quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Academia Paulista de Letras (Conferências em Homenagem a Miguel Reale)



A ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS convida para a série de conferências em homenagem a MIGUEL REALE, cujo centenário de nascimento se celebra em 6 de novembro de 2010.

Elas ocorrerão às 18,30 horas na sede do Largo do Arouche, 324, todas as quintas-feiras de novembro - 4, 11, 18 e 25 - e a primeira quinta-feira de dezembro - 2 de dezembro de 2010.

Falarão, pela ordem:
MIGUEL REALE JÚNIOR, EBE REALE, CLÁUDIO DE CICCO, CELSO LAFER, ADA PELLEGRINI GRINOVER e JOSÉ PASTORE.

O contexto equivale a um Curso de Extensão de 20 horas de duração.

Os que comparecerem a 4 conferências receberão um certificado expedido pela ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS.

Inscrição pelo e-mail acadsp@terra.com.br

Venham e divulguem entre os amigos.

ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS

José Feldman (Publicação do E-Book Santuário de Trovas vol.3)


Foi publicado o e-book Santuário de Trovas vol.3, contendo cerca de 90 trovas com imagens. Homenagens in memoriam, dedicatórias.

Organização e montagem por José Feldman.

Faça o download de seu exemplar aqui.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n.30)


Trova do Dia

Fiz de você minha musa
minha vida e coração,
meu pijama, minha blusa,
a taboa de salvação.
JOSÉ FELDMAN/PR

Trova Potiguar

Na fauna de estimação
tem bicho como tu és.
Com plumas feito pavão
mas sem olhar para os pés!
MARCOS MEDEIROS/RN

Uma Trova Premiada

2010 > Camboriú/SC
Tema > SEGREDO > Vencedora

Eu já fui um beija flor
em outras vidas passadas:
- era segredo em louvor
às flores desamparadas.
MARIA LUIZA WALENDOWSKY/SC

Uma Poesia livre

Suely Nobre Felipe/RN
UM SOPRO DE VIDA.

A vida jaz lá fora.
Aqui dentro,
Contento-me com o som das ruas.
Alenta-me o balé descompassado das nuvens
Levitando na pequena fenda da minha janela.
É o que me resta do dia.
Inerte, sinto um sopro de vida
Quando o vento beija o meu rosto
E, mançamente abraça o meu corpo.
Alegro-me também,
Quando de tempos em tempos
Um pequeno pássaro desfila inocente
Cruzando a pequena fenda da minha janela,
Assobiando uma bizarra cantoria
Ali donde antes,
Bailavam nuvens descompassadas
Trazendo a ilusão do movimento.
Inerte, porém, sinto a noite chegar
Sorrio para o último pássaro.
Aqui dentro,
A vida jaz em mim.
Lá fora,
O dia escurece.

Uma Trova de Ademar

Quando o amor se consolida,
mesmo que vire rotina;
termina tudo na vida,
mas esse amor não termina!...
ADEMAR MACEDO/RN

...E Suas Trovas Ficaram

Tudo é festa quando assomas
e com festa me seduzes,
teu beijo, festa de aromas,
teus olhos, festa de luzes!
VENTURELLI SOBRINHO/MG

Estrofe do Dia

Vi no jardim da poesia
Botões de versos se abrindo,
As rimas todas sorrindo,
Estrofes em harmonia...
Nesta cena de alegria,
A tristeza sobressai...
Uma borboleta cai
Na grande teia de aranha.
Vendo a agonia tamanha,
EU SOLTEI A BUTTERFLY.
DJALMA MOTA/RN

Um Sonetilho

Thalma Tavares/SP
UM DILEMA

Vivo um dilema terrível
entre a virtude e o pecado.
Quem dera fosse possível
voltar inteiro ao passado

Assim meu pecado horrível
seria, então, anulado
e eu, num milagre incrível,
voltaria imaculado.

Então não mais pecaria.
Sem transgressões não teria
remorsos a me culpar....

