sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Carlos Drummond de Andrade (O Poeta Singrando Horizontes VIII)


A UM BRUXO, COM AMOR

Em certa casa da Rua Cosme Velho
(que se abre no vazio)
venho visitar-te; e me recebes
na sala trajestada com simplicidade
onde pensamentos idos e vividos
perdem o amarelo
de novo interrogando o céu e a noite.

Outros leram da vida um capítulo, tu leste o livro inteiro.
Daí esse cansaço nos gestos e, filtrada,
uma luz que não vem de parte alguma
pois todos os castiçais
estão apagados.

Contas a meia voz
maneiras de amar e de compor os ministérios
e deitá-los abaixo, entre malinas
e bruxelas.
Conheces a fundo
a geologia moral dos Lobo Neves
e essa espécie de olhos derramados
que não foram feitos para ciumentos.

E ficas mirando o ratinho meio cadáver
com a polida, minuciosa curiosidade
de quem saboreia por tabela
o prazer de Fortunato, vivisseccionista amador.
Olhas para a guerra, o murro, a facada
como para uma simples quebra da monotonia universal
e tens no rosto antigo
uma expressão a que não acho nome certo
(das sensações do mundo a mais sutil):
volúpia do aborrecimento?
ou, grande lascivo, do nada?

O vento que rola do Silvestre leva o diálogo,
e o mesmo som do relógio, lento, igual e seco,
tal um pigarro que parece vir do tempo da Stoltz e do gabinete Paraná,
mostra que os homens morreram.
A terra está nua deles.
Contudo, em longe recanto,
a ramagem começa a sussurar alguma coisa
que não se estende logo
a parece a canção das manhãs novas.
Bem a distingo, ronda clara:
É Flora,
com olhos dotados de um mover particular
ente mavioso e pensativo;
Marcela,
a rir com expressão cândida (e outra coisa);
Virgília,
cujos olhos dão a sensação singular de luz úmida;
Mariana, que os tem redondos e namorados;
e Sancha, de olhos intimativos;
e os grandes, de Capitu,
abertos como a vaga do mar lá fora,
o mar que fala a mesma linguagem
obscura e nova de D. Severina
e das chinelinhas de alcova de Conceição.
A todas decifrastes íris e braços
e delas disseste a razão última e refolhada
moça, flor mulher flor
canção de mulher nova...
E ao pé dessa música dissimulas (ou insinuas, quem sabe)
o turvo grunhir dos porcos, troça concentrada e filosófica
entre loucos que riem de ser loucos
e os que vão à Rua da Misericórdia e não a encontram.
O eflúvio da manhã,
quem o pede ao crepúsculo da tarde?
Uma presença, o clarineta,
vai pé ante pé procurar o remédio,
mas haverá remédio para existir
senão existir?
E, para os dias mais ásperos, além
da cocaína moral dos bons livros?
Que crime cometemos além de viver
e porventura o de amar
não se sabe a quem, mas amar?

Todos os cemitérios se parecem,
e não pousas em nenhum deles, mas onde a dúvida
apalpa o mármore da verdade, a descobrir
a fenda necessária;
onde o diabo joga dama com o destino,
estás sempre aí, bruxo alusivo e zombeteiro,
que resolves em mim tantos enigmas.

Um som remoto e brando
rompe em meio a embriões e ruínas,
eternas exéquias e aleluias eternas,
e chega ao despistamento de teu pencenê.
O estribeiro Oblivion
bate à porta e chama ao espetáculo
promovido para divertir o planeta Saturno.
Dás volta à chave,
envolves-te na capa,
e qual novo Ariel, sem mais resposta,
sais pela janela, dissolves-te no ar.

A INGAIA CIÊNCIA

A madureza, essa terrível prenda
que alguém nos dá, raptando-nos, com ela,
todo sabor gratuito de oferenda
sob a glacialidade de uma estela,

a madureza vê, posto que a venda
interrompa a surpresa da janela,
o círculo vazio, onde se estenda,
e que o mundo converte noma cela.

A madureza sabe o preço exato
dos amores, dos ócios, dos quebrantos,
e nada pode contra sua ciência

e nem contra si mesma. O agudo olfato,
o agudo olhar, a mão, livre de encantos,
se destroem no sonho da existência.

A LOJA FEMININA

Cinco estátuas recamadas de verde
na loja, pela manhã, aguardam o acontecimento.
é próprio de estátuas aguardar sem prazo e cansaço
que os fados se cumpram ou deixem de cumprir-se.
Nenhuma ruga no imobilismo
de figurinos talhados para o eterno
que é, afinal, novelo de circunstâncias.
Iguais as cinco, em postura vertical,
um pé à frente do outro, quase suspenso
na hipótese de vôo, que não se consumará,
em direção da porta sonora
a ser aberta para alguém desconhecido
- Vênus certamente, face múltipla -
assomar em tom de pesquisa,
apontando o estofo, o brinco, o imponderável
que as estátuas ocultam em sigilo de espelhos.
Passaram a noite em vigília,
nasceram ali, habitantes de aquário,
programadas em uniformes verde-musgo
para o serviço de bagatelas imprescindíveis.
Sabem que Vênus cedo ou tarde,
provavelmente tarde e sem pintura,
chegará.
Chega, e o simples vulto
aciona as esculturas.
Ao cintilar de vitrinas e escaninhos,
Ao cintilar de vitrinas e escaninhos,
objetos deixam de ser inanimados.
Antes de chegar à pele rósea,
a pulseira cinge no ar o braço imaginário.
O enfeite ocioso ganha majestade
própria de divinos atributos.
Tudo que a nudez torna mais bela
acende faíscas no desejo.
As estátuas sabem disto e propiciam
a cada centímetro de carne
uma satisfação de luxo erótico.
O ritmo dos passos e das curvas
das cinco estátuas vendedoras
gera no salão aveludado
a sensação de arte natural
que o corpo sabe impor à contingência.
Já não se tem certeza se é comercio
ou desfile de ninfas na campina
que o spot vai matizando em signos verdes
como tapeçaria desdobrante
do verde coletivo das estátuas.
Hora de almoço.
Dissolve-se o balé sem música no recinto.
Não há mais compradoras. Hora de sol
batendo nos desenhos caprichosos
de manso aquário já marmorizado.
As estátuas regressam à postura
imóvel de cegonhas ou de guardas.
São talvez manequins, de moças que eram.
O viço humano perde-se no artifício
de coisas integrantes de uma loja.
Se estão vivas, não sei. Se acaso dormem
o dormir egípcio de séculos,
se morreram (quem sabe), se jamais
existiram, pulsaram, se moveram,
não consigo saber, pois também eu
invisível na loja me dissolvo
nesse enigma de formas permutantes.

A UM AUSENTE

Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.

Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enloqueceu, enloquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?

Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.

Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste.

Ialmar Pio Schneider ( Homenagem ao poeta Nelson Nilo da Lenita Fachinelli em 9 de Novembro de 1935)

O FUNDADOR DE CASAS DO POETA

In Memoriam a Nelson da Lenita Fachinelli


Foi lá pelos idos de 1982 que conheci o poeta e literato, Nelson da Lenita Fachinelli, o vulgo “operário das letras”, que por muitos anos preside e carrega em seus ombros o encargo de manter viva e atuante a Casa do Poeta-Rio-Grandense, cuja fundação nos remete ao longínquo 24 de julho de 1964. Residia por aquela época, o nobre companheiro, no Bairro Cristal, na rua Dr. Campos Velho, a “faixa preta”, ainda tão citada hoje em dia. Lembro-me que fui de táxi e ele me disse depois que não precisava fazê-lo por este meio de transporte, porque passavam por ali lotações e ônibus. Em todo caso não havia me dado conta disto e agradeci-lhe a informação. Bem que eu poderia ter economizado uns cobres.

Naquele distante ano participei pela primeira vez de uma antologia organizada por ele, Trovadores do Rio Grande do Sul, de que participavam também outros nove consagrados poetas e que lançamos na Feira do Livro de Porto Alegre, em 13 de novembro de 1982. Foram dezesseis trovas, sendo a primeira:

A trova é o verso que nasce
de um coração sonhador;
fica estampada na face
de quem vive um grande amor !

E a última, ou seja a décima sexta, diz:

O vento leva o meu verso,
- afinal nada o detém -
pelos confins do Universo
e pra quem me queira bem.

O que me leva a prestar esta homenagem é o sonetista que ele também demonstrou ser, notadamente pelos dois sonetos a seguir:

“UM ROSTO DE MULHER--Nelson Fachinelli

Hoje estive relendo comovido,
as cartas que você mandou-me outrora
quando ainda sentia-me iludido
por quimeras que o tempo jogou fora.

É mesmo assim a vida... o tempo ido
não há aquele ser que não o chora,
embora o coração, nele ferido
tenha sofrido mágoas, hora a hora.

Nosso romance que durou tão pouco,
mas quase fez de mim um triste louco
teve bem um desfecho inacabado.

Por isso, que prossigo procurando
achar nas que, por mim, vivem passando,
um rosto de mulher, do meu passado !”

E este outro, místico e em que lembra as reuniões do Cafezinho Poético, no Restaurante Dona Maria, na José Montauri, de tão saudosa memória:

“QUANDO A MORTE CHEGAR...Nelson Fachinelli-

Quando a morte chegar em meu árduo caminho,
que venha sem alarde, sorrateiramente:
de olhos abertos vou aguardá-la, com carinho
como aquele que espera a amada, longamente…

Quando a morte surgir... hei de ir tão sozinho
tal como vim ao mundo - voluntariamente.
Vou partir sem lamúria, bem devagarinho
como quem sabe que vai voltar novamente…

Quando eu me for... não quero, por favor, tristeza.
Eu auguro uma longa ronda de beleza,
de quentes cafezinhos, poemas e canções.

Aos que eu feri, perdão, rogo por meus pecados,
aos que meu mal quiseram, estão perdoados,
pois só deve reinar Amor nos corações !”

Mas esta é uma minúscula faceta do dinâmico poeta e trovador que tem se esmerado na fundação de diversas Casas de Poetas no Estado, inclusive há pouco tempo em nossa cidade de Canoas, juntamente com a presidente Maria Santos Rigo, batalhadora incansável na divulgação da cultura. Uma de suas trovas do livro Cantigas de Amor e Paz, diz o seguinte:

“Sou herdeiro de Esperança
num mundo que não é meu:
- a minha única herança
é a vida que Deus me deu !”

Ele assim se considera...

Sua figura característica, percorrendo as ruas a carregar uma pasta e uma sacola de livros e convites e avisos, lembra um Dom Quixote enfrentando os moinhos de vento, a passear seu ideal aventureiro. Dir-se-ia um Cavaleiro Andante.

Fonte:
Textos enviados pelo Autor

Cruz e Souza (O Livro Derradeiro) Parte XV


ENTRE LUZ E SOMBRA

Ao dia 7 de Setembro
Libertas Lux Dei!!...

