quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Guerra Junqueiro (João Pateta)

João era filho de uma pobre viúva, bom rapaz, mas um tanto simplório. A gente da aldeia chamava-lhe, brincando, o João Pateta. Um dia mandou-o a mãe à feira comprar uma foice. À volta, começou a andar com a foice à roda, de maneira que a foice feriu uma ovelha, e matou-a.

– Pateta, disse-lhe a mãe, o que devias ter feito era meter a foice num dos carros de palha ou de feno de qualquer dos vizinhos.

– Perdão, mãe, respondeu humildemente o João, para a outra vez serei mais esperto.

Na semana seguinte mandou-o comprar agulhas, recomendando-lhe que não as perdesse.

– Fique descansada. E voltou orgulhoso.

– Então, João, onde estão as agulhas?

– Ah! em lugar seguro. Quando saí da loja onde as comprei, ia a passar o carro do vizinho carregado de palha; guardei-as lá, não podem estar em melhor sítio.

– Em tão bom sítio, que se não tornam a ver. És um brutinho, devias tê-las espetado no chapéu.

– Perdão, tornou o João, para a outra vez hei-de ser mais esperto.

Na outra semana, por um dia de calor, o João foi dali uma légua comprar uma pouca de manteiga. Lembrando-se do último conselho de sua mãe, pôs a manteiga dentro do chapéu e o chapéu na cabeça. Imagine-se o estado em que apareceu em casa, com a cara a escorrer manteiga derretida.

A mãe já tinha medo de o mandar a qualquer recado. No entanto, um dia, disse-lhe que fosse à feira vender galinhas.

– Ouve bem, não vendas logo pelo que te derem. Espera a segunda oferta.

– Fico entendido, respondeu João. Foi para a feira. Um freguês chegou-se a ele.

– Queres seis tostões por essas galinhas?

– Ora adeus! minha mãe recomendou-me, que não aceitasse o primeiro preço, mas que esperasse o segundo.

– E tem muita razão. Dou-te um cruzado.

– Está bem. Parece-me que tinha feito melhor em aceitar o primeiro, mas, como cumpro as ordens de minha mãe, ela não tem que me ralhar.

Depois disto, o João foi condenado a ficar em casa. Sua mãe sabia que mangavam com ele, e se riam dela. Um dia quis fazer uma experiência e disse:

– Vai vender este carneiro à feira. Mas não te deixes enganar. Não o entregues senão a quem te der o preço mais elevado.

– Está bem, agora entendo, e sei o que hei-de fazer.

– Quanto queres por esse carneiro?

– Minha mãe disse-me que não o vendesse senão pelo preço mais elevado.

– Quatro mil-réis.

– É o preço mais elevado?

– Pouco mais ou menos.

– É minha a lã e o carneiro, disse um rapaz que trepara a uma escada.

– Quanto?

– Dez tostões.

– É menos, respondeu timidamente o João.

– Sim, mas vês até onde chega esta escada. Em toda a feira não há um preço mais elevado.

– Tem razão. É seu o carneiro.

Desde esse dia, o João Pateta não tornou a ser encarregado de vender ou comprar fosse o que fosse.

Fonte:
Guerra Junqueiro. Contos para a infância.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

J. G. de Araújo Jorge (Lembranças Sem Natal)


Foi uma infância sem Natal. Até onde posso ver, olhando para trás, na pequena e distante Rio Branco, agarrada às barrancas do rio Acre, numa vida que nem sei mais se foi minha, não havia Natal.

Lembro-me, vagamente, de umas compridas meias de filó que minha mãe enchia com insignificantes brinquedos.

Era o Natal?

Muitas vezes me perguntei depois, sem compreender, porque o menino Jesus não “nascia” também naquelas longínquas paragens. Até que havia uma igrejinha, de S. Sebastião, “toda branquinha com um lírio branco”,com seu bimbalhar festivo de sinos para saudá-lo.

E árvores, muitas e belas árvores! Lá estavam as esguias seringueiras, os farfalhantes castanheiros, as imensas mangueiras, os alegres cajueiros, as resistentes goiabeiras, e ah ! Aquele alto cajazeiro da orla da floresta -todos estenderiam certamente seus galhos para que os enfeitassem com bolas coloridas e velinhas acesas.

Nem faltariam os boizinhos: havia dois, presos ao varal da moenda na engenhoca, dois boizinhos de presépio, que só muito mais tarde reconheceria. E outros que puxavam carros de rodas sanfônicas, e os que mugiam ao entardecer, nas pastagens ou nos currais.

E crianças, crianças, como em toda parte, que se juntariam em torno ao presépio, ou se postariam no barranco, à espera de Papai Noel, quando ele chegasse de “ chata ” ou de “ gaiola ”, que apitaria na curva do rio, lá junto da antiga cadeia...

Mas não havia Natal. Nunca tive Natal. A casa em festa, a árvore iluminada, aquela ânsia incontida, aquela expectativa que empolga a imaginação e que precede os grandes espetáculos.

Não que me queixe da minha infância: eu a tive intensa, viva, rica de acontecimentos. Fui capitão de moleques. De olhos abertos, pés no chão, eu me perdia pelos caminhos ainda molhados pela madrugada, lendo mais que nos livros, nas coisas, nos bichos, nas árvores, no rio.

Manhãzinha fugia de casa, de baladeira na cintura, procurando sanhaçus, eu me perdia pelos varadouros da floresta comendo cacau maduro e ingá. Vadiava o dia inteiro pelas praias, cavando na areia, para encontrar ovos de tartaruga, como centenas de úmidas bolas de pingue-pongue, ou pescava mandis nos igarapés,com minhocas no anzol.

Barafustava-me pelo mercado, misturando açúcar preto com farinha grossa, nas bocas abertas das sacas, rindo à-toa. Subindo nos toros de madeira que os bois arrastavam para serraria; tomava banho de chuva nas barricas debaixo das calhas do telhado ou nos frios igarapés, entre canaranas, alheio ao risco das cobras de picadas mortais.

Cavalguei minha infância, como um menino feliz, tal como fazia com meu carneirinho branco, presente de aniversário, -passeando com companheiros, pela cidade. Quantas vezes, bem que sabia a surra que me esperava, mas valia a pena!

Seguia a banda até a praça, e assistia aos domingos a retreta, trepando no gradil do coreto, deslumbrado sempre com o trombone metálico, cornucópia mágica e brilhante, a borbulhar sons guturais e roufenhos. E um dia, pedi aos presos da Cadeia Pública para gravarem o nome dela na pulseira feita de chifre de boi. Como disse no poema: primeira algema de amor.

Cresci livre, como o mundo ao meu redor, aprendendo igualdade e amor.

Carregava molhos de bagaço de cana, com a molecada, na engenhoca, para ter direito depois de beber garapa, comer rapadura, ou “tirar alfinin”. Subia pelos cajueiros ou pelas altas e copadas mangueiras, a devassar os horizontes, a mexer nos ninhos dos passarinhos, ou a me esconder do professor.

Participava das festas do Grupo Escolar, e representava nas festas de fim-de-ano. Guardei os nomes das professoras: Da. Olga, Da. Risoleta. Eram filhas do Governador que tinha um apelido assustador: Surucucu. E fiz a minha primeira comunhão... duas vezes! Porque na primeira vez, saí de casa, e não cheguei à igreja. Entrei num jogo de futebol, na rua.

Mas, um dia voltamos. Viemos todos para o Rio. Fomos morar em Botafogo, visinhos do velho casarão, onde residiu por quase meio século, o meu avô Tinoco, na antiga rua da Piedade.

E só então aconteceu o Natal. Natal com festa, árvore de brinquedos, mesa farta de doces. Nunca mais reencontrei o gosto daquele bolo de nozes, daqueles canudinhos de côco, daquelas ameixas recheadas com ovo e açúcar cristalizado.

São como o gosto da infância, que nunca mais se recobra, apenas se relembra.

Ainda ouço minhas tias avisando:

- Se você disser aos outros que Papai Noel não existe, seu avô não lhe dá a bicicleta.

Ah, minha bicicleta! Foi meu primeiro e verdadeiro amor. Esperei-a, com uma sofreguidão de Cinderela ao seu príncipe encantado.

