sábado, 25 de junho de 2011

Calêndula Literária 397 (Lançado pela UBT Porto Alegre)


Lançado mais um número da Calêndula Literária, a edição 397, Boletim Informativo da União Brasileira de Trovadores (UBT) Seção de Porto Alegre - RS

Festividades, concursos, sistema de envelopes para concursos, hora da trova, sobre o dia do trovador em 18 de julho, fotos de eventos, galeria de trovas,

Baixe este boletim de 5 paginas para seu computador AQUI

Algumas Trovas da Galeria de Trovas

“Que levas tu na mochila?”,
diz ao corcunda um peralta.
E o corcunda: - “A alma tranquila
e a educação que te falta.”
LILINHA FERNANDES+

Sendo um mistério profundo,
que a gente nunca pressente,
Destino é força do mundo
regendo a vida da gente...
MILTON NUNES LOUREIRO +

Trova é bom para a saúde,
faz amigos, dá prazer.
Talvez até nos ajude
a esquecer de envelhecer...
ANTONIO A. DE ASSIS – PR

Fonte:
Enviado por A. A. de Assis

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 251)


Uma Trova Nacional

Desde o berço à sepultura
caminharei sem temor,
conduzindo esta ventura:
ter nascido trovador.
–GILSON FAUSTINO MAIA/RJ–

Uma Trova Potiguar

Um beijo em ti, tão criança,
que agora tão longe vai...
Tudo me sai da lembrança,
mas o teu beijo não sai!
–PROF. GARCIA/RN–

Uma Trova Premiada

2009 - Niterói/RJ
Tema: CRENÇA - M/E

Se a tua crença é a vaidade,
olha o mar e vê quem és:
ele sai da majestade,
te alcança e te lava os pés...
–ALBA CHRISTINA CAMPOS/SP–

Uma Trova de Ademar

Tendo Deus como suporte,
o destino mais mesquinho
não vai mudar sua sorte
nem alterar seu caminho.
–ADEMAR MACEDO/RN–

...E Suas Trovas Ficaram

O céu aceso no pasto,
a unir milhões de vidrilhos,
campeia meu sonho gasto,
com seu chicote de brilhos...
–PAULO CESAR OUVERNEY/RJ–

Simplesmente Poesia

–INOEMA N. JAHNKE/RS–
Esperança

Eu sou o sorriso sincero,
Sou o medo na solidão,
Sou a dúvida sussurrada,
E a resposta encontrada,
Sou a saída, e a chegada,
Na mesma estrada,
Sou a luz na escuridão,
A ternura no coração,
Sou o sorriso da criança,
Eu sou...A própria esperança.

Estrofe do Dia

A bruma leve passava
Marejando o véu da noite,
O vento manso soprava
Nas telhas fazendo açoite.
Um trovão “malassombrado”
Rugia desesperado
Rasgando o bucho do céu;
As nuvens formavam mantos
Que derramavam seus prantos
No chão fazendo escarcéu.
–HÉLIO CRISANTO/RN–

Soneto do Dia

–AMILTON MACIEL MONTEIRO/SP–
Comum de Dois

O que separa o antes do depois
é uma linha tão tênue e tão delgada,
que em verdade ela não separa nada,
tal qual o que ocorre ao menos com nós dois!

Homem e mulher nós somos, minha amada,
mas tão unidos, tão colados, pois
que já nos chamam até “comum-de-dois”,
galhofa para a qual damos risada!

Não sei por que é que Deus nos faz assim:
eu grudado em você, e você em mim,
como o hoje se gruda ao amanhã!

O Pai do Céu, talvez, agrade a gente
pra que tenhamos vida mais cristã
e o nosso amor perdure eternamente!

Fonte:
Textos enviados pelo Autor
Imagem = http://fotosdahora.com.br

Jogos Literários de Montargil – 2012 (Classificação Final)


Quadra Popular
Tema :HONESTIDADE


1º)
No seu trabalho sagrado
o alentejano, em verdade
mesmo mal remunerado
nunca vende a honestidade!
MARIA AMÉLIA BRANDÃO DE AZEVEDO
ESTORIL

2º)
Viver com Honestidade
É na vida um grande bem
É fazer muita amizade
Fazendo feliz alguém
CELESTE MARIA DA SILVA AVÓ CHARNECA
S.Miguel de Machede ÉVORA

3º)
Quando um aperto de mão
Tinha a força dum contrato,
Podia-se crer então
Até num simples gaiato…
FERNANDO MÁXIMO
AVIS

4º)
Quando um homem é honesto
detém sempre dignidade
quer seja rico ou modesto
é um homem de verdade
MARIA RUTH BRITO NETO
LISBOA

5º)
Nesta vil sociedade
O que mais me custa ver,
É falta de honestidade
Em quem mais devia ter
FERNANDO MÁXIMO
AVIS

6º)
Se do percurso da vida
faz parte a honestidade
ela está enriquecida,
sem ser rica na verdade.
FELIZARDA ROSA DA SILVA N.MAIA
LISBOA

7º)
Se a verdade não te inspira
devido ao custo elevado…
Experimenta a mentira
e aguarda o resultado!
RITA VILELA
Paço de Arcos

8º)
Fosse a vida honestidade,
sementeira de amor dito
só colhia a humanidade
seara de alto gabarito.
MARÍLIA JOSÉ DORDIO MARTINS
Portalegre

9º)
Honestidade? Valor!
Todos deviam ter.
É verdade sim senhor,
Mas parece não haver!
JOSÉ MARQUES AFONSO
BEJA

10º)
Honestidade, meu bem,
que palavra tão comprida,
como tal quase ninguém
lhe presta a atenção devida.
VICTOR BATISTA
BARREIRO

1º do Alentejo
CELESTE AVÓ CHARNECA

1º de Montargil e da EBI

Não devemos esquecer
os valores que aprendemos,
honestos devemos ser
em tudo o que fazemos.

CONTOS

1º)
Esperança Em Melhores Dias
MARIA RITA DOS SANTOS ROMÃO
Paço de Arcos

2º)
Dádivas Da Vida
MARIA FILOMENA SANTOS COSTA FIGUEIREDO
Leiria

3º)
A Sede De Ontem
DONZÍLIA RIBEIRO MARTINS
Paredes


Quando O Deslumbramento Bate A Má Porta
JÚLIO SILVA MÁXIMO VIEGAS
Queijas

5º)
Natureza
MARIA FILOMENA SANTOS COSTA FIGUEIREDO
Leiria

6º)
Honestidade
FERNANDO MÁXIMO
Avis

7º)
Senhora Honestidade
MARIA ALBERTINA DORDIO MARTINS
Portalegre

8º)
Ela Não Gostava De Mentir
MARIA RITA DOS SANTOS ROMÃO
Paço de Arcos

9º)
Dificil
FERNANDINO LOPES
Avis

10º)
Honestidade
JOÃO BAPTISTA COELHO
S. Domingos de Rana

1º do Alentejo
FERNANDO MÁXIMO
Avis

Fonte:
Lino Mendes

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 250)

Praia Brava (São Sebastião) - autoria de JB Xavier,
desenho a lápis e carvão

Uma Trova Nacional

Voltei a ter confiança
neste mundo tão ruim,
ao descobrir a criança
que ainda habitava em mim!
–RENATO ALVES/RJ–

Uma Trova Potiguar

Olhos fundos; enfadonhos,
tez crestada, mão ferida...
Só você, pai, por meus sonhos,
foi capaz de dar a vida...!
–MANOEL CAVALCANTE/RN–

Uma Trova Premiada

2009 - Niterói/RJ
Tema: CRENÇA - M/E.

Se a tua crença é a vaidade,
olha o mar e vê quem és:
ele sai da majestade,
te alcança e te lava os pés...
-ALBA CHRISTINA C. NETTO/SP-

Uma Trova de Ademar

Ouvi desde a meninice,
e guardo com fé tamanha,
palavras que Cristo disse
lá no sermão da montanha...
–ADEMAR MACEDO/RN–

...E Suas Trovas Ficaram

Quando um povo escravo acorda,
pondo fim ao jugo insano,
a mão de Deus põe a corda
no pescoço do tirano ...
–JOUBERT DE ARAUJO/ES–

Simplesmente Poesia

–GILBERTO CARDOSO/RN–
Baú de Trovas.

O Baú de Sílvio Santos
contém riquezas sem par
mas não possui os encantos
deste baú de Ademar;
ele não vai perguntar
a vocês: "Quem quer dinheiro?"
Mas se algum interesseiro
quiser, de fato, um tesouro,
ele nos dará o ouro
de um poema verdadeiro.

Estrofe do Dia

Nos lindos carnaubais,
nas manhãzinhas brumosas,
no desabrochar das rosas,
nos bonitos parreirais,
nas frondes dos coqueirais
que tremulam noite e dia,
por dentro da serrania,
por toda gruta e recanto;
se vê o suave encanto
das telas da poesia.
-ZÉ DE CAZUZA/PB-

Soneto do Dia

–FRANCISCO NEVES MACEDO–
Tributo ao Dicionário.

O dicionário, qual mulher incrível,
e sempre para nós, indispensável,
numa entrega total, imensurável,
doando para nós, todo o possível.

Se o verso parecer quase impossível
por sua doação, fica viável
e neste conviver terno e saudável
torna a vida mais doce e mais sensível...

É você, meu amigo dicionário,
nosso caso de amor extraordinário
jamais terá divórcio, ele é moderno.

Vamos esparramar nossa poesia
em romântica e doce parceria...
Nosso caso de amor será eterno!