Surge enfim o grande astro
Que se chama Liberdade!...
Dos sec'los na imensidade
Eterno perdurará!...
Como as dulias matutinas
Que reboam nas colinas,
Nas selvas esmeraldinas
Em honra ao excelso Tupá!...

Eram só cinéreas nuvens
Os brasíleos horizontes!
Curvadas todas as frontes
Caminhavam no descrer! --
As brisas nem murmuravam...
Os bosques nem soluçavam...
Os peitos nem se arroubavam...
-- Estava tudo a morrer!...

De repente, o sol formoso
Vai as nuvens esgarçando.
As almas vão palpitando,
Cintilam magos clarões!...
E o Índio fraco, indolente
Fazendo esforço potente
Dos pulsos quebra a corrente,
Biparte os acres grilhões!...

Por terra tomba gemendo
O vão, atroz servilismo...
Rui a dobrez no abismo...
Eis a verdade de pé!...
Enfim!... exclama o silvedo
Enfim!... lá diz quase a medo
Selvagem, nu Aimoré!...

Assim, brasílea coorte,
Falange excelsa de obreiros,
Soberbos,.almos luzeiros
De nossa gleba gentil,
Quebrai os elos d’escravos
Que vivem tristes, ignavos,
Formando delas uns bravos
-- P'ra glória mais do Brasil!...

Lançai a luz nesses crânios
Que vão nas trevas tombando
E ide assim preparando
Uns homens mais p'ro porvir!
Fazei dos pobres aflitos
Sem crenças, lares, proscritos,
Uns entes puros, benditos
Que saibam ver e sentir!...

Do carro azul do progresso
Fazei girar essa mola!
Prendei-os sim, -- mas à escola
Matai-os sim, -- mas na luz!
E então tereis trabalhado
O negro abismo sondado
E em nossos ombros levado
Ao seu destino essa cruz!!...

Fazei do gládio alavanca
E tudo ireis derribando;
Dormi, co’a pátria sonhando
E tudo a flux se erguerá!
E a funda treva cobarde
Sentindo homérico alarde,
Embora mesmo que tarde
Curvada assim fugirá!...

Enfim!... os vales soluçam
Enfim!... os mares rebramam
Enfim!... os prados exclamam
Já somos livre nação!!...
Quebrou-se a estátua de gesso...
Enfim!... -- mas não... estremeço,
Vacilo... caio, emudeço...
Enfim de tudo inda não!!...

SETE DE SETEMBRO

Liberdade! Independência!...
Eis os brados grandiosos
Que quais raios luminosos
Fulguraram lá nos céus!...
Eis a mágica -- Odisséia
Que duns lábios rebentando,
Foi o povo transformando,
Foi rompendo os negros véus!...

As colinas, prados, montes,
As florestas seculares
-- Os sertões, os próprios mares
Exultaram com fervor!
E os brados retumbaram
Pela lúcida devesa,
Pela virgem natureza
Com homérico clangor!...

Qual artista consumado,
Qual um velho estatuário
Do Brasil no azul sacrário,
Essa data vos traçou,
-- O triunfo mais pujante,
A eleita das idéias,
A major das epopéias
-- Q'inda igual não se gerou!...

Mas embora, meus senhores
Se festeje a Liberdade,
A gentil Fraternidade
Não raiou de todo, não!...
E a pátria dos Andradas
Dos -- Abreu, Gonçalves Dias
Inda vê nuvens sombrias,
Vê no céu fatal bulcão!...

Muito embora Rio Branco,
Esse cérebro profundo
Que passou por entre o mundo,
Do Brasil como um Tupã!...
Muito embora em catadupas
Derramasse o verbo augusto,
Da nação no enorme busto
Inda a mancha existe, há!...

É preciso com esforço,
Colossal, estranho, ingente,
Ir o cancro, de repente
Esmagar que nos corrói!...
É preciso que essa Deusa,
A excelsa Liberdade,
Raie enfim na Imensidade
Mais altiva como sói!...

Sai da larva a borboleta
Com as asas auriazuis
E um disco vai -- de luz
A deixar onde passou!
No entanto o grande berço
Das façanhas de Cabrito
Inda espera um novo grito
Como o -- Basta -- de Waterloo!...

Eu bem sei que Guttemberg
Que esse Fulton primoroso
Faust, Kepler grandioso
Trabalharam té vencer!
Mas embora tropeçassem
Acurando os seus eventos,
Tinham sempre tais portentos
A vontade por poder!...

Eia! sim! -- p’ra Liberdade
Irrompei qual verbo eterno,
Como o -- Fiat -- superno
Pelos ares a rolar!
Eia! sim! -- que nossa pátria
Só precisa -- mas de bravos...
E em prol desses escravos
Seu dever é trabalhar!!...

Somos filhos dessa gleba
Majestosa aonde o gênio
Como o astro do proscênio
Solta as asas, mui febril!
Dos selvagens Tiaraiús
E dos brônzeos Guaicurus...
Somos filhos do Brasil!...

Esperemos, tudo embora!...
Pois que a sã locomotiva,
Do progresso imagem viva
Não se fez a um sopro vão!.
Aguardemos o momento
Das mais altas epopéias,
Quando o gládio das idéias
Empunhar toda a nação!...

Esperemos mais um pouco
Q’inda há almas brasileiras
Que se lembrarão, sobranceiras,
Que é preciso progredir!...
Inda há peitos valerosos
Que combatem descobertos
Por florestas, por desertos,
Mas c'os olhos no porvir!...

Inda há lúcidas falanges
Lutadores denodados
Que se erguem transportados
Burilando a sã razão!...
Inda há quem se recorde
Do Egrégio Tiradentes
Que do sangue as gotas quentes
Derramou pela nação!!...

Já nas margens do Ipiranga
Patrióticos acentos
Vão alados como os ventos
Pelos páramos azuis!!...
Vamos! Vamos! -- eia! exulta,
Jovem pátria dos renomes...
-- Vibra a lira, Carlos Gomes!
Bocaiúva, espalha luz!!...

TRÊS PENSAMENTOS

Nasceste no Brasil -- filha d’América,
Tu sabes conservar nas débeis veias
No lúcido pulmão
O sangue efervescente e purpurino
A força de subir ao céu da história.
As lutas da razão!...

Nasceste no Brasil -- em meio às plagas
Da grande natureza mais pujante
E cheia de arrebol!...
E sabes obumbrar os astros fulvos
E lanças raios mil por toda a parte,
Soberba como o sol!...

Nasceste no Brasil e o eco ovante
Das glórias sublimadas que tu colhes
Por este céu azul,
Vem férvido, viril e acentuado
Assaz repercutir com mais verdade
Aqui... aqui no sul!...

PARANAGUADAS

Que importa que tu fales
Que importa que tu files
Que importa que não cales,
Que importa que tu fales
Que importa que te rales,
Que importa-me essa bílis
Que importa que tu fales
Que importa que tu files.

QUESTÃO BROCARDO

-- Pife, pufe, pafe, pefe
Pafe, pefe, pife, pufe --
A cacholeta no chefe --
-- Pife, pufe, pafe, pefe
Estoure como um tabefe
E o ventre de raiva entufe --
-- Pife, pufe, pafe, pefe
Pafe, pefe, pife, pufe!

SEMPRE

Se é certo que o amor é um bem profundo
Se é certo que o amor é um sol ardente,
Eu hei de amar-te sempre neste mundo
E sempre, sempre, sempre -- eternamente.

Fonte:
Cruz e Sousa, Poesia Completa, org. de Zahidé Muzart, Florianópolis: Fundação Catarinense de Cultura / Fundação Banco do Brasil, 1993.

Monteiro Lobato (Reinações de Narizinho) O Sítio do Picapau Amarelo VII – O Assalto


Nisto o mato farfalhou à beira da estrada. Os cavalinhos se assustaram e empinaram.

— A quadrilha Chupa-Ovo! — gritou Emília aterrorizada, erguendo os braços como no cinema. Narizinho também empalideceu e procurou instintivamente agarrar-se ao marquês de Rabicó. Mas o marquês já havia pulado no chão e sumido...

— A bolsa ou a vida! — intimou o chefe da quadrilha apontando o trabuco.

Narizinho a tremer, olhou para ele e franziu a testa. “Eu conheço esta cara!” — pensou consigo. “É Tom Mix, o grande herói do cinema!... Mas quem havia de dizer que esse famoso cowboy tão simpático, havia de acabar assim, feito chefe duma quadrilha de lagartos?...”

— A bolsa ou a vida! — repetiu Tom Mix, carrancudo.

— Bolsa não temos, senhor Tom Mix — disse a menina – mas tenho aqui uns bolinhos muito gostosos. Aceita um?

O bandido tomou um bolo e provou.

— Não gosto de bolo amanhecido! — respondeu cuspindo de lado. Quero ouro de verdade!

Assim que ele falou em ouro, Narizinho teve uma idéia de gênio.

— Perfeitamente, senhor Tom Mix. Vou dar-lhe um montinho de ouro puro, do bem amarelo. Mas há de prometer-me uma porção de coisas...

— Prometo tudo quanto quiser — retrucou o bandido, já mais amável com a idéia do montinho de ouro.

— Então passe para cá o seu alforje e mais uma tesourinha.

Sem nada compreender daquilo, Tom Mix foi dando o que ela pedia. Narizinho, então, chamou Emília de parte e cochichou-lhe ao ouvido qualquer coisa. A boneca não gostou, pois bateu o pé, exclamando:

— Nunca! Antes morrer!...

Tanto Narizinho insistiu, porém, que Emília acabou cedendo, entre soluços e suspiros de desespero. Depois, erguendo a saia até os joelhos, espichou uma das pernas sobre o colo da menina. Esta, muito séria, como quem faz operação da mais alta importância, desfez-lhe a costura da barriga da perna e despejou toda a macela do recheio no alforje de Tom Mix. Em seguida ergueu-se e disse-lhe:

— Aqui tem o seu alforje cheio de ouro-macela!

— Muito bem — respondeu o bandido com os olhos a faiscarem de cobiça. — A menina está agora livre e tem em mim de hoje em diante o mais dedicado servidor. Nos momentos de perigo basta gritar; “Mix, Mix, Mix!” que aparecerei incontinenti para salvá-la.

Cumprimentou-a com o chapelão de abas largas e retirou-se, seguido dos seus lagartos.

Ao vê-los sumirem-se ao longe, Narizinho criou alma nova.

— Ufa! — exclamou. — Escapamos de boa! Continuemos a nossa viagem, Emília — e tratou de montar novamente. Um, dois, três — upa! Montou. Emília também — um, dois, três... e nada! Não conseguiu montar.

— Ai! — gemeu sacudindo a perninha saqueada. — Não posso andar, nem montar com esta perna vazia!...

Apesar do triste da situação, Narizinho espremeu uma risadinha.

— Malvada! — exclamou Emília chorosa. — Salvei-a da morte à custa da minha pobre perna e em paga você ri-se de mim...

— Perdoe, Emília! Reconheço que me salvou, mas se soubesse como está cômica com essa perna vazia... O melhor é vir comigo na garupa do pangaré, bem agarradinha. Dê cá a mão. Upa!

