terça-feira, 21 de junho de 2011

Machado de Assis (Frei Simão)


CAPÍTULO PRIMEIRO

FREI SIMÃO era um frade da ordem dos Beneditinos. Tinha, quando morreu, cinqüenta anos em aparência, mas na realidade trinta e oito. A causa desta velhice prematura derivava da que o levou ao claustro na idade de trinta anos, e, tanto quanto se pode saber por uns fragmentos de memórias que ele deixou, a causa era justa.

Era frei Simão de caráter taciturno e desconfiado. Passava dias inteiros na sua cela, donde apenas saía na hora do refeitório e dos ofícios divinos. Não contava amizade alguma no convento, porque não era possível entreter com ele os preliminares que fundam e consolidam as afeições.

Em um convento, onde a comunhão das almas deve ser mais pronta e mais profunda, frei Simão parecia fugir à regra geral. Um dos noviços pôs lhe alcunha de urso, que lhe ficou, mas só entre os noviços, bem entendido. Os frades professos, esses, apesar do desgosto que o gênio solitário de frei Simão lhes inspirava, sentiam por ele certo respeito e veneração.

Um dia anuncia se que frei Simão adoecera gravemente. Chamaram se os socorros e prestaram ao enfermo todos os cuidados necessários. A moléstia era mortal; depois de cinco dias frei Simão expirou.

Durante estes cinco dias de moléstia, a cela de frei Simão esteve cheia de frades. Frei Simão não disse uma palavra durante esses cinco dias; só no último, quando se aproximava o minuto fatal, sentou se no leito, fez chamar para mais perto o abade, e disse lhe ao ouvido com voz sufocada e em tom estranho:

Morro odiando a humanidade!

O abade recuou até a parede ao ouvir estas palavras, e no tom em que foram ditas. Quanto a frei Simão, caiu sobre o travesseiro e passou à eternidade.

Depois de feitas ao irmão finado as honras que se lhe deviam, a comunidade perguntou ao seu chefe que palavras ouvira tão sinistras que o assustaram. O abade referiu as, persignando se. Mas os frades não viram nessas palavras senão um segredo do passado, sem dúvida importante, mas não tal que pudesse lançar o terror no espírito do abade. Este explicou lhes a idéia que tivera quando ouviu as palavras de frei Simão, no tom em que foram ditas, e acompanhadas do olhar com que o fulminou: acreditara que frei Simão estivesse doido; mais ainda, que tivesse entrado já doido para a ordem. Os hábitos da solidão e taciturnidade a que se votara o frade pareciam sintomas de uma alienação mental de caráter brando e pacífico; mas durante oito anos parecia impossível aos frades que frei Simão não tivesse um dia revelado de modo positivo a sua loucura; objetaram isso ao abade; nuas este persistia na sua crença.

Entretanto procedeu se ao inventário dos objetos que pertenciam ao finado, e entre eles achou se um rolo de papéis convenientemente enlaçados, com este rótulo: "Memórias que há de escrever frei Simão de Santa Águeda, frade beneditino".

Este rolo de papéis foi um grande achado para a comunidade curiosa. Iam finalmente penetrar alguma cousa no véu misterioso que envolvia o passado de frei Simão, e talvez confirmar as suspeitas do abade. O rolo foi aberto e lido para todos.

Eram, pela maior parte, fragmentos incompletos, apontamentos truncados e notas insuficientes; mas de tudo junto pode se colher que realmente frei Simão estivera louco durante certo tempo.

O autor desta narrativa despreza aquela parte das Memórias que não tiver absolutamente importância; mas procura aproveitar a que for menos inútil ou menos obscura.

CAPíTULO II

As NOTAS de frei Simão nada dizem do lugar do seu nascimento nem do nome de seus pais. O que se pôde saber dos seus princípios é que, tendo concluído os estudos preparatórios, não pôde seguir a carreira das letras, como desejava, e foi obrigado a entrar como guarda livros na casa comercial de seu pai.

Morava então em casa de seu pai uma prima de Simão, órfã de pai e mãe, que haviam por morte deixado ao pai de Simão o cuidado de a educarem e manterem. Parece que os cabedais deste deram para isto. Quanto ao pai da prima órfã, tendo sido rico, perdera tudo ao jogo e nos azares do comércio, ficando reduzido à última miséria.

A órfã chamava se Helena; era bela, meiga e extremamente boa. Simão, que se educara com ela, e juntamente vivia debaixo do mesmo teto, não pôde resistir às elevadas qualidades e à beleza de sua prima. Amaram se. Em seus sonhos de futuro contavam ambos o casamento, cousa que parece mais natural do mundo para corações amantes.

Não tardou muito que os pais de Simão descobrissem o amor dos dois. Ora é preciso dizer, apesar de não haver declaração formal disto nos apontamentos do frade, é preciso dizer que os referidos pais eram de um egoísmo descomunal. Davam de boa vontade o pão da subsistência a Helena; mas lá casar o filho com a pobre órfã que não podiam consentir. Tinham posto a mira em uma herdeira rica, e dispunham de si para si que o rapaz se casaria com ela.

Uma tarde, como estivesse o rapaz a adiantar a escrituração do livro mestre, entrou no escritório o pai com ar grave e risonho ao mesmo tempo, e disse ao filho que largasse o trabalho e o ouvisse.

O rapaz obedeceu. O pai falou assim:

Vais partir para a província de ***. Preciso mandar umas cartas ao meu correspondente Amaral, e como sejam elas de grande importância, não quero confiá las ao nosso desleixado correio. Queres ir no vapor ou preferes o nosso brigue?

Esta pergunta era feita com grande tino.

Obrigado a responder lhe, o velho comerciante não dera lugar a que seu filho apresentasse objeções.

O rapaz enfiou, abaixou os olhos e respondeu:

Vou onde meu pai quiser.

O pai agradeceu mentalmente a submissão do filho, que lhe poupava o dinheiro da passagem no vapor, e foi muito contente dar parte à mulher de que o rapaz não fizera objeção alguma.

Nessa noite os dous amantes tiveram ocasião de encontrar se sós na sala de jantar.

Simão contou a Helena o que se passara. Choraram ambos algumas lágrimas furtivas, e ficaram na esperança de que a viagem fosse de um mês, quando muito.

À mesa do chá, o pai de Simão conversou sobre a viagem do rapaz, que devia ser de poucos dias. Isto reanimou as esperanças dos dous amantes. O resto da noite passou se em conselhos da parte do velho ao filho sobre a maneira de portar se na casa do correspondente. Às dez horas, como de costume, todos se recolheram aos aposentos.

Os dias passaram se depressa. Finalmente raiou aquele em que devia partir o brigue. Helena saiu de seu quarto com os olhos vermelhos de chorar. Interrogada bruscamente pela tia, disse que era uma inflamação adquirida pelo muito que lera na noite anterior. A tia prescreveu lhe abstenção da leitura e banhos de água de malvas.

Quanto ao tio, tendo chamado Simão, entregou lhe uma carta para o correspondente, e abraçou o. A mala e um criado estavam prontos. A despedida foi triste. Os dous pais sempre choraram alguma cousa, a rapariga muito.

Quanto a Simão, levava os olhos secos e ardentes. Era refratário às lágrimas; por isso mesmo padecia mais.

O brigue partiu. Simão, enquanto pôde ver terra, não se retirou de cima; quando finalmente se fecharam de todo as paredes do cárcere que anda, na frase pitoresca de Ribeyrolles, Simão desceu ao seu camarote, triste e com o coração apertado. Havia como um pressentimento que lhe dizia interiormente ser impossível tornar a ver sua prima. Parecia que ia para um degredo.

Chegando ao lugar do seu destino, procurou Simão o correspondente de seu pai e entregou lhe a carta. O Sr. Amaral leu a carta, fitou o rapaz e, depois de algum silêncio, disse lhe, volvendo a carta:

Bem, agora é preciso esperar que eu cumpra esta ordem de seu pai. Entretanto venha morar para a minha casa.

Quando poderei voltar? perguntou Simão.

Em poucos dias, salvo se as cousas se complicarem.

Este salvo, posto na boca de Amaral como incidente, era a oração principal. A carta do pai de Simão versava assim:

Meu caro Amaral,
Motivos poderosos me obrigam a mandar meu filho desta cidade. Retenha o por lá como puder. O pretexto da viagem é ter eu necessidade de ultimar alguns negócios com você, o que dirá ao pequeno, fazendo lhe sempre crer que a demora é pouca ou nenhuma. Você, que teve na sua adolescência a triste idéia de engendrar romances, vá inventando circunstâncias e ocorrências imprevistas, de modo que o rapaz não me torne cá antes de segunda ordem. Sou, como sempre, etc.

CAPÍTULO III

PASSARAM SE DIAS e dias, e nada de chegar o momento de voltar à casa paterna. O ex romancista era na verdade fértil, e não se cansava de inventar pretextos que deixavam convencido o rapaz.

Entretanto, como o espírito dos amantes não é menos engenhoso que o dos romancistas, Simão e Helena acharam meio de se escreverem, e deste modo podiam consolar se da ausência, com presença das letras e do papel. Bem diz Heloísa que a arte de escrever foi inventada por alguma amante separada do seu amante. Nestas cartas juravam se os dous sua eterna fidelidade.

No fim de dous meses de espera baldada e de ativa correspondência, a tia de Helena surpreendeu uma carta de Simão. Era a vigésima, creio eu. Houve grande temporal em casa. O tio, que estava no escritório, saiu precipitadamente e tomou conhecimento do negócio. O resultado foi proscrever de casa tinta, penas e papel, e instituir vigilância rigorosa sobre a infeliz rapariga.

Começaram pois a escassear as cartas ao pobre deportado. Inquiriu a causa disto em cartas choradas e compridas; mas como o rigor fiscal da casa de seu pai adquiria proporções descomunais, acontecia que todas as cartas de Simão iam parar às mãos do velho, que, depois de apreciar o estilo amoroso de seu filho, fazia queimar as ardentes epístolas.

Passaram se dias e meses. Carta de Helena, nenhuma. O correspondente ia esgotando a veia inventadora, e já não sabia como reter finalmente o rapaz.

Chega uma carta a Simão. Era letra do pai. Só diferençava das outras que recebia do velho em ser esta mais longa, muito mais longa. O rapaz abriu a carta, e leu trêmulo e pálido. Contava nesta carta o honrado comerciante que a Helena, a boa rapariga que ele destinava a ser sua filha casando se com Simão, a boa Helena tinha morrido. O velho copiara algum dos últimos necrológios que vira nos jornais, e ajuntara algumas consolações de casa. A última consolação foi dizer lhe que embarcasse e fosse ter com ele.

