domingo, 25 de fevereiro de 2024

Eduardo Affonso (O peixinho que não sabia nadar)

Vinte e tantos anos atrás, quando começaram a me nascer sobrinhos por todos os lados, resolvi que ia escrever livros infantis para eles.

É que sempre achei livros infantis um tanto… infantis demais.

Já achava isso quando era criança.

Não me identificava com aquela prosa tatibitate, com as ilustrações toscas, que me tratavam como se eu fosse uma… criança.

Queria que meus sobrinhos tivessem algo além do que eu tive.

Não tiveram, porque dei com os burros n’água: literatura infantil não é pra principiante.

Agora que os sobrinhos já estão me arrumando sobrinhos-netos, volta a vontade de escrever para eles, e retomar o projeto.

Quem sabe não aparece um ilustrador, não me vêm novas ideias, e a coisa, finalmente, deslancha?

Fui atrás do que escrevi lá no início dos anos 90- e talvez algo ainda se aproveite. Como, por exemplo…

O PEIXINHO QUE NÃO SABIA NADAR

Era uma vez um peixinho
que não sabia nadar

Vivia junto da praia
e tinha medo do mar.

Usava boia, o peixinho,
para poder flutuar

Comprou até pé-de-pato
mas não tinha como usar.

Seus colegas de cardume
iam pra lá e pra cá

Entretanto, o tal peixinho
não saía do lugar.

Tinha medo de baleia
e até de estrela do mar

Só de pensar em mergulho
sentia falta de ar.

E então a maré subiu
a ponto de transbordar

E lá se foi o peixinho
numa onda, para o mar.

As barbatanas tremiam
como se fossem voar

De susto, bateu o rabinho
e deslizou devagar.

Viu os cascos de navios
tesouros do fundo do mar

Sereias, conchas, golfinhos
– e nadava sem parar.

Fez logo um monte de amigos
além de se apaixonar

E com um cavalo marinho
saía pra cavalgar.

Nunca mais ficou sozinho.

Nem parecia o peixinho
que um dia, pequenininho,
tivera medo do mar.

 Fonte: Eduardo Affonso (publicado em 28 de julho de 2016)

Artur De Azevedo (Contos em versos) O marido, a mulher e o outro

 O Secundino Arantes
Era um marido cômodo: a senhora
Tivera quatro, cinco ou seis amantes,
E o desgraçado, embora
O soubesse, faltando-lhe energia,
Caladinho ficava e não reagia.

Vivia escravizado;
Amava-a, achava-a bela;
Estava acostumado
Àquilo, e não podia
Outra vida viver senão aquela.

Entretanto, num dia
Em que um tal Souza, o derradeiro amante,
Nos adúlteros braços esquecido,
Se deixou surpreender pelo marido,
Este, que, até tão malsinado instante,
Tudo embora sabendo, nada vira,
Teve um acesso de ira!

Para que o seu furor deixasse traços
(Assim um pusilânime se vinga!),
Lançou ao chão e fez em mil pedaços
Uma infeliz moringa;
Saiu de casa, e da mulher infida
Se separou definitivamente.

Só depois de três meses, convencida
Ela ficou de que o marido ausente
Nunca mais voltaria. O Souza, o amante,
Que, esperando também que ele voltasse,
Não contava com esse desenlace,
Teve, de então por diante,
Que aguentar — pobre Souza! — aquela carga
Que jamais figurou no seu programa.
Não larga um cavalheiro a sua dama.
Quando, por causa dele, o esposo a larga.
Foi cavalheiro o Souza.

Tu farias, leitor, a mesma coisa,
Se estivesses no rol desses peraltas
Metidos em cavalarias altas,
E um dia fosses, como um sevandija*,
Apanhado co’a boca na botija.

O desditoso Secundino Arantes
Nunca mais teve um’ hora de ventura;
Ele, tão ledo, tão alegre dantes,
Só desejava agora a sepultura;
Se coragem tivesse,
Ou se soubesse
Onde ir busca-la,
Talvez fizesse
Com que uma bala
Cabo da vida estúpida lhe desse!

Viveu assim seis meses, e à medida
Que os tempos tristemente se passavam,
Mais e mais na sua alma se avivavam
Fundas saudades da mulher querida.

Gastava a pensar nela o dia inteiro,
Durante toda a noite a via em sonhos,
E acordava a soltar gritos medonhos,
Abraçando e beijando o travesseiro!

Um dia, finalmente, subjugado
Por uma ideia impávida, constante,
Resolveu ir passar pelo sobrado
Em que a mulher morava com o amante...

Quatro vezes passou por lá sem vê-la;
Porém, à quinta vez, quando passava,
Viu que à janela a pérfida se achava,
E foi como se vira a sua estrela!

