segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 332)


Uma Trova Nacional

A vida não vale nada
Se a gente nada produz.
Tanto a pena, quanto a enxada,
abrem veredas de luz!
–THALMA TAVAVES/SP–

Uma Trova Potiguar

Das sementes de amizade
que plantamos no jardim
nasceu um pé de saudade
que floresceu para mim.
–LUIZ XAVIER/RN–

Uma Trova Premiada

2010 - Curitiba/PR
Tema: IMAGEM - Venc.

Cuidemos, irmão, da imagem;
sem exagero, contudo.
- Muito mais do que a embalagem,
o que conta é o conteúdo.
–A. A. DE ASSIS/PR–

Uma Trova de Ademar

Perdão... Palavra bonita
que até nos causa emoção,
se realmente for dita
pela voz do coração!
–ADEMAR MACEDO/RN–

...E Suas Trovas Ficaram

De gente lusa e remota,
herdei, eu tenho certeza,
ser altiva na derrota
ser humilde na grandeza!
–ALBERTINA MOREIRA PEDRO/RJ–

Simplesmente Poesia

Prece
–MARIZE CASTRO/RN–

Quem aqui me trouxe
brincava de ser Deus.
Banhou-me em águas turvas.
Desenlaçou-me.
Se não sou amada, adoeço.
Sigo para o último abismo.
Vou ao encontro da fêmea
tatuada de auroras.
Ajoelho-me.
Oro pela fragilidade das horas.

Estrofe do Dia

No sertão quando inverno é pesado
o relâmpago incendeia a capoeira,
um taurino se solta e faz carreira
com um pedaço de corda pendurado,
corre um rato nas ripas do telhado
a biqueira solfeja uma canção,
a barata inicia o seu baião
entre as tábuas imprensadas de uma mesa
o cinema maior da natureza
é um dia de chuva no sertão.
–ARNALDO CIPRIANO/PB–

Soneto do Dia

Inveja
– DIAMANTINO FERREIRA/RJ –

- Como invejo as estrelas!... Como invejo
a placidez da lua, o brilho intenso
dos astros cintilantes... Quando penso
no que existe de belo e malfazejo!...

Ausente das disputas de um pretenso
mundo estéril, malévolo e sem pejo,
sua apatia é tudo quanto almejo
para esquivar-me aos que não têm bom senso...

Desejo vão!... Porém, fosse verdade...
Pudesse olhar, do céu, toda a maldade...
As coisas vis, de lá pudesse vê-las!...

Como seria bom!... Infelizmente,
Tais coisas acontecem tão somente
Quando a mente vagueia entre as estrelas...

Fonte:
Textos enviados pelo Autor
Imagem = Gifs para Scrap

Roberto Tchepelentyky (Livro de Trovas)


A caminho do infinito,
prossigo a minha viagem...
Levo o que é de mais bonito:
O nosso amor na bagagem!

A minha sogra eu veria,
não importa em que planeta,
se pudesse, todo dia...
Claro, por uma luneta!!!

Amor, estranha magia,
do coração e da mente.
Com toda sua alquimia,
nos faz um adolescente.

A paz que tanto nos falta,
deixando a vida feroz,
é uma criança peralta
oculta dentro de nós!

A vida é “fogo de palha”
e o tempo se mostra algoz,
mais parece uma fornalha,
onde a palha... “somos nós”!...

"Bate" a inspiração na gente...
Verso nenhum se aquieta,
quando Deus, onipotente,
nos permite ser poeta!

"Cidade Poema" tem,
em sua história, esplendor,
por "sempre" ninar alguém,
em berço de trovador!…

Comprei um rádio importado,
pensei que fosse chinês,
mas me senti enganado:
Só falava “em português”!!!

Deixa o que passou "de lado",
a vida é um ensinamento...
Pois lamentar o passado,
é correr atrás do vento!

Depois de tanta cachaça,
jurou não beber mais nada
pela tamanha desgraça:
Viu a sogra duplicada!!!

Na alegria do chorinho,
a tristeza tinha fim,
ao se ouvir o Brasileirinho
com Jacob do Bandolim!

Na rua, tão traiçoeiro,
chega o momento de apuro
e o milagre de um banheiro,
há de estar atrás de muro!!!

O chão do quarto molhado...
A sogra pagou o mico
após seu grito abafado:
- Meu Deus! Errei o penico!!!

O silêncio traz a paz
do universo e se engrandece,
com amor que o homem faz
do silêncio sua prece.

O teatro é fantasia,
mas, às vezes, como tal,
ninguém o diferencia
da nossa vida real...

O vento faz serenata
e o mar se põe a cantar
versos, em ondas de prata,
de uma poesia... ao luar...

Político que faz "rolo",
bem ou mal ele se arranja,
pois no meio do seu "bolo",
tem recheio de "laranja"!!!

Pra aquela visita chata,
o que me deixa mais louco,
é ouvir a frase insensata:
- Já vai? Fica mais um pouco!...

Rompeu com a namorada
ao ver a sogra... Que apuro!
Livrou-se de uma gelada:
Viu a amada no futuro!…

Ter amor é coisa boa
por alguém que está presente,
pois indo embora a pessoa...
Leva um pedaço da gente.

Um amor que já floresce,
escondido, não se assume.
É uma flor que nem parece...
Mas que exala seu perfume!

Uma sociedade forte
é que constrói um país
e nela, como suporte,
tem na família: a raiz.

Um casal tão agitado
no sofá de namorico,
parecia ter tomado
um banho de pó-de-mico!...

Fontes:
http://www.recantodasletras.com.br/trovas/3061930
http://www.recantodasletras.com.br/humor/3061823
Alma de Poeta
Concurso de Trovas da Academia Mageense de Letras 2011

Daladier da Silva Carlos (O Enigma do Sonhador)


Sonhar à tarde não parece agradável ao espírito,
O clarão do dia, ao penetrar o quarto, é perturbador,
Caso não ligue adormecer de qualquer modo,
Este hábito de gastar as horas mornas que passam
Ou de apagar da memória um sentimento negado,
Ainda que o desejo se guarde, triste e abandonado.

Sonhar à tarde desarruma as oportunidades noturnas,
Vez que o sonhador dispensa a presença da ternura,
Porque, à noite, insistirá nos cenários da vigília.
Com parcimônia, finge desinteresse pela aventura amorosa,
Tendo ainda o insuspeitado cuidado de não revelar emoções,
Porque o mal não está no amor, mas no próprio sonhador.