O período final da carta dizia:

Assim como assim, não se realizam os meus negócios; não te pude casar com Helena, visto que Deus a levou. Mas volta, filho, vem; poderás consolar te casando com outra, a filha do conselheiro ***. Está moça feita e é um bom partido. Não te desalentes; lembra te de mim.

O pai de Simão não conhecia bem o amor do filho, nem era grande águia para avaliá lo, ainda que o conhecesse. Dores tais não se consolam com uma carta nem com um casamento. Era melhor mandá lo chamar, e depois preparar lhe a notícia; mas dada assim friamente em uma carta, era expor o rapaz a uma morte certa.

Ficou Simão vivo em corpo e morto moralmente, tão morto que por sua própria idéia foi dali procurar uma sepultura. Era melhor dar aqui alguns dos papéis escritos por Simão relativamente ao que sofreu depois da carta; mas há muitas falhas, e eu não quero corrigir a exposição ingênua e sincera do frade.

A sepultura que Simão escolheu foi um convento. Respondeu ao pai que agradecia a filha do conselheiro, mas que daquele dia em diante pertencia ao serviço de Deus.

O pai ficou maravilhado. Nunca suspeitou que o filho pudesse vir a ter semelhante resolução. Escreveu às pressas para ver se o desviava da idéia; mas não pôde conseguir.

Quanto ao correspondente, para quem tudo se embrulhava cada vez mais, deixou o rapaz seguir para o claustro, disposto a não figurar em um negócio do qual nada realmente sabia.

CAPÍTULO IV

FREI Simão de Santa Águeda foi obrigado a ir à província natal em missão religiosa, tempos depois dos fatos que acabo de narrar.

Preparou se e embarcou.

A missão não era na capital, mas no interior. Entrando na capital, pareceu lhe dever ir visitar seus pais. Estavam mudados física e moralmente. Era com certeza a dor e o remorso de terem precipitado seu filho à resolução que tomou. Tinham vendido a casa comercial e viviam de suas rendas.

Receberam o filho com alvoroço e verdadeiro amor. Depois das lágrimas e das consolações, vieram ao fim da viagem de Simão.

A que vens tu, meu filho?

Venho cumprir uma missão do sacerdócio que abracei. Venho pregar, para que o rebanho do Senhor não se arrede nunca do bom caminho.

Aqui na capital?

Não, no interior. Começo pela vila de ***.

Os dous velhos estremeceram; mas Simão nada viu. No dia seguinte partiu Simão, não sem algumas instâncias de seus pais para que ficasse. Notaram eles que seu filho nem de leve tocara em Helena. Também eles não quiseram magoá lo falando em tal assunto.

Daí a dias, na vila de que falara frei Simão, era um alvoroço para ouvir as prédicas do missionário.

A velha igreja do lugar estava atopetada de povo.

À hora anunciada, frei Simão subiu ao púlpito e começou o discurso religioso. Metade do povo saiu aborrecido no meio do sermão. A razão era simples. Avezado à pintura viva dos caldeirões de Pedro Botelho e outros pedacinhos de ouro da maioria dos pregadores, o povo não podia ouvir com prazer a linguagem simples, branda, persuasiva, a que serviam de modelo as conferências do fundador da nossa religião.

O pregador estava a terminar, quando entrou apressadamente na igreja um par, marido e mulher: ele, honrado lavrador, meio remediado com o sítio que possuía e a boa vontade de trabalhar; ela, senhora estimada por suas virtudes, mas de uma melancolia invencível.

Depois de tomarem água benta, colocaram se ambos em lugar donde pudessem ver facilmente o pregador.

Ouviu se então um grito, e todos correram para a recém chegada, que acabava de desmaiar. Frei Simão teve de parar o seu discurso, enquanto se punha temia ao incidente. Mas, por uma aberta que a turba deixava, pôde ele ver o rosto da desmaiada.

Era Helena.

No manuscrito do frade há uma série de reticências dispostas em oito linhas. Ele próprio não sabe o que se passou. Mas o que se passou foi que, mal conhecera Helena, continuou o frade o discurso. Era então outra cousa: era um discurso sem nexo, sem assunto, um verdadeiro delírio. A consternação foi geral.

CAPÍTULO V

O DELÍRIO de frei Simão durou alguns dias. Graças aos cuidados, pôde melhorar, e pareceu a todos que estava bom, menos ao médico, que queria continuar a cura. Mas o frade disse positivamente que se retirava ao convento, e não houve forças humanas que o detivessem.

O leitor compreende naturalmente que o casamento de Helena fora obrigado pelos tios.

A pobre senhora não resistiu à comoção. Dous meses depois morreu, deixando inconsolável o marido, que a andava com veras.

Frei Simão, recolhido ao convento, tornou se mais solitário e taciturno. Restava lhe ainda um pouco da alienação.

Já conhecemos o acontecimento de sua morte e a impressão que ela causara ao abade.

A cela de frei Simão de Santa Águeda esteve muito tempo religiosamente fechada. Só se abriu, algum tempo depois, para dar entrada a um velho secular, que por esmola alcançou do abade acabar os seus dias na convivência dos médicos da alma. Era o pai de Simão. A mãe tinha morrido.

Foi crença, nos últimos anos de vida deste velho, que ele não estava menos doudo que frei Simão de Santa Águeda.

Fonte:
A Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro

Ialmar Pio Schneider (Soneto a Machado de Assis)

– In Memoriam
Data de aniversário do seu nascimento que foi em 21.6.1839

Se foram os romances obras-primas
do magnânimo e maior escritor,
também falaram alto suas rimas
nos versos que cantou com grande ardor !

Foi Carolina, vinda de outros climas,
a culta portuguesa, o seu amor,
para quem dedicou suas estimas,
durante toda a vida com louvor...

E quando a perde, sente sobremaneira
a falta que lhe faz a companheira,
compondo seu soneto mais famoso...

Sendo poeta, Machado de Assis,
sofreu demais no momento infeliz
em que permaneceu triste e saudoso...

Fonte:
Soneto enviado pelo autor

Monteiro Lobato (Caçadas de Pedrinho) IV - Os espiões da Emília


Entre os animais da floresta que iam atacar o sítio de Dona Benta havia traidores. Eram os espiões da Emília. A terrível bonequinha fizera amizade com um casal de besouros cascudos, muito santarrões, que viviam fingindo estar a dormir mas que não perdiam coisa nenhuma do que se passava na floresta. Na reunião dos animais também eles estiveram presentes, vendo e ouvindo tudo lá do seu cantinho. Em seguida foram dar parte do acontecido à boneca.

— Eles vão atacar a casa e comer toda a gente do sítio — disse o besouro com voz cautelosa.

— Eles quem? — indagou Emília.

— As onças, as irarás e os cachorros-do-mato.

— Elas, então — disse Emília, que implicava muito com a regra de gramática que manda pôr pronome no masculino quando há diversos sujeitos de sexos diferentes. Elas vão atacar o sítio, não é? Pois que venham. Serão muito bem recebidas. Tenho lá um espeto próprio para espetar onça, irará, jaguatirica e cachorro-do-mato.

Mas os besouros contaram minuciosamente tudo quanto tinham ouvido na assembléia da capivara e a boneca viu que o caso não era de brincadeira. Resolveu lá consigo ir incontinenti avisar Pedrinho, mas para não dar a perceber os seus receios fez-se de valentona.

— Veremos! — disse aos besouros, muito admirados daquele sangue-frio. — Veremos! Nós matamos há pouco uma onça-pintada, a maior que existia por aqui, e faremos a mesma coisa até para leões e hipopótamos, se aparecerem. A bicharia há de convencer-se de que conosco ninguém brinca. Atacar o sítio! Desaforados... E para quando é a guerra?

— O dia ainda não está marcado. A jaguatirica anda a correr a mata para reunir os atacantes.

— Muito bem — concluiu Emília, sem pestanejar. — Continuem espionando e avisando-me de tudo quanto souberem. Vou prevenir Pedrinho.

Emília voltou para casa de carreira e, já de longe, foi gritando pelo menino. Encontrou-o na varanda, a fazer uma arapuca de talos de folhas de embaúva para apanhar rolinhas.

— Largue disso — gritou Emília, ao galgar a escada. — Temos novidade grande. O sítio vai ser assaltado pelas onças, cachorros-do-mato e irarás.

Pedrinho olhou para ela com os olhos arregalados.

— Que bobagem está você dizendo, Emília? Assaltado, por quê? Como?

A boneca desfiou toda a conversa tida com os besouros e concluiu:

— Temos guerra, é isso. Matamos a onça e agora a onçada inteira quer a desforra.

Pedrinho refletiu por alguns instantes. Depois recomendou:

— Não diga nada a vovó, nem a Tia Nastácia, pois são capazes de morrer de medo. Vou estudar o caso e organizar a defesa. Vá depressa ver Narizinho e o Visconde. Diga-lhes que me esperem no pomar, debaixo da jabuticabeira grande. Aqui na varanda não podemos tratar disso. Vovó descobriria tudo.

Minutos depois realizava-se, debaixo da jabuticabeira grande, uma segunda assembléia, menos numerosa que a dos bichos. Compareceram todos, inclusive o Marquês de Rabicó. Pedrinho pediu à boneca que repetisse a sua conversa com os besouros espiões. Emília repetiu-a, terminando assim:

— É guerra e das boas. Não vai escapar ninguém — nem Tia Nastácia, que tem carne preta. As onças estão preparando as goelas para devorar todos os bípedes do sítio, exceto os de pena.

O Marquês de Rabicó sorriu. Se as onças iam devorar todos os bípedes, ele, na sua nobre qualidade de quadrúpede, estaria fora da matança. “Que felicidade ser quadrúpede!”, refletiu, lá consigo, o maroto.

Pedrinho começou a estudar a defesa.

— Sabem do que mais? — disse ele. — Vou abrir uma linha de trincheiras em redor da casa.

— Inútil isso, Pedrinho — objetou a menina. — As onças são umas danadas para saltar. Pulam qualquer trincheira.

Pedrinho achou razoável a observação e refletiu um pouco mais. Depois disse:

— Nesse caso, podemos rodear a fazenda duma cerca de paus-a-pique, bem pontudos. Construir uma estacada, como faziam os índios.

— Impossível — objetou outra vez Narizinho. — Para fazer semelhante estacada teríamos de contratar vários homens para cortar os paus e fincá-los — e vovó desconfiaria e viria a saber de tudo. Com estacada não vai. Temos de descobrir outro meio.