A sexta vez ele cumprimentou-a,
E foi correspondido;
A sétima sorriu-lhe, namorou-a,
Namoraram-se ambos, e o marido
Durante um longo mês passou por ela,
Que o esperava à janela!

Escreveu-lhe, afinal, uma cartinha,
Pintando ao vivo o eterno amor que tinha,

Pedindo uma entrevista
Com o mesmo empenho com que suplicara
A vida um moribundo, um cego a vista.
Morta por isso andava a esposa cara.

Estava o nosso Arantes
A sós com ela, como dois amantes,
Quando o dono da casa, de repente,
Subiu a escada inesperadamente.
— Oh! Diabo! É o Souza! Esconde-te depressa!
— Eu esconder-me! Homessa! —
Ele abre o guarda-roupa, e ele, tremendo,
Para evitar um incidente horrendo,
Esconde-se.

Entra o Souza, e desconfia:
Ela nervosa está, tem a mão fria,
E o guarda-roupa geme...
Suando em bicas, Secundino treme,
Entre calças e saias, sufocado
Por um cheiro de cânfora, coitado!...

— Quem está dentro daquele guarda-roupa?
Pergunta à queima roupa
O Souza, e, vendo que ela não responde,
Abre o móvel...
— Senhor, por que se esconde?

Deve ficar aqui bem assentado
Que o marido enganado
É’ o senhor e não eu! Saia pra fora!
Aqui tem a senhora:
Ela é sua e não minha, Deus louvado! —

E, dizendo isto, o Souza foi-se embora.
Final coerente,
Que satisfez
Completamente
A todos três.
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* Sevandija = Pessoa vil; quem é baixo, ignóbil ou desprezível.
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Fonte> Artur de Azevedo. Contos em verso (contos brasileiros). Publicado originalmente em 1909. Disponível em Domínio Público . Convertido para o português atual por J. Feldman

Mitos Indigenas (Cervo Berá - o troféu do amor)

Em sua tribo, a jovem e bela Ponaim vivia em imensa liberdade. Corria feliz pelos prados e campos, amava a beleza das matas, deliciando-se nas águas dos rios e lagoas. Mas tudo isto não lhe bastava. Seu maior prazer era despertar paixões nos jovens, desprezando-os depois. 

Anhurawi, forte guerreiro, por ela se apaixonou. Para por em prova seus sentimentos, Ponaim pediu ao rapaz que lhe trouxesse um admirável e cobiçado cervo que havia naquelas campinas, o cervo Berá, animal de rara beleza e grande agilidade. Prometeu-lhe que se casaria com ele e que a pele do animal seria o forro do seu leito nupcial. 

Mesmo sabendo das dificuldades que encontraria, Anhurawi partiu em busca do cervo. 

Ao avistá-lo, o guerreiro usou de toda a sua força e astúcia, mas não conseguiu capturá-lo. Sendo muito veloz, o cervo fugiu em direção ao abismo da gruta do Caverá, atirando-se na lagoa Parobé. 

Anhurawi o seguiu e ambos acabaram por desaparecer. 

Desde aquele dia, a bela Ponaim, tomada de profunda tristeza e arrependimento, caminha pela beira da lagoa e lá permanece até o anoitecer, esperando que algum dia Anhurawi volte para ela, trazendo-lhe nos braços a pele do cervo Berá.

Fonte> Adaptação do Texto de Jayhr Gael in O Caminho de Wicca - http://www.caminhodewicca.com.br (desativado). acesso em 13/10/2023.

Estante de Livros (“Histórias de Fadas”, de Oscar Wilde)

Oscar Wilde foi um dos maiores escritores de língua inglesa. Transitou com maestria por diversos gêneros, sempre nos brindando com o tom satírico e irônico que lhe era tão peculiar. Autor de “O Retrato de Dorian Gray”, “O Fantasma de Canterville”, “A Importância de ser Honesto”, entre outros.

Em "Histórias de fadas", livro de contos que escreveu para os filhos, o autor irlandês mantém a crítica à sociedade de seu tempo ao recriar personagens do nosso imaginário, que, subitamente, têm de tomar consciência do mundo imperfeito em que vivemos, numa bela e importante metáfora sobre a vida. 

Aqui você vai encontrar os contos "O Príncipe Feliz", "O Gigante Egoísta", "O Amigo Dedicado", "O Foguete Notável", "O Rouxinol e a Rosa", "O Jovem Rei", "O Aniversário da Infanta", "O Filho da Estrela" e "O Pescador e sua Alma", todas narrativas maravilhosas e imbuídas de poesia, capazes de provocar os mais profundos mergulhos para dentro de nós mesmos.