Sonhar à tarde é manter as relações decapitadas,
De modo que as cabeças e os olhares jamais se procuram,
A mão estranha o aperto da outra, até o menor roçar.
Parece não haver sede que sacie as bocas fechadas,
Com seus versos partidos e ecos espalhados pelos cantos,
Então, os momentos são breves, são cárceres de expressões.

Sonha à tarde reduz o significado da esperança,
Ora, as novidades clamam pelos melhores inventores,
Cuja coragem terá de rasgar os panos das mordaças.
Há certamente muito para ser dito na trama dos discursos,
Porém, difícil sempre será interpretar as íntimas diferenças,
Afinal, o lugar do sonhador é menos o sonho e mais o enigma.

Fonte:
Poema enviado pelo autor

Antonio Manoel Abreu Sardenberg (Poesia, Soneto e Trova IV) Especial 3 em 1


Contraste
ANTONIO MANOEL ABREU SARDENBERG


Você é fogo, a chama mais ardente,
Semente a germinar em pleno cio,
É luz que o sol espalha suavemente,
É toque de prazer, é arrepio...

É água cristalina da nascente
Que corre lentamente para o rio,
Paixão que vem assim, tão de repente,
Deixando o coração por quase um fio.

Você é o meu passado mais presente...
Calor a me aquecer durante o frio,
Loucura que enlouquece loucamente!

Você é como um sonho inocente,
É brisa mansa em manhã de estio
E muitas vezes temporal fremente!

Amante é quem ama
LUIZ GILBERTO DE BARROS
(Luiz Poeta)

Somos amantes sem sê-lo,
Mesmo epidermicamente,
Somos mesmo sem sabê-lo,
Somos amantes na mente.

Se um corpo alheio, ao vê-lo,
Sentimos um calor fremente
E, num átimo, por tê-lo,
Ansiamos de repente...

Mesmo estando tão presente
A pessoa que nos ama,
Mesmo estando até na cama
Em carícias envolventes...

Traímos o que nos sente,
Sem todavia traí-lo,
Sentimos o amante ausente,
Sem entretanto senti-lo.

E não depende da gente
Lembrar alguém no momento
Do amor mais forte e envolvente,
Repleto de sentimento.

Traímos no pensamento,
Sem toques e sem contatos,
Portanto, se não há ato,
Não traímos, tão-somente.

Se em pensamentos traímos...
Traímos! ...mas quem reclama ?
Porque, quando nos unimos,
Amante é aquele que ama.

TROVAS
A. A. DE ASSIS (Maringá/PR)

Mesmo soltas e espalhadas,
as pétalas são formosas;
porém somente abraçadas
é que elas se tornam rosas!
****************
Curvada ao peso da idade,
a vovó, serena e bela,
distrai o tempo e a saudade
entre o novelo e a novela...
****************
Xô inverno... vá-se o frio...
volte depressa o calor...
que as rosas já estão no cio,
à espera do beija-flor!
****************
Os cisnes
JÚLIO SALUSSE

1872 / 1948

A vida, manso lago azul algumas
Vezes, algumas vezes mar fremente,
Tem sido para nós constantemente
Um lago azul sem ondas, sem espumas,

Sobre ele, quando, desfazendo as brumas
Matinais, rompe um sol vermelho e quente,
Nós dois vagamos indolentemente,
Como dois cisnes de alvacentas plumas.

Um dia um cisne morrerá por certo:
Quando chegar esse momento incerto,
No lago, onde talvez a água se tisne,

Que o cisne vivo, cheio de saudade,
Nunca mais cante, nem sozinho nade,
Nem nade nunca ao lado de outro cisne!

Delírio
ANTÔNIO MANOEL ABREU SARDENBERG


Fera ferida de morte,
Ave presa na gaiola,
Errante, sem tino, sem norte,
Cantador sem ter viola.

Vida sem eira, nem beira,
Noite sem brisa a soprar,
Fogo brando de fogueira,
Peixe morto à beira mar!

Sino sem tanger seu toque,
Vontade ardente de ter,
Imagem sem foco ou enfoque,
Pedra atirada em bodoque,
Aprendiz sem aprender.

Passo sem rumo ou espaço,
Cena que virou rotina,
Fama que virou fracasso,
Água parada da tina!

Rio sem leito ao relento,
Pipa perdida no ar,
Corpo pedindo acalento,
Alma louquinha pra amar.

TROVAS
ADEMAR MACEDO (Natal/RN)

Na vida o que me conforta,
está nesta frase bela:
“Deus jamais fecha uma porta,
sem que abra uma janela”!
***************

Entregue ao próprio abandono,
eu vi na rua um menino,
igualmente um cão sem dono
sem lar, sem pão, sem destino...
***************

Eu beijei tantas “donzelas”
nesta minha vida, a esmo,
que quando me lembro delas
sinto nojo de mim mesmo!...
***************

Apoteose
ANTONIO MANOEL ABREU SARDENBERG
São Fidélis/ RJ

Na bruma densa de um mar revolto,
Em manhã fria de um inverno intenso,
Sinto um medo aprisionado e envolto
Na cena fria de um terror imenso.

As ondas fortes entram pela praia
Lambendo a areia fina e cristalina,
A espuma branca vem beijar a saia
Já desbotada da pobre menina.

Do céu pesado com nuvens escuras
Faíscam raios, vêm as trovoadas,
As gaivotas fogem em revoadas...

E os meus olhos saem à procura
Do Criador, o nosso Deus Supremo,
Na apoteose de um pavor extremo!

Num dia de Chuva
MARIA NASCIMENTO S. CARVALHO

Rio de Janeiro/RJ

Num dia de chuva,
o trovão bramia,
o mar se agitava,
e o sol se escondia
nas nuvens cinzentas
dos ermos do dia...

Num dia de chuva,
a lua dormia,
o frio gelava,
o vento gemia,
e, em sonho, eu vagava
nos ermos do dia...

Num dia de chuva,
de céu sem estrelas,
eu sentia medo
saudade eu sentia,
e a luz se embaçava
nos ermos do dia...

Num dia de chuva,
de tarde sombria,
eu te divisava
em tudo que via,
mas não te encontrava
nos ermos do dia...

Num dia de chuva,
a morte matava,
e mais aumentava
a dor que trazia,
mas não recuava
nos ermos do dia...

Num dia de chuva ,
eu, triste, rezava ,
e a reza amainava
a minha agonia...
E a chuva lavava
os ermos do dia...

Num dia de chuva,
quando eu mais rezava,
minha fé crescia...
E a vida ensinava
que, nem DEUS parava,
nos ermos do dia.