Mas quando tu apareces,
e me abraças e me aqueces,
eu quero mesmo é pecar.

Fonte:
O Autor

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

João Barbosa (Balaio das Letras)


MINHA MORADA

Encostada ao pé da serra,
Num pedacinho de terra,
Construí minha morada.
Vivo cheio de esperança,
Como vida de criança,
Não desconfio de nada.

Minha casa é amarela,
Bem na frente uma janela
E uma varanda espaçosa.
No meu pequeno jardim,
Um belo pé de alecrim
E muita flor perfumosa.

Uma coisa mui bonita,
Toda tarde nos visita,
Um casal de seriema.
São coisas da natureza,
Num recanto de beleza,
Num pedacinho de Extrema.

Tem muito amor e vida,
Nesta Terra querida,
Que me viu nascer.
É motivo de emoção,
Bate forte o coração
Que o peito faz doer.

EXTREMA

Subi no alto da serra
E não pude me conter,
As belezas desta terra
Que Deus fez pra se ver.

Vi os montes e as matas;
Também os vales e colinas;
Vi montanhas muito altas
E as verdejantes campinas.

Vi também minha cidade
Encostada ao pé da serra;
Quão grande felicidade
No meu coração encerra.

- Extrema cidade querida,
Berço de encantos reais;
Tu és a mais preferida
No Sul de Minas Gerais.

VIDA SOFRIDA

Meu amigo está velho
E muito cansado;
Quanta recordação
Do tempo passado!
Eu perguntei:
- E a sua vida?
Ele respondeu:
- Está muito sofrida!

Há tempos atrás
Eu vivia contente;
Sempre cantava
Muito sorridente;
Chegou a velhice
E a necessidade,
Deixei o sertão
E vim pra cidade.

Procurei meu direito
Na previdência;
Fiz meu pedido
Com certa urgência,
Que me concedesse
O meu benefício;
Pra conseguir
Foi um sacrifício.

Esta é a vida
De um trabalhador,
Que muito lutou,
Derramou suor,
E nunca enjeitou
Serviço pesado;
E hoje só vive
Num banco sentado.

NA SOMBRA DO BOSQUE

Na sombra do bosque
A brisa refrescante
Passa, a todo instante;
E as borboletas multicores
Ruflam as asas, com singeleza;
Saudando a natureza
Por entre as belas flores.

Na sombra do bosque
O garboso bem-te-vi
Pousando aqui e ali
Na ramagem perfumada
Solta seu belo canto,
Que se admira tanto
O caminheiro da estrada.

Na sombra do bosque
Tem pássaros canoros
De cantos sonoros
Com tanto queixume.
A relva florida
Tem beleza, tem vida,
E suave perfume.

HERÓIS DA LIBERDADE

Em terras estranhas,
Distante das montanhas
Desta Terra brasileira,
Muitos foram obrigados
A ficarem exilados
Além da nossa fronteira.

Alguém até inocente,
Longe da nossa gente,
Cabisbaixo e calado;
Enfrentou sério dilema,
Pra resolver o problema
E voltar ao nosso lado.

Os heróis da nossa Terra
Enfrentaram fortes guerras
E lutaram pra vencer;
Em busca da liberdade,
Lutaram com fidelidade
Sem jamais esmorecer.

A nossa liberdade,
Devemos na verdade,
Aos heróis altaneiros,
Que com grande glória,
Alcançaram a vitória
Neste país brasileiro.

Fonte:
http://www.balaiodasletras.com.br

João Barbosa (Lançamento do Livro Balaio das Letras vol. 2, em Extrema/MG)


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João Barbosa

Sou poeta, sou sonhador, como a trova que escrevi:

O poeta é um sonhador,
Que sonha acordado;
Inspirado no amor,
Sonha sonho rimado.


Nasci no município de Extrema, estado de Minas Gerais, no dia 23 de junho de 1948. Poeta desde a infância. Fui professor nas escolas municipais na zona rural. Fui também funcionário de indústrias e aposentei como autônomo.

