas: as duas primas e segundas eram de aço, a terceira era feita de metal amarelo (latão), enquanto o bordão de ré era de aço, o de lá e o mi, de latão.

VIOLÃO. É um instrumento de corda, maior do que a viola, e em forma do número oito. Tem seis cordas, com a afinação mi-lá-ré-sol-si-mi, sendo as três primeiras feitas de metal e as outras de tripa. É a mesma guitarra espanhola, com o mi grave a mais. É um instrumento que nunca saiu de moda e, nas serenatas, nunca falta. Hoje, as cordas do violão são feitas de matéria plástica. As cordas de metal, de tripa ou de seda são preferidas na zona rural.

VISAGEM. É a aparição sobrenatural de alma do outro mundo. Na linguagem popular visagem é, também, fingimento, hipocrisia.

VITALINA. É a moça velha que não casou, que ficou no caritó. Diz a cantiga popular: - "Bota pó, vitalina bota pó/ Que moça velha não sai mais do caritó!"

VITALINO. Vitalino Pereira dos Santos nasceu no dia 10 de julho de 1909, no lugar Ribeira dos Campos, Caruaru-PE. Filho de agricultores, Vitalino teve sua infância na zona rural, ajudando o pai na agricultura e no criatório de pequeno porte. Começou a trabalhar no barro com seis anos de idade, fazendo bichinhos (boi, cavalo, bode) com as sobras do barro de sua mãe Joana Maria da Conceição, que era louceira. Seu pai, um dia, levou-o à feira de Caruaru onde Vitalino expôs à venda boizinhos, paliteiros, galinhas com pintinhos. Depois da louça de brincadeira, Vitalino passou a fazer figuras isoladas como a peça O caçador de onça, seguida de muitas outras. Depois nasceram os bonecos agrupados como a banda de pífanos, os cangaceiros, os soldados. Vitalino adulto, era já conhecido no mundo todo e suas peças estão nos museus das grandes cidades da Europa, da Ásia e dos Estados Unidos. Faleceu em 1963, com 54 anos de idade, de varíola, no Alto do Moura, arrabalde de Caruaru, Pernambuco. Seus filhos e netos continuaram, não todos, seu trabalho até hoje. Uma peça de Vitalino vale muito dinheiro.

VÔO-DE-ANDORINHA. É um tipo de passo, no frevo pernambucano. Com sua sombrinha colorida, o passista eleva o corpo com grande impulso, cruza as pernas no ar e, ao mesmo tempo, atira os braços.

VUCO-VUCO. 1. No Pará, vuco-vuco significa, na linguagem popular, confusão, agitação; 2. No Recife, vuco-vuco é o nome que se dá ao compartimento do Mercado São José onde se compra e se vende roupa usada.

Fontes:
LÓSSIO, Rúbia. Dicionário de Folclore para Estudantes. Ed. Fundação Joaquim Nabuco
Imagem = http://www.terracapixaba.com.br/

Palavras e Expressões mais Usuais do Latim e de de outras linguas) Letra P



palmam qui meruit ferat
Latim: Leve a palma quem a mereceu.

panem et circenses
Latim: Pão e espetáculos circenses. Era o que pediam os romanos da decadência, censurados por Juvenal.

parcere subjectis et debellare superbos
Latim: Perdoar os que se sujeitam e submeter os orgulhosos. Virgílio delineia neste verso o programa político do povo romano.

parce sepultos
Latim: Perdoa os mortos. Não se deve falar mal de quem já morreu.

pares cum paribus facillime congregantur
Latim: Iguais com iguais se unem facilmente.

par est fortuna laboris
Latim: A fortuna é companheira do trabalho.

par pari refertur
Latim: Igual com igual se paga; amor com amor se paga.

pari passu
Latim: Com passo igual.

parti pris
Frances: Opinião preconcebida; prevenção.

parturiunt montes; nascetur ridiculus mus
Latim: As montanhas partejam, nascerá um ridículo rato. Horácio critica o grande espalhafato de um empreendimento que fracassa na execução.

parva scintilla excitavit magnum incendium
Latim: Pequena centelha desencadeou um grande incêndio. Provérbio que se aplica a pequenas coisas capazes de provocar conseqüências desastrosas.

pas de nullité sans grief
Francês Direito: Não há nulidade sem prejuízo. Princípio segundo o qual o juiz não deve pronunciar a nulidade de um ato processual por vício de forma, desde que dela não resulte prejuízo para a parte que a alega.

passato il pericolo, gabato il santo
Italiano: Passado o perigo, o santo é escarnecido. Só nos lembramos dos amigos quando precisamos deles.

pâte cuite
Francês: Pasta cozida. Sistema de decoração de origem veneziana.

paté de foie gras
Francês: Massa de fígado gordo. Produto alimentício enlatado, feito de fígado de ganso engordado por processo especial.

pâte de verre
Francês: Pasta de vidro. Pequenos cubos de vidro colorido que imitam pedras preciosas.

pâte dure
Francês: Pasta dura. Termo de cerâmica, empregado para designar o caulim.

patere quam ipse fecisti legem
Latim: Suporta a lei que tu próprio fizeste. Não podemos fugir das conseqüências de princípios estabelecidos por nós. Aplica-se aos legisladores e moralistas.

patiens quia aeternus
Latim: Paciente porque eterno. Santo Agostinho explica assim as injustiças aparentes, pelas quais os maus parecem triunfar, enquanto os justos são castigados com reveses. Deus pode esperar a hora da justiça.

