terça-feira, 10 de agosto de 2010

Ialmar Pio Schneider (Soneto para Helena)



(à esposa, pelos 42 anos de casamento em 10 de agosto de 2010)

Quarenta e dois anos de convivência
nós já passamos juntos sem cessar;
tivemos que adotar muita paciência
pra manter a harmonia em nosso lar !

E Deus nos vai levando a abençoar
nosso caminho por esta existência;
e no verão passeamos lá no mar,
tendo das águas a benevolência...

Tenhamos, afinal, a compreensão
para aceitar as coisas como são,
sem lamentar algum inconveniente...

O nosso amor, de longe traz raízes,
e sempre há de fazer nós dois felizes,
porquanto temos muita vida em frente !

Porto Alegre, RS, 10 de agosto de 2010

Fonte:
O Autor

domingo, 8 de agosto de 2010

Ialmar Pio Schneider (Soneto para Apparício Silva Rillo (In Memoriam))


Apparicio Silva Rillo, qüera
que cantou Cantigas do Tempo Velho ,
realmente xucro e natural espelho
deste Rio Grande em bem remota era.

Olhas o rancho e em ti vês a tapera
açoitada pelo sangrento relho
do destino. Eu estou também parelho
que nem tu nesta minha sorte austera.

E vou seguindo aflito pela estrada,
gaudério, sem ninguém no meu caminho,
curtido pela dor e desengano,

como a espuma pelas águas levadas,
picado pelo agudo e duro espinho
do mais rude destino, o mais insano.

Fonte:
Colaboração do Autor

Apparicio Silva Rillo (Mãe Velha)


Cabelo era preto.
Que liso era o rosto!
Teu corpo era flor.

Cabelo era preto.
mas hoje, Mãe Velha,
cabelo branquinho,
geada e agosto
que não levantou.

Que liso era o rosto!

Agora, Mãe Velha,
rosto enrugadinho
parece co'as frutas
que o tempo secou.

Teu corpo era flor.
Mas hoje, Mãe Velha,
da flor, que ficou?
Só haste pendida
que a vida deixou.

A cor do cabelo
passou pro vestido.

O arado do pranto
no liso do corpo
que fundou que arou!

A haste pendida
curavada pra terra,
e a terra reclama
o que falta da flor.

- Papai foi pra guerra!
dizia o piá.
Mãe Velha era moça
no tempo que foi.

Mas veio a notícia:
- Teu homem morreu,
de lenço encarnado
e de lança na mão.

E os homens passavam
nos magros cavalos,
com barbas de mato,
com palas rasgados,
com pena da moça,
com raiva da guerra,
que mata um gaúcho
pra erguer um herói.

Mãe Velha - era moça -
chorou muito choro
no seu avental!
Abriu o oratório
da sala do rancho,
rezou padre-nosso
por alma do homem
que a guerra levara
de lenço encarnado
e de lança na mão.

E a Virgem Maria,
seu Filho nos braços,
olhava mãe moça
Mãe Velha ficar.
E a vida espiava
Mãe Velha viver:

- madrugada na mangueira,
leite branco na caneca,
chaleira chia na chapa,
costume faz chimarrão.
Gamela, farinha branca,
forno aceso, sova pão,
charque magro na panela,
canjica, soca pilão,
manjericão na janela,
vassoura roda no chão...

E a vida cobrava
tostão por tostão.
Mãe Velha, mais velha,
pagava pro tempo
a usura do dia.
Um sol que sumia
era mais um dobrão.

Piá se fez homem.
Mãe Velha com medo da revolução
Um dia, por fim,
piá foi s'embora
seguindo um clarim.
Mesminho que o pai:
de lenço encarnado
e de lança na mão.

Guria cresceu.
Sobrou no vestido
da chita floreada
que a mãe lhe cozeu.
Depois... se perdeu.

Mãe Velha chorando
o que a vida lhe fez,
no velho oratório
já reza por três.

A noite tem fala
na boca da noite,
a vida é mudinha,
nem boca não tem.

Por isso que a vida
ninguém não entende,
Mãe Velha, ninguém.
A vida, Mãe Velha,
que é mãe e mulher.

Fonte:
http://www.paginadogaucho.com.br/poes/lista.htm

Apparício Silva Rillo (1931 - 1995)


Aparício Silva Rillo (Porto Alegre, 8 de agosto de 1931 - São Borja, junho de 1995).

Filho do engenheiro-agrônomo e zootecnista Marciano de Oliveíra Rillo e de Lélia Sílva Rillo - o pai natural de Uruguaiana e a mãe de Guaíba -, Apparicio Silva Rillo nasceu a 8 de agosto de 1931, num apartamento do Hospital São Francisco, em Porto Alegre.

Seus progenitores, na época, residiam na cidade de Guaíba, localidade onde nasceram, a posterior, mais cinco filhos do casal. Apparicio nasceu circunstancialmente em Porto Alegre, por entenderem seus pais que o primogênito viria à luz no então melhor hospital e maternidade do estado, resguardada a mãe e o nascituro por toda a gama de cuidados e recursos proporcionados por aquele estabelecimento hospitalar.

Com a indicação de haver nascido na capital do estado, seu registro civil de nascimento foi efetuado na cidade de Guaíba, em documento com o timbre do cartório da antiga Pedras Brancas - circunstância que, mais tarde, viria a trazer não pequenos incômodos ao poeta. Alguns de seus documentos pessoais apontavam Guaíba como seu local de nascimento, dado que o registro em si trazia o timbre, como já referido, do cartório daquela localidade. Até hoje, inclusive, não são poucos os que juram ter Apparicio nascido na cidade berço de José Gomes de Vasconcelos Jardim - um dos pró-homens da Revolução Farroupilha. O que, diz o poeta, muito o enobrece. "Minha raíz mais funda é guaibense", confirma.

O poeta guarda gratas recordações dos nove anos que viveu em Guaiba, período em que nasceram seus irmãos Alzira, Maria Eunice, José Marciano, João Carlos e Carmem, Seus pais residiram inicialmente numa casa assobradada, "com jeito de castelo", próxima ao rio que confere nome à cidade. Mais tarde - e esta é a lembrança forte dessa quadra - nurm casa da rua São José, dotada de um amplo quintal "com laranjeiras e galos e cachorros", sua "pátria de infância".

Embora "filho de doutor", seus pais nunca lhe negaram a convivência amistosa e diária com os guris pobres da rua que descia para o rio. Teve sua turma de "soldado e ladrão", caçou passarinhos nos matos da periferia da cidade, jogou futebol nos "campinhos" guarnecidos por goteiras de taquara. E, em Guaíba, de início com sua tia Anita Quadros o mais tarde no grupo escolar local, fez as primeiras letras. Da época do elementar ficou-lhe fundamente marcada a estampa da professora Cruzaltina do Valle, "que sabia dos livros e do mundo".

Logo após a grande enchente de 1941, que assolou o estado todo, que engoliu toda a parte baixa da cidade de Guaiba, seu pai - então funcionário da Secretaria da Agricultura - foi designado para diretor do Campo Experimental de Sernentes, sediado próximo à localidade de Capela de Sant'Anna, no município de Caí. Foi a primeira viagem de trem do poeta - um descobrimento! -, tanto quanto a primeira mudança da família, a que se seguiram várias outras, contingenciadas pela função pública do pai. Em Capela (assim, resumidamente), o menino Apparicio completou seu curso primário com pouco mais de dez anos. Ia à escola, três quilômetros longe de casa, montado no Lambari, cavalinho mostardeiro, porte de petiço.

"Quanta carreira embrulhada
na cancha-reta da estrada
tu me fizeste ganhar!
Quanta tropa de mentira
repontei estrada afora
te cutucando com a espora nervosa do calcanhar!"
(Petiço Velho, in
Cantigas do tempo velho, 1959)

Depois de ano e meio repartindo o tempo entre os folguedos da infância e os deveres do estudo, preparou-se para o exame de admissão ao ginásio. Prestou estas provas em Novo Hamburgo, no hoje desaparecido Ginásio São Jacob, dos Irmãos Maristas, obtendo aprovação plena. Nesse educandário fez os quatro anos do então curso ginasial, recebendo o diploma em dezembro de 1946, corn apenas completados quinze anos. Em março do ano seguinte ingressaria no curso científico, no Colégio Rosário, de Porto Alegre.

Em Capela de Sant'Anna o poeta cumpriu o que chama sua "iniciação" em costumes campeiros. O estabelecimento de experimentação agrícola dirigido por seu pai, locado em três quadras de campo, era uma espécie de média estância. Além dos trabalhos agrícolas de rotina, havia um posto de remonta com um diversificado plantel de reprodutores, um plantel de vacas mansas e dezenas de cavalos para o serviço.

Desse contato com os hábitos campeiros comuns aos homens que trabalhavam no Posto de Sementes, das conversas com os peões encarregados das tarefas diárias, nasceu-lhe o gosto, que já vinha de berço (o pai era filho de estancieiro), pelos costumes mais autênticos da vida rural gaúcha. De Capela e desse tempo ficou-lhe o embrião de que surdiria mais tarde - flor agreste - a poesia de cunho regionalista.

Os quatro anos de Ginásio, como aluno interno, marcaram fundamente a formação futura de Apparicio. Deve a esse estágio o descobrimento da leitura como fonte de lazer cultural e conhecimento. José de Alencar, lembra-se, foi o primeiro clássico brasileiro que leu. Daí para o Ateneu, de Raul de Pompéia, Os sertões, de Euclides da Cunha e até mesmo as Confissões, de Santo Agostinho, foi um passo. Embora dispersas, não ordenadas nem dirigidas, essas leituras abriram ao ginasiano Apparicio uma nova dimensão do mundo - este que passava a se lhe revelar para além das janelas da sala silenciosa da biblioteca.

"Foi descobrindo aos pouquitos
mistérios que o mundo velho
não ensinara ao tropeiro
que fora o finado pai.
Por exemplo: que a estrada,
mesmo sem sol e sereno,
deve ser sempre de sonho,
sonho sempre mais além
- estrada de toda a gente,
mundo de todos, também."
(Viramundo, in Caminhos de viramundo, 1979)

São desse tempo no Ginásio seus primeiros versos, quadrinhos com espírito lírico que escrevia no intervalo dos estudos, relembrando os pais, os folguedos, a namorada, a vilinha de Capela, onde passava as férias grandes e as de inverno. Sob o olhar severo dos irmãos maristas - mestres que relembra com carinho -, o menino começava a descobrir os mistérios da criação literária - essa que o levaria, pelo tempo, à condição de um dos grandes poetas do Rio Grande do Sul, um dos poucos, por certo, que soube se dividir com igual propriedade entre o verso regionalista e o de cunho universal, ademais que em incursões exitosas pelo conto, pela novela, pelo teatro, pelos trabalhos de fundo histórico e folclórico que tem editados.