No primeiro conto, “O Príncipe feliz”, a amizade e o amor se mostraram fortes mesmo quando o ser humano tenta estragar tudo com sua vaidade. A estátua do Príncipe está lá no alto, vendo tudo e se preocupando com todos, até que uma Andorinha fica para trás enquanto todas as outras seguem para um lugar quente, pois o inverno se aproxima. A Passarinho ajuda o Príncipe a se doar às pessoas necessitadas, mas a Andorinha precisa ficar todo o inverno por ali.

“Mesmo que meu coração seja feito de chumbo, não posso evitar chorar.”

Em “O gigante egoísta”, as crianças se divertem no quintal do gigante, pois ele viajou para visitar um amigo, e nisso se passaram muitos anos. Quando ele volta, fica furioso com as crianças ali e as expulsa, depois constrói um muro em volta do terreno. Acontece que toda a alegria também se afasta e ali dentro era sempre inverno e tristeza. Até que algo fantástico acontece.

O conto “O amigo dedicado”, nos mostra que todos em algum momento nos deparamos com amizades de mão única. Aquelas que a pessoa se aproveita, mas quando o outro precisa a pessoa sempre desvia.

Não adianta eu ir ver meu pequeno Hans enquanto dura a neve — dizia o Moleiro à sua mulher —, pois quando as pessoas estão com problemas o melhor é deixá-las sozinhas, para que não tenham de se aborrecer com visitas. Pelo menos essa é a ideia que tenho da amizade, e tenho a certeza de que estou certo. E por isso esperarei até chegar a primavera, quando então irei visitá-lo, e ele poderá dar-me uma grande cesta de margaridas, o que o fará muito feliz.

Em “O foguete notável”, vemos o ego de um sujeito que pensa ser o mais importante de todos.

“Frequentemente mantenho longas conversas comigo mesmo, e sou tão inteligente que muitas vezes não compreendo uma só palavra do que estou dizendo.(Frase muitas vezes atribuída de forma errada ao próprio autor e não ao personagem do conto.)

“O Rouxinol e a Rosa” é uma história sobre doação e amor, e como há pessoas interesseiras. A moça diz que só dançará com o rapaz se ele lhe der uma rosa vermelha, então ele corre em busca da flor, o problema é que só há rosas brancas. O Rouxinol percebe o problema e se doa para conseguir a flor.

O jovem rei conta sobre o dia em que o Príncipe seria coroado, então ele passa a sonhar sobre como suas coisas belas, como roupas e joias são conseguidas de forma que fazem seus súditos sofrerem.

“Na guerra — respondeu o tecelão —, os fortes fazem escravos dos fracos, e na paz os ricos fazem os pobres seus escravos.”

Em “O aniversário da Infanta”, vemos como a maldade pode corroer até o coração das jovens. Em seu aniversário de 12 anos ela pode receber seus convidados e dançar com eles. E um deles se apaixona, mas o coração da menina não traz bondade.

O “Filho da Estrela” começa com lenhadores encontrando um bebê abandonado exatamente onde caiu uma estrela. Um deles o leva para casa a fim de que sua mulher cuide dele. Ela reclama, pois têm muitos filhos, mas seu coração amolece e eles o criam como mais um filho. O rapaz cresce e se torna belíssimo! Até que uma atitude dele o faz virar um ser horrendo. Ele sai em busca de reparar sua maldade. No caminho seu coração se mostra bom e ajuda quem precisa.

O personagem de “O pescador e sua alma” deseja se casar com a Sereia que pescou, mas ela diz que apenas conseguirá se ele se separar de sua alma. O rapaz vai atrás da bruxa para que o ajude. Nem ela deseja que ele faça tamanha maldade contra si, mas o ajuda.

São histórias de doação humana, de amizade e sonhos. De seres fortes que recebem sempre algum tipo de lição por seus atos.

Beco do Nunca (Resumos de Celly Borges)

sábado, 24 de fevereiro de 2024

Edy Soares (Oceano de Trovas) – 5 –

 

A. A. de Assis (Pecados capitais)

Do professor Polyclínio: “Religião realmente ajuda muito, porém penso nos pecados capitais como um problema de saúde”

Estão lembrados do professor Polyclínio? Aquele que nunca foi professor, no entanto era assim chamado e respeitado na cidadezinha onde morava. “Professor honóvis fora”, como ele próprio, bem-humorado, costumava intitular-se. Bancário aposentado, era homem deveras erudito, versado em línguas clássicas e ledor de todo aquele nobre time de poetas e filósofos greco-romanos. Com essa bagagem, e com a autoridade dos seus oitenta e tantos anos, falava de qualquer assunto com segurança e desenvoltura.

Nas suas circuladas matinais habitualmente fazia uma parada na farmácia de um velho amigo. Ficava lá um bom tempo sentado, proseando com a clientela. Cada um que chegava puxava conversa com ele, aproveitando sempre para aprender alguma coisa.