Mas só muitos anos mais tarde, me poria a pensar naquele estranho aviso das tias, aos meus irmãos e aos primos menores:

- Escolham o sapato mais velhinho pra colocar na janela. Assim Papai Noel pensará que vocês são pobrezinhos e deixará muitos brinquedos.

Quanta ironia no aviso despropositado.

Sim, fui uma infância sem Natal. Mas não me queixo. Resta-me um consolo: ao menos não me desencantei como tantas crianças, descobrindo um dia a ingênua mentira, ao reconhecerem Papai Noel por trás de sua barba branca, ao vê-lo tirar a encantada máscara, no seu feliz e efêmero carnaval...

Fonte:
JG de Araujo Jorge. "No Mundo da Poesia " Edição do Autor -1969

Ademar Macedo (Mensagens Poética n. 481)

Uma Trova de Ademar

Uma Trova Nacional

Uma página arrancada,
jogada ao léu, esquecida:
assim sou eu – quase nada –
no livro da sua vida!
–CONCEIÇÃO A. DE ASSIS/MG–

Uma Trova Potiguar

De alma silente e sofrida,
sem o mundo dar-lhe ouvidos,
o lavrador lavra a vida
de sonhos nunca colhidos.
–GONZAGA DA SILVA/RN–

...E Suas Trovas Ficaram


Na desumana inclemência
desta angústia que me invade,
é a calma da tua ausência
que agita minha saudade!...
–ALOÍSIO ALVES DA COSTA/CE–

Uma Trova Premiada

2010 - Bragança Paulista/SP
Tema: CAMINHADA - Venc.


A vida é uma caminhada
que depressa chega ao fim.
Prefiro uma trilha errada,
mas escolhida por mim.
–EMÍLIA PEÑALBA/PRT–

Simplesmente Poesia

Facho de Luz
–J. G. DE ARAÚJO JORGE/AC–


Às vezes, tua cabeça loura em minhas mãos
é como um facho de luz.

E é tanta a claridade que cega o meu desejo,
que cerro os olhos, encandeado, e para não me perder
agarro-me ao teu beijo.

Estrofe do Dia

Vivemos dias terríveis,
foram mudados conceitos,
costumes inadmissíveis
são implantados e aceitos.
É tempo, então, de fazer
de Deus a vontade, e obter
o que dele emana e vem.
Usufruir as delícias,
abdicar das malícias,
e viver fazendo o bem.
–RAIMUNDO SALLES/BA–

Soneto do Dia

Vítima
IALMAR PIO SCHNEIDER/RS


Nestas horas serenas e patéticas
eu canto um rio de amor em profusão;
e faço dos meus sonhos comunhão
das ondas rubro-verdes e poéticas...

As minhas esperanças são proféticas
e existe nelas uma solidão,
por quem bate em delírio o coração
` se desfazendo em pulsações atléticas.

Oh! cantar tristemente noite e dia
sem demonstrar nos olhos a alegria
dos que estão satisfeitos com a vida,

é a tristeza suprema que atraiçoa,
é o copo envenenado de água boa
que nos mata sem vermos a ferida !
-
Fonte:
Textos enviados pelo Autor
Soneto enviado pelo autor

Hermoclydes S. Franco/RJ (Prece)


Para minha filha ROSSANA

Oh! Deus, de imensa misericórdia!...
Dai que eu tenha o poder dos poderes...
Que tenha o condão
De alegrar todas as tristezas
E de acalmar furacões...
De enfrentar tempestades
E de vencer maremotos...
De escalar as montanhas do impossível
E, em seu topo, fincar
O símbolo verde da esperança...
De lançar um brado indomável,
Capaz de calar a voz
Dos ecos insondáveis...
De vencer todas as guerras da insensatez
E de desfraldar bandeiras de bem-querer...
De sufocar todos os medos
E cruéis angústias...
De fazer pousar, em minhas mãos cansadas,
O mais terno colibri...
De encontrar, neste mundo de desesperanças,
A nau da felicidade
E de oferecê-la, integral,
À candura de minha filha...
Oh! Deus, de imensa misericórdia!

Fonte:
Texto enviado pelo autor

Ialmar Pio Schneider /RS (Consolação)


Os meus versos não servem mais pra nada;
quero jogá-los fora, pobres versos,
foram meus companheiros de jornada
nos momentos felizes ou adversos !

Muitos escritos pela madrugada,
tristes soluços na paixão imersos
parecem uma história inacabada
com fragmentos avulsos e dispersos...

Entretanto, por que jogá-los fora ?
se nasceram do fundo de minh’alma
e já não servem pra mais nada, agora ?!

São versos pobres, versos, enfim, tristes,
mas fazem que eu mantenha a minha calma
e me dizem que tu neles existes…

Fonte:
http://ialmarpioschneider.blogspot.com/

Pedro Malasartes (Outra que Apronta no Céu)


Vim a saber do fim — por assim dizer — finalíssimo — do Malasarte, isto é, como Deus se arranjou com ele no céu, alguns anos mais tarde de um caipira mentiroso da alta sorocabana.

— Quando ele entrou no céu, por obra e arte do tal bonezinho mágico, cujo poder lhe foi conferido por Jesus, em suas andanças pelo mundo, Deus Nosso Senhor, pai de todos falou:

— Não quero que você fique aqui dentro, virando a cabeça de tudo quanto é santo. Já chega a Pedro que você enganou.

Arranjou um montão de trigo e deixou o Malasartes a um canto, contando os grãos, para que ele não tenha tempo de conversar com mais ninguém.

Há uma outra lenda que justifica medida do Todo-Poderoso. Segundo referem alguns dentro da tradição oral do Vale do Paraíba, Pedro sentou-se às portas do paraíso e manhosamente puxou prosa com São Pedro:

— Escute aqui, velhinho...

São Pedro encrespou tempestuosamente as sobracelhas.

— Escute aqui, faz tempo que o senhor é chaveiro?

— Desde que subi ao céu, com Jesus Cristo, meu mestre.

— Seu cargo é vitalício?

— É o que?

— Seu cargo é permanente? O senhor foi nomeado para toda a eternidade?

— Decerto. — Respondeu o velho chaveiro, impondo orgulho.

— E como é que o senhor sabe disso?

— Ora, o Senhor me disse.

— E se ele mudar de opinião?

— Não mudará.

— Mas se mudar? Tudo pode acontecer.

O velho coçou a cabeça.

Malasarte insistiu:

— O senhor não tem nenhum documento, nenhum contrato, que garanta seus direitos? O senhor tem só um entendimento de boca? E se um dia o senhor se desentender com o Mestre? E se ele resolver pôr um chaveiro mais moço, no seu lugar?

— É mesmo.

São Pedro trancou cauteloso a porta e foi para dentro. Procurou Jesus e perguntou-lhe:

— Senhor, eu sou chaveiro, para a eternidade?

— Naturalmente.

— O senhor não acha melhor... o senhor não vê... eu não tinha pensado nisso... o senhor compreende... minha posição... o senhor não acha...

— Que é isso, Pedro? Desembuche de uma vez.

— O senhor não acha bom nós dois assinarmos um contrato?

Cristo franziu a testa e ordenou:

— Traga o Malasarte aqui, que ele vai ficar contando areia, para não ficar enchendo a sua cabeça e a de todos os meus santos.

Guerra Junqueiro (A Serpente Branca)


Era uma vez um rei cuja sabedoria tinha fama por todo o mundo. Não havia nada que ele não soubesse, parecia até que o próprio ar lhe trazia notícias das coisas mais secretas. Tinha porém um costume esquisito: todos os dias, no fim do jantar, quando já não estava ninguém à mesa vinha um criado da sua confiança que lhe trazia um prato coberto. Nem o criado nem ninguém sabia o que lá vinha dentro, porque o monarca não o destapava, nem de lá comia enquanto não estivesse só.

Havia muito tempo que durava aquele costume, até que um dia o criado, não podendo resistir à tentação de ver o interior do prato levou-o e, às escondidas, destapou-o. Estava lá dentro uma serpente branca. O criado assim que a viu quis provar um bocado. Apenas lhe chegou com a língua, começou a ouvir diante da janela uma conversa de vozinhas muito delicadas.