Porto Alegre, para onde foi mandado a estudar, em 1947, com menos de dezesseis anos, significou ao poeta uma abertura mais ampla para a vida. Longe da fammília, na casa de uma tia idosa que o hospedava "para os estudos", aprendeu a estudar sozinho e sozinho bastar-se. Com três meses de estada na capital passou a descobrir Porto Alegre como paisagem urbana e como fonte reveladora de suas indagações existenciais de adolescente inquieto.

Os primeiros bares, os primeiros amigos espertos, os cinemas e teatros, a vegetação e as águas do Parque Farroupilha, que o faziam recordar os matos e arroios de Capela de Sant'Anna, o cais do porto e seus grandes navios de médio calado ("Ah, esses navios de silêncio/ como peixes de ferro olhando o cais.. ' ") - isso tudo era um mundo estranho e novo que se abria à percepção de vida do menino que se fazia homem. Ficou apenas esse ano em Porto Alegre, cidade para onde voltaria anos mais tarde, já mocinho.

E de repente a mudança para a cidade de Ijuí, o abandono do Cientifico por um curso de Técnico em Contabilidade na cidade onde passara a morar com a família. Em ljuí o seu primeiro emprego - como empacotador de louças num magazine. Dessa função foi promovido, um mês após, a caixeiro de balcão e, mais adiante, a escriturário. Apparicio passava a ganhar o seu próprio dinheiro. E a comprar livros, cuja leitura não deixou nunca. Um ano após conseguia uma vaga na prefeitura da cidade para onde se transferira.

Seu primeiro trabalho, nessa nova função, foi o de numerar todas as casas da cidade a tinta negra pintada sobre formas numéricas de metal. A tarefa custou-lhe os maiores ralhos que jamais levou em sua vida, a que se somavam dentadas de cachorros que lhe atiçavam as revoltadas donas-de-casa.

Expulso com mais três colegas do Colégio Koeller - de orientação espartana e severa -, acabou o poeta, recém completado o segundo ano de Contabilidade, indispondo-se com o pai e se transferindo, com alguns cruzeiros no bolso, para Porto Alegre. De volta à capital, com dezoito anos, sentou praça no 18 Regímento de Infantaria - um dos mais duros estabelecimentos militares do Estado. Em um ano foi de soldado raso a sargento, não quis continuar na vida militar e, dando baixa, conseguiu emprego de "correspondente comercial" numa empresa de vulto, ao mesmo tempo que vaga numa pensão-república da Rua da Praia, onde passou a residir. Nesse mesmo ano, 1952, foi aprovado em exames vestibulares e ingressou no curso de Ciências Econômicas e Contábeis da PUC-RS, numa continuação lógíca - mas não ao gosto do poeta - do curso de Contabilidade em que se formara no Colégio Rosário. Seus poemas, então, passavam a ser publicados em jomais e revistas, inclusive no centro do país.

Porto Alegre e sua vida agitada se tornara pesada ao poeta. Noivo de Suzy Maciel de Araújo - com quem viria a casar-se em maio de 1954 -, o tempo tomado pelo trabalho e os estudos à noite, na faculdade, pensava em deixar a capital para casar-se e tentar a vida no interior. Soube, então, de uma vaga como contabilista num distrito rural de São Borja, a seiscentos quilômetros de Porto Alegre. No caso, um grande empório comercial situado na vila Nhu-Porã (Campo Lindo, em guarani). Pediu demissão da empresa onde trabalhava e, a dez de outubro de 1953 (dia do padroeiro de São Borja, viria a saber mais tarde), Silva Rillo descia do trem na estaçãozinha de Nhu-Porã. Com armas, bagagens e esperanças. Mais estas que aquelas.

A Casa Irmãos Pozueco fazia jus à fama que tinha nas Missões e Fronteira. Era grande compradora de lã, couros, peles ovinas e selvagens, pelegos, trigo e linhaça. Dispunha de armazém e loja por atacado e varejo, suprindo quase que inteiramente os grandes fazendeiros da regalo. Ademais, era ponto de encontro para toda a gauchada de um arredor de cinco léguas.

Na época o tipo social do gaúcho mostrava-se ainda por inteiro em suas características mais autênticas. Nos fins de semana uma centena de homens, pelos menos, vinha para Nhu-Porã, a maioria para divertir-se nos inúmeros bolichos onde encontravam a cachaça boa, a carpa para o jogo do truco e as canchas para a bocha e o jogo do osso.

Nesse meio viveu Silva Rillo durante cinco anos, em contato permanente com os tipos mais singulares de nossa vida campeira: o fazendeiro e os peões de campo; o capataz e os esquiladores de safra; o tropeiro e os domadores; o carreteiro e os contrabandistas de médio e pequeno porte; o jogador profissional e os simples "orelhadores de sota" dos comércíos de carreira.

Vivenciou o dia-a-dia dessa gente, seus hábitos e costumes; aprendeu a selecionar lã, couros e peles; escutou centenas de histórias; divertiu-se com as patacoadas dos campeiros; tornou-se aficionado da carreira de retas e do jogo de truco, em que foi hábil atirador. Em suma, adaptou-se rapidamente ao modo de vida da Nhu-Porã daquele tempo, a ponto de considerar-se "como nascido ali".

Todas essas experiências de vida marcaram-lhe fundo a sensibilidade aberta. E resultaram, a contar de poucos meses após sua chegada a Nhu-Porã, nos poemas que viriam a integrar Cantigas do tempo velho, na sua totalidade, e em outros que foram aproveitados em Viola de canto largo e Caminhos de viramundo. O Movimento Tradicionalista, eclodido em 1947, estava em ponto de ebulição e Silva Rillo, que continuava publicando seus poemas - agora no gênero regionalista - na imprensa de Porto Alegre, se alteava, ao lado de Jaime Caetano Braun e Glaucus Saraiva, como uma das grandes vozes de exaltarão à tradição, que renascia como culto.

Com o advento das grandes cooperativas de produção no município de São Borja, a contar de 1957 a Casa Irmãos Pozueco foi perdendo sua importância. Os ganhos com a função que nela exercia já não eram suficientes ao poeta, e uma tentativa comercial sua veio por águas abaixo com a proibição de exportação de couro.

Não quis Silva Rillo, entretanto, voltar a Porto Alegre. O poeta havia feito ao contrário o êxodo rural. Havia bebido água do Uruguai, São Borja o enfeitiçara com seu jeito de bugra. Em setembro de 1958 mudou-se para a sede do município.

Chegava o poeta, após cinco anos no interior rural, à cidade onde reside até hoje, a que lhe concedeu, ern 1982, no tricentenárío de sua fundação histórica, o título de Cidadão São-Borjense. Já se consorciara, então, com Suzy, e do casamento nasceram Leliana e Clarissa - essas em Nhu-Porá -, e mais tarde, em São Borja, Cláudia e Synara.

Pouco após sua transferência para a cidade a Editora Globo, em meados de 1959, lançava sua primeira obra, Cantigas do tempo velho, saudada com inusitada efusão o pela crítica especializada, ademais que com ampla recepção pública, tanto que o livro, durante várias quinzenas, foi o mais vendido na Livraria do Globo, em Porto Alegre.

Era o começo de uma carreira literária que se impôs à medida do tempo, dividida entre textos para teatro, poesia e mais adiante, a contar do lançamento de Viagem ao tempo do pai, também no campo da prosa. Neste gênero os Rapa de tacho, de 1 a 3, causos gauchescos, foram dos mais expressivos sucessos de venda no campo editorial gaúcho, somando hoje setenta mil exemplares vendidos.

O merecimento literário de Silva Rillo valeu-lhe uma cadeira na Academia Rio-Grandense de Letras, em 1981, além de um sem-número de títulos, láureas e prêmios - dentre os quais se ressalta o Prêmio Ilha de de Laytano, em 1980, conferido, segundo seu regulamento, à maís importante obra sobre assuntos do Rio Grande do Sul lançada no biênio - no caso a Já se vieram! - tradição, folclore e a atualidade da cancha-reta no RGS. editada pelo Instituto de Tradições e Folclore do Estado do Rio Grande do Sul.

A contar de 1962 - ano em que fundou, com amigos, o até hoje atuante grupo de arte Os Angüeras, de São Borja-, Silva Rillo veio se destacando como um dos mais importantes compositores-letristas do meio musical gaúcho. Autor, hoje, de cerca de cinqüenta composições em disco, com parceiros musicistas da relevância de um José Bicca, Luiz Carlos Borges, Marinho Barbará, Pedro Ortaça, Cenair Maicá, Noel Guarany e outros deste naipe, o poeta será talvez o maior vencedor de festivais de música nativista no Río Grande do Sul.

Com os Angüeras, de 1971 a 1975, recebeu expressivas colocações na Califórnia da Canção Gaúcha, em Uruguaiana. Foi o grande vencedor deste evento em 1975, com Roda-canto, musicada por Marinho Barbará, havendo a dupla, na oportunidade, recebido nada menos que cinco premiações pela mesma composição. Ainda com Barbará, foi o vencedor da Linha Campeira em 1976 e 1977, e da Linha de Manifestação Rio-grandense em 1978, na mesma Califórnia da Canção. Venceu, com Luiz Carlos Borges como parceiro, a I Ronda da Canção, em Alegrete, em 1980; a III Vindima da Canção, em Flores da Cunha, em 1982 e, mais recentemente, a V Vigília do Canto Gaúcho, 1986, em Cachoeira do Sul. Neste festival, foi igualmente o terceiro colocado, com Ribamar Machado, com composição que levou o título de a mais popular. É autor, com música de José Bicca, dos hinos oficiais dos municípios de Sã Borja e Cerro Largo, e, com Luiz Carlos Borges - seu parceiro de várias vitórias -, da composição vencedora de Uma canção para Santa Rosa, na cidade do mesmo nome. No gênero popular tem parcerias com o grande compositor Túlio Piva e, com músicas suas e de outros parceiros, venceu por várias vezes o Festival de Músicas para o Carnaval, que São Borja realiza anualmente desde 1969.