Um dia entrou um freguês que lhe perguntou qual o segredo de sua ótima saúde apesar da idade. Ele pediu desculpas ao farmacêutico pela “concorrência” e deu a receita: “Olha, amigo, remédios são úteis sim, e acredito que na maioria dos casos sejam indispensáveis, porém o que mais vale é o autocuidado”. Fez uma pausa para explicar o que era autocuidado.

Prosseguiu: “Todo dia como ovos, frutas, saladas, um pedacinho de carne, tomo café com leite com angu, duas vezes por semana bebo uma taça de vinho, faço ginástica, jogo xadrez, ouço boa música, durmo bem… Mas sobretudo procuro manter distância dos pecados capitais”.

Surpreso com a referência aos pecados capitais, o homem aparteou: “Não sabia que o senhor era religioso”. O mestre fez outra pausa, limpou as lentes dos óculos, continuou: “Religião realmente ajuda muito, porém penso nos pecados capitais como um problema de saúde”.

– O senhor professor pode deixar isso mais claro?

– Tentarei. Avareza, inveja, ira, luxúria, preguiça, soberba são os piores venenos, principalmente a inveja e a ira, ou seja, a raiva. Milhões de pessoas, no mundo inteiro, passam anos padecendo de depressão, angústia, ansiedade, tristeza, insônia, mal-estar, fobias, úlceras, dor de cabeça, prisão de ventre, desmaios, palpitações, impotência, inapetência, etc., etc., etc., até se convencerem de que tudo isso são apenas efeitos. O que de fato estão é aos poucos morrendo de inveja ou de raiva de alguém”. 

– “Uai sô”, disse o amigo. “Vai ver então que é isso que tá matando um parente meu. Ele fica horas que horas resmungando rancor contra um ex-sócio que lhe passou a perna. Vive com a cara casmurrada, xingando, reclamejando, não conversa com a família, não dorme direito, não come direito e tá emagrecendo de dar dó”.        

– Nem precisa falar mais nada. Pecado capital é isso aí: um desarranjo mental que vai devagarinho corroendo a vítima. Seu parente está com a cabeça envenenada. Se ele conseguir esquecer o tal ex-sócio, desenfurecer os bofes e passar a conviver com a vida numa boa, ficará curado rapidinho. Ah… e a ajuda de um bom doutor poderá facilitar bastante as coisas.

(Crônica publicada no Jornal do Povo, em 22 de fevereiro de 2024)

Gislaine Canales (Glosas Diversas) LXIX


VERGONHA...
 
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MOTE
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A vida anda tão tristonha...
pobreza... fome... agonia...
que eu chego a sentir vergonha
de, às vezes, ter alegria!
Amália Max
Ponta Grossa/PR, 1929 – 2014

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GLOSA
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A vida anda tão tristonha,
com tantas atrocidades
que quase ninguém mais, sonha...
Só vemos desigualdades!
 
É triste encontrar no mundo
pobreza... fome... agonia...
e sentir, quanto é profundo,
o poço da nostalgia!
 
Se a sorte é pra mim risonha,
 sinto tão forte a emoção
que eu chego a sentir vergonha
de ainda ter coração!
 
A miséria dói na gente,
vai marcando o nosso dia...
que eu sinto uma dor pungente
de, às vezes, ter alegria!
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VIDA – POESIA
 
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MOTE
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Faço poesia na vida
mas procuro em cada dia
como rima preferida
fazer da vida poesia...
Euclides Cavaco
Ontário/Canadá

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GLOSA
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Faço poesia na vida
que ajuda o tempo passar.
Transformo cada partida,
num doce e terno voltar!
 
Eu sou feliz, poetando,
mas procuro em cada dia
ir, meus sonhos realizando,
e afastar a nostalgia!
 
Não quero a rima perdida
para rimar meu viver,
como rima preferida
vou a ventura, escolher!
 
Eu vivo  com emoção,
muita paz, muita alegria,
só porque, consigo, então,
fazer da vida poesia!
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TE ESPERAREI...
 
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MOTE
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Eu te quero às escondidas
e se esta espera durar,
te esperarei quantas vidas
for necessário esperar!...
Eugênia Maria Rodrigues
Rio Novo/MG, 1946 – 2003 

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GLOSA
= = = = =
Eu te quero às escondidas
desde a nossa juventude,
meu amor é sem medidas...
Não te aceitar, como pude?
 
Vivo da tua lembrança
e se esta espera durar,
não perderei a esperança
de um dia te reencontrar!
 
Mesmo em meio a despedidas,
minha tristeza eu abrando,
te esperarei quantas vidas
eu viver, sempre te amando!
 
Espero com emoção,
e sei, irei superar
o tempo, todo, que então,
for necessário esperar!…
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OUTONO DAS TARDES...
 