TROVA

Eu não troco as ilusões
pelos caminhos mais certos.
Meu sonho de abrir portões
despreza portões abertos.
ARLINDO TADEU HAGEN
Juiz de Fora/MG

Fonte:
Textos enviados pelo Autor

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 331)


Uma Trova Nacional

Na vida insisto em tirar
sempre o máximo de mim.
Só digo um não se esgotar
todas as chances de um sim!
–ARLINDO TADEU HAGEN/MG–

Uma Trova Potiguar

Nas flores de meu terraço,
cultivo o amor à beleza,
e assim preservo um pedaço
do primor da natureza.
–JOSÉ LUCAS DE BARROS/RN–

Uma Trova Premiada

2000 - Bandeirantes/PR
Tema: SEMBLANTE - Venc.

Por maior que tenha sido
a mágoa que te revolta,
o semblante entristecido
não leva a mágoa de volta...
–EDMAR JAPIASSÚ MAIA/RJ–

Uma Trova de Ademar

De nada eu tenho ciúme,
nem mesmo da mocidade;
pois hoje eu sinto o perfume
da flor da terceira idade!...
–ADEMAR MACEDO/RN–

...E Suas Trovas Ficaram

Ando perdido a buscar-te
e busco, em vão, te esquecer.
Tenho medo de alcançar-te,
por medo de te perder!
–ALBANO LOPES DE ALMEIDA/RJ–

Simplesmente Poesia

Parabéns Ademar!
–DELCY RODRIGUES CANALLES/RS–

Que és do mês da independência,
afirmo sem nenhum medo,
pois tu brilhas na existência,
poeta Ademar Macedo.

Tuas mensagens poéticas
vivificadas no verso,
são bonitas e são éticas
e atingem nosso universo.

Continuas, Ademar,
“poeta do amanhecer”
nos ensinando a amar,
nos ajudando a viver!

Permanece como agora,
divulgando a sã poesia;
tu representas a aurora,
no ocaso de cada dia!

Estrofe do Dia

Ontem eu fiz sessenta anos de idade
e confesso pra vocês com alegria:
tudo o que eu mais queria, na verdade,
era ganhar de presente uma poesia;
mas eu me vendo envolto num dilema,
com medo de ficar sem um poema
eu comecei escrever assim a esmo,
e compus esses versos com louvores
para em nome de todos meus leitores
eu mandar Parabéns para mim mesmo!...
–ADEMAR MACEDO/RN–

Soneto do Dia

Homenagem a Ademar Macedo
–MARIA NASCIMENTO/RJ–

Caro Ademar Macedo, meu irmão,
é seu aniversário e neste dia.
eu lhe desejo muita inspiração
e inesgotável fonte de alegria.

Que a vida seja plena de harmonia,
que abrigue muito amor no coração
e em sua alma, seu templo da poesia
guarde os frutos divinos do perdão.

Querido irmão e amigo trovador
deus o premie com infinito amor,
e com bênçãos no seu aniversário...

Para que numa vida salutar,
alegremente possa ultrapassar
com lucidez, feliz , um centenário.

Fonte:
Textos enviados pelo Autor
Imagem = http://www.orkugifs.com

domingo, 11 de setembro de 2011

A. A. de Assis (Trovas Ecológicas) - 14

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 330)


Uma Trova Nacional

Na pimenta se concentra
um ardor que não se esvai:
se arde e queima, quando entra
queima e arde quando sai !...
–HÉRON PATRÍCIO/SP–

Uma Trova Potiguar

Com Deus quero me cuidar,
que o diabo morra de sede.
“Santo” que não me ajudar
não penduro na parede!
–ZÉ DE SOUSA/RN–

Uma Trova Premiada

2006 - Pitangui/MG
Tema: REZA - M/E.

Homem com muitos trejeitos,
mulher com muita feiura,
para mim são dois defeitos
que nem com reza tem cura!
–FRANCISCO JOSÉ PESSOA/CE–

Uma Trova de Ademar

Matuto “fraga a muié”
na cama com o Ricardão,
e, pra manter a honra em pé
toca fogo no colchão.
–ADEMAR MACEDO/RN–

...E Suas Trovas Ficaram

Ao ver o “dono” chegar,
grita o louro salafrário:
- a encrenca vai começar
tem homem dentro do armário!
–ALBERTINA MOREIRA PEDRO/RJ–

Simplesmente Poesia

Mulher bonita e cachaça
é coisa que mais adoro,
as vezes por mulher choro
mas depois eu acho graça,
eu chego no meio da praça
com o meu copo na mão,
no bolso nenhum tostão
pra tomar uma birita;
cachaça e mulher bonita
foi a minha perdição.
–ALCIDES GERMANO/PB–

Estrofe do Dia

Quando moço fui vadio
fiz tudo o que quis fazer,
eu fiz até acender
lamparina sem pavio;
aceitava desafio
viesse do satanás,
se hoje não faço mais
porque o fogo apagou-se,
se a lamparina furou-se
é besteira botar gás.
–AUGUSTO MACÊDO/RN–

Soneto do Dia

A Uma Doutora
-JROBERTO JUN/SP-

Dirigi-me até um posto de saúde,
E lá, atendeu-me uma Dra. bem bonita.
Tentei controlar-me, porém, não pude,
A pressão subiu, desceu, ficou esquisita.

Ela, a Dra. encantadora e bem bonita,
Soltou a voz dizendo: Me ajude!
Pois este pobre poeta não faz fita,
E precisa ir refrescar-se no açude.

Em seguida, sussurrou ao meu ouvido,
Perguntando-me se eu havia entendido
A data exata para a minha volta.

Apressado eu disse a ela: Sim, senhora!
Aqui estarei nesse dia e nessa hora
E por favor, me abrace, me beije, e não me solta!..

Fonte:
Textos enviados pelo Autor
Soneto = Recanto das Letras

Hermoclydes S. Franco (Adeus, Caboclinho) Poema á Memoria de Silvio Caldas


Vai , querido Caboclinho,
Da voz forrada de arminho,
Fazer serestas, no céu...
Vai cantar nossa Aquarela,
Que lá no céu, da janela
Um anjo abrirá o véu...

As “gaivotas e “andorinhas”,
Que ouviam sempre, às tardinhas,
Seu canto de paz e amor,
Farão vôos de saudade,
Nessa tristeza que invade
Velhas tardes de esplendor.

“Marias” e “Florisbelas”,
em homenagens singelas,
jamais irão esquecer,
as noites febris de festas,
de iluminadas serestas,
com seu cantar de prazer!...