Fontes:
Textos enviados pelo Autor
Imagem = http://www.jbxavier.com.br

Monteiro Lobato (Caçadas de Pedrinho) VII – O assalto das onças


Depois de tomado o café com farinha de milho, Pedrinho pendurou o Visconde no galho mais alto duma árvore próxima, armado do binóculo de Dona Benta, para dar aviso da chegada das onças. O nobre fidalgo, porém, sempre tivera o costume de acordar tarde, ali pelas dez horas, mais ou menos. Em vista disso resolveu dormir no seu galhinho, certo de que só lá pelas dez horas as onças viriam. Dormiu e, portanto, não pôde dar aviso da chegada das onças, que já estavam bem perto. Quem percebeu a aproximação delas foi a Emília, que tinha um faro maravilhoso.

— Estou sentindo no ar um cheirinho de onça! — exclamou, em certo momento.

Por força da sugestão ou porque de fato andasse pelo ar algum cheiro de onça, todos ergueram o nariz e sentiram um forte cheiro de onça. Como é então que o Visconde não dava nenhum aviso? Pedrinho correu ao terreiro e gritou:

— Avise duma vez, palerma! Não vê que as onças já estão chegando?

O pobre fidalgo acordou com o berro e ainda cheio de sono espiou pelo binóculo, mas em sentido contrário, de modo que viu as onças muitíssimo longe.

— Vêm, sim — disse ele —, mas tão longe, tão longe e tão pequenininhas, que até que cresçam e cheguem dá tempo de...

Não pôde concluir. Escorregou do galho e veio de ponta-cabeça ao chão.

Mas não havia tempo de acudir o pobre Visconde, caído de mau jeito bem em cima duma lama onde ficou de cabeça enterrada. O tempo era o exatamente necessário para se colocarem sobre as pernas de pau. Corre-corre geral. Cada um tratou de apanhar o par de pernas que lhe pertencia e de ajeitar-se em cima. Em três minutos o terreiro ficou povoado daqueles estranhos bípedes pernaltas. A primeira coisa que lá do alto viram foram as granadas de cera da Emília, arranjadinhas sobre o telhado. Pedrinho quis examiná-las. Não pôde. A boneca espantou-o com um grito.

— Não se aproxime! Não bula, não me estrague o capítulo!...

E Tia Nastácia? Essa ficou embaixo, rezando e riscando a cara e o peito de trêmulos pelo-sinais. Apesar de descrente da vinda das onças, que lhe parecia coisa impossível, começou a sentir um horrível medo. E se viessem mesmo? pensava ela. E se o tal cheirinho que a boneca sentira no ar fosse mesmo cheiro de onça?

Súbito — Miau! Um horrível miado ressoou no pasto. Devia ser o sinal de ataque do onço viúvo. Logo em seguida surgiram de dentro de todas as moitas uma infinidade de caras de onças e jaguatiricas e irarás e cachorros-do-mato, com olhos ameaçadores e dentuças arreganhadas.

Só então a pobre negra se convenceu de que tinha errado. Correu qual uma desvairada às pernas de pau que Pedrinho lhe tinha feito. Nada achou. A Cléu se havia utilizado delas. Olhou aflita para a escada. Bobagens, escada! As onças também trepariam pelos degraus. Seus olhos esbugalhados procuravam inutilmente a salvação.

— Trepe no mastro! — gritou-lhe a Cléu.

Sim, era o único jeito — e Tia Nastácia, esquecida dos seus numerosos reumatismos, trepou que nem uma macaca de carvão pelo mastro de São Pedro acima, com tal agilidade que parecia nunca ter feito outra coisa na vida senão trepar em mastros.

Foi a continha. A onçada toda já estava no terreiro.

A princípio, os assaltantes não perceberam o truque inventado por Pedrinho para lográ-los. Os animais de quatro pés raro olham para o alto e, como os pernaltas guardassem o mais absoluto silêncio, as onças não os viram lá em cima de seus espeques. Entraram pela casa adentro em procura deles e, não os encontrando, mostraram-se desapontadíssimas.

— Fugiram, os covardes! — uivou, com os olhos chispantes de cólera, o onço viúvo. — Alguém os avisou e eles fugiram...

Nisto, uma cuspidinha da Emília caiu-lhe bem no focinho. O onço olhou para cima e sorriu, lambendo os beiços.

— O nosso “almoço” não fugiu, não! — exclamou, contentíssimo. — Lá estão todos os “pratos”, cada qual em cima de dois “espetos”.

Toda a bicharia olhou para cima, com água na boca. Não tinham comido na véspera, o apetite era forte e viram que iam ter uma bela variedade de petiscos — um menino, duas meninas, um leitão, uma boneca, uma velha branca e uma velha preta. Ótimo!

— Isso é que é almoço! — observou uma irará. — Vai ser um banquete dos bons...

Mas como devorar aqueles pernaltas? O onço, que era o mais forte do bando, experimentou o pulo. Deu quatro ou cinco pulos formidáveis, os maiores de sua vida — mas inutilmente. Os espetos tinham quatro metros de altura e os seus pulos não iam acima de três metros e noventa e cinco centímetros.

— Com pulo não vai — disse ele. — Precisamos inventar outra coisa. Que há de ser?

— Tenho uma idéia — latiu um cachorro-do-mato de talento. — Eles não podem ficar lá em cima toda a vida. Hão de descer logo que a fome aperte. Minha idéia é ficarmos aqui de plantão até que desçam.

— Sim — disse o onço, que era burríssimo — mas se a fome aperta para eles, também aperta para nós — e como é?

— Revezamo-nos — resolveu o cachorro. — Metade do bando vai caçar e almoçar no mato, enquanto a outra metade fica de guarda. Desse modo poderemos permanecer aqui a vida inteira, se for preciso.

— Eu não disse? — cochichou Dona Benta. — As malvadas vão revezar-se e estamos perdidos...

A situação era gravíssima. Cléu, que não tinha prática de aventuras maravilhosas, fez bico de choro. As onças estavam decididas a tudo; e, se os pernaltas podiam resistir por muitas horas, o mesmo não acontecia à pobre Tia Nastácia, que já mal se agüentava no mastro. — Vou cair! — berrou ela, de repente. — Não agüento mais. Minhas mãos já começam a escorregar...

— Estão vendo? — disse o onço, passando a língua pela beiçaria. — O nosso banquete vai começar pela sobremesa. O furrundu está dizendo que não agüenta mais e vai descer...

— Emília! — gritou Pedrinho. — Estamos esperando por você! Que venha a surpresa das granadas.

A boneca tratou de tirar partido da situação.

— Muito bem — disse ela — mas só lançarei as minhas granadas sob três condições.

— Diga depressa!

— Primeiro: que todos reconheçam que sou a mais esperta e inteligente do bando. Segundo: que Dona Benta me dê um regadorzinho de jardim, dos verdes — de outra cor não quero. Terceiro que...

— Socorro! — berrou, num tom de cortar a alma, a pobre Tia Nastácia, que não podendo mais agüentar-se no mastro vinha escorregando lentamente.

Emília não esperou pela resposta às suas condições. Aproximou-se do telhado, tomou as granadas e — zás! — arremessou-as contra o bando de feras. As granadas romperam-se ao bater nos alvos e deixaram sair de dentro enxames de caçunungas, que são as mais terríveis vespas que existem.

Foi uma tragédia! As vespas ferraram nos focinhos e olhos das onças e irarás e cachorros-do-mato, fazendo-os fugirem dali numa desabalada louca. Em meio minuto o sítio ficou inteiramente limpo de bicho feroz.

Não foi sem tempo. Tia Nastácia já estava no chão, escarrapachada ao pé do mastro, mais morta do que viva, suando

O suor frio da morte. Se as granadas da Emília não tivessem produzido aquele maravilhoso resultado, a boa negra realmente não escaparia de virar furrundu de onça...

— Viva! Viva a Emília! — gritou Cléu, entusiasmada com a proeza da boneca.

— Viva! Viva a rainha das bonecas! — gritaram os outros.

Prática como era, Emília tratou de aproveitar aquele entusiasmo para ganhar coisas. Obteve de Dona Benta a promessa dum lindo regadorzinho verde; de Pedrinho apanhou, ali na hora, cinco tostões novos; e de Narizinho conseguiu uma mobília de boneca.

— E você, Cléu, que me dá?

— Um beijo, Emília.

A boneca fez um muxoxo de pouco-caso. Depois, voltando-se para Tia Nastácia:

— E você, pretura?

Tia Nastácia não pôde responder. O susto por que passara fora tanto que havia perdido a voz. Foi preciso darem-lhe a beber uma caneca d’água. Só então pôde abrir a boca e dizer:

— Você me salvou a vida, Emília, e não há o que pague semelhante coisa. Dou tudo quanto me pedir.

— Quero aquele pito de barro em que você pita — respondeu a boneca.

Foi assim que Emília ganhou o célebre pito de barro que mais tarde deu de presente ao Pequeno Polegar.
––––––––––––––-
Nota sobre o uso das expressões raça negra e macaca de carvão
Na época que Monteiro Lobato escreveu esta história, a expressão negro referia-se à raça das pessoas, assim como o branco, o amarelo, etc.
A frase “Tia Nastácia, esquecida dos seus numerosos reumatismos, trepou que nem uma macaca de carvão pelo mastro de São Pedro acima”, é uma expressão para se entender a situação na história, sem de uso de malícia ou de forma insultosa.

José Feldman
––––––––––––-
continua ... VIII – Os Negócios da Emília
---------------------
Fonte:
LOBATO, Monteiro. Caçadas de Pedrinho/Hans Staden. Col. O Sítio do Picapau Amarelo vol. III. Digitalização e Revisão: Arlindo_San

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 249)

Alinhar ao centro
Uma Trova Nacional

Se pensas em me deixar
quero que seja feliz!
A tristeza vai passar,
apagando a cicatriz!
–LUIZ CARLOS JÚNIOR/SP–

Uma Trova Potiguar

A chuva, intensa, aflorou,
o fel da dor e, no entanto,
ante um sonho, que findou,
desfez-se o amor, fez-se o pranto.
–FABIANO WANDERLEY/RN–

Uma Trova Premiada

2009 - Niterói/RJ
Tema: CRENÇA - M/H.