E, voltando-se para o Visconde que ainda não pronunciara uma só palavra:

— Qual a sua opinião, Visconde?

Como tivesse corpo de sabugo, o Visconde jamais mostrou o menor medo de onça, ou de qualquer outro animal carnívoro. Só tinha medo de vaca, bezerro, cavalo e outros animais comedores de sabugo. Por isso, caçoou:

— Ataque de onça! Ora, ora. Que valem onças? Se fosse um ataque de vacas, sim, compreendo que estivéssemos assustados. Mas de onças...

— E você, Rabicó, que acha? — perguntaram ao Marquês.

O Marquês nunca achava coisa nenhuma. Sua preocupação única era descobrir coisas de comer. Quando lhe pediam opinião sobre abóboras, chuchus, cascas de bananas ou mandioca, ele dava opiniões ótimas. Mas sobre onças...

— Eu acho que... que... que... — e engasgou.

— Quequerequeque... Para achar isso não valia a pena ter aberto a boca — disse Pedrinho. — Temos que achar qualquer coisa. Temos que resolver. O caso é dos mais sérios. Nossas vidas correm perigo, bem como as vidas de vovó e Tia Nastácia. Vamos! Venham idéias. Dêem tratos à bola e resolvam.

— Tenho uma idéia excelente! — gritou Narizinho, batendo palmas.

— Qual é? — exclamaram todos, voltando-se para ela.

— É deixarmos isto para amanhã. As grandes coisas devem ser bem pensadas e não podem ser decididas assim, do pé para a mão. A guerra não é para já, pois que a jaguatirica ainda anda a avisar as companheiras. Até que fale com todas e organizem o plano de ataque, passar-se-ão alguns dias. Para agora tenho uma coisa excelente a fazer. Uma surpresa...

Disse e ergueu-se, correndo para a margem do ribeirão, onde na véspera Tia Nastácia havia escondido qualquer coisa. Todos a seguiram, curiosos.

— Que é, que é, Narizinho? Que surpresa é essa?

Em vez de responder, a menina espalhou um montinho de folhas secas que havia junto às pedras do rio e revelou, aos olhos do bando, um lindo cacho de brejaúvas.

— Viva! Viva! — gritou Pedrinho, que se pelava por brejaúvas. — Como arranjou isto, Narizinho?-

— Foi o Antônio Carapina que nos mandou de presente ontem à noite. Tia Nastácia recebeu o cacho e veio escondê-lo aqui para que não acontecesse como da outra vez, que sujamos de cascas a varanda.

— E por que não me disse nada?

— Para fazer uma surpresa. Não acha que foi melhor assim?

Sentaram-se todos em redor do cacho de brejaúvas e começaram a partir os cocos sobre uma grande laje que havia ali.

— Ótimas! — exclamou o menino, comendo com gula a deliciosa polpa branca e macia daqueles cocos no ponto. — O Antônio Carapina tem as melhores lembranças do mundo. Prove, Emília, este pedacinho...

Minutos depois estava o chão coberto de cascas, por entre as quais passeava o focinho de Rabicó, lambiscando o que podia. Enquanto isso, as onças lá na mata marcavam o ataque ao sítio para o dia seguinte. Felizmente os dois besouros encapotados estiveram presentes à reunião e tudo ouviram dum galhinho seco.
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continua ... V – A defesa estratégica
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Fonte:
LOBATO, Monteiro. Caçadas de Pedrinho/Hans Staden. Col. O Sítio do Picapau Amarelo vol. III. Digitalização e Revisão: Arlindo_San

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 244)


Uma Trova Nacional

Neste momento, calado,
de gestos e olhar bisonhos,
penso em você ao meu lado
nos "amanhãs" dos meus sonhos...
ESTER FIGUEIREDO/RJ–

Uma Trova Potiguar

Quisera não perdoar
esse teu jeito de ser,
mas é de tanto te amar
que me permito sofrer.
–LUIZ XAVIER/RN–

Uma Trova Premiada

2008 - TrovaUneVerso/RN
Tema: SONHO - M/E.

Sonhar é o jeito mais certo
de dar um passo gigante:
o sonho traz para perto
o que parece distante.
–MILTON SOUZA/RS–

Uma Trova de Ademar

Lágrima, fuga das águas,
que corre dolentemente,
e, numa enchente de mágoas,
afoga os risos da gente...
–ADEMAR MACEDO/RN–

...E Suas Trovas Ficaram

Vivo a espera na lembrança,
mas não sei, amor, porque,
já perdi toda esperança
de me esquecer de você.
–MILTON NUNES LOUREIRO/RJ–

Simplesmente Poesia

–DARCY GIRASSOL–
Azul Madrugada

O galo emite
o canto agudo
na azul madrugada

Silêncio!
Perambulo no espaço
das noites sem fim

O pó das estrelas
derrama nos meus olhos
a rosa do amanhecer

Compassadamente, meu ser
respira o halo mistério
das galáxias sonantes.

Estrofe do Dia

Me inspiro nas cantilenas
e no sussurro das fontes,
no canto dos passarinhos
e no silêncio dos montes;
se a natureza me inspira,
enxergo as cores da lira
nas cores dos horizontes!
–PROF. GARCIA/RN–

Soneto do Dia

–VICENTE DE CARVALHO/SP–
Felicidade

Só a leve esperança, em toda a vida,
Disfarça a pena de viver, mais nada:
Nem é mais a existência, resumida,
Que uma grande esperança malograda.

O eterno sonho da alma desterrada,
Sonho que a traz ansiosa e embevecida,
É uma hora feliz, sempre adiada
E que não chega nunca em toda a vida.

Essa felicidade que supomos,
Árvore milagrosa, que sonhamos
Toda arreada de dourados pomos,

Existe, sim : mas nós não a alcançamos
Porque está sempre apenas onde a pomos
E nunca a pomos onde nós estamos.

Fonte:
Textos enviados pelo Autor

LII Jogos Florais de Nova Friburgo (Classificação Final) Parte 2


CONCURSO DOS MAGNÍFICOS TROVADORES

Trovas Líricas / Filosóficas: = Três Melhores Conjuntos
Tema: “Página”

1º lugar = JOSÉ TAVARES DE LIMA – Juiz de Fora/MG

No livro do meu viver,
posso dizer-te contente:
nosso amor não vai caber
em mil páginas... somente!

Porque partiste, lamento;
mas mesmo de alma ferida,
nunca, no meu pensamento,
serás página esquecida!

Amo-te muito, mas triste,
reconheço que este afeto
é página que só existe
no meu diário secreto!...

Desde o dia em que partiste,
chorando o desprezo teu,
sou a página mais triste
que a desventura escreveu!...

Do livro que é minha vida,
és, podes crer, sem receio,
a página preferida
que a todo instante releio...

2º lugar = ARLINDO TADEU HAGEN – Belo Horizonte/MG

Prova a paixão retomada
que, nem sempre, em nossa vida
uma página virada
é uma página esquecida.

Meu diário me consome
mas relendo-o percebi
que as páginas sem teu nome
são dias que eu não vivi...

Sou poeta e, muito franco,
confesso a minha aflição
quando uma página em branco
desafia a inspiração!

Dia de chuva...enxurrada,
o menino, sem folguedos,
de uma página dobrada
faz o melhor dos brinquedos!

Leio o adeus inclemente
na carta de despedida:
uma página somente,
que destruiu minha vida!

3º lugar = JOSÉ OUVERNEY – Pindamonhangaba

No meu livro de amarguras,
desta vida “pós-você”,
há páginas tão escuras
que nem a saudade lê...

Não sou teu, nem tu és minha:
somos páginas esparsas,
compondo – linha por linha
–a mais clássica das farsas!

Nosso amor suporta o tranco
com ousadia e requinte:
a cada página em branco,
sobra emoção na seguinte!

Hoje me causa repulsa
lembrar que este amor, que empunho,
foi só uma página avulsa
no teu bloco de rascunho...

A página mais bonita
de tantas, que a Trova encerra,
há muito vem sendo escrita
no coração desta Serra!

CATEGORIA “TROVAS ISOLADAS:

1º lugar = SÉRGIO FERREIRA DA SILVA – Santo André/SP

Nas páginas principais
do teu livro de memórias
fui rodapé, nada mais,
sempre à margem das histórias.

2º lugar = PEDRO MELLO – São Paulo/SP

Ainda que sejas minha
só nos lençóis do meu sonho,
tu moras em cada linha
das páginas que componho!...

3º lugar = JOSÉ TAVARES DE LIMA – Juiz de Fora/MG
Do livro que é minha vida,
és, podes crer, sem receio,
a página preferida
que a todo instante releio...

DEMAIS TROVAS LÍRICO/FILOSÓFICAS MAIS VOTADAS:

Das poesias favoritas
do livro que o amor ditou,
as páginas mais bonitas
a vida desmantelou.
ALMERINDA LIPORAGE – RJ

Viro a página, querida,
pois já te cansa a leitura
de um amor, cuja ferida,
pelo jeito... não tem cura!
ANTONIO CARLOS TEIXEIRA PINTO – Brasília/DF

Nosso “amor”... amor não era!
Folha tão triste... rasgada
de um livro que não se altera
nem com página arrancada!
CAROLINA RAMOS – Santos/SP

Na página iluminada
do livro azul do universo,
a lua, em noite estrelada,
deita prata em cada verso!...
EDNA VALENTE FERRACINI – São Paulo/SP

A página onde em menino
meus sonhos pude escrever,
a mão rude do destino
virou... sem ao menos ler!
EDMAR JAPIASSU MAIA – Rio de Janeiro/RJ

Pelas curvas das jornadas
escondo as mágoas sofridas...
São páginas descartada
sque jamais serão relidas!...
MARILÚCIA REZENDE – São Paulo/SP

Na página do livreto
em que contei nossas vidas,
só restam em branco e preto
as gravuras coloridas.
MARIA NASCIMENTO S. CARVALHO – Rio de Janeiro/RJ

CONCURSO DOS MAGNÍFICOS TROVADORES

Humorística: Três Melhores Conjuntos
Tema: “Desfile”

1º lugar = SÉRGIO FERREIRA DA SILVA – Santo André/SP

Festejando o Carnaval
um mico-leão, à toa,
desfilou no bananal
e, agora, é... Mica-Leoa!

No desfile da Mangueira,
a “mina” com quem “ficara”,
(embora fosse fagueira)
não era “mina”... era um “cara”!

Na rua do caloteiro
há um desfile organizado:
o cobrador vem primeiro;
no final, o delegado!

Desfila a girafa e, então,
a formiga, rente ao solo,
escapando de um pisão,
lhe deseja um “torcicolo”!