Como jurado de festivais, Silva Rillo atuou por três vezes na Califórnia da Canção, em Uruguaiana; por duas vezes no Musicanto, de Santa Rosa e na Coxilha Nativista, de Cruz Alta e, por uma vez, na Tertúlia Nativista, de Santa Maria, e na Vígllia da Canção, em Cachoeira do Sul. Além destes, integrou a Comissão Julgadora de vários outros festivais, em Santo Ângelo, Porto Ajegre (Festival do Tchê!), Caíbaté, Tucunduva, Itaqui, São Luiz Gonzaga e em São Borja, sua terra adotiva.

Como conseqüência natural desta atuação de um quarto de século no campo da música regional(especialmente), Silva Rillo é considerado, sem qualquer favor, um dos mais importantes conhecedores do gênero no Estado, participando seguidamente, a convite, de painéis e debates sobre o assunto.

Esta, a notícia biográfica de nosso antologiado que, aos 55 anos, vê selecionados seus poemas para edição de uma obra que há de significar muito para as letras rio-grandenses, Evidente que esta "notícia..." nã o se encerra. Todos ainda esperamos muito deste singular poeta gaúcho que não precisou, para salientar-se na vida literária, buscar os centros maiores, como fazem tantos. De Nhu-Porã, de São Borja - sua terra adotiva - lançou-o à admiração o aplauso do Rio Grande do Sul, cujos homens, hábitos o costumes, transitam com tanta propriedade no sentimento mágico de seus versos.

Obras

Poesia
Cantigas do tempo velho (Edit. Globo, 1959)
Viola de canto largo (Ed. Kunde, 1968)
São Borja aqui te canto (Edit. Gráfica A Notícia, 1970)
Caminhos de viramundo (Martins Livreiro Editor, 1979)
Pago vago (Martins Livreiro Editor, 1981)
Itinerário de rosa (Martins Livreiro Editor, 1983)
Doze mil rapaduras & outros poemas (Edit. Tchê, 1984)
Alma pampa (Martins Livreiro Editor, 1984)

Ficção
Viagem ao tempo do pai (contos, Martins Livreiro Editor, 1981)
Rapa de tacho (causos gauchescos, Ed. Tchê, 1982)
Rapa de tacho 2 (causos gauchescos, Ed. Tchê, 1983)
Rapa de tacho 3 (causos gauchescos, Ed. Tchê, 1984)
Dois mil dias depois (contos, Ed. Tchê, 1985)
O finado trançudo (novela, Ed. Tchê, 1985)

Folclore e História
Já se vieram! História, Tradição, Folclore e Atualidade da Cancha-Reta no RGS (Edição da Fundação Instituto Gaúcho de Tradições e Folclore, 1978)
São Borja em perguntas e respostas (Ed. Argraf, 1982)

Teatro
Domingo no bolicho (primeira montagem em 1957)
João-gaudério a João peão, vida e paixão (primeira montagem em 1970)

Fonte:
Apparicio Silva Rillo. 30 Anos de Poesia. RS: Editora Tchê, 1986.

Raul Pompéia (A Noite)


... le ciel Se ferme lentement comme une grande alcôve, Et l'homme impatient se change en bête fauve. *
C. BAUDELAIRE

Chamamos treva à noite. A noite vem do Oriente como a luz. Adiante, voam-lhe os gênios da sombra, distribuindo estrelas e pirilampos.

A noite, soberana, desce. Por estranha magia revelam-se os fantasmas de súbito. Saem as paixões más e obscenas; a hipocrisia descasca-se e aparece; levantam-se no escuro as vesgas traições, crispando os punhos ao cabo dos punhais; à sombra do bosque e nas ruas ermas, a alma perversa e a alma bestial encontram-se como amantes apalavrados; tresanda o miasma da orgia e da maldade — suja o ambiente; cada nova lâmpada que se acende, cada lâmpada que expira é um olhar torvo ou um olhar lúbrico; familiares e insolentes, dão-se as mãos o vício e o crime — dois bêbedos.

Longe daí a gemedora maternidade elabora a certeza das orgias vindouras.

E a escuridão, de pudor, cerra-se, mais intensa e mais negra. Chamamos treva à noite — a noite que nos revela a subnatureza dos homens e o espetáculo incomparável das estrelas.
––––––––––––––––
*... o céu se fecha lentamente como uma grande alcova, e o homem impaciente se transforma em fera. (Tradução por José Feldman)

Fontes:
Portal São Francisco
Imagem = Butterflyz

Elisa Meirelles (Literatura do 1º ao 5º ano: ajude os alunos a ler com autonomia)

Foto por Omar Paixão
O início do Ensino Fundamental é essencial para os alunos desenvolverem autonomia e continuarem seu percurso para se tornar leitores. Nesta etapa, o melhor é estimular a troca de livros e de opiniões sobre o que se lê

É nos anos iniciais do Ensino Fundamental que o aluno começa a construir sua autonomia como leitor. Para isso, é importante intercalar a leitura feita pelo professor com momentos em que todos devem ler sozinhos tanto na escola como em casa. Mas nada de resumos e questionários padronizados para testar os estudantes. Mais produtivo, para quem quer formar leitores, é organizar rodas para o compartilhamento de opiniões, propor trocas de livros entre os colegas e incentivá-los a seguir um autor ou um tema de que gostem.

POR QUE LER

Se os estudantes já estão habituados às rodas de leitura e têm contato com os livros, cabe ao professor do 1º ao 5º ano começar a colocá-los em contato com textos mais complexos para ampliar a familiaridade com a literatura. "Que tal selecionar um romance que prenda a atenção da turma e ler um capítulo por dia?", sugere Regina Scarpa, coordenadora pedagógica de NOVA ESCOLA. Numa fase da vida (e da escolarização) em que é preciso dar espaço para que as crianças ganhem autonomia e consigam ler sozinhas com mais facilidade, perder o medo dos livros maiores é fundamental - e o mesmo vale para os gêneros considerados mais difíceis, como a poesia.

QUEM LÊ

Além do professor, as crianças (mesmo ainda não plenamente alfabetizadas) devem ser estimuladas a ler. No contato pessoal com os livros, elas começam a desenvolver a autonomia - e isso só se faz lendo. Em classe, é possível também organizar atividades em duplas e, claro, discussões coletivas sobre as obras.

COMO LER

Do 1º ao 5º ano, é importante criar uma comunidade de leitores em classe - ou seja, espaços em que todos tenham a chance de participar e opinar. Em seus livros, Delia Lerner sugere "desenvolver, em cada ano escolar, atividades permanentes ou periódicas concebidas de tal modo que cada um dos estudantes tenha a possibilidade de ler uma história para os demais ou escolher um poema para ler aos colegas". Outra sugestão é incentivar os alunos a trocar livros e indicações de autores. Eleger um tema de interesse comum (piratas ou histórias de terror, por exemplo) e ler vários textos desse tipo também costuma funcionar.

QUANDO LER

O ideal é que a rotina diária inclua momentos de leitura em aula e que os alunos sejam incentivados a levar exemplares para ler em casa - por hobby mesmo, sem que isso vire uma tarefa obrigatória.

ONDE LER

"Não há leitor que só goste de ler num único lugar. Ele lê na cama, no sofá, no chão, na mesa do café... Por que na escola isso seria diferente?", indaga o professor de Literatura João Luís Ceccantini, da Unesp. Variar os ambientes de leitura deixa o ato de ler menos previsível. Aproveite o pátio, a grama, a sombra de uma árvore, a sala de leitura...

O QUE LER

Na hora de escolher os livros, fique atento ao conteúdo, evite obras moralistas ou politicamente incorretas e valorize a qualidade da edição (ilustrações, linguagem etc.). É importante trabalhar com textos de gêneros variados e a lista deve incluir obras clássicas e contemporâneas (confira abaixo sugestões de leitura para os anos iniciais do Ensino Fundamental).

OS ERROS MAIS COMUNS

- Transformar a leitura numa atividade entediante. Quando a literatura faz parte de uma tarefa burocrática e obrigatória, muitas crianças se afastam dela.

- Avaliar a leitura por meio de provas e resumos. Evite os questionários. Ampliar os debates sobre os textos ajuda a aumentar o envolvimento da turma.

- Ignorar os gostos de cada um. É nessa fase da escolarização que começam a se consolidar as preferências pessoais. E isso tem de ser respeitado e aproveitado.

Fonte:
Revista Nova Escola. n. 384. agosto 2010.

Laércio Beckhauser (Os Três Sapos Falantes e as Três Meninas na Lagoa Dourada)


Era uma vez três lindas meninas que passeavam à beira de um lago na fazenda, onde moravam, quando viram três sapos verdes, ao lado da lagoa dourada.

Quando os sapos se movimentavam, trocavam de cor.

O primeiro de cor vermelha, ao falar com as meninas disse que estava alegre de tê-las encontradas pois ele era um jovem político e seus dois irmãos tinham habilidades especiais.

Um era músico e outro era professor de matemática.

O músico, quando tocava instrumentos musicais ficava com a cor azul e o professor quando falava e ensinava matemática ficava amarelo.

As meninas ficaram encantadas com a história do sapo vermelho e estavam ansiosas em verem os dois outros sapinhos ficarem com a cor azul e amarela.

E o sapo vermelho continuou:

- Não tenham medo, minhas princesinhas. Na verdade nós somos jovens seres humanos que foram transformados em sapos por uma bruxa malvada.

- Coitadinhos!, Exclamaram as meninas.

A Fernanda, a irmã mais velha , perguntou:

O que posso fazer para lhe ajudar?

- Bem, falou com foz forte o sapo vermelho, se você me beijar o feitiço é quebrado e eu volto ao normal. Aí podemos casar-nos e seremos muito felizes, estamos acertados?

As outras duas irmãs, Bárbara e Pietra, foram chamar, correndo, seus pais e irmãos para verem os sapinhos na lagoa dourada.

Enquanto isto, sozinha, a Fernanda, toda contente, meteu o sapo dentro da bolsa e levou-o para casa. Mas o tempo passava e nada de beijar o sapo.

O sapo vermelho, impaciente, perguntou:

- Então Fernanda, você vai me beijar ou não?