Com alguma dificuldade conseguiu acomodá-la na garupa do cavalinho, recomendando-lhe que se segurasse muito bem, pois tinha de ir a galope.

— Sossegue, Narizinho, que daqui nem torquês me arranca! — respondeu Emília. A menina estalou o chicote e o pangaré partiu na galopada erguendo nuvens de pó — pá-lá-lá, pá-lá-lá! De repente:

— Que fim levou o marquês? — interrogou Emília olhando para trás.

Narizinho deteve o cavalo.

— É verdade!... Aquele poltrão comportou-se de tal maneira que a coisa não pode ficar assim. Hei de vingar-me — e é já, quer ver?

Voltando-se para o mato gritou: “Mix, Mix, Mix!”

Imediatamente Tom Mix surgiu diante dela.

— Amigo Tom Mix — disse Narizinho — fui covardemente traída pelo senhor marquês de Rabicó, um poltrão que ao ver-nos em perigo só cuidou de si, fugindo com quantas pernas tinha. Quero ser vingada sem demora, está entendendo?

— Sereis vingada, ó gentil princesa! — disse Tom Mix estendendo a mão como quem faz um juramento. — Mas de que forma quereis ser vingada, ó gentil princesa?

Narizinho respondeu depois de pensar alguns instantes :

— Minha vingança tem de ser esta: quero amanhã ao almoço comer virado de feijão com torresmo, mas torresmo de marquês, está ouvindo?

— Vossa vontade será satisfeita, ó gentil princesa! — disse o bandido, curvando-se com a mão no peito e desaparecendo.

— Coitado do Rabicó! — exclamou Emília compungida.

— Coitado nada! Rabicó precisa levar uma boa esfrega. Dou-lhe uma lição que vai servir para toda a vida. Nunca mais cairá noutra...
–––––––––
Continua... Tom, Mix

Fonte:
LOBATO, Monteiro. Reinações de Narizinho. Col. O Sítio do Picapau Amarelo vol. I. Digitalização e Revisão: Arlindo_Sa

57a. Feira de Livros de Porto Alegre (Programação de 12 de novembro, sábado)


Mostra Vivências criativas com jogos culturais
12/11/2011 - 09:00

Sessão de Autógrafos do Instituto Marista Graças - Viamão
12/11/2011 - 10:30

Leituras mais que obrigatórias
12/11/2011 - 13:30
Uma releitura das obras indicadas para a UFRGS

A Feira fora da Feira
12/11/2011 - 14:00
Evento até as 18h. Como diz o adágio popular, o artista tem que ir onde o povo está. Com esta ideia, a Feira leva autores e artistas a bairros periféricos de Porto Alegre.

Modernizações de bibliotecas
12/11/2011 - 14:00

Oficina: Contando histórias para crianças hospitalizadas
12/11/2011 - 14:00
Oficina de contação de histórias em hospitais para crianças e adolescentes. Módulo 3/3

Contação de histórias com o grupo de contadores de histórias do Teatro de Arena
12/11/2011 - 14:00

Contação de Histórias com a equipe do QG
12/11/2011 - 14:00

Como ter uma conduta educacional equilibrada
12/11/2011 - 14:30
Responsabilidade a pais e educadores na formação de seres humanos competentes, éticos e felizes

Tenda.doc: A mão e a luva
12/11/2011 - 14:30
A história de Ricardo Gomez Ferraz, conhecido como Kcal. Músico e poeta Recifense, é apaixonado por literatura desde que encontrou, no lixo, o livro ‘A mão e a luva’, de Machado de Assis

Contos de Amores Vãos//A Ilha Mágica
12/11/2011 - 14:30
Editora: Maneco

Blogs do Além
12/11/2011 - 14:30
Editora: Realejo

Poemas
12/11/2011 - 14:30
Editora: SVB Edição e Arte

O fantasma do castelinho
12/11/2011 - 14:30
Editora: Errejota Livros Ed.

Ousei escrever poesias 3
12/11/2011 - 14:30
Editora: Independente

Poemas de vinho e vida
12/11/2011 - 15:00
Uma vida levada com classe tem que ter poesia e bom vinho

Sessão de autógrafos do livro Tecendo Palavras, construindo ideias
12/11/2011 - 15:00

O menino que aprendeu cedo demais
12/11/2011 - 15:00
Espetáculo teatral

A Arte Levada a Sério
12/11/2011 - 15:00
Apresentação artística dos alunos do Centro Educacional do município de Tramandaí

Um fio de amizade
12/11/2011 - 15:00
Editora: Larousse

Bonifácio e a serie fantástica, de Leila Mury Bergmann – as aventuras dos amigos do Bonifácio: o vampiro Clodoaldo, a Arvorenga e o gigante Ógui.
12/11/2011 - 15:30
Contação de Histórias com a equipe do QG

Álvares de Azevedo de Bolso
12/11/2011 - 15:30
Editora: Revolução Cultural

Oficina: Nietzsche e a criação poética como alternativa à dependência química
12/11/2011 - 16:00
Reflexão filosófico-poética baseada em Nietzsche no combate à dependência química. Oficina em módulo único

Sport Club Literatura
12/11/2011 - 16:00
Partida "Com-ca vs Sem-ca": Crônica de uma morte anunciada, de Gabriel Garcia Márquez x Travessuras da menina má, de Mario Vargas Llosa Juízes: Joana Bosak e Taize Odelli Partida "Coliseu"

Armenia
12/11/2011 - 16:00
Histórias de Armenia, uma jovem de 87 primaveras que resolve conhecer o mundo!

O Amigo Bonifácio
12/11/2011 - 16:00
Editora: Libretos

Maroca e Deolindo entre outros festejos
12/11/2011 - 16:00
Editora: Paulinas

O Vampiro Clodoaldo
12/11/2011 - 16:00
Editora: Libretos

A Floresta Encantada
12/11/2011 - 16:00
Editora: Libretos

O Gigante Ógui
12/11/2011 - 16:00
Editora: Libretos

A Arvorenga
12/11/2011 - 16:00
Editora: Libretos

Coletânea Fantasias
12/11/2011 - 16:00
Editora: Alternativa

Políticas de acessibilidade e a área do livro
12/11/2011 - 16:30

Oficina: Os Caminhos para o livro
12/11/2011 - 16:30
Como encaminhar um texto para primeira publicação? Módulo 1/2

Dicas de Telejornalismo
12/11/2011 - 16:30
Editora: Independente

Menino com Pássaro ao ombro
12/11/2011 - 16:30
Editora: Artes e Ofícios

Pais e Educadores de Alta Performance
12/11/2011 - 16:30
Editora: Integrare

O mundo de Camila - Performance e bate-papo
12/11/2011 - 17:00

Encontro Potteriano
12/11/2011 - 17:00

A Truta
12/11/2011 - 17:00
Editora: Paulinas

O mundo de Camila
12/11/2011 - 17:00
Editora: Projeto

Sonetos e versetos
12/11/2011 - 17:30
Editora: Suliani Letra & Vida

Respingos de Sonhos
12/11/2011 - 17:30
Editora: Editora Alcance

Fatos e Feitos
12/11/2011 - 17:30
Editora: Errejota Livros Ed.

O barão da independência
12/11/2011 - 17:30
Editora: Errejota Livros Ed.

Paulo Moura, um solo brasileiro
12/11/2011 - 18:00
Entrevista sobre o processo de criação do livro e apresentação musical relacionada à obra do maestro Paulo Moura

Coletânea Labirintos
12/11/2011 - 18:00
Editora: Alternativa

De Vinho & Vida - Poemas
12/11/2011 - 18:00
Editora: AJR

O cão-guia que mudou a história do país
12/11/2011 - 18:30
A comovente história do cão que mudou a história de sua dona e do Brasil

Oficina: Contos - a literatura e as sensações - Com Cíntia Moscovich
12/11/2011 - 18:30
Oficina de escrita criativa com ênfase no conto e em técnicas narrativas variadas. Visa ao desbloqueio criativo e ao incremento de memória sensorial. Módulo 3/3

Oficina: Os Caminhos para o livro
12/11/2011 - 18:30
Como encaminhar um texto para primeira publicação? Módulo 2/2

Oficina do Ovo Mágico
12/11/2011 - 18:30

Coleção Símbolos do Rio Grande do Sul
12/11/2011 - 18:30
Editora: Imprensa Livre

Estratégias Biográficas: o biografema com Barthes, Deleuze, Nietzche e Henry Miller
12/11/2011 - 18:30
Editora: Sulina

Cine Santander Cultural
12/11/2011 - 19:00
Sessão Comentada

A Razão Universal, o espírito filosófico e o educado
12/11/2011 - 19:30
Editora: maisqnada

Fim de Toda Existência - Prelúdio do Fim & Outros Escritos
12/11/2011 - 19:30
Editora: Alternativa Distribuidora de Livros Ltda.

Canto Ancestral
12/11/2011 - 19:30
Editora: Lisandro Amaral Editor

Histórias de Trabalho edições 2010/2011
12/11/2011 - 20:00
Editora: Editora da Cidade/SMC

Campereadas: crônicas, contos e causos do Sul
12/11/2011 - 20:30
Editora: Sulina

Nas entrelinhas
12/11/2011 - 20:30
Editora: Independente

Fonte:
http://www.feiradolivro-poa.com.br/

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 391)


Uma Trova Nacional

Como dizia vovó,
com sabedoria exata:
saudade, meu neto, é um nó
que a gente nunca desata!
–AGNELO CAMPOS/SP–

Uma Trova Potiguar

Sempre sozinha, aos farrapos,
mas de rosário na mão.
A fé tecida entre os trapos
remendava a solidão!
–PROF. GARCIA/RN–

Uma Trova Premiada

2011 - ATRN-Natal/RN
Tema: VERTENTE - 2º Lugar

Nas ilusões eu me orgulho
de vencer tempos tristonhos,
pois, destemido, mergulho
numa vertente de sonhos...
–EDMAR JAPIASSÚ MAIA/RJ–

Uma Trova de Ademar

Hoje eu culpo a mocidade
que ao encher-me de alegrias
deu-me um cofre de saudade
e um milhão de fantasias!...
–ADEMAR MACEDO/RN–

...E Suas Trovas Ficaram

Tu partes com tal frequência
que, embora em meio às promessas,
persiste um sabor de ausência
toda vez que tu regressas.
–ALCY RIBEIRO S. MAIOR/RJ–

Simplesmente Poesia

Saga
–HÉLVERTON BAIANO/GO–

Os marços de minha vida
me chegam tão de repente
parece até que não vivo
vou passando simplesmente.

Parece até que eu morro
um centímetro por dia
querendo saber da cova
que fundura tem por guia.

E assim passo passando
parte do que passaria
quisera que só passasse
0 que fica em agonia.

Agora recomeçasse
sem sofrer, sem mal, sem dor
passasse o caos e a crueldade
e só ficasse o amor.