A “feiosa” desfilando:
“O meu sonho é ser modelo...
”E a sogra, então, desdenhando:
“imagina o pesadelo!”

2º lugar = JOSÉ TAVARES DE LIMA – Juiz de Fora/MG

A rechonchuda donzela
foi do desfile excluída:
a parte traseira dela
ultrapassava a medida!...

De saia curta a vizinha
ao desfilar, saltitante,
nem percebeu que não tinha
uma pecinha importante!...

Empolgada, desfilava,
sem ver que, de tão sumário,
o seu biquíni não dava
pra esconder o necessário!

Num desfile à fantasia
foi barrado um folião...
É que o gajo se exibia
fantasiado de Adão!...

Ao desfilar, a morena
querendo abafar, vestia
uma tanga tão pequena,
que a gente quase não via!...

3º lugar = THEREZINHA DIEGUEZ BRISOLLA – São Paulo/SP

O meu traje de diabo
para o desfile, é modesto.
O que falta é por o rabo
porque a ex... já pôs o resto!

Foi de tomara-que-caia
desfilar... como previu,
foi só tropeçar na saia
e o seu “tomara”... caiu!!!

Pra ter fama, não se poupa..
.e é no carnaval, na certa,
que, se desfilar sem roupa.
ela será descoberta.

Prejuízo ele não leva
quando desfila a parceira...
Sempre manda a esposa de Eva,
só com a folha de parreira!

Desfila desprevenida
e usando um disfarce,
a idosa.Ao ficar nua é detida
por propaganda enganosa!

CATEGORIA “TROVAS ISOLADAS:

1º lugar = THEREZINHA DIEGUEZ BRISOLLA – São Paulo/SP

Foi de tomara-que-caia
desfilar... como previu,
foi só tropeçar na saia
e o seu “tomara”... caiu!!!

2º lugar = SÉRGIO FERREIRA DA SILVA – Santo André/SP

Na rua do caloteiro
há um desfile organizado:
o cobrador vem primeiro;
no final, o delegado!

3º lugar = EDMAR JAPIASSÚ MAIA – Rio de Janeiro/RJ

No desfile ela aparece
esguia, branca e elegante.
Diz vovô, quando ela desce:
- isso é uma vela ambulante!

OUTRAS DE HUMOR MAIS VOTADAS:

Sem ser dia de parada,
uma tropa se formou...
Foi depois da feijoada,
que o desfile começou...
ANTONIO CARLOS TEIXEIRA PINTO

Viu revoltada, a baranga,
o maridão moralista,
quase nu, soltando a franga
no desfile da Paulista.
CAMPOS SALES - SP

CONCURSO PARALELO

Tema – LUZ

O sonho que me incendeia,
à luz da terceira idade,
parece uma lua cheia
no infinito da saudade !
EDUARDO TOLEDO - Pouso Alegre/MG

Cem anos já são passados...
mas só vendo que riqueza...
aqui, por todos os lados,
a luz se mantém acesa !...
DARI PEREIRA – Maringá/PR

Sem teu amor que me exalta
o sol nem mesmo reluz!...
e eu percebo em tua falta
que falta faz tua luz !
ELEN DE NOVAES FELIX – Niterói/RJ

Meus dias hoje não têm
a luz outrora sentida,
devido à ausência de quem
era a Luz de minha vida ...!
PEDRO MELLO - São Paulo/SP

Há sempre uma luz acesa
para iluminar os passos
de quem busca, com firmeza,
se redimir dos fracassos...
ANAEL TAVARES DA SILVA - Juiz de Fora/MG

Não faças do semelhante
qual vela que tem valia,
somente naquele instante
em que te falta energia.
Mª DE FÁTIMA SOARES DE OLIVEIRA - Juiz de Fora/MG

Abraçado ao travesseiro,
o desejo me conduz
a querer teu corpo inteiro
no teu quarto...”à meia-luz” !
EDMAR JAPIASSU MAIA - Rio de Janeiro/RJ

Se a tristeza me confina
e apaga meu brilho assim,
a luz da Fé me ilumina
e me defende... de mim !
THEREZA COSTA VAL - Belo Horizonte/MG

A luz que jorra na fonte
que os olhos não podem ver,
amplia mais o horizonte
que a nuvem tenta esconder !
ROBERTO RESENDE VILELA - Pouso Alegre/ MG

Desperta o sol, que seduz,
na manhã que se inicia,
injetando força e luz
nas veias de um novo dia !
ARLINDO TADEU HAGEN - Belo Horizonte/MG

CONCURSO PARALELO
Humorísticas
Tema – Energia


Minha energia já era,
essa mulher me extenua!
-Então... tua esposa é fera!
-Minha não... Falo da tua!
JOSÉ OUVERNEY – Pindamonhangaba/SP

O meu problema é que pago
altos custos de energia:
até que a luz eu apago,
mas fica acesa a Maria...
WANDA DE PAULA MOURTHÉ - Belo Horizonte/MG

Burrinha, feinha, insossa ...
mas endoida quem a toque.
É que a energia da moça
é tanta que até dá choque!...
A.A. DE ASSIS – Maringá/PR

Na descarga de energia,
foi quase eletrocutado ...
E ele. Em choque, repetia:
“Tô chocado! Tô chocado !”
SÉRGIO FERREIRA DA SILVA - São Paulo/SP

Vovô,viúvo, irradia
a força de um rapagão:
“O Viagra dá energia,
o resto tudo elas dão...”
MILTON SOUZA - Porto Alegre/RS

No “circuitos” onde é vista
sua “energia” é constante.
A mulher do “eletricista”
é realmente “chocante” !
ARLINDO TADEU HAGEN - Belo Horizonte/MG

Pobre velhinho,a sofrer,
na noite em que se casou,
pois na hora do “vamos ver”,
sua ... energia ... acabou!
IZO GOLDMAN - São Paulo/SP

Ando sem luz... desligada...
Sem a energia prevista...
E a cartomante,chocada:
- Vou chamar o eletricista!
THEREZINHA DIEGUEZ BRIZOLA - São Paulo/SP

O jantar à luz de velas
bem romântico seria
se a razão não fosse aquelas
contas altas de energia.
MAURÍCIO CAVALHEIRO – Pindamonhangaba/SP

“De que vale a ‘conta’ em dia
-diz a velha ao velho dela-,
se sempre falta ‘energia’
bem no melhor da ‘novela’ ?!”
MARIA MADALENA FERREIRA – Magé/RJ

CONCURSO PARALELO LOCAL (Nova Friburgo)

Tema – LUZ

Sob a luz da compaixão,
Resplandece o intenso expurgo,
com todos no mutirão
do amor erguendo Friburgo.
AILTO RODRIGUES

Friburgo brilha de novo
porque a sua claridade
vem da “Força e Luz de um povo
que “Energiza” esta cidade!
ANA MARIA MOTTA

Tamanha fé me conduz
no escuro da minha estrada
que basta um fio de luz
para ser iluminada!
CYRLÉA NEVES

Só quem tem fé vibra e sente,
mesmo não podendo vê-la...
Que a Luz que há dentro da gente,
reluz bem mais que uma estrela!
CLENIR NEVES RIBEIRO

Nossa cidade é de flores
e esconde na sua brisa,
uma luz que embala amores
e sempre nos energiza!
DILVA MARIA DE MORAES

A minha luz se consagre
nos momentos de tristeza...
Não peço a Deus um milagre...
peço apenas... fortaleza!
ELISABETH SOUZA CRUZ

Cem anos é quase nada,
Friburgo a parabeniza
e agradece iluminada
com sua luz Energisa!
IVONE MARQUES MOREIRA

Represados, nossos rios,
vão buscando a liberdade
nos postes de luz e fios
que cruzam toda cidade.
JOANA D’ARC DA VEIGA

Há tanta luz na cidade
mas, meu rancho na colina
é a minha felicidade
.....sob a luz da lamparina.
JOSÉ MOREIRA MONTEIRO

Aos Teus pés eu me ajoelho,
erguendo graças Senhor!-
Quem me dera ser espelho
para a Luz do Teu Amor!
RODOLPHO ABBUD

CONCURSO PARALELO LOCAL (Nova Friburgo)
Humorística
Tema – Energia

Caloteiro acha um pavor,
a escuridão só de fato,
quando o “cão” farejador
de energia encontra o “gato”!!!
AILTO RODRIGUES

Falta energia... se atrasa
quando a mulher o espezinha,
deixa o apagão sempre em casa
e acende a luz da vizinha!
CLENIR NEVES RIBEIRO

Desfiz laços conjugais
só porque entrei num fria:
os seus dotes virtuais
não tinham tanta energia.
DILVA MARIA DE MORAES

Energia fabulosa
tem a mulher do sargento,
Rita é muito caridosa
sempre acolhe o regimento!
DIRCE MONTECHIARI

Ouvindo falar de um gato,
a vizinha se arrepia...
mas que pena que esse fato
foi um “gato” na energia!
ELISABETH SOUZA CRUZ

Era do tipo animado-
um amante da folia –
com a patroa deitado
sempre faltava energia.
FLÁVIO FERREIRA DA SILVA

A namorada foguenta,
tem um calor tão brutal!...
a minha energia esquenta,
mas derrete no final !!!
JOÃO BATISTA VASCONCELLOS

Faltando luz todo dia,
o marido desligado,
bota a culpa na energia
por andar sempre apagado!
IVONE MARQUES MOREIRA

Que energia! Tão robusto!...
de bíceps bem masculino,
vendo o rato... veio o susto,
dançou como bailarino!
LÚCIA HELENA DE LEMOS SERTÃ

Ele pede economia
e ela encontra seu caminho,
poupando sua energia
com o “gato” do vizinho!
RODOLPHO ABBUD

PRÊMIO ESPECIAL: “RECADOS PARA NOVA FRIBURGO”:

Devido ao desastre climático sofrido por Nova Friburgo em janeiro deste ano representaram uma comoção nacional com repercussão internacional. Este episódio sensibilizou os trovadores que através de telefone e internet procuravam ansiosos, notícias da cidade e principalmente dos trovadores e seus familiares. Cabe pois, agora, agradecermos, muito emocionados, as demonstrações de carinho e solidariedade, comprovando que, ao nos chamarmos de “irmãos”, não estamos apenas fazendo uma referência protocolar mas vivenciando essa condição fraterna.
Estando a UBT de Nova Friburgo nesta ocasião, promovendo seus Jogos Florais, muitos de nossos irmãos trovadores enviaram trovas, do tema RECADO, abordando este fato.
Resolvemos então selecioná-las e premiar dez. Intitulamos esta iniciativa de: “Recados para Nova Friburgo”.

