quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

Estante de Livros (“Labirinto”, de Kate Mosse)


Fenômeno literário na Inglaterra com mais de 750 mil exemplares vendidos no país, o romance histórico Labirinto, da premiada escritora inglesa Kate Mosse, reúne todas as qualidades que o leitor espera encontrar em um bom livro de ação e mistério. Há verdades além das verdades buscadas, viradas e reviravoltas, memórias a serem recuperadas e reivindicadas, desentendimentos de amantes a serem reconciliados, fragmentos do passado a serem salvos e antigas traições a serem vingadas. 

Inspirado em rigorosa pesquisa sobre importante período da história medieval europeia - a cruzada religiosa contra a seita cristã dos cátaros no século XIII que significou uma importante mudança na história da França - Labirinto tem como protagonistas e heroínas duas mulheres separadas pelo tempo, mas unidas por um destino comum. 

Em julho de 1209, na cidade francesa de Carcassonne, a adolescente Alaïs recebe do pai um misterioso livro, que ele diz conter o segredo do verdadeiro Graal. Embora Alaïs não consiga entender as estranhas palavras e símbolos escondidos naquelas páginas, sabe que seu destino é proteger o livro. Serão necessários enormes sacrifícios e uma fé inabalável para preservar o segredo do labirinto - um enigma que remonta a milhares de anos e aos desertos do antigo Egito. 

Julho de 2005: durante uma escavação arqueológica nas montanhas ao redor de Carcassonne, a jovem professora Alice Tanner descobre dois esqueletos. Dentro da tumba na qual repousavam os antigos ossos, experimenta uma sensação de maldade impressionante e percebe que, por mais impossível que pareça, de alguma forma, ela é capaz de entender as misteriosas palavras ancestrais gravadas nas pedras. Porém, é tarde demais - Alice acaba de desencadear uma aterrorizante sequência de acontecimentos incontroláveis, e agora, seu destino está irremediavelmente ligado à sorte dos cátaros, oitocentos anos atrás.
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Análise de Hérida Ruiz

Labirinto é o primeiro volume da  trilogia Languedoc escrita por Kate Mosse. Ao ler esse exemplar provei sentimentos de entusiasmo, fascínio e algumas vezes um certo desapontamento. Labirinto não é um livro fácil, se o leitor não estiver completamente disposto e envolvido, provavelmente não perceberá o quão prazerosa é a obra de Kate Mosse.

O que mais me impressionou foi a narrativa, Kate Mosse abusou da criatividade e dos detalhes, eu quase consegui tocar com os dedos as personagens, sentir o aroma das ervas de Alaïs, o sabor do vinho ou a apreensão e curiosidade de Alice.

Como pano de fundo, Labirinto, explora a perseguição da igreja católica contra os fieis da igreja catara. Kate Mosse fez uma pesquisa extensa sobre a cruzada religiosa aos chamados bons homens, estes possuíam opiniões diferentes dos cristãos que foram consideradas heréticas na Idade Média. Isso desencadeou uma "caçada" da igreja católica para exterminar os hereges e com o apoio do exército profano "A Host" do norte da França, praticaram horrores inimagináveis. Mas por traz dessa carnificina e massacre, os governantes do norte tinham o interesse na posse e conquista das terras do sul, na antiga região do Midi.

Eu consegui sentir o terror provocado pelo exército "A Hoste", a crueldade e sede de sangue me causou uma certa apreensão durante a leitura. Alaïs foi um presente... inteligente, carismática, leal e guerreira, me conquistou desde a primeira palavra dedicada à ela. Alice é bem diferente, achei a personagem meio confusa, apática e, apesar de sua determinação na busca do segredo, ela o faz com certa timidez.

A autora introduz muitos personagens secundários na trama e me questionei sobre a necessidade e os motivos, mas ao longo do livro tudo se converge e se torna claro... são todos necessários. 

Há pontos contraditórios na narrativa, não quero ser critica demais, mas... durante todo o livro Alice é bombardeada por instintos, pensamentos, sonhos e visões e em vários momentos a narrativa faz alusão à vidas passadas, mas terminei o livro sem saber com certeza se Alice é ou não reencarnação de Alaïs.

Excerpto do texto sobre o livro por Hérida Ruiz, para o site Lendo nas Entrelinhas. 11.9.2009.

Antonio Brás Constante (A sina de um escritor anônimo)

Pensando bem, ser um escritor desconhecido é uma veste que me cai bem, que lhe cai bem, que cai sobre os ombros de tantos outros também. Fora dos pedestais, procuramos alertas por sinais que se escondem de nossa procura. Nos desencontros de nossa lida de vida, escrita, transcrita, madura ou prematura. As tentativas frustradas são surras que levamos, por ousar almejar o reconhecimento que sonhamos.