Aproximou-se e viu que era um bando de pardais conversando uns com os outros e contando o que tinham visto pelos campos e pelos arvoredos. O sabor da cobra tinha-lhe dado a virtude de entender a linguagem de todos os animais.

Aconteceu nessa ocasião perder a rainha o mais lindo dos seus anéis; e, como o criado de confiança tinha entrada em toda a parte, suspeitou que seria ele quem lho teria roubado. O rei mandou-o chamar à sua presença, e disse-lhe ameaçadoramente: «Se até amanhã não descobrires o ladrão, é porque foste tu que roubaste o anel, e nesse caso mandar-te-ei matar». Por mais que o criado jurasse a sua inocência de nada lhe valeu.

O pobre rapaz, aflito e consternado, desceu a um pátio do palácio, e pôs-se a matutar no modo de sair daqueles apertos. Havia ali um arroio onde nadavam muitos patos: uns mergulhavam, outros alisavam as penas com o bico, muito satisfeitos e faladores. O criado pôs-se a escutar o que diziam. Contavam eles por onde tinham passado a manhã, e as: boas coisas que tinham comido. Um deles queixou-se então: «Sinto uma coisa pesada no estômago, e parece-me que é um anel que estava debaixo da janela da rainha, e que eu engoli sem querer». O criado que tal ouviu, lançou-lhe logo as unhas ao pescoço, levou-o à cozinheira e disse-lhe: «Mata-o que está bem gordo». A cozinheira tomou-lhe o peso e retorquiu: «Está, está, e não lhe custou muito a engordar: já devia estar assado há muito». Dito isto cortou-lhe o pescoço, e lá se lhe encontrou no estômago o anel da rainha.

O criado ficou alegríssimo por levar ao rei a prova da sua inocência. E disse-lhe o rei: «Pede-me o que queiras, tudo te concedo. Desejas o melhor lugar na minha corte?» O rapaz respondeu-lhe que nada queria a não ser um cavalo e dinheiro para viajar, ir correr mundo. O rei satisfez-lhe o pedido, e ele pôs-se a caminho. Um dia chegou ao pé de um grande poço, e viu três peixes presos a umas grandes canas, fazendo muitos esforços para chegar à água, lastimando-se de ali morrerem à sede, morte tão miserável. O rapaz que era bondoso, apeou-se e soltou os peixes que foram à água.

Os peixes ficaram muito contentes, e disseram para o rapaz: «Deixa estar que não nos havemos de esquecer, e ainda um dia te recompensaremos de nos salvares da morte».

O rapaz montou de novo, e ia já a caminho quando julgou perceber uma voz que saía da areia, mesmo debaixo das patas do cavalo. Pôs-se à escuta e pareceu-lhe a voz de uma rainha das formigas que dizia: «Ainda que os homens como os animais ignorantes se arredem de nós, vem agora este estúpido cavalo pisar sem piedade a minha pobre gente com as suas patas pesadas!» Ele então desviou o cavalo e a rainha das formigas disse-lhe: «Ainda um dia te havemos de dar os agradecimentos e a recompensa».

Foi continuando o seu caminho, até que chegou a uma floresta onde encontrou dois corvos a atirar com os filhos fora do ninho e que lhes diziam: «Fora daqui, seus patifes, não estamos já para vos aturar, já sois muito grandes, ide tratar da vossa vida».

Os pobres corvitos ficaram estendidos no chão, a bater as asitas e choramingando: «Ai! coitadinhos de nós, que somos tão pequeninos e ainda não sabemos voar. Quem nos dará de comer! que há-de ser de nós senão morreremos de fome!» Então o bondoso rapaz apeou-se, matou o cavalo, e deixou-o para os corvos terem de comer. Eles foram chegando-se aos pulinhos: mataram a fome e no fim disseram muito contentes: «Deixa estar que ainda te havemos de agradecer e recompensar».

O rapaz continuou o seu caminho a pé, e depois de ter andado muito, chegou a uma grande cidade. Havia muita gente pelas ruas, e apareceu um homem a cavalo, que deitou este pregão: «A filha do rei deseja um noivo, quem a pretender há-de fazer duas coisas muito difíceis, mas se não conseguir fazê-las o rei manda-o matar». Todos os que se tinham apresentado morreram sem proveito; mas o rapaz, assim que viu a filha do rei, ficou tão fascinado da sua grande formosura, que esqueceu todos os perigos e foi-se apresentar ao rei a pedir a mão da princesa.

Levaram-no à borda do mar, e a sua vista atiraram com um anel às ondas. O rei disse-lhe então: «Hás-de ir buscar o anel ao fundo do mar, mas se voltares sem ele serás lançado outra vez ao mar e lá morrerás». Todos lamentaram a sorte do pobre moço, e deixaram-no sozinho à beira do mar. Pensou muito tempo no que devia fazer, quando viu três peixes que vinham nadando: eram os três peixes que ele salvara da morte. O do meio trazia uma concha na boca, e lançou-a na areia, mesmo aos pés do rapaz. Quando este a abriu, achou-lhe dentro o anel de ouro. Ficou muito contente e foi-se logo ao rei a ver se lhe dava a recompensa prometida. A filha do rei quando soube que ele era homem de baixa condição, repeliu-o e declarou que só casaria com ele se fizesse o que ela mesma lhe mandasse.

Então desceram todos ao jardim, e a princesa entornou pela relva dez sacos cheios de sementes muito pequeninas. Depois disse para o rapaz: «Amanhã antes de nascer o dia hás-de trazer-mas todas outra vez, sem faltar uma só».

O pobre rapaz ficou no jardim a pensar na maneira por que havia de satisfazer o desejo da princesa; nada lhe lembrava e já estava muito triste à espera de nascer o Sol, sem esperança de se furtar ao cruel destino. Mas assim que despontou a madrugada viu os dez sacos todos cheios, sem lhes faltar uma semente. É que a rainha das formigas tinha vindo durante a noite com todo o seu formigueiro e aqueles gratos animaizinhos recolheram as sementes uma a uma, e com todo o cuidado, para que nem um só grão escapasse.

A princesa veio ao jardim, e qual não foi o seu espanto ao encarar o rapaz, que fizera tudo o que lhe tinha exigido! Todavia, como era orgulhosa, não queria ainda ceder, e disse-lhe: «É verdade que resolveste as dificuldades que te apresentaram, mas não serás meu esposo, sem que aqui nos tragas um ramo da árvore da vida.

O pobre moço não sabia onde estava a árvore da vida, mas pôs-se a caminho, com tenção de ir andando, enquanto pudesse, mas já sem esperança de encontrar o que buscava. Já percorrera três remos, quando chegou de tarde a uma floresta, muito cansado e moído, e sentou-se debaixo de uma árvore com vontade de ali mesmo adormecer; passados instantes sentiu um pequeno ruído na folhagem da árvore, caiu-lhe nas mãos um pomo de ouro; ao mesmo tempo esvoaçavam por cima dele três corvos, que lhe foram pousar nos joelhos e lhe disseram: «Nós somos os três corvos que tu salvaste de morrer à fome; quando já éramos grandes e ouvimos dizer que buscavas um pomo de oiro, deitámos a voar por cima do mar até chegarmos ao fim do mundo, que é onde está a árvore da vida, e de lá trouxemos o fruto que procuravas».

O rapaz, todo alegre e contente, voltou ao palácio do rei a entregar à bela princesa o pomo colhido na árvore da vida. A princesa, que já não podia vir com novos subterfúgios, partiu o fruto ao meio e ambos comeram dele. Assim que a princesa acabou de comer, sentiu o coração tão cheio de ternura, que logo casou com o bom do rapaz, e ambos viveram muito felizes até aos cem anos de idade.

Fonte:
Guerra Junqueiro. Contos para a infância.

A. A. de Assis (A Província do Guairá: Um pouco da história do antes de Maringá) Parte 8, final


RUMO À TERRA ROXA

-Foi nessa época que o café chegou a São Paulo, onde encontrou canteiro ideal: as prodigiosas terras roxas, cujas primeiras manchas encontravam-se na região de Campinas. Era o ponto de partida para a mais significativa arrancada de que se tem notícia na história da economia brasileira. Na terra roxa os cafezais passaram a produzir o dobro, muitas vezes o triplo daqueles cultivados em outros solos.