- Nem pensar! disse a Fernanda. Primeiro, pelo motivo de eu desconfiar de estranhos e principalmente porque um sapo falante dá muito mais dinheiro do que um marido orador e contador de histórias.

Fonte:
http://www.laerciobeckhauser.com/visualizar.php?idt=1529091

Laércio Beckhauser (1949)


Laércio Fagundes Fogaça Beckhauser nasceu em 28 de janeiro de 1949, em Timbó, Santa Catarina.

Administrador de empresas formado pela ESAG - Escola Superior de Administração e Gerência de Florianópolis, Santa Catarina. Foi professor universitário nas cidades de Blumenau e Florianópolis. Empresário na cidade de Joinville desde a década de 1970.

A convite de Luís Henrique da Silveira (governador de Santa Catarina) em 1997 e 1998 foi Secretário de Turismo da cidade de Joinville e Presidente da Promotur.

Atua na atividade privada no norte de Santa Catarina. Foi coordenador da Fenachopp (Festa de Outubro de Joinville) por muitos anos.

É instrutor do COL - Clube de Oratória e Liderança de Joinville.

Cursou a faculdade de Ciências Jurídicas da FURB - Blumenau.

Pós-graduado em Administração Geral e Vendas pela UFSC.

Curso de especialização a nível de pós-graduação em Línguística e Produção de Textos pela Univille - Joinville, SC.

Militar Frequentou a Escola de Oficiais da Polícia Militar de Santa Catarina (Cadete) de 1967 a 1969) em Florianópolis, Santa Catarina.

Cursou a faculdade de Ciências Jurídicas da FURB - Blumenau.

Desde 1970, Laércio faz pesquisa genealógica dos "Beckhauser". Possui milhares de fotos de todos ramos familiares e de diversas datas. Esteve diversas vezes na Europa levantando dados na Alemanha, Itália e França e conseguiu até o Brasão da Família usado na Baviera e Itália. Na Internet conseguiu diversos dados para completar sua pesquisa genealógica.

Atualmente está terminando o site da família e irá publicar um livro com os dados e anotações mais importantes deste estudo genealógico.

Fonte:
www.wikitree.org/index.php?title=Laércio_Beckhauser

Anônimo (Pai de Todo Jeito)


Tem pai que ama,
Tem pai que esquece do amor.
Tem pai que adota,
Tem pai que abandona,
Tem pai que não sabe que é pai,
Tem filho que não sabe do pai.

Tem pai ...
Tem pai que dá amor.
Tem pai que dá presente,
Tem pai por amor,
Tem pai por acaso,
Tem pai que se preocupa com os problemas do filho,
Tem pai que não sabe dos problemas do filho...

Tem pai ...
Tem pai que ensina,
Tem pai que não tem tempo,
Tem pai que sofre com o sofrimento do filho,
Tem pai que deixa o filho esquecido.

Tem pai de todo jeito
Tem pai que encaminha o filho,
Tem pai que o deixa no caminho,
Tem pai que assume,
Tem pai que rejeita,
Tem pai que acaricia,
Tem pai que não sabe onde está o filho que precisa de carinho.
Tem pai que afaga,
Tem pai que só pensa em negócios.

Tem...
Tem pai de todo jeito.
E você???
Que tipo de pai você é?
Eu quero um pai, apenas um pai que esteja consciente do amor
que tem para dividir...
Eu quero um pai, apenas um pai que seja AMIGO!

A todos os Pais, um carinhoso abraço!

Fonte:
www.portaldafamilia.org

sábado, 7 de agosto de 2010

Jardim de Trovas


Fontes:
Colaboração de Pedro Ornellas
Montagem das trovas sobre imagem obtida no site http://omeualentejo.blogs.sapo.pt

Dinair Leite (Paranavai em trovas)


Ialmar Pio Schneider (A Maldição do Padre de Camilo Simon)

Procissão então Vila Sertão,
município de Passo Fundo - RS.
"A Maldição do Padre", o livro comovente
de Camilo Simon, que veio despertar
velhas recordações de uma época envolvente
do meu torrão natal, do meu saudoso lar !

Meus pais, irmãos e irmãs, aquela humilde gente
labutando feliz e sem se lamentar;
ó como tudo está por ora diferente
a minha vida aqui, distante do lugar !

Ludovico Redin, o pároco da vila,
andando em procissão, todo paramentado,
parecia levar existência tranquila...

Não obstante, fazer obras fundamentais:
colégio e hospital para o simples povoado,
um dia a ingratidão chegou... não o quis mais...
***
Obs.: Foi o padre que me batizou e a quem devo meu prenome de Pio por ser nome de santo naquele época necessário e em razão de ser também o nome de um seu irmão padre também Pio Redin. Conheci-o até o ano de 1953 quando foi compulsoriamente transferido da paróquia para Paulo Bento, distrito de Erexim - RS o que lhe causou muito desgosto. Havia levado um progresso para a vila mas, polêmico que era, teve perseguidores. Estudei no Colégio de Freiras que ele construiu, por sete anos, onde aprendi também datilografia. Sou-lhe grato.

Fonte:
O Autor

Mário Carabajal (Pensamentos)


1
Aqueles que mais sonham em suas épocas, oferecem as bases e diretrizes às gerações futuras.
2
O lugar que ocupas fisicamente é pequeno, porém o nosso pensamento é grande, ele se expande, pode ao mundo modificar!
3
Otimismo e repasse de conhecimento, podem ser o tudo no nada de alguém!
4
O pensamento, por mais paradoxal que pareça, é a única coisa de concreto que o homem efetivamente possui!
5
Valorizai vossos sonhos, pois deles se condensará o amor!
6
Em todo o universo e mesmo na vida em sociedade, não existe ação, somente reação.
7
Que nunca nos falte a consciência plena de que o tempo finito de uma existência, faz parte do tempo infinito de toda a essência.
8
Estar é efêmero, é passageiro. Ser é eterno, é infinito.
9
O ideal é realizarmos nossos sonhos, mas aqueles profundos, de amor e fraternidade.
10
Só conhecemos alguém, quando sentimos o seu interior.
11
Os atos, a confusão na matéria, a dúvida e incerteza, impedem-nos do contato sublime, verdadeiro e infinito, do verdadeiro Ser.
12
Os atos, nem de todo traduzem quem somos, porque viemos e nem sabemos para onde vamos.
13
Dos sonhos construímos o futuro da humanidade. Quem não sonha, não contribui.
14
Quem não acredita em um mundo melhor, certamente não o verá. Quem não busca, não encontrará.
15
A evolução da humanidade é abreviada pelas obras positivas que idealizamos e sobretudo pelas que materializamos.
16
Vençamos a nós próprios, não aos homens e ao mundo, mas nossa insignificância.
17
Esforcemo-nos para enxergar, mesmo sendo pequenos, o quanto temos para dar.
18
Os seres necessitam ser flexíveis, sem contudo curvarem-se, mas pela capacidade de acumular, resistir e suportar, conscientes que tudo haverá de passar.

Fonte:
Academia de Letras do Brasil

Mário Carabajal (1958)



Nascido em 1958, Bagé, RS. Filho de Olegário Robaina Lopes e Manuela Cacilda

Carabajal migrou para Porto Alegre aos quatro anos, acompanhando a familia.

Sua lembrança mais antiga, data dos três anos de idade, em 1961, quando frente a um microfone, auxiliado por uma cadeira, declamara uma poesia. Em dado momento, diante a um lapso de memória, rastreou na platéia a irmã que o levara, Neusa Tânia, perguntando-lhe; - como é Cãnha?

O apresentador, brincou com seu público, dizendo estar o autor estava solicitando um gole de cãnha".

Ainda em 1962, sua família migra para Porto Alegre/RS. Treinou nas escolinhas do Grêmio e posteriormente do Internacional de Porto Alegre. Disputando e vencendo campeonatos no RS. Isto, já em 1966, quando com 8 anos.

Em 1969, ano em que o homem pisava pela primeira vez na lua, após ao falecimento do pai, aos onze anos, sua mãe o coloca na escola Dom Bosco, Porto Alegre, em regime de semi-internato.

Em 1973, trabalha como secretário do Grupo Jornalístico Paulo Pimentel do Paraná. Também, como secretário das indústrias de palmito Palmazon, ambos em Porto Alegre. Empregos ofertados respectivamente por Edgar Hudson, irmão e Celso Derivi, cunhado.

Nesta mesma época, tem seu irmão Edgar Hudson, juntamente com seu cunhado Celso Derivi, presos pela DOPS, quando visitavam a uma exposição de materiais comunistas, no auditório Araújo Viana, na praça da Redenção em Porto Alegre, RS.

Entre 1969 e 1975, acompanhou Carlos Carabajal, baterista e empresário de música, em Porto Alegre, tocando bangô no conjunto The Brazilian Band Supreemes, participando na gravação de um disco pela SBACM/RS-Sociedade Brasileira de Autores e Compositores da Música Popular Brasileira.

Ainda, com o conjunto The Brazilian Band Supreemes, foram considerados em 1975, pela mídia nacional, como conjunto revelação popular gaúcha, sendo objeto de ampla publicidade pelas revistas Sétimo Céu& e Amiga.

Em 1976, aos dezessete anos, junto com o amigo Ivan Ângelo Schiavo, desloca-se para o Rio de Janeiro, para prestar exames na Brigada Paraquedista. Neste ano, ao retornar ao Rio Grande do Sul, conclui, na escola Primeiro de Maio, em Porto Alegre, seu primeiro grau, pelo sistema supletivo, 7a. e 8a. séries.

Em 1977, de volta ao Rio de Janeiro, inicia seu segundo grau em escola de Copacabana.

Em 1977 ainda, serve ao exército na Fortaleza de São João no Rio de Janeiro, desistindo da carreira militar, após haver conquistado o primeiro lugar no curso de cabo, primeiro no concurso para sargento e haver recebido bolsa do Estado Maior do Exército para cursar, em Agulhas Negras, a Escola de Preparação de Oficiais.

Durante o período em que esteve no exército, escreveu um livro, baseado nas experiências ali adquiridas.

A pedido dos Tenentes Iran e Moura, Mário Carabajal organiza a biblioteca da Fortaleza de São João, dorme, acorda, come e convive por algum tempo meio a uma infinidade de livros, título e autor, desenvolve o rigor da ordem, organização, método, áreas, assuntos, fichamentos, classificação e distribuição cronológica.