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MOTE
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No outono das tardes mansas,
com teu amor me acolhendo,
ressuscito as esperanças
que aos poucos foram morrendo!
Florestan Japiassú Maia   
Rio de Janeiro/RJ, 1915 – 2006

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GLOSA
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No outono das tardes mansas,
eu revivo o meu verão,
com um sol só de lembranças
carregado de emoção!
 
Me torno feliz, contente,
com teu amor me acolhendo,
ao ganhar teu beijo quente
vou meu inverno aquecendo!
 
Nessas minhas relembranças
volto à doce mocidade,
ressuscito as esperanças
e vivo a felicidade!
 
Dos sonhos,  junto os pedaços
e o que era mau esquecendo
dou vida nova aos espaços
que aos poucos foram morrendo!
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TROFÉU DO MEU FRACASSO...
 
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MOTE
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Meditando em meu cansaço
não me entristeço nem rio...
Os troféus do meu fracasso
valorizam meu vazio.
Humberto Del Maestro
Serra/ES

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GLOSA
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Meditando em meu cansaço
sigo só, o meu caminho,
é muito lento o meu passo,
pois meu seguir é sozinho...
 
Em completa solidão,
não me entristeço nem rio...
meu dormente coração,
não sente calor, nem  frio...
 
Recebo, neste compasso,
ao findar a caminhada,
os troféus do meu fracasso
premiando, assim, o meu nada...
 
São prêmios que dizem tanto,
relembram, horas a fio,
dos meus nadas, e entretanto
valorizam meu vazio.
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TEU SORRISO
 
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MOTE
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Quando ris, tenho certeza
que Deus, tão sábio e preciso,
exagerou na beleza,
quando fez o teu sorriso!
José Tavares de Lima
Juiz de Fora/MG

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GLOSA
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Quando ris, tenho a certeza
que a felicidade existe,
pois mesmo a maior tristeza,
ao teu riso, não resiste!
 
O teu sorriso feliz,
que Deus, tão sábio e preciso,
fez, com carinho, nos diz,
que é coisa do paraíso!
 
Deus fez linda a natureza,
e te fez mais bela ainda,
exagerou na beleza,
ao tornar-te, assim, tão linda!
 
Eu fico, amor, extasiado,
ao contemplar-te e analiso:
Estava, Deus, inspirado
quando fez o teu sorriso!

Fonte> Gislaine Canales. Glosas Virtuais de Trovas XI. In Carlos Leite Ribeiro (produtor) Biblioteca Virtual Cá Estamos Nós. http://www.portalcen.org. Setembro de 2003.

Irmãos Grimm (Os Elfos e o Sapateiro)


Um dia, um sapateiro pobre, sem nenhuma culpa, mal tinha couro suficiente para fazer mais um par de sapatos. À noite ele cortou o couro, para que pudesse fazer os sapatos pela manhã, e foi para a cama. Mas para sua surpresa, encontrou dois sapatos acabados na sua mesa de trabalho na manhã seguinte. Confuso, ele olhou para os sapatos e viu que eles foram feitos com grande precisão e cuidado.

Pouco tempo depois, um cliente veio à sua loja e queria experimentar os sapatos. Ele andou por um tempo e ficou muito satisfeito, tanto que pagou muito mais pelos sapatos do que o costume. Com esse dinheiro, o sapateiro podia comprar couro suficiente para dois pares de sapatos. Naquela noite ele cortou o couro, para que pudesse fazer os sapatos pela manhã, mas quando acordou os sapatos já estavam prontos. Algumas horas depois ele tinha vendido os sapatos e tinha dinheiro suficiente para comprar couro para quatro pares de sapatos.

E de novo na manhã seguinte, ele encontrou quatro pares de sapatos perfeitos. Isso continuou por algum tempo: todo o couro que ele cortava à noite, pela manhã magicamente se tornava um par de sapatos perfeito. E logo o sapateiro não era mais pobre e vivia uma vida próspera.

Uma noite, pouco antes do Natal, quando o homem tinha cortado o couro, ele disse à sua esposa: ‘Vamos ficar acordados e ver quem nos ajuda?’ 

Sua esposa achou que era uma boa ideia e eles se esconderam no canto da sala. À meia-noite, dois lindos homenzinhos nus apareceram. Eles se sentaram na mesa de trabalho e fizeram os sapatos. Quando o trabalho estava pronto, eles rapidamente correram para longe.

Na manhã seguinte, sua esposa disse: ‘Esses homenzinhos nos trouxeram muita prosperidade, vamos mostrar a eles como somos gratos. Eles devem estar com frio, sem roupas. Eu vou fazer para eles algumas camisas, suéteres, casacos, calças e meias. E você pode fazer para eles um par de sapatinhos minúsculos. Eles vão ficar quentinhos no Natal.’

Não foi preciso dizer mais nada. Eles colocaram os presentes na mesa e se esconderam no canto de novo para que pudessem ver a reação deles. 