Uma saudade imortal,
Ficará, qual pedestal,
A sustentar seu violão...
No cantar de um seresteiro,
Neste Brasil, brasileiro,
Vibrará seu coração!

Do seu “palco iluminado”,
Agora triste, apagado,
As luzes, vamos retê-las...
Nesta triste despedida,
Chorando a sua partida,
Cantaremos “Chão de Estrelas”!…

Fonte:
Poema enviado pelo autor

Pedro DuBois (Obséquio)


Obsequio o soneto: digo em versos,
o muro erguido em tijolos diversos
guarda espaços inatingíveis, empilha
frutos ao relento. Recubro o soneto em ventos
soprados na expressão do verbo. Realizo
em sons o tormento do mar sobre as pedras.
Sobre as pedras ergo o muro: tijolo
resultante do cozimento do barro; início
cristalizado separa mundos: declamo
obsequioso o soneto. Silencio
paredes e portas em adjetivos.

Fonte:
Poema enviado pelo autor

Pintura = http://artesdiolanda.blogspot.com/

JB Xavier (Izo Goldman)


"A Trova, Acima de Tudo, faz Amigos".

Desprendido ao ponto de ser um judeu que possui uma das maiores coleções de imagens de São Francisco de Assis; um gaúcho cosmopolita que conheceu a Trova em Niterói, mas a desenvolveu em São Paulo, onde na década de 70, colocou de pé a combalida Seção da UBT local. E fê-lo dando um passo atrás, retrocedendo a Seção a Delegacia, porque sabia que este passo de retrocesso resultaria na maior seção da UBT do Brasil. Um homem que possui quase 900 trovas premiadas, incontáveis troféus, dois títulos de Magnífico Trovador e dois Lilinha Fernandes; que foi o criador deste Informativo, há 33 anos; que compôs o Jogral em Trovas, peça que inclusive já foi aula inaugural no Curso Superior de Literatura de Bragança Paulista. E a lista iria longe se dispuséssemos de espaço para descrever todas as suas realizações e conquistas no universo Trovadoresco.

Portanto, homenagear Izo Goldman é uma tarefa ao mesmo tempo hercúlea e delicada, prazerosa e árdua, realizadora e desafiante, particular e monumental. Isto porque, para descrever a noite, temos o ocaso que a precede; para descrever o dia, temos a aurora que no-lo antecipa, para descrever o vendaval, temos a calmaria que lhe serve de parâmetro; para descrever o sol temos a lua como referência de seu oposto; para descrever o calor, temos o morno que lhe serve de transição. Mas, para descrever Izo Goldman, não temos transição! Izo não nos concede o beneplácito da análise fácil, da conclusão óbvia, ou da previsibilidade. Não! Nele tudo é intenso! Nele vibram os opostos, em luta visceral, um tentando se sobrepor ao outro, numa tessitura finíssima, sutil, mas inexorável, só perceptível aos que se mantém atentos, e ainda assim, vibrando no mesmo diapasão que move o substrato do seu ser.

“Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca".
( Apocalipse 3:16).

Esta passagem bíblica ilustra bem a índole de Izo Goldman. Como nas cidades de Colossos e Hierápolis, com suas águas frias e quentes, pessoas mornas não lhe caem bem, tal como a água tépida de Laodicéia enjoava a quem a bebia.

Izo Goldman é ao mesmo tempo o verso e o inverso, o preto e o branco girando num vórtice sobre si mesmos numa luta infindável onde seu vulcão interior só pode ser medido - mas poucas vezes compreendido - pelas atitudes fortes, mas raramente injustas, em defesa de suas causas.

Izo Goldman não serve para colega, porque colega, por definição, é o amigo com o qual não se pode contar. Com Izo se pode contar. Sempre! Em qualquer circunstância, se estivermos advogando uma causa na qual acreditamos. Portanto Izo Goldman é para se ter como amigo. Ou inimigo!

Com Izo não há espaço para sub-repções, disfarces, máscaras, teatralidade, banalidade ou quaisquer outros modos de proceder que não sejam autênticos. Também não há espaço para o idolátrico, porque seu pragmatismo está sempre atento. Portanto, pouquíssimas coisas o impressionam. São inumeráveis os trovadores de sucesso que, ou foram por ele iniciados na Trova, ou recorrem a ele em busca de esclarecimentos quanto a conteúdo e forma desse gênero.

Como bom pragmatista, Izo divide os trovadores em duas grandes categorias: Os que trabalham pela Trova, e os que fazem trova, e luta para que esses dois tipos coexistam numa só pessoa, que eu, ousadamente, chamaria de Trovador Pleno. O melhor exemplo é o próprio Izo, cujas realizações em prol da Trova e composições no gênero são memoráveis.

Sobre Izo Goldman disse Sérgio Ferreira da Silva, outro Magnífico Trovador:

“Suas trovas fogem aos lugares-comuns e convidam o leitor a refletir com profundidade sobre os temas que propõem. O Título de seu livro ‘Trova de Quem Ama a Trova’ é o resumo perfeito para uma vida dedicada à trova e à União Brasileira de Trovadores”.

Creio que a frase que melhor define Izo Goldman foi dita por Voltaire:

“Posso não concordar com o que você diz, mas defendo até a morte o seu direito de dizê-lo”.

A palavra que melhor define Izo Goldman é “diferente”. E sobre os “diferentes” escreveu um dia Artur da Távola, o magnífico cronista brasileiro:

A alma dos diferentes é feita de uma luz além. Sua estrela tem moradas deslumbrantes que eles guardam para os pouco capazes de os sentir e entender. Nessas moradas estão tesouros da ternura humana. De que só os diferentes são capazes. Não mexa com um diferente. A menos que você seja suficientemente forte para suportá-lo depois.”

Fonte:
http://www.recantodasletras.com.br/homenagens/3208778

Ialmar Pio Schneider (Livro de Sonetos IV)


SONETO ENEASSILÁBICO 1

Sol, bendito Sol que me alumias
quando permaneço solitário,
e sinto que transcorrem meus dias
como as contas bentas de um rosário...

Ouvindo o gorjeio de um canário,
vou lembrando velhas fantasias,
com as quais fui formando um hinário,
a minha bagagem de poesias.

E quando meu espírito for
pairando leve em outras esferas,
não esquecerei jamais do amor

que vivo cantando neste mundo,
nos invernos e nas primaveras,
com ânimo total e profundo !

SONETO ENEASSÍLABO 2

Apesar de só, me contenho
para não turvar o dia claro;
pois, há muito tempo meu empenho,
é conseguir na luz, amparo.

