quinta-feira, 7 de março de 2024

Hinos de Cidades Brasileiras (Canoas/RS)


Brava gente, canoense
Sob o sol tu surgirás
Pela grandeza do teu esforço
Só vitórias nos darás.

Teu escudo é a ordem
Tua força a união
O teu lema é o progresso
Pela grandeza da nação.

(Estribilho)
Canoas minha terra
Município de valor
Coração que dentro encerra
Tanta bravura tanto amor.

O teu povo, altaneiro
Vem cumprindo a sua missão
No caminho de luta e glória
Vem honrando a tradição.

São Luís, padroeiro
Deste povo varonil
Abençoai e protegei
Este pedaço do Brasil.

Dicas de Escrita (Como Escrever um Bom Final para uma História) – 2

(Coescrito por Christopher Taylor, PhD)

USANDO AÇÕES E IMAGENS

1 – Use ações para mostrar (e não contar) o que é importante. 

Todo mundo sabe que histórias repletas de ação chamam a atenção de gente de todas as idades, sejam elas escritas ou visuais. Você pode usar essa estratégia para passar a importância do enredo ao público.

Por exemplo: se a história terminar com a heroína salvando a vila do dragão, inclua uma cena em que um guerreiro dá a ela uma espada lendária. Dá para mostrar o quanto isso é importante até sem qualquer
diálogo. 

2 – Desenvolva o final com descrições e imagens sensoriais. 

Os detalhes sensoriais criam conexões emocionais entre o leitor (ou espectador) e a história — e os grandes enredos são cheios dessas imagens. No entanto, deixe-as mais para a parte final para pegar o público de surpresa. 

Por exemplo: "Toninho sabia que havia derrotado o monstro, cujo corpo sem vida caía no abismo à sua frente. Ainda assim, ele esperou e observou cada centímetro da criatura desaparecer, com uma expressão de calma e leveza no rosto. Só depois foi que o garoto voltou a si e foi embora".

3 – Crie metáforas para os personagens e seus objetivos. 

Dê dicas e deixas para o próprio leitor juntar as peças e interpretar a história. O público sempre prefere enredos que não sejam muito didáticos. Por outro lado, não escreva nada confuso a ponto de deixar as pessoas perplexas, ainda que inclua figuras de linguagem para não ser tão óbvio. Encontre um
ponto de equilíbrio. 

Por exemplo: "Enquanto Sarah se despedia e acelerava a motocicleta, João sentia a companheira se tornar uma lembrança — que se afastava com um barulho ensurdecedor rua abaixo, até se tornar um mero ponto de luz; um resquício daquilo que ele gostara tanto de conhecer".

4 – Pense em imagens vívidas. 

Assim como as ações e descrições sensoriais, as imagens ajudam muito a contar histórias mais impactantes. 

Pense nas imagens mentais que você quer "pregar" na cabeça do leitor — algo que capture a essência do enredo — e deixe-as para o finalzinho.

5 – Explore um tema específico a fundo. 

Você pode abordar vários temas, ainda mais se o texto for longo, como um livro ou uma novela. No entanto, também é legal se concentrar em um tema específico com imagens e ações de personagens para dar uma estrutura única ao enredo, sobretudo com histórias que têm final aberto.

6 – Repita certos momentos. 

Assim como dá para destacar um tema específico, você pode pensar em uma ação, um evento ou um momento emocional da história que tenha mais peso e "ecoá-lo" ao longo do enredo (repetindo o momento, relembrando-o etc.).

7 – Volte ao início. 

Assim como nos passos anteriores, você pode retomar o início da história para dar a ela um impacto maior no final. Essa é a chamada "narrativa moldura" e vem muito a calhar na construção do enredo.

Por exemplo: se a história começa com uma pessoa olhando para um último pedaço de bolo, mas se recusando a comê-lo, termine-a com essa mesma pessoa olhando para o confeito (mesmo que seja outro bolo).

Caso tenha superado um quadro de anorexia, ela pode comer o doce para simbolizar a conquista.

