VAIA. A vaia é a maneira usada pelo povo quando, em grupo – não importando se pequeno ou grande -, para protestar ou contrariar uma idéia, ou uma pessoa. Sua origem se perde no tempo. Os romanos, os gregos e todos os povos de hoje, usam a vaia, toda vez que não aprovam, quando estão contra qualquer ponto de vista ou pessoa.
VALDEMAR DE OLIVEIRA nasceu no dia 2 de maio de 1900, na cidade do Recife, PE. Desde criança demonstrou pendores musicais, razão pela qual começou a estudar piano com a professora Olímpia Braga, com o professor Euclides Fonseca e com a professora francesa Angeline Radevese. Em 1918 foi estudar Medicina em Salvador, onde se formou em 1923, defendendo sua tese sobre musicoterapia. Regressando ao Recife, passou a escrever no Jornal do Commercio e a partir de 1935, manteve uma coluna, A propósito, dedicada à música e ao teatro. Mas Valdemar de Oliveira, no decorrer de sua vida, foi um homem plural. Foi médico, professor, jornalista, teatrólogo, musicólogo, compositor, escritor, crítico de arte, foi membro da Academia Pernambucana de Letras, da Academia Pernambucana de Medicina, da Academia Brasileira de Música, do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico de Pernambuco, da Comissão Pernambucana de Folclore, foi diretor do Teatro Santa Isabel, diretor do Nosso Teatro – hoje Teatro Valdemar de Oliveira, da Sociedade de Cultura Musical, fundador e diretor do Teatro de Amadores de Pernambuco, representante da SBAT, presidente regional da Sociedade Brasileira de Escritores Médicos, professor das faculdades de Medicina do Recife e de Ciências Médicas, Delegado Regional do Instituto Nacional do Cinema, presidente da Sociedade de Cultura Musical de Pernambuco. Escreveu livros didáticos adotados na rede nacional de ensino, livros científicos e peças de teatro encenadas em todo o país. Na área do Folclore, além de inúmeros artigos publicados em jornais e revistas nacionais são de sua autoria O frevo e o passo de Pernambuco (1946), A recriação popular (1966), A origem do fado (1969), Frevo, capoeira e passo (1971), Frevo (1976), As modalidades do Frevo (1976). Morreu no dia 18 de abril de 1977, na cidade do Recife.
VALSA. As origens da valsa – um gênero musical que esteve muito em voga até os começos do século passado – são desencontradas, diferentes. Os franceses, os alemães discutem, entre si, a paternidade da origem da valsa, antiga dança aristocrática, dos palácios imperiais e que, logo em seguida, passou a ser cantada, tocada e dançada pelo povo. As valsas vienenses de Strauss são muito famosas. As valsas brasileiras, muito bonitas, também marcaram época, como Sobre as ondas, de Juventino Rosa, para muitos no mesmo nível das melhores valsas vienenses.
VAMOS-PENEIRAR. É uma modalidade de samba dançado na Bahia.
VAQUEIRO. O vaqueiro é a figura principal da criação de gado. Com seu chapéu, suas luvas e sua roupa de couro cru, o vaqueiro penetra na caatinga, para trazer de volta a rês fugitiva. Junta o gado que é levado para o pasto ou para bebedouro. Ajuda a ferrar, com a marca do dono, as reses compradas ou filhas do rebanho. Quando conduz o gado, o vaqueiro, com seu aboio triste, enfeita as tardes sertanejas. Veja ABOIO, VAQUEJADA.
VAQUEJADA. No fim do inverno – antigamente, quando o gado ainda não era criado em currais, – os vaqueiros saíam, com seus chapéus, suas luvas e sua roupa de couro cru, à procura do gado nas caatingas para ferrar, castrar, tratar as feridas e separar o gado de muitos donos. É a festa da apartação, de separação do gado. Feita a separação, acontece a vaquejada. Os vaqueiros mais jovens, mais valentes, saem em disparada e, pegando na cauda dos bois, derrubam-nos sob os aplausos das pessoas presentes. Correm apenas dois vaqueiros e o que fica à esquerda, o esteira, tem o trabalho de manter o animal correndo mais ou menos em linha reta. Com a mucica ou saiada – que é o puxão do vaqueiro na cauda da rês – esta perde o equilíbrio e cai. Se o vaqueiro não conseguir derrubar a rês (o boi, a vaca, o garrote, o novilho), recebe uma vaia dos que estão assistindo à vaquejada.