Sei o quanto ser feliz é raro
e por isto humildemente venho
pedir a Deus o clarão de um faro,
que me conduza a um bom desempenho.

Amei e fui amado e por isso
acredito no amor, no feitiço
que representa esta Divindade...

Vou morrer um dia, não sei quando,
mas, minh´alma vai viver sonhando,
que só no sonho há felicidade !

SONETO HENDECASSÍLABO

Às vezes sinto vontade de viver
os velhos tempos que não voltam jamais
e nesse sentimento parece haver
a saudade dos cândidos madrigais.

Versos simples, juvenis, tristes demais,
quando lia nos poetas o prazer
de lançarem ao mundo sentidos ais
que os faziam lamentar e padecer...

Por esta estrada em que segui caminhando,
encontrei algumas rosas com espinhos
que me feriram, mas me deram amor...

Se por muitos momentos passei sonhando
e tive desgostos e também carinhos,
eu fui apenas um escrevinhador...

SONETO 15073

Eu recordo dos tempos de criança,
quando me apaixonei perdidamente,
por uma linda jovem, de repente,
bem assim como nasce uma esperança...

Porém, não tive sorte, pois somente
tivemos uns olhares de confiança,
e neste mundo louco, em contradança,
nos perdemos na vida, totalmente...

E nunca mais nos vimos depois disso;
entretanto, conservo seu feitiço
no pensamento como a cicatriz

que fica sempre na alma de quem sofre;
porque meu coração é um velho cofre
que guarda os sonhos em que fui feliz !

SONETO 15063

A vida teve muita solidão,
enquanto suscitava um grande amor;
e que chegou em forma de paixão,
para um dia qualquer do sonhador...

Por isso é que dizemos, a ocasião
é que faz conseguir-se mais ardor
para chegar ao beijo de ladrão
e que sempre terá melhor sabor.

Lembranças vão e voltam num momento,
assim como levadas pelo vento,
que faz tremer a rama da folhagem...

Quando nós encontramos quem nos falta,
os versos fluem e a poesia assalta
o coração que sofre sem coragem.

SONETO 15060

Um dia ela passou em minha vida
e me disse a sorrir: - Triste poeta,
por que fazes dos versos tua lida?
O que tua alma tanto desinquieta?

Eu vi que era uma musa preferida
que me fez esta pergunta indiscreta,
e no instante ficou sendo a escolhida
para viver no sonho que me inquieta...

Entretanto, depois de tudo isso,
não tive a glória de viver com ela,
quem sabe, por ter sido tão remisso

de não acreditar ter vindo dela
a frase que me disse e que o feitiço
que me fez, foi de uma sereia bela !...

SETE DE SETEMBRO

Dia sete de setembro, dia de glória,
Dia em que o Brasil festeja radiante,
Que o sol é mais risonho e mais brilhante
E a nossa vida é menos merencória !

Dia de ouro para nossa bela história,
Pois neste dia que já vai distante,
Dom Pedro ergueu um grito trepidante,
Um grito de grandeza e de vitória...

Um brado ressoou pelo infinito,
Desde o extremo sul ao extremo norte,
Rasgando as nuvens este enorme grito

Retumbou num alarme grande e forte
Que transformou-se num ditoso mito
Da frase da “Independência ou Morte”.

PATRIARCA DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL

José Bonifácio – Nascimento em 13.6.1763 - Morte 6.4.1838

Foi o Patriarca da Independência,
homem sábio e romântico poeta,
cujos versos “Teu Nome”, com paciência,
cantaram sua musa predileta...

Nobre cultor de escrita tão correta,
trilhou pelos caminhos da ciência,
e logrou atingir a sua meta
ao longo de fantástica existência...

Mas também teve sua frustração,
quando o nome da musa se apagou
nos troncos e nas praias e na estrela...

“Murchou nas flores”; e na solidão
por horas infelizes mergulhou,
e talvez nunca mais pôde revê-la…

Fonte:
Sonetos enviados pelo autor

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 329)


Uma Trova Nacional

Entre os errados e os certos
busco escolher o segundo,
o mundo é dos mais espertos
mas não Vivo Neste Mundo!
–JÚNIOR ADELINO/PB–

Uma Trova Potiguar

As dúvidas me atormentam,
nas verdades que busquei.
Incertezas acrescentam...
Nem sei se sei o que sei.
–FRANCISCO MACEDO/RN–

Uma Trova Premiada


1999 - Cachoeiras de Macacu/RJ
Tema: CORRENTEZA - M/E

Minha vela foi ao fundo
na primeira tempestade,
e a correnteza do mundo
me arrastou sem piedade
–JOSÉ LUCAS DE BARROS/RN–

...E Suas Trovas Ficaram

Nós somos tão um do outro,
que fico, às vezes, pensando
que em nossos abraços loucos
sou eu que estou me abraçando!
–ADRIANO CARLOS/RJ–

Uma Trova de Ademar

Palavras de ingratidão
deixaram-me desse jeito:
com mágoas no coração
e com feridas no peito...
–ADEMAR MACEDO/RN–

Simplesmente Poesia

Vida
–VICENTE ALENCAR/CE–

O contorno do teu corpo
dá-me a medida maravilhosa da vida.
– E o que é a vida?
Um momento,
um beijo,
um afago.
Um corpo abraçado e amado.
A vida é um sonho
de momento,
uma chama.
Um minuto de felicidade.
A vida é um encontro
de sentimentos.

Estrofe do Dia

Numa cerca de avelós
depois do sol amparado,
o vaga-lume assustado
fica testando os faróis,
os pescadores de anzóis
embocam na água fria,
ficam naquela agonia
se uma piaba belisca;
termina roubando a isca
depois da morte do dia.
–MANOEL FILÓ/PE–

Soneto do Dia

À Minha Primeira Professora
–GILSON FAUSTINO MAIA/RJ–

Como eu faria a minha poesia,
escreveria neste meu caderno,
não fosse de Maria, o gesto terno,
pegar na minha mão com simpatia?

Do Carmo, paciente com mestria,
com as bênçãos do nosso Pai Eterno,
transformou minha vida, pôs no interno
do meu pobre existir, sabedoria.

A escola era na roça, na fazenda,
e Maria do Carmo, com ternura,
dividia o seu tempo, sua agenda.

Quatro turmas, coitada, a criatura,
do saber transformou-se em oferenda,
num celeiro de amor e de cultura.