No início de 1978, desloca-se para Alegrete, onde dá continuidade ao segundo grau, sem concluí-lo, devido a seu emprego bancário Bamerindus, atual HSBC, demitindo-se para assumir a gerência de uma loja de móveis, com salário sessenta vezes maior. Imediatamente é convidado a assumir a gerência do Banco Econômico, agência Uruguaiana, declinando.

Em 1980, associa-se aos irmãos, Edgar Hudson e Carlos Reinaldo, ainda em Alegrete, no Rio Grande do Sul, assumindo a direção executiva das empresas;

Exitus, Publicidade e Promoções, empresa esta, responsável pela promoção de shows, programas de auditório, sob a administração e apresentação de Hudson, auxiliado por seu filho Marcus Vinícius, na cidade de Alegrete, no RS.


CECOB, Central de Cobranças e Participações, com sede em Alegrete, Rio Grande do Sul, e filial em Uruguaiana, Rio Grande do Sul, sob a direção geral de seu irmão Carlos, que se demitira da Gerência da Várig/Alegrete.

Em 1981 migra para Roraima, então Território, aonde conclui, pelo supletivo o segundo grau. Imediatamente, também pelo sistema supletivo Logos II, cursa o magistério, ingressando como professor nos quadros do funcionalismo público federal. Cursa ainda pelo supletivo, contabilidade e transações imobiliárias. Exercendo por alguns anos tais profissões, paralelamente ao magistério.

Em 1982, inicia o movimento pela continuidade da cultura gaúcha em Roraima, fomentando a criação do primeiro centro de tradições gaúchas na região do Apiaú, com danças gaúchas, poesias, chula e malambo. O CTG dos pagos, na região do Apiaú, contudo, não fora consolidado. Posteriormente, em 1988, ao lado de Flávio Porto da Rosa, integra-se ao movimento gaúcho em Boa Vista, juntamente com Werlei Bueno, Astrogildo Boeira. Em 1989, ao lado de Paulo Murat, consegue forças para criar a primeira invernada artística de danças gaúchas em Roraima, base sólida, alma viva das tradições gaúchas, que resultou na consolidação do CTG Nova Querência, fundido com o CTG. Sentinela de Roraima.

Em 1982, retorna a Alegrete, aonde ao lado do irmão Carlos Carabajal, escreve seu segundo livro Fonte Secreta&, desta vez, livro técnico, atendendo as necessidades da empresa dirigida pelo irmão Carlos Carabajal.

Divorcia-se da primeira esposa e retorna para Roraima, assumindo, em 1983 a direção do setor de cálculos e conferências do departamento de serviços gerais do Governo do Estado de Roraima, então dirigido, pelo Engenheiro João Cunha.

Em 1985, demite-se do Governo Federal para assumir a direção executiva de duas empresas roraimenses, uma delas, Agromac, representante New Holand e CBT.

Em 1989, quando escrevia seu terceiro livro, é convidado pelo colega de faculdade, Adail Maduro Filho, a integrar o grupo fundador da Academia Roraimense de Letras, ao lado de Nenê Macaggi, Dorval de Magalhães, Mário Linário Leal, Afonso Rodrigues, Maria Augusta, Leopoldo Neto, Antônio Poeta, Dagmar Ramalho, Ceci Lia Brasil, Petita Brasil, Rita de Cássia, Fernando Quintela, Célio Fonseca, Cícero Ferreira, Laucides Oliveira. Neste mesmo ano, falece seu irmão, Edgar Hudson Carabajal Lopes, em Alegrete/RS, escritor, jornalista e radialista, o qual influenciou decisivamente o autor em filosofia.

Em 1991 licencia-se em Educação Física pela Uiversidade Federal do Amazonas.

Em 1992 inicia pós-graduação, cursando especialização em metodologia da pesquisa científica pela UFRR. Escreve seus ensaios de tese de doutorado em Cinesiologia Aplicada.

Em 1992 é convidado pelo Professor Geraldo Antunes Maciel, da Universidade do Amazonas, a assumir a consultoria do Ministério da Saúde em Roraima, também, da UNICAMP/SP.

Em 1993, é convidado, a dirigir os trabalhos de implantação da coordenação de tecnologia educacional do já Estado de Roraima. Como coordenador de tecnologia educacional, manteve em Brasília, contatos com diversos Ministros, aproveitando as suas viagens para levar o nome da Academia de Letras de Roraima até a Embaixada da França. Faz amizade com Jean Pierr La Fosse, Conselheiro de Cooperação Científica e Cultural da França no Brasil, recebendo registro como pesquisador junto a France World.

Ainda em 1993, conhece em Brasília, o sociólogo, escritor, desembargador e ex-prefeito de Belém, professor, Carlos Lucas de Souza, autor da obra imortal O Raiar de um novo mundo&, escritor este, que em 1996, viria a ser indicado como Patrono do Conselho Nacional das Academias de Letras do Brasil.

Ainda em 1994, conversa com Josué Montello, então Presidente da Academia Brasileira de Letras, discutindo as bases de implantação do CONALB - Conselho Nacional das Academias de Letras do Brasil.

Em 1995, lança as bases das Academias Escolares de Letras para o Brasil, através das secretarias estaduais de educação. Ainda em 1995, inicia o movimento à criação da Academia Alegretense de Letras, no RS. Neste mesmo ano, consegue montar a diretoria pró-tempori do Conselho Nacional das Academias de Letras do Brasil, contando na diretoria, com; Josué Montello, da Academia Brasileira de Letras; Miguel Jaques Trindade, da Academia Riograndense de Letras; José Mendonça Telles, da Academia Goiana de Letras; João de Scantimburgo, da Academia Paulista de Letras; Tobias Pinheiro, pela Academia Carioca de Letras e Federação das Academias de Letras do Brasil; Olga de Britto, pela Academia Feminina Paulistana de Letras.

Em 1996, aconselhado por Jan Pierr La Fosse, conversa com o Presidente Fernando Henrique Cardoso, sobre a instalação das Academias Escolares de Letras no Brasil, o qual oferece a estrutura do Ministério da Cultura para a difusão implementatória.

Seguindo a Henrique Arthur de Souza, assume a Vice-Presidência da ONG Mundial PV-Planeta Verde, lançando em Brasília, as bases de campanha mundial, voltada para erradicação da fome no mundo.

Em 1999, forma-se em Psicanálise Clínica pela Escola Superior de Psicanálise Clínica do Rio de Janeiro, conveniada com as Universidades; De Los Pueblos de Europa - Málaga, Espana, e Iowa; EUA. Especialização esta, que vinha cursando desde 1997. Imediatamente ao concluir, dá início ao curso de Mestrado, pelas mesma instituição de sua formação em Psicanálise Clínica. Seu mestrado, versa sobre a Técnica e a prática da Psicanálise Clínica.

Neste mesmo ano, escreve o livro; Psicanálise Clínica, contendo sua tese sobre a Psicomaturação da Consciência Humana, - o que na realidade, posteriormente, transforma-se em tese de pós-doutorado; onde são identificados dez grandes redes sinápticas (elevado para onze) e quarenta e quatro (elevados para quarenta e seis) estágios intermediários observáveis de comportamentos no ser. Neste livro, oferece também, uma sistemática científica à origem do pensamento, perfazendo um elo entre a energia resultante do choque entre prótons e elétrons do átomo de Hidrogênio, que resulta em Hélio, energia nuclear, e a química vegetal, que após ser processada, é, na eletroquímica humana, transformada em energia cósmica transcodificada: - Pensamento&.

Suas pesquisas e Ensaios de Teses de Doutorado ganham a Europa. Em 1999, foram reconhecidas pelo Departamento de Antropologia Social, sob a direção do Professor Hector Luis De Moraes Olmos, da Universidad de Castilla, Cuenca, España, entrando em processo de difusão na cultura hispaña.

Em 2000, inscreve-se no Conselho Federal de Psicanálise Clinica do Brasil, defende Dissertação sobre a Técnica e Prática da Psicanálise Clínica, curso que vinha desenvolvendo, paralelamente a especialização - recebendo o título de mestre pelo convênio entre a ESPC/RJ e as universidades espanhola e americana, as mesmas de sua formação. Sua Dissertação de mestrado é adotada na formação de Psicanalistas no Brasil.

Em 2000, publica treze livros:
- Técnica e Prática da Psicanálise Clínica;
- Técnica para Analisar Resistências;
- Evolução Psicomaturacional da Consciência Humana;
- Psicanálise Clinica Instrumental;
- Dicionário de Psicanálise;
- Passeio Cultural pelo Globo Terrestre;
- Educação Ativa;
- Fenômenos Terapêuticos;
- Terceiro Milênio;
- Quatro Grandes Temas Educacionais;
- Medicina Psicossomática;
- Fim da Castidade ou da Humanidade;
- Vidas Eternas.

Para facilitar o movimento nacional, em 01 de janeiro de 2001, funda a Academia de Letras do Brasil. Escritores em todos os Estados são eleitos e diplomados Membros da ALB, passando a fomentar, em seus municípios, a formação de células da ALB, facilitando o objetivo de reunir todos os escritores do Brasil em torno de Academias.

Fonte:
Revista Zap. ANO VII - São Paulo - Sábado, 7 de Agosto de 2010
Publicação de Elizabeth Misciasci

Prof. Pasquale (Erros de Português)


No popular se diz: 'Esse menino não pára quieto, parece que tem bicho carpinteiro'

"Minha grande dúvida na infância... Mas que bicho é esse que é carpinteiro, um bicho pode ser carpinteiro???"

Correto: 'Esse menino não pára quieto, parece que tem bicho no corpo inteiro'

"Tá aí a resposta para meu dilema de infância!" EU NÃO SABIA. E VOCÊ?

Batatinha quando nasce, esparrama pelo chão.'

Enquanto o correto é: ' Batatinha quando nasce, espalha a rama pelo chão.'

"Se a batata é uma raiz, ou seja, nasce enterrada, como ela se esparrama pelo chão se ela está embaixo dele?"

'Cor de burro quando foge.'

O correto é: 'Corro de burro quando foge!'"Esse foi o pior de todos!
Burro muda de cor quando foge??? Qual cor ele fica??? Porque ele muda de cor???"

Outro que no popular todo mundo erra:'Quem tem boca vai a Roma.'
"Bom, esse eu entendia, de um modo errado, mas entendia! Pensava que quem sabia se comunicar ia a qualquer lugar!"