Teu adeus me machucou
mas eu creio, sem revolta,
que a rua que te levou
trará teus passos de volta!
–MARINA BRUNA/SP–

Uma Trova de Ademar

Quero imediatamente,
de maneira natural,
fazer um resgate urgente
da minha própria moral!
–ADEMAR MACEDO/RN–

...E Suas Trovas Ficaram

As praias, que são tão belas
quando o sol as incendeia,
transformam-se em passarelas
feitas de espumas e areia.
–ORLANDO BRITO/MA–

Simplesmente Poesia

MOTE :
Vou beber pra ver se mato.
a dor que está me matando.

GLOSA :
Tem algo mesmo de fato
que vive me consumindo,
mas isto que estou sentindo
vou beber pra ver se mato.
Bem sutil vou como um gato,
devagar se aproximando,
a virada está chegando
e não vai ao fim do mês;
vou liquidar de uma vez
a dor que está me matando.
–LUIZ XAVIER/RN–

Estrofe do Dia

Estava um dia a sonhar,
uma alma apareceu,
uma botija me deu
e me ensinou o lugar,
quando eu comecei cavar
já fui sentindo um espanto,
não sei se foi diabo ou santo
que gritou de lá : não cave,
a riqueza é uma ave
que não pousa em todo canto.
–ZÉ DIONÍZIO/PB–

Soneto do Dia

–MÁRIO QUINTANA/RS–
A Rua dos Cataventos

Da vez primeira em que me assassinaram,
Perdi um jeito de sorrir que eu tinha.
Depois, a cada vez que me mataram,
Foram levando qualquer coisa minha.

Hoje, dos meu cadáveres eu sou
O mais desnudo, o que não tem mais nada.
Arde um toco de Vela amarelada,
Como único bem que me ficou.

Vinde! Corvos, chacais, ladrões de estrada!
Pois dessa mão avaramente adunca
Não haverão de arrancar a luz sagrada!

Aves da noite! Asas do horror! Voejai!
Que a luz trêmula e triste como um ai,
A luz de um morto não se apaga nunca!

Fontes:
Textos enviados pelo Autor
Imagem = Mundo dos Gifs

JB Xavier (A Última Dança)


The Jet Blacks ao fundo tocavam “Tema para Jovens Enamorados”, e deslizávamos pela pista improvisada como dançarinos de um balé irresistível. Finalmente, depois de décadas, terminávamos nossa dança há tanto iniciada, nos verdes anos de nossa juventude. Foi preciso que nossos caminhos se desencontrassem, foi preciso que seguíssemos cada qual nossos rumos. Mas meu coração nunca a esqueceu, e ela nunca esqueceu o meu...

Depois, um dia, quando o destino cansou de brincar conosco, quando ela já não era mais que uma linda pintura na parede do meu passado, assim, repentinamente, de novo a encontrei...E vinha pela vida com muitos sorrisos e algumas feridas e eu, com muitas feridas e alguns sorrisos...Então, ela me disse.

“Alô! Está a passeio?”.

Voltei-me e a vi ao meu lado. Foi como se um raio tivesse caído sobre mim, e seu clarão me cegado completamente. Quase desfaleci de felicidade ao vê-la, ainda bela, e ao ouvir a voz maviosa que por tantos anos ecoou em meu coração.

Sem conseguir organizar o turbilhão em que se transformaram minhas idéias, respondi como um autômato:

“Eu... moro aqui!”.

Seguiu-se um momento mágico de reencontro alucinante, onde, parados ali, no hall do hotel, sem ousar nos tocarmos, desfilavam por nossos olhos, num ritmo frenético, a angústia de toda uma vida de espera. O mundo desapareceu ao nosso redor, e o grande turbilhão misturou todos os sons, transformado-os num incompreensível torvelinho de vozes e ondas do mar.

Sua voz ficou a latejar em meus ouvidos na eternidade que duraram aqueles segundos preciosos. Uma fraqueza espalhou-se sorrateiramente pelo meu corpo e tive que me apoiar no balcão enquanto minhas têmporas ameaçavam explodir. Então, a suave música de sua voz deu-me a certeza de que eu delirava em plena luz do dia.

“Estamos a passeio. Partimos amanhã cedo. Este lugar é maravilhoso”.

Deus! Por quantos anos esperei por esse encontro, até vir morar nesse lugar isolado, onde minha saudade pode livremente passear pelos campos da imaginação. Foi preciso que nossas vidas voltassem a ficar vazias, para que nossos caminhos de novo se encontrassem.

“Conheces esse senhor?” Perguntou o homem que se aproximou e passou o braço por sobre seus ombros,

“Não, eu só estava pedindo algumas informações”.

Pude sentir em minha própria alma o esforço que ela fez para dizer isso, e vi a tristeza imensa que havia em seu olhar, a despeito do maravilhoso sorriso que tentava encobri-lo. Compreendi que ela era prisioneira de seu destino.

De volta ao meu apartamento, à beira do oceano, às margens da fímbria da floresta, numa solidão que jamais supunha existir, escolhi a música com a qual pela última vez dançáramos, e, quando os primeiros acordes encheram o ar de saudade, fui até a sacada onde meu coração finalmente se rendeu, explodindo meu peito em soluços incontroláveis. Minhas lágrimas puderam livremente juntar-se às águas do mar...

E assim a noite foi descendo sobre o mundo. Não sei por quanto tempo fiquei olhando sem foco as faíscas que o sol esculpia nas ondas...Efêmeras e vazias como minha própria vida.

Então seu perfume novamente inebriou-me a alma, e mãos angelicais pousaram suavemente sobre meus ombros. Quando me voltei, ela me olhava com seus olhos maravilhosamente ingênuos, que o tempo não conseguira corromper.

Ela estava ali, diante de mim, como em meus sonhos mais alucinados, sonhos que me perseguiram através de toda a minha vida.Nem a percebi entrar...Estava descalça como eu, e, sem dizer palavra, roçou seus lábios nos meus num dulcíssimo beijo do mais puro devaneio.

Os acordes da música maravilhosa nos envolveram e ela, tomando-me em seus braços levou-me numa dança calma e ondulante onde parecíamos flutuar...

“Nossa primeira... e última dança” murmurou ela docemente num sussurro quase inaudível, na voz que eu tanto me esforçara para que o tempo não apagasse.

“Deus atendeu às minhas súplicas e permitiu que eu te visse uma última vez”.

Seu perfume banhava-me a alma e brisas de saudade invadiam-me em ondas de ansiedade, na tentativa de parar o tempo e resgatar toda a felicidade não vivida, todas as lágrimas derramadas, todas a noites de silenciosa agonia, enquanto meus pés descalços deslizavam pelo carvalho liso do assoalho.

Ao longe, através dos grandes janelões envidraçados, o oceano debruçava-se numa tarde preguiçosa e avermelhada, como a render homenagem ao nosso desesperado reencontro. Ausente da dor voraz que consumia nossos corações, uma gaivota pousou curiosa no parapeito tosco da sacada, de onde observava, enlevada, nosso último bailado.

Para os lados do nascente, mares de densas e verdes florestas ondulavam sob a brisa da tarde, despedindo-se do dia, rendendo sua homenagem aos últimos raios do sol. Sombras mágicas avançavam sobre a mata, e os cumes das montanhas próximas apontavam algumas estrelas que já cintilavam num céu violeta, borrado aqui e ali pelo vermelho do poente.

Eu a segurava pela cintura como se segura uma fina porcelana rara, quase sem a tocar, e podia sentir seus leves movimentos sob minhas mãos angustiadas. Então, como eu sempre desejara, o tempo cessou de fluir. Havia somente nós dois, nesta dança há tanto sonhada.

Aproximamos nossos corações...Tínhamos tanto a nos dizer, e nos dissemos tudo, através do silêncio que transbordava de nossas almas...

Minutos, foi tudo o que precisamos para viver nossa eternidade, e nela permanecemos abraçados, olhos nos olhos, conscientes de que escrevíamos o último capítulo de um livro inacabado.

Assim, por instantes, enganamos o próprio tempo. Depois lentamente, a música chegou ao fim...E na intensidade de um olhar esfuziante, no desespero de mãos que se distanciam para sempre, nas vibrações de almas desesperadamente carentes, ela se foi, deslizando, ainda a girar, e quando a porta se fechou sobre minha vida, The Jet Blacks recomeçaram...Blue Star...e ainda na emoção de te-la em meus braços, recomecei a dançar...

Fontes:
JB Xavier
Imagem = Mundo dos Gifs

José Tavares de Lima (Vozes do Coração) Parte IV


A brisa quando se lança
pelos campos a correr,
até parece criança
brincando de se esconder

A torre da ermida ao longe,
entre sombra e solidão,
lembra a figura de um monge
numa infinita oração!

Buscando um jeito suave
de superar nossas crises,
o meu deslize mais grave
foi perdoar teus deslizes!

Chora a mulher desolada,
ao ver que o mar traiçoeiro
trouxe de volta a jangada,
mas não trouxe o jangadeiro!

Eu não sei de solidão
que se compare à de quem
não guardou no coração
uma saudade de alguém.

Louvo a mão que, resoluta,
com arte digna de espanto,
transforma a madeira bruta
na doce imagem de um santo!

Mesmo chorando ou sorrindo,
em cada olhar de criança
descubro um sol claro e lindo
com o brilho da esperança !...

Não creio mais no que dizes,
e perdoar-te não vou...
Foram tantos teus deslizes
que o meu perdão se cansou !