SEGUINDO UMA ORDEM LÓGICA

1 – Revise os eventos da história e a ligação entre eles. 

Lembre-se de que nem toda ação tem a mesma importância ou ligação com as demais. Use várias delas para explorar temas e mensagens diferentes no enredo e nos personagens — desde que sejam relevantes para o final. Entretanto, entenda ainda que até os protagonistas fracassam de vez em quando.

Por exemplo: em A Odisseia, de Homero, Odisseu tenta inúmeras vezes voltar para casa, mas quase sempre fracassa devido aos obstáculos do caminho. Cada fracasso deixa a história mais interessante, mas o que ele descobre de si mesmo no final é o mais importante de tudo (já que toda a sua penúria tem um significado maior).

2 – Reflita sobre o que acontece depois de cada cena. 

Às vezes, os autores ficam tão envoltos com a história que estão escrevendo que acabam se esquecendo de que até os mundos de fantasia precisam seguir certas regras lógicas, como as leis da física. É por isso que você tem que pensar em um final que seja condizente com determinada situação.

O final tem que ser condizente com o que aconteceu antes.

3 – Reflita por que os eventos acontecem em determinada ordem. 

Releia a sequência de eventos ou ações da história e, depois, reflita se determinadas ações são ou não realistas de acordo com o fluxo do enredo.

Por exemplo: se o personagem encontrar uma passagem secreta para um mundo de fantasia enquanto procura seu cachorro, retome a história do cãozinho no final. Deixe o protagonista explorar o mundo que encontrou, mas não se esqueça do que o levou a encontrar a tal passagem.

4 – Pense em variações e surpresas para o enredo. 

Ninguém gosta de histórias formuladas demais e que não trazem nada de novo. Pense no que aconteceria se os personagens fizessem determinada coisa ou vivessem um evento x — e inclua surpresas. Veja se você incluiu esses itens ao longo de todo o enredo.

Por exemplo: o leitor pode ficar entediado se o personagem só acordar, ir à escola, voltar para casa e se deitar para dormir. Pense em algo novo e surpreendente que possa acontecer, como ele encontrar uma caixa misteriosa na porta de casa com o seu nome.

5 – Reflita sobre aonde a história leva o leitor. 

Pense no que você já criou em termos de eventos, provas ou detalhes do enredo. Depois, pense também no que está faltando, nos problemas que ainda não resolveu e nas dúvidas que restam. O final pode incitar o público a refletir sobre algo e, na maioria das vezes, provoca mais perguntas do que ele tinha antes.

Por exemplo: quais são os novos conflitos que os heróis têm que enfrentar depois de derrotar o monstro? Por quanto tempo o mundo deles vai ficar em paz?

6 – Distancie-se do texto por um tempo. 

 Independentemente da natureza do enredo (ficcional ou não), releia-o da perspectiva do leitor e pense no que tem e no que não teria lógica. Enquanto escritor, pode ser que você ache que determinado evento faz todo sentido, mas que o leitor não tenha a mesma impressão. Por isso, é bom ter certa distância do texto para pensar nele de forma mais crítica.

DICAS

– Esquematize a história antes de começar a escrevê-la. Use esse recurso para mapear todo o processo sem se perder no caminho. Essa estratégia é a única forma de ver toda a estrutura do enredo de uma vez e, assim, pode ajudar você a pensar no final.

– Peça para uma pessoa de sua confiança ler a história e dar uma opinião sobre o seu trabalho.

– Preste atenção às regras do gênero que você está escrevendo. Por exemplo: um texto de ficção tem certas características que contos de terror não têm, assim como roteiros de stand-up comedy trazem elementos diferentes de revistas de viagens.

– Revise o texto até mandar parar! Depois de decidir qual é o fim da história, releia-a várias vezes para encontrar e corrigir os pontos em que o leitor possa ficar confuso.