VARA-DE-BATER-PECADO ou VARA-DE-VIRAR-TRIPA. É o homem, magro, alto, o mesmo que espanador-da-lua.
VASSOURA. Vários são os tabus da vassoura: 1. A vassoura não pode ser emprestada, porque carrega a felicidade e a saúde das pessoas da casa para as pessoas da outra casa à qual foi emprestada; 2. Casa nova pede uma vassoura também nova, para que ela não traga para a casa nova os problemas da casa velha; 3. É bom colocar a vassoura atrás da porta para que a visita não demore muito, vá embora; 4. Depois que a vassoura fica velha, imprestável, é bom queimá-la para não dar infelicidade aos donos da casa; 5. Quem leva uma surra com uma vassoura a pessoa seca o corpo; 6. A vassoura deitada traz desgraça financeira para a família; 7. Quem primeiro deve varrer a casa com uma vassoura nova é a mulher mais velha da casa; 8. Uma casa deve ser varrida da porta de entrada para a porta da cozinha; assim fazendo, fica mais fácil a felicidade entrar na casa.
VATAPÁ. O vatapá é o prato mais tradicional da culinária afro-brasileira. É feito com peixe ou crustáceos numa papa de farinha de mandioca com molho de dendê e com pimenta, a gosto da pessoa. Faz-se, também, vatapá de galinha, de milho e de pão.
VATICANO. Vaticano é o nome que se dá aos vapores de novecentos a mil toneladas, usados nos rios da Amazônia. Dentro de suas limitações, oferecem um certo conforto.
VELA. Antes dos candeeiros a querosene e da energia elétrica, a vela era um tipo de iluminação muito comum no mundo inteiro. Hoje, somente quando o fornecimento de energia é interrompido, é que a vela é usada. Mas, nas igrejas, a vela é uma espécie de chama da fé e, nas procissões, os fiéis conduzem sua vela enquanto cantam e rezam. Em todas as cerimônias religiosas a vela está presente, significando a fé do cristão, que nasce e morre com uma vela na mão, pagando suas promessas, acendendo-a nos túmulos dos familiares no dia de finados. Até mesmo para se tirar uma botija, o ato tem que contar com uma vela acesa, meio consumida, retirada de um altar da igreja.
VELHA-DO-CHAPÉU-GRANDE. É a personalização da fome no Nordeste.
VELHO. É uma figura cômica dos pastoris nordestinos. Também é conhecido como o bedegueba. No pastoril profano ou pastoril de ponta de rua, o velho não escolhe as palavras para declamar versos apimentados e, às vezes, até mesmo indecentes, e cantar suas canções impróprias para menores. Ele se apresenta como um verdadeiro palhaço, vestindo um fraque de cores espalhafatosas, calças listradas, uma gravata bem maior do que a comum, com uma flor na lapela, empunhando uma bengala, com um chapéu de abas largas, acompanhando a dança das pastoras exagerando nos gestos. No Recife, vários velhos marcaram época, entre os quais o velho Barroso. Os velhos de antigamente usavam uma linguagem comedida e muito diferente da que hoje é falada pelos bedeguebas.
VELHOS (DANÇA DE). Durante as festas do Divino Espírito Santo realizadas nas regiões Sul e Centro-Oeste brasileiras e, principalmente nas cidades de São Luís de Paraitinga (São Paulo), Parati e Angra dos Reis (Rio de Janeiro), a dança-dos-velhos acontecia sempre nos salões da nobreza aristocrática do café e do açúcar. Depois, como aconteceu na Europa com relação à quadrilha, a dança-de-velhos ganhou as ruas, popularizando-se. Os participantes vestem roupas antigas e nobres (fraques, cartola, etc.) e empunham suas bengalas para bater, de leve, nas pessoas que estão assistindo à brincadeira. O grupo percorre as ruas da cidade aos pares, andando como velhos, engomando, dançando músicas antigas (polcas, valsas) tocadas por sanfonas e alguns instrumentos de percussão. Ao anoitecer, mais mortos do que vivos, os brincantes voltam às suas casas, readquirindo suas verdadeiras identidades.