Não me empolga a fantasia
de amores fúteis, devassos...
O amor que eu tanto queria
já encontrei nos teus braços!

Não regressas... Triste aceito
cumprir a pena severa
desta espera que em meu peito
é mais angústia que espera! ...

Não sou perfeito, mas creio
que entre as pessoas da terra,
censura o deslize alheio
justamente quem mais erra

Não te julgues tão segura
depois que foste e voltaste...
Pois teu regresso não cura
a mágoa que me deixaste!

No constante perde-e-ganha
deste viver peregrino,
há sempre uma força estranha
movendo o nosso destino

No purgatório do mundo
penei... mas pude encontrar
um céu sereno e profundo
quando vi o teu olhar!

Nos aparências não creias...
Existem rios no mundo
de águas escuras e feias
que têm tesouros no fundo! ...

O amor que é paixão, que é febre,
põe, com a sua magia,
na pobreza de um casebre
a riqueza do alegria!

Os povos irão se unir
sem que a guerra os amedronte,
quando o mundo construir
menos muralha e.... mais ponte!

Para enfeitar minha vida
não quis um amor-perfeito...
Agora a flor preterida
virou saudade em meu peito!

Partiste... De tal maneira
chorei ante o desencanto,
que o orvalho da noite inteira
foi bem menor que o meu pranto! ...

Perdido nos descaminhos,
sem ter onde desaguar,
sou um rio de carinhos
à procura do seu mar!

Pobre barraco de morro!...
Quando a chuva a terra invade,
és um grito de socorro
perdido na tempestade!

Pobre do meu coração! ...
Por mais que o enganes e pises,
na cegueira da paixão
não enxerga os teus deslizes!

Pode ser que desagrade
a muitos meu parecer;
mas é melhor ter saudade
do que saudade não ter!

Procura na inglória trilha
manter firme o teu comando,
que a derrota nunca humilha
quando se perde lutando

Procura vento, nas noites
invernosas e sem lua,
diminuir teus açoites
contra os que dormem na rua !

Quando a tristeza me invade
e a tua falta lamento,
escuto a voz da saudade
na sinfonia do vento!

Quando nem tudo são rosas
num mundo escasso de fé,
eu louvo as mãos caridosas
que os caídos põem de pé!

Rio, nas águas serenas
que vais levando em teu leito
leva também essas penas
que tanto afligem meu peito!

Se a solidão tem um preço,
eu pago o dobro por certo,
porque até quando adormeço
sonho que estou num deserto...

Se em meu rumo há sombra adiante
a lamentar não me ponho...
Prossigo perseverante
na conquista do meu sonho!

Sei que nem tudo é bonança
entre nós... Mas, por favor,
não plantes desconfiança
na terra do nosso amor...

Sob um luar feito em prata,
sem ela, triste, sem sono,
faço a minha serenata
pelas ruas do abandono!

Vinha bela e sorridente,
e a brisa por cortesia,
ia varrendo na frente
a estrada que ela seguia!

Fonte:
Colaboração de Darlene A. A. Silva
LIMA, José Tavares de. Vozes do Coração.

Monteiro Lobato (Caçadas de Pedrinho) VI – Aparece uma nova menina


De noite houve discussão das hipóteses que poderiam dar-se no dia seguinte. Dona Benta disse:

— Concordo que, se estivermos sobre pernas de pau, as onças não poderão apanhar-nos. Mas depois? E se elas resolverem ficar por aqui até que nos cansemos e sejamos forçados a descer?

Era uma hipótese bastante provável, que não havia ocorrido a Pedrinho. Sim; se as onças ficassem por lá, como era?

— Hão de cansar-se e ir-se embora — sugeriu Narizinho. — Quando a fome apertar, não fica nenhuma aqui.

— E se se revezarem? — lembrou Dona Benta. — E se, enquanto a metade das onças for caçar, a outra metade ficar montando guarda?

Pedrinho não soube responder, nem Narizinho, nem o Visconde. Ficaram todos de nariz caído, pensando nessa terrível hipótese. Quem respondeu foi a Emília, que andava toda misteriosa, piscando cavorteiramente, como quem tem no bolso a solução dum grande problema.

— Não tenham medo de coisa nenhuma — disse ela, por fim. — Arranjei umas granadas de mão, ótimas para espantar onças.

— Granadas de mão? — repetiu Pedrinho franzindo a testa. — Que história é essa, Emília?

— Uma surpresa. Preparei as granadas com a ajuda dos meus besouros. Fiz cinco, número suficiente para espantar até cem onças.

— E onde estão?

— No telhado.

— Por que no telhado?

— Botei-as lá para estarem ao meu alcance na hora em que as onças aparecerem e nós estivermos sobre as pernas de pau. Também botei lá pão com manteiga, um guarda-chuva e mais coisas. Pode nos apertar a fome, pode chover...

Narizinho estava intrigadíssima com o negócio das granadas.

— Explique isso melhor, Emília. Que granadas são essas?

— Nada posso dizer. É segredo. Só adiantarei que são de cera e do tamanho de laranjas-baianas.

Granadas de cera, do tamanho de laranjas-baianas! Ou a boneca estava de miolo mole... ou... Em todo o caso, como a Emília era uma danadinha capaz de tudo, os meninos e as velhas sossegaram um pouco mais.

A razão de Tia Nastácia haver desistido das pernas de pau era que não acreditava muito no tal assalto das onças. “Isso há de ser imaginação dessas crianças”, refletia de si para si. “Os diabretes vivem com a cabeça quente e inventam coisas para atormentar os mais velhos. Não acredito.”

Dona Benta igualmente não acreditou — no princípio. Depois, lembrando-se de outras coisas inda mais espantosas que já tinham acontecido, achou melhor acreditar.

— Qual nada, sinhá! — insistiu a negra. — Onde já se viu onça andar em bando a atacar casa de gente? Estou com setenta anos e nunca ouvi falar de semelhante coisa.

— Nem eu. Mas lembre-se, Nastácia, que também nunca vimos contar de nenhuma boneca que falasse, nem de nenhum visconde de sabugo que agisse tal qual uma gentinha — e aí estão a Emília e o Visconde de Sabugosa.

— Lá isso é — resmungou a preta, pendurando o beiço.

— Se isso é, como vai você arranjar-se amanhã, se as onças vierem mesmo e nos atacarem aqui?

— Como vou me arranjar? — repetiu Tia Nastácia, cocando a cabeça. — Não sei. Francamente não sei. Na hora veremos...

Ela continuava com a esperança de que o tal ataque das cinqüenta onças não passasse duma “pulha” de Pedrinho para meter medo aos “mais velhos”.

Foram dormir. Cada qual sonhou pelo menos com uma onça. Emília, porém, teve sonhos cor-de-rosa, a avaliar-se pelos sorrisos que animaram seu rostinho durante a noite inteira. É que estava sonhando com as suas famosas granadas de cera...

Pela madrugada alguém bateu na porta da rua — toque, toque, toque... Pedrinho pulou da cama, assustado. “Seriam já as onças?” Os outros também se ergueram, inclusive Dona Benta e Tia Nastácia. Reuniram-se todos na sala de jantar, à escuta.

Nova batida — toque, toque, toque...

— Parece batida de nó de dedo — sussurrou Narizinho.

— Onça não bate assim.

Pé ante pé, a menina aproximou-se da porta e espiou pelo buraco da fechadura. Não viu onça nenhuma. Em vez disso viu... outra menina!

— Uma menina! — exclamou Narizinho, batendo palmas.

— Assim do meu tamanho, lindinha! Quem sabe se não é Capinha Vermelha?... Abro ou não a porta, vovó?

— Pois se é uma menina, abra. Veja primeiro se não vem algum lobo atrás, como aquele que acompanhou Capinha.

Narizinho espiou de novo e não viu lobo nenhum. Em vista disso, abriu. Uma menina muito desembaraçada, da mesma idade que ela, entrou.

— Boa madrugada para vocês todos! Boa madrugada, Dona Benta! Boa madrugada, Tia Nastácia!

A menina conhecia a todos da casa e, no entanto, não era conhecida de nenhum dali. Quem seria?

— Quem é você, menina? — perguntou Dona Benta, meio desconfiada.

— Não me conhecem? — tornou a desconhecidazinha com todo o espevitamento. — Pois sou a Cléu...

Foi uma alegria geral. Não havia ali quem não conhecesse de nome a famosa Cléu, que falava pelo rádio e de vez em quando escrevia cartas a Narizinho, dando idéias de novas aventuras.

— Viva, viva a Cléu! — exclamaram todos, numa grande alegria.

— Pois é — disse a menina sentando-se sobre a mesa — cá estou para conhecê-los pessoalmente. Desde que li as primeiras aventuras de Narizinho, fiquei doida por entrar para o bando. Moro em São Paulo, uma cidade muito desenxabida, com um viaduto muito feio e gente apressada, passeando pelas ruas. Enjoei do tal São Paulo e vim morar aqui. Fiquem certos duma coisa: o único lugar interessante que há no Brasil é este sítio de Dona Benta.

Todos mostraram-se contentíssimos. Dona Benta, entretanto, disse:

— Mas veio em má ocasião, Cléu. Imagine que justamente hoje o sítio vai ser atacado por um exército de onças e irarás e cachorros-do-mato.

— Ótimo! — respondeu a menina. — Um dos meus sonhos sempre foi ser atacada por um exército de onças e irarás e cachorros-do-mato, de modo que adivinhei vindo em momento tão propício...

— Ché... — exclamou lá consigo Tia Nastácia. — Agora é que o sítio pega fogo mesmo. Menina de “propícios”... Credo!

O dia estava clareando e, como as onças podiam chegar dum momento para outro, Pedrinho tratou de ensinar a Cléu o uso das pernas de pau, explicando-lhe que fora esse o meio que descobrira para se defenderem do ataque.