REFERÊNCIAS
1. http://www.literarydevices.com/conflict/
2. https://www.wwnorton.com/college/english/write/fieldguide/writing_guides.asp#
BLUE03
3. http://writingcenter.unc.edu/handouts/conclusions/
4. http://writingcommons.org/process/organize/paper-structure/397-how-to-write-acompelling-conclusion
5. http://time.com/3584611/write-better-tips-from-harvard/
6. http://www.nwp.org/cs/public/print/resource/142
7. http://www.creative-writing-now.com/story-endings.html

Fonte: https://pt.wikihow.com/Escrever-um-Bom-Final-para-uma-História

quarta-feira, 6 de março de 2024

Ademar Macedo (Ramalhete de Trovas) 19

 

Mensagem na Garrafa = 108 =

Arthur Thomaz 
Campinas/SP

FORÇAS

Que forças do Universo são essas que, inexplicavelmente, provocaram este insólito encontro entre nossas distraídas almas? 

Que forças são essas que as fundiram em uma só, acenando com a promessa de eterna cumplicidade?

Que forças do Universo são essas que demoliram, em um único sopro, todas as fortalezas que construí para não sofrer dores de amor?

Que forças são essas que ataram minhas mãos às tuas com laços de ternura, em uma conexão que vislumbramos ser eterna?

Que forças do Universo são essas que lhe dotaram da plenitude na arte do amor?

Que forças são essas que lhe habilitaram a enfeitiçar-me, e assim, da minha alma passaram a apoderar-se?

Que forças do Universo são essas que lhe brindaram com o poder de seduzir Chronos, para que ele lhe concedesse o dom de alterar o curso do tempo, fazendo com que longe de ti, as horas se arrastem, e quando ao teu lado, os segundos voem incontroláveis?

Que forças são essas que alteraram a órbita dos astros e que cruelmente separaram nossas almas inapelavelmente?

Que forças do Universo são essas que imobilizaram meus braços, que, inertes, assistiram tu ires embora?

Que forças são essas que desapareceram no exato momento em que eu mais necessitava tê-las para suportar a vida sem ti?

Fonte: Arthur Thomaz. Leves contos ao léu: imponderáveis. Volume 3. Santos/SP: Bueno Editora, 2022. Enviado pelo autor 

Contos e Lendas da África (“A morte começa com uma só pessoa”)

PERSONAGENS
Kâ (caramujo gigante)
Ngâmbi (iguana)
Kudu (jabuti)
Lonâni (pássaros)
Kema (macacos)
Um homem

PREFÁCIO

Todos esses animais, inclusive os inocentes, foram prejudicados pelo barulho causado por poucos deles.
Alguns nativos da África Ocidental acreditavam que iguanas não tinham audição.
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O caramujo Kâ, a iguana Ngâmbi e o jabuti Kudu viviam juntos em uma aldeia. Certo dia, o jabuti foi caminhar pela floresta e lá encontrou uma grande árvore chamada Evenga.

“Vou ficar sentado debaixo dessa árvore e esperar que alguns frutos caiam”, pensou.

E lá ficou, sozinho, por dois dias.

No terceiro dia, a iguana disse ao caramujo:

— Vou sair à procura de nosso amigo Kudu.

Encontrou-o em um buraco ao lado do tronco da Evenga.

— Meu amigo, você sumiu há dois dias! — disse Kâ.

— Ficarei aqui. Não voltarei à aldeia — respondeu Kudu.

— Bem, pois então vamos ficar juntos no mesmo lugar.

O jabuti se recusou a dividir o espaço; a iguana então escalou uma parte do tronco e lá ficou, poucos centímetros acima de seu amigo.

Dois dias mais tarde, o caramujo, sentindo-se solitário, decidiu:

— Vou atrás de meus amigos.

Ao encontrar Kudu e Ngâmbi no tronco, exclamou:

— Mas que bela árvore para se sentar!

— Sim, fique aqui conosco — convidaram os outros.

— Ficarei ao seu lado, minha amiga Ngâmbi — sugeriu Kâ.

Mas Ngâmbi não queria ninguém perto dela. O caramujo então subiu em um ramo que pendia da copa da árvore até o chão, e assim os três amigos se acomodaram; o jabuti em um buraco no chão, a iguana agarrada ao tronco, um pouco acima, e o caramujo grudado a um ramo já quase na copa.