VELÓRIO. O velório acontece depois que a pessoa morre até a hora do enterro. Em outras regiões brasileiras o velório é conhecido como fazer quarto ao defunto. Quando o velório é de uma criança, os cantos são festivos acompanhados à viola. Durante o velório, as pessoas, madrugada adentro, ficam conversando, comendo, velando, até que o corpo do falecido é conduzido ao cemitério.
VENTANIA. Frevo-de-rua que, quando executado pela orquestra, as clarinetas e os saxofones predominam.
VENTO. Para se chamar o vento nada como se assobiar três vezes seguidas, como fazem os meninos quando estão soltando seus papagaios, suas pipas. Costumam, também, em tais ocasiões, dizer: - "Abra a porta do vento, São Lourenço!" O nome de São Lourenço é assim invocado porque o santo morreu assado numa grelha de ferro. Outra maneira de se chamar o vento é sessar milho ou arroz, atirando os grãos para o alto. Nos navios à vela, antigamente, era proibido assobiar porque o assobio podia chamar tempestades.
VER-A-CAMA. No dia do casamento era hábito a família da noiva convidar os parentes e amigos para visitar os aposentos dos noivos. É um costume existente ainda hoje em algumas regiões brasileiras.
VERÍSSIMO DE MELO nasceu no dia 9 de julho de 1921, na cidade de Natal. Concluiu o curso de bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito do Recife, exercendo as funções de advogado, juiz municipal, professor de Etnografia do Brasil da Faculdade de Filosofia de Natal e de Antropologia Cultural da Universidade Federal Rio Grande do Norte, além de jornalista. Em 1989, depois de aposentado, Veríssimo de Melo dedicou-se, com mais afinco, aos estudos folclóricos e ao jornalismo. Foi, também, membro do Conselho Estadual de Cultura e da Academia Norte-Riograndense de Letras. Publicou: Adivinhas (1948), Acalantos (1949), Parlendas (1949), Jogos populares do Brasil (1956), Gestos populares (1960), Cantador de viola (1961), O conto folclórico no Brasil (1976), Folclore brasileiro: Rio Grande do Norte (1978), Folclore infantil (1965), Tancredo Neves na literatura de cordel (1986), Medicina popular no mundo em transformação (1996), além de outros trabalhos, ensaios, artigos e participação em congressos e seminários folclóricos. Faleceu no dia 18 de agosto (mês do folclore) de 1996, na cidade de Natal.
VER-QUEM-TEM-ROUPA-NA-MOCHILA. Na linguagem popular, esta expressão significa ver quem tem razão, quem tem direito, quem pode.
VÉSTIA. É a roupa encourada do vaqueiro, composta de gibão, peitoral, perneiras, chapéu e luvas. Só assim o vaqueiro consegue sair em disparada, através da caatinga sertaneja, sem se ferir, à procura da rês que fugiu do rebanho.
VIOLA. É um instrumento de corda trazido pelo colonizador português, ao som da qual cantava para curtir a saudade da pátria distante. Tem cinco ou seis cordas duplas, metálicas: as duas primas e segundas eram de aço, a terceira era feita de metal amarelo (latão), enquanto o bordão de ré era de aço, o de lá e o mi, de latão.
VIOLÃO. É um instrumento de corda, maior do que a viola, e em forma do número oito. Tem seis cordas, com a afinação mi-lá-ré-sol-si-mi, sendo as três primeiras feitas de metal e as outras de tripa. É a mesma guitarra espanhola, com o mi grave a mais. É um instrumento que nunca saiu de moda e, nas serenatas, nunca falta. Hoje, as cordas do violão são feitas de matéria plástica. As cordas de metal, de tripa ou de seda são preferidas na zona rural.