pauca sed bona
Latim: Poucas coisas, mas boas. Aplicação generalizada.

pauci quos aequus amavit Jupiter
Latim: Os raros que o justo Júpiter amou. Verso de Virgílio que se aplica às pessoas muito dotadas ou felizes.

paulo majora canamus
Latim: Cantemos coisas um pouco mais elevadas. Verso de Virgílio, empregado quando se quer passar de um assunto para outro mais importante.

paupertas impulit audax
Latim: A pobreza audaciosa impeliu. A pobreza pode ser um estimulante das idéias criadoras.

pax vobis
Latim: A paz esteja convosco. Saudação litúrgica que somente os bispos podem usar nas missas.

pectus est quod disertos facit
Latim: O coração é que faz os eloqüentes. Frase de Quintiliano; demonstra que a convicção e sinceridade são requisitos essenciais aos oradores.

pecuniae obediunt omnia
Latim: Todas as coisas obedecem ao dinheiro. O dinheiro tem muita força.

pede poena claudo
Latim: O castigo claudica. Quis Horácio dizer que, muitas vezes, o crime não é imediatamente castigado.

pejor avis aetas
Latim: A idade moderna é pior que a dos tempos passados. Os velhos gostam de lembrar dos bons tempos (os tempos deles).

pêle-mêle
Francês: Confusão; misturada.

per capita
Latim: Por cabeça; para cada um. Termo muito empregado nas estatísticas.

pereat mundus, fiat justitia
Latim: Que o mundo pereça, mas faça-se a justiça.

per fas et nefas
Latim: Pelo lícito e pelo ilícito; por todos os meios possíveis; de qualquer modo.

per jocum
Latim: Por brincadeira.

persona grata
Latim: Pessoa agradável. Pessoa que será diplomaticamente bem recebida por uma entidade ou Estado internacional.

persona non grata
Latim: Pessoa indesejada. Qualificativo que uma chancelaria dá a determinado agente diplomático estrangeiro, em nota ao governo deste, por meio da qual pede a sua retirada do país, onde se acha acreditado, em virtude de considerá-lo, por motivo grave, contrário aos interesses nacionais.

per summa capita
Latim: Pelos pontos capitais; por alto; sem entrar em pormenores; sucintamente, sumariamente.

pertransiit benefaciendo
Latim: Passou fazendo o bem. São Pedro (Atos dos Apóstolos, X, 38) assim resume a vida de Cristo.

petit à petit l'oiseau fait son nid
Francês: Pouco a pouco o pássaro faz seu ninho. Todas as realizações são fruto do trabalho constante e pertinaz.

pied-de-poule
Francês: Pé-de-galinha. Padrão de tecido com desenhos que imitam as pisadas de uma ave, em fundo de cor viva.

piscem natare doces
Latim: Ensinas o peixe a nadar. Ensinas o padre-nosso ao vigário.

Placet
Latim: Agrada, parece bem, apraz. 1 Voto de anuência usado nas assembléias do clero. 2 Diplomacia: Aprovação, beneplácito: Placet régio.

plaudite cives
Latim: Aplaudi cidadãos. Palavras por que terminavam as apresentações teatrais na antiga Roma.

pluralia tantum
Latim: Somente os plurais. Diz-se dos substantivos que só se empregam no plural.

plurima mortis imago
Latim: A imagem multiforme da morte. Foi como Enéias descreveu a Dido a última noite de Tróia (Eneida, II, 369).

plus aequo
Latim: Mais que o razoável; em excesso.

point de nouvelles, bonnes nouvelles
Francês: Nada de notícias, boas notícias. A falta de notícias é sinal de que tudo corre bem.

porte-bonheur
Francês: Porta-felicidade. Mascote ou amuleto considerado portador de sorte a quem o possui.

post equitem sedet atra cura
Latim: O negro cuidado se assenta atrás do cavaleiro (na garupa). As preocupações seguem a pessoa por toda parte.

post hoc, ergo propter hoc
Latim: Depois disto, logo por causa disto. A prioridade no tempo não importa em causalidade. Pelo fato de algo vir antes de alguma coisa não se segue que seja causa desta.

post meridiem
Latim: Depois do meio-dia.

post mortem
Latim: Após a morte. 1 Além do túmulo; na outra vida. 2 Expressão enpregada quando se trata de conferir alguma honraria a pessoa falecida.

post partum
Latim: Depois do parto.

pour boire
Francês: Para beber; gorjeta.

praesente cadavere
Latim: Em presença do cadáver. Diz-se da leitura do testamento do papa que deve ser feita diante do cadáver, antes do seu sepultamento.

praetium aestimationis
Latim: Valor estimativo.

primo occupanti
Latim Direito: Ao primeiro ocupante. Princípio aceito em jurisprudência, segundo o qual, na falta de outra circunstância, o primeiro ocupante adquire o direito de propriedade.

primum non nocere
Latim: Primeiramente não prejudicar. Critério médico, para empregar novas drogas em seres humanos; que elas não prejudiquem o paciente.

primum vivere, deinde philosophari
Latim: Primeiro viver, depois filosofar. Aplicado àqueles que, por especulações abstratas, deixam de conseguir o necessário para a subsistência.

primus in orbe deos fecit timor
Latim: O temor primitivo criou os deuses na Terra.

primus inter pares
Latim: Primeiro entre os iguais. Designa o presidente de uma assembléia onde todos têm voz ativa.