Moro num recanto, no pé da Serra da Mantiqueira. Minha casa é amarela como as flores do ipê, no meio da natureza, entre árvores de verdejantes ramagens, onde tenho o privilégio de ouvir o cantar dos pássaros, principalmente o gorjeio do sabiá. Vez em quando, sou visitado por um casal de seriema, que quando vão se distanciando, de cima do morro, brinda-me com um canto forte e estridente. Também saracuras cantam um pouco mais longe.

E dentro de mim cantam meus versos, inspirado pelo amor, pela fé, pela natureza, pela saudade, pela família, pela Pátria, enfim... Por Deus, que me concedeu este dom de poder deixar nesta terra as minhas mais variadas páginas poéticas.

Publiquei três livros:

A VOZ DE UM POETA, lançado em 14 de novembro de 2005,
CANTIGA DE POETA, lançado em 30 de novembro de 2007 e
SÓ... SONETOS, lançado em 6 de novembro de 2009.

Para correspondência:
Caixa Postal, 154 – CEP 37640-000 – Extrema – MG.
E-mail: jbpoeta@hotmail.com

Fontes:
O Autor
Balaio das Letras

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n.29)


Trova do Dia

Melhor ser mais ponderado,
que ser altivo demais;
o barco mais equipado,
nem sempre retorna ao cais.
NEIDE ROCHA PORTUGAL/PR

Trova Potiguar

Eu creio que o cientista
que tenta o homem clonar,
vai ser mais um derrotista
tentando a Deus se igualar.
IVANISO GALHARDO/RN

Uma Trova Premiada

2002 > Amparo/SP
Tema > FOME > Menção Especial

Na rua, a infeliz criança
vagando, entre outras sem nome,
jamais provou a esperança,
mas sabe o sabor da fome.
THEREZA COSTA VAL/MG

Uma Poesia livre

Edla Feitosa Costa/PE
AMBIÇÃO

Da vida quero o hoje, o agora.
Do mundo, apenas amor.
Das flores, perfume e cor.
Da mata, seu verde e seu frescor.
Do céu estrelado quero apenas uma estrela.
Uma única estrela. A mais distante,
A mais sozinha, a mais quieta.
Com ela quero sonhar, quero voar,
Quero escapar, quero esquecer.
Do meu imaginário quero viver
E do meu futuro, nada prever...

Uma Trova de Ademar

Num cenário de beleza,
nas peripécias do Outono,
me apossei da natureza
como se eu fosse seu dono.
ADEMAR MACEDO/RN

...E Suas Trovas Ficaram

O tempo, com seu poder,
tudo altera sem clemência,
mas não me faz esquecer
os sonhos da adolescência.
REINALDO AGUIAR/RN

Estrofe do Dia

Um sutil vaga-lume reluzente
Ofertava os fulgores à criança;
O meu peito brotava a esperança
Me deixando feliz e mais contente.
Compreendi a grandeza da semente
Quando brota e depois revela a flor.
Vi que a vida se mostra com amor
Entre os ramos floridos do carinho,
Onde o afeto constrói plácido ninho
E recebe da aurora o seu fulgor.
GILMAR LEITE/PE

Soneto do Dia

Gilson Faustino Maia/RJ
CONFISSÃO

Eu já não minto, amor, eu me condeno.
Eu revelo o que sinto no meu peito,
que não sabe o que é certo e o que é direito
e não teve da sorte o nobre aceno.

Os mistérios do amor eu, tão pequeno,
envolvido por tantos preconceitos,
registrei no meu ser, quase desfeito,
Nas noites de luar tão puro e ameno.

És meu raio de luz na escuridão.
És um fato gravado, eu não te esqueço.
A pedra preciosa do meu chão.

E, nos braços da noite, eu, que enlouqueço,
confesso com meu grito à imensidão:
-Tu és, do amor, a essência que padeço!