VISAGEM. É a aparição sobrenatural de alma do outro mundo. Na linguagem popular visagem é, também, fingimento, hipocrisia.
VITALINA. É a moça velha que não casou, que ficou no caritó. Diz a cantiga popular: - "Bota pó, vitalina bota pó/ Que moça velha não sai mais do caritó!"
VITALINO. Vitalino Pereira dos Santos nasceu no dia 10 de julho de 1909, no lugar Ribeira dos Campos, Caruaru-PE. Filho de agricultores, Vitalino teve sua infância na zona rural, ajudando o pai na agricultura e no criatório de pequeno porte. Começou a trabalhar no barro com seis anos de idade, fazendo bichinhos (boi, cavalo, bode) com as sobras do barro de sua mãe Joana Maria da Conceição, que era louceira. Seu pai, um dia, levou-o à feira de Caruaru onde Vitalino expôs à venda boizinhos, paliteiros, galinhas com pintinhos. Depois da louça de brincadeira, Vitalino passou a fazer figuras isoladas como a peça O caçador de onça, seguida de muitas outras. Depois nasceram os bonecos agrupados como a banda de pífanos, os cangaceiros, os soldados. Vitalino adulto, era já conhecido no mundo todo e suas peças estão nos museus das grandes cidades da Europa, da Ásia e dos Estados Unidos. Faleceu em 1963, com 54 anos de idade, de varíola, no Alto do Moura, arrabalde de Caruaru, Pernambuco. Seus filhos e netos continuaram, não todos, seu trabalho até hoje. Uma peça de Vitalino vale muito dinheiro.
VÔO-DE-ANDORINHA. É um tipo de passo, no frevo pernambucano. Com sua sombrinha colorida, o passista eleva o corpo com grande impulso, cruza as pernas no ar e, ao mesmo tempo, atira os braços.
VUCO-VUCO. 1. No Pará, vuco-vuco significa, na linguagem popular, confusão, agitação; 2. No Recife, vuco-vuco é o nome que se dá ao compartimento do Mercado São José onde se compra e se vende roupa usada.
Fontes:
LÓSSIO, Rúbia. Dicionário de Folclore para Estudantes. Ed. Fundação Joaquim Nabuco
Imagem = http://www.terracapixaba.com.br/
VALDEMAR DE OLIVEIRA nasceu no dia 2 de maio de 1900, na cidade do Recife, PE. Desde criança demonstrou pendores musicais, razão pela qual começou a estudar piano com a professora Olímpia Braga, com o professor Euclides Fonseca e com a professora francesa Angeline Radevese. Em 1918 foi estudar Medicina em Salvador, onde se formou em 1923, defendendo sua tese sobre musicoterapia. Regressando ao Recife, passou a escrever no Jornal do Commercio e a partir de 1935, manteve uma coluna, A propósito, dedicada à música e ao teatro. Mas Valdemar de Oliveira, no decorrer de sua vida, foi um homem plural. Foi médico, professor, jornalista, teatrólogo, musicólogo, compositor, escritor, crítico de arte, foi membro da Academia Pernambucana de Letras, da Academia Pernambucana de Medicina, da Academia Brasileira de Música, do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico de Pernambuco, da Comissão Pernambucana de Folclore, foi diretor do Teatro Santa Isabel, diretor do Nosso Teatro – hoje Teatro Valdemar de Oliveira, da Sociedade de Cultura Musical, fundador e diretor do Teatro de Amadores de Pernambuco, representante da SBAT, presidente regional da Sociedade Brasileira de Escritores Médicos, professor das faculdades de Medicina do Recife e de Ciências Médicas, Delegado Regional do Instituto Nacional do Cinema, presidente da Sociedade de Cultura Musical de Pernambuco. Escreveu livros didáticos adotados na rede nacional de ensino, livros científicos e peças de teatro encenadas em todo o país. Na área do Folclore, além de inúmeros artigos publicados em jornais e revistas nacionais são de sua autoria O frevo e o passo de Pernambuco (1946), A recriação popular (1966), A origem do fado (1969), Frevo, capoeira e passo (1971), Frevo (1976), As modalidades do Frevo (1976). Morreu no dia 18 de abril de 1977, na cidade do Recife.