principiis obsta
Latim: Obsta no princípio. Ovídio aconselha o combate às paixões no seu início, antes que criem raízes.

pro aris et focis
Latim: Pelos altares e pelos lares. Pela religião e pela pátria.

pro domo sua
Latim: Pela sua casa. Em defesa de seus interesses.

pro forma
Latim: Por mera formalidade, para não modificar o costume, para salvar as aparências: Discutir um assunto pro forma.

proh pudor!
Latim: interj Expressão que significa Que vergonha! Era divisa de Guilherme de Orange.

prolem sine matre creatam
Latim: Filho criado sem mãe. Epígrafe de Ovídio, que Montesquieu apôs no frontispício de um de seus livros, para significar que ele era inteiramente original.

pro rata
Latim: Proporcionalmente. Recebendo cada um, ou pagando, a quota que lhe toca num rateio.

pro re nata
Latim: Segundo as circunstâncias.

pulchre, bene, recte
Latim: Lindo, bem, ótimo. Expressões que, segundo Horácio, empregam os parasitas para com seus anfitriões.

pulsate et aperietur vobis
Latim: Batei e abrir-se-vos-á. Palavras do Evangelho (São Lucas Xl, 9), em que Cristo aconselha perseverança na oração.

punica fides
Latim: Fé púnica. Locução que usavam os romanos para indicar a falta à palavra empenhada, defeito de que acusavam os cartagineses.
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As outras letras:

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LETRA F http://singrandohorizontes.blogspot.com/2009/01/palavras-e-expressoes-mais-usuais-do.html
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LETRA O http://singrandohorizontes.blogspot.com/2009/09/palavras-e-expressoes-mais-usuais-do.html

Fonte:
Por Tras das Letras http://www.portrasdasletras.com.br

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Projeto Releituras (Edição de 1/10/2009)

Marion Zimmer Bradley (As Brumas de Avalon)


Volume 1: A Senhora da Magia

Esta primeira parte narra o começo de tudo; como nasceu Morgana (irmã de Arthur que nasceu do primeiro casamento de Ygraine com o Rei da Cornualha), e a morte do Rei Gorlois, quando Ygraine se casa com o Rei Uther Pendragon. Deste casamento nasceria Arthur. Além destes fatos apresenta-se outros personagens como Morgouse (irmã de Ygraine), Mago Merlim, Viviane (Senhora de Avalon e também irmã de Ygraine), Lancelot, primo de Arthur, que se tornaria posteriormente o amigo mais fiel do mesmo, entre outros... Podemos também destacar neste livro a morte de Pendragon, e Arthur que se assume como rei, apoiado por Avalon, onde ganha a espada sagrada, "Excalibur". Dentro deste mesmo livro ainda podemos destacar alguns fatos interessantes, como a festa do Gamo-Rei, na qual Morgana e Arthur fazem sexo, sem saber que um era o outro e onde gerariam um filho (sem que Arthur soubesse). O encontro de Gwenhwyfar (ou Rainha Guinevere) e Morgana na ilha de Avalon, onde ao mesmo tempo Gwen conhece Lancelot, e se apaixona por ele. Começa desde já a mobilização do reino contra os saxões para exterminá-los, o que levaria a paz.

Volume 2: A Grande Rainha

Neste livro acontece todos os fatos em volta da preparação para guerra contra os saxões e algumas batalhas, tanto que o casamento de Arthur com Gwen se efetua "somente" para que Arthur conseguisse cavalos para a guerra; o dote da rainha. Arthur muda a bandeira de seu exército, retirando a bandeira do Pendragon, e colocando em seu lugar a bandeira de Cristo. Começa a se formar o grupos de cavaleiros que integraria a Távola Redonda (que também pertencia ao dote da rainha). Acontece o casamento de Arthur com Gwen. Começa o romance entre Lancelot e Guinevere, que em um futuro próximo acabaria comprometendo o reino. Mesmo assim, Lancelot leva Morgana para o estábulo, para esquecer que Gwen estaria com Arthur naquela noite (de núpcias). Arthur, Lancelot e Gwenhwyfar se deitam juntos, na véspera de Beltane. Outro fato importante do livro 2 é a saída de Morgana de Avalon, por ter brigado com Viviane.

Volume 3: O Gamo-Rei

O terceiro livro tem grandes e importantes acontecimentos, como a morte de Taliesin, que foi substituído por Kevin, o Bardo. Depois temos a morte de Ygraine (antes da batalha final contra os saxões) e Viviane (que depois da guerra foi reclamar junto a Arthur por ter abandonado Avalon, a traindo, já que por força de Gwen, mudou a bandeira do reino para uma bandeira Católica, tendo então Balim matado-a com uma machadada na cabeça); o fim da guerra contra os saxões; a criação de Camelot; o fato de Gwenhwyfar não conseguir ter um filho de Arthur; o casamento de Lancelot com Elaine, que o afastou de Gwen (feito por uma simpatia de Morgana) e a ida do filho de Morgana e Arthur - Mordred, para Avalon.