À meia-noite, os homens entraram na sala. Eles queriam começar a trabalhar, mas em vez de couro eles só viram presentes. No começo eles ficaram surpresos, mas logo ficaram felizes. Eles rapidamente vestiram as roupas e cantaram:

“Agora somos meninos tão bonitos de ver,
Por que deveríamos ser sapateiros por mais tempo?”

Eles dançaram e saltaram sobre as cadeiras e sofás. Quando terminaram de dançar, eles desapareceram pela porta. Nunca mais ninguém ouviu falar deles. 

O que sabemos é que o sapateiro e sua esposa viveram felizes para sempre.

Fonte: Contos de Grimm. Publicados de 1812 a 1819. Disponível em Domínio Público.

Mitos Indígenas (Begorotire - o homem chuva)

Begorotire era um índio feliz. Certo dia, porém, havendo sido injustiçado na divisão da caça, ficou furioso, decidindo que sairia à procura de um outro lugar para viver. Cortou os cabelos da esposa e da filha, pintando toda a família com uma tintura preta que havia retirado do fruto do jenipapo. Pegou um pedaço de madeira pesada e resistente, fazendo a primeira borduna Caiapó, com o cabo trançado em preto e a ponta tingida com sangue da caça. Chegou então ao alto de uma montanha, levando sua arma, e começou a gritar. 

Seus gritos soaram como fortes trovões. Girou fortemente a borduna no ar e de suas pontas saíram relâmpagos. Em meio ao barulho e às luzes, Begorotire subiu aos céus. 

Os índios, assustados, atiraram suas flechas, mas nada conseguiu impedir que o índio desaparecesse no firmamento. As nuvens, também assustadas, derramaram chuva. Por isso Begorotire tornou-se o homem chuva. 

Tempos depois, levou toda a família para o céu, onde nada lhes faltava, e de lá muito fez para ajudar os que na terra ficaram. Juntou sementes de suas fartas roças, secou-as sobre o jirau, entregando-as a uma filha para trazê-las. 

A índia desceu dentro de uma cabaça enorme amarrada a urna longa corda, tecida com as próprias ramas do vegetal. Caminhando pela floresta, um jovem encontrou a cabaça, amarrou-a com cipós e pedaços de uma madeira e, com a ajuda dos amigos, levou-a para a aldeia. 

A mãe, abrindo a cabaça, encontrou a índia, a filha da chuva, que estava magra e com longos cabelos, por lá haver permanecido muito tempo. A jovem foi retirada e alimentada, e teve seus cabelos aparados. Ao ser indagada, a filha da chuva explicou por que viera, entregando-lhes as sementes enviadas por seu pai e deixando a todos muito felizes. 

O jovem que encontrou a cabaça, casou-se com a moça, passando esta a morar novamente na terra. Com o tempo, resolveu visitar os pais. Pediu que o esposo vergasse um pé de Pindaíba, trazendo a copa até o chão. Sentou-se sobre ela e, ao soltarem a árvore, a índia foi lançada ao céu. 

Ao retornar, trouxe consigo toda a família e cestos repletos de bananas e outros frutos silvestres. Begorotire ensinou a todos como cultivar as sementes e cuidar das roças, regressando depois ao seu novo lar. 

Até hoje, quando as plantas necessitam de água, o homem chuva provoca trovões, fazendo-a cair sobre as roças para mantê-las sempre verdes e fartas.

Fonte> Adaptação do Texto de Jayhr Gael in O Caminho de Wicca - http://www.caminhodewicca.com.br (desativado). acesso em 13/10/2023.

Dicas de Escrita (Formas de Escrever Diálogos) – 3

REVISANDO O DIÁLOGO

1 – Leia seu diálogo em voz alta. 

Isso lhe dará uma chance de ouvir como ele soa. Você pode fazer mudanças de acordo com o que ouve ou lê.

Deixe passar um tempo antes de lê-lo ou seu cérebro lerá o que você quer ler, não o que está no papel.

Peça para um amigo confiável ou parente ler o diálogo e dar sua opinião. Olhos diferentes podem falar melhor se ele soa natural ou se precisa melhorar.

2 – Pontue as falas corretamente. 

Isso vai fazer seu trabalho parecer profissional aos olhos dos leitores. Poucas coisas irritam tanto (especialmente editores e agentes) quanto o excesso de pontuação, principalmente em diálogos.

Tem que ter uma vírgula depois do fim do diálogo e as últimas aspas. Por exemplo: "Olá. Eu sou Joana", disse Joana.

Se incluir ação no meio do diálogo, você terá que usar letra maiúscula no começo da segunda parte do diálogo, ou não. 

Por exemplo: "Eu não  acredito que ele matou meu pai." Joana disse, seus olhos transbordando com lágrimas. "Ele jamais faria isso." ou "Eu não acredito que ele matou meu pai," disse Joana, seus olhos transbordando com lágrimas, "porque ele jamais faria isso".