VALSA. As origens da valsa – um gênero musical que esteve muito em voga até os começos do século passado – são desencontradas, diferentes. Os franceses, os alemães discutem, entre si, a paternidade da origem da valsa, antiga dança aristocrática, dos palácios imperiais e que, logo em seguida, passou a ser cantada, tocada e dançada pelo povo. As valsas vienenses de Strauss são muito famosas. As valsas brasileiras, muito bonitas, também marcaram época, como Sobre as ondas, de Juventino Rosa, para muitos no mesmo nível das melhores valsas vienenses.
VAMOS-PENEIRAR. É uma modalidade de samba dançado na Bahia.
VAQUEIRO. O vaqueiro é a figura principal da criação de gado. Com seu chapéu, suas luvas e sua roupa de couro cru, o vaqueiro penetra na caatinga, para trazer de volta a rês fugitiva. Junta o gado que é levado para o pasto ou para bebedouro. Ajuda a ferrar, com a marca do dono, as reses compradas ou filhas do rebanho. Quando conduz o gado, o vaqueiro, com seu aboio triste, enfeita as tardes sertanejas. Veja ABOIO, VAQUEJADA.
VAQUEJADA. No fim do inverno – antigamente, quando o gado ainda não era criado em currais, – os vaqueiros saíam, com seus chapéus, suas luvas e sua roupa de couro cru, à procura do gado nas caatingas para ferrar, castrar, tratar as feridas e separar o gado de muitos donos. É a festa da apartação, de separação do gado. Feita a separação, acontece a vaquejada. Os vaqueiros mais jovens, mais valentes, saem em disparada e, pegando na cauda dos bois, derrubam-nos sob os aplausos das pessoas presentes. Correm apenas dois vaqueiros e o que fica à esquerda, o esteira, tem o trabalho de manter o animal correndo mais ou menos em linha reta. Com a mucica ou saiada – que é o puxão do vaqueiro na cauda da rês – esta perde o equilíbrio e cai. Se o vaqueiro não conseguir derrubar a rês (o boi, a vaca, o garrote, o novilho), recebe uma vaia dos que estão assistindo à vaquejada.
VARA-DE-BATER-PECADO ou VARA-DE-VIRAR-TRIPA. É o homem, magro, alto, o mesmo que espanador-da-lua.
VASSOURA. Vários são os tabus da vassoura: 1. A vassoura não pode ser emprestada, porque carrega a felicidade e a saúde das pessoas da casa para as pessoas da outra casa à qual foi emprestada; 2. Casa nova pede uma vassoura também nova, para que ela não traga para a casa nova os problemas da casa velha; 3. É bom colocar a vassoura atrás da porta para que a visita não demore muito, vá embora; 4. Depois que a vassoura fica velha, imprestável, é bom queimá-la para não dar infelicidade aos donos da casa; 5. Quem leva uma surra com uma vassoura a pessoa seca o corpo; 6. A vassoura deitada traz desgraça financeira para a família; 7. Quem primeiro deve varrer a casa com uma vassoura nova é a mulher mais velha da casa; 8. Uma casa deve ser varrida da porta de entrada para a porta da cozinha; assim fazendo, fica mais fácil a felicidade entrar na casa.
VATAPÁ. O vatapá é o prato mais tradicional da culinária afro-brasileira. É feito com peixe ou crustáceos numa papa de farinha de mandioca com molho de dendê e com pimenta, a gosto da pessoa. Faz-se, também, vatapá de galinha, de milho e de pão.
VATICANO. Vaticano é o nome que se dá aos vapores de novecentos a mil toneladas, usados nos rios da Amazônia. Dentro de suas limitações, oferecem um certo conforto.
VELA. Antes dos candeeiros a querosene e da energia elétrica, a vela era um tipo de iluminação muito comum no mundo inteiro. Hoje, somente quando o fornecimento de energia é interrompido, é que a vela é usada. Mas, nas igrejas, a vela é uma espécie de chama da fé e, nas procissões, os fiéis conduzem sua vela enquanto cantam e rezam. Em todas as cerimônias religiosas a vela está presente, significando a fé do cristão, que nasce e morre com uma vela na mão, pagando suas promessas, acendendo-a nos túmulos dos familiares no dia de finados. Até mesmo para se tirar uma botija, o ato tem que contar com uma vela acesa, meio consumida, retirada de um altar da igreja.