Volume 4: O Prisioneiro da Árvore

O último livro dá o final à maioria dos personagens. Morgana se casa com Uriens e começa a conspirar contra Arthur por ter deixado de lado Avalon para ter seguido Cristo. Começa um romance de Morgana e Acolon, filho de Uriens, e os dois iniciam o plano para a tomada da Bainha Sagrada e da Excalibur. Arthur então, foi atraído para o País das Fadas, para que Excalibur fosse tomada por Acolon. Os dois brigam e Arthur mata Acolon, retomando Excalibur, mas Morgana apanha a Bainha Sagrada e a atira de volta ao Lago. Gwydion, também chamado de Mordred, filho de Arthur e Morgana, vai para Camelot com o destino de acabar com o Reino de seu pai, e começa a tramar contra o trono. Kevin é acusado de traição por Morgana, já então a Senhora de Avalon, e é condenado a ser esfolado vivo e ser preso ao Grande Carvalho. No momento de sua execução, um raio cai e parte o Carvalho ao meio, fazendo com que Kevin seja enterrado dentro da fenda do Carvalho. A conspiração para a tomada do trono por Mordred acontece. Eles pegam Lancelot e Gwenhwyfar juntos na cama e o acusam de traição, Lancelot reage, matando Gareth, e ferindo Mordred , fugindo com Gwenhwyfar. Ela se arrepende, e entra para um convento. Lancelot volta a corte, mas já era tarde demais. Mordred já havia tomado grande parte do exército, e organizado uma rebelião. Na batalha final em Camlann, Arthur mata Mordred, enquanto esse lhe atinge mortalmente. Morgana fica ao lado de Arthur e Lancelot, após um pedido de Arthur, atira Excalibur de volta ao lago. Arthur é levado a Avalon e morre lá, enquanto Lancelot, junto com Persival, entram para uma congregação, e ficam lá até a morte.

Fonte:
http://www.caoquira.com.br/

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Trova LXII

Paulo Monteiro (A Trova no Espiríto Santo – Parte II)

Pintura capixaba de Ignácia Macedo
VILA VELHA

Vila Velha, como já dissemos, também teve seu concurso de trovas, uma promoção modesta e menos ousada que as anteriores. Em 1971, sob o tema PELÉ.

0 vencedor do I CONCURSO DE TROVAS DE VILA VELHA, organizado pela UBT local, foi o saudoso trovador Cegídio Ambrogi, de Taubaté, com esta trova:
-
Que o Brasil todo enaIteça,
tanto a Rui, como a PELÉ.
Se um o honrou pela cabeça,
o outro o honrou usando o pé.
-
CLUBE DOS TROVADORES CAPIXABAS

Conforme vimos, antes, a UBT não teve uma existência muito fértil no Espírito Santo.

Parece que ela não se transformou no Clube dos Trovadores Capixabas (CTC) como disse o professor José Augusto Carvalho.

Da UBT, no Espírito Santo, porém, sobrou o exemplo que, tal qual a Fênix, renasceria no CTC.
Esse exemplo sobrou principalmente em/e para o penúltimo presidente da UBT de Vitória e Vila Velha, um jovem de 20 anos, nascido em 15 de setembro do 1950: CIério José Borges de Sant`Anna.

Não nos é difícil compreender - a nós que vivemos experiência semelhante - quanto pesa ver alguma coisa em que se depositou todo o desprendimento juvenil tombar sob a guilhotina inexorável dos acontecimentos.

Então, CIério José Borges, entre seus compromissos de trabalhador, chefe de família e estudante, passou a freqüentar bibliotecas à cata de materiais relacionados com a trova no território capixaba.

Numa dessas idas e vindas, em busca de informações úteis aos seus planos de pesquisa, na Biblioteca Pública de Vitória, deu de cara com “O TROVISMO”, um Iivro de Eno Teodoro Wanke, historiando o movimento dos modernos trovadores brasileiros.

Visto que ali quase nada se encontra com relação à trova em terras espírito-santenses, Clério José, feito uma fera, escreveu ao autor do livro.

Acabaram ficando amigos.

Dessa amizade surgiu a idéia de reativar o movimento em torno da trova em terras capixabas.
Sabe-se que CIério José pretendia uma entidade basicamente local. Somente “capixaba". Aos poucos se convenceu de que era necessário criar vínculos entre os trovadores capixabas organizados e trovadores de outras plagas.

Esclareça-se que o CTC entende, "para efeito de inscrição no Clube, como capixaba o (trovador) nascido no Espírito Santo e os que residam no Estado".

Assim é que o Clube dos Trovadores Capixabas foi fundado em 1º de juIho de 1980.

ATIVIDADES DO CTC

CONCURSOS NACIONAIS

A primeira atividade do Clube dos Trovadores Capixabas, que o projetou nacionalmente, foi o I CONCURSO DE TROVAS DA CIDADE DE VITÓRIA.

A realização do evento ficou sob responsabilidade do CTC e da Federação Cultural do Espírito Santo.

Dois foram os temas apresentados aos concorrentes: CAPIXABA, para as trovas humorísticas, e ANCHIETA, para trovas laudatórias, com referência ao padre José de Anchieta, há pouco beatificado.

Os três primeiros colocados, no primeiro tema, com as respectivas trovas:
-
1º lugar - ZÉ DE ÁVILA:
Na casa de um capixaba
se a gente chega sem pressa,
a pressa logo se acaba
quando a conversa começa.

2º lugar - JOÃO FIGUEIREDO:
Festa no Espírito Santo...
Quem for mineiro não vai.
- Você, aí nesse canto...
- Eu sou Capixaba... Uai.

3° lugar - IZO GOLDMAN:
O Capixaba garante
que sua terra é um encanto:
- Espírito tem bastante...
- o que falta mesmo é... Santo...
-
Já sob o terna Anchieta os três primeiros lugares ficaram assim distribuídos:
-
1º lugar - RANGEL COELHO:
Anchieta, pelo que diz
seu evangelho de luz,
foi o FRANCISCO DE ASSIS
das terras de Santa Cruz.