-Como se explica essa força da terra roxa?

-Isso é coisa para ser explicada por especialistas, porém já li que há cerca de 180 milhões de anos ocorreram derrames basálticos em vastas áreas hoje pertencentes a São Paulo e ao Paraná, dando origem a esse tipo de solo. A natureza costuma operar maravilhas em seus misteriosos laboratórios. O fato é que essas terras, graças àquele enxerto químico, adquiriram nova coloração e extraordinária fertilidade. Pois bem: com tal canteiro à sua disposição, os fazendeiros paulistas formaram um verdadeiro “mar de café”, obtendo fartos,
lucros cujos excedentes passaram a ser diversificados. Cresceu o comércio, construíram-se estradas de ferro e usinas de eletricidade, e surgiram as primeiras grandes indústrias.

-São Paulo assumiu o papel de locomotiva...

-Com dinheiro sobrando, São Paulo nunca mais parou de crescer, para tornar-se em menos de um século o maior centro social, político e econômico da América do Sul. A locomotiva disparou!

-Campinas disparou junto...

-Campinas foi o marco inicial dessa nova era, passando a centralizar o comércio cafeeiro, que antes dera vida às cidades do Vale do Paraíba: Bananal, Parati, Queluz, Pindamonhangaba e outras. A partir de Campinas, seguindo os rastros da terra roxa, o café expandiu-se para oeste e sudoeste. Tamanha era a produção, que não podia mais ser transportada em lombo de burro. Daí a urgente necessidade de se construir ferrovias: a Sorocabana, a Mojiana, e a fantástica Santos-Jundiaí, que venceu o bloqueio da serra do Mar e passou a levar o café diretamente ao porto.

-E o trem chegou ao Paraná...

-E me trouxe até Londrina.

-Já existia Londrina?

-Estava ainda com cheiro de mato, porém já fervilhando. E como lhe disse no início, em Londrina permaneci durante dez anos, dali partindo em 1942 para me estabelecer definitivamente em Maringá.

-E então...

-Então testemunhei desde a primeira hora a fascinante história desta cidade. Mas aqui podemos encerrar a conversa, visto que o que dali por diante aconteceu é por demais conhecido de todos.

Rodrigo acendeu outro cigarrinho de palha, despediu-se, e nada mais me restou senão agradecer e pôr a fábula em ata.

FIM
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O e-book pode ser feito o download no blog do Assis http://aadeassis.blogspot.com

Fonte:
A. A. de Assis (A Província do Guairá: Um pouco da história do antes de Maringá). e-book. 2011
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Monteiro Lobato (Reinações de Narizinho) O Pó de Pirlimpimpim - VII – Melhor que o pó


Dona Benta recolheu-se muito cedo aquela noite, depois de tomar um calmante, aconselhado pelo barão. Já os meninos deitaram-se tarde. Ficaram a ver troféus de caça e a ouvir da própria boca do barão aventuras espantosas que nenhum dos seus livros conta. No pedaço mais interessante, porém, foram interrompidos pela chegada dum mensageiro vindo da Alemanha no galope, com carta do imperador. O barão leu-a e disse, muito aborrecido:

— Que maçada! Tenho de partir incontinenti para meu país, que acaba de declarar guerra aos turcos. O imperador está aflito pela minha volta.

— E nós? — perguntou Pedrinho.

— Vocês podem ficar no castelo quanto tempo quiserem. Darei ordem aos criados para que os tratem como donos.

Disse e foi arrumar as malas. Minutos depois reapareceu para despedir-se.

— Até a volta, meninada! Quando a senhora dona Benta acordar, digam-lhe que senti muito não me despedir dela, mas que estarei sempre às suas ordens, na Alemanha ou na Turquia.

— Adeus, senhor barão! Volte logo...

— Traga um turco para mim! — gritou Emília.

No dia seguinte, quando dona Benta acordou e soube da inesperada partida do barão, sentiu de novo a pontada no peito.

Voltou a lamentar-se.

— Que será de mim agora, neste castelo sem dono, entre criados estranhos e com um vizinho feroz como o pássaro Roca? Ah, meu Deus, por que me deixei levar pela cabeça duma criança como Pedrinho? Estou recebendo o merecido castigo...

Os meninos ficaram inquietos. Naquele andar dona Benta acabaria doida. Era melhor levarem-na imediatamente para casa, apesar de tanta coisa que poderiam fazer naquele maravilhoso castelo do barão.

— Maçada! — exclamou Pedrinho aborrecido. — Andar com velha é isto. Nunca mais me meto em outra.

E voltando-se para dona Benta, de mau humor:

— Pare com a lamentação, vovó! Assim como eu a trouxe cá, levo-a para o sítio outra vez. Pare de torcer as mãos, que já me está deixando nervoso...

Tirou do canudo uma pitada de pó de pirlimpimpim e, sempre com maus modos, deu-lha a cheirar. Dona Benta cheirou o pó avidamente, como se cheirasse o pó da salvação. Com espanto geral, porém, o pó não fez efeito. Outra dose, e nada. Pirlimpimpim perdera a força... Molhara-se na água do mar quando Pedrinho entrou por ele adentro para acudir o burro. Pirlimpimpim agüenta tudo, menos sal.

E agora? O burro ninguém sabia dele, ficara na praia transformado em esfinge. A caleça tinha seguido com o barão para a Alemanha. Como voltar para casa? Estava Pedrinho coçando a cabeça, atrapalhado com o terrível problema, quando um rumor de asas se fez ouvir lá fora. Correu à janela e empalideceu. O pássaro Roca vinha vindo, veloz como um avião!...

— Lá vem a peste!... — exclamou o menino, mais pálido ainda.

— Socorro! — berrou dona Benta, feito uma louca. — Acudam!...

O momento era dos mais terríveis. Ninguém sabia o que fazer.

Todos corriam dum lado para outro, completamente desorientados. E aquilo acabaria muito mal se Emília não viesse como uma das suas grandes idéias.

— Fechem os olhos com toda a força! — berrou ela dando o exemplo.

Instintivamente todos obdeceram. Fecharam os olhos, com toda a força, como a gente faz nos sonhos quando vai caindo num precipício. Ficaram um minuto assim, Quando de novo abriram os olhos... estavam no sítio outra vez, perto da porteira! Dona Benta respirou aliviada e assoprou várias vezes, como quem está ressuscitando, depois disse aos meninos:

— Não contem nada a tia Nastácia para que ela não pense que estou caducando. Vamos fingir que estivemos na casa do compadre Teodorico.

Todos fizeram cara de quem vinha chegando da casa do compadre Teodorico, abriram a porteira e entraram. Mas deram logo com a preta de mãos na cintura, plantada na varanda, sacudindo a cabeça com ar de quem está ciente de tudo.

— Sim, senhora! — disse Nastácia, assim que dona Benta começou a subir a escadinha. — Já sei que encontrou o coronel Teodorico muito bem obrigado, não é?

Dona Benta armou a boca para pregar uma mentirinha, com um ar muito desconchavado, porque a pobre nunca havia mentido em toda a sua vida. A diaba da negra, porém, impediu-a disso.

— Não diga, sinhá — resmungou. — Já sei tudo. O burro veio na frente e me contou a história inteirinha, tintim por tintim...

A pobre dona Benta, muito passada, baixou os olhos e seguiu para o seu quarto sem dizer coisa nenhuma...

No dia seguinte chegou da cidade uma carta de dona Antonica chamando Pedrinho.

— Que maçada, vovó! — exclamou ele aborrecidíssimo.

— Justamente agora que temos o burro falante e tenho de ir embora!...

Mas que remédio? Quem o governava era dona Antonica, e portanto teve de arrumar a bagagem para seguir no dia seguinte.

No dia seguinte o cavalo pangaré foi arreado e bem cedo. Às seis horas Pedrinho tomou o seu café com mistura e montou.

— Adeus vovó! — exclamou antes de dar no cavale a primeira lambada. — Adeus, Narizinho! Adeus, tia Nastácia! Adeus, Emília. Adeus, Faz-de-conta...

— Adeus! adeus! — exclamaram todos, com os olhos úmidos.