Estrofe do Dia

Quero ser eu de verdade;
quero um não sem lero-lero;
quero ter tudo que eu quero;
quero usar minha vontade.
Quero minha liberdade;
quero dar mais confiança;
quero ser a esperança;
quero ser bem educado;
quero amar e ser amado;
quero, apenas, ser criança.
–TARCÍSIO FERNANDES/RN–

Soneto do Dia

O Sinal
–JOSÉ OUVERNEY/SP–

Absorto, incompreendido em seu dilema,
a questionar o próprio potencial,
ele costura nova estrofe ao tema,
lendo-a em voz alta, ríspido e formal;

carente de um melhor estratagema
que faça a inspiração dar-lhe um sinal,
navega horas a fio no poema,
à procura do enfoque original;

gosta, desgosta... Tira e põe remendo...
(Ah, esses poetas que eu jamais entendo!)
Lança outro olhar ao rasurado texto;

por fim, como a extirpar o próprio ser,
cético, arranca a página, a sofrer,
amassa a "obra-prima" e "zás"... no cesto!...

Fonte:
Textos enviados pelo Autor

57a. Feira de Livros de Porto Alegre (Programação de 11 de novembro, sexta-feira)


12ª Encontro de Promotores de Eventos Literários do Rio Grande do Sul
09:00
Credenciamento

Sessão de Autógrafos do Colégio Luterano da Paz - Porto Alegre
09:00

Contação e cantação de histórias com a equipe do QG
09:00
Contos dos Irmãos Grimm

Mostra Vivências criativas com jogos culturais
09:00

O Autor no Palco
09:00
Encontro de escritores e ilustradores com alunos do ensino fundamental

Mostra do Programa de Leitura Adote um Escritor
09:00

12ª Encontro de Promotores de Eventos Literários do Rio Grande do Sul
10:00
Abertura do Encontro e Lançamento da Semana do Livro 2012 Abertura com João Carneiro, presidente da Câmara Rio-Grandense do Livro; Carla Chilanti Pinheiro, coordenadora da Área de Cultura e ...

Fluência Digital - Sala de Aula do Futuro
10:00
Parceria: Procempa

Encontro com autor
10:30

Contação e cantação de histórias com a equipe do QG
10:30
Histórias de Princesa

O Autor no Palco
10:30
Encontro de escritores e ilustradores com alunos do ensino fundamental

12ª Encontro de Promotores de Eventos Literários do Rio Grande do Sul
11:00
Palestra com a autora Eliana Yunes

Blog, Rádio e TV ? faça você mesmo! - Sala de Aula do Futuro
11:00
Parceria: Procempa

Oficina: Leitura e Construção da subjetividade
13:30
O ato de ler, suas implicações e desdobramentos. Oficina em módulo único

Mercosul e literatura
14:00

Oficina: Crítica Literária
14:00
Apresentação expositiva, leitura e discussão de textos e prática de crítica literária. Módulo 3/3

Maria vai com as outras
14:00
Contação da história de Sylvia Orthoff por Bárbara Camargo

12ª Encontro de Promotores de Eventos Literários do Rio Grande do Sul
14:00
Saudação da patrona da Feira, Jane Tutikian. A Construção do Plano Municipal do Livro e da Leitura - Relato de Lúcia Jahn e Fernando Rossano, coordenadores do GT do PMML Porto Alegre

Sessão de Autógrafos do Colégio São Paulo - Porto Alegre
14:00

Contação de Histórias dos Livros Chuvesia e Lilly, de Marion Cruz
14:00

Dez Anos de Leis e de Ações Municipais
14:00
Editora: Gráfica Progressiva-Curitiba

I Encontro de Historiadores e Escritores - Mesa 1: Os Açorianos na obra de Luiz Antônio Alves
14:30

Mesa 2: Açorianos - Décima ilha Açoriana

Tenda: Documentário Sangue Latino
14:30
Com apresentação do jornalista e escritor Erick Nepomuceno, são entrevistados neste documentário: Eduardo Galeano, Mempo Giardinelli e Francisco Buarque de Holanda

Lampada de Lua/Lampada de Luna - Se Tivesse Tempo/Se Tuviera Tiempo
15:00
Editora: Escala

Fábulas de Ítalo Calvino
15:30
Contação de histórias

12ª Encontro de Promotores de Eventos Literários do Rio Grande do Sul
15:30
Relatos de promotores de feiras de livros e de outros eventos literários

Encontro com autor
15:30

Cine SESC
15:30
Exibição do filme Azur e Asmar

A Arte Levada a Sério
15:30
O menino que quase morreu afogado no lixo - apresentação teatral da Escola Municipal 25 de Julho de Ivoti

Ebulição
15:30
Editora: Meia Lua

Caravanas de Divulgação - Histórias de Espiritismo Familiar
15:30
AutógrafosEditora: FERGS

Oficina: O prazer da poesia
16:00
Identificação da linguagem poética em diferentes poemas objetivando a escrita criativa. Oficina em módulo único

Boca cheia de histórias
16:00
Leitura de textos de escritores latinos

Autor presente, uma ação transversal entre Cultura e Educação
16:00

Nikos e o Labirinto
16:00
Editora: Palmarinca e Modelo de Nuvem

Léguas de Milongas
16:00
Editora: Imprensa Livre

II Antologia da Academia Rio-Grandense de Letras - Prosa - Edição Comemorativa
16:00
Editora: Relâmpago

Oficina: Os bastidores de Ribamar - Como nasce um romance?
16:30
Leitura comentada de alguns dos capítulos principais do romance e debate a respeito das condições, obstáculos, medos, impasses e alegrias que envolvem a criação literária. Módulo 3/3

Manoelito o palhaço tristonho
17:00
Contação de Histórias com Angélica Rizzi

Presença de Alan Pauls
17:30

Autor conversa com o público sobre sua obra e a literatura na Argentina

Sem medo de voar
17:30
Editora: Já Editores

Tu ser joven
17:30
Editora: Dunken

Nua e crua e Xíxua com x
17:30
Editora: Cidadela

Lançamento do livro Saia Justa
18:00
Rede Municipal de Ensino de Porto Alegre

Reminiscências e Futurismo - XVI Antologia União Brasileira de Escritores do RS
18:00
Editora: UBE/RS

Fronteiras da Integração: dimensões culturais do Mercosul
18:00
Editora: Território das Artes

Guia politicamente incorreto da América Latina
18:30
Histórias de heróis e revoluções talvez um pouco exageradas, equivocadas ou mentirosas e mítico dos países latinos

Oficina: Contos - a literatura e as sensações - Com Cíntia Moscovich
18:30
Oficina de escrita criativa com ênfase no conto e em técnicas narrativas variadas. Visa ao desbloqueio criativo e ao incremento de memória sensorial. Módulo 2/3

Esquetes teatrais com textos de Bertold Brecht
18:30

Universos complementares: astrobiologia, ficção científica e o crescimento exponencial da tecnologia
18:30
Editora: Suliani Letra & Vida

Travessia: quinze contos peregrinos
18:30
Editora: Editora da Cidade/SMC

Pulsações na tela
18:30
Editora: maisqnada

Ribamar
18:30
Editora: Bertrand

O segredo de Frida Kahlo - Presença de autor mexicano
19:00
Com ingredientes que não podem faltar na cozinha de ninguém - paixão, romance, dor, traição, luxúria e drama - essa mistura de realidade e ficção desvenda a vida dessa ousada e intrigante artista

Oficina: Trajetórias da escrita de um livro
19:00
Da preparação do escritor ao projeto do que será publicado. Módulo 2/2

Cine Santander Cultural
19:00
Sessão Comentada

História do Cabelo
19:30
Editora: Cosacnaify

Conversas Apócrifas com Enrique Vila-Matas
19:30
Editora: Palmarinca e Modelo de Nuvem

O sexo das antas
19:30
Editora: Palmarinca e Pergamus

Poemas de Aprendiz
19:30
Editora: Movimento

Cordão da Saideira: Dando uma banda pela América Latina
20:00
O Cabaré do Verbo propõe uma viagem pela América Latina através de seus contos, causos, verdades e mentiras!

Antologia III - Academia dos Escritores do Litoral Norte Gaúcho - AELN
20:00
Editora: Secco

Chico Bastos - O Pescador
20:30
Editora: UniverCidade

Os segredos de Frida Kahlo
20:30
Editora: Planeta

Guia politicamente incorreto da América latina
20:30
Editora: Leya

Coisas de Mulherzinha 2
20:30
Editora: Cidadela

Fonte:
http://www.feiradolivro-poa.com.br

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Alerta sobre as Postagens desta Semana


Em virtude de eu estar fazendo um curso no SEBRAE sobre abertura de microempresa, as postagens estão meio irregulares, mantendo-se apenas as mensagens poéticas e a programação da Feira de Livros de Porto Alegre, contudo na sexta-feira (11) elas voltarão ao normal.

Obrigado
José Feldman

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 390)

Uma Trova Nacional


Uma Trova Potiguar

P’ra esquecer a ingratidão
que à noite me fez sofrer,
plantei uns pés de perdão
no vale do amanhecer!!!
–LUIZ DUTRA BORGES/RN–

Uma Trova Premiada

2007 - Niterói/RJ
Tema: ALVORADA - Venc.

Nosso sonho deu em nada,
mas nosso amor ergue a voz,
em busca de outra alvorada
que vive dentro de nós!
–RODOLPHO ABUDD/RJ–

Uma Trova de Ademar

Quando se perde quem ama,
além de mágoa e queixume,
fica nos lençóis da cama
o cheiro do seu perfume!...
ADEMAR MACEDO/RN–

...E Suas Trovas Ficaram

Por meus possíveis fracassos
assumo a culpa sozinho:
Se Deus libera os meus passos,
sou eu que escolho o caminho.
NEY DAMASCENO/RJ–

Simplesmente Poesia

A Lua Nua Olha a Rua
–MARIA DE F. CARVALHO/RN–

A lua nua
sem nuvem alguma
simplesmente linda
clareia a rua
que triste estar a chorar
também tão nua
a paz se foi...
O silêncio reina...
E o medo vaga...
A espantar
quem vestia a rua
mas a lua nua!
Não vai deixar a rua.

Estrofe do Dia

Ontem mesmo eu lembrei com alegria
dos bons tempos da minha juventude,
do meu corpo gozando de saúde
pra brincar toda hora que queria,
fui feliz neste tempo e não sabia
que os maus tratos do peso da idade
marcaria pra sempre com maldade
o meu rosto abatido e enrugado;
invadi o espaço do passado
viajando nas asas da saudade.
–JÚNIOR ADELINO/PB–

Soneto do Dia

Se...
–AMILTON MACIEL/SP–

Se eu posso ser a chuva que umedece
O ressequido ânimo de um irmão,
Que, sem saber chorar, então padece
Com a sede de seu próprio coração...

Se eu posso ser a ponte que oferece
Uma oportunidade de, antemão,
Fazer que alguém perdido, logo acesse
O lado firme e bom da salvação...

Se de algum modo, enfim, posso ser útil,
Mas fico empedernido em vida fútil,
Tal qual um fruto torpe do hedonismo...