2º lugar - ALOÍSIO BEZERRA:
Lá no céu muito chorou
ANCHIETA, e tem chorado
que o índio, a quem tanto amou
no Brasil só tem penado.

3º lugar - VICENTE NOLASCO COSTA:
Vitória dos meus encantos
coração do meu planeta,
venero, dentre teus santos,
o grande santo ANCHIETA.
.
No dia 4 de outubro do 1980, no Teatro Carlos Gomes, de Vitória, em sessão solene, foram entregues os prêmios aos vencedores desse primeiro concurso, e diplomas aos sócios fundadores e sócios de honra presentes.

Logo depois, a Fundação Cultural foi extinta e o livro com as trovas - quarenta ao todo - vencedoras do CONCURSO DE TROVAS DA CIDADE DE VITÓRIA ficou sem patrocinador.

CONCURSOS INTERNOS

Uma outra característica marcante do Clube dos Trovadores Capixabas é a realização quase que permanente de concursos internos de trovas. Estes elevaram-se a cinco no primeiro ano do existência do CTC.

O primeiro desses concursos foi realizado em novembro de 1980, obedecendo ao tema GASOLINA, para trovas humorísticas.

Foram recebidas 54 trovas e o resultado oficial foi este:
-
1º lugar - BEATRIZ ABAURE:
Num posto de álcool na esquina,
diz um bêbado que passa:
- Isto que é gasolina!
- Tem cheiro até de cachaça.

2º lugar - VICENTE NOLASCO COSTA:
Sobe o gás e sobe o óleo,
gasolina é todo dia.
Quanto mais sobre o petróleo
mais aumenta a mordomia.

3º Iugar - JOÃO FIGUEIREDO:
O preço da gasolina
Vai subir mais (e não bufe!)
até que jorre da mina
o petróleo do Maluf...

4º lugar - ALYDIO C. DA SILVA:
Na crise da gasolina,
tive um lampejo de estalo:
Deixo o carro na oficina
e vou andar a cavalo.

5º lugar - VICENTE NOLASCO COSTA:
Vou vender tudo que pego.
Vou trocar rádio e buzina,
ou botar tudo no prego
ou ficar sem gasolina.
-
Receberam menções honrosas as seguintes trovas, por ordem alfabética de seus autores:
-
Se acabar a gasolina,
melhor é ficar na roça:
Lá não tem gente granfina,
todo mundo usa carroça...
ÁBNER DE FREITAS COUTINHO

Gasolina eu pus de lado
pois era um gastar sem fim,
e o carro a áIcooI hidratado
bebe quase igual a mim...
BEATRIZ ABAURRE

Vamos cavar, gente fina,
tentar óIeo encontrar.
Pois carro sem gasolina,
"alcoólatra”... vai ficar.
VALSEMA RODRIGUES DA COSTA

Hoje dei em pagamento
um tanque de gasolina
por um lindo apartamento
com garaje e com piscina.
VICENTE NOLASCO COSTA

Derivado do petróleo
que o capixaba assim glosa:
- Sendo "óleo", contém álcool,
sendo líquida é "gasosa".
ZEDÂNOVE TAVARES
-
Este concurso contou com o valioso apoio do CORREIO POPULAR, de Cariacica, onde é editada uma coluna dedicada à trova, sob responsabilidade de CIério José Borges.
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continua...

Erros Mais Comuns da Lingua Portuguesa (Parte II)


21 – Atraso implicará “em” punição. Implicar é direto no sentido de acarretar, pressupor: Atraso implicará punição. / Promoção implica responsabilidade.

22 – Vive “às custas” do pai. O certo: Vive à custa do pai. Use também em via de, e não “em vias de”: Espécie em via de extinção. / Trabalho em via de conclusão.

23 – Todos somos “cidadões”. O plural de cidadão é cidadãos. Veja outros: caracteres (de caráter), juniores, seniores, escrivães, tabeliães, gângsteres.

24 – O ingresso é “gratuíto”. A pronúncia correta é gratúito, assim como circúito, intúito e fortúito (o acento não existe e só indica a letra tônica). Da mesma forma: flúido, condôr, recórde, aváro, ibéro, pólipo.

25 – A última “seção” de cinema. Seção significa divisão, repartição, e sessão equivale a tempo de uma reunião, função: Seção Eleitoral, Seção de Esportes, seção de brinquedos; sessão de cinema, sessão de pancadas, sessão do Congresso.

26 – Vendeu “uma” grama de ouro. Grama, peso, é palavra masculina: um grama de ouro, vitamina C de dois gramas. Femininas, por exemplo, são a agravante, a atenuante, a alface, a cal, etc.

27 – “Porisso”. Duas palavras, por isso, como de repente e a partir de.

28 – Não viu “qualquer” risco. É nenhum, e não “qualquer”, que se emprega depois de negativas: Não viu nenhum risco. / Ninguém lhe fez nenhum reparo. / Nunca promoveu nenhuma confusão.

29 – A feira “inicia” amanhã. Alguma coisa se inicia, se inaugura: A feira inicia-se (inaugura-se) amanhã.

30 – Soube que os homens “feriram-se”. O que atrai o pronome: Soube que os homens se feriram. / A festa que se realizou… O mesmo ocorre com as negativas, as conjunções subordinativas e os advérbios: Não lhe diga nada. / Nenhum dos presentes se pronunciou. / Quando se falava no assunto… / Como as pessoas lhe haviam dito… / Aqui se faz, aqui se paga. / Depois o procuro.