Lept!... Uma lambada só — de leve, e o cavalinho partiu...

Antes, porém, que chegasse à porteira, Emília gritou-lhe que parasse.

— Você esqueceu de despedir-se do Visconde, Pedrinho! Ele também é gente... O menino sofreou as rédeas.

— Que idéia! Pois o Visconde não morreu, Emília?

— Morreu mas não acabou ainda! — replicou a boneca, correndo na direção dele com o resto do Visconde mão. Despeça se deste toco, que é bem capaz de virar gente outra vez.

Pedrinho riu-se e, para não descontentar a boneca tornou-lhe das mãos o toco de sabugo e fingiu que lhe dava um beijo. Em seguida deu outra lambada no cavalinho — desta vez com bastante força, e partiu no galope. Não queria que a boneca visse duas lágrimas que já iam pingando dos seus olhos...

FIM

Fonte:
LOBATO, Monteiro. Reinações de Narizinho. Col. O Sítio do Picapau Amarelo vol. I. Digitalização e Revisão: Arlindo_Sa

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Rosamel/RS (Poemas Avulsos)



VISÃO

Que aura tão linda desponta no mar
o sol e a lua ondas esperam galgar
Quem vem lá com vestido rendado
com mãos espalmadas e doce olhar

Trazendo na testa um raio estelar
ungindo seu povo em suave bailar
Ó mãe quem me dera que a tua visão
em mim derramasse tua mansidão

No mar minha casa deleito o olhar
e lá no horizonte fico a espreitar
Se vejo o encontro do povo do mar
que sacode e balança meu caramujar

Que bênçãos derrames em favos de méis
em perfumes de flores fartos farnéis
Em ondas que embrulham trazendo cabal
o mistério da lenda em grande final

E eu sonho e como sonho em dia claro
levantas nas ondas e contigo deparo
Em azul tão celeste crivado de estrelas
obrigada mamãe por deixar-me vê-las.

MINHA CAMA

Larga lisa e perfumada
Vestida de puro cetim
Ela está sempre arrumada
Cheirosa como um jasmim

Mas está tão solitária
Feito uma ilha isolada
Cansada de ser sedentária
E nunca está ocupada

As cenas não tem replay
Nem som, orquestra ou luz
Ainda resta um long play
Que dança no prato e conduz

Quem me dera voltar ao tempo
Em que a alcova era um ninho
E sem nenhum contra tempo
Devora a loba o cordeirinho

Ficou na minha lembrança
O cheiro da pele suada
Só restando a esperança
De ver a cama molhada

ANTI SOCIAL

Associei meu querer
ao amor que dizias ter.
Mas quebrei a cara
e minhálma dispara.
Ao perceber a traição
maldição...
Mais uma vez, lamento
e choro
por um amor fracassado.

Caminhei milhas
por duros anos
para esquecer
desenganos.
Tentei uma sociedade
amizade colorida
mas virou em ferida
esta ansiedade.
Pura maldade
E por não saber separar
o bem do mal
hoje.....
sou anti social.

AMIGO X AMIGO

Se não te procuro mais é que algo aconteceu
As vezes coisas fatais que meu coração sofreu
Mas tenha então certeza que estou a esperar

De tu'alma a nobreza em vir a mim procurar
Não te afastes de um amigo sem ter motivo ou razão
Carregue sempre contigo bem junto ao coração

Quem tem o bem precioso de ter amigo por perto
É ter um sol radioso iluminando deserto

VÔO DA ÁGUIA

Esse azul sentimental
Raiando por entre as nuvens
Clareando o espaço
Entre picos e montes
É no vôo da águia
Que vai em busca do ninho
Onde encontra o repouso
Do seu longo viajar
Mergulhando na cascata
Bem no interior da mata
Buscando o seu alimento
Dos filhotes o sustento
Leva para o abrigo rochoso
Onde luta carinhoso
Pela vida em liberdade
E o olhar aguçado e profundo
Que rastreia todo mundo
Em milhas a campear
E do alto céu em ocaso
Mergulha firme num raso
E sobe feito uma flecha
Abrindo uma larga brecha
Para um dia novo raiar.

A CADA ESTAÇÃO

Os amores se esvaem
as lágrimas descem
os risos desfalecem
o olhar obscura
e com flamejo lampeja
a face da criatura
seja amarga ou seja pura

Um dia
o amor volta
some toda a revolta
a lágrima seca com um beijo
e o riso é o despejo
que desce cascateado
no som inebriado
com o amor em construção
que rompe a cada estação

Fonte:
http://fioredemel.blogspot.com

A. A. de Assis (A Província do Guairá: Um pouco da história do antes de Maringá) Parte 7


A PROVÍNCIA DO PARANÁ

-19 de dezembro de 1853... Confere?

-A Lei Imperial n. 704, que criou a província do Paraná, foi sancionada no dia 29 de agosto de 1853. No dia 19 de dezembro, com a chegada de Zacarias de Góis e Vasconcelos, enviado como primeiro presidente e encarregado de organizar os serviços administrativos, instalou-se oficialmente a nova província.

-Paraná, capital Curitiba!

-Curitiba já havia sido elevada à categoria de cidade desde 1842, sediando a 5ª comarca da província de São Paulo. Pela posição geográfica e por apresentar condições de rápido desenvolvimento, foi naturalmente escolhida para capital. O Paraná abrigava na época uma população de 62.258 habitantes, dos quais 6.791 viviam em Curitiba. Paranaguá contava com 6.533 moradores e Ponta Grossa com 3.033.

-Luís Pedro, certamente, assistiu à posse de Zacarias...

-Estava lá, capengando mas cheio de orgulho. Morreu dois anos depois, em 1855. A essa altura os Campos Gerais passavam por uma fase de extraordinário progresso. O comércio de mulas, cavalos e bois estava no auge. Os tropeiros iam buscar os animais no Rio Grande do Sul, no Uruguai e na Argentina, invernando-os nas imediações de Ponta Grossa. Dali eram levados à Feira de Sorocaba, onde eram vendidos aos fazendeiros de café de Minas Gerais e do Vale do Paraíba. Consta que a média de comercialização de animais em Sorocaba era de 100 mil cabeças por ano. Com isso, cresciam animadamente as vilas paranaenses do roteiro: Palmas, Guarapuava, Ponta Grossa, Castro...

-Dizem que os cavalos de Palmas e Guarapuava eram de maior valor no mercado...

-Famosíssimos.

-Me diga uma coisa: não se plantava trigo no Paraná nessa época?

-Claro que sim. Mas trigo não se planta; semeia-se. Pelo menos é o que se ensinava naqueles tempos. A técnica utilizada nos Campos Gerais era a seguinte: começava-se por fazer o gado estacionar na área a ser cultivada, para estercá-la; depois trabalhava-se a terra com enxada e arado e em seguida semeava-se à mão, cobrindo os grãos e fazendo passar por cima, à maneira de grade, a copa de uma árvore puxada por bois. Dizia-se que a colheita seria tanto melhor quanto mais fortes tivessem sido as geadas. Nas próprias fazendas moía-se e panificava-se o trigo.

-Os Torales se dedicavam também à lavoura de trigo?

-O negócio quente deles era o comércio de mulas. Luís Pedro deixou três filhos homens, que se organizaram para expandir a “rede”. Um deles ficou em Ponta Grossa cuidando da invernada; outro viajava seguidamente ao Sul comprando mulas e cavalos; o terceiro, Fernando Paulo Torales, que veio a ser meu bisavô, estabeleceu-se em Sorocaba: a ele cabia receber os animais enviados de Ponta Grossa e orientar a comercialização na feira. Dessa forma o negócio continuou de vento em popa, até 1874, ano em que morreu Fernando Paulo.

-Os herdeiros não quiseram lidar com mulas?