VELHA-DO-CHAPÉU-GRANDE. É a personalização da fome no Nordeste.
VELHO. É uma figura cômica dos pastoris nordestinos. Também é conhecido como o bedegueba. No pastoril profano ou pastoril de ponta de rua, o velho não escolhe as palavras para declamar versos apimentados e, às vezes, até mesmo indecentes, e cantar suas canções impróprias para menores. Ele se apresenta como um verdadeiro palhaço, vestindo um fraque de cores espalhafatosas, calças listradas, uma gravata bem maior do que a comum, com uma flor na lapela, empunhando uma bengala, com um chapéu de abas largas, acompanhando a dança das pastoras exagerando nos gestos. No Recife, vários velhos marcaram época, entre os quais o velho Barroso. Os velhos de antigamente usavam uma linguagem comedida e muito diferente da que hoje é falada pelos bedeguebas.
VELHOS (DANÇA DE). Durante as festas do Divino Espírito Santo realizadas nas regiões Sul e Centro-Oeste brasileiras e, principalmente nas cidades de São Luís de Paraitinga (São Paulo), Parati e Angra dos Reis (Rio de Janeiro), a dança-dos-velhos acontecia sempre nos salões da nobreza aristocrática do café e do açúcar. Depois, como aconteceu na Europa com relação à quadrilha, a dança-de-velhos ganhou as ruas, popularizando-se. Os participantes vestem roupas antigas e nobres (fraques, cartola, etc.) e empunham suas bengalas para bater, de leve, nas pessoas que estão assistindo à brincadeira. O grupo percorre as ruas da cidade aos pares, andando como velhos, engomando, dançando músicas antigas (polcas, valsas) tocadas por sanfonas e alguns instrumentos de percussão. Ao anoitecer, mais mortos do que vivos, os brincantes voltam às suas casas, readquirindo suas verdadeiras identidades.
VELÓRIO. O velório acontece depois que a pessoa morre até a hora do enterro. Em outras regiões brasileiras o velório é conhecido como fazer quarto ao defunto. Quando o velório é de uma criança, os cantos são festivos acompanhados à viola. Durante o velório, as pessoas, madrugada adentro, ficam conversando, comendo, velando, até que o corpo do falecido é conduzido ao cemitério.
VENTANIA. Frevo-de-rua que, quando executado pela orquestra, as clarinetas e os saxofones predominam.
VENTO. Para se chamar o vento nada como se assobiar três vezes seguidas, como fazem os meninos quando estão soltando seus papagaios, suas pipas. Costumam, também, em tais ocasiões, dizer: - "Abra a porta do vento, São Lourenço!" O nome de São Lourenço é assim invocado porque o santo morreu assado numa grelha de ferro. Outra maneira de se chamar o vento é sessar milho ou arroz, atirando os grãos para o alto. Nos navios à vela, antigamente, era proibido assobiar porque o assobio podia chamar tempestades.
VER-A-CAMA. No dia do casamento era hábito a família da noiva convidar os parentes e amigos para visitar os aposentos dos noivos. É um costume existente ainda hoje em algumas regiões brasileiras.
VERÍSSIMO DE MELO nasceu no dia 9 de julho de 1921, na cidade de Natal. Concluiu o curso de bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito do Recife, exercendo as funções de advogado, juiz municipal, professor de Etnografia do Brasil da Faculdade de Filosofia de Natal e de Antropologia Cultural da Universidade Federal Rio Grande do Norte, além de jornalista. Em 1989, depois de aposentado, Veríssimo de Melo dedicou-se, com mais afinco, aos estudos folclóricos e ao jornalismo. Foi, também, membro do Conselho Estadual de Cultura e da Academia Norte-Riograndense de Letras. Publicou: Adivinhas (1948), Acalantos (1949), Parlendas (1949), Jogos populares do Brasil (1956), Gestos populares (1960), Cantador de viola (1961), O conto folclórico no Brasil (1976), Folclore brasileiro: Rio Grande do Norte (1978), Folclore infantil (1965), Tancredo Neves na literatura de cordel (1986), Medicina popular no mundo em transformação (1996), além de outros trabalhos, ensaios, artigos e participação em congressos e seminários folclóricos. Faleceu no dia 18 de agosto (mês do folclore) de 1996, na cidade de Natal.