Fonte:
Ademar Macedo

domingo, 24 de outubro de 2010

Trova 181 - Ialmar Pio Schneider (Porto Alegre/RS)

Montagem da trova sobre imagem de Iraima Bagni

Luiz Otávio (Aspectos da Trova Humorística)


Autor: Luiz Otávio (Editado pela U.B.T. - União Brasileira de Trovadores) designada para estudar alguns aspectos da Trova Humorística

1- A MALÍCIA:

Embora o conceito de malícia seja variável de pessoa para pessoa, há certo tipo de malícia que chova, de imediato, a quem a ouve. Assim, o leitor de alguma sensibilidade e cultura saberá distinguir a malícia fina, daquela que traz humorismo grosseiro.

A malícia, em nossa opinião, mesmo tendendo para o plano sexual, quando bem dosada, sutil, é perfeitamente aceitável em Trova.

Vejamos, por exemplo, esta trova de A. Bobela Mota, trovador português, em que há malícia com fundo sexual e que, entretanto, é plenamente aceitável:

“Graças a certo percalço,
Encontraste, enfim, marido...
Como vês, um passo em falso
Nem sempre é um passo perdido...”

Ou esta outra de Antônio Carlos Teixeira Pinto:

“Minha sogra é mesmo o fim,
eu digo e sinto vergonha:
dúvida tanto de mim,
que acredita na cegonha...”

De resto, até mesmo em trovas líricas, pode aparecer o erotismo explorado de maneira sutil e inteligente, emprestando força poética à mensagem, sem chocar a sensibilidade do ouvinte ou leitor.

2- A CRÍTICA, A SÁTIRA, A IRREVERÊNCIA

É inconveniente a trova que, de modo intencional, ofende, genericamente, um grupo, uma instituição, uma classe... Todavia, consideramos que é perfeitamente válida, aquela que toma, individualmente, um elemento pertencente a uma determinada profissão ou grupo, para desse indivíduo, assim isolado, fazer motivo de humor.

Como exemplo. Citaremos a conhecida trova de Antônio Salles, que satiriza, ao mesmo tempo, um militar e um médico, sem que, com esta sátira, ofenda a classe médica ou militar:

“ Eis um médico fardado
-que perfeito matador!-
quem escapar do soldado,
não escapa do doutor...”

Excepcionalmente, pode-se aceitar a trova, mesmo quando faz crítica a uma classe, porém sem premeditação de ofensa, isto é, com intenção, apenas, de fazer graça.

Tomemos, para exemplo, a Trova de Elton Carvalho que, por coincidência, é militar:

“ A mulher do militar
deve pagar mais imposto,
só pelo fato de usar
sempre um marido... com...posto...”

Ora, ainda que seja uma graça extensiva a toda uma classe – a mulher do militar - não há absolutamente , ofensa ou crítica, mas tão somente, o humorismo ingênuo de um trocadilho.

3- EMPREGO DE NOMES PRÓPRIOS

Os nomes próprios vêm sendo usados, sem discriminação, em vários gêneros literários. Na prosa, Machado de nomes adequados, para dar maior ênfase àquilo que escreviam. O sofrimento ou o riso, não raro se estampavam no nome que era dado ao personagem, principalmente o riso, pois Assis, Monteiro Lobato, Graciliano Ramos, Guimarães Rosa e outros, escolhiam os temas humorísticos facilitam enormemente a escolha do nome, vamos dizer, engraçado. Na poesia desde os clássicos, quantas vezes os nomes inventados ou verdadeiros passaram a ficar indissoluvelmente ligados aos autores, Quem não se recorda de Marília de Dirceu, de Laura de Petrarca, de Beatriz de Dante? Na música popular, vemos uma infinidade de nomes que se tornaram celebres, através de valsas, polcas, canções, no passado,e, em outros gêneros musicais, no presente. Branca, Gilca, Maria, Neusa, Nanci, Amélia, Dora, Aurora, Marina, e, Bem recentemente, Carolina, Luciana, Ana Maria, Isabela, etc... etc... São alguns dos nomes focalizados pela música popular. Nos anúncios de rádio e da televisão, anúncios muitas vezes estudados por equipes compostas de elementos formados em faculdades de comunicação, quantas vezes, o nome próprio aparece para facilitar a memorização daquilo que se pretende anunciar. Então aí os Apolônios, Jeremias, os Sugismundos...