-Fernando morreu relativamente jovem, com 53 anos. Tinha apenas um filho, meu avô João Afonso, do qual tenho falado desde o início desta narrativa. Ocorre que nessa época já corriam trens em várias regiões do Brasil, desvalorizando as mulas como meio de transporte. Não vendo futuro naquele comércio, João Afonso preferiu então mudar de ramo. Abolicionista e republicano ferrenho, no fogo dos seus 22 anos, vendeu a pequena fazenda que herdara do pai nas vizinhanças de Sorocaba (onde eram invernados os animais antes de serem levados à feira), alforriou os poucos escravos lá existentes e montou uma casa de secos e molhados. Na cidade estaria dentro da lufa-lufa política que tanto o fascinava. Naquela casa meu pai José Francisco Torales cresceu vendendo feijão, cachaça e ferramentas. Em 1903, meu pai se casou com minha mãe Carmen, uma espanhola bonita e de gênio forte que ele conhecera em Santos. Como presente de casamento, João Afonso lhe deu sociedade na firma e passou a cuidar mais de política do que de negócios.

-E a tal farmácia?

-A farmácia meu avô montou dois anos depois, para continuar mantendo contato com o povo. Quando completei 15 anos, ele me colocou lá como aprendiz, dizendo que o estabelecimento futuramente seria meu. Sei lá por que razão, ele tinha um dengo todo especial por mim. Ensinou-me a lidar com remédios, fez-me frequentar a escola, conversava muito comigo, e foi nessas longas conversas que fiquei sabendo das aventuras dos Torales. O velho morreu em 1929, com 77 anos, deixando de fato a farmacinha para mim.

-Mas o senhor não ficou lá por muito tempo...

-Na época falava-se muito das terras roxas que começavam a ser abertas no norte do Paraná. Empolgado com aquelas notícias, e diante da oportunidade de retornar às origens da família, não resisti à tentação. Em 1932 já estava morando em Londrina.

-Família predestinada essa sua. Os Torales estiveram envolvidos em histórias de índios, de mineradores e de tropeiros. Agora vão mergulhar na história dos bandeirantes do café...

-Prefiro dizer pioneiros do café. Pioneiro me parece uma denominação mais adequada a quem chega para ficar, produzir, sofrer, crescer com a terra onde se instala. Mas falemos do café, que tem uma história muito interessante.

A BEBIDA DA MODA

-Tudo começou com Melo Palheta... Correto?

-No Brasil, sim, porém o café é muito mais antigo. Em 1500, quando Cabral chegou aqui, os beduínos já o conheciam havia 650 anos. No início do século 18, o produto começava a ser consumido intensamente na Europa, especialmente na França, onde ganhou status de bebida da moda, rivalizando com o chá. Os elegantes cafés de Paris são famosos desde aquela época. Além do sabor agradável, o produto apresentava a virtude de combater o frio e curar as enxaquecas.

-Ainda hoje ele é tido como ótimo remédio contra ressaca...

-Os franceses andavam à procura de algo que substituísse o chá da Índia, então monopolizado pelos ingleses. Decidiram por isso introduzir a cultura do café na Guiana, por volta de 1710. Foi dali que a preciosa rubiácea passou para o Brasil, trazida pelo comerciante português Francisco de Melo Palheta, em 1727. Consta que Palheta foi à Guiana Francesa em missão específica do governo de Lisboa: obter mudas de café para iniciar o plantio em terras brasileiras. Portugal estava de olho grande no crescente mercado aberto para a nova bebida na Europa. O fato é que logo em seguida surgiram nos quintais de Belém do Pará os nossos primeiros cafeeiros, prosseguindo a expansão ao longo do litoral: Maranhão, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro...

-Em grande escala?

-Ainda não. Plantava-se café em chácaras e quintais para uso caseiro das famílias mais sofisticadas, que gostavam de imitar os hábitos europeus. O forte da agricultura brasileira continuava sendo a cana-de-açúcar, o fumo e o algodão. Somente a partir de 1820 surgiram grandes lavouras de café, sobretudo em Minas Gerais e no Vale do Paraíba. Em 1830, o produto já ocupava o terceiro lugar em nossa pauta de exportações, alcançando em 1850 a liderança.

-Nova era na história do Brasil...
–––––––––––-
continua…

O e-book completo pode ser feito o download no blog do Assis http://aadeassis.blogspot.com

Fonte:
A. A. de Assis (A Província do Guairá: Um pouco da história do antes de Maringá). e-book. 2011.

Trova Ecológica 75 – Wagner Marques Lopes (MG)

Ialmar Pio Schneider/RS (Soneto Mistico)


Estou sentindo um sopro realmente...
É a hora em que refrescas minha fronte
e sou Tua flor, erguida em alto monte,
a quem deste um aroma permanente.

O dia em que eu tombar murcho no chão
recolhe para Ti todo o perfume
para que eterno queime no Teu lume
incensando Tua plácida mansão.

Não o deixes perder-se em treva densa,
mas faze que ele sempre a Ti pertença
co’a glória de servir-Te e que somente

um dia - não sei quando - em Teu louvor,
retorne finalmente à mesma flor
p’ra que unidos os guardes eternamente.


Publicado em O TIMONEIRO - Pág. 12 de 3.9.82 - CANOAS (RS)

Fonte:
http://ialmarpioschneider.blogspot.com/

Ademar Macedo (Mensagens Poética n. 480)


Uma Trova de Ademar

Hoje me fiz “Homem-Trova”
e, em atentados dispersos,
engatilhei uma nova
e atirei com "Quatro Versos"
–ADEMAR MACEDO/RN–

Uma Trova Nacional


A saudade tem tal arte,
é em bondade tão rica,
que não despreza quem parte,
nem abandona quem fica!
–ARIETE REGINA/RJ–

Uma Trova Potiguar

Tanto tempo se passou,
mas pra mim presente estás,
naquele verso de amor
que não esqueço jamais.
–MARA MELINNI GARCIA/RN–

...E Suas Trovas Ficaram

Fui vaqueiro... hoje, sou monge!...
Minha saudade, depois,
ficou mugindo... lá longe!...
Na voz dolente dos bois!...
–ONILDO DE CAMPOS/RJ–

Uma Trova Premiada

2011 - Falando de Trovas/SP
Tema: SAUDADE - 2º Lugar


A mesa, agora, deserta,
no bule, o café já frio...
E pela porta entreaberta
a dor de um grande vazio!
–FRANCISCO MACEDO/RN–

Simplesmente Poesia

Acróstico...
–JOÃO BATISTA XAVIER/SP–


Amanhecer com seus versos na tela
Devaneio nas cores da paisagem;
Enalteço o arrebol que na passagem
Mistura os brilhos em linda aquarela.
Aurora potiguar, a luz mais bela,
Resplandecendo em bênçãos sua imagem.

Manhãs floridas na semana inteira:
Alento que balsama nossa lida;
Convite e busca à alegria perdida
Exalando os aromas da roseira.
Desperta a cadência em rima fagueira
O Poeta do Amanhecer à vida!!!

Estrofe do Dia

Vamos lá meus cantadores
percorrer a vastidão
ver o sol deitar no chão
num horizonte de cores,
pequeninos beija-flores
na roseira do nascente
da janela do poente
a despedida do dia;
vamos beber poesia
na cacimba do repente.
–ONILDO BARBOSA/PB–

Soneto do Dia

Estátua Arrependida
–AGNELO CAMPOS/SP–


Havia num imenso estatuário,
entre outras obras, uma singular:
de um genial artista milenário,
uma estátua de execução sem par !

Esculpida nos traços mais perfeitos,
examinada, apenas num relance,
não se viam nem sombras de defeitos
que estivessem dos olhos ao alcance.

Apesar da beleza e do bom gosto,
percebia-se claro no seu rosto
a expressão de pessoa arrependida:

Pois o artista que lhe dera tanto,
não pudera dar-lhe o último encanto;
faltou-lhe força: não lhe dera a vida!

Fonte:
Textos enviados pelo Autor

J. G. de Araújo Jorge (Garimpando Sonetos)


A imortalidade de um poema não é decretada pela crítica mas pelo “referendum” popular. Só o tempo e a memória do povo - fichário de seu coração - consagram realmente um poema.

Homero foi declamado durante séculos pelos aedos gregos, antes que escribas de Psitrato recebessem a incumbência de fixar pela forma gráfica os seus dois poemas imortais.