A inexistência é o estigma que carregamos por toda existência. É nossa segunda pele, é o que sustenta nosso sentimento de impotência, diante de tantas potências que não enxergam o que lhes mostramos. E assim vão se passando milhares de horas, e assim vamos morrendo por dentro e por fora... Como ontem... Como agora.

Vagamos pela sombra de poucas estrelas, com ideias na mente e um lápis na mão. Portas fechadas à frente, caminhos interditados sem passagem aos nossos passos. Dedos gigantes apenas apontam para seguirmos viagem de volta à multidão, que segue sem alento rumo ao esquecimento.

 “Este mundo não lhe pertence”, “DESISTE!”. “Teu trabalho é bom, mas não temos espaço para tal expressão”. “Tenta daqui a algumas semanas, meses, anos”. Sua presença indesejada teimosamente nesta estrada, só merece uma resposta amarga: “sinto muito, mas no momento não queremos nada”.

Desculpe-me foi engano, a verdade dolorida muitas vezes não deve ser dita. Esta maldita realidade imposta e de tal forma impossível de ser transposta. Aqui fico parado na beira desta carreira, como um caroneiro que espera em uma porteira pela passagem do sucesso. Sou tal qual a poeira exposta pelas ruas, que se perde na eternidade das veracidades nuas, destes pequenos textos…

Fonte: Recanto das Letras do autor. 18.9.2010. in https://www.recantodasletras.com.br/pensamentos/2505922

quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

Vanice Zimerman (Tela de versos) 27

 

Mensagem na Garrafa – 59 –

Daniel Maurício
Curitiba/PR

QUERO UM AMOR

Quero um amor
Que seja tipo substantivo próprio
Mas que também tenha amor próprio
Pois só assim fará alguém feliz
Quero um amor
Do tipo que se escreva com letras maiúsculas
Que seja recíproco
E de forma tão mútua
Não precise pedir por atenção
Quero um amor
Do tipo sujeito
Que pra vida escancare o peito
Que além de palavras
Seja também ação
Quero um amor
Que tenha predicados
Que se entregue 
Sem medo de pecados 
Pois o que é feito com amor
Não pode sofrer maldição
Quero um amor
Que não seja do tipo possessivo
Pra que eu não me sinta oprimido 
Mas que seja inteirinho meu
Quero um amor
Do tipo artigo definido
Que seja o amor da minha vida
E não apenas de um verão
Quero um amor
Do tipo substantivo concreto
E não apenas secreto 
Que nos parques me dê as mãos
Quero um amor
Que tenha adjetivos
Mas que acima de tudo
Tenha objetivos
E seja dono de um bom coração
Ah,
Eu quero um amor!

Silmar Bohrer (Croniquinha) 100

Pensamentos em calmaria quando ouço 
barulhinho ali fora e penso - chuva...   

Olho para o poste na esquina vendo   
chuvinha emoldurada no luzeiro da noite. 

Destino dadivoso.  Dormir sono sonoro
no prelúdio molhado que deve avançar na madrugada.  

Hoje a corujinha não vem, 
mas os quero-queros seguem agitados,
molhadinhos ali no gramado. 

Primavera abençoada.  
Noite, cores, chuva, luzes anunciando que os Magos Reis seguem sua rota 
em busca do menino nascido em Belém. 

Mágica vida de sonhos, quimeras e ilusões !

Fonte: Texto enviado pelo autor 

Ubirajara Godoy Bueno (Aparelhinho)

Um simples exame de rotina, mas foi quando tudo começou.

— A pressão está oscilando, vamos ter que usar o  holter — disse-me o médico enquanto prescrevia a recomendação.

— O que é isso, doutor?

— Significa que sua pressão arterial vem apresentando diferentes valores a cada medição.

— Isso eu sei, estou perguntando sobre esse tal...  holter.  

— Ah! Um aparelhinho pra checar essas variações durante vinte e quatro horas — respondeu-me com a simplicidade de quem receita uma aspirina.      

Chamo a atenção dos leitores para o termo “aparelhinho”, a sugerir algo simples, inocente, com o qual não devemos nos preocupar. O diminutivo nos tranquiliza diante das situações que desperta, por razões justas, o nosso senso de alerta: volto num minutinho, vai doer só um pouquinho, custa baratinho, e assim por diante. Desnecessário dizer que devemos desconfiar dessas expressões e logo mais ratificarei o que estou dizendo.

Voltemos ao consultório:

— Vou ter que ficar com ele esse tempo todo? — perguntei, com o pressentimento de que alguma coisa não ia dar certo.