E se jamais eu rumo para o norte
Da virtude e não largo o meu cinismo...
O que minh´alma aguarda após a morte?

Fonte:
Textos enviados pelo Autor

57a. Feira de Livros de Porto Alegre (Programação de 10 de novembro, quinta-feira)


Encontro com autor
10/11/2011 - 09:00

O Autor no Palco
10/11/2011 - 09:00
Encontro de escritores e ilustradores com alunos do ensino fundamental

A Arte Levada a Sério
10/11/2011 - 09:00
Atividades das escolas que participam do Programa de Leitura Fome de Ler

Mostra do Programa de Leitura Fome de Ler
10/11/2011 - 09:00

Contação de histórias
10/11/2011 - 09:30
Contação de histórias com Bárbara Camargo

Roda de histórias com a equipe do QG
10/11/2011 - 09:30
Roda de Histórias

Sessão de Autógrafos da EMEF Aramy Silva - Porto Alegre
10/11/2011 - 10:00
Lançamento do livro escrito pelos alunos

Apresentações alunos - Sala de Aula do Futuro
10/11/2011 - 10:00
Até às 11h. Parceria: Procempa

Encontro com autor
10/11/2011 - 10:30

O Autor no Palco
10/11/2011 - 10:30
Encontro de escritores e ilustradores com alunos do ensino fundamental

Oficina: Libertando a escrita criativa
10/11/2011 - 13:30
Através de jogos e exercícios, a oficina busca remover bloqueios e levar à produção de textos que evidenciem o potencial criativo de cada participante. Módulo 3/3

Contação de histórias com a equipe da Arena das Histórias
10/11/2011 - 14:00
Contação de histórias

O mundo de Camila - Performance e bate-papo
10/11/2011 - 14:00

Encontro com autor
10/11/2011 - 14:00
O terror na Literatura

3º Seminário AEILIJ - Por um espaço especial para a literatura na escola
10/11/2011 - 14:00
Oficina

O Autor no Palco
10/11/2011 - 14:00
Encontro de escritores e ilustradores com alunos do ensino fundamental

Encontro Professores Línguas Adicionais - Escolas Municipais de Porto Alegre (Coord. Profª Márcia Viegas)
10/11/2011 - 14:00
Parceria: Procempa

Contação de histórias com a equipe do QG dos Pitocos
10/11/2011 - 14:00

História das idéias: proposições, debates e perspectivas
10/11/2011 - 14:00
Editora: EDUNISC

Uma poética da memória: o holocaustro na obra de Jorge Semprun
10/11/2011 - 14:30
Editora: EDUNISC

Aprendizagem baseada em problemas no Curso de Medicina da UNISC/RS
10/11/2011 - 14:30
Editora: EDUNISC

Quando o futuro morreu?
10/11/2011 - 14:30
Editora: EDUNISC/Editora Gazeta Santa Cruz Ltda.

Estudos Hispânicos: história, língua e literatura
10/11/2011 - 14:30
Editora: EDUNISC

Memória e cultura do carvão em Santa Catarina
10/11/2011 - 14:30
Editora: EDUNISC

Encontro Professores Línguas Adicionais - Escolas Municipais de Porto Alegre (Coord. Profª Márcia Viegas)
10/11/2011 - 15:00
Parceria: Procempa

Contação de histórias
10/11/2011 - 15:30

com Bárbara Camargo

Confraria das Letras em BRAILE
10/11/2011 - 15:30

Contação e cantação de histórias com a equipe do QG
10/11/2011 - 15:30
Belinda a Bailarina, de Amy Young

O Autor no Palco
10/11/2011 - 15:30
Encontro de escritores e ilustradores com alunos do ensino fundamental

1º Congresso da Cidade: Canoas Voa Mais Alto
10/11/2011 - 15:30
Editora: CORAG

Sobre o País que Queremos
10/11/2011 - 15:30
Editora: Senado Federal

Abordagens Atuais em Segurança Pública
10/11/2011 - 15:30
Editora: EDIPUCRS

Romance-folhetim alemão
10/11/2011 - 15:30
Editora: EDUNISC

Entre o Sena e o Guaíba - Entre la Seine et Le Guaiba
10/11/2011 - 16:00
Contos sobre Paris e Porto Alegre: Contar Paris para os portoalegrenses e Porto Alegre para os parisienses

Dança, ação e narrativa
10/11/2011 - 16:00
Fragmentos de histórias de sexo e paixão sob a perspectiva do corpo. A narrativa intertextual: a fala, a ação, a imagem e o fluxo das formas de dança

Menino e seu irmão
10/11/2011 - 16:00
Editora: Record

Diálogos em geografia física
10/11/2011 - 16:00
Editora: UFSM

Biologia da desmielinização e remielinização:a base da esclerose múltipla
10/11/2011 - 16:00
Editora: UFSM

Concretizando um ideal: A cidade universitária da UFSM de 1960 a 1973
10/11/2011 - 16:00
Editora: UFSM

Entomologia florestal - 2 ed. - revista e ampliada
10/11/2011 - 16:00
Editora: UFSM

Educação da cultura visual: conceitos e contextos
10/11/2011 - 16:00
Editora: UFSM

Imigração e educação no Brasil: histórias, práticas e processos escolares
10/11/2011 - 16:00
Editora: UFSM

Introdução à geologia da engenharia - 4 ed. - revista e ampliada
10/11/2011 - 16:00
Editora: UFSM

Musas na encruzilhada ensaios da literatura comparada
10/11/2011 - 16:00
Editora: UFSM

Na batida da concha sociabilidades juvenis e homossexualidades reservadas no interior do Rio Grande do Sul
10/11/2011 - 16:00
Editora: UFSM/FATEC

"Palmas" para o quilombo: processos de territorialidade e etnicidade negra
10/11/2011 - 16:00
Editora: UFSM

Encontro Professores Línguas Adicionais - Escolas Municipais de Porto Alegre (Coord. Profª Márcia Viegas)
10/11/2011 - 16:00
Parceria: Procempa

Oficina: Os bastidores de Ribamar - Como nasce um romance?
10/11/2011 - 16:30
Leitura comentada de alguns dos capítulos principais do romance e debate a respeito das condições, obstáculos, medos, impasses e alegrias que envolvem a criação literária. Módulo 2/3

Parteiras, buchudas e aperreios
10/11/2011 - 16:30
Editora: EDUNISC

A nutrição e as doenças geriátricas
10/11/2011 - 16:30
Editora: EDIPUCRS

Da Gravidez à Amamentação
10/11/2011 - 16:30
Editora: Nova Era

Sala de espera
10/11/2011 - 16:30
Editora: BesouroBox

Oficina: Higienização de acervo bibliográfico
10/11/2011 - 17:00
Higienização básica de acervo bibliográfico, dicas de conservação e cuidados básicos com os livros e acervos em papel

Menina da Fazenda
10/11/2011 - 17:00
Editora: Palmarinca e Modelo de Nuvem

Encontro Professores Línguas Adicionais - Escolas Municipais de Porto Alegre (Coord. Profª Márcia Viegas)
10/11/2011 - 17:00
Parceria: Procempa

Envelhecimento e suas múltiplas áreas do conhecimento / Nutrição e as doenças geriátricas
10/11/2011 - 17:30
Editora: EDIPUCRS

Literatura e medicina: aliadas no ofício e no prazer
10/11/2011 - 18:00
A interface entre literatura e medicina como ferramenta da relação médico-paciente

Bate-papo para ler e fazer bem à saúde
10/11/2011 - 18:00
Dicas de leitura sobre saúde, comportamento, nutrição e atividade física

Sexualidade Humana - Crianças e Adolescentes em Interação com o Ambiente
10/11/2011 - 18:00
Editora: ARTMED

Entre o Sena e o Guaíba
10/11/2011 - 18:00
Editora: Independente

Oficina: Contos - a literatura e as sensações - Com Cíntia Moscovich
10/11/2011 - 18:30
Oficina de escrita criativa com ênfase no conto e em técnicas narrativas variadas. Visa ao desbloqueio criativo e ao incremento de memória sensorial. Módulo 1/3

Saúde da Criança
10/11/2011 - 18:30
Editora: EDIPUCRS

Tem filhos? Prepare-se para eles
10/11/2011 - 18:30
Editora: EDIPUCRS

Minha seresta - Vida e música de Alcides Gonçalves
10/11/2011 - 18:30
Editora: Editora da Cidade/SMC

Synthomas de poesia na infância
10/11/2011 - 18:30
Editora: Paulinas

SPAs - A alquimia de uma jornada
10/11/2011 - 18:30
Editora: BesouroBox

Histórias íntimas: sexualidade e erotismo na história do Brasil
10/11/2011 - 19:00
Cinco séculos de história do país sob o prisma da sexualidade

Oficina: Trajetórias da escrita de um livro
10/11/2011 - 19:00
Da preparação do escritor ao projeto do que será publicado. Módulo 1/2

3º Seminário AEILIJ - Por um espaço especial para a literatura na escola
10/11/2011 - 19:00
A biblioteca para além dos muros da escola – práticas e projetos

Um garatuja entre wotan e o fauno-NEPOMUCENO
10/11/2011 - 19:30
Editora: Movimento

Monumenta Porto Alegre: Registro de uma experiência
10/11/2011 - 19:30
Editora: Iphan/Programa Monumenta

Com sabor de terra
10/11/2011 - 19:30
Editora: L&PM Editores

Delicadamente Feio
10/11/2011 - 19:30
Editora: Dublinense

A Fotografia de Luiz Carlos Felizardo
10/11/2011 - 19:30
Editora: Palmarinca

Kate Chopin: contos traduzidos
10/11/2011 - 19:30
Editora: Luminara

Memórias de um corpo eviscerado
10/11/2011 - 19:30
Editora: Luminara

Coletânea Gaudéria
10/11/2011 - 19:30
Editora: Cidadela

IX Mostra do Arquivo Público
10/11/2011 - 19:30
Autógrafos

Cordão da Saideira: Sarau erótico
10/11/2011 - 20:00
Em sua 2ª edição na feira, o grupo Somos traz uma versão mais dinâmica com leituras dramáticas, entrevistas e bate-papo com personalidades, artistas e participação do público presente

3º Seminário AEILIJ - Por um espaço especial para a literatura na escola
10/11/2011 - 20:00
Palestra de encerramento

Atualizações em Geriatria e Gerontologia III: Nutrição e Envelhecimento
10/11/2011 - 20:00
Editora: EDIPUCRS

Histórias Íntimas
10/11/2011 - 20:30
Editora: Planeta

O Expurgado
10/11/2011 - 20:30
Editora: maisQnada

Viver Muito
10/11/2011 - 20:30
Editora: Leya

Geração Pixel
10/11/2011 - 20:30
Editora: Independente

Fonte:
http://www.feiradolivro-poa.com.br/

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 389)


Uma Trova Nacional

Quando os nevoeiros fito,
nos malabarismos seus,
nas digitais do infinito,
vislumbro os dedos de Deus.
GERALDO AMÂNCIO/CE–

Uma Trova Potiguar

Quando o heroico pescador
lança o anzol em água calma,
se assemelha ao trovador
tirando trovas da sua alma.
–FRANCISCO MACEDO/RN–

Uma Trova Premiada

2010 - Rio de Janeiro/RJ
Tema: NUVEM - M/E

Quando a saudade me abraça,
num devaneio febril,
até na nuvem que passa
eu diviso o teu perfil.
–NEOLY VARGAS/RS–

Uma Trova de Ademar

É divinamente lindo,
é um momento singular,
ver a luz do sol partindo
que é para a noite chegar...
–ADEMAR MACEDO/RN–

...E Suas Trovas Ficaram

No poente, um adeus langue
da hora crepuscular,
vestindo nuvens de sangue
o sol se afoga no mar!
–LAVÍNIO GOMES DE ALMEIDA/RJ–

Simplesmente Poesia

Poesias
PAULO LEMINSKI/PR

Tudo é vago e muito vário
meu destino não tem siso,
o que eu quero não tem preço
ter um preço é necessário,
e nada disso é preciso.