Tia Nastácia foi para a cozinha acender o fogo para o café. Estava de olho parado, pensando, pensando...

— A Cléu aqui! — murmurava ela, olhando para o fogo. — Ché…
––––––––––––-
continua ... VII – O assalto das onças
---------------------
Fonte:
LOBATO, Monteiro. Caçadas de Pedrinho/Hans Staden. Col. O Sítio do Picapau Amarelo vol. III. Digitalização e Revisão: Arlindo_San

Ialmar Pio Schneider (Aconteceu na 1a. Bienal)


Quando da realização do evento da 1ª BIENAL que ocorreu em Porto Alegre - RS, de 2 de outubro a 30 de novembro de 1997, compareceram pessoas de muitas cidades do estado, do país e do exterior, a fim de apreciar as obras de artes plásticas expostas em vários locais da capital gaúcha. Foram muitos os dias de intensa atividade artística, em que até um ônibus especial ficava à disposição dos interessados, em frente ao Mercado Público, de onde partia transportando-os aos diversos lugares da exposição. Nessa ocasião alguns flertes floresceram e houve romances que frutificaram. É o caso da história abaixo e de outras tantas que não foram registradas, como de fato geralmente só ia acontecer nesses momentos em que se misturam a realidade com a fantasia.

Despertara-lhe a curiosidade de saber quem era aquela mulher que avistara em certa tarde na Exposição da Bienal. Aparentava beirar os trinta anos e era morena clara. Tinha um corpo bem feito, torneado, e caminhava com certa esbeltez, olhando os quadros, admirando-os. Parecia andar solta dentro de um vestido de seda que a abrigava, deixando-a, assim, muito atraente. Olhava-a, de vez em quando, disfarçadamente, e ela parecia, mais ou menos, corresponder-lhe com discrição. E o flerte prosseguia inconseqüente, até que Menandro, criando coragem, aproximou-se dela, vencendo a timidez , e disse-lhe:

- Interessantes estes quadros... Estás apreciando?

- É... realmente, são muito sugestivos - respondeu-lhe Lívia.

- És daqui mesmo de Porto Alegre?

- Não, sou de Caxias do Sul. E tu?

- Eu sou de Passo Fundo e estou passeando por aqui. Vim ontem. Mas, vamos tomar alguma coisa no barzinho?

- Pois não; podemos ir.

Saíram e foram caminhando, a conversar, pela rua Sete de Setembro e entraram na lancheria em frente à Praça Montevidéu, no largo da Prefeitura Municipal. Pediram refrigerantes e foram bebendo-os, enquanto escutavam a música ambiental.

- O que vais fazer hoje à noite?

- Não sei ainda... mas talvez volte a Caxias.

- Se eu te convidar, aceitas?

- Depende para o que seja.

- Vamos assistir ao filme “Navalha na Carne”, com a Vera Fischer. Está passando ali no cinema Vitória.

Ela concordou e após lancharem dirigiram-se ao cinema. Tinham muito que conversar ainda, pois ambos não se conheciam e vieram de cidades diferentes. Menandro pensava que tudo se encaminhava bem e Lívia da mesma forma. É bem provável que nascera aí um amor à primeira vista para preencher o vazio da existência de duas pessoas solitárias que se encontraram casualmente.

Fontes:
Texto enviado pelo autor
Imagem = http://bonecosanimados.blogs.sapo.pt/

Carlos Ventura (Lançamento de “O Verdadeiro Paraíso”)


"...Um texto começa a partir das energias que captamos do cosmo.
Energia esta que esta contida na força da Mulher.
Nos seus movimentos,
Em seus momentos.
Um poema é isso movimento, momentos, nuances.
Lances que só vê e sente quem esta atento ao jogo,
Ao vento.
Que percorre maliciosamente o vestido da bela dona.
Que despretensiosa caminha sem dar bola para nada e enche de poesia a calçada.
O poema é ela, eu apenas o interpreto como vedor dos seus deliciosos movimentos e gestos.
E esta interação que liga o poeta ao poema transforma a despretensiosa moça em musa,
Em tema..."
("Ela o Poema", por Carlos Ventura)

Leia o novo livro de Carlos Ventura, ( O Verdadeiro Paraiso )
( Contos, Poemas, Pensamentos, Frases e muito mais...)

Escrito para tocar a Mulher e provocar os os Homens a observa-la com mais poesia e paixao.

Sucesso de vendas em sua segunda ediçao.

Pedidos: producaocarlosventtura@gmail.com

Fonte:
Poetas del Mundo

Cerlos Lúcio Gontijo (Filtro)


O amor é extrato da paixão que fica!
(Carlos Lúcio Gontijo)

Umedece o barro de que sou feito
Encharca-me com o suor de teu peito
Estou afeito e pronto
Assim meio tonto de amor
Aceito o que vier e for
Depois de desmanchado em lama
Leva-me aguado para a cama
Apura-me no filtro dos lençóis
Pesca-me com os anzóis do coração
Desfia fio a fio a minha paixão
Dá-me uma forma nova
Prova-me que o amor transforma!

Fontes:
Poetas del Mundo
Imagem = http://www.relacionamentos.net

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 248)


Uma Trova Nacional

A lágrima comovida,
que vem de dentro de nós,
é uma palavra sofrida
que chega aos olhos sem voz.
–HEGEL PONTES/MG–

Uma Trova Potiguar

No meu semblante tristonho,
Uma lágrima escorrega
Quando a estrela do meu sonho
Se some na noite cega!
–JOSÉ LUCAS DE BARROS/RN–

Uma Trova Premiada

2001 - Nova Friburgo/RJ
Tema: DETALHE - 1º Lugar

Meu perdão foi em tributo
a uma lágrima suspensa:
- um detalhe diminuto,
mas, que fez a diferença...
–DARLY O. BARROS/SP–

Uma Trova de Ademar

Da bebida fiquei farto,
bebendo, perdi quem amo;
hoje bebo no meu quarto
as lágrimas que eu derramo.
–ADEMAR MACEDO/RN–

...E Suas Trovas Ficaram

Dizem que a lágrima nasce
do fundo do coração...
Ah! se a lágrima falasse,
que doce consolação!
–BELMIRO BRAGA/MG–

Simplesmente Poesia

–HILDA PERSIANI/PR–
Lágrimas

Quem nunca uma lágrima verteu,
Seja de tristeza ou seja de alegria,
Em qual face uma lágrima não correu?
Todas as faces ela umedeceu um dia.

Quantas rolaram por amor desfeito,
Outras rolaram por amor traído...
Quantas ficaram retidas dentro do peito...
Outras tantas tremularam sem ter caido.

Incolor, límpida e transparente,
Às vezes até mesmo sem razão,
Escorrem pela face docemente
Ou rolam em suspiro pelo coração.

Mas quando se chega na terceira idade,
As lágrimas que banham nosso rosto,
Ou são causadas por algum desgosto
Ou deslizam como caricia, de saudade!...

Estrofe do Dia

Não pensei chorar tanto desse jeito.
Meu açude de lágrimas sangrou;
abri todas comportas do meu peito,
e o velho coração não segurou.
O grande temporal veio depois
quando eu vi que o amor entre nós dois;
se afogou no mar com os abrolhos;
esta dor foi demais, não suportei,
chorei tanto por ti que já sequei
a cacimba de prantos dos meus olhos.
–ADEMAR MACEDO/RN–

Soneto do Dia

–MIGUEL RUSSOWSKY/SC–
Solidão

Maio. Minha tristeza avisa ser outono...
Poucas nuvens no céu... Uma rima vadia,
começa a solfejar pela casa vazia,
tentando afugentar os recados do sono.

Envelhecer me dói... ( mas antes não doía )
Meus sonetos de amor – cães magrelos sem dono –
se põem a reclamar que os deixei no abandono.
Folhas caem, devagar,na tarde azul e fria.

Domingo sem ninguém, de novo o mesmo tema
querendo constituir-se em núcleo do poema...
(Falo com meus botões, os botões tem bom senso )

O silêncio parece um anseio que chora...
Aprender a ser só, se aprende, mas demora...
Uma lágrima só... não faz peso num lenço.


Fontes:
Textos enviados pelo Autor
Imagem = Mundo dos Sonhos

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 247)


Uma Trova Nacional

No dizer de loura é burra,
esse assunto não me atinge,
pois nesse jogo de empurra,
quem não é loura... se tinge!!!
–Elisabeth Souza Cruz/RJ–

Uma Trova Potiguar

Um cinquentão desposou
uma fogosa gatinha,
mas, perdeu pro Ricardão,
a gata e tudo que tinha!
-Francisco Macedo/RN-

Uma Trova Premiada

2006 - Pitangui/MG
Tema: REZA - M/H.

Contra a reza persistente
da carola que ele aguenta,
deita doses de aguardente
em seu frasco... de água-benta!
–João Freire Filho/RJ–

Uma Trova de Ademar

A bebida é uma desgraça,
nem mesmo o céu me socorre;
pois quando eu bebo cachaça
meu santo fica de porre.
–Ademar Macedo/RN–

...E Suas Trovas Ficaram

Deixe o copo de bebida,
dizia a mãe de Maneco.
Em respeito à falecida,
ele bebe no caneco.
–Hildemar de Araújo/BA–

Simplesmente Poesia

MOTE:
Não posso vencer a morte,
mas irei de má vontade.