— Será necessário, mas fique tranquilo, trata-se de um monitoramento bastante simples.  

Duas ou três horas depois, lá estava eu na clínica (não muito tranquilo), para uma nova experiência em minha vida.

Um estojo preto de plástico, com botões coloridos e um visor digital, foi preso à minha cintura   através   de uma correia de couro,   sugerindo um imenso  walkman. Segundo a enfermeira que me auxiliava na instalação, o aparelho era equipado com um avançado sistema eletrônico e uma potente bomba injetora. Um tubo flexível de borracha, conectado ao estojo, subia pelo meu tórax sob a camisa, contornava o pescoço e descia pelo braço esquerdo. Nessa extremidade havia um bracelete inflável, o qual circundava meu braço pouco acima do cotovelo. A intervalos de 10 minutos, a bomba seria acionada automaticamente para injetar ar no bracelete, inflando-o e comprimindo meu braço. A pressão arterial era então medida e o valor armazenado na memória do equipamento. No dia seguinte, os resultados seriam avaliados.

Finalizado o trabalho de instalação, a enfermeira recomendou-me, repetidas vezes, que eu não me movesse durante as medições. Um simples movimento de cabeça ou o mero ato de falar poderiam prejudicar as leituras.

Mesmo com a camisa fora da calça e as mangas estendidas, numa tentativa de camuflar aquela parafernália, saí da clínica um pouco constrangido. Para agravar ainda mais a situação, eu estava sem carro.

Carregava minha valise de serviço, mas tinha desistido de voltar ao trabalho. Iria para casa o mais rápido possível.

Segui pela calçada em direção ao ponto de ônibus procurando manter a naturalidade.  

Mal eu tinha percorrido dois quarteirões, senti o aperto no braço. A primeira medição estava sendo feita. Lembrei-me da recomendação e estanquei os movimentos. Durante 10 ou 15 segundos mantive-me imóvel, no meio da calçada, olhando para um poste e sentindo-me um verdadeiro idiota. Após a despressurização do bracelete, continuei meu caminho. Mais dois quarteirões e lá estava eu, feito uma estátua, olhando desta vez para uma banca de jornais. Diante dos meus olhos, uma série de revistas pornográficas.   O jornaleiro, supondo um especial interesse de minha parte pelo material exposto, cochichou em meu ouvido: “disponho de artigos mais quentes”. Procurando não me mexer, voltei os olhos em sua direção, enquanto esboçava um sorriso de lado, meio torto, como se maliciosamente agradecesse pela preciosa informação. Minha postura poderia ser atribuída a um maníaco sexual.

Cheguei ao ponto de ônibus com um sério problema a ser resolvido: como permanecer normalmente entre os passageiros com o bíceps avolumando-se dentro da camisa a cada 10 minutos?   Numa decisão ousada, desvencilhei-me de todo equipamento e guardei-o dentro de minha valise. Em casa eu recolocaria o aparelho. Uma pequena interrupção no monitoramento não iria prejudicar o exame.

Dentro do ônibus, acomodei-me no único lugar disponível, ao lado de uma senhora que me dirigiu um sorriso amável. Após dois ou três pontos o coletivo ficou apinhado.  

Mas o pior estava por acontecer: o aparelho começará a funcionar dentro da minha bolsa. Na falta dos sinais da corrente sanguínea para orientar o bloqueio da bomba, o ar estava sendo injetado continuamente e, com efeito, o bracelete inflava-se sem cessar. Ao me dar conta desse fato, entrei em desespero. A bolsa começava a avolumar-se e já chamava a atenção da senhora de sorriso amável e dos passageiros em pé ao meu  lado.

Ruídos estridentes revelavam que meus acessórios de trabalho e pertences pessoais estavam sendo esmagados no interior da bolsa pela força brutal daquele equipamento  atroz.

A bolsa continuava a crescer e já atingia dimensões gigantescas. Não se podia descartar a possibilidade que viesse a explodir a qualquer momento. Minha vizinha de banco mantinha agora uma expressão de horror enquanto se benzia. Entre os burburinhos dos passageiros, pareceu-me que alguém rezava. Tive um impulso de jogar minha bolsa pela janela ou então abandonar o ônibus gritando: salve-se quem puder.

Felizmente o processo foi interrompido e o ar do bracelete liberado. Minha bolsa voltou ao tamanho normal, embora um pouco disforme, e a paz reinou de novo no coletivo.

Vou poupar os leitores dos próximos acontecimentos que me sucederam até a manhã do dia seguinte, mesmo porque acredito terem sido suficientes os fatos até aqui narrados para alertá-los sobre os perigos dos tais aparelhinhos, concebidos pela nossa moderna, idolatrada e infalível tecnologia.