SELECIONADOS

“Recados” nos traz o clima,
em chuva, em frio, em calor...
Mas o Homem subestima
a voz do seu Criador !
ANTÔNIO DE OLIVEIRA - Rio Claro/SP

A tragédia que tivemos,
com tanta dor e tristeza,
foi porque não atendemos
recados da Natureza.
ANTÔNIO SIÉCOLA MOREIRA - Santa Rita do Sapucaí/MG

Dos trovadores a Praça,
sem recado destruída,
ganhará de Deus a graça
de ser outra vez erguida!
FÁBIO SIQUEIRA DO AMARAL - Bom Jesus dos Perdões/SP

O recado vem dos céus,
quando agredimos o chão,
e, depois, vemos incréus,
no que deu essa agressão...
FLAVIO ROBERTO STEFANI - Porto Alegre/RS

Na fúria da natureza,
que assusta e mata, inclemente,
há recados, com certeza,
chamando a atenção da gente.
JOÃO COSTA – Saquarema/RJ

Foi grande a nossa tristeza...
saber teu solo alagado...
Quando a própria natureza
não soube dar o recado.
JOSÉ GILBERTO GASPAR - São Bernardo do Campo/SP

Qual fênix que renascia
cheia de brilho e de cores,
Nova Friburgo é magia,
é um recado aos trovadores!
MARIA LUCIA GODOY PEREIRA - Belo Horizonte/MG

Na tragédia, amigos meus,
que rolou da imensidade,
quantos recados de Deus
para toda a humanidade!
ROZA DE OLIVEIRA – Curitiba/PR

Às vezes, sem sutileza,
num mundo tão maltratado,
a nossa Mãe Natureza
nos manda um triste recado...
WALTER SANCHES – Minaçu/GO

Na tragédia em que o destino
manteve a igrejinha em pé,
vejo o recado Divino:
- Friburgo, não perca a fé !
WANDIRA FAGUNDES QUEIROZ – Curitiba/PR

Fonte:
Darlene A. A. Silva

domingo, 19 de junho de 2011

J. B. Xavier (Caderno de Trovas)


Agradece todo dia
O problema que te aflige,
Pois dele vem a magia
Que teus defeitos corrige.

Ao conforto acorrentado,
quem se prende corta acesso,
ao caminho acidentado
que levaria ao sucesso!

As verdadeiras lições
que a mim meu pai ensinava,
não vinham dos seus sermões,
mas de quando ele calava.

Meu pai nada me falava
quando me via nervoso.
Aprovava ou reprovava
num olhar doce e bondoso.

Meu pai me ensinou:"Reflita"
Nunca esqueci a lição:
"a velhice não se evita.
maturidade é opção!"

A beleza da poesia
- Eu vou contar p'rá você -
não vem da mente que a cria,
e sim, d'alma de quem lê!

Não dou conselhos na luta
que cada um realiza,
pois o tolo não escuta
E o sábio não precisa.

Não importa a circunstância,
Cuidado ao dar o teu passo.
É muito curta a distância
Entre sucesso e fracasso!

Heresia é não amar,
É deixar, no coração,
Lentamente, se apagar,
O fogo d’uma paixão!¨

Na clausura da existência,
das prisões que nos impomos,
um devaneio é a essência
do que pensamos que somos!
(Trova vencedora dos Jogos Florais de Bandeirantes, Paraná, 2009)

Não olhes no exterior:
Armani, Chanel ou Boss.
Elegância vem do amor
que nasce dentro de nós!

Arrefece esse teu passo,
Alegra tua sozinhez,
e caminha no compasso
de um passo de cada vez...

A falsa humildade é feia,
raramente é uma façanha;
geralmente é um grão de areia
se dizendo uma montanha.

Fonte:
http://www.jbxavier.com.br

J. B. Xavier (O Homem que Desaprendeu a Sorrir)

azulejos de Osmar Venâncio
(Uma história real)

Ouvir o inaudível e ver o invisível são habilidades raríssimas. No entanto as mensagens mais importantes que nos chegam vêm, via de regra, por essas vias subjacentes. Digo isto, porque elas costumam chegar da maneira mais inusitada possível, não importa o quanto pensemos estar preparados para recebê-las.

Ontem à tarde, eu precisei ir ao centro da cidade, e demorei até decidir se iria de metrô ou de carro. Tivesse eu ido de metrô e esta história teria outro desfecho. Quem pode saber quando as engrenagens do destino começam a se mover?

Deixei o carro num estacionamento no Largo Santa Ifigênia, e fui caminhando através do viaduto do mesmo nome, ao fim do qual está o Mosteiro de São Bento (foto), fundado em 1598, famoso por seu relógio pontualíssimo que lembra o Big Ben londrino e também por ter sido a morada do Papa quando de sua última visita ao Brasil.

O mosteiro, imponente e austero, é, ele próprio, um monumento, num ponto dos mais antigos da cidade. O Largo São Bento é a confluência do viaduto vindo do Largo Santa Ifigênia, das tradicionalíssimas ruas São Bento, Florêncio de Abreu e Boa Vista. Há poucos quarteirões dali está o Pátio do Colégio, local onde teve início a Cidade de São Paulo.

Tendo superado um problema bastante grave há alguns dias, caminhava eu, abstraído pela beleza histórica daquele ponto da cidade, quando resolvi entrar na igreja do Mosteiro, e sob seu silêncio e benévola quietude, agradecer ao Ser Supremo pela resolução deste problema, que, diga-se de passagem, mereceria uma crônica, tal o inusitado da sua solução.

Enquanto me aproximava do mosteiro, eu pensava sobre a corrente – visível e invisível – da qual fazemos parte e sobre as poderosas engrenagens que são postas em movimento em planos muito além de nosso conhecimento e percepção, quando o desejo é sincero, e a esperança, profunda.

O mosteiro é protegido por uma cerca de ferro baixa, e quando deixei o viaduto, já praticamente ao lado do grande edifício, vi sentado contra a cerca, no chão, a uns trinta metros da porta do templo, um homem pintando qualquer coisa.

Aproximei-me e percebi que ele, distraído, pintava azulejos. À sua frente, uma tampa de caixa de sapatos continha as tintas em difusas misturas cujas nuanças somente ele conseguia distinguir.

Ele untava os dedos com as tintas e, em rápidos toques, as espalhava sobre a alvura de um azulejo. A magia que acontecia então era algo poderoso demais para não ser admirado: o azulejo branco ia rapidamente adquirindo vida, profundidade, perspectiva, cores, alegria e encantamento, ao ponto de ser emocionante ver tal metamorfose.

Sem tirar os olhos do que fazia, o artista murmurou: É fácil de fazer... quer dizer, a técnica, porque a inspiração vem de Deus...”

No alto da torre, o relógio do mosteiro soou uma vez. 15h15min. Olhei para o alto da torre e pensei: “O que você está tentando me mostrar?”

Baixei os olhos e permaneci de pé diante do homem pintando, cada vez mais encantado com a magia que aquele “João Ninguém” produzia.

Depois me agachei, decidido a absorver pelo menos parte de sua incrível técnica, cujo reducionismo e efeitos chegava às raias do absurdo, pelos resultados que apresentava.

Ainda agachado ao seu lado, continuei a acompanhar o artista, sentado no chão empoeirado, em sua criação de extrema beleza.

À medida que pintava, o artista ia me explicando como inventara ele mesmo os “instrumentos” com os quais trabalhava: Um cotonete, feito com palito de churrasco e um simples palito de dentes. Isso era tudo de que dispunha, além dos dedos mágicos.

“Eu uso tinta a óleo” – disse ele – “mas sem óleo, porque custa muito caro.”

Pensei então na quantidade e qualidade de tintas de que disponho para pintar meus quadros, além de um lugar sossegado, silêncio, recolhimento, inúmeros pincéis, etc, etc...

Esquecido do resto do mundo fiquei a observá-lo em silêncio, e ele, observando a atenção com que eu o acompanhava, me perguntou: “O senhor também pinta?”E eu, tentando fazer graça, respondi: “Até ver você trabalhando eu achava que pintava.” O artista permaneceu sério e eu percebi que não estava agradando. Insisti e perguntei quanto ele cobrava para pintar cada azulejo. “Dez reais” - disse ele.

“Ridículo!” – pensei, sem ter noção do que dez reais significavam para aquele homem.

Então eu o observei com mais atenção. Era um sujeito moreno, tez queimada pelo sol, talvez bem mais jovem que os aparentes 40 anos, porque se percebia que a rua judiara bastante dele. Mas, em suas rugas, havia a história de uma vida, onde se podia facilmente ler uma angústia latente. Entretanto foi seu semblante sério que chamou mais minha atenção. Eu não havia visto um resquício de sorriso naquele rosto austero, justamente num homem que estava diante de mim pintando a alegria!

Peguei vinte reais e coloquei sobre suas pernas. “Vou ter que ir adiante resolver alguns assuntos. Volto em cerca de uma hora. Pinte dois azulejos para mim, por favor.”Ele imediatamente me respondeu: “Leve seu dinheiro e pague quando voltar.” Mas eu já havia me levantado e, num aceno, me despedi.

Esse encontro acabou por me atrasar para a tarefa que me trouxera ao centro da cidade, de maneira que resolvi visitar o templo somente em meu retorno ao local.

Cerca de uma hora mais tarde eu estava de volta, e, antes de ir ao artista,entrei no templo do mosteiro disposto muito mais a agradecer do que a pedir.

Embora nascido na fé católica, não sou partidário de religiões. Entro em qualquer templo onde haja paz e honestidade, até porque Deus nunca teve religião. As religiões é que pensam ter Deus. Há muito me norteio pela trova do grande trovador Alfredo de Castro:

Eu creio em Deus com profundo
sentido de lucidez,
mas no Deus que fez o mundo,
não no Deus que o mundo fez!

Assim, agradeci no mais íntimo do meu coração a solução do problema que me afligia, acreditando que essa solução era a palavra final das instâncias superiores. Ingênuo engano. Esqueci que se Deus não tem religião, também não tem templos. Os templos é que pensam ter Deus. Assim, para nos encontrarmos com Ele, não precisamos entrar num templo, basta que estejamos abertos ao encontro. Mas são raros os que, nos dia de hoje, permanecem abertos a isso!

Saí do templo ciente de que havia cumprido minha dívida de gratidão, sem saber que a solução que eu obtivera há alguns dias não veio d’Ele, mas por Seu intermédio, e, principalmente, sem saber que eu não havia aprendido o mais importante: o que motivara a solução. Sem esse conhecimento eu continuaria agradecendo sempre de maneira equivocada.