VER-QUEM-TEM-ROUPA-NA-MOCHILA. Na linguagem popular, esta expressão significa ver quem tem razão, quem tem direito, quem pode.
VÉSTIA. É a roupa encourada do vaqueiro, composta de gibão, peitoral, perneiras, chapéu e luvas. Só assim o vaqueiro consegue sair em disparada, através da caatinga sertaneja, sem se ferir, à procura da rês que fugiu do rebanho.
VIOLA. É um instrumento de corda trazido pelo colonizador português, ao som da qual cantava para curtir a saudade da pátria distante. Tem cinco ou seis cordas duplas, metálicas: as duas primas e segundas eram de aço, a terceira era feita de metal amarelo (latão), enquanto o bordão de ré era de aço, o de lá e o mi, de latão.
VIOLÃO. É um instrumento de corda, maior do que a viola, e em forma do número oito. Tem seis cordas, com a afinação mi-lá-ré-sol-si-mi, sendo as três primeiras feitas de metal e as outras de tripa. É a mesma guitarra espanhola, com o mi grave a mais. É um instrumento que nunca saiu de moda e, nas serenatas, nunca falta. Hoje, as cordas do violão são feitas de matéria plástica. As cordas de metal, de tripa ou de seda são preferidas na zona rural.
VISAGEM. É a aparição sobrenatural de alma do outro mundo. Na linguagem popular visagem é, também, fingimento, hipocrisia.
VITALINA. É a moça velha que não casou, que ficou no caritó. Diz a cantiga popular: - "Bota pó, vitalina bota pó/ Que moça velha não sai mais do caritó!"
VITALINO. Vitalino Pereira dos Santos nasceu no dia 10 de julho de 1909, no lugar Ribeira dos Campos, Caruaru-PE. Filho de agricultores, Vitalino teve sua infância na zona rural, ajudando o pai na agricultura e no criatório de pequeno porte. Começou a trabalhar no barro com seis anos de idade, fazendo bichinhos (boi, cavalo, bode) com as sobras do barro de sua mãe Joana Maria da Conceição, que era louceira. Seu pai, um dia, levou-o à feira de Caruaru onde Vitalino expôs à venda boizinhos, paliteiros, galinhas com pintinhos. Depois da louça de brincadeira, Vitalino passou a fazer figuras isoladas como a peça O caçador de onça, seguida de muitas outras. Depois nasceram os bonecos agrupados como a banda de pífanos, os cangaceiros, os soldados. Vitalino adulto, era já conhecido no mundo todo e suas peças estão nos museus das grandes cidades da Europa, da Ásia e dos Estados Unidos. Faleceu em 1963, com 54 anos de idade, de varíola, no Alto do Moura, arrabalde de Caruaru, Pernambuco. Seus filhos e netos continuaram, não todos, seu trabalho até hoje. Uma peça de Vitalino vale muito dinheiro.
VÔO-DE-ANDORINHA. É um tipo de passo, no frevo pernambucano. Com sua sombrinha colorida, o passista eleva o corpo com grande impulso, cruza as pernas no ar e, ao mesmo tempo, atira os braços.
VUCO-VUCO. 1. No Pará, vuco-vuco significa, na linguagem popular, confusão, agitação; 2. No Recife, vuco-vuco é o nome que se dá ao compartimento do Mercado São José onde se compra e se vende roupa usada.
Fontes:
LÓSSIO, Rúbia. Dicionário de Folclore para Estudantes. Ed. Fundação Joaquim Nabuco
Imagem = http://www.terracapixaba.com.br/
Nenhum comentário:
Postar um comentário