A propósito, vocês já ouviram falar num outro aparelhinho... ?

Fonte:
Sorocult. 24.11.2003. Site desativado. Acesso em 2016.
https://www.sorocult.com/el/view.php-cod=1897.htm

Luiz Damo (Trovas do Sul) LIII


A abelha durante o dia
não para de trabalhar,
nunca fez engenharia
e faz tudo sem falhar.
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Água por todos os lados
de ilha podemos chamar,
triste é ficarmos ilhados
sem que possamos nadar.
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A justiça, embora tarde,
nunca deverá falhar,
inimiga do covarde
que não quer se revelar.
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Altos montes ou baixadas
por florestas revestidas,
pelas fontes são regadas
prometendo novas vidas.
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As gotículas de chuvas
descendo nos parreirais,
se misturam com as uvas
formando doces cristais.
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Das flores gostamos tanto
pelo perfume que exalam,
são templos do puro encanto,
com ternura elas nos falam.
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Do semblante da criança
tão sorridente a brincar,
brotam raios de esperança
que ajudam a iluminar.
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Doze meses o ano tem,
trinta dias tem um mês,
sete a semana contém
tempo que o mundo Deus fez.
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Ecos podem ser ouvidos
num silêncio singular,
podendo ser confundidos
com distúrbio auricular.
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Lares fartos de ternura,
campos cheios de verdor,
sobre a mesa da cultura
brilhe a chama do labor.
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Muitos sonhos são desfeitos
por falta de consistência,
buscamos os mais perfeitos
nos caminhos da existência.
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No cantar dos passarinhos
Deus também se manifesta,
cantos cobrem os caminhos
e transformam as florestas.
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Nos abismos do passado,
talvez um projeto antigo,
jaz em dores, transpassado,
esperando um solo amigo.
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Nossa luta pela vida
no nascimento começa,
sendo apenas concluída
quando a morte se atravessa.
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Nossos rios e lagoas
estão sendo poluídos,
quase ninguém canta loas
por julgarem já perdidos.
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Nunca devemos correr
quando o certo é devagar,
antes, sempre socorrer,
que o socorro mendigar.
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Onde quer que a luz esteja
é lá que estaremos nós
e assim o mundo nos veja
conhecendo a nossa voz.
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Os caminhos da verdade
às vezes não são floridos
e os espinhos da maldade
machucam nossos sentidos.
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Outrora a "palavra" tinha
sotaque de um documento
e a fonte donde ela vinha
era mais que um testamento.
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Quem nunca soube plantar
como pode pretender,
algum sonho alimentar,
ou de bons frutos colher?
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Tendo flores nos caminhos
bons perfumes vou sentir,
porém se tiver espinhos,
são dores: por quê mentir?
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Se as águas forem cercadas
pela terra firme e boa,
mesmo que estejam paradas
não passam duma lagoa.
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Se quisermos comer pão
trigo devemos plantar,
para tê-lo sempre à mão
no almoço, café e jantar.
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Toda mãe devia ser
um Anjo feito pessoa,
onde o filho possa ver
uma santa que se doa.
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Tudo passa tão depressa
que por vezes perde a graça,
quando a confiança cessa
um novo contexto traça.
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Um terreno pedregoso
nunca se deve escolher,
pra não tornar-se oneroso
o fruto que for colher.
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Fonte: Luiz Damo. A Trova Literária nas Páginas do Sul. Caxias do Sul/RS: Palotti, 2014. Enviado pelo autor.

Karen Hertzberg (Dicas de escrita: 30 dicas para tornar a escrita mais fácil)

 
Todos os dias você escreve, seja um trabalho universitário, uma postagem em um blog, um documento de trabalho, um e-mail ou uma atualização nas redes sociais. Sua escrita representa quem você é pessoal e profissionalmente, por isso vale a pena aprimorar suas habilidades. Aqui seguem trinta dicas de redação para ajudá-lo a se comunicar melhor por texto.

1- Defina metas de escrita.
Talvez você queira escrever um certo número de palavras por dia ou atualizar seu vocabulário. Você não pode alcançar uma meta a menos que tenha uma, então anote essa meta e trabalhe em direção a ela.

2- Escreva de manhã.
Para muitas pessoas, escrever fica mais fácil logo após uma boa noite de sono. Uma pesquisa da Grammarly também mostra que os madrugadores cometem menos erros de escrita.

3- Escreva diariamente.
Começar um grande projeto de escrita pode parecer intimidante se você não estiver acostumado com o ato de escrever. Pratique essa habilidade diariamente – seja uma frase curta ou um parágrafo inteiro – para se acostumar com o conceito mental e físico da escrita.