Se não houver o disse, apenas a ação, então um ponto final deverá ser usado no lugar da vírgula, nas últimas aspas. Por exemplo: "Adeus, tia Ana." Joana bateu o telefone ao desligar.

Remova quaisquer palavras ou expressões que sejam desnecessárias à conversa ou à história. Às vezes, menos é mais.

Quando as pessoas conversam, elas não são exageradamente prolixas. Elas falam de modo simples e curto.

Por exemplo, em vez de "Eu não acredito que em todos esses anos, foi o tio João que pôs venenos no coquetel do meu pai para matá-lo," disse Joana", você poderia escrever "Eu não acredito que tio João matou meu pai!"

3 – Use dialetos com cuidado. 

Cada personagem deve ter sua própria voz, mas um sotaque ou voz arrastada demais pode se tornar irritante para os leitores. Além disso, se você trabalhar em um dialeto que não conhece, pode acabar sendo extremamente ofensivo para os falantes nativos.

Estabeleça as origens dos personagens de outras formas. Por exemplo, use termos regionais como "biscoito" ao invés de "bolacha" para definir a geografia. Não se esqueça de usar termos corretos para cada localização, como "mexerica" para São Paulo e "bergamota" para o Paraná.

Dicas

Acesse fontes que vão te ajudar a escrever diálogos excelentes. Faça uma aula de redação, ou veja livros e sites feitos especificamente para ajudar escritores a melhorarem suas habilidades de contar histórias através do diálogo.

Procure por grupos de escritores e aulas de roteiro e escrita literária em sua região e pela internet. Trabalhar em grupo e ter a opinião de colegas de oficina pode ser muito enriquecedor.

Não se prenda muito ao diálogo quando você estiver escrevendo seu primeiro rascunho. Não ficará muito bom e não tem problema, pois você voltará a esse ponto em outros rascunhos e o melhorará.

Referências
1. http://www.folhetimonline.com.br/2011/12/05/dicas-melhores-dialogos-7-dicas-paraescritores/

Fonte> https://pt.wikihow.com/Escrever-Diálogos

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

Trova ao Vento – 008

 

O. Henry (Vinte Anos Depois)

O policial de serviço subiu a avenida garbosamente. O garbo era-lhe habitual e não  ostensivo, já que havia por ali poucos transeuntes. Ainda não haviam soado as dez horas da noite, mas lufadas de vento gélido e úmido tinham despovoado prematuramente as ruas.

Experimentando as portas à medida que caminhava; girando o bastão com movimentos complicados e destros; voltando-se de quando em quando para inspecionar a avenida pacífica — o policial, com sua figura imponente e afetada, dava bem a ideia de um guardião da paz. O bairro era madrugador. Aqui e ali podiam-se ver as luzes de uma tabacaria ou de um café, desses que permanecem abertos a noite toda; a maioria das portas, porém, pertencia a lojas comerciais havia muito fechadas.

A meio caminho de certo quarteirão, o policial moderou subitamente o passo. Ao portal sombrio de uma loja de ferragens, estava encostado um homem, com um charuto apagado na boca. Ao aproximar-se o policial, disse-lhe rapidamente:

— Está tudo bem, seu guarda; espero um amigo, Um encontro marcado há vinte anos atrás. Parece esquisito, não é? Pois bem, vou explicar o caso e verá que está tudo legal. Naquele tempo, onde agora se encontra esta loja, havia um restaurante, o restaurante de Big Joe.

— Exatamente. Foi demolido há cinco anos — confirmou o guarda.

O homem do portal riscou um fósforo e acendeu o charuto. A chama revelou um rosto pálido, de queixo proeminente, olhos espertos e uma pequena cicatriz branca no supercílio direito. O alfinete de gravata era um grande brilhante, curiosamente engastado.

— Há vinte anos atrás, numa noite como esta — continuou o homem —, jantei no Big Joe com Jimmy Wells, o meu maior amigo e o melhor camarada deste mundo. Ambos crescemos em Nova Iorque, como irmãos; eu tinha dezoito anos, ele vinte. Na manhã seguinte, eu devia embarcar para o Oeste, em busca de fortuna. Ninguém, contudo, lograria arrancar Jimmy de Nova Iorque, pois ele considerava esta cidade a melhor do mundo. Bem, combinamos, naquela ocasião, um encontro aqui, exatamente vinte anos depois, independentemente das condições ou da distância que tivéssemos de percorrer para cumprir o compromisso. Imaginávamos que, dentro de vinte anos, estaríamos com a vida feita e a fortuna consolidada, quaisquer que fossem.

— Muito interessante — retrucou o policial — Todavia, parece-me que vinte anos é prazo um tanto longo, não acha? Teve notícias do seu amigo durante esse tempo?