Fonte:
Textos enviados pelo Autor
Imagem = http://www.topgifs.net

sábado, 10 de setembro de 2011

A. A. de Assis (Trovas Ecológicas) - 13

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 328)


Uma Trova Nacional

Ponha luz no seu caminho,
pinte a estrada de alegria,
deixe um rastro de carinho,
faça um mundo de poesia!
–DÁGUIMA VERÔNICA/MG–

Uma Trova Potiguar

Se o amor não pode conter-se,
entre nós, não há receios.
Gosto de vê-lo perder-se
na doçura dos meus seios.
–IEDA LIMA/RN–

Uma Trova Premiada

2010 - ATRN-Natal/RN
Tema: INSPIRAÇÃO - 1º Lugar

Inspiração, não me deixes
neste mundo imerso em dor!
– Sem ti, sou rio... sem peixes...
Sou coração... sem amor...!
–MARISA VIEIRA OLIVAES/RS–

Uma Trova de Ademar

Falei do meu sentimento,
minha maneira de amar;
joguei palavras ao vento,
perderam-se todas no ar...
–ADEMAR MACEDO/RN–

...E Suas Trovas Ficaram

Velho carro, entre nós dois
ocorre estranha igualdade:
– tu atrelado a teus bois,
eu atrelado a saudade.
–ADHEMAR PAIVA/PA–

Simplesmente Poesia

Asas de Mel
–ILKA VIEIRA/RJ–

Cola tuas asas e voa...
ainda que partidas, voa...
uma liberdade te espera...
uma lembrança te calcifica...
um sonho te confunde...
uma saudade te invade...
uma distância te chama...
uma vitória te grita...
uma única verdade te basta..
Cola tuas asas...
seca teus olhos...
estende novamente os dedos
e deixa escorregar por eles
a suavidade que em ti
permitiram sobreviver.

Estrofe do Dia

Viajei num transporte igual ao vento
e fui conhecer o céu empírio,
nas mãos eu levei a flor do lírio
e nos braços levei meu instrumento;
ao chegar lá no céu neste momento
me senti o poeta mais feliz
Jesus me escutando pediu bis
e eu repeti a mesma cena;
namorei com Maria Madalena
não casei lá no céu porque não quis.
ANTÔNIO SOBRINHO/PB–

Soneto do Dia

Contra-Senso
–HUMBERTO RODRIGUES NETO/SP–

Quem dera, oh... Deus, o ser humano fosse
mais fraternal e mais cristão, de sorte
que não herdasse o instinto de Mavorte,
contrário à vida, que é tão bela e doce!

Quanta alma pura fez de Ti o suporte,
e ao mal que nos judia contrapôs-se!
Quanta alma vil, de Ti distante, pôs-se
a criar engenhos de tortura e morte!

Estranha grei de gênios e estafermos,
num conúbio de crentes com pagãos,
eis o que é o homem nos exatos termos!

Sujeito a instintos nobres ou malsãos,
concebe a Ciência pra salvar enfermos
e inventa a Guerra pra matar os sãos!

Fonte:
Textos enviados pelo Autor

O Voo da Gralha Azul n. 7 (Manifestações)


Caríssimo escritor, poeta e trovador José Feldman

Feldman, um sábio profeta,
textos e rimas, aos montes...
Vem, disfarçado de poeta,
e vai... “Singrando Horizontes”!

Escrevo-lhe, uma vez mais, para aplaudir o seu trabalho, dedicado, competente e iluminado. Você consegue, assim como poucos, compor uma seleção literária agradável e interessante em sua antologia, onde a gralha azul voa, singrando horizontes. Sabe lidar com a palavra em seus mais variados rumos, desde os textos até a cátedra das trovas e das poesias. Através de suas páginas, pode-se sentir, com facilidade, o poder de seu perfil espiritual congregador, direcionado à cultura, como instrumento de revelação e democratização da arte literária e poética. Tanto o “Almanaque O Voo da Gralha Azul” quanto o “Singrando Horizontes” já se tornaram veículos de conhecimento e interesse, numa visão macro da manifestação de intelectuais. Sabe-se, muito bem, que é uma tarefa difícil a sua “hercúlea” produção, de elogiável interação criativa.

Só me resta expressar minhas considerações sobre suas importantes iniciativas, que estimulam e aperfeiçoam os instrumentos do saber, nacional e internacionalmente.

Feldman, que Deus lhe injete a cada amanhecer: Vitalidade, energia, disposição e lhe inspire um coração atento, para seguir sua brilhante caminhada...!

Saudações!

Vânia Maria Souza Ennes
Grã-mestra da Soberana Ordem do Sapo de Curitiba e Paraná
Vice-presidente do Cento de Letras do Paraná
================

Você é a Gralha Poeta
que leva nossa poesia
ao mundo, em que o grande esteta
criou com tanta harmonia!

Há emoções que a gente sente
e que encantam tanto, tanto,
que, se expressas, verbalmente,
perdem parte deste encanto.

Traduzindo, o teu trabalho,
com guarida ao bom leitor,
tão completo, e nada falho,
só enaltece o escritor.

Pelo título do tema,
do almanaque ora em questão,
segue o Pinheiro, em poema,
como minha gratidão.

Saudações, e Parabéns pelo teu trabalho Hercúleo.

Nei Garcez
UBT-Curitiba/Paraná
(Nota de Feldman: veja o poema na postagem abaixo)
===================
Parabéns , caro Feldman! A Gralha Azul levantou voo! Valeu o esforço.! Agradeço as suas palavas. E faço votos para que essas asas azuis tenham fôlego suficiente para ir longe, bem longe!!!
Abraços

Carolina Ramos
UBT-Santos/SP
==============
Olá, confrade Feldman
Parabéns pelo seu empenho e luta em prol da cultura, sobretudo, das letras.

Abraços
Florisbela Margonar Durante
Academia de Letras de Maringá/PR

Nei Garcez (Pinheiro do Paraná)


O pinheiro, desde outrora,
nesta flora, aqui no sul,
quão bonito que ele aflora
em razão da gralha azul!

Araucária angustifólia,
símbolo do Paraná,
quem a viu e quem a olha
não esquece mais de cá!

A bela planta imponente,
altaneira e sementeira,
leva na pinha a semente
e no seu caule a madeira.

Ereta, e bem aprumada,
trinta metros, para mais,
com linda copa, enraiada,
constitui nossos pinhais.

O pinhão, raro produto,
que lhe serve de semente,
mais que um saboroso fruto
é, também, rico nutriente.

O grande tronco, aplainado,
dá madeira em seleção,
e do nó, aproveitado,
é que sai o bom carvão.

Já em sua indústria, a madeira,
gera emprego e autonomia,
e ao país, é verdadeira
fonte-mor de economia.