4- Inspire-se na pesquisa.
Antes de começar a escrever, faça uma leitura de reconhecimento. Tome notas enquanto você lê sobre o material do seu assunto. As ideias vão se formando à medida que você pesquisa.

Aqui vai uma dica de como fazer isso: Depois de entrar no processo de escrita, não pare para fazer mais pesquisas. Em vez disso, adicione um espaço reservado como [PESQUISA] e continue rolando. Você pode voltar para finalizar os fatos e adicionar referências quando seu primeiro rascunho estiver concluído.

5- Leve sempre um caderno e uma caneta, ou celular.
A inspiração pode bater a qualquer momento. Não deixe um discurso emocionante para um personagem, uma frase poética ou um nome de projeto cativante para sua memória. Anote em um caderno dedicado ou crie um arquivo de nota em seu celular

6- Experimente escrever roteiros.
Uma das melhores dicas de escrita para aspirantes a escritores é usar um roteiro. Você pode encontrar inúmeros roteiros de escrita on-line adequados para todos os tipos de gêneros. Escolha um que estimule sua imaginação e encoraje você a ser criativo.

7- Faça um esboço.
Se você costuma divagar sem uma estrutura clara, comece com um esboço, um rascunho, uma primeira versão. Siga este processo simples e infalível para se organizar desde o início.

8- Seja conciso.
A brevidade é importante na comunicação profissional. Respeite o tempo de seu leitor sabendo exatamente o que você precisa comunicar antes de começar a escrever para que você possa manter sua mensagem concisa.

9- Use voz ativa.
Escrever em voz ativa anima sua escrita para que o sujeito esteja agindo em seu verbo. Uma voz ativa parece mais confiante e segura de si; também é uma ótima maneira de eliminar palavras supérfluas da sua escrita.

10- Não negligencie o contexto.
O leitor tem as mesmas informações e referências que você? Se não, certifique-se de fornecer contexto. Você não precisa dar toda a história de fundo, apenas preencha as partes que faltam para que sua mensagem fique clara.

11- Formate seu texto corretamente.
Use uma boa estrutura de formatação de texto. Fica mais organizado para quando você for reler, editar e para quando outro profissional, como um preparador de texto ou um revisor, for trabalhar nele.

12- Use seus sentimentos na escrita
Emoções são partes fundamentais de texto, principalmente se estamos falando de livros de prosa, poesia, autoajuda e outros. Deixe que seus sentimentos fluam pelas suas páginas pois isso deixa mais pessoal e envolvente.

13- Revise cuidadosamente, principalmente antes de enviar para outra pessoa.
Erros de digitação e gramática são ruins. Sempre. Analise seu texto e corrija erros antes de enviá-lo. Mesmo se você enviar para um revisor, quanto menos erros, melhor.

14- Escreva como você fala, dentro da razão.
Sua escrita deve soar natural e fluida. A menos que você esteja se comunicando em um contexto mais formal, escreva como se estivesse conversando com um amigo.

15- Não divague.
Acabamos de dizer “Escreva como você fala”, mas há uma ressalva – não divague. Evite voltas e reviravoltas sinuosas e não use palavras de preenchimento como “tipo”, “realmente”, e “você sabe”. Uma boa escrita deve ir direto ao ponto e evitar frescuras.

16- Seja um contador de histórias.
Não importa qual seja a mensagem, nós humanos somos atraídos por histórias. Considere:
Era uma vez ___. Todos os dias, ___. Um dia ___. Por causa disso, ___. Até que finalmente ___.

17- Tenha empatia com o leitor.
A empatia pode melhorar todos os tipos de escrita, de ficção a marketing de conteúdo e divulgação por e-mail. Aproveite o tempo para se colocar no lugar do seu leitor. Você está pregando para eles ou está engajando-os mostrando que se relaciona com seus sentimentos e experiências?

18- Seja fascinado para ser fascinante.
Quanto mais interessado você estiver sobre o assunto sobre o qual está escrevendo, mais intrigados seus leitores ficarão com o que você escreveu.

DICA: Confrontado com material de assunto pouco inspirador para um projeto atribuído? Encontre um ângulo fascinante para sua história. Com a abordagem certa, é possível escrever uma história interessante até sobre algo desagradável.

19- Deixe sua escrita descansar por um tempo e edite de novo.
Sempre que possível, não edite logo após terminar de escrever. Volte depois de uma pausa e revise com novos olhos. Mesmo se afastar para uma caminhada rápida ou uma xícara de café pode ajudá-lo a mudar de escritor para editor.