Mas com os poemas e sonetos acontece às vezes o mesmo que com as trovinhas. À proporção que se popularizam, ou justamente por isso, vão sendo envolvidos pelo anonimato. Das trovas, quase se poderia dizer, talvez pela facilidade com que podem ser decoradas ou transcritas, que muitas, das mais belas, correm na “ boca do povo ”, esquecidas dos seus autores. Uma delas, que todos nós sabemos de cor, tem sido atribuída não só a poetas brasileiros como a portugueses. Leio agora, entretanto, no número 25 do jornalzinho “ Trovas e Trovadores ”, órgão oficial da União Brasileira de Trovadores, num artigo de Luiz Otávio, e com documentação irrefutável, que pertence a um trovador pernambucano Barreto Coutinho. É aquela quadrinha:

Eu vi minha mãe rezando
aos pés da Virgem Maria.
Era uma santa escutando
o que outra santa dizia.”


Numa crônica anterior, “ Sonetos Imortais”, referindo-nos aos poetas que se imortalizaram apenas por um soneto, citamos “Romance” de Octávio Rocha, que retiramos de velho recorte do “Correio da Manhã” de mais de vinte anos, com um comentário em que o redator Aédo de Carvoliva informa que o transcrevia de uma revista, e estranhava não conhecer o poeta.

Este soneto, que agora incluímos em nova edição de nossa antologia “Os Mais Belos Sonetos que o Amor Inspirou”, volume I, (Poesia Brasileira), já se encontra identificado. Recebemos uma carta do poeta, que vive atualmente em Campinas, é jornalista, colabora no jornal “Correio Popular”, nasceu em Mogi-Mirim, e conta 76 anos. Teve conhecimento de nossa c rônica por intermédio de uma filha, residente em S. Paulo, leitora da revista. Trata-se realmente de um belo soneto lírico, cuja idéia é um verdadeiro “achado”, uma novidade, dentro do mais velho e do mais difícil dos temas: o Amor.

Como sugeri ao seu autor uma pequena modificação, simples apara, em dois versos, para que o soneto ganhasse em inteireza, sugestão que ele recebeu de bom grado, vou transcreve-lo novamente, para quem não o recortou:

ROMANCE

“- Venha me ver sem falta, estou velhinha.
Iremos recordar nosso passado.
A sua mão quero apertar na minha,
quero sonhar ternuras ao seu lado...

Respondi, pressuroso, numa linha:
“ - Perdoa-me não ir... ando ocupado...”
Amei-a tanto, quando foi mocinha,
e de tal modo, também fui amado.

Passou a mocidade, num relance...
Hoje, estou velho, velha está... Suponho
que perdeu da beleza os vivos traços...

Não quero ver morrer nosso romance:
“ - prefiro tê-la, jovem, no meu sonho,
do que, velha, aperta-la nos meus braços!”


Quando eu apresentava, pela Rádio nacional, o programa “Encontro com a poesia”, solicitei aos meus ouvintes que, se conhecessem qualquer belo soneto me enviassem sem compromisso, e por isso, eu lhes ficaria muito grato, já que não pertenço (nem pretendo) a grupos literários.

Pois bem em meio à correspondência, chegaram-me, inclusive, cadernos inteiros de poesia. De dois destes cadernos recolhi quase cinqüenta novos trabalhos, que acrescentei a 3.a edição de “ Os Mais Belos Sonetos que o Amor Inspirou ”. Do caderno enviado pela Prof.a Maria José de Menezes, organizado ao tempo em que era normalista, e onde, para minha alegria, encontrei uma grande quantidade de meus sonetos, retirei entre outros, um intitulado “Mente Mais”, de Raul Giudicelli. Não conhecia o poeta de nome, e julguei até pudesse ser a t radução de algum soneto de autor italiano.

Pesquisando, entretanto, acabei por localizar o escritor que mora no Rio, é carioca, da Ilha do Governador, não tem livro publicado, e faz parte da direção da revista “O Cruzeiro”. Eis o soneto:

MENTE MAIS

Sei que os carinhos teus sempre serão
carinhos mentirosos, aparentes,
mas não sei se é vaidade ou compaixão
o secreto motivo por que mente...

Sei que não falas pelo coração
quando falas do amor que por mim sentes,
mas tens finuras tais de sedução
que das próprias mentiras te desmentes...

Se puderes dizer-me sempre “sim”
com ternuras e olhares sempre iguais,
sem te cansares de mentir assim,

sem te esgotares de mentiras tais,
não te apartes, então, jamais de mim,
e eu te peço, querida, mente mais!


E já que estamos “ garimpando ” poesia, e que devo a revista “ Jóia ” a identificação de uma gema preciosa, vou aproveitar a oportunidade, e encerrar esta croniqueta com um soneto, retirado ao caderno de outra ouvinte, onde foi copiado sem o nome do autor.

Publicado, talvez os leitores me ajudem a descobrir o poeta. Escrevam-me enviando os dados biográficos, pois que o soneto figura também na nova edição da antologia, mas como anônimo.

RÉU DE AMOR

Sou réu de amor! Confesso o meu pecado
porém não me arrependo desse crime,
que amar alguém e ser também amado
é o crime mais gostoso e mais sublime!

A confissão por certo não redime
a quem quer continuar a ser culpado,
e seu for, por acaso, condenado,
não há razão para que desanime.

Pelo contrário. Altivo, embora fique
meu coração partido em mil pedaços,
eu quero que a justiça se pratique...

Sou réu de amor, e julgo-me indefeso!
Pela justiça, entrego-me a teus braços:
eternamente quero ficar preso...


Fonte:
JG de Araujo Jorge. "No Mundo da Poesia " Edição do Autor -1969

Projeto de Trovas para uma Vida Melhor (2a. Etapa – 4o. Concurso – Tema: Perdão)


GRUPO: 1 – NACIONAL

1º LUGAR
Retirada - não inédita

2º LUGAR
Perdão é a esponja macia
que se passa numa ofensa
por se crer na luz do dia
contra a noite da descrença.
Nilton Manoel –
RIBEIRÃO PRETO – SP – BRASIL

3º LUGAR

Em nome do amor, em nome
dos sentimentos mais nobres,
perdão, meu Deus, pela fome
que a injustiça impõe aos pobres!
ANTONIO AUGUSTO DE ASSIS
- MARINGÁ – PR – BRASIL

MENÇÃO HONROSA

1. Perdão de amor é incerteza,
é aquela pedra em desvio
que segura a correnteza
mas não traz de volta o rio
ALBA CHRISTINA
SÃO PAULO – SP – BRASIL

2. Tão doce o perdão ressoa
nas fibras do coração;
mais nobre que quem perdoa
é o que suplica o perdão!
HUMBERTO RODRIGUES NETO
- SÃO PAULO – SP – BRASIL

3. Sendo o amor doce legado
que Jesus Cristo deixou,
embora crucificado,
seu perdão não nos negou!
DILMA RIBEIRO SUERO
- RIO DE JANEIRO – RJ – BRASIL

4. Este perdão que me negas
por "um nada" que te fiz,
é mais um cravo que pregas
na cruz de um peito infeliz.
THALMA TAVARES
- SÃO SIMÃO – SP – BRASIL

5. Se és duro de coração,
não perdes por esperar...
Do céu só terá perdão
quem é capaz de perdoar!
RENATO ALVES
- RIO DE JANEIRO – RJ – BRASIL

MENÇÃO ESPECIAL

1. É uma sublime atitude
o saber pedir perdão.
Bem mais nobre é a virtude,
perdoar sem restrição.
NEIVA FERNANDES
- CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ – BRASIL

2. Quando a mágoa nos revolta,
e os dias tinge de breu,
só o Perdão nos traz de volta
a luz que a mágoa escondeu.
MARISA VIEIRA OLIVAES
- PORTO ALEGRE – RS – BRASIL

3. Perdão, eu peço, Senhor,
por não ter dado atenção
e nem repartido amor
com o meu carente irmão!
DELCY CANALLES
- PORTO ALEGRE – RS – BRASIL

4. Um erro sempre é semente
de uma dor que vai nascer.
Perdão é o melhor presente
que alguém pode receber...
MILTON SOUZA
- PORTO ALEGRE – RS – BRASIL

5. Por tudo que tu fizeste,
meu perdão, ainda te dei!...
Não, pelo amor que me deste,
mas, pelo amor que sonhei!
PROF. GARCIA
- CAICÓ – RN – BRASIL
***************************
GRUPO: 2 – NACIONAL