Estrofe do Dia

Os poetas, em seus ninhos,
Cantam, à luz da emoção,
As alvoradas da vida
E os jardins do coração,
Entoando cada verso
Ao som de linda canção.
EVA YANNI GARCIA/RN–

Soneto do Dia

Caminho do Sertão.
–AUTA DE SOUZA/RN–

Tão longe a casa!... Nem sequer alcanço
vê-la, através da mata. Nos caminhos,
a sombra desce... E, sem achar descanso,
vamos, nós dois, meu pobre irmão, sozinhos!

E' noite, já! Como, em feliz remanso,
dormem as aves nos pequenos ninhos...
Vamos mais devagar... de manso e manso,
para não assustar os passarinhos.

Brilham estrelas... Todo o céu parece
rezar de joelhos a chorosa prece,
que a Noite ensina ao desespero e à dor...

Ao longe, a Lua vem dourando a treva,
turíbulo imenso, para Deus eleva
o incenso agreste da jurema em flor.

Fonte:
Textos enviados pelo Autor

Eduardo F. Coutinho (Guimarães Rosa: Um Alquimista da Palavra)


UM DOS MAIORES ourives da palavra que a literatura brasileira jamais conheceu e ao mesmo tempo um dos mais perspicazes investigadores dos matizes da alma humana em seus rincões mais profundos, Guimarães Rosa é hoje, entre os escritores brasileiros do século XX, talvez o mais divulgado nos meios acadêmicos nacionais e estrangeiros e o detentor de uma fortuna crítica não só numericamente significativa, como constituída pelo que de melhor se vem produzindo em termos de crítica no país. No entanto, apesar da complexidade de sua obra, resultante em grande parte da verdadeira revolução que empreendeu da linguagem ficcional, o sucesso de Guimarães Rosa não se restringe ao contexto intelectual.

Prova-o bem a grande quantidade de edições que se sucedem de seus livros e o número expressivo de traduções que povoam cada vez mais o mercado internacional. Prova-o também a série de leituras que ela vem recebendo por parte do teatro (Sarapalha, por exemplo), e da mídia cinematográfica e televisiva (longametragens como A hora e vez de Augusto Matraga, Duelo, Noites do sertão, Cabaré mineiro e A terceira margem do rio, entre outros, e a série televisiva Diadorim). A presente edição tem o mérito de reunir, pela primeira vez em volumes conjuntos, a obra completa do autor, acompanhada de cronologia, bibliografia ativa e passiva atualizada, e uma breve seleção de sua fortuna crítica. É uma contribuição extremamente relevante que a Nova Aguilar oferece ao público, revitalizando, como já o vem fazendo há algum tempo, a tradição iniciada por Afrânio Coutinho e consolidada nos áureos tempos da antiga Aguilar.

Desde a publicação, em 1946, de seu primeiro livro, Guimarães Rosa se tornou alvo de interesse da
crítica. Efetuando um verdadeiro corte no discurso tradicional da ficção brasileira, máxime no que concerne à linguagem e estrutura narrativa,

Sagarana causou forte impacto no meio literário da época, dividindo os críticos em duas posições extremas: de um lado aqueles que se encantaram com as inovações presentes na obra e teceram-lhe comentários altamente estimulantes, e de outro os que, presos a uma visão de mundo mais ortodoxa e baseados no modelo ainda dominante da narrativa dos anos 3O - o chamado "romance do engajamento social" - acusaram o livro de "excessivo formalismo". Estas posições da crítica, tanto a apologética quanto a restritiva, que apreenderam a obra através de uma perspectiva monocular, vão sofrer séria revisão mais tarde - principalmente após o surgimento de Grande sertão: veredas - mas o registro de sua reação no momento da publicação de Sagarana indica o sentido de ruptura que caracteriza a obra com relação à tradição literária brasileira ainda dominante, apesar dos esforços da primeira geração modernista, e aponta o seu parentesco com outras obras também inovadoras que vinham surgindo ou já haviam surgido no seio de outras literaturas vinculadas à nossa, como a hispano-americana e a norte-americana, ou, de maneira mais ampla, no próprio corpus da literatura ocidental como um todo.

Deixando de lado o segundo aspecto por implicar um estudo comparativo mais amplo que transcenderia o objetivo deste ensaio, e concentrandonos no primeiro, lembremo-nos de que, no quadro da literatura brasileira, a obra de Guimarães Rosa é geralmente situada dentro da terceira geração modernista, também designada "geração do instrumentalismo", por caracterizar-se, entre outras coisas, por acentuada preocupação com a exploração das potencialidades do discurso, com o sentido "estético" do texto, e por expressar, na maioria dos casos, profunda consciência do caráter de ficcionalidade da obra, de sua própria literariedade. Tais elementos, presentes em quase todos os autores que a historiografia literária normalmente inclui nessa geração, são levados a um extremo na ficção rosiana, o que explica em parte a reação mencionada da crítica.

Contudo, o que esta crítica não percebeu de imediato é que a ruptura introduzida por Guimarães Rosa, longe de constituir mera obsessão formal, uma espécie de capricho ou moda, acarretava ao contrário uma proposta estético-política de caráter mais amplo, somente evidenciável quando confrontada com a visão de mundo dominante no período imediatamente anterior - a da narrativa dos anos 3O - e expressa em premissas, formuladas pelo próprio autor em entrevista ã Günter Lorenz, como a de que "o escritor deve ser um alquimista" e de que "somente renovando a língua é que se pode renovar o mundo".

Fonte:
ROSA, João Guimarães. Ficção completa, em dois volumes. Rio de Janeiro : Nova Aguilar,1994.

Cruz e Souza (O Livro Derradeiro) Parte XIV


DISPERSAS

AVANTE

(17 set. 1880)

Ao distinto e talentoso jovem
José Arthur Boiteux
......................................................... .
Avante, sempre nessa luz serena,
Empunha a pena, sem temor, com fé!...
Eleva as turbas as idéias d’oiro,
Que um tesouro tua fronte é!...

Eia, caminha nessa senda nobre
Na pátria pobre, no teu berço aqui!...
Prossegue altivo, sem parar, constante,
Faz-te gigante, diz depois: Venci!...

Imita os grandes, incansáveis vultos
Que lá sepultos no pó negro estão!...
Anda, romeiro dos vergéis divinos,
Mergulha em hinos a gentil razão!...

Eia, que sempre na brasílea história
De alta glória colherás o jus!...
O livro augusto do Porvir descerra,
Sê desta terra o precursor da luz!...

AWAY!

A meu distinto amigo e talentoso jovem José Arthur Boiteux

O livro, esse audaz guerreiro,
Que conquista o mundo inteiro,
Sem nunca ter Waterloo!...
(Castro Alves)

Avante, sempre, nessa luz serena,
Empunha a pena, sem temor, com fé!...
Eleva as turbas as idéias d’ouro,
Que um tesouro tua fronte é!...

Eia, caminha nessa senda nobre,
Na pátria pobre, no teu berço aqui!...
Prossegue altivo, sem parar, constante,
Faz-te gigante, diz depois -- Venci!...

Ala-te à glória num voar titâneo,
Burila o crânio de fulgor sem fim!...
E entre o livro d’imortais perfumes
Calca os ciúmes d’imbecil Caim!

Imita os grandes, incansáveis vultos
Que lá sepultos no pó negro estão!...
Anda, romeiro dos vergéis divinos,
Mergulha em hinos a gentil razão!

Estás na quadra radiante e linda,
É cedo ainda para enfim descrer!
És jovem... pensas... és portanto um bravo
Ser ignavo... é sucumbir... morrer!

Vamos, caminha, mesmo embora exangue
Da fronte o sangue vá rolar-te aos pés!
Agita a alma qual febris as vagas,
Que dessas chagas brotarão lauréis!

Além do livro, colossal, enorme,
Que nunca dorme perscrutando os céus!.
Acima dele supernal, potente
Está somente, tão-somente Deus!

Vai! ... vai rasgando, percorrendo os ares,
Novos palmares, meu gentil condor!
Depois de teres pedestal seguro
Lá do futuro te erguerás senhor!...

Qual Ney ousado que, ao vibrar da lança,
Nutre esperança de ganhar, vencer,
Assim co’a idéia vai lutar, trabalha,
Vence a batalha do dinal saber.

Eia que sempre na brasílea história
De alta glória colherás o jus!...
O livro augusto do porvir descerra,
Sê desta terra precursor da luz!!!

POESIA

C'est la musique la poesie de l’âme;
et la gloire est Dieu, ce sont les
deux choses les plus charmantes, les
plus belles, les plus grandes de la vie!
(Do Autor)

Da música escutando preclaras harmonias
Vendo em cada lábio brilhar ledo sorriso
Vendo luz e flores e tanto entusiasmo
Julguei-me transportado ao célico Paraíso!

Foi sonho na verdade -- mas hoje realizado
Vos dá, distintos sócios, venturas mais de mil,
A vós que à frente tendo Penedo, grande, forte,
Subis, alistridente, qual ave mais gasil!

E quando executais as vossas belas peças
As notas quais gemidos vagam n’amplidão
Parece que o infinito derrama sobre vós
Centelhas sublimadas só d’inspiração!

Da arte de Mozart vós sois grandes romeiros
Lutais como nas vagas o triste palinuro,
Os olhos tendes fitos na glória que dá brilho
No livro tricolor e ovante do futuro!

Hoje que os sorrisos assomam em vossos lábios
Que da “Guarani” alçais áureo pendão,
Eu humilde e fraco -- com flores inodoras
Somente aqui vos venho fazer uma ovação!

Quando há só coragem, força, intrepidez
Quando se alimenta no peito divo ardor,
O homem não recua, caminha p’ro progresso
Co’a fronte sempre erguida, sem ter menor temor,

Sem ter algum trabalho jamais s’alcança trono
Sem ter valor e força jamais se tem lauréis
P’ra vossa grande glória, além do grã futuro
Deus já tem erectos milhares de docéis!