20- Livre-se de palavras e frases de preenchimento.
Quando você edita, é hora de cortar. Cada palavra precisa de um trabalho, e aqueles que não estão dando o seu peso têm que ir.

Feche os olhos. Imagine as palavras como pessoas em um escritório. Os verbos correm, ativos e animados, realizando tarefas. Os adjetivos e advérbios evocam ideias e imagens no departamento de marketing. Mas sempre há aquele cara. Vê-lo? Ele está perto do bebedouro, encostado na parede. Ele é onipresente, mas ninguém sabe realmente o que ele faz. Ele pode estar por aí, mas com certeza não parece estar fazendo a sua parte.

Aquele cara poderia representar qualquer palavra ou frase que sempre aparece em nossa escrita, mas não contribui em nada. Aqui está uma lista de palavras e frases que você precisa para retirar.

Palavras e frases mais preguiçosas

Em todos os momentos
Cuidado com frases flácidas em todos os momentos.

Cada e todos
Procure palavras de preenchimento em sua escrita todos os dias diariamente.

Ainda
Ainda não sabemos se teremos sucesso.

Em ordem
Elimine o excesso de palavreado para limpar sua escrita.

Basicamente, essencialmente
Essas palavras basicamente não agregam valor. Eles são essencialmente inúteis.

Totalmente, completamente, absolutamente, literalmente, na verdade
Sem palavras de preenchimento, sua escrita será totalmente fabulosa.

Muito, realmente, bastante, bastante, extremamente
Essas palavras muito comuns realmente não são úteis. Eles são bastante chatos.

Simplesmente
Simplesmente Não use essa palavra com frequência.

Bonito
É uma muito boa ideia usar esta também com moderação.

Apenas
Se sua frase funcionar sem ela, você apenas não precisa dessa palavra.

Que
Esta é uma palavra que você só deve usar quando precisar dela para maior clareza.

Cima baixo
Não nos importamos se você fica de pé ou sentado deitado para escrever, basta escrever de forma limpa!

De fato
Na verdade, Suas habilidades melhoraram.

Tudo de
Todos Seus leitores vão gostar de ler textos mais limpos.

Como sendo
Você será conhecido como ser um escritor proficiente!

Sendo que
Sendo isso Como você é o melhor escritor da sua turma, certamente tirará boas notas.

Durante o curso
Durante o curso da aula de redação, aprendemos alguns truques novos!

Para todos os efeitos, na maior parte
Para todos os efeitos, Nossa redação melhorou.

Ponto no tempo
Você não precisa usar palavras de preenchimento neste momento agora.

Cada palavra precisa ter um propósito em sua escrita, e há muitas que não contribuem com nada além de confusão. Agora que você tem uma lista de infratores comuns, em quantos mais você consegue pensar?

21 – Evite clichês.
Enquanto você lê o que escreveu, procure frases usadas em demasia que possam ser reformuladas de uma maneira nova e única. É uma das dicas de escrita mais comuns, mas também uma das mais ignoradas.

22- Advérbios de despejo.
Livre-se da maioria dos advérbios e use escolhas verbais mais fortes. Lembre-se do que Stephen King disse: “Acredito que o caminho para o inferno é pavimentado com advérbios”.

23- Desenvolva sua técnica de vírgula.
A vírgula é um sinal de pontuação incompreendido. Existem muitas regras para o uso adequado da vírgula, mas se você as estudar, elas se tornarão uma segunda natureza.

24- Coloque tudo na ordem certa.
Costumamos escrever na ordem em que ideias e pensamentos chegam até nós, mas nem sempre essa é a melhor maneira de apresentar o produto final. Se você não esboçou antes de começar a escrever, tente delinear seu rascunho final. Às vezes, esse processo revelará parágrafos ou seções inteiras que fariam mais sentido se fossem movidos.

25- Leia sua escrita em voz alta.
Uma das melhores maneiras de encontrar uma estrutura de frases desajeitada é ler sua escrita em voz alta. Se você tropeçar enquanto estiver lendo, dê uma olhada na frase em que tropeçou e veja se consegue esclarecê-la.

26- Mantenha uma lista de erros que você comete com frequência.
Todos nós temos nossas dificuldades de escrita. Faça uma lista dos seus erros mais frequentes para que você possa encontrá-los e eliminá-los facilmente da próxima vez.

27- Pense no seu leitor ideal.
Ao escrever, pense no que seu público ou leitor ideal sabe hoje. Qual é a realidade deles e como sua escrita pode informá-la e melhorá-la?