31 – O peixe tem muito “espinho”. Peixe tem espinha. Veja outras confusões desse tipo: O “fuzil” (fusível) queimou. / Casa “germinada” (geminada), “ciclo” (círculo) vicioso, “cabeçário” (cabeçalho).

32 – Não sabiam “aonde” ele estava. O certo: Não sabiam onde ele estava. Aonde se usa com verbos de movimento, apenas: Não sei aonde ele quer chegar. / Aonde vamos?

33 – “Obrigado”, disse a moça. Obrigado concorda com a pessoa: “Obrigada”, disse a moça. / Obrigado pela atenção. / Muito obrigados por tudo.

34 – O governo “interviu”. Intervir conjuga-se como vir. Assim: O governo interveio. Da mesma forma: intervinha, intervim, interviemos, intervieram. Outros verbos derivados: entretinha, mantivesse, reteve, pressupusesse, predisse, conviesse, perfizera, entrevimos, condisser, etc.

35 – Ela era “meia” louca. Meio, advérbio, não varia: meio louca, meio esperta, meio amiga.

36 – “Fica” você comigo. Fica é imperativo do pronome tu. Para a 3.ª pessoa, o certo é fique: Fique você comigo. / Venha pra Caixa você também. / Chegue aqui.

37 – A questão não tem nada “haver” com você. A questão, na verdade, não tem nada a ver ou nada que ver. Da mesma forma: Tem tudo a ver com você.

38 – A corrida custa 5 “real”. A moeda tem plural, e regular: A corrida custa 5 reais.

39 – Vou “emprestar” dele. Emprestar é ceder, e não tomar por empréstimo: Vou pegar o livro emprestado. Ou: Vou emprestar o livro (ceder) ao meu irmão. Repare nesta concordância: Pediu emprestadas duas malas.

40 – Foi “taxado” de ladrão. Tachar é que significa acusar de: Foi tachado de ladrão. / Foi tachado de leviano.
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Fonte:
http://www.culturatura.com.br/

José Roberto Torero (Algumas razões nobres e outras plebéias)



Dois tipos de razões me levam a escrever: as razões nobres e as plebéias.
As plebéias são as tradicionais: fama, dinheiro e mulheres.

Pensava que, como um escritor, teria um pouco dessas três coisas, mas a fama de um escritor é irrisória perto da de um razoável centroavante. O dinheiro é ridículo, se comparado ao que ganha qualquer desafinado cantor de pagode.

E, quanto ao gemido das mulheres, qualquer ator que tenha feito uma aparição na Globo é mais solicitado do que eu.

Na verdade, até hoje só uma leitora sorriu-me de um modo mais insinuante: uma senhora chamada Noemi. Muito simpática, mas octogenária.

Há, porém, os motivos nobres.

Como tive muitos professores humanistas, prendeu-se em mim essa idéia hoje tida como ridícula de que "devemos lutar por um mundo melhor", hoje trocada por "devemos maximizar os lucros".

Acho que escrevendo, posso, de alguma forma, influenciar as pessoas. Posso fazê-las rir dos maus costumes e dos maus personagens, posso fazê-las perceber um vício e exaltar uma atitude, posso falar bem da honestidade e mal de Maluf e Pitta, posso falar bem da coerência e mal da compra de votos pela reeleição, posso falar bem da coragem e mal da aliança com o PFL.

Mas, na verdade, acho que nesse quesito eu também apenas vou conseguir virar a cabeça de Dona Noemi.

Enfim, apesar do fracasso de minhas motivações nobres e plebéias, não posso me queixar da sorte. O trabalho não me deixa suado como um cantor de pagode, não levo pontapés como um centroavante e, ainda por cima, ando pelas ruas despreocupado, sem temer que fãs puxem meus cabelos ou tentem rasgar minhas roupas.

Se bem que, no lançamento do meu último livro, Dona Noemi tenha me dado um beliscão na bunda.

Fontes:
http://www.redacaocriativa.com.br/
Imagem = http://pre-vestibular.arteblog.com.br

José Roberto Torero (1963)



José Roberto Torero Fernandes Júnior (Santos, 9 de outubro de 1963), conhecido como Torero, é um escritor, cineasta, roteirista, jornalista e colunista de esportes brasileiro.

Formado em Letras e Jornalismo pela Universidade de São Paulo, é autor de diversos livros, como "O Chalaça", vencedor do prêmio jabuti de 1995.

Além disso, escreveu roteiros para cinema e tevê, como em Retrato Falado para Rede Globo do Brasil.

Cursou, sem concluir, pós-graduação em Cinema e Roteiro.

No Jornal da Tarde, de São Paulo, iniciou sua carreira de cronista e depois começou a escrever para revista Placar textos sobre futebol, colabora com a Folha de São Paulo desde 1998.

Como roteirista nos longas A Felicidade É e Pequeno Dicionário Amoroso.

É sócio proprietário da Realejo Livros, em Santos.

Atualmente, Torero mantém um blog no portal UOL, o Blog do Torero. Publica também o Blog do Lelê, seu sobrinho fictício, iniciado durante a Copa do Mundo de 2006.