GLOSA:
Mesmo que eu pareça forte
como um touro premiado,
serei um dia enterrado,
não posso vencer a morte;
do Rio Grande do Norte
levarei muita saudade...
Promessas de eternidade
me fazem crer noutra luz.
Eu sei que é pra ver Jesus,
mas irei de má vontade.
–José Lucas de Barros/RN–

Estrofe do Dia

Eu sou a folha perversa da urtiga
despontando no vaso sanitário,
querosene na mão de incendiário
solitária mexendo na barriga;
sou machado afiado numa briga
sou o chifre levado por romeu,
sou Menguele com raiva de judeu
sou o tiro certeiro do arpão;
sou a aids injetada num machão
que morre garantindo que “não deu”!
Jessier Quirino/PB–

Soneto do Dia

–Alberto de Oliveira/RJ–
TALENTO E ORELHAS

E inda há quem creia que é talento aquilo!
Aquele dedo erguido e falar lento,
aquele olhar como de sonolento,
e o todo acacial, grave e tranqüilo...

Talento! mas, então, também no Nilo
força é dizer que havia esse talento,
quando o "gesto impudico" em meigo acento
frisou da Vênus, quero crer, do Milo!

Para esvurmá-la, como a vis bostelas,
nas mãos do meu amigo, o "Saca-muelas",
as mensagens do Acácio, um dia empurro;

e ele há de vos mostrar, claro e evidente,
que quem tais coisas faz é, certamente,
um néscio, um tolo, um parvo, um zote, um burro!

Fonte:
Textos enviados pelo Autor

JB Xavier (O Homem que Não Tinha Amanhã)


Acabo de ler o livro que meu avô escreveu há muitos anos. Por que não o li antes? Porque, como a maioria dos que me lêem agora, nunca tive tempo! .

Cresci assim, com essa imensa curiosidade a respeito do meu avô, ou como eu o chamava, O Senhor do Tempo!

Todos, inclusive eu, até certa altura de minha adolescência, achávamos que ele era meio doido. E nem poderia ser diferente diante de um homem que sempre – desde que eu me entendi como gente – se recusava a discutir o amanhã. Eu disse “meio” doido, porque em tudo o mais ele era absolutamente normal. Apenas se recusava terminantemente a falar do futuro.

Não foram poucas as brigas que vi meus pais terem com ele, pelo fato de não ser possível planejar nada, quando esse planejamento envolvia de alguma forma sua pessoa.
Nenhuma ação que não fosse imediata e iminente o interessava.

Sempre que eu lhe perguntava por que ele agia assim, ele respondia simplesmente com um sonoro “não vale a pena”.

Obviamente, como todo mundo, eu vivia mais no futuro que no presente, e à medida que fui avançando na vida , fui também vivendo grande parte de minha existência no passado, pelo simples motivo de que quanto mais se vive, mais se tem a recordar.

Ah! O passado! Quem não gosta de recordar? Meu avô! Ele não gostava de recordar nada! Raríssimas vezes ouvi dele alguma referência ao passado, e quando o fazia era apenas para ratificar que se naqueles dias passados ele tivesse pensado no presente, não estaria pensando neles agora.

Devo registrar que por vezes, enquanto criança, e depois, na adolescência, cheguei a sentir vergonha dele, porque meus amigos zombavam, chamando-o – alguns à boca pequena, e outros, abertamente – de louco, gagá, esquizofrênico etc.

Mas vovô não acusava os golpes baixos que lhe aplicavam, e como todo aquele que atingiu níveis elevados de sapiência, ele apenas sorria condescendentemente e mudava de assunto, abordando invariavelmente algum tema que dominava – e eram muitos! – de maneira a calar o zombeteiro apresentando-o à própria ignorância.

Isso confundia os que dele zombavam e na maioria das vezes continha os debochados, porque quase sempre eles não tinham nível para sustentar uma conversa com vovô.

Minha mãe – filha dele – o defendia sempre que podia, mas até ela às vezes se irritava com sua mania de viver “aprisionado” no presente, e quando meu pai perdia a paciência com o velhinho, era quase sempre apoiado por ela, e aí sim, eu via meu avô realmente triste.

Cresci com esses sentimentos antagônicos. A vergonha que às vezes sentia, a vontade de convencer meu avô a ser uma pessoa “normal” e a tristeza por vê-lo triste, quando meus pais ralhavam com ele.

Em tudo o mais ele era um avô maravilhoso, que se divertia realmente por me ver feliz.
Criado como filho único, fui uma criança como tantas outras, com pouco tempo disponível dos pais, que corriam loucamente pela vida, planejando o futuro e perseguindo metas que pareciam nunca serem atingidas.

Hoje, finalmente, após a leitura deste livro, posso entender o que acontecia. Não é que as metas não fossem atingidas; é que mal meus pais as atingiam, ou as viam realmente próximas, automaticamente estabeleciam outras, ainda mais desafiadoras – como, alíás, faz a maioria das pessoas – de maneira que eles estavam sempre “em dívida” consigo mesmos.

Jamais achei esse comportamento estranho, tanto que eu vivi assim a maior parte de minha vida. Afinal, pensava eu, esse é o padrão universal de comportamento do mundo em que vivemos atualmente.

Já meu avô estabelecia metas de curtíssimo prazo. Não falo de anos, meses ou dias, falo de horas! Nunca o vi planejar algo que não fosse para ser realizado no mesmo dia.

Ainda assim, com todos os problemas que esse comportamento causava aos meus pais, porque meu avô jamais garantia que iria à qualquer lugar agendado com dias de antecedência, ele era o mais divertido da família, e eu percebia que, em cada momento meu, ele estava realmente presente.

Digo “realmente” porque ele parecia nunca ter pressa. Quando estava comigo, era como se tivesse à disposição toda a eternidade para desfrutar de minha companhia. Isto desde minha mais tenra idade! Com meus pais, ao contrário, eu me sentia em segundo plano, pois eles estavam sempre olhando para o relógio, e parecia sempre haver algo que eles precisavam fazer com a máxima urgência.

Por favor, não me entendam mal. Não pensem que não tive carinho dos meus pais. Tive, e muito! Sou filho único, esqueceram? Mas, mesmo não tendo irmãos, eu tinha que dividir o carinho deles com centenas de outras coisas. À vezes eram coisas realmente importantes e inadiáveis, mas a maioria eram coisas triviais, como não poder chegar atrasada no cabeleireiro ou a uma partida de boliche com os amigos.

Mas com meu avô era diferente! E não pensem também que ele fosse o típico velhinho simpático que tudo faz para agradar o netinho único, como costuma ser o comportamento padrão dos avôs. Não! Ele tinha muitos afazeres, e mantinha-se ocupado o tempo todo! Ou estava escrevendo o livro que pretendia publicar – e que acabo de ler - ou cuidando das flores de seu orquidário, que amava profundamente, ou viajando para ministrar suas palestras, cujos temas formam o livro, que finalmente acabou por publicar.

A verdade, é que, por alguma razão que desconheço, não levamos a sério as pessoas mais velhas, que julgamos terem chegado àquela idade em que voltam a ser tornar dependentes.

Não sei exatamente por que isso acontece, pois se pensarmos bem, ali está o resumo do que vamos encontrar pela frente, em algum grau, se não em conteúdo, talvez em intensidade, ou vice-versa, se preferirem.

Sendo uma pessoa ocupada, como ele poderia ser diferente de meus pais, que não tinham tempo para nada? “Creio que posso reduzir a resposta a uma frase que ele usava constantemente, quando respondia os questionamentos de meus pais, e que os irritava profundamente: “Tempo é uma questão de preferência” – costumava repetir – e acrescentava:” Todos temos o mesmo tempo disponível. O que define uma pessoa, é a maneira como o emprega”.

Muitas vezes ele me disse, ensinando-me uma das maiores lições de minha vida:

“Para ter tempo basta fazer bem feito. Assim não há necessidade de fazer de novo, porque se você não tem tempo de fazer bem feito, como vai ter tempo de fazer outra vez?”

Diante de argumentos assim, minha mãe costumava girar nos calcanhares e abandonava a discussão, quase sempre emburrada e resmungando frases irritadas como “tempo não se emprega, se gasta!” Ao que meu avô imediatamente retrucava: “Você” gasta o seu. O meu tempo eu invisto”.

A mim, que ouvia essas discussões com certa freqüência, pouco importava quem estava com a razão. O que eu gostava mesmo era de desfrutar da companhia de meu avô, porque eu podia dispor da companhia dele completamente, intensamente, pelo tempo que desejasse.

Meu avô parecia nunca ter pressa, e mesmo assim, parecia cumprir com tudo o que se propunha, no tempo certo. À medida que eu crescia e meu entendimento das coisas ia se ampliando, comecei a perceber que, mesmo com o dobro da idade de meus pais, ele produzia muito mais, e com alegria!

No tocante a mim, cada vez que eu o procurava para uma conversa, ele simplesmente deixava de lado o que estava fazendo e sua atenção se voltava inteira para nosso encontro. Muitas vezes o vi redigindo um dos seus muitos artigos para o jornal do bairro, e sabia que ele precisava enviá-lo à redação rapidamente. Ainda assim, ele parava tudo o que estava fazendo e conversava comigo como se nada mais tivesse a fazer.

É incrível a sensação de bem estar que a atenção genuína produz! Com ele eu sentia o amigo, o protetor, o confidente e principalmente o aliado.

Por “atenção genuína” me refiro àquele tipo de atenção total, interessada, comprometida, aliada; não àquela superficial, que leva o pensamento de quem ouve para longe, muitas vezes inclusive “desligando-o” do momento presente.

Vovô era assim - interessado, comprometido, aliado. Pouco importava se o assunto que eu lhe falava tratava do namorico adolescente, de minha decisão sobre qual curso superior escolher, ou simplesmente de minha alegria por uma boa nota. Ele estava sempre inteiro em nossas conversas, dando-me a impressão, pela intensidade e paciência com que me ouvia, de que o futuro não existe!

Meu pai ao contrário, estava sempre com pressa, sempre tendo que ir urgentemente a algum lugar, para fazer sei lá o quê. Minha mãe idem. Ou eram as coisas domésticas ou as profissionais que a preocupavam , mas sempre havia alguma coisa que a afastava de mim, após alguns momentos de sua companhia.