Na própria trova lírica ou filosófica, quantas premiadas em concursos, ou consagradas pelo gosto popular, trazem nomes próprios!

Exemplo:
“ Maria, só por maldade,
deixou-me a casa vazia:
Dentro da casa a saudade,
E na saudade, -Maria!”

Esta trova, de Anis Murad, é uma das muitas que poderíamos citar e que foi classificada em 1º lugar, nos II Jogos Florais de Nova Friburgo. E quantas mais, não só em Nova Friburgo. Como em outras cidades, têm aparecido, principalmente, com o nome de Maria, quase um símbolo dos trovadores...

Há, além dos argumentos acima, outros que poderemos lembrar, em favor do aproveitamento de nomes próprios na trova humorística, tais como:

a- O nome próprio, em alguns casos, dá mais autenticidade ao assunto;

b- Há nomes próprios que, por si sós, pelo grotesco que apresentam, trazem mais humor à trova;

c- Em alguns casos, a trova gira, essencialmente, em torno do nome próprio usado;

d- Se encontramos, muitas vezes, trovas de rimas forçadas – humorísticas ou não – por que não usar o nome próprio que, além de facilitar a rima, pode trazer mais graça e fluência à trova?

Portanto, em nosso entender, é perfeitamente válido o uso de nomes próprios nas trovas, principalmente, humorísticas.

4- USO DE GÍRIA

No capítulo da gíria, cabem as mesmas considerações que fizemos com relação aos nomes impróprios. Tanto na poesia humorística, como na prosa e, principalmente, no teatro, a gíria está presente.

Não esqueçamos, também, que a gíria de hoje, amanhã poderá estar incorporada ao vernáculo. Assim tem acontecido em várias épocas, no processo evolutivo das línguas.

Chega-nos, agora, através do rádio, a notícia que o DNER do Ceará, numa experiência inusitada, está, em alguns lugares, substituindo as clássicas advertências de “cuidado”, “devagar”, por outras, bem modernas, onde a gíria é o principal ingridientes: ”manera aí, bicho!”, ou “vá em marcha de paquera”, etc...

Portanto, achamos perfeitamente natural o uso da gíria em trova humorística, por sua característica eminentemente popular.

5- PORNOGRAFIA

Muito embora o teatro moderno venha usando, ostensiva e abusivamente, a pornografia, quer parecer-nos que quase tudo isto é feito com fins comerciais ou sensacionalistas. Devemos, ainda, considerar que ao Teatro, comparecem aqueles que, com conhecimento de causa, estão dispostos a ver de perto tudo aquilo. Devemos frisar ainda que, muitas vezes, a censura faz imposições, limita a entrada a pessoas de determinadas idades. Isto acontece, também, em livros do mesmo estilo, em que se exige sejam os mesmos colocados em envelopes lacrados, com etiquetas proibitivas de venda a menores, Tal porém, não acontece com a trova pornográfica que, se declamada em público ou colocada em livro, poderá surpreender, desagradavelmente, o ouvinte ou o leitor.

Embora nos itens anteriores, tenhamos demonstrado nossa compreensão quanto ao uso da malícia, irreverência, do emprego de nomes próprios, da gíria, achamos que a trova nada lucraria com o uso de palavras obscenas, ainda que veladas.

6- ANEDOTAS

Embora seja aceitável a publicação em livros, jornais, revistas, etc, as trovas humorísticas calcadas em anedotas, julgamos que, em concursos e jogos florais, há outros aspectos importantes a considerar, além da graça, como seja a criatividade, a originalidade, enfim. Nessa ordem de idéias, é desaconselhável a classificação de trovas com aproveitamento de anedotas.