Bibliografia
Livros
Galantes Memórias e Admiráveis Aventuras do Virtuoso Conselheiro Gomes, o Chalaça
Brevíssima história das gentes de Santos
Terra Papagalli (com Marcus Aurelius Pimenta)
Santos, um time dos céus (com Marcus Aurelius Pimenta)
Futebol é bom pra cachorro (com Marcus Aurelius Pimenta)
Os cabeças-de-bagre também merecem o paraíso
Ira - Xadrez, truco e outras guerras
Os Vermes
Dicionário Santista
Pequenos amores
Zé cabala e outros filósofos do futebol
Uma história de futebol
Nuno descobre o Brasil
Naná descobre o céu
Nonô descobre o espelho
O pequeno rei e o parque real
As primeiras histórias de Lelê

Roteiros

Amor!
Morte
Uma História de Futebol
Amassa que elas gostam
Pequeno Dicionário Amoroso
Um Homem Sério
Como fazer um filme de amor
Memórias Póstumas
O cantor de samba
Oswaldo Cruz
O casamento de Louise

Curtas

O Bolo (Felicidade É...)
Morte
A Alma do Negócio
Amor
A Inútil Morte de S. Lira
Nunc et Semper

Vídeos

Glauber Rocha - Quando o cinema virou samba
O mundo cabe numa cadeira de barbeiro
Como fazer um filme de amor

Teatro

Sic transit gloria Dei
Romeu e Julieta – Segunda parte (com Marcus Aurelius Pimenta)
Omelete (com Marcus Aurelius Pimenta)

Televisão

Professor Planeta (ESPN-Brasil), estrelado por Marcelo Tas.
Retrato Falado (Fantástico–TV Globo), estrelado por Denise Fraga.
Manual de Instruções (Fantástico–TV Globo), estrelado por Pedro Cardoso.

Prêmios Recebidos

O Chalaça
Prêmio no Concurso Nascente, da Editora Abril e USP. (1992)
Prêmio Aplub, categoria romance. (1994)
Prêmio Jabuti de Romance e Livro do Ano. (1995)

Fontes:
Wkipedia
Projeto Releituras

Mark Twain (As Aventuras de Tom Sawyer)



SINOPSE

As divertidas histórias de Tom, um menino órfão, sonhador e muito esperto, são contadas com muito humor e lirismo. E mostram a importância de uma amizade e da descoberta do amor. Texto integral em cuidadosa tradução. Numa pacata cidadezinha às margens do Mississípi, o menino Tom vive encrencado com a tia, o irmão e a escola.

Malandro e espertíssimo, dizem que ele tem tudo para virar presidente, se não for enforcado antes… Enquanto nenhuma das duas coisas acontece, Tom brinca de pirata, pele-vermelha, Robin Hood e o que mais lhe der na cabeça, mesmo que ás vezes os perigos de mentirinha se tornem bem reais e assustadores! Durante a história o leitor embarca com os garotos-pirata do Mississípi num clássico do humor, mistério e ação!

ANÁLISE DA OBRA

Há maior significado profundo nos contos de fadas que me contaram na infância do que na verdade que a vida ensina.” (Schiller)

Tom Sawyer é um menino aventureiro, pobre, espertíssimo e órfão - quando ainda bebê seus pais faleceram, tendo que então morar com sua tia Polly, “(…) É filho de minha falecida irmã, o coitadinho (…)" p.12, mais o seu irmão Sid – que se comporta totalmente ao oposto de Tom e sua prima Mary – um pouco mais velha, religiosa e dada aos afazeres doméstico.

A personagem de Tom Sawyer serve para representar o sonho de muitas crianças: desejo de ser visto como um herói. “ (…) É possível que o estômago de Tom nunca houvesse sentido verdadeira fome por aqueles prêmios, mas não resta dúvida que todo o seu ser, em muitas ocasiões, ansiou pela glória que deles advinha.” p.37 Tom vive numa busca constante de glória para provocar inveja em seus companheiros “ (…) Todos os meninos remorderam-se de inveja; mas _ mas o que mais lhes doeu foi verificar que eles mesmos haviam contribuído para aquele triunfo, quando negociaram com Tom os seus cartões (…).” p. 41, conquistar o coração de sua amada Becky Tatcher e ser admirado pelos adultos “ (…) Um estante depois lá estava ele espinoteando como um índio selvagem, gritando, rindo, perseguindo os outros, jogando coisas, ficando de pés para o ar – fazendo todas as coisas heróicas que lhe vinham à cabeça, sempre com o olho alerta para ver se Becky Thatcher prestava atenção (…).” p. 101. Não tem medo de nada, é forte, ágil, carismático e sedutor.

Ser pirata e descobrir tesouros é o seu sonho. Amigos não lhe falta, mas é com os seus companheiros, Huckleberry Finn, ou apenas Huck, e Joe Harper que Tom partilha as suas maiores aventuras, como se isolar por dias numa ilha deserta no meio do rio, consentindo que os parentes pensassem que eles haviam morrido. “ (…) Os três meninos “mortos” vinham “ressuscitando!” – vinham entrando, Tom à frente, Joe em seguida e Huck todo trapos atrás! (…).” p.135.

Tom utiliza dessa e de várias outras estratégias para ser notado, passando, muitas vezes, por situações embaraçosas e perigosas – exemplo: quando ele e Huck presenciam um assassinato e passam a conhecer o perigoso Injun Joe, o índio, e procuram pelo tesouro perdido. “ (…) Tom disse: … e assim que o doutor pegou na tábua e Muff Potter caiu, Injue Joe saltou de faca em punho e …” p.173

Na obra o mundo adulto se contrapõe ao mundo infantil. Com base no fragmento abaixo, percebemos que compete aos adultos – a educação - ou seja, aplicar as regras, e às crianças rompê-las, pois raramente as cumpriam.