Mas dentre vós vulto sereno se destaca
Qual Rodes portentoso, imenso, verdadeiro
Que nunca recuou sequer um só momento
Que sempre em trabalhar foi pronto companheiro!

E este vosso sócio, digno diretor
Que forte não pensou jamais em recuar!
É José Gonçalves -- águia valorosa
A quem, altivamente, eu ouso aqui louvar!

Vencendo mil tropeços, altiva os derribando
A bela “Guarani” se mostra triunfante
Foi como esses heróis -- na mão sustenta o gládio
-- O gládio da vitória serena e radiante!

Portanto erguei ridente a fronte ao infinito!
Erguei ó grandes bravos a fronte toda luz!
Eis, a senda é bela, sublime, é grandiosa
Avante pois ness’arte, avante, avante, sus!

E agora concluindo palavras pobrezinhas
Que eu pronunciar humilde vim aqui,
Saúdo fervoroso -- do imo de minh’alma
A essa tão gentil, simpática “Guarani”!

SAUDAÇÃO

(Desterro, 14 nov. 1880)

Qual o que não exulta ao ler uma epopéia!
Qual o que a ver dor não lhe estremece o crânio,
Em confusões cruéis?! Qual o que tem fresca, sublime, pronta a idéia,
E do altar da caridade no supedâneo,
Não deixa alguns lauréis?!
(Do Autor)

Ontem, grande desgraça
Que o povo se abraça
D’Itajaí em geral!
Ontem, o cetro divino
Que se tornando ferino
Tudo esmaga afinal!
Ontem, prantos e dor. . .
Grandes gritos d'horror...
A fatal confusão!
Ontem, lampas perdidas
De centenas de vidas,
Que nas águas lá vão!
Ontem, negras as vagas,
Os belos céus, essas plagas,
-- Onde existe o Senhor!
Ontem, -- fatalidade!
A pobrezinha cidade
Toda envolta em negror!
Hoje, oh! Deus sempiterno!
-- O teu gládio superno
De bonança a irradir,
Veio ao povo esmagado
Ao tredo peso do fado
Fazer do caos ressurgir!
Hoje, o íris brilhante
Lá nos céus, radiante,
Já se faz divulgar!
E todo o povo prostrado
Te agradece arroubado
Mas ainda a chorar!
E corações caridosos
Farão a dar pressurosos
Os seus globos gentis!
Dai! é doce a esmola!
Ela aos pobres consola,
Torna-os ledos, gasis!
A miséria chorava
Em delírio bradava
Por um pouco de pão!
E eles foram dizendo
-- Ide, pois vos mantendo,
Aqui tendes a mão!
E vós -- lá no tablado,
O mor rasgo, elevado,
De fazer acabais!
E um rasgo de glória
De brilhante memória

Pros vindouros anais!
Vós fazeis do cenário
Um dinal santuário
Trabalhando p’ra pobres!
Mostrais bem que nas almas
Possuís celsas palmas
De ações muito nobres!
P’ra louvar amadores,
Tantas lutas, labores,
Tanta excelsa virtude!
Ah! me falta uma lira
Que um poema desfira...
Ai! me falta alaúde!
Só Deus pode dar louros
De mil glórias, tesouros,
Como vós mereceis!
Pois que feitos são divos,
Tão imensos, altivos
Só d’heróis ou de reis!
Amadores briosos!
Vós sois tão valorosos
Qual os bravos na guerra!
Sois os nautas valentes
Socorrendo ridentes
Quem cá gema na terra!
Amor, Deus, Caridade
-- E a sublime trindade
Radiante de Luz!
Donde vós, amadores,
Lá colheis os fulgores,
De mil graças a flux!

AO DECÊNIO DE CASTRO ALVES

Quem sempre vence e o porvir!
No espadanar das espumas
Que vão à praia saltar!
Nos ecos das tempestades
Da bela aurora ao raiar,
Um brado enorme, profundo,
Que faz tremer todo o mundo
Se deixa logo sentir!

E como o brado solene,
Ingente, celso, perene,
É como o brado: -- Porvir!
Pergunta a onda: -- Quem é?...
Responde o brado: -- Sou eu!
Eu sou a Fama, que venho
C’roar o vate, o Criseu!
Dormi, meu Deus, por dez anos
E da natura os arcanos
Não posso todos saber!

Mas como ouvisse louvores
De glória, gritos, clamores,
Também vim louros trazer.
Fatalidade! -- Desgraça!
Fatalidade, meu Deus!
Passou-se um gênio tão cedo,
Sumiu-se um astro nos céus!

As catadupas d’idéias,
De pensamento epopéias
Rolaram todas no chão!
Saindo a alma pra glória
Bradou pra pátria -- vitória!
Já sou de vultos irmão!
Foi Deus que disse: -- Poeta,
Vem decantar a meus pés.

Na eternidade há mais luz,
Dão mais valor ao que és.
Se lá na terra tens louros,
Receberás cá tesouros
De muitas glórias até!
Terás a lira adorada
C’o divo plectro afinado
De Dante, Tasso e Garret!

Então na terra sentiu-se
Um grande acorde final!
O belo vate brasíleo
Pendeu a fronte imortal!
O negro espaço rasgou-se
E aquele gênio internou-se
Na sempiterna mansão.

A sua fronte brilhava
E o áureo livro apertava
Sereno e ledo na mão...
E o mundo então sobre os eixos
Ouviu-se logo rodar!
É que ele mesmo estremece
A ver um vulto tombar.

É que na queda dos entes
Que são na vida potentes,
Que têm nas veias ardor,
Há cataclismos medonhos
Que só sentimos em sonhos
Mas que nos causam terror!...

E o coração s'estortega
E s'entibia a razão!
No peito o sangue enregela
E logo a história diz: -- Não!
Não chore a pátria esse filho,
Se procurou outro trilho
Também mais glórias me deu!

E quando os séculos passarem
Se hão de tristes curvarem
Enquanto alegre só eu?...
Oh! Basta! Basta! Silêncio!
Repousa, vate, nos Céus!
Que muito além dos espaços
Os cantos subam dos teus!

Se nesta vida d'enganos
Não são bastante os humanos
Pra te render ovações!
Perdoa os fracos, ó gênio,
Que pra cantar teu decênio
Somente Elmano ou Camões!

Fonte:
Cruz e Sousa, Poesia Completa, org. de Zahidé Muzart, Florianópolis: Fundação Catarinense de Cultura / Fundação Banco do Brasil, 1993.

Monteiro Lobato (Reinações de Narizinho) O Sítio do Picapau Amarelo VI – A Viagem

Deitaram-se bem tarde naquela noite. Tanta coisa tinha o menino a contar, coisas da casa da dona Antonica e da escola, que somente às onze horas foram para a cama. Que sono regalado! Isto é, regalado até uma certa hora. Daí por diante houve coisa grossa.

Narizinho estava justamente no meio dum lindo sonho quando despertou de sobressalto, com umas pancadinhas de chicote na vidraça — pen, pen, pen... E logo em seguida ouviu a voz do marquês de Rabicó, que dizia:

— O sol não tarda, Narizinho. Pule da cama que são horas de partir.

Chegando à janela, viu o marquês montado num cavalinho de pau à sua espera.

— E a condessa? Já está pronta? — perguntou a menina.

— A senhora condessa já está lá embaixo, corcoveando no cavalo Pampa.

— Pois então que me selem o pangaré. Em três tempos me visto.

Enquanto por ordem do marquês selavam o cavalo pangaré, a menina punha o seu vestido vermelho de bolso. Precisava de bolso para levar os bolinhos de tia Nastácia sobrados da véspera e também para trazer coisas do reino das Abelhas.

Porque era para o reino das Abelhas que eles iam, a convite da rainha. Reino das Abelhas ou das Vespas? Não havia certeza ainda.

Na véspera chegara um maribondo mensageiro com um convite assim:

“Sua Majestade a Rainha das... dá a honra de convidar vocês todos para uma visita ao seu reino.”

Como o papelzinho estivesse rasgado num ponto, havia dúvida se o convite era da rainha das Vespas ou da rainha das Abelhas.

Narizinho respondeu ao convite por meio dum borboletograma.

Não sabem o que é? Invenção da Emília. Como não houvesse telégrafo para lá, a boneca teve a idéia de mandar a resposta escrita em asas de borboleta. Agarrou uma borboleta azul que ia passando e rabiscou-lhe na asa, com um espinho, o seguinte:

“Narizinho, a Condessa e o Marquês agradecem a honra do convite e prometem não faltar.”

— Por que não incluiu o nome de Pedrinho, Emília? — perguntou a menina.

— Porque ele não é nobre — nem barão ainda é!... Pronto que foi o borboletograma, surgiu uma dificuldade. A quem endereçá-lo? À rainha das Vespas ou à das Abelhas?

— Já resolvo o caso — disse Emília, e soltou a borboleta com estas palavras: “Vá direitinha, hein? Nada de distrair-se com flores pelo caminho.”

— Ir para onde? — perguntou a borboleta.

— Para a casa de seu sogro, ouviu? Malcriada! Atrever-se a fazer perguntas a uma condessa!

— Mas... — ia dizendo humildemente a borboleta.

Emília, porém, interrompeu-a com um berro.

— Ponha-se daqui para fora! Não admito observações. Conheça o seu lugar, ouviu?

A borboleta lá se foi, amedrontada e desapontadíssima.

— Você parece louca, Emília! — observou Narizinho. – Como há de ela saber o endereço se você não deu endereço algum?

— Sabe, sim! — retorquiu a boneca. — São umas sabidíssimas as senhoras borboletas. Se sabem fabricar pó azul para as asas, que é coisa dificílima, como não hão de saber o endereço dum borboletograma ?

Narizinho fez cara de quem diz: “Ninguém pode entender como funciona a cabeça da Emília! Ora raciocina muito bem, tal qual gente. Outras vezes, é assim — tão torto que deixa uma pessoa trapalhada...”

O cavalo pangaré veio, a menina montou e lá partiram todos pela estrada afora — pac, pac, pac... Em certo ponto Narizinho disse à boneca:

— Vamos apostar corrida? Emília aceitou, muito assanhada.

— Pois toque, então!

Emília — lept, lept! chicoteou o cavalinho pampa, disparando numa galopada louca. Narizinho, porém, não se moveu do lugar. O que queria era ficar só com o marquês de Rabicó para uma conversa reservada — o casamento dele com a condessa.

— Mas afinal de contas, marquês, quer ou não quer casar-se com a condessa?

— Já declarei que sim, isto é, que casarei, se o dote for bom. Se me derem, por exemplo, dois cargueiros de milho, casarei com quem quiserem — com a cadeira, com o pote d’água, com a vassoura. Nunca fui exigente em matéria matrimonial.

— Guloso! Pois olhe que vai fazer um casamentão! Emília é feia, não nego, mas muito boa dona de casa. Sabe fazer tudo, até fios de ovos, que é o doce mais difícil. Pena ser tão fraquinha...

— Fraca? — exclamou o marquês admirado. — Não me parece. Tão gorda que está...