Ngâmbi, que era parcialmente surda, permaneceu no mesmo lugar, agarrada às fendas da casca da árvore.

Dali dois dias brotaram frutos em grande quantidade, que logo amadureceram. Pequenos passarinhos foram atraídos por eles e disputavam espaço nos galhos com pequenos macacos. Em seguida vieram pássaros e macacos maiores, todos ocupando a copa da árvore e devorando os frutos.

Comiam e brincavam fazendo grande algazarra.

Kudu, temendo que todo aquele barulho pudesse atrair algum predador, chamou a iguana:

— Ngâmbi! Peça para o Kâ falar para esse pessoal aí nos galhos comer em silêncio!

Kudu apenas sussurrou o pedido para sua amiga, pois se gritasse diretamente para o caramujo, faria ainda mais barulho. Reforçou a importância de sua mensagem citando um provérbio: Iwedo a yalakĕndi na moto umbaka (a morte começa com uma pessoa). Ou seja, deviam ficar atentos, pois a imprudência de alguns colocaria a todos em perigo. 

No entanto, Ngâmbi não ouviu e nada respondeu.

— Ngâmbi! — o jabuti chamou novamente. — Fale com Kâ! Peça para comerem sem fazer tanto barulho!

Mais uma vez, não houve resposta. Kudu tentou duas outras vezes, sem sucesso.

— Não vou dizer mais nada — resignou-se.

Um homem da cidade de Njambo caçava na floresta, armado com arco e flecha, um facão e uma arma de fogo. Encontrou a árvore Evenga enquanto caminhava. Atraído pelo barulho, olhou para cima e viu os macacos e pássaros nos galhos.

— Quantos animais em uma só árvore! Nunca vi isso! — exclamou para si mesmo.

Atirou uma flecha e com ela derrubou três macacos. Disparou sua arma e matou sete pássaros. Todos os outros fugiram de medo. O homem então olhou para baixo e viu o jabuti dentro do buraco. Arrancou-o dali e colocou-o em sua bolsa. Ergueu um pouco a cabeça e viu Ngâmbi ao alcance de sua mão.

— Ah! Uma iguana aqui também! — comemorou ele.

E matou-a com seu facão.

Observou os galhos e puxou um dos ramos, derrubando Kâ.

— E mais essa! Um caramujo! — exclamou.

O caçador então tomou seu caminho de volta, levando todas as suas presas. 

Dentro da bolsa, Kudu lamentava seu destino e dizia para seus amigos mortos:

— Eu avisei. Pedi para alertarem aos outros sobre o perigo de tanto barulho. Se vocês, macacos e pássaros, não tivessem feito tanto alarde na copa da árvore, o homem não teria nos encontrado. Tudo começou com vocês.

O homem chegou à sua cidade com suas presas e as dividiu entre seu povo.

Fonte: texto por Robert Hamill Nassau, in Elphinstone Dayrell, George W. Bateman e Robert Hamill Nassau. Contos Folclóricos Africanos vol. 2. (trad. Gabriel Naldi). Edição Bilingue. SESC. Distribuição gratuita.

Professor Garcia (Pantuns) VIII


PANTUN DO FILHO QUE ESTUDA

TROVA TEMA:
Filho… Estuda que eu te ajudo,
capricha, porque é na soma,
do esforço e amor pelo estudo,
que se conquista o diploma.
(Ailto Rodrígues-RJ)

PANTUN:
Capricha, porque é na soma,
das luzes do conhecer...
que se conquista o diploma
da eterna luz do saber.

Das luzes do conhecer...
há um facho que nos conduz,
da eterna luz do saber
a um mundo cheio de luz.

Há um facho que nos conduz,
entre os velhos rituais,
a um mundo cheio de luz
que não se apaga jamais.