Assim, nos resta, ao cortá-lo,
já plantarmos mais pinhões,
como as gralhas, preservá-lo,
pras futuras gerações!

Fontes:
Nei Garcez
Imagem = http://www.cidadao.pr.gov.br/

Ialmar Pio Schneider (Reinício)


De quando em vez se punha a pensar nas grandes obras que os mestres da Literatura Universal haviam criado e sentia-se, por assim dizer, diminuído, perante aqueles monumentos excelsos do pensamento, inteligência, arte e engenho humanos; isto porque sabia que jamais atingiria os píncaros daquela glória inaudita. De fato, ao se dar conta, os anos tinham passado e Otávio não havia produzido quase nada, apesar de que, outrora, quisera ser um notável escritor. Entretanto, desde cedo tivera que enfrentar o mercado de trabalho para viver, e ao conseguir certa posição na sociedade, quase que esquecera seu propósito, mas agora uma semente surgia no fundo do seu cérebro e ele, aposentado, procurava fazê-la germinar sem maiores pretensões, a não ser a de cumprir, enfim, o seu destino. Estava ciente de que possuía o livre-arbítrio, não obstante soubesse de suas limitações. Todavia, não iria seguir aquele caminho de Marcel Proust em “À Procura do Tempo Perdido”, mesmo porque já o havia ultrapassado em idade, e não demonstrava toda aquela excentricidade. Considerava-se um homem comum.

Apesar de não haver seguido a carreira literária, sempre obtivera boas notas e elogios dos professores, em suas redações, quando cursara o ginásio e o científico dos Irmãos Maristas. Lembra-se de que certa vez, ao escrever uma dissertação, empregou a palavra “majestosa” com “g”, e ao receber a nota de 9,5, foi alertado com a seguinte expressão: “Cuidado ! Erro que parece fio de cabelo em sopa gostosa”.

Hoje, ao lembrar essa advertência, Otávio procura reiniciar sua jornada rumo à prosa de ficção, sentindo como que um impulso alentador a fim de enfrentar esta tarefa para o resto de seus dias. Sabe, entretanto, que o caminho é árduo e inúmeras dificuldades se apresentarão à sua frente, considerando que a vida são degraus a galgar em etapas. O ofício a que se propõe requer a paciência de um Jó e a pertinácia de um Moisés, resguardadas as proporções. Ainda ontem ouviu um velho poeta dizer: “Escrever difícil é fácil, mas escrever simples é difícil.”

Talvez, quem sabe, amanhã possa acrescentar algo ao acervo cultural e repetir com Thomas Carlyle: “Nenhum grande Homem vive em vão. A história da Humanidade não é mais do que a biografia dos grandes Homens.”

Assim pensa Otávio em seu recanto, reorganizando suas memórias, reunindo seus antigos rascunhos e recolhendo o que sobrou da voracidade do tempo.

Fonte:
Texto enviado pelo autor
Imagem = http://objetivomiguelopolis.com.br/

Robertson Frizero (O Bom Texto)


"Palavras apropriadas nos lugares apropriados."
(Jonathan Swift)


Mitchell Ivers, no manual de escrita que compôs a pedido da editora Random House, recorda que "todos nós sabemos o que é escrever bem", já que somos desde muito cedo expostos a textos capazes de nos cativar e outros que em pouco tempo nos fazem perder o interesse pela leitura. O que os diferencia, basicamente, é o que Ivers chama de "uma qualidade difícil de definir mas que está presente em todo bom texto" - o estilo.

Pode-se definir estilo textual como a forma particular e extra-formal como o escritor se utiliza da linguagem escrita para escrever. Tal condição nasce de uma longa exposição à palavra escrita, mas também de uma prática contínua e de um trabalho árduo na composição de textos. Ler bons textos é a melhor maneira de aprender a como fazer bons textos, e é nesse sentido que o contato com a obra de outros autores é essencial para um escritor: é observando o que funciona é que se vai desenhando o estilo, ao se aplicar as mesmas estratégias em seu próprio texto. Nessas experimentações e observações de seu próprio texto e das obras de outros autores, o escritor constrói suas crenças sobre o que faz um texto ser ou não efetivo em sua comunicação com o leitor.

Estilo, como o pensavam os clássicos, pode ser observado a partir das escolhas do autor sobre o tom, a escolha vocabular, a estrutura frasal e o uso de figuras de linguagem e pensamento. Muitos aspirantes a escritor costumam confundir “estilo” com as “idiossincrasias” do escritor, e associam aos autores mais experimentais a noção de que "eles têm um estilo próprio"; na busca de terem também um "estilo", tentam imitá-los, sem o mesmo sucesso. Esquecem­se, porém, que para romperem com as convenções, precisam antes conhecê-las em profundidade, para alcançarem seus objetivos com o texto mesmo ao desprezá-las.

Três características são sempre observadas naqueles textos que, em geral, consideramos efetivos: o propósito, a forma e a adequação.

Escrever com propósito significa ir direto ao ponto. A ausência de propósito faz com que o escritor fique a vagar entre um tópico e outro, sem desenvolver nenhum deles satisfatoriamente. Sem o propósito claro sobre o que quer escrever, o autor correrá o risco de diminuir o próprio tema central de seu texto e não saber como selecionar de seu trabalho o que é realmente essencial para a obra. É o propósito que direciona também a escolha do estilo apropriado para cada texto.

A forma na escrita é muitas vezes sugerida pelo propósito de cada texto. Algumas formas são mais rígidas que outras, mas de qualquer modo elas irão pressupor uma determinada estrutura que auxilia no ato de composição do texto - por mais que as estruturas textuais sejam combináveis e até mesmo passíveis de serem desmontadas ou rompidas.

Escrever com adequação significa combinar os elementos textuais de modo a atingir o interlocutor imaginado para aquele texto. A simples resposta à pergunta "para quem escrevo esse texto?" dá indicações ao escritor do tom e da escolha vocabular mais adequados para sua obra. Não se trata aqui de limitações estabelecidas com base na moral, nos costumes ou no policiamento ideológico daquela sociedade para a qual se escreve: algumas convenções existem para serem rompidas e há um efeito nessa ruptura que pode ir ao encontro do propósito do autor. Mas alguns tons e escolhas vocabulares são mais adequadas para se estabelecer a comunicação entre o texto literário e certos tipos de leitores. O importante é que o autor consiga identificar isso e use suas escolhas a seu favor.