(…) A viúva é muito boa e amiga _ mas eu não agüento aquelas histórias. Ela me faz levantar todos os dias à mesma hora, e tomar banho; e me penteiam e me escovam; e não me deixam dormir no lenheiro; tenho que andar com umas roupas que me incomodam , que não deixam entrar o ar e são tão finas que não posso sentar-me no chão ou rolar pela areia. Tenho de ir à igreja, e suar, suar, a ouvir aqueles sermões. Não gosto de sermões. Não posso pegar uma mosca, nem mascar fumo. Tenho aos domingos de andar calçado o dia inteiro. A viúva não faz nada sem o toque da campainha _ levantar-se, deitar-se, comer… Tudo numa ordem tão horrível que um ser humano não agüenta.” p.249

Mark Twain relata de forma muito superficial a vida dos adultos na obra, procura enfatizar muito mais o universo infantil, revelando a verdadeira essência do ser humano ainda não corrompido pela sociedade: A beleza da ingenuidade, a espontaneidade, a generosidade e a sinceridade presentes na criança. “ (…) eles não me esquecem (…) vocês tem sido tão bons comigo (…) Estas mãozinhas pequenas e fracas, mas muito que tem ajudado Muff Potter, e mais o ajudariam, se pudessem.” p.169

Outro fato marcante a ser ressaltado é a passagem que relata quando as crianças pintam a cerca por diversão. “Tom havia passado horas muito divertidas na companhia dos meninos e a cerca estavam com três mãos de pintura!” p.24. Isso mostra-nos que os dissabores e amarguras do mundo adulto, em situações idênticas para as crianças representam mais uma de suas aventuras, uma vez que vivem num mundo de sonhos e fantasias, tais sentimentos que se perdem quando alcançamos a maturidade.

As Aventuras de Tom Sawyer não é um livro pedagógico, já que não tem intenção de educar e sim de divertir. Pode-se averiguar na leitura que as principais personagens da obra não são modelo a ser seguido, principalmente o protagonista, Tom Sawyer, que viola em todo momento as regras estipuladas pelos adultos, ou seja, os princípios impostos pela sociedade.

Diante disso, no prefácio o autor tenta levar o leitor a crer que o livro trata-se de histórias reais, apenas com um pouco de fantasia, no intuito de ocultar qualquer tendência que pudesse revolucionar na época, pois se a obra fosse considerada imprópria, poderia ser proibida de circular, principalmente por se tratar de um livro indicado para o público infanto-juvenil, onde poderia representar um perigo para as crianças "(…) Fazemos que os parentes juntem todo o dinheiro que possam e resgatem o preso; (…) se não pagam, então sim _ zás! Faca no pescoço.” p. 237, incentivando-as a se rebelarem, visto que muitas vezes, Tom não era castigado pelos seus atos, pelo contrário, era visto como herói em suas façanhas. A responsável por sua educação é a tia Polly. “ (… ) A verdade é que não ando cumprindo o meu dever com este menino (…) Ele tem o demo no corpo, mas o que fazer? (…) Não tenho coragem de surrá-lo. Cada vez que o deixo escapar minha consciência dói; e se o agarro, o que dói é meu coração.” p.12.

Tom não é um menino exemplar: é rebelde, não obedece a ninguém, não quer estudar “ (…) se tivesse amanhecido doente, não iria à escola (…) “ p.49, detesta andar de sapatos, “(…) Tom teve esperança de que Mary se esquecesse dos sapatos, mas foi esperança vã; (…) e ele entrou nos sapatos resmungando (…)” p.35 ter de ir aos domingos à missa, ter que tomar banho “ (…) Que vergonha Tom, um menino desse tamanho com medo de água! Água não machuca ninguém.” p.34 e mente sempre para evitar castigos ou sair de situações inesperadas.

Ele é uma criança muito difícil de tratar, espécie de degenerado da casa, mas a tia mesmo assim o estima muito, embora não deixa demonstrar para não estragar na educação, pois por algumas vezes acaba sendo necessário castigá-lo com alguma dureza, porém, em outras, não sofre nenhum castigo, pois ela deixa-se passar para trás, fazendo-se de desentendida. “ (…) Parece que cheira até que ponto pode me atormentar; e sabe que se consegue me atrapalhar ou fazer rir-me, já está livre de sova (…).” p.12

Tom Sawyer tem como arma principal para sobreviver na sociedade – a inteligência, ou melhor, a malandragem. Usa a esperteza para se safar de situações inusitadas ou barganhar quando está em condições de desvantagem, mesmo que seja necessário enganar os outros. Seu brinquedo é a sua astúcia – capaz de manipular a todos por meio da malandragem. Tom – o herói infantil do romance é um menino normal, que vive em busca do prazer e da aventura.

(…) enquanto o Big-Missouri trabalhava e suava ao sol, ficou ali sentado numa travessa, a comer a maçã e a pensar na caçada de outros inocentes. Material não lhe faltava, e constantemente vinham meninos, que paravam para caçoar e acabavam pintando (…) Lá pela tarde, Tom, que tinha começado o dia paupérrimo, estava o que havia de rico (…)” p.24

Fontes:
– TWAIN, Mark. As aventuras de Tom Sawyer. 5 ed. São Paulo: Brasiliense, 1961.
– Análise da Obra por Marli Savelli de Campos, disponível em http://mscamp.wordpress.com/as-aventuras-de-tom-sawyer/