Ao fim da cerca de ferro voltei a encontrar o artista, que, ao me ver, me recebeu com muita alegria, mas sem um único sorriso, enquanto se punha de pé – “Eu estava esperando pelo senhor. Acabaram-se meus azulejos. Preciso ir embora, mas pintei quatro deles para o senhor.”

Pensei: Pronto! A velha espertalhice de novo! Depois falei, tentando ser educado:“Eu lhe paguei por dois, e são apenas dois que eu quero.” A resposta do homem fez com que me sentisse envergonhado: ”Os outros dois são presente meu ao senhor...”

Vacilei por instantes, tentando descobrir qual era a intenção por trás do ato, mas ele pareceu adivinhar meus pensamentos. “Aceite, por favor. É minha forma de agradecer.”

Neste momento aproximou-se uma senhora, e após informar-se do preço, lhe pediu três pinturas. Ele respondeu: “Desculpe, meus azulejos em branco acabaram, Agora só amanhã...” A mulher insistiu:“E esses quatro aí, no chão, pintados?”Sob meu olhar incrédulo ele falou, apontando para mim:

“São deste senhor”A mulher afastou-se decepcionada.

Um soco no estômago não teria efeito maior sobre mim. “Amigo, você deixou de ganhar vinte reais! Por que fez isso?

Seus olhos negros me olharam intensamente e ele perguntou: “Se eu sorrir, o senhor não vai rir de mim?” “Como assim, rir de você?” “É que meus dentes não são nada bonitos.” “Quem ri é o coração, amigo, não os dentes!” – respondi. “Pensei até que você não sabia sorrir”

Então ele sorriu! Não havia dentes, apenas tocos escurecidos, enegrecidos de uma maneira que eu nunca havia visto. Não eram cáries. Era outra coisa qualquer que não pude identificar. Pensei que talvez fosse uma doença degenerativa da gengiva.

Ele abreviou o sorriso e, novamente sério, respondeu à pergunta que eu, silenciosamente fizera.“O Crack fez isso, e graças a ele,desaprendi a rir.”

Outro soco no estômago. “Você é viciado?”

“Fui, mas há oito anos estou limpo! Não consigo mais nem sentir o cheiro, mas ele vai sempre estar comigo quando eu rir...Aceite, por favor” – insistiu ele, enquanto me entregava os quatro azulejos maravilhosamente pintados, com a tinta ainda fresca, acondicionados num pequeno estojo de plástico azul. “Amigo, eu não posso aceitar. Isto é o seu ganha-pão! Eu lhe pago pelos quatro então.”Ele ficou ainda mais sério.

“Vender por vender eu poderia ter vendido para aquela senhora. Aceite por favor.”

Relutantemente eu aceitei as quatro pinturas, enquanto lhe perguntava. “O que eu fiz para merecer este presente, com tanto sacrifício de sua parte?”

Seus olhos negros, endurecidos pela vida das ruas, marejaram.

“O senhor agacho-se e ficou ao meu lado me vendo pintar. AGACHOU-SE!” – frisou ele -“e ficou à minha altura, ao meu nível, curtindo meus traços, interessado de verdade no meu trabalho! Isso não tem preço! Eu queria ser um artista famoso para lhe dar uma pintura famosa, por ter me tratado como gente. Mas meus quadros valem só dez reais. Não é muito, mas é tudo o que posso oferecer”

Seus olhos faiscavam

“O senhor não tem idéia do que é sentir-se um animal, um enjeitado. E foi um homem já bem velhinho, um presidiário com quem dividi cela, que me mostrou esta técnica de pintura. Ele morreu logo depois. Nunca mais o vi, mas o que ele me ensinou me tirou do crack.”

Um nó na garganta quase me impediu de falar:“É muito difícil sair do crack. Como você conseguiu?”

Ele respondeu: “Não foi exatamente a pintura, mas o fato de ela ter feito com que as pessoas prestassem atenção em mim, e me tratassem como gente. O que me tirou do crack foi aquela palavrinha mágica chamada ‘atenção’. A mesma atenção que o senhor me deu ao se agachar ao meu lado, na rua, em pleno centro da cidade, e dividir comigo esse dom, que nem sei se mereço.”

Retirei do bolso um cartão de visitas e lhe dei, pedindo-lhe que me procurasse, pois que eu iria me empenhar em divulgar sua arte.

Despedimo-nos com um forte aperto de mão, após o qual o artista juntou suas tralhas e desapareceu na multidão que inundava a Rua São Bento.

Os sinos das torres do Mosteiro soaram cinco badaladas. Olhei de novo para o alto da torre e consegui apenas murmurar.

“Obrigado”.

Fonte:
http://www.jbxavier.com.br/visualizar.php?idt=3020522

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 243)

Olhar no Horizonte (desenho a lapis e carvão por J. B. Xavier)

Uma Trova Nacional

A vida é cheia de ardiz,
toda esperança é frustrada;
e a busca de ser feliz
é busca apenas... mas nada.
–CONCEIÇÃO ASSIS/MG–

Uma Trova Potiguar

Minha trova preferida
faz-me feliz e risonho,
resumindo o amor e a vida
no microfilme do sonho.
–JOSÉ LUCAS DE BARROS/RN–

Uma Trova Premiada

1989 - Fortaleza/CE
Tema: DUNA(s) - 5º Lugar.

Deixando tristes lacunas
na vida, curta e fugaz,
os nossos sonhos são dunas
que o vento sopra e desfaz...
–PEDRO ORNELLAS /SP–

Uma Trova de Ademar

Por seu próprio desatino
o homem até se maldiz,
pondo a culpa no destino
por não ter sido feliz!
–ADEMAR MACEDO/RN–

...E Suas Trovas Ficaram

Se a ti próprio dominares,
- pensa nisso bem a fundo,
serás feliz, porque assim
já venceste meio Mundo! ...
–LUIZ OTÁVIO/RJ–

Simplesmente Poesia

GLOSA:
Eu quero colher na vida...
o que na vida plantei.

MOTE:
A colheita prometida,
eu aceito com prazer,
o que eu fiz por merecer,
Eu quero colher na vida...
Eu não tenho outra saída,
me curvo à suprema lei,
ante, Deus me prostrarei,
no fim dessa estrada estreita,
pois, vou ter como colheita,
o que na vida plantei.
–FRANCISCO MACEDO/RN–

Estrofe do Dia

Ao romper da madrugada
um vento manso desliza,
mais tarde ao sopro da brisa
sai voando a passarada,
uma tocha avermelhada
aparece lentamente
na janela do nascente
saudando o romper da aurora;
no sertão que a gente mora,
mora o coração da gente.
–OTACÍLIO BATISTA/PE–

Soneto do Dia

–DIVENEI BOSELI/SP–
F u g a

Fugindo à solidão, a largos passos,
nos braços da ilusão fui por aí,
fingindo a exatidão com que senti
a túrgida emoção de outros abraços.

Burlando a perdição, feito um saci,
ergui nova paixão sem embaraços,
forjando a frouxidão dos nervos laços
depois da ebulição que consegui.

E gozo em cada corpo, em cada cama,
o autêntico prazer que só quem ama
conhece, e só acontece isso, porque

em cada boca estranha eu bebo um pouco
do fel com que matei, num gesto louco
o louco amor que eu tive por você.

Fonte:
Textos enviados pelo Autor

Ialmar Pio Schneider (Soneto a Gildo de Freitas)


– In Memoriam –
Nascimento do trovador repentista gaúcho em 19.6.1919

Dezenove de junho foi o dia
em que nasceu o Rei dos Trovadores
repentistas gaúchos, que sabia
também ser um dos grandes cantadores...

Houve uma trova em que cantou louvores...
Padre Rubens Pilar o desafia
e cantam demonstrando seus pendores
na inteligente e nobre cantoria.

Gildo de Freitas tinha vocação
pra cantar de improviso muitos versos
que fazia com naturalidade...

Onde houver à gaúcha tradição,
recuerdos a lembrar feitos diversos,
seu nome vai viver barbaridade !

Fonte:
Soneto enviado pelo autor

Gildo de Freitas (Livro de Poesias)


FÁBRICA DE SEMENTES DE CEBOLA DE UGO DE FREITAS
(para seu primo Ugo de Freitas)

Meu amigo agricultor
Do clima frio e quente
Pra ti que planta cebola
Te indico esta semente
Porque ele já têm dado
Resultado prea muita gente
Comprem de Ugo de Freitas
Gaúcho honesto e decente

Garanto que o vendedor
Deixa o comprador contente
Foi lá no Herval do Sul
Que nasceu este vivente
Plantador e fazendeiro
É um grosso inteligente
Até garanto por ele
Porque é Freitas e meu parente

Quando plantares de novo
Pois nem esquente a cabeça
E nem aceite a semente
Que um outro lhe ofereça
É melhor ficar rezando
Que Ugo de Freitas apareça
Porque aquela é ó plantar
E depois esperar que cresça

SAUDADE DOS PAGOS

Eu quando vim lá da minha terra
Eu deixei por lá muita recordação
O meu cavalo, por nome Esperança
Que era toda minha estimação
Deixei também um apero completo
Que dava inveja no próprio patrão
Um par de rédeas de couro de pardo
Mala de ponche e dois pelegão

Deixei até uma lavoura plantada
Já tinha dado a primeira capina
Eu deixei tudo, e não quis mais nada
Porque criei raiva de uma china
Eu deixei tudo, mas porém não ligo
Sei que não volto mais pro meu rincão
Tando distante não tem perigo
Que a china abrande o meu coração

Eu trouxe um laço de couro de pardo
Foi que restou da minha profissão
Num entrevero de china bonita
Eu quero dar uma demonstração
Eu qualquer dia eu tomo umas canha
Garro meu laço e caio na farra
Marco a china que tenha picanha
E dou-lhe um pealo velho de cucharra

Eu sou gaúcho, que acompanhei
Todas as voltas que o mundo requer
Meus interesses eu abandonei
E deixei meus pago por causa e mulher
Eu quero dar mai um tiros de laço
Pra ver as volta que meu laço faz
Depois então, eu descanso meu braço
E me assossego, e não pealo mais

MEU CONSELHO

Menina escute estes versos
Neste momento preciso
Da maneira que tu pensas
Terás grandes prejuízo
Tu és muito voluntária
E leviana de juízo
Pode as tristezas do mundo
Acabar com teu sorriso

Nóis os dois batemo um papo
Mais ou menos meia hora
E depois me despedi
De você e fui embora
E tu andas te gavando
Que o Gildo te namora
Passando um fio lá pra casa
Xingando a minha senhora
-Tà loquinha viu, taí o compromisso