Por exemplo, se você escreveu um guia sobre como consertar barcos, ele começa no mesmo nível de conhecimento que o nível de habilidade do seu leitor ideal? É importante saber onde seu leitor está em sua jornada para que sua escrita não os perca ao longo do caminho.

28- Recrute um amigo para ler seu rascunho.
Às vezes, um segundo par de olhos pode ser útil. De todos os conselhos que você receber dê sua total consideração, mas faça suas próprias escolhas no final.

29- Procure aplicativos/softwares de edição de texto.
Editar a si mesmo é difícil. Aplicativos pode ajudá-lo a encontrar todos os tipos de erros de escrita. Pense nisso como um amigo prestativo olhando por cima do seu ombro, dando dicas de escrita e dizendo: “Ei, isso não parece certo. Quer dar outra olhada?”

30- Continue lendo, aprendendo e praticando.
Leia sobre a escrita para obter mais dicas de escrita. (Você está aqui, então já começou bem!). Leia bastante e aprenderá dicas de escrita por osmose. E pratique com frequência. A melhor maneira de melhorar sua escrita é fazê-la.

Fontes: Karen Hertzberg, in Grammarly
https://www.grammarly.com/blog/writing-tips/
https://www.grammarly.com/blog/words-you-no-longer-need/ 

Jaqueline Machado (Isadora de Pampa e Bahia) – Capítulo 26: O egoísmo e seus estragos

Isadora, sentada no quarto, vestida de noiva em frente ao espelho da penteadeira, não conseguia conter a chuva de lágrimas que escorriam, molhando-lhe a face e o vestido. 

Sua alma parecia desejar ausentar-se do corpo. queria criar asas, e feito pássaro, voar livre, sem destino, mas não só, junto de seu amor. Queria Genuíno para seu parceiro de vida. pois ele era um homem de caráter, justo, sensível... O oposto de Fábio, tão egoísta.

E ela sentia desprezo por pessoas egoístas. Acreditava que as pessoas merecem se dar o devido valor, mas sem esquecer de valorizar o seu semelhante. Excesso de egoísmo, desconecta qualquer um da realidade, faz com que gente feito seu pai, tome a vida de outras pessoas para si, as destruindo em benefício próprio. O egoísmo é a régua torta usada pelos injustos para medir o mundo segundo seus próprios interesses. E, justamente por conhecer os estragos que o egoísmo é capaz de promover, ela estava ali, prestes a se sacrificar pela mulher que lhe deu a vida. 

O casamento seguiria sem amor, mas imaginava futuramente ser feliz como mãe ou desenvolver alguma habilidade útil para si e para quem mais precisasse. Ou, ainda, lecionar, reabrir a escolinha que foi da dona Almerinda. 

Isadora, mesmo chorando, não pensava em esmorecer. Sabia que encontraria um jeito de conduzir as rédeas do seu destino. 

A cerimônia seria realizada em Cachoeira, na igreja São José, construída com o empenho do Padre Orestes, o qual era uma espécie de figura histórica da cidade. Dono de uma personalidade forte, rígida. Mas era muito trabalhador. E criativo. Suas quermesses faziam sucesso e rendiam bons lucros à igreja. Unindo esforços junto aos devotos, o templo religioso mais moderno da cidade foi construído. 

A pedido da noiva, somente sua família, a família de Fábio e alguns poucos amigos se fizeram presentes.

Isadora buscou manter o controle de suas emoções e fazer o que tinha de ser feito. Enila e Júlio foram os padrinhos da noiva. E um casal de amigos de infância foram os padrinhos do noivo. 

O senhor Antônio, pai de Isadora, era todo sorriso ao conversar com os pais de Fábio. Dona Ana, mantinha-se sóbria. Pensativa sobre o sacrifício da filha. 

- Belo casal! Será uma honra realizar a cerimônia - disse o padre Orestes. 

Durante as palavras de juramento, Fábio se sentia visivelmente vitorioso. 

No momento do “sim”, Isadora sentiu a alma estremecer, mas concluiu o juramento. 

Após a cerimônia, os convidados, incluindo o padre Orestes, foram para a fazenda comemorar a união dos recém casados, num jantar discreto. 

Enquanto os homens preparavam o churrasco do lado de fora da casa, as mulheres preparavam, na cozinha, outros pratos para acompanhar a carne.

Na sala estavam os recém casados conversando a sós.

- Pareces triste – disse Fábio a Isadora  

- Não estou. É impressão tua.

- Olha, posso não ser quem sonhaste para esposo. Mas te farei feliz. Dê um sorriso. Estou constrangido em te ver assim toda vez que estou por perto.

- Tens razão. Vamos lá fora nos juntar aos demais. E tomar um bom vinho. 

- Isso. Quero nossas taças cheias.