Entre os velhos rituais,
há uma luz em quase tudo
que não se apaga jamais.
Filho... Estuda que eu te ajudo!
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PANTUN DOS DEDOS NA FOTO

TROVA TEMA:
Passo os dedos sobre a foto...
Naqueles rostos tão lisos
a mocidade então noto
escondida entre os sorrisos...
(Gilvan Carneiro-RJ)

PANTUN:
Naqueles rostos tão lisos
da antiga fotografia,
escondida entre os sorrisos...
Sorri a melancolia!

Da antiga fotografia,
em meio a tanta lembrança,
sorri a melancolia
no rosto de uma criança!

Em meio a tanta lembrança,
há saudade, há dissabor;
no rosto de uma criança
um riso triste de amor!

Há saudade, há dissabor,
e ao vê-los, logo que noto
um riso triste de amor,
passo os dedos sobre a foto...
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PANTUN DA VOZ DA ESPERANÇA

TROVA TEMA:
No meu Livro da Lembrança,
ainda sem conclusão,
saudade é aquela esperança
que compôs a introdução...
(Vanda Fagundes Queiroz-PR)

PANTUN:
Ainda sem conclusão,
foi alguém sem perceber
que compôs a introdução
do livro do meu viver.

Foi alguém sem perceber
que num impulso infeliz
do livro do meu viver
riscou tudo quanto eu fiz.

Que num impulso infeliz
ou por medo ou por loucura
riscou tudo quanto eu fiz
essa insana criatura.

Ou por medo ou por loucura
eu vou guardar por herança,
essa insana criatura
no meu livro da lembrança.
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PANTUN DO VELHO EGOÍSMO

TROVA TEMA:
Por egoísmo e ganância
a Terra está dividida.
Tanto poder e arrogância,
ante a pobreza sofrida.
(Edy Soares-ES)

PANTUN:
A terra está dividida.
Fome, morte, sonhos vãos;
ante a pobreza sofrida
poderes lavando as mãos.

Fome, morte, sonhos vãos;
miséria batendo às portas,
poderes lavando as mãos
da exclusão das almas mortas.

Miséria batendo às portas,
lamentando a crueldade,
da exclusão das almas mortas
em meio a tanta maldade.

Lamentando a crueldade
é triste essa mendicância
em meio a tanta maldade,
por egoísmo e ganância.
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PANTUN DO TEU CORPO AUSENTE

TROVA TEMA:
Levada por fantasia
de um desejo inconsciente,
eu beijo na cama fria
as formas de um corpo ausente!
(Rita Mourão-SP)

PANTUN:
De um desejo inconsciente,
surge na luz da paixão
as formas de um corpo ausente,
presente nessa ilusão.

Surge na luz da paixão,
Tudo que o sonho permite
presente nessa ilusão,
nesse sonho sem limite.

Tudo que o sonho permite
Eu tento manter a calma,
nesse sonho sem limite
nos limites de minha alma.

Eu tento manter a calma,
na loucura que me guia,
nos limites de minha alma
levada por fantasia.
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PANTUN DO FALSO ARREMEDO

TROVA TEMA:
Nenhum ourives se atreve
a imitar - nem de arremedo
as filigranas de neve
dos galhos nus do arvoredo!
(Madalena Ferreira-RJ)

PANTUN:
A imitar - nem de arremedo...
O que Deus fez e pintou
dos galhos nus do arvoredo
artista nenhum tentou.

O que Deus fez e pintou
com tinta de amor infindo,
artista nenhum tentou
pintar um quadro tão lindo.

Com tinta de amor infindo,
mas sem usar qualquer tinta,
pintar um quadro tão lindo
ninguém tentou ninguém pinta.

Mas sem usar qualquer tinta,
pintar galhos cor de neve,
ninguém tentou ninguém pinta,
nenhum ourives se atreve.

Fonte: Professor Garcia. Poemas do meu cantar. Natal/RN: Trairy, 2020. Enviado pelo autor.

Dicas de Escrita ( Como Escrever um Bom Final para uma História) – 1

(Coescrito por Christopher Taylor, PhD)

Toda história que se preze traz eventos (ou séries de eventos) que têm começo, meio e fim. Além disso, para que gere reações positivas no leitor ou espectador, o final em particular tem que ser bastante impactante. Se está escrevendo e quer conseguir esse efeito, leia as dicas deste artigo para aprender a contar o que é relevante.