Você não faça bobagem
Escuta o que o Gildo diz
Procura um menino novo
Para te fazer feliz
Para minha mulher no mundo
Esta que eu tanto quis
Tu és muito pouca cousa
Pra destruir a matriz
-E aí não dá é querer derrubar uma muralha a sôco

Eu confesso que já tive
Certas camangas por fora
Quando era um homem mais novo
Não com a velhice de agora
E a minha companheira
Me estima e me adora
Não é por causa de ti
Que eu vou mandar ela embora
-Perde essa esperança, não te enche mulher velha

LEVANTE OS OLHOS MENINA

Menina quando eu te vi eu compreendi a tua vida
E notei no teu olhar que tu vive aborrecida
Tu deste algum passo errado hoje vive constrangida
Porém agora é preciso você sentar o juízo
Não viver desiludida

Eu vou te dar um conselho como é que a gente faz
Não vá atrás de promessas de conversas de rapaz
Tu precisa um casamento pra dar prazer pra os teus pais
Menina tu te domina levante os olhos menina
E não procure errar mais

Tu procuras compreender tudo o que o meus verso diz
Ti confessa lá contido de fato este erro eu fiz
Deus te ouve a confissão porque é nosso juiz
Toma isto como prece tu vai ver como aparece
Quem te faça ser feliz

Porém agora é preciso você não fazer loucura
Porque a tristeza só leva a gente pra sepultura
Levante os olhos menina tenha consciência pura
Se livre da vida baixa porque na vida se acha
Aquilo que se procura

INFÂNCIA POBRE

-Eu fui um menino pobre, vivi jogado ao relento
Nos dias de inverno forte foi grande meu sofrimento
Maloca de papelão era ali a nossa fazenda
Esse trecho eu não esqueço por ser um triste começo
De um grande padecimento. E por princípio tiveram uma decaída
Por ciúme de amores caíram na bebida
E até nossa casinha, que por desgraça foi vendida
Botaram fora o dinheiro e ficamos no desespero
Sem a casa e sem comida

E foi assim minha gente que eu neste mundo nasci
Redobrou meu sofrimento depois que meus pais perdi
Se não fosse o meu padrinho que eu mais tarde descobri
Era certo que eu morria porque eu não resistia
Mais do que eu resisti

Eu hoje fui pra conversa de quem conhece a matéria
Minha mãe casou direito era uma senhora séria
O papai trabalhador que não gozava uma féria
Depois de um triste abandono, que nem cachorro sem dono
Morreram os dois na miséria

Eu hoje, graças a Deus, sou a mim que me governo
Só não desfrutei carinho nem paterno, nem materno
Se eu fosse enfraquecido que nem o moço moderno
Dominado pelo fumo eu jamais achava o rumo
Nem saía do inferno

Pra criança sem morada sempre existe um forrinho
Se dá uma roupa usada, uma calça, um sapatinho
Eu falo porque já fui um menino pobrezinho
Filho de um pobre casal sem apoio, sem moral
Sem fortuna e sem carinho

TRISTE PASSADO

Quem tu eras e hoje quem és
Quem te viu conforme eu te vi
Cercadinha de bons coronéis
Que brigavam por causa de ti
No salão aonde tu dançava
Sempre foste a mais preferida
E aquele que tu desprezava
Ele muito sofreu por ti nesta vida

Ah! O orgulho te estraga
Neste mundo se faz
E aqui mesmo se paga.

Muitos deles deixaram a família
Arrodiados de teus falsos carinhos
Hoje vivem assim que nem tu
Tristonho no mundo e sofrendo sozinho
E aquele das horas tristozas
Casou por contrato e desfruta do carinho
E vive nadando em vasos de rosas
Enquanto tu cruzas na estrada de espinho

Ah! O orgulho te estraga
Neste mundo se faz
E aqui mesmo se paga.

Cadê a beleza que tinhas no rosto
E o sorriso que tinhas na bocaLink
Trocou tudo por tanto desgosto
E vive na rua assim como louca
Trocaste a alegria por tanta tristeza
E ele a tristeza por tanta alegria
E não lhe fez falta a tua beleza
Ele é muito feliz sem a tua companhia

Ah! O orgulho te estraga
Neste mundo se faz
E aqui mesmo se paga

Gildo de Freitas (1919 - 1982)


Gildo de Freitas (Porto Alegre, 19 de junho de 1919 — Porto Alegre, 4 de dezembro de 1982), nome artístico do cantor e compositor brasileiro Leovegildo José de Freitas.

Possuia um estilo muito próximo ao do também tradicionalista Teixeirinha, com quem, apesar de algumas divergências, por vezes fez parcerias e rivalizava em popularidade.

1919 - Nasce em Porto Alegre, no bairro Passo D'Areia.
1931 - Gildo foge de casa pela primeira vez, aos 12 anos.
1937 - É tido como desertor, por não ter se apresentado à convocação militar. Envolve-se na primeira briga séria, onde morre um jovem amigo. Primeira prisão. Cria ódio da polícia.
1941 - Casamento com dona Carminha. Passa a ter morada fixa no bairro de Niterói, em Canoas, grande Porto Alegre. Continuam os contratempos com a polícia.
1944 - Nasce o primeiro filho depois de dois perdidos. Gildo começa a viajar bastante e a ser reconhecido como trovador. A polícia mantém-se em cima.
1949 - Trovador com fama ascendente em todo o Rio Grande do Sul, desaparece de casa e reaparece na fronteira gaúcha. Em longa temporada passada no Alegrete, mal consegue caminhar, com problema de paralisia nas pernas.
1950/51 - Em São Borja, conhece Getúlio Vargas e entra em sua campanha política. Param as perseguições policiais. Primeira viagem ao Rio de Janeiro.
1953/54 - Faz fama como trovador nos programas de rádio ao vivo em Porto Alegre. Volta à viver no bairro Passo d'Areia com a família.
1955 - Encontro e identificação como Teixeirinha. Muitas viagens. Mudança para o bairro Passo do Feijó e abertura do primeiro bolicho.
1956/60 - Torna-se a maior atração do programa Grande Rodeio Coringa, nos domingos à noite. Mais viagens com Teixeirinha.
1961/62 - Declínio dos programas de rádio ao vivo, televisão começando. Gildo resolve largar de mão a "cantoria" e inventa de criar porcos.
1963 - Viagem a São Paulo para gravar o primeiro disco.
1964 - É lançado o primeiro LP. Em meados do ano é "convidado" a prestar depoimento sobre suas ligações com o trabalhismo.
1965 - Início da célebre disputa com Teixeirinha através dos discos. Jango o convida para viver no Uruguai e ele não aceita.
1970/77 - Várias internações em hospitais, sucesso popular das gravações, muitas viagens. A "briga" com Teixeirinha chega ao auge. Mudança para Viamão.
1978 - Inaugura em Viamão a Churrascaria Gildo de Freitas e dá início aos bailões.
1982 - Grava o último disco, para a mesma gravadora dos outros todos, a Continental.
1982 - Última internação em hospital, últimas aparições públicas em programas de televisão. Morte em 4 de dezembro.

4 de Dezembro foi instituído como Dia Estadual do Poeta Repentista Gaúcho no Rio Grande do Sul, pela Lei Estadual RS 8.819/89.

Fonte:
Fonseca, Juarez. Gildo de Freitas. Porto Alegre, RS: Editora Tchê, 1985. in Coleção Esses Gaúchos.

II Prêmio Clube de Autores de Literatura Contemporânea! (Finalistas da Fase I)


Sai a lista de finalistas da fase 1 do II Prêmio Clube de Autores de Literatura Contemporânea!

Após 1 mês de competição, com 622 obras inscritas – 50% a mais do que na primeira edição – e 5.147 votos confirmados, chega ao fim a primeira fase do II Prêmio Clube de Autores de Literatura Contemporânea!

Nesta fase, totalmente baseada em voto popular, 10 livros foram selecionados como finalistas e passarão agora para avaliação de um corpo de jurados do Clube de Autores, que deliberará sobre aspectos como capacidade de prender atenção, facilidade de entendimento, encadeamento de ideias e frases e originalidade.

Os finalistas são (em ordem alfabética):


- A Força das Tradições e Outras Histórias, de Sergílio da Uspecéia
Livro premiado- menção honrosa - no 16° Programa Nascente - USP em 2007. "A força das tradições e outras histórias reúne contos dispostos sob a ótica do humor. Diálogos ao telefone, os não-heróis da periferia, o bate-boca entre um escritor e seu texto, a visita de Deus a uma agência da previdência social, compõem o cardápio oferecido ao leitor... Em alguns momentos, o título desproporcional amplifica o sentido do conto diminuto. O autor já publicou poesia e contos em coletâneas e livretos de concursos literários É também blogueiro (http://trovasecia.blogspot.com) e trovador premiado em vários concursos nacionais.

Sergílio da Uspecéia
Sérgio Ferreira da Silva Bacharel em Direito - Graduando em Letras na USP.

Prêmios mais importantes:
Revelação em 1997 UBT/SP
- 1° lugar no Confr. de Trovadores Paulistas 2000 UBT-Santos/SP
– Magnífico Trovador (Título Honorífico) nas categorias Lír./Filos. e Humor 2002 Nova Friburgo/RJ
- 1° Lugar Concurso Intersedes (Trovas) R. de Janeiro/RJ 2003
- 1º lugar Conc. Nac. de Contos do SESC Santo Amaro/SP Adulto Jovem em 2003
- 1° lugar Concurso Ribeirão das Letras Rib. Preto/SP Trova (2004)

– PUBLICAÇÕES:
Coletânea
“RIO GRANDE TROVADOR” (Trovador convidado) em 2003 - Ame Nova Friburgo –
CELEBRIDADES – com Sérgio Madureira e Girlan Guilland (Convidado) Edições 2005 a 2008 –
Evangelho de Trovas 2, Segundo Trovadores da UBT em 2005 Coletânea (20 Trovadores do Brasil) –
Livretos de trovas publicados em todo o Brasil, desde 1997 –
Revista "Originais Reprovados" USP em 2006 –
Revista Áporo nºs. 1, 2 e 3 (2007 a 2009) Poema, Hist. em Quadrinhos e Conto –
Livro da Tribo Edições 2008/2009 e 2009/2010 (Trovas e Texto) –
Menção Honrosa no 16º Programa Nascente USP 2007 com "A força das tradições e Outras Histórias" –
Pão e Poesia 2009/2010 Minas Gerais (Trova e Soneto)


- Cabra Cega, de Sheila Ribeiro Mendonça
Clara e Gustavo se conhecem, em um Clube de Curitiba, quando ela estava pensando em viajar, antes de começar a fazer faculdade, e então se apaixonam e casam, assim, a vida de Clara muda rapidamente. E literalmente a mudança é radical, pois Gustavo se revela um homem agressivo, ciumento, possessivo, violento, ardiloso e perspicaz, com isso transformando a vida dela numa constante surpresa e esconde-esconde. Não somente de comportamentos como também de cidades. Com o intuito de não criar laços com ninguém e, principalmente, de não deixar que a família de Clara saiba onde ela está, você vai acompanhar Cabra Cega sem ter a certeza de até quando aquela cidade fará parte dos planos de Gustavo. Em Cabra Cega acompanhamos os escondidos.