— Bem, de início nos correspondemos, — respondeu o outro — mas, depois de um ano ou dois, perdemos a pista um do outro. Como sabe, o Oeste é muito vasto e andei sempre muito ocupado, pulando de cá para lá. Tenho a certeza, porém, de que Jimmy, se estiver vivo, virá esta noite, pois sempre foi o sujeito mais correto e leal do mundo. Jamais se esqueceria. Viajei mais de mil milhas para estar hoje neste local e me darei por bem pago se ele aparecer.

O homem consultou o relógio, cuja tampa era ornada de pequenos diamantes.

— Dez para as dez — anunciou. — Separamo-nos exatamente às dez horas, na porta do restaurante.

— O Oeste foi-lhe propício, não? — indagou o policial.

— Nem me diga! Espero que Jimmy tenha tido pelo menos a metade do êxito que tive. Era um tanto bisonho, apesar de bom sujeito. Tive de competir com os malandros mais finórios para cavar o meu quinhão. Em Nova Iorque, a gente fica entocado. Só o Oeste consegue deixar a gente afiado.

O guarda girou o bastão e deu alguns passos.

— Vou andando — disse. — Espero que seu amigo venha. Vai esperá-lo muito tempo ainda?

— Acho que sim — respondeu o outro. — Vou dar-lhe um desconto de meia hora, pelo menos. Se Jimmy estiver vivo, aparecerá logo mais. Até breve, guarda.

— Boa noite — disse o policial, continuando com sua ronda e experimentando as portas conforme se afastava.

Caía, agora, um chuvisco gelado e as ocasionais rajadas haviam-se convertido numa ventania constante. Os poucos transeuntes retardatários apertavam o passo, silenciosos e friorentos, com a gola do casaco erguida e as mãos nos bolsos. À porta da loja de ferragens, o homem que viajara mil milhas para comparecer a um encontro, incerto e quiçá absurdo, com o amigo de mocidade, fumava seu charuto e esperava.

Aguardou vinte minutos e, então, um homem alto, enfiado até as orelhas num comprido sobretudo, atravessou apressadamente a rua. Dirigiu-se para o homem à espera.

— É você, Bob? — indagou, em tom de dúvida.

— É você, Jimmy Wells? — exclamou o homem do portal.

— Por Deus! — suspirou o recém-chegado, tomando entre as suas as mãos do outro. — É Bob mesmo, no duro! Esperava encontrá-lo aqui se você ainda estivesse vivo. Ora, ora, ora! Vinte anos é muito tempo. O velho restaurante se foi, Bob; gostaria de que ainda existisse, para que lá pudéssemos jantar. Como foi de Oeste, meu velho?

— Às mil maravilhas! Lá encontrei tudo quanto esperava. Você mudou muito, Jimmy. Nunca pensei que você pudesse crescer tanto.

— Pois olhe! Depois dos vinte, ainda cresci mais um pouco.

— Dando-se bem em Nova Iorque, Jimmy?

— Assim, assim. Tenho um bom emprego numa repartição municipal. Vamos Bob; sei de um lugar onde poderemos conversar longamente sobre os velhos tempos.

Os dois se puseram a caminho, de braços dados. O homem do Oeste, seu egotismo espicaçado pelo sucesso, começou a esboçar a história de seus êxitos. O outro, enfiado no sobretudo escutava com interesse.

Na esquina, brilhavam as luzes de um café. Ao chegar à zona iluminada, os dois se voltaram simultaneamente para se examinarem um ao outro.

O homem do Oeste parou de súbito e retirou o braço.

— Você não é Jimmy Wells — explodiu. — Vinte anos é muito tempo, mas não o bastante para mudar um nariz romano em batatinha.

— Às vezes, transforma um bom cidadão num mau — retorquiu o homem alto. — Você está preso há já dez minutos, Silky Bob. Chicago deseja conversar consigo e nos telegrafou avisando de que você talvez estivesse por aqui. Vai ficar bonzinho, não vai? Faz muito bem. Agora, antes de irmos até a delegacia, eis um bilhete que me pediram lhe entregasse. Pode lê-lo diante da janela. É do guarda Wells.

O homem do Oeste desdobrou o papelzinlio que lhe fora entregue. Sua mão, firme ao começar a leitura, estava trêmula quando a terminou. O recado era curto:

"Bob: compareci ao encontro na hora marcada. Quando você riscou o fósforo para acender o charuto, reconheci a fisionomia do homem que Chicago procurava. De qualquer maneira, não podia prendê-lo pessoalmente. Por isso, fui arranjar um secreta para executar o serviço.
JIMMY."

Fonte> O. Henry. Caminhos do Destino. Contos. Publicado originalmente em 1909. Disponível em Domínio Público.