MÉTODO 1: PENSANDO NO FINAL

1 – Identifique as partes da história. 

Todo enredo tem que ser dividido entre começo (apresentação de personagens, da ambientação e do conflito), meio (a tensão crescente, as complicações e as reações dos personagens ao conflito) e fim (resolução do conflito e consequências).

A história tem que terminar quando o personagem principal cumprir (ou não conseguir cumprir) o seu objetivo.

Por exemplo: se o personagem quer ser rico, pode ser que ele passe por diversas situações inusitadas para comprar um bilhete de loteria. Ele vai vencer? Se sim, termine o enredo no momento em que ele ouve os resultados vencedores da aposta.

2 – Pense em um último evento ou ação para a história. 

O enredo pode trazer vários eventos importantes e interessantes, mas escolha qual deles sintetiza a resolução geral. Pense em uma cena que faça sentido no momento final da história e que ajude a amarrar todas as pontas soltas. Por fim, ela tem que ter importância para os personagens e os leitores em si.

Por exemplo: termine a história com uma cena que apresenta as consequências de uma decisão do personagem principal que resolveu o conflito central.

3 – Determine qual é o conflito central da história. 

A maioria dos enredos traz conflitos entre pessoas, pessoas versus natureza, pessoas versus sociedade ou pessoas versus elas mesmas. Use a cena final para resolver a situação, mesmo que o personagem principal não consiga o que quer. O importante é que ela gere impacto no leitor para tornar todo o enredo memorável.

Faça as seguintes reflexões para decidir que tipo de conflito você vai usar: 

– os personagens da história estão lutando contra a natureza? 
– Uns contra os outros? 
– Contra eles mesmos (uma batalha interna ou emocional)?

Por exemplo: se o personagem principal ficar perdido em uma floresta perigosa, é porque a história se trata de pessoa versus natureza. Nesse caso, ele tem que encontrar algum abrigo que o proteja dos elementos.

MÉTODO 2: EXPLICANDO A JORNADA

1 – Reflita sobre a significância dos eventos da história. 

Determine por que eles são importantes e que lições o leitor tem que extrair deles. Que temas, ideias ou argumentos você quer passar? Não precisa falar desses detalhes diretamente ao leitor, mas mostre-os por meio de eventos, ações e diálogos.

Escreva algo como "O meu avô me ensinou a sempre fazer o que é certo em qualquer situação. Agora que sou policial, entendo por que ele considerava a moral tão importante...".

2 – Faça uma reflexão sobre a relevância da história para o leitor. 

Por que ele tem que se interessar pelo enredo? Se conseguir responder a essa pergunta, revise a história e veja se a sequência das ações que criou para os personagens levaria o público a uma reação parecida com a do protagonista.

Por exemplo: "Por que o leitor tem que se importar com o que acontece a Nina e à vila?". "Porque as mudanças climáticas provocaram um aumento no nível do mar que inundou a região. Ou seja: se não aprendermos com os erros do passado, vamos ter o mesmo destino cruel".

Use a primeira pessoa para apresentar ideias da perspectiva do narrador. Com a perspectiva em primeira pessoa, você vai poder contar a história de maneira mais próxima, já que o leitor vai estar envolvido nos eventos. 

Nesse caso, fale diretamente a ele — seja você o protagonista ou outra pessoa. Ainda assim, lembre-se de acompanhar sempre esse personagem e de usar apenas informações que ele teria.

Por exemplo: "Eu entendi que todo o meu esforço e as horas de ensaio me trouxeram até esse momento, no palco, diante da plateia...".

3 – Use a terceira pessoa para contar a história de longe. 

Você pode usar outro personagem como narrador para mostrar a importância da história. Assim, fica mais fácil injetar a sua interpretação ao enredo, já que há certa distância entre o narrador e os personagens em si.