Acontece porém, que as comissões julgadoras poderão não conhecer as anedotas aproveitadas pelas trovas, o que torna interessante, portanto, o apelo que, ultimamente, os organizadores de concursos vêm fazendo, durante a classificação preliminar, no sentido de que, concorrentes ou leitores cooperem com as comissões, indicando as trovas que apresentem idéias já conhecidas (como anedotas), desde que, devidamente comprovadas, a fim de serem eliminadas do concurso.

7- USO DO “PRA”

Sabemos que a União Brasileira de Trovadores pretende criar Comissão para, entre outros assuntos, examinar o discutido emprego, em trovas, da palavra “pra”. Entrementes, julgamos essa “síncope” perfeitamente aceitável, principalmente nas trovas humorísticas, por ser expressão essencialmente popular.

Comissão de estudos: Luiz Otávio, Carlos Guimarães, Elton Carvalho, Joubert de Araújo Silva, Maria Nascimento Santos, P. de Petrus, Colbert Rangel Coelho. O relatório foi aprovado pelo Conselho Nacional da UBT- União Brasileira de Trovadores

Fonte:
Nilton Manoel

Nelson Fachinelli (Eu Sou Apenas Um Operário)


Da vida eu ainda sou aprendiz
Não sei tudo o que ela ensina.
Tenho procurado ser feliz
e ver os outros felizes me fascina.

Sigo o que meu coração diz,
a razão nem sempre predomina.
Me faz mal ver alguém infeliz,
a fraternidade me domina.

Não sou santo, nem mesmo demônio,
me preocupa a camada de ozônio,
a violência que corrói a humanidade.

Eu sou apenas um operário
cumprindo na terra seu fadário,
na busca eterna da felicidade.

Fontes:
Casa do Poeta Rio Grandense

Dino Franco (Capricho do Destino)


Considerações de Pedro Ornellas:
Considero o clássico "Capricho do Destino", do meu amigo Dino Franco, uma das melhores músicas de todos os tempos.
Ganhou destaque na década de 70 com Belmonte e Amaraí que também foi minha dupla sertaneja preferida. Teve diversas regravações. Gravei em duas vozes, com arranjos do maestro Netinho, de Cianorte e fiz formatação do vídeo para o Youtube.
Convido você a assistir, e caso não conheça a música, preste atenção à história que ela conta.
http://www.youtube.com/watch?v=3xxq2jTHm3k
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Capricho do Destino
Autor: Dino Franco

Depois de três anos que eram casados
Nasceu um filhinho que tanto sonharam
Por mais alguns tempos viveram felizes
Depois cruelmente os dois se apartaram
Ele foi embora para bem distante
E não mais souberam do seu paradeiro
Ela ficou so com o filhinho
Chorando a saudade do seu companheiro

Um dia porem já muito cansada
Do triste martírio que ela sofria
Por falsa ilusão deixou de ser nobre
Passou a viver so na boemia
Num triste abandono ficou o menino
Longe dos seus braços sem os seus carinhos
Enquanto os seus pais seguiram outro rumo
Ele foi crescendo só em maus caminhos

E foi numa noite quando o trem noturno
Fez a parada naquela estação
Um passageiro sacou de uma arma
E sem piedade matou um ladrão
Entre a multidão que ali se ajuntou
Ela foi tambem pra ver o ocorrido
E com grande espanto sem vida encontrou
Na plataforma seu filho caido

Tal qual uma louca chorando e gritando
Focou os seus olhos ao criminoso
E neste momento reconheceu
Que aquele homem era o seu esposo
Assim é o capricho da vida enganosa
Que o destino exibe em cenas reais
Crianças de crescem desamparadas
Pagam os erros que devem os seus pais

Fonte:
Pedro Ornellas