Sheila Ribeiro Mendonça

Sou jornalista e escolhi esta profissão por conta da minha enorme paixão pela escrita. Tudo, desde pequena, me inspira, claro que com o passar dos anos fui evoluindo com as palavras e sensações.

E foi assim que no início da idade adulta escrevi o meu primeiro romance.

Cabra Cega é pura ficção, embora, algumas pessoas possam se ver na história, mas a intenção da obra é somente fictícia.

A escrita, definitivamente, é o ar que eu respiro. Algo que me move, e muitas vezes é até maior do que eu mesma, assim fazendo com que, em qualquer lugar e situação que eu me encontre, pegue um papel e caneta, e deixe a inspiração que chega fluir em palavras, e sem a pretensão de transformar num texto perfeito, apenas escrevo e sinto um enorme prazer com isso.

Escrevo simplesmente com o coração, e com a inspiração que Deus me dá, e é assim que escrevi este romance na certeza de que sigo no caminho da arte de escrever.

Cabra Cega ficou guardado na gaveta por muitos anos, mas será o primeiro de muitos outros que virão.


- Catholica Poetica, de Jessica Bittencourt

Presente para a humanidade

Seus olhos acinzentados
Com expressões variadas e fora do vulgar
Por ti ficamos encantados
Jesus, como é bom te amar
Cabelos cor de avelã, rosto rosado.
E alegre na seriedade
Tu és belo e iluminado
Presente de Deus para a humanidade
Toda honra e toda glória
É para ti Jesus
Contigo sempre alcançamos a vitória
Salvou-nos do mal para descobrirmos a luz
Queria te abraçar
Quando o coração doer
E quiser chorar
Sei que as lágrimas não iriam mais escorrer
Jesus, presente para a humanidade.
Possui grande sabedoria insubstituível amor
Pois através de ti Deus mostra a verdade
O remédio de toda dor

Jessica Bittencourt nasceu no dia 27 de setembro de 1991. Desde de pequena ama o teatro, mas começou em 2008 numa peça chamada Rei Ubu de Alfredy Jerry. Com 16 anos descobriu o amor pela poesia e com 18 anos terminou seu primeiro romance: Romance sob Poesias. Já participou de duas antologias: Antologia Páginas Vázias e Declaração de amor á poesia.

Acredita que para escrever é necessário aproveitar todos os sentimentos, fases e momentos, mas sua inspiração maior é nos moemntos de angústias e tristezas. "É necessário deixar as lágrimas caírem no papel como um desabafo poético".


- Contoscionismo, de Osvaldo Magalhães
O livro, Contoscionismo: Contos, Crônicas e Poesias é uma coletânea de textos que vão de contos sobre um policial enfrentando traficantes na fronteira entre Brasil e Bolívia, passando por crônicas sobre um velório e poesias cômicas. A leitura é fácil e gostosa, sendo uma ótima opção para quem gosta de textos diversificados.

Osvaldo Magalhães nasceu e mora no Gama (DF) e é autor de contos, crônicas e poesias, com temas históricos e contemporâneos, sarcásticos, críticos e cômicos.



- Fogo Vermelho, de Drica Bitarello
Normandia, 1190

Um anjo do Senhor estendera a mão a al-Ahmar, o Demônio Vermelho. Curara suas feridas e agora, ameaçava roubar de vez seu coração.

Voltar para casa nem sempre é um bom negócio...

Radegund amaldiçoou o dia em que se deixou ser convencida por Mark a voltar para sua terra natal. Principalmente no momento em que teve uma flecha cravada em suas costas. Mas, ao acordar numa abadia e dar de cara com um anjo de olhos azuis da cor do céu, ela começou a pensar que realmente estivesse ficando louca. Afinal, mesmo que já tivesse uma extensa lista de pecados pesando sobre suas costas, se juntasse a eles a sedução de um monge cisterciense, nem mesmo o inferno a aceitaria.

É sempre difícil deixar o passado para trás...

Quando uma estranha dupla passou pelos portões da abadia, em busca de socorro, todas as convicções de frei Luc foram lançadas por terra. Seu olhar se perdeu nos olhos mais tristes que ele já vira, e seu coração foi definitivamente roubado pelo Demônio Vermelho.

Lar era algo perdido para sempre...

Para Mark, a vida fora mais do que generosa ao lhe dar a amizade de Radegund. E agora, por causa dela, a mesma vida lhe dava a chance de desvendar seu passado. Mas, para isso, ele teria que abrir mão de algo que jamais tivera. Amor.

Drica Bitarello
Escritora compulsiva, leitora voraz, geek, antenada, descolada, viciada em café extra-forte-extra-quente-extra-grande. Tem um fraco por Absolut Vanilla, é groupie do Marco Hietala, padece de uma estranha compulsão por sapatos (que provavelmente se deve a algum tipo de transmigração temporária de personalidade entre ela e Imelda Marcos) e sofre de crises de abstinência quando passa muito tempo sem entrar numa livraria. Seu maior desejo é de que a cirurgia que emagrece continuamente o Faustão um dia o faça sumir de vez.


- Memórias do Inferno Brasileiro, de Valdeck Almeida de Jesus
“Na casa de Dona Dete e seu Chico a gente morria de rir. A dona da casa e o marido, toda vez que viam os atores Tony Ramos e Elisabete Savala ficavam falando: “André Cajarana e Carina estão tão diferentes...”, se reportando aos personagens vividos na novela Pai Herói por aqueles atores. Dona Dete e Seu Chico não conseguiam separar a realidade da ficção e faziam a maior confusão entre a vida dos atores e os vários personagens vividos por eles durante as novelas”.
(Trecho do livro)

Biografia em http://singrandohorizontes.blogspot.com/2009/06/valdeck-almeida-de-jesus-1966.html


- O Pastor, de Fernando de Abreu
O bem e o mal habitando o mesmo corpo. O pecador e o santo, a mesma pessoa. O líder espiritual de uma grande organização religiosa se vê envolvido em um escândalo sexual que pode afastá-lo do controle da sua congregação, precisamente no momento em que descobre uma gigantesca fraude nas contas da Igreja. Buscando manter-se no controle da situação acaba suspeito de uma série de assassinatos que vai eliminando, um a um, todos os envolvidos no desfalque milionário. Um policial obstinado, no entanto, resolve investigar a fundo não apenas aquelas mortes violentas e misteriosas, mas todo o passado daqueles homens santos e pecadores, descobrindo mais do que deveria, numa trama surpreendente. Quem tiver pecado leia a primeira página!

Fernando de Abreu Barreto

Advogado e escritor, nascido no Rio de Janeiro em 1976. Divide seu tempo entre os Tribunais e as páginas dos livros em que derrama suas expectativas e frustrações com o mundo do Direito, criando um universo particular de leis, crimes, investigações e Justiça onde tudo funciona mais ou menos da forma como não deveria ser. Publicou pelo Clube de Autores dois romances policiais.

Possui dois blogs: um para divulgação do seu primeiro romance, outro com dicas e críticas literárias.


- Princesa de Gelo, de Thayane Gaspar Jorge
Eu não tenho coração. Acredite, é verdade. Até mesmo em momentos em que a adrenalina prevaleceu em meu sangue fazendo com que ele trabalhasse mais rápido. Eu deveria ouvi-lo bater ou ao menos senti-lo, mas é como se ele não fizesse mais nada além de pulsar. Não pulsar vida, mas apenas sangue para que o meu corpo , ligado a minha alma sempre mórbida, continue respirando. Feitiço. Magia.Encanto. Poções. Bruxaria. Não, apenas meu coração e sua simplória e podre maldição.






- Rastreabilidade Aspectual, de Ivan Claus Magalhães Weudes de Lima
Esse livro aborda várias questões que se apresentam para a realização da rastreabilidade dos requisitos de software. É detalhado um modelo de rastreabilidade de requisitos de software que incorpora elementos de rastreabilidade aspectuais baseado na técnica de casos de uso. São apresentados o modelo e a estratégia de rastreamento dos requisitos de software em ambientes de desenvolvimento orientado a aspectos. Ainda são discutidas as transformações necessárias para a elaboração de um modelo de rastreabilidade aspectual, além da concepção de um modelo conceitual preliminar de um repositório dos elementos de rastreabilidade. Apresenta-se, também, como ilustração, um exemplo de uso do modelo proposto.


- Versos ao Vento, de Jessica Bittencourt
Uma coletânea de poesias, divididas em dois capítulos: Amor e sentimentos e Cotidiano com sentimentos, na qual retrata o cotidiano, pessoas, seus sentimentos, sociedade, exemplo disso é a poesia Compulsão Maligna envolvendo o assunto da bulimia:

(...) O organismo com o tempo é desgastado
Órgãos internos parando de funcionar
O que é consumido não é aproveitado
O corpo já não consegue se alimentar (...)

Sociedade opressora também diz sobre a situação do homem na sociedade moderna:

(...) Ainda há lágrimas escorrendo
Lágrimas de sangue e medo do mal
Da carne que está se desfazendo
Substituindo por parafusos e metal (...)

Sobre a questão dos transgênicos, na época em que algumas pessoas foram contra e outros não. O título Amizade é referente á participação de sua amiga Juliana Suguimoto com algumas poesias.
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Todos as obras da lista acima permanecerão no site com um selo nos seus livros, apontando-os como finalistas do Prêmio, mesmo após o seu término.

Gostaríamos de dar os mais sinceros parabéns tanto às 10 obras selecionadas quanto a todos os participantes – afinal, estar presente em prêmios literários como esse é um passo fundamental na carreira de todos os escritores independentes.

Quem quiser saber a sua colocação exata, basta entrar em contato com atendimento@clubedeautores.com.br

Agora, é esperar o resultado no dia 24 de junho!

Fontes:
Pedro Ornellas
http://clubedeautores.com.br/