1º LUGAR
O rancor me corroía
flagelava o coração.
Resolvi um certo dia
libertar-me com o perdão.
JOSÉ ALMIR DA LUZ JUNIOR
- CURITIBA – PR – BRASIL

2º LUGAR
Ao receberes perdão,
por um instante dourado,
sentes Deus em comunhão
e o coração aliviado.
MIFORI
- MOGI DAS CRUZES – SP – BRASIL

3º LUGAR
Queres definir o amar?
Dentro da minha visão
amar é não precisar
jamais pedir o perdão!
LÓRIS TURRINI
- TREMEMBÉ – SP – BRASIL

MENÇÃO HONROSA

1. Concedido por esmola
o perdão não traz fiança.
Dificilmente consola
tendo sabor de vingança...
RUTH FARAH NACIF LUTTERBACK
- CANTAGALO – RJ – BRASIL

2.Se uma injúria alguém lhe lança,
dê-lhe a luz do seu perdão;
seja como uma criança
que traz limpo o coração.
ILZE SOARES
- SÃO PAULO - SP

3. Coisa mais bela da vida
é saber pedir perdão;
mostra humildade contida
dentro do seu coração.
WANDA DUARTE DA SILVA
- RIBEIRÃO PRETO – SP

4. Para dirimir um crime
consumado na paixão,
não há nada mais sublime
do que beijo do perdão.
ADAMORES
- SÃO JOSÉ DOS CAMPOS – SP – BRASIL

5. Vence valores, de fato,
quando em meio à discussão,
se revolta de imediato,
mas, na ofensa... dá o perdão!!!
VÂNIA MARIA SOUZA ENNES
- CURITIBA – PR – BRASIL
********************************
MENÇÃO ESPECIAL

1. Não vejo gesto de amor
que se compare ao perdão;
nem mais nobre, nem maior,
que estender a sua mão.
RAYMUNDO DE SALLES BRASIL
- SALVADOR – BAHIA – BRASIL

2. Perdoe pra ser perdoado:
esse é o lema cristão.
Não fique aí machucado,
peça e dê seu perdão.
JAIR PEREIRA DA SILVA
********************************
GRUPO INTERNACIONAL

1º LUGAR
Ninguém me peça perdão
por algo que fez errado;
basta que atente a razão
logo fica perdoado!
FERNANDO REIS COSTA
- COIMBRA – PORTUGAL

2º LUGAR
Uma palavra eu conheço,
que todos chamam PERDÃO!
Que a porta se abra em apreço.
Rancor ...faz mal, coração!
LIBIA BEATRIZ CARCIOFETTI
- SANTIAGO DEL ESTERO – ARGENTINA

3º LUGAR
Senhor sofre o coração
pois muito te há ofendido,
triste te pede PERDÃO
com o peito arrependido...
CRISTINA OLIVEIRA CHAVEZ
- ESTADOS UNIDOS

MENÇÃO HONROSA

1. Como se derrete o gelo,
suave brisa do perdão,
sempre alcança o seu apelo,
com amor, o coração.
MARIA CRISTINA FERVIER
- SALTO GRANDE – SANTA FE – ARGENTINA

2. Perdão por amar-te tanto
contigo perco o sentido
pois eu só vivo do encanto
de teus olhos meu querido...
ANGELA DESIRÉE PALACIOS

3. É difícil esquecer
um insulto, uma agressão?
Mas é assim, podeis crer,
que tem valor o perdão.
JUDITE RAQUEL NEVES FERNANDES
- URBANIZAÇÃO QUINTA DA LAVRA – PORTUGAL

MENÇÃO ESPECIAL

1. Quem um filho castigar
por erro ou por omissão,
põe, no rosto, um mau olhar,
mas na alma dá-lhe o perdão.
ANTÓNIO JOSÉ BARRADAS BARROSO
- PAREDE – PORTUGAL

2. Senhor, pecados alinho
para te pedir perdão,
que o padre já está velhinho
e dorme na confissão.
OLÍVIA ALVAREZ MIGUEZ BARROSO
- PAREDE – PORTUGAL

3. P'ra podermos perdoar,
teremos de estar em paz.
É como aprender a andar
e ver como se é capaz...
JORGE A. G. VICENTE
- SUIÇA –

4. Dar perdão é dar Amor!
Sabes amar? Reza e canta.
Por amor, ao pecador,
perdoa Deus e encanta!
ISAURA MARTINS
- LAMEIRAS – TÁBUA – PORTUGAL

5. Jesus, nosso Professor,
ensinou esta lição:
- Perdoa e dá muito amor,
terás sempre o meu PERDÃO!
GISELA ALVES SINFRÓNIO
- OLHÃO - PORTUGAL
***************************
GRUPO 3 – ALUNOS

1º LUGAR
Você não sabe o tamanho
dessa minha imensa dor.
Mas, se o perdão eu não ganho,
sinto falta desse amor.
DANIELA APARECIDA S. DIAS
PARAIBUNA – SP – BRASIL
EE. “Dr. Cerqueira César”- Profª Celina

2º LUGAR
Eu tenho uma linda amiga
que já me pediu perdão;
ela aprontou uma briga...
Mas ganhou meu coração.
CARLOS MAGNO BATISTA DA SILVA
PARAIBUNA – SP – BRASIL
EE. “Dr. Cerqueira César” - Profª. Celina

3º LUGAR
Eu lhe dei o meu perdão,
ganhe, pois o meu amor.
Vou lhe dar meu coração,
como se dá uma flor.
RAFAELA RODRIGUES LOLO
PARAIBUNA – SP – BRASIL
EE. “Dr. Cerqueira César”- Profª Celina

MENÇÃO HONROSA

1 O perdão é obra prima
que nasce no coração,
de quem perdoa e estima
o outro, e tem compaixão.
LARISSA ALVES- 13 ANOS
PARAIBUNA – SP - BRASIL
EE. “Dr. Cerqueira César” – Prof. Rose

2. Ajoelhando-se no chão,
suplicando ao Criador,
ofereça seu perdão,
num grande gesto de amor.
ISABELLE C. G. GALVÃO SILVA
PARAIBUNA – SP – BRASIL
EE. “Dr. Cerqueira César” - Prof. Rose

3. Amor, tenha piedade!
Eu imploro o seu perdão;
você é a realidade
que vive em meu coração.
MARIA PAULA ANTUNES DAVI
PARAIBUNA – SP – BRASIL
EE. “Dr. Cerqueira César” - Profª. Celina

4. Aprendi dar meu perdão
e também ser perdoada.
Quero dar meu coração
e também ser muito amada.
CAROLINE APARECIDA S. SANTOS.
PARAIBUNA – SP – BRASIL
EE. “Dr. Cerqueira César” - Profª. Celina

MENÇÃO ESPECIAL

1. Um passo para o perdão
é muito mais que bondade,
que mora no coração,
como amor e amizade.
JÉSSICA DUARTE DE MATOS
PARAIBUNA – SP – BRASIL
EE. “Dr. Cerqueira César” - Profª. Celina

2. Perdão por não ser perfeito,
perfeito sei que não sou,
com você fico sem jeito,
porque assim sempre é que estou!
FABRÍCIO B. DE LIMA.
PARAIBUNA – SP – BRASIL
EE. “Cel. Eduardo José de Camargo” – ProfªHelô

3. O perdão é um grande dom
se ele vem do coração,
só quem realmente é bom.
é que tem a salvação.
JOSIANE OLIVEIRA JERÔNYMO
PARAIBUNA – SP – BRASIL
EE. “Cel. Eduardo José de Camargo” – ProfªHelô

4. No mundo quero aprender
que perdão temos que dar,
para podermos viver
e respirar um bom ar.
YASMIM SCARLAT RIBEIRO GONZAGA
PARAIBUNA – SP – BRASIL
EE. “Dr. Cerqueira César” - Profª. Celina

5. Quase morri, meu amor,
sofrendo por solidão.
Agora morro de dor
por não ter o seu perdão.
ANA CAROLINA NUNES DE PAULA.
PARAIBUNA – SP – BRASIL
EE. “Dr. Cerqueira César” - Profª. Celina

Fonte:
Mifori