O correto é: 'Quem tem boca vaia Roma.' (isso mesmo, do verbo vaiar).

Outro que todo mundo diz errado,
'Cuspido e escarrado' - quando alguém quer dizer que é muito parecido com outra pessoa.

O correto é: 'Esculpido em Carrara.' (Carrara é um tipo de mármore)

Mais um famoso.... 'Quem não tem cão, caça com gato.'

"Entendia também, errado, mas entendia! Se não tem o cão para ajudar na caça o gato ajuda! Tudo bem que o gato só faz o que quer, mas vai que o bicho tá de bom humor!"

O correto é:'Quem não tem cão, caça como gato.... ou seja, sozinho!'

Pedro César Batista (Poemas ao Anoitecer)


CANDEEIRO DO TEMPO

Olhos cerrados não veem a manhã
Sustentam-se na escuridão do medo e do passado
Bocas enganam ouvidos
Alegram fantasmas que submergem em mentes
Bailam em cantos iludidos com o brilho das luzes
Voos arrastam almas em frágeis desejos supérfluos
Ouvidos se animam ao tilintar de 30 moedas
Falam em suas crenças
Cantam desilusões e dores
Nada crêem no amor e em Iris brilhantes
Acham que todos os olhares são cinzentos
Todos os abraços falsos
A manhã se suicida com medo do dia
Prefere a escuridão da solidão do poder
Desiste de receber a luz das flores e dos pássaros
O dia se vai
Nem noite vem
Deixa-se inebriar no tempo de dor
Onde estou que ainda sonho
Preciso acordar e voar ao infinito
Retirar as folhas que abafam meu canto
Pássaros não alimentam mais sonhos
A dor de quem não sonha
Passos sobrevoa oceanos
Desejam ser brilho nessa escuridão

MINHA JANELA

Foi muito rápido
logo as folhas verdes voltaram
suas flores roxas se foram
deixaram a saudade
das poucas palavras que trocamos
poucas vezes ela falou
todo tempo me encantando
enquanto da janela
continuava lhe mirando
junto ao luar
ou na manhã ensolarada de domingo
enquanto ouvia Bob Dylan

CONTROLE REMOTO

Passos rumos ao sol,
Molham-se em lágrimas às escuras
Diante de pedras caminhantes
Fugindo do calor
Tão frias que se tornaram.

Olhares que não vêem,
Observam o lado,
Nem parece sexta-feira,
Os tamborins ainda tocam
Espalhando fagulhas na escuridão.

Mãos estão trêmulas
Abraços desapertados
Frouxos não levantam vôo,
Rastejam na esplanada.

Gritos são sufocados,
Aparelhos de TV dominam,
Medos despontam
De controles remotos
Em cabeças, mentes e corações.

O sol quer ver flores,
Flutuar a beira-mar
Em corpos sepultados
Para semear manhãs.

Passos encharcados na escuridão
Brilham contra o vento,
Querem o tempo que não quer chegar
Risos nascendo em flores pelas avenidas.

POUSO NOTURNO

A noite é uma fornalha,
O sangue fervilha em busca do mar,
Que me chama em movimentos
Universais de flores, rochas e ventania.

Quem não me quer?
Quem não ouve meus reclamos?
Quem me deixa sozinho à beira da estrada?

Meus passos travam pesados como planetas,
Circulam em universos sem deixar lágrimas borbulharem
na luz cósmica transformada em semente de alegria.

Tropeçar faz animar as nuvens em seu vôo,
As águas ficam mais puras e ensaguinoladas
Repletas de gritos de êxtase sufocados.

As estrelas pululam nas entranhas da floresta,
Vagalumes festejam o breu da existência
Cheia de cantos, desencantos e encantos.

A noite chamusca a dor do abandono,
Da descrença e das sementes murchas
Em crianças vendidas em bordéis na esplanada.

O sangue precisa navegar,
Voar alto,
Ser gaivota
Pousando na areia.

CHAMADO

Quem me chama?
Sou um ser humano?
Não moro sob marquises,
nem sou o bicho de Bandeira.
Quem sou?
Ouço o canto dos pássaros,
alimento a vida dos príncipes,
moro como um general.
Quem sou?
Tenho minhas crias felizes,
tenho um amor,
tenho sonhos.
Quem sou?
Não desejo ouro,
nem pastores ou padres,
nem castelos,
nem ações na bolsa.
Canto o vento que me escuta,
as flores que me encantam,
as luzes que brilham.
Quem me chama?
Não desejo esse tempo,
com sabedores de tudo,
dos caminhos
das alquimias da felicidade,
dos conhecimentos científicos,
sem pés no chão nem amor.
Quero um abraço,
um sorriso de uma flor,
um canto de uma onda no mar,
chamando-me para ir ao seu encontro.
Se lá ficarei não sei.
Quero saber onde estou,
onde pousarei de meus passos
combatendo a fome,
as mentiras,
as dores,
os exploradores,
saqueadores de almas livres.
Não quero o lucro,
nem o mercado,
nem o cercado do consumo.
Quero voar ao infinito.
Quero companhia nas noites frias,
onde os estômagos não reclamem
da falta de alimentos,
saboreando a plena existência,
nem precisa ser humana,
mas viva como todos os seres.
Quero saber onde estou?
Meu tempo finda,
não resiste ao chamado do mar.

Fonte:
http://pedrocesarbatista.blogspot.com/

Pedro César Batista (Lançamento do Livro de Poemas “Candeeiro do Tempo”)


Candeeiro do tempo – é uma coletânea de poemas dividida em três tempos, cada um representando uma década. Fala das utopias que ainda existem para o autor. Sonhos que marcaram sua caminhada da adolescência aos dias atuais na busca de um mundo melhor, usando como principal arma a palavra escrita, tornando a poesia combustível para animar a alma e a esperança.

O livro é uma síntese do trabalho poético de Pedro César Batista. Começou a publicar ainda na geração que ficou conhecida como do mimeógrafo, no final da década de 1970, quando residia em Brasília. Na abertura de seu primeiro livro Tudo tem, no poema “Gritemos”, escreve: “O poder tem os canhões. Nós temos o grito”. Um garoto que declamava seus versos em defesa da liberdade e contra a tortura dos militares que insistiam em ficar no poder.

Vieram outros títulos com poemas, biografias e um romance. Seus poemas sempre usaram a metáfora para falar da utopia por uma sociedade mais justa, fraterna e solidária. Poesia e prosa comprometidas com a vida.

Em Candeeiro do tempo – Poemas volta a mostrar sua veia poética, com poemas como “Iluminado”: “Toda luz vem do céu/ da boca aberta, faminta / por sonhos e beijos”, destacado pelo prefaciador como “pensa e age o poeta cidadão”.

Na apresentação de seu novo livro, Pedro César Batista escreve que Candeeiro do tempo – Poemas são “três partes que desnudo, mostrando-me, assim, fatiado, apesar de tentar ser inteiro na direção” que vem trilhando com seus livros e em sua vida. Na primeira parte do livro, em Tempos áridos, tem poemas escritos até 1989. Tempo de Germinar, a segunda, poemas elaborados até 2003 e em Sementes do amanha, poemas escritos na década que atual. Em Manhas de domingo de abril retrata Brasília, onde “muitos seguem no asfalto do eixão, passando sobre as marcas bem definidas das freiadas bruscas e desesperadas antes dos pardais”. Em Cetro do Rei escreve que “a frieza toma conta dessa humanidade, que disso nada tem, somente deseja o cetro do rei”. “Não quero o lucro, nem o mercado, nem o cercado do consumo”, desabafa em Chamado.

Candeeiro do tempo – Poemas é prefaciado pelo jornalista Guido Heleno, com capa e ilustração de Léo Pimental.

O autor é jornalista, escritor e poeta, pauta sua carreira em temas sociais, políticos e em questões relacionadas aos Direitos Humanos. Candeeiro do tempo – Poemas é seu 14º livro.

Publicou ainda
Tudo tem – poemas (1979),
E ai – poemas (1980),
Poesia Matutaí – poemas (1982),
Letras Livres – poemas (1982),
Coração de Boi – poemas (1983),
Sonhos reais – poemas (1997) e
63 poemas de amor para uma flor dos pampas no cerrado (2004).

Participou das coletâneas
Revoada de poetas em Ilhéus (1980) e
Enluadonovo (1983).

Em 1991 escreveu Conivência e Impunidade (CEPE);
em 2004, Gilson Menezes, o operário prefeito e ,
em 2008, João Batista, mártir da luta pela reforma agrária.
Em 2006 lançou o romance Marcha interrompida.

Sua atividade profissional tem sido assessorar os movimentos sociais. Integra a Organização Não Governamental Movimento de Olho na Justiça.

Serviço:
Candeeiro do tempo – Poemas – 115 páginas
Verbis Editora – Brasília – DF

Contatos e pedidos:
Pedro Batista (61) 9162 6682 - pcbatis@gmail.com

Fonte:
Poetas del Mundo

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Paulo Leminski (Pareça e Desapareça)


Parece que foi ontem.
Tudo parecia alguma coisa.
O dia parecia noite.
E o vinho parecia rosas.
Até parecia mentira,
tudo parecia alguma coisa.
O tempo parecia pouco,
e a gente se parecia muito.
A dor, sobretudo,
parecia prazer.
Parecer era tudo
que as coisas sabiam fazer.
O próximo, eu mesmo.
Tão fácil ser semelhante,
quando eu tinha um espelho
pra me servir de exemplo.
Mas vice versa e vide a vida.
Nada se parece com nada.
A fita não coincide
Com a tragédia encenada.
Parece que foi ontem.
O resto, as próprias coisas contem.

Antonio Manoel Abreu Sardenberg (Travessia)


Peguei o rumo da estrada
Marcando firme o compasso
E fui buscar meu espaço
No romper da madrugada.

Atravessei as cancelas,
Saltei valas e valões,
Abri portas e janelas,
Penetrei pelas favelas,
Andei muitos quarteirões.

Busquei fé e esperança,
Dividi o pão que tinha,
Rezei muitas ladainhas,
Pedi a DEUS proteção...
Dei o abraço apertado
No meu tão sofrido irmão!

Passei fome, senti sede,
Pisei em pedras e espinhos,
Nunca fugi dos caminhos
Que pela vida encontrei
Pois quem foge é covarde
E eu nunca me acovardei.