— Engano seu. Emília, desde que caiu n’água e quase se afogou, parece ter ficado desarranjada do fígado. E aquela gordura não é banha, não, é macela! Emília o que está é estufada. Inda a semana passada tia Nastácia a recheou de mais macela.

O marquês pensou lá consigo: “Que pena não a ter recheado de fubá!” mas não teve coragem de o dizer em voz alta, limitando-se a exclamar:

— Pois pensei que fosse toucinho e do bom!...

— Que esperança! Toucinho do bom está aqui, disse a menina apalpando-lhe o lombo. — Dos tais que dão um torresminho delicioso! — e lambeu os beiços, já com água na boca. Felizmente o dia de Ano Bom está próximo!...

Dia de Ano Bom era dia de leitão assado no sítio, mas Rabicó não sabia disso.

— Dia de Ano Bom? — repetiu ele sem nada compreender.

— Que tem isso com o meu toucinho ?

— Nada! É cá uma coisa que sei e não é da sua conta — respondeu a menina piscando o olho.

E assim, nessa prosa, alcançaram a condessa, que estava lá adiante, furiosa com o logro.

— Não achei graça nenhuma! — foi dizendo Emília logo que a menina chegou. — Nem parece coisa duma princesa (Emília só a tratava de princesa nas brigas).

— Pois eu, Emília, estou achando uma graça extraordinária na sua zanguinha! Sua cara está que é ver aquele bule velho de chá, com esse bico...

Mais zangada ainda, Emília mostrou-lhe a língua e dando uma chicotada no cavalinho tocou para a frente, resmungando alto:

— Princesa!... Princesa que ainda toma palmadas de dona Benta e leva pitos da negra beiçuda! E tira ouro do nariz... Antipatia!...

Calúnias puras. Narizinho nem tomava palmadas, nem levava pitos, nem tirava ouro do nariz. Emília, sim...
–––––––––
Continua... O Assalto

Fonte:
LOBATO, Monteiro. Reinações de Narizinho. Col. O Sítio do Picapau Amarelo vol. I. Digitalização e Revisão: Arlindo_Sa

57a. Feira de Livros de Porto Alegre (Programação de 9 de novembro, quarta-feira)


Encontro com autor
09/11/2011 - 09:00

O Autor no Palco
09/11/2011 - 09:00
Encontro de escritores e ilustradores com alunos do ensino fundamental

A Arte Levada a Sério
09/11/2011 - 09:00
Apresentação da Oficina de Teatro do Colégio São Paulo

Mostra dos Projeto de Leitura da Prefeitura de Canoas
09/11/2011 - 09:00

Contação de histórias com a equipe do QG
09/11/2011 - 09:30
Alunos especiais; agendamento completo

Encontro Coordenadores do Projeto Adote Escritor - Sala de Aula do Futuro
09/11/2011 - 10:00
Parceria: Procempa

Encontro com autor
09/11/2011 - 10:30

O Autor no Palco
09/11/2011 - 10:30
Encontro de escritores e ilustradores com alunos do ensino fundamental

Encontro Coordenadores do Projeto Adote Escritor - Sala de Aula do Futuro
09/11/2011 - 11:00
Escolas Infantis (Coord. Profª Sandra Porto)

Oficina: Libertando a escrita criativa
09/11/2011 - 13:30
Através de jogos e exercícios, a oficina busca remover bloqueios e levar à produção de textos que evidenciem o potencial criativo de cada participante. Módulo 2/3

Oficina: Crítica Literária
09/11/2011 - 14:00
Apresentação expositiva, leitura e discussão de textos e prática de crítica literária. Módulo 2/3

Encontro com autor

09/11/2011 - 14:00
Sessão de Autógrafos do livro Crianças do Rio Grande escrevendo Histórias
09/11/2011 - 14:00

3º Seminário AEILIJ - Por um espaço especial para a literatura na escola
09/11/2011 - 14:00
Oficina

3º Seminário AEILIJ - Por um espaço especial para a literatura na escola
09/11/2011 - 14:00
Oficina

O Autor no Palco
09/11/2011 - 14:00
Encontro de escritores e ilustradores com alunos do ensino fundamental

Casa do Poeta 47 anos/2011
09/11/2011 - 14:00
Editora: Edições Caravela

Educação Infantil - projetando e registrando a ação educativa
09/11/2011 - 14:30
Editora: Paulinas

II Encontro Latino Americano de Casas de Poetas
09/11/2011 - 15:00
Encontro de poetas e escritores para divulgar os eventos e participações nas casas culturais e suas realizações em prol da cultura poética das entidades representantes do ativismo cultural

De pernas pro ar
09/11/2011 - 15:00
Editora: Editora FTD

Herança histórico-cultural no Açorianos III
09/11/2011 - 15:30
Os 260 anos do povoamento Açoriano no RS

Encontro com autor
09/11/2011 - 15:30

Contação e cantação de histórias com a equipe do QG
09/11/2011 - 15:30
Os três porquinhos mal-educados e o lobo bom, de Liz Pichon

O Autor no Palco
09/11/2011 - 15:30
Encontro de escritores e ilustradores com alunos do ensino fundamental

Introdução ao Pensamento de Martin Heidegger
09/11/2011 - 15:30
Editora: EDIPUCRS

Livro digital e novas mídias na educação
09/11/2011 - 16:00
Com o surgimento dos livros digitais, é preciso compreender o que são os e-books, como funcionam e quais as oportunidades que trazem para a Educação

Debate sobre o Plano Nacional de Educação
09/11/2011 - 16:00
Debate sobre o Plano Nacional de Educação, que definirá as metas e estratégias para a educação brasileira nos próximos 10 anos

Oficina: Introdução à arte de escrever
09/11/2011 - 16:00
Iniciação à arte da escrita, visando despertar o processo criativo e transmitir técnicas de aperfeiçoamento. Módulo 3/3

Histórias em trânsito
09/11/2011 - 16:00
Captura do cotidiano em minicontos, poemínimos e manifestações recriadoras de imagens e de memórias, provenientes das vivências comuns

Institutos Federais - –Uma Revolução na Educação Profissional e Tecnológica
09/11/2011 - 16:30
Apresentação da obra "Institutos Federais – Uma Revolução na Educação Profissional e Tecnológica" lançada durante a 57ª. Feira do Livro de Porto Alegre. O livro reúne ensaios dos ...
Oficina: Os bastidores de Ribamar - Como nasce um romance?
09/11/2011 - 16:30
Leitura comentada de alguns dos capítulos principais do romance e debate a respeito das condições, obstáculos, medos, impasses e alegrias que envolvem a criação literária. Módulo 1/3

Sessão de Autógrafos da Rede Metodista de Educação do Sul
09/11/2011 - 17:00

Diários de um professor
09/11/2011 - 17:30
Lançamento do livro com coletânea de textos de 62 ilustres professores que fazem parte da história da educação no Rio Grande do Sul

Demétrio Ribeiro
09/11/2011 - 17:30
Editora: CORAG

Educação em diálogo
09/11/2011 - 17:30
Editora: Editora Autores Associados

Observatório da cidade de Porto Alegre - novas ferramentas
09/11/2011 - 18:00
Lançamento do novo site do observatório da cidade de Porto Alegre, que tem o objetivo de disponibilizar uma ampla base de informações socioeconômicas

Obra de Oliveira Silveira e Vera Karam
09/11/2011 - 18:00
Organizadores apresentam as obras dos autores

Todo Mundo Pode
09/11/2011 - 18:00
Todo Mundo pode contar histórias - Oficina para pais, avós, babas e outros cuidadores de crianças

Ouvir o que a criança tem a dizer: antropologia e educação
09/11/2011 - 18:00
Bate-papo com pais, educadores e outros mediadores de leitura

Institutos Federais - Uma Revolução na Educação Profissional e Tecnológica
09/11/2011 - 18:00
Editora: Moderna Lançamento do livro "Institutos Federais – Uma Revolução na Educação Profissional e Tecnológica" organizado por Eliezer Pacheco.

A história e os museus: desafios da educação na contemporaneidade
09/11/2011 - 18:30
Conferência sobre ensino, história e museologia. Conhecimentos para um ensino além das salas de aulas

Oficina: Tradução Literária, um mal necessário
09/11/2011 - 18:30

Como dizia Borges, os livros intraduzíveis não tem importância. Módulo 3/3

Macaco Chulé
09/11/2011 - 18:30
Editora: Editora Alcance

Assim Twittei
09/11/2011 - 18:30
Editora: CORAG

Alfabetização e Cognição
09/11/2011 - 18:30
Editora: EDIPUCRS

Assim me lembro
09/11/2011 - 18:30
Editora: Alternativa

Pela janela da imaginação
09/11/2011 - 18:30
Editora: Cidadela

Filé de Borboleta, o Don Juan de Bagé//O Mar
09/11/2011 - 18:30
Editora: Mecenas

Entrevista com Lídia Jorge
09/11/2011 - 19:00
Escritores gaúchos entrevistam a escritora portuguesa que fala sobre sua obra e a literatura de seu país

Oficina do livro - O livro passo a passo
09/11/2011 - 19:00
Dicas e orientações para produção de um livro. Módulo 3/3

3º Seminário AEILIJ - Por um espaço especial para a literatura na escola
09/11/2011 - 19:00
A vivência em biblioteca retratada na literatura infantil e juvenil

O Brasil enfrentando a pós-modernidade
09/11/2011 - 19:30
Face cultural de um mundo globalizado

Sessão de Autógrafos do Colégio Kennedy
09/11/2011 - 19:30

Um escritor no fim do mundo
09/11/2011 - 19:30
Editora: Record

Os atores do desenvolvimento rural: perspectivas teóricas e práticas sociais
09/11/2011 - 19:30
Editora: Editora da UFRGS

Na outra margem
09/11/2011 - 19:30
Editora: Independente

Dicionário de Cruz Alta
09/11/2011 - 19:30
Editora: Martins Livreiro Editora Ltda.

Uma viagem pelo folclore brasileiro
09/11/2011 - 19:30
Editora: Martins Livreiro Editora Ltda.

Sem bossa não há quem possa! Cassino dos Operários - uma história
09/11/2011 - 19:30
Editora: Martins Livreiro Editora Ltda.

Eventos e Egos
09/11/2011 - 19:30
Editora: Independente

Cordão da Saideira: Freud & Lou Andreas-Salomé
09/11/2011 - 20:00
A mulher que revolucionou a condição feminina no século passado

Caderno de Literatura 20, da AJURIS
09/11/2011 - 20:00
Editora: WS Editor

Diário de um professor
09/11/2011 - 20:00
Editora: Orquestra

Lauro Frohlich - Vida e Obra
09/11/2011 - 20:30
Editora: Editora Alcance

Negrinho do pastoreio
09/11/2011 - 20:30
Editora: Editora Alcance

O vento assobiando nas gruas - Record
09/11/2011 - 20:30
Editora: Record

A Magia das Rosas Vermelhas
09/11/2011 - 20:30
Editora: Cidadela

Fonte:
http://www.feiradolivro-poa.com.br/