Por isso, cresci numa perene saudade de meus pais e na idolatria ao meu avô!

Eu desejava ser como ele, e por isso, um dia, já adulto lhe dei um apelido: “Senhor do Tempo.”

“Gostei” – disse ele me abraçando, na primeira vez que o chamei assim – “Um ótimo apelido. Tente um dia merecê-lo também. Você vai ver que vale a pena.“
Então chegou o dia que nunca pensei viver. O dia mais triste de minha vida.

Cheguei do colégio próximo das seis horas da tarde. O dia morria morno e as luzes das ruas começavam a ser acesas.

Entrei e fui até meu quarto, onde costumava deixar minha mochila sobre a cama. Para minha surpresa vi meu avô sentando junto â janela, com o olhar perdido no infinito, tendo parte do rosto iluminado pela luz amarelada do sol que morria atrás das árvores, no outro lado da rua.

Achei estranha aquela atitude. Primeiro porque raramente ele entrava em meu quarto em minha ausência, e segundo porque eu nunca o havia visto assim, ensimesmado.
Aproximei-me alegremente e vi algo brilhar em seu rosto. Era uma trilha brilhante, como se um diamante tivesse se derretido em seus olhos e descido por sua face.

Parei indeciso e confuso sobre o que via, quando outro diamante tremeluziu em seus cílios e se desfez, engrossando a trilha brilhante sob a luz do crepúsculo.

Aproximei-me devagar e sem mesmo acreditar no que via, perguntei em seu ouvido.
“vovô...o senhor está...chorando”?

Outra lágrima brotou de seus olhos e um leve tremor no queixo acusou o furacão que devastava seu coração.

Eu ia dizer mais alguma coisa, mas minha mãe entrou no quarto, e dirigindo-se até ele, pôs as mãos em seus ombros.

“Vovô vai nos deixar” – disse ela, num tom no qual eu jurava não haver tristeza. “ele resolveu ter sua própria vida”.

Não me peçam para descrever o eu senti diante daquelas palavras. Eu não conseguiria. Apenas desabei. Atirei-me sobre a cama e enfiei a cabeça no travesseiro, chorando convulsivamente.

Minha mãe ainda tentou me acalmar e de todas as coisas que me disse, recordo-me apenas de uma frase: “Com ele você jamais aprenderia a planejar sua vida. Assim será melhor para todos nós”

Dizendo isso ela saiu, deixando a porta do quarto entreaberta.

Meu avô permaneceu imóvel, olhando para o infinito, até que eu me acalmei um pouco e fui até ele, com os olhos inchados abraçando-me ao seu pescoço enquanto sentava em seu colo.

“Por quê?” – perguntei – “Por que você quer ir embora?” O que vou fazer quando acordar amanhã e não tiver mais você aqui?

Ele acariciou meus cabelos e respondeu:

“O amanhã não existe...Não fique triste pelo amanhã...”

“Mas eu estou triste – respondi – “por que você quer ir embora?”

“Seus pais precisam de privacidade, e de fato estou atrapalhando a vida deles...” ” Eles correm demais, e vivem de menos...” tento mostrar isso a eles todos os dias, mas parece que só consigo irritá-los...

“Faça parar o tempo! O senhor consegue! O tempo não existe para o senhor...não é o que sempre diz? O senhor é “O Senhor do Tempo!”

No silêncio que se seguiu, senti um solavanco em seu peito e seu abraço me estreitou ainda mais.

“Ah, meu querido, meu querido...O tempo não existe. Ele é apenas uma coisa inventada para organizar a vida do mundo! Ele não tem Senhor, porque simplesmente não existe!

“Mas a mamãe e o papai vivem dizendo que não tem tempo para nada! Então ele existe, sim!”

Vovô depositou um beijo em meus cabelos e falou como se discursasse ao sol moribundo:

“Se as pessoas fossem gentis com o agora, querido, o passado não importaria porque teria sido, feliz, o futuro, menos ainda, porque seria esperançoso. Mas o presente, este sim teria sido pleno! E o que fazem seus pais? Acabam por lamentar o passado que perderam, e se ocupam por antecipação com o futuro, ocupando assim seus próprios presentes, com algo que ainda não existe.”

“É por isso que o senhor vai nos deixar?”

“Prefiro ficar longe de minha filha, a vê-la sofrer numa vida da qual é prisioneira...Ela é teimosa...sempre foi...nunca consegui ganhar dela numa discussão. Ela acha que tem sempre razão, mesmo quando está deixando de lado a vida maravilhosa que poderia ter nesta família maravilhosa que construiu.”

“Mas o senhor não precisa ir embora por causa disso...”

Vovô me apertou novamente em seu abraço protetor.

“Ela precisa ter consciência do que está perdendo: Ela está perdendo você! Minha ausência talvez a faça ver isso mais facilmente... E depois, não vou para longe...Há uma casa de repouso aqui perto...é para lá que eu vou, Você pode ir me visitar quando quiser.”

Agarrei-me a ele de maneira quase histérica. Eu simplesmente não conseguia imaginar minha vida sem meu avô.

“Não vá. Por favor, não vá!” Eu vou pedir para a mamãe não brigar mais com o senhor...

Outro solavanco fez estremecer o peito de vovô, e uma lagrima dele caiu sobre minha mão. Ainda hoje sinto em minha pele o calor do desespero nela contida.

“Eu simplesmente não sei mais o que fazer para torná-los conscientes do presente. Sua mãe e seu pai perdem o que há de melhor na vida, o Agora! O que resta mais para ser vivido senão o agora?

Eu não compreendia direito o que ele dizia, mas olhei para a janela e vi uma estrelinha que começava a aparecer no céu violeta. Aconchegando-me ao vovô, fiz de conta que ela era uma fada, e pensando nos dias de Natal de minha infância pedi a ela que me ajudasse.

Após um momento de silêncio, meu avô continuou falando coisas que eu nunca o ouvi falar, mas que me fizeram compreender porque ele não acreditava no futuro.

De tudo o que ele disse, no entanto, uma coisa me marcou, seja pela intensidade com que foi dita, seja pelo efeito que produziu:

“Minha única duvida sobre minha partida, é se eles vão conseguir ensinar a você a viver o ‘aqui’ e o ‘agora’ ou vão transformá-lo num deles, e arrastá-lo para essa corrida desenfreada que eles fazem em direção ao incerto e ao inexistente.Tudo o que eu quero e ver todos vocês felizes”

Então a mágica aconteceu!

A porta do quarto se abriu lentamente. Eu e vovô nos voltamos e vimos minha mãe parada, com uma mão na maçaneta e outra na boca, tentando conter as lágrimas. Seus olhos faiscavam sob a luz que ainda restava do dia e seus ombros se sacudiam num incontido choro.

“Me perdoa, papai – disse ela entre soluços – me perdoa! Fiquei ali ouvindo o que conversavam. Me perdoa! Como pude pensar em viver longe de você? Você tem razão! Estou deixando escapar o presente – ESTE presente – disse ela abraçando a mim e ao vovô.

Então olhei para a estrelinha. Podem ter sido minhas lágrimas, mas juro que a vi tremeluzir nas alturas do céu.

Hoje vovô é uma das estrelinhas do céu, mas nos legou esse livro, que vou ler novamente, para aprender mais ainda sobre O Homem Que Não Tinha Amanhã...

Fonte:
JB Xavier

Pedro Ornellas (As Artes do Pedro IV)


Lírico-filosóficas:

2428
Não há roceiro que possa
na cidade ser contente...
Porque a gente sai da roça
e a roça não sai da gente!

2429
Que delícia o beijo doce
que te dei com emoção!
Melhor fora, se não fosse
somente imaginação...

2430
Sei disso, e tenho certeza,
mesmo sem ser professor:
Não se diz “Mãe Natureza”,
o certo é “Pai Criador”!

2431
Com certeza Deus se agrada
do gesto nobre de quem
com outros que não têm nada
divide o pouco que tem!

2432
Tenho o rancho, a propriedade,
mas minha Maria... Quede?
Em vez dela, hoje, a saudade
deita comigo na rede!

Humorísticas:

2424
Diz, manguaçado, o freguês,
olhando o amigo de frente:
“E então, quando é que nós três
vamos beber novamente?”

2425
Flagrando no ato o noviço,
pergunta o frei a berrar:
- Pode explicar o que é isso???
- Posso sim: tremendo azar!

2426
- Como um cão, doutor, me trata
o meu marido cruel...
- Quer dizer que ele a maltrata?
- Não!... Quer que eu seja fiel!

2427
“Melhor dar que receber”
diz alguém numa entrevista.
“Muito bem, gostei de ver!
- E o que faz?” “Sou pugilista.”

Fonte:
Trovas enviadas pelo autor

Ialmar Pio Schneider (Soneto a Erich Maria Remarque)


In Memoriam Nascimento do escritor em 22.6.1898 –

“Nada de Novo no Front”, do escritor
Erich Maria Remarque, que li
há muitos anos e quase esqueci,
a história de um bom homem sofredor...

Em suas páginas quanto aprendi
das tristezas da guerra e do valor
e brio do soldado lutador,
que enfrenta a morte a combater ali.

E jovens, quais crianças assustadas,
que pela estupidez foram lançadas
aos campos de batalha sem sentido;

nem compreendiam o porquê lutavam,
maltrapilhas, neuróticas, lembravam
um exército trágico e perdido...

Fonte:
Soneto enviado pelo Autor

Concursos da Academia Ponta-Grossense De Letras E Artes-APLA (Classificação Final)


A Academia Ponta-Grossense De Letras E Artes-APLA, através de sua Presidente, tem a grata satisfação de comunicar o resultado final dos concursos-APLA-2011. Todos os Classificados serão comunicados também Via Postal.