Ivers lista três erros comuns de tom que geralmente são encontrados nos textos: formalidade excessiva, humor "fora de hora" e raiva mal direcionada. A formalidade excessiva costuma vir de uma insegurança do autor em relação à sua autoridade para falar do tema. O chamado "humor fora de hora" ou o excesso de intimidade também é oriundo de certa insegurança do autor, mas aqui na forma de uma busca por aprovação - seu uso inapropriado, assim como o do sarcasmo ou ironia, podem facilmente destruir um texto. E a raiva, por mais genuína que seja, raramente é persuasiva - melhor efeito consegue o autor que combina uma argumentação racional com uma paixão verdadeira pelo argumento que defende.

Em se tratando de prosa literária, podemos dizer que os textos considerados efetivos pelos leitores costumam apresentar alguns pontos em comum: contêm imagens expressas de forma simples e escolhidas com cuidado, metáforas eficientes e uma linguagem capaz de evocar sentimentos e conduzir o leitor ao estado mental desejado pelo escritor. As formas como se pode atingir essa efetividade em seus textos é tão variada quanto o número de escritores hoje em atividade. Conhecer suas obras e escolher, entre eles, aqueles autores que, em sua opinião de leitor, melhor efeito alcançam em sua prosa é a melhor forma de construir seu próprio estilo e aprimorar seu texto.
Link
Fonte:
Artistas Gaúchos

Robertson Frizero (1969)


Nasceu no Rio de Janeiro, em 15 de agosto de 1969. É escritor, tradutor e dramaturgo radicado no Rio Grande do Sul desde 1999.

Entrou para a Marinha do Brasil aos quinze anos e lá recebeu o Ensino Médio e uma carreira de nível superior. Como Oficial do Corpo de Intendentes da Marinha, profissão que exerceu até 1999, conheceu dezenove países e morou em três estados - mas não se adaptou ao trabalho que para muitos era um grande ideal.

Casado desde 1996, radicou-se em Porto Alegre em 1999, adotando a cidade como seu lugar no mundo. Viveu em sua cidade natal por vinte e cinco anos, mas suas referências hoje são múltiplas e confusas entre Rio de Janeiro, Porto Alegre e Juiz de Fora, cidade mineira onde nasceu sua mãe e que teve importância vital em sua infância e juventude. Angra dos Reis, Brasília, Santa Maria, São Paulo, Barra Bonita e Rio Grande também passaram por sua vida, com diferentes efeitos e lições para os seus anos de maturidade. Mas Porto Alegre é a cidade pela qual se apaixonou verdadeiramente - mesmo nutrindo ainda o sonho de um dia morar em Portugal.

É Mestre em Letras - Teoria da Literatura pela PUCRS e especialista em Ensino e Aprendizagem de Línguas Estrangeiras pela UFRGS. Sua graduação foi o bacharelado em Ciências Navais pela Escola Naval (RJ). Atuou muitos anos como professor de língua inglesa e língua espanhola, tendo sido o Instituto Cultural Brasileiro Norte-americano, em Porto Alegre, a instituição na qual permaneceu por mais tempo. Tem a impressão de que era um bom professor e ainda mantém contato com vários alunos daqueles tempos. É um apaixonado pela docência, a qual já exerceu por um salário quase simbólico apenas pela oportunidade de estar lecionando - algo que não mais faria hoje. Mas ainda se envolve de coração aberto em eventos e projetos nos quais doa de bom grado seu trabalho em prol de uma boa causa.

Começou a ver com seriedade sua carreira literária ao ingressar, no ano de 2007, na Oficina de Criação Literária da PUCRS, coordenada pelo escritor Luiz Antonio de Assis Brasil, e na Oficina de Dramaturgia DRAN, sob a orientação da dramaturga, professora e diretora teatral Graça Nunes, da qual participa até hoje em encontros semanais no Theatro São Pedro.

Tem um grande interesse na Literatura Portuguesa, na Dramaturgia, nas Literaturas de Língua Inglesa, no ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras, nos estudos sobre Criação Literária e na chamada Literatura Popular - sua dissertação versou sobre a obra teatral de António Aleixo (1899-1949), poeta popular português, e suas aproximações com o teatro vicentino.

É também um apaixonado pela música popular portuguesa e brasileira, ópera, cinema e artes plásticas. Como bom carioca, adora samba de raiz.

Atualmente, divide-se entre as tarefas de escritor, revisor, tradutor e professor de idiomas e de criação literária em cursos livres. Foi o gestor cultural da 8INVERSO, de Porto Alegre, entre 2009 e 2011. Pela editora, publicou duas traduções (veja na seção LIVROS) e teve seu livro de estreia na ficção, o infantil POR QUE O ELVIS NÃO LATIU? premiado pela revista CRESCER como um dos 30 melhores livros do ano e o mais votado pelos leitores da publicação em pesquisa realizada no site da revista.

Fonte:
http://frizero.blogspot.com/p/biografia.html

Antonio Manoel Abreu Sardenberg (Poesia, Soneto e Trova III)


Arre!..
ANTONIO MANOEL ABREU SARDENBERG


Aroeira, arataca, arapuca,
Araponga, ariranha, ururau,
Sol a pino queimando na nuca,
Araruta no fogo é mingau...

Arruela, artimanha, arruaça,
Assa-peixe, assai, açafrão,
Cala-boca de pobre é mordaça,
Todo amor que machuca é paixão.

Arretado, arremesso, arraial,
Arraigado, arrepio, arrastão,
Milho seco enchendo o paiol,
Peixe grande fisgado no anzol
Na panela o fubá do pirão...

Arrebate, arrebique, arrebento,
Arrebol, arredio, arremate,
Gente pobre jogada ao relento,
Erva pura, erva-doce, erva-mate!

Armadilha, armazém, armarinho,
Arquiteto, arquivista, artesão,
Coração implorando carinho,
A saudade chorando baixinho
E o juízo perdendo a razão...

Solidão
MIGUEL RUSSOWSKY


Depois que o amor passou... fez-se o vazio
e o desespero armou a sua tenda,
num leito triste abandonado e frio,
que nem a própria insônia recomenda.

Ficararam três promessas em contenda,
semi murchas e tortas , num desvio.
As ilusões gentis, em minha agenda,
entraram em completo desvario.

Sobrou a solidão que está comigo.
Sou bom anfitrião e dei-lhe abrigo,
pois prefere pessoas com idade.

A solidão é muito inteligente,
vive plantando, a sós, uma semente,
que nasce sob a forma de saudade.

TROVA

Na distância, ao teu aceno,
quanta tristeza me invade:
- O trem ficando pequeno
e, em mim, crescendo a saudade!
HERMOCLYDES SIQUEIRA FRANCO – RJ

Fonte:
Antonio Manoel Abreu Sardenberg