Fui em busca de um amor,
Movido pela paixão.
Machuquei meu coração,
Que tanto tinha pra dar,
Mas fingi não sentir dor
Conjugando o verbo amar.

Fonte:
Colaboração do Poeta

Moreira Campos (As Vozes do Morto)


É possível acreditar nas vozes do morto. Elas devem estar em tudo. Na maneira simplória de Seu Damião, na sua aquiescência, nos seus monólogos e no seu próprio declínio. Ele emagrece sob o enorme paletó caqui. Urina no quintal da sapataria e as formigas miúdas, infinidade delas, vêm sugar o açúcar nas bordas do líquido. Seu Damião toma regularmente uma pílula e bebe água no copo de madeira medicinal, que guarda na prateleira por trás das caixas de sapatos. Mas perde peso: a pele do rosto se desprega a papada. Dança dentro da roupa. Dança todo, por sestros também, que ele é simplório. Leva sempre as mãos à cabeça, escusando-se. Ou melhor, não sabe onde pôr as mãos grandes. Põe-nas na cabeça redonda (cabelo cortado à escovinha) ou as esfrega uma na outra. Parece traduzir nos seus trejeitos um permanente pedido de desculpas por tudo que fez e pelo que não fez. Perdão até de se ter casado com Dona Leonor, que, novinha (e não agora, aquela máscara de pó), não era para se ter dado a ele, um sapateiro de origem, impregnado pelo cheiro da sola, os dedos curtos e chatos grudados de verniz. Dona Leonor estudou em colégio de freiras, segundo ela mesma diz, sem propósito de diminuir o marido. Apenas uma alusão saudosa a outra época:

– A meninice da gente.

Somente isso, com os olhos grandes calmamente perdidos na distância. Ainda hoje experimenta o velho piano na sala, encimado pela toalhinha e pelo jarro de flores artificiais, onde já dormitam moscas, quietas, e reclama os seus dedos:

– Já não são os mesmos!

Tem um riso brando na máscara branca do rosto e tem também na sala de casa uns quadros seus, estudos a óleo natureza morta e um pôr de sol. Vem daí certamente, senão uma inibição, pelo menos aquela dúvida de Seu Damião diante da mulher. O jeito seu de, em presença de visitas ou pessoas mais importantes (como se não coubesse entre elas), não externar idéia de maior responsabilidade sem antes consultar Dona Leonor por cima dos seus óculos grossos de míope. Como que teme dizer inconveniência ou mesmo disparate, ele tão grosso! Mas Dona Leonor aprova. Então ele leva as mãos repetidamente à cabeça, olhando para o chão ou para os pés:

– Pois muito bem! Muito bem!

Ainda um dia desses, ao receber o casal inesperadamente ali na calçada, à noite, a visita de Dona Cristina, da casa em frente e mulher de Dr. Mário, que vinha para uma palavrinha ligeira (indagar se na sapataria tinha certo tipo de sandália), Seu Damião foi até precipitado. Procurou as chinelas debaixo da cadeira de vime, quase espatifando os óculos. Finalmente calçou um dos pés, e o mais que pôde foi proteger-se por trás da cadeira. E isso tudo porque estava de pijama, assim íntimo! Pedia desculpas, cobria-se e ainda tapava a braguilha com a mão sem necessidade:

– Ora!

– Está em casa, Seu Damião!

– Ora!

E por isso mesmo, e por muitas coisas mais, não se pode a rigor conciliar Seu Damião com a morte do outro. Mas o fato é conhecido e ainda murmurado, apesar do tempo:

– Seu Damião já matou um.

– Sei.

– Por causa da mulher.

– Sei.

Evidentemente um desastre, que teve de fechar sua casa de negócio em Belém do Pará, sapataria de luxo, vindo para aqui, onde reabriu oficina modesta, mas limpa, pegada à sua casa: o bom arranjo das prateleiras, a cortina de gorgorão vermelho na porta do centro do escritório. E ali no balcão Seu Damião recebe a freguesia, surpreendido sempre por cima dos óculos grossos:

– Ah!

Dona Leonor, empoada, funciona na registradora:

– O troco, minha filha.

É delicada.

Possível sem dúvida acreditar nas vozes do morto. Estarão presentes sobretudo nos monólogos de Seu Damião. Os trejeitos, o tique nervoso dos olhos, ajeitando os óculos, os repetidos gemidos, dar de ombros ou a rabiçaca brusca do pescoço. Particularmente enquanto toma a sua pílula. É como se conversasse com o próprio vidro de remédio:

– Ahn... ahn!

Essas vozes, para no fim admitir-se também a inutilidade de tudo, Dona Leonor continuou a ter amante. Uma preferência por rapazes, quando mais nova. Mas chegou a aceitar o chofer do ônibus, que faz ponto na esquina sob o grande tamarindo. Esse tinha bigode caprichado e usava costeletas. Escorava-se no tronco do tamarindo, em conversa com outros, os condutores. Dilatava tempo de partida. Dona Leonor, disfarçada, mãos para trás, vinha até a porta da sapataria, num toque leve do cabelo curto. Olhares, Uma ordem qualquer que ela repentinamente quase gritava lá para dentro, para as oficinas, sem muita convicção, talvez apenas para se fazer mais presente. O das costeletas acendia mais um cigarro. Movimentos, todos esses, que eram vigiados por Mercedes, a solteirona da casa próxima. Vigiava-os pela banda de janela, e logo mais estabanadamente largava-se por dentro de casa, cantarolante e arrastando as chinelas:

– Ai, ai, meu Deus!

E depois do chofer, fugaz, veio este de agora, como que definitivo e já aceito pela vizinhança, Alfredo. Faz às vezes de gerente na sapataria. Dá ordem aos empregados. Unhas polidas, poupado de esforços. Será decerto ainda o substituto de Seu Damião no negócio, Dona Leonor muito ciosa dele, de sua saúde, do seu bem-estar, o que por vexes o aborrece:

– Ora, Leonor!

Isso, quando Seu Damião não está, ainda que, por cautela, olhe para os lados. Enfarado. Há de explorá-la: terá exigências, requintes. São sempre vistos os dois em tarde de sábado vindo no mesmo ônibus e na mesma poltrona, descem na esquina e voltam a brigar surdamente, Então os olhos grandes de Dona Leonor parecem aflitos.

– Vem cá, rapaz.

Ele dá de ombros:

– Não, não! Depois.

E larga-se, ela vem para casa trepada nos seus sapatos de salto alto, já pesada de passo, como se pisasse em ovos. A bolsa pendente do braço, a máscara de pó, os cabelos curtos de acaju, hoje mais amarelados. Cumprimenta grave, uma das vizinhas:

– Boa tarde.

– Boa tarde.

Mercedes, a solteirona da casa próxima, fecha devagar a banda de janela. E logo mais será noite, e com ela o isolamento e a decadência de Seu Damião, ao balanço lento de sua cadeira de vime na calçada. Urinou no quintal da sapataria, e as formigas miúdas, infinidade delas, vieram sugar o açúcar do líquido. Há de ter tomado também a sua pílula com regularidade. Põe água de molho no seu copo medicinal, que guarda na prateleira atrás das caixas de sapatos. E agora está ali na sua calçada, só, sozinho, sob o beiral baixo da casa. Dá repentinamente de ombros, ajeita os óculos e solta golpe brusco do pescoço:

– Ahn...ahn!

Possivelmente afugenta o morto e aceita a inutilidade de tudo. No mais, a rua é calma e mosquitos voejam em torno da lâmpada triste no poste da esquina, que ontem choveu.

Fontes:
http://universomoreiracampos.blogspot.com/2010/08/as-vozes-do-morto.html
Imagem = http://etablissements.ac-amiens.fr/

Moreira Campos (1914 – 1994)


José Maria Moreira Campos (Senador Pompeu, 1914 – Fortaleza, 1994)) ingressou na Faculdade de Direito do Ceará, bacharelando-se em 1946.

Em 1924 a família, após andanças pelo interior do Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte, por ser o pai construtor de estradas, fixa-se em Lavras da Mangabeira. Em 1930, passando por sérias dificuldades, mudam-se para Fortaleza. Em 30 de outubro, falece em Quixadá o pai do escritor, Francisco José Gonçalves Campos, aos 47 anos. Em abril de 1932, falece Adélia Moreira Campos, mãe do escritor, aos 47 anos.

Em 14 de dezembro de 1937, casa-se com Maria José Alcides Campos. Deste casamento, nascem três filhos: Natércia, Marisa e Cid.

Em 1943 dá-se a fundação do Grupo Clã. Em 1946 é bacharelado em Direito pela Universidade Federal do Ceará.

Publica em 1949 Vidas Marginais.

No ano de 1957 sai Portas Fechadas.

Em 1958 recebe o Prêmio Artur de Azevedo, do Instituto Nacional do livro.

Em 1962 ingressa na Academia Cearense de Letras.

No ano seguinte, lança As Vozes do Morto. Em 1965 torna-se catedrático de Literatura Portuguesa do curso de Letras Vernáculas da Universidade Federal do Ceará.

Licenciou-se em Letras Neolatinas em 1967, na antiga Faculdade Católica de Filosofia do Ceará.

Exerceu o magistério na Universidade Federal do Ceará, Curso de Letras, como titular de Literatura Portuguesa. Integrante do Grupo Clã.

Em 1969 é publicado O Puxador de Terço.

Nos anos de 1970-1971 é chefe do Departamento de Letras Vernáculas, membro do Conselho Departamental da mesma unidade. Decano do Centro de Humanidades da UFC.

Em 1971 publica Contos Escolhidos, nos anos de 1973-1979 é escolhido Pró-reitor de Graduação da UFC.

Em 1976 publica Momentos.

Ingressa na Academia Cearense da Língua Portuguesa no ano de 1977 e recebe no mesmo ano a Comenda Senador Fernandes Távora da Secretaria de Cultura do Estado do Ceará.

No ano de 1978 publica Os 12 Parafusos.

No ano de 1981, sai os 10 Contos Escolhidos.

Seus Contos Escolhidos tiveram três edições, Contos foram editados em 1978 e Contos – Obra Completa se publicaram, em dois volumes, em 1996, pela Editora Maltese, São Paulo, com organização de Natércia Campos. Tem também um livro de poemas, Momentos (1976).

Ingressa na Academia Cearense da Língua Portuguesa no ano de 1977 e recebe no mesmo ano a Comenda Senador Fernandes Távora da Secretaria de Cultura do Estado do Ceará.