Poesia Clássica: Vencedores:


1º Lugar: "Ainda Mais...": António José B Barroso- Parede- Portugal

2º Lugar: "Lição"- Maria Helena Oliveira Costa - Ponta Grossa - Pr

3º Lugar: "Pivô" - Maria Madalena Ferreira-Magé-Rj

4º Lugar: "Roda Gigante" - Reginaldo C De Albuquerque- Campo Grande- Ms

5º Lugar: " Amarras De Amor" - Sônia Mª De Faria-Paraisópolis -Mg

Menções Honrosas:

- "In-Decisão" :António Dos Santos B Pinheiro-Lisboa - Portugal

- " Eu Sou Assim." - Wanderley R Moreira - Santos- Sp

- "Divina Tragédia" - André Luiz A Costa Amora- Rio De Janeiro -Rj

- " Beleza Pagã - Diamantino Ferreira- Campo Dos Goytacazes-Rj

- " Olhar Para Dentro"-António José B Barroso- Parede- Portugal

Poesia Moderna: Vencedores:

1º Lugar: " A Cor Da Lágrima "- António Dos Santos B Pinheiro -Lisboa- Portugal

2º Lugar: " A Canção De Um Tempo"- Amélia M Raposo Da Luz - Pirapetinga-Mg

3º Lugar: "Um Sentir Diferente "- António José B Barroso- Parede- Portugal

4º Lugar: " Caminhos Diversos "- Gilmar Garcia De Lima - Castro - Pr

5º Lugar: " Profê, Eu Amo Você " - Marivete Souta De Moura - Ponta Grossa -Pr

Menções Honrosas:

- "Cepa Tropeira "- Ana Mairlene M Retko - Ponta Grossa - Pr

- " Os Impressionistas "-Lina Mª Lisboa Da Silva- Belo Horizonte -Mg

- " Um Canto De Amor Nas Ruelas De Assis - Maria Helena Oliveira Costa-Ponta Grossa Pr

- " Tempo Também Chora" - Lucília Alzira T Decarli - Bandeirantes-Pr

- " Alegria De Bolhas " Rosecler A Alves Gomes- Ponta Grossa-Pr

Crônica: Vencedores:

1º Lugar: " A Liberdade Está Em Suas Mãos" - Coracy Teixeira Bessa- Salvador- Ba

2º Lugar:" Efêmero Encanto"- Sônia Mª De Faria- Paraisópolis-M G

3º Lugar: " O Castelinho Encantado"- Ernestina R Rennó - Itajubá-Mg

4º Lugar: " Cotidiano"- Tatiana A Soares Caldas - Rio De Janeiro-Rj

5º Lugar : " Por Que Passar A Vida Sem Ser Notado?"- Tânia Regina Du Bois - Itapema-Sc

Menções Honrosas:

- " Quando Os Reis Iam À Guerra"- Coracy Teixeira Bessa- Salvador-Ba

- " Recordar É Viver" - Abílio Kac - Rio De Janeiro- Rj

- " Máscaras" - Luiz Gondim De Araújo Lins - Rio De Janeiro- Rj

- " Ah! O Brasileiro"- Sônia Maria De Faria- Paraisópolis - Mg

- " Momento De Definição "- Tâia Regina Du Bois- Itapema-Sc

Conto: Vencedores

1º Lugar : " Esperar...Ou Correr Atrás "- Sônia Mª De Faria -Paraisópolis -Mg

2º Lugar : " Orelha De Pau "- Coracy Teixeira Bessa- Salvador-Ba

3º Lugar: " Didi" - Amélia M Raposo Da Luz - Pirapetinga- Mg

4º Lugar : " O Homem Transparente" -Cecy B Campos - Luiz De Fora-Mg

5º Lugar: " Simplesmente Maria" - Marluce A Ferreira Portugaels- São Paulo-Sp

Menções Honrosas :

- " Bodas De Solidão "- Sarah De Oliveira Passarella - Campinas- Sp

- " A Ponte E O Arco Íris - Araí T Borges Dos Santos- Campo Largo-Pr

- " Meus Adoráveis Brinquedos " - Sônia Mª De Faria- Paraisópolis -Mg

- " Mundo Perdido "- Amélia M Raposo Da Luz - Pirapetinga -Mg

- " Encontro"- Maria Apparecida Coquemala - Itararé- Sp

Troféu Originalidade :
- " ArVore- Reginaldo C De Albuquerque - Campo Grande -Ms

Parabéns a Todos ! ... A Solenidade de Premiação dar-se-á no próximo dia 30 de Setembro, Sexta Feira, durante as festividades de 18 anos de fundação da APLA, Tendo por local o Centro De Cultura Cidade De Ponta Grossa, sito À Rua Dr Colares , 4 3 6 , A partir das 1 9,3 0 Horas. no Sábado, dia 01 de Outubro haverá almoço de confraternização. Vamos comemorar juntos a maioridade de nossa gloriosa instituição ! .

Maiores Informações : Fones (42) 3028-1717 (42) 3028-7681 (42) 9975-5234

Sônia Mª Ditzel Martelo
Presidente-APLA

Fonte:
Sonia Ditzel Martelo

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 246)


Uma Trova Nacional

Para quem o bem semeia,
praticando a caridade,
a felicidade alheia
é a própria felicidade.
–JOÃO COSTA/RJ–

Uma Trova Potiguar

Eu já vi o mar chorando,
em grandes ondas de dor,
ao ver um barco voltando
sem trazer seu pescador.
–LUIZ XAVIER/RN–

Uma Trova Premiada

2009 - Niterói/RJ
Tema: CRENÇA - Venc.

Terá justa recompensa
quem mantém com galhardice
a liberdade da crença
ante a prisão da crendice!
–EDUARDO A. O. TOLEDO/MG–

Uma Trova de Ademar

Esse amor que foi só nosso
fez de mim um ser cativo,
porque, vivê-lo, não posso...
Viver sem ele eu não vivo!
–ADEMAR MACEDO/RN–

...E Suas Trovas Ficaram

É sempre assim a mulher:
vive se contradizendo;
pois quando diz que não quer,
é porque está querendo.
–MÁRIO BARRETO/PE–

Simplesmente Poesia

–CLEVANE PESSOA/RN–
Cepa

Como o cajado
de Moisés
que floriu ao comando
de Javeh,
mesmo após talhado
e lustrado
por humanas mãos,
ramo arrancado,
morto, mas guardando
o código secreto
da vida,
meu espírito
sofrido
desbastado
à revelia,
de quando em vez,
floresce
de si, sem alarido
e explode em cor,
cepa que jamais
se acaba...

Estrofe do Dia

Por cima dos areais
a terra engole a semente,
conserva no organismo
vomita depois que sente,
que o vômito de sua boca
enche a barriga da gente.
–DINIZ VITORINO/PB–

Soneto do Dia

–AUGUSTO DOS ANJOS/PB–
A Louca

Quando ela passa: - a veste desgrenhada,
O cabelo revolto em desalinho,
No seu olhar feroz eu adivinho
O mistério da dor que a traz penada.

Moça, tão moça e já desventurada;
Da desdita ferida pelo espinho,
Vai morta em vida assim pelo caminho,
No sudário de mágoa sepultada.

Eu sei a sua história. - Em seu passado
Houve um drama d’amor misterioso
- O segredo d’um peito torturado -

E hoje, para guardar a mágoa oculta,
Canta, soluça - coração saudoso,
Chora, gargalha, a desgraçada estulta.


Fontes:
Textos enviados pelo Autor
Imagem = http://dary-yoga.webnode.com.br/

Coletânea Coleção Amigos (Joaquim Moncks) (Inscrição até 30 de Junho)


Em função de ter sido eleita Patrona da 27ª Feira de Canoas/RS, que aconteceu de 4 a 19 de junho, e por solicitação de alguns autores, prorrogamos o prazo para inscrição na Coletânea Coleção Amigos (Joaquim Moncks), até dia 30/06.

Informamos que para manter nossos compromissos de lançamentos da mesma em diversas cidades do Brasil, o prazo final será IMPRETERIVELMENTE:
30 de junho para recebimento dos textos
5 de julho para pagamentos
Neida Rocha
–––––––-
O Núcleo Canoas/RS da União Brasileira de Escritores (UBE), através de sua Coordenadora NEIDA ROCHA em parceria com a Editora Alternativa, está organizando a COLEÇÃO AMIGOS (Coletânea Cooperativada), cujo primeiro homenageado será o conceituado Escritor JOAQUIM MONCKS (*), cuja obra terá o título: "JOAQUIM MONCKS & AMIGOS”.

A participação é aberta a escritores em geral, com número ilimitado de páginas, cuos textos NÃO precisam ser inéditos (Artigos, Contos, Crônicas, Ensaios e Poemas) e tema livre.

O livro terá o formato 16x23 cm/capa plastificada e cuidadoso acabamento/encadernação costurada.

O custo será de R$ 74,00 por página (com direito a 4 exemplares por página).

O lançamento da obra COLETÂNEA "JOAQUIM MONCKS & AMIGOS" realizar-se-á em data e local a confirmar, em Jantar de Adesão em Porto Alegre e Sessão de Autógrafos na Feira do Livro de Porto Alegre de 2011, a maior da América Latina e lançamento no III Congresso de Escritores, em Ribeirão Preto.

Os textos, e breve currículo poderão ser enviados, IMPRETERÍVELMENTE, até 30.06.2011, devidamente revisados, para neidarocha@ube.org.br ou neidarocha@terra.com.br .

O depósito deverá ser feito no Banco do Brasil (ag. 2663-8 c/c 196.749-5) ou Santander (ag. 1105 c/c 01.000091-6).

Fonte:
Neida Rocha