Por exemplo: "Denise dobrou a carta, deu-lhe um beijo e repousou o papel sobre a mesa, ao lado da pilha de dinheiro. Ela sabia que todos teriam um milhão de dúvidas sobre o que aconteceu, mas também estava certa que a verdade viria à tona algum dia".

4 – Escreva a conclusão da história. 

A forma de escrever a conclusão depende do gênero. No entanto, todos os finais interessantes têm um traço em comum: deixam o leitor com caraminholas na cabeça. Ele tem que terminar a leitura pensando nos temas centrais do enredo e na importância deles.

Se está escrevendo uma redação acadêmica ou pessoal, use o último (ou os dois últimos) parágrafo para concluir o enredo.

Se está escrevendo um romance de ficção científica, conclua o enredo nos dois últimos capítulos.

Não escreva finais batidos, pois o leitor vai ficar decepcionado. 

Por exemplo: evite "Uma luz ofuscante invadiu os meus olhos, então usei as mãos para proteger a visão. Naquele momento, senti-me envolver pelos meus lençóis macios e pelo conforto do travesseiro. Reabri os olhos e percebi que tudo fora apenas um sonho".

5 – Identifique as ligações mais gerais nos eventos da história. 

Pense em como cada evento leva a outro e cria um arco narrativo completo. Encare a história como uma jornada: o personagem começa em a, mas termina em b, em uma situação bastante diferente. Assim, vai ser mais fácil ver que o enredo tem uma forma única e, portanto, merece um final digno.

Fonte: https://pt.wikihow.com/Escrever-um-Bom-Final-para-uma-História

Hinos de Cidades Brasileiras (Blumenau/SC)


Letra por Márcio Volkmann / Edson Luis da Silva

Blumenau, tens o nome do primeiro
Que chegou e desbravou tuas riquezas
Que tanto trilhou os teus caminhos
E sempre preservou tuas belezas.

O progresso mora aqui
Blumenau, és razão de viver
O teu nome tem história.
Blumenau, nunca vou te esquecer
O teu nome tem história
Blumenau, nunca vou te esquecer.

Cidade de nobre arquitetura
Desenhada pelo leito do teu rio
O verde que cobre esta pintura
Faz de ti patrimônio do Brasil.

O progresso mora aqui
Blumenau, és razão de viver
O teu nome tem história.
Blumenau, nunca vou te esquecer
O teu nome tem história
Blumenau, nunca vou te esquecer.

O orgulho faz do peito moradia
Dos que amam esta Terra abençoada.
Cidade jardim da alegria,
No teu povo a beleza está plantada.

O progresso mora aqui
Blumenau, és razão de viver
O teu nome tem história.
Blumenau, nunca vou te esquecer
O teu nome tem história
Blumenau, nunca vou te esquecer.

Aparecido Raimundo de Souza (Entre a Solidão e a Esperança)

HAVIA UM MUNDO paralelo e adjacente, onde as estrelas no firmamento pareciam mais distantes e o vento impetuoso sussurrava histórias tristes pelas ruas e praças vazias. Nesse espaço medonho vivia um amontoado de crianças abandonadas, ou seja, se agrupavam pequenos seres que carregavam o peso da solidão nos ombros frágeis de uma vida totalmente em frangalhos.

Os pequenos miseráveis não tinham endereço fixo. Seus lares não iam além das calçadas frias, dos bancos das praças e dos becos escuros existentes aos redores da cidade. Elas não conheciam o aconchego de um abraço, nem o calor fraterno de uma refeição compartilhada em família. Seus pais, por razões as mais diversas, haviam partido deixando seus destinos entregues ao desamparo de um incerto negro e infame.

Algumas dessas crianças –, a maioria recém-nascida, vivia em caixas de papelão ou lixeiras. Outras mais velhas carregavam em seus olhos tristes a agonia do desespero e, dentro do peito, a febre incurável dos corações despedaçados. Elas vagavam pelas ruas e vielas invisíveis aos adultos apressados. Davam a impressão de fantasmas errantes em busca de uma parcela de afeto por menor que pudesse ser