No ano de 1978 publica Os 12 Parafusos. No ano de 1981, sai os 10 Contos Escolhidos.

Em 1985 lança A Grande mosca no copo de leite.

Em 1987, Dizem que os cães vêem coisas.

Em dois de dezembro de 1992, recebe o título de professor emérito da Universidade Federal do Ceará.

No ano de 1993, no dia cinco de novembro, é agraciado com a Medalha da Abolição, a maior comenda concedida pelo governo do Estado do Ceará e recebe a placa de Honra ao Mérito da prefeitura Municipal de Fortaleza.

Falece aos 80 anos.

Em agosto, é instituída a Comenda “Moreira Campos” em Senador Pompeu, sua terra natal a ser entregue anualmente a três pessoas de destaque no município. os Encontros Literários do Departamento de Letras da UFC passam a se denominar “Moreira Campos”. É descerrada uma placa com o seu nome na sala dos professores do curso de Letras. Em novembro, é inaugurada a Sala Literária “Moreira Campos” no Palácio da Cultura.

Participou de diversas antologias nacionais. Algumas de suas peças ficcionais foram traduzidas para o inglês, o francês, o italiano, o espanhol, o alemão.

Sua obra está estudada em importantes livros, como o de José Lemos Monteiro, intitulado O Discurso Literário de Moreira Campos, o de Batista de Lima, Moreira Campos: A Escritura da Ordem e da Desordem, e outros mais abrangentes, como Situações da Ficção Brasileira, de Fausto Cunha; 22 Diálogos Sobre o Conto Brasileiro Atual, de Temístocles Linhares; e A Força da Ficção, de Hélio Pólvora. Em jornais e revistas se estamparam quase uma centena de artigos e ensaios sobre os seus livros.

Fonte:
Colaboração de Nilto Maciel.

Ubiratã vai participar do Projeto Viva Leitura



Em solenidade realizada na última quarta-feira, dia 16, em Campo Mourão, foi lançado o Projeto Viva Leitura, que vai envolver os municípios da Comcam – Comunidade dos Municípios da Região de Campo Mourão.

O município de Ubiratã esteve presente, através do prefeito Fábio D´Alécio e da Secretária de Educação Jane Pessoa. Ubiratã está incluído no projeto que vai proporcionar uma série de atividades, sempre visando um maior acesso aos bens culturais, através da leitura e outros eventos.

O projeto é realizado pela Regional 11 de Cultura em parceria com a Comcam – Comunidade dos Municípios da Região de Campo Mourão, com recursos viabilizados Governo Federal, através do Ministério da Cultura, contando ainda com contrapartida do Município de Campo Mourão (Fundacam).

O deputado federal Ângelo Vanhoni e o diretor de Programas Integrados da Secretaria de Articulação Institucional do Ministério da Cultura, Vinicius Cavalcante Palmeira, participaram da solenidade de assinatura do convênio, juntamente com o prefeito de Campo Mourão Nelson Tureck e do vice-presidente da Comcam, Fábio D`Alécio, que representou a entidade.

A coordenadora da Regional 11 de Cultura e secretária especial de Cultura de Campo Mourão, Sônia Singer, explicou sobre todas as etapas do projeto em que serão investidos R$ 420 mil, sendo R$ 336 mil do Ministério da Cultura e outros R$ 84 mil como contrapartida do município, parte em serviços.

Na ocasião o prefeito Fábio D´Alécio, que representou a Comcam, enalteceu o projeto que buscará resultados culturais incentivando a leitura em todos os municípios da região. Ele destacou a importância da parceria com os municípios, enquanto que Palmeira, o representante do Ministério da Cultura falou da melhoria da sociedade com atividades de leitura.

Também participaram da solenidade, a vice-prefeita de Campo Mourão, Regina Dubay; os prefeitos Osvaldo Changai (Quarto Centenário); João Pietrowski (Prefeito em exercício de Boa Esperança); vice-prefeitos Renato Toaldo (Araruna), Oscar Hayatawa (Altamira do Paraná) e Márcia Matozo (Mamborê), vereadores Ademir Franco de Lima, José Pochapski e Edoel Rocha; presidente da Adama, Luciane D´Alécio; diretora geral da Fundacam, Marlei Formentini e diretora da Secretaria de Cultura, Elza Paulino de Moraes; rainha da 20º Festa Nacional do Carneiro no Buraco Mariana Hernandes.

Fonte:
Jornal O Vale do Piquiri

Antonio Augusto de Assis (Luolhar)


Duas luas
viu Ismália
na noite em que enlouqueceu:
“viu uma lua no céu,
viu outra lua no mar”.

Bem mais louco,
vejo três,
quando me ponho a cismar:
a terceira é a que flutua
tentadoramente nua
na noite do teu olhar

Imagem obtida em http://mel-poemasepoesia.blogspot.com

Elisa Meirelles (Literatura na Educação Infantil: para começar, muitos livros)


Garantir o contato com as obras e apresentar diversos gêneros às crianças pequenas é a principal função dos professores de creche e pré-escola para desenvolver os comportamentos leitores e o gosto pela literatura desde cedo

Todos os especialistas concordam que, num país como o Brasil, a escola tem um papel fundamental para garantir o contato com livros desde a primeira infância: manusear as obras, encantar-se com as ilustrações e começar a descobrir o mundo das letras. É nas salas de Educação Infantil que você, professor, deve apresentar os diversos gêneros à turma. Nessa fase, o que importa é deixar-se levar pelas histórias sem nenhuma preocupação em "ensinar literatura". Ler para os pequenos e comentar a obra com eles é fundamental para começar a desenvolver os chamados comportamentos leitores.

POR QUE LER

Mesmo antes de aprender a ler, as crianças devem ser colocadas em contato com a literatura. Ao ver um adulto lendo, ao ouvir uma história contada por ele, ao observar as rimas (num poema ou numa música), os pequenos começam a se interessar pelo mundo das palavras. É o primeiro passo para se tornarem leitores literários - percurso que vai se estender até o fim do Ensino Fundamental.

QUEM LÊ

Como a maioria das crianças de creche e pré-escola não é alfabetizada, a leitura deve ser feita pelo professor. Mas é essencial deixar que todos manipulem os exemplares. Incentive-os a folhear as páginas, observar as imagens e os textos e levar as obras para casa.

COMO LER

Existem dois modelos básicos: o contato pessoal da criança com o livro, como foi explicado acima, e a roda de leitura, em que o professor lê para toda a turma. Nesse caso, é preciso sempre planejar a atividade, da escolha do texto às formas de interação. "A apresentação, a seleção e a preparação prévias, os motivos explicitados, a consideração do leitor, o incentivo aos comentários posteriores e o clima criado devem ser intencionais, e não obras do acaso", explica Virgínia Gastaldi, formadora do Instituto Avisalá, em São Paulo, no texto Quem Conhece Pode Escolher Melhor. Da mesma forma, o momento da leitura exige postura adequada, entonação de voz e uso correto das ilustrações para ajudar a conduzir a narrativa. No fim, é muito importante coletar as impressões da garotada, o que pode ser feito com perguntas simples: de qual parte da história cada um mais gostou (e por quê), o que chamou mais a atenção em cada personagem, qual ponto provocou mais alegria (ou medo, preocupação etc.). Esse momento de pensar sobre o que foi lido e expressar opiniões é um comportamento típico de quem gosta de ler - e vale para toda a vida. E não se esqueça de que essas opiniões podem (e costumam) ser diferentes. Essa troca também é boa para estimular os pequenos a aprender a ouvir o que os outros têm a dizer.

QUANDO LER

Já é amplamente sabido que a leitura deve ser uma atividade diária na Educação Infantil. Mas nunca é demais lembrar que as crianças pequenas não têm paciência para ficar muito tempo fazendo a mesma coisa. Portanto, reserve dez ou 15 minutos por dia no início dessa "caminhada". Sobrecarregar os pequenos pode transformar a hora da leitura num momento chato. E, aos poucos, vá aumentando esse tempo. À medida que criam o hábito da leitura, os pequenos começam a prestar atenção em histórias mais longas.

ONDE GUARDAR OS LIVROS

É muito comum cada sala de Educação Infantil ter um cantinho de leitura, com uma pequena estante. O ideal é que todo o acervo fique ao alcance das crianças (perto do chão e sem obstáculos entre obras e leitores). "Nessa fase da escolarização, o educador deve ensinar os cuidados básicos que devemos ter com o livro", diz Renata Junqueira, coordenadora do Centro de Estudos em Leitura e Literatura Infantil e Juvenil Maria Betty Coelho Silva (CELLIJ), da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), campus de Presidente Prudente.

O QUE LER

As histórias de ficção (como os contos de fadas) são as que mais encantam as crianças, mas é importante oferecer a elas diversas obras para que criem um repertório amplo. Como explica Renata, "os livros são um ótimo caminho para ampliar o universo cultural dos pequenos porque permitem entrar em contato com situações desconhecidas". Virgínia, em seu texto sobre a leitura na Educação Infantil, dá outra dica preciosa: "Preocupe-se com a qualidade literária, e não com o conteúdo moral". Isso não quer dizer que você pode escolher histórias amorais, mas que uma história bem escrita tem mais chances de prender a atenção de todos. Por isso, fique sempre com os textos que têm descrições ricas, misturem mistério e comédia e estimulem a imaginação, criando uma aventura interessante (no quadro abaixo, confira algumas indicações para turmas de Educação Infantil). E fuja dos materiais "escolarizados", cujo principal objetivo não é entreter a criançada, mas apenas ensinar que isso é o pato e aquilo é azul ou verde, sem nenhuma preocupação com a linguagem literária.

OS ERROS MAIS COMUNS

- Ignorar as opiniões das crianças. Ouvir as considerações da turma e estimular esse compartilhamento ajuda a criar o gosto pela literatura.

- Impor uma interpretação. Ao terminar o livro, o educador "resume" sua visão da história - e não percebe que ninguém é obrigado a ter a mesma opinião.

- Substituir o livro por figuras ou fantoches. Variar o modo de ler é desejável - mas não se pode esquecer que a hora de leitura precisa... de um livro.

- Ater-se aos clássicos. As crianças adoram os contos de fadas, mas é essencial apresentar outros gêneros, como a poesia.

Fonte:
Colaboração da Revista Nova Escola. Ed. 234. agosto 2010.