Os peões, os pais dos noivos, os vizinhos da fazenda ao lado, Enila e Júlio, conversavam descontraidamente ao redor do fogo de chão.  

O Senhor Antônio ofereceu um “trago” ao padre.

- Só um gole. Sabe como é, sacerdotes têm que dar o bom exemplo ao seu rebanho. 

- Deixa de besteira, padre.  É noite de festa. Aproveita – disse o anfitrião.

- Não acredito. 

- O que houve, padre? 

- A velha feiticeira tá chegando. 

- É minha convidada - disse Isadora.

- Filha, não sabes? 

- Do que, padre? 

- Ela é uma feiticeira. 

- Ela é uma curandeira. Já devolveu a vida a muitos doentes desenganados pelos médicos.

- Mas por meio de sortilégios. Esses procedimentos não são da vontade do Senhor.

- “Fia”, mandou me chamar, tô aqui – disse Vó Gorda. 

- Sim. Precisava vê-la. Sua presença me dá paz - falou Isadora abraçando-a.

O padre olhou para Isadora fazendo uma expressão de espanto. 

- Como vai, Reverendo? - perguntou a benzedeira.

- Muito bem, graças a Deus. 

- Tudo que é bom vem dele, do Criador. 

- Mais a sua grande invenção foi as chinocas - disse o velho Antônio.

- A sua grande invenção foi o amor - disse Vó Gorda.

- Bem... Nesse ponto concordo com a senhora.

A mesa, belamente posta por Amélia, foi elogiada. E todos se serviram à vontade. 

Mais tarde, quando os convidados foram embora, Isadora se deparou com a situação mais delicada e difícil de sua vida: ir para cama com um desconhecido, que de repente virou seu marido, era uma situação que a assustava, mas da qual não podia escapar.

As cenas de amor com Genuíno vieram à sua mente. E pensou: “será que Fábio vai perceber que não sou mais virgem? 

Que Nossa Senhora, mãe de Jesus me cubra com seu manto de proteção e amor. 

No quarto, enquanto Fábio despia sua mulher, do outro lado do cenário, armado, Genuíno chorava a perda do seu grande amor.
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continua…

Fonte: Texto enviado pela autora 

Aparecido Raimundo de Souza (“Corriquências” do dia a dia)


Trágico
O Barbosa acordou assustado. Ao se levantar da cama onde dormia, descobriu que havia morrido na véspera.

Na fazenda
O arado se apaixonou pela enxada.

Patife
Bateu na mulher e correu para os braços da vizinha.

Sonho de Ícaro 
O moleque se atirou do vigésimo andar. Ficou preso na sacada do oitavo.

Gesto impensado
A patroa, estressada, bateu com força a porta da geladeira. Furiosa, a velha Frigidaire lhe deu com o congelador no meio das ventas.

Destino
Viajou para Brasília. Acabou preso na Papuda.

Como se fosse o vento
O velhote gostava de soprar as saias das meninas que brincavam no parquinho em frente ao portão da casa dele. Foi preso por pedofilia. A arma do crime não foi encontrada.

Sem sorte 
Correndo desesperadamente da polícia, o meliante foi atropelado pela viatura que cruzava a esquina.

Impossível
Ao se olhar no espelho o ceguinho descobriu que além de não enxergar coisa alguma, estava sem a cabeça. 

No elevador
Quando o sujeito chegou no quinto, o diabo entrou estabanadamente e apertou o botão de descida.

Se molhar para quê?
A sombrinha da velhinha saiu as carreias das mãos dela, quando se deparou com uma chuvarada tremenda que se aproximava.

No circo
A onça pintada a mão, oriunda de Brasília fugiu com o domador. E levou o leão marinho de barca branca recém-chegado da cidade de Botucatu, para comer de sobremesa.

Inacreditável
Glorinha, a empregada aqui de casa, ao abrir a lixeira caiu de costas. Uma barata fugia, assustada, de uma embalagem de inseticida da marca RAID, que vinha em seu encalço.

Inconformismo
Os olhos choraram tanto que as pálpebras foram reclamar com as sobrancelhas.

Futuro
Não existe amanhã para quem morreu.

Do nada
Ao passar pela cancela da linha férrea, o bêbado foi cancelado. Não viu o trem que gritou para ele sair da frente.  

Destrambelhado
A gaiola fugiu e levou o papagaio de estimação de seu ex-dono só para sacanear o sujeito.

O amor quando é verdadeiro...
A escada do prédio onde moro fugiu com o corrimão. Antes de passar pela portaria, atropelou um degrau que vinha em sentido contrário.      

Fonte: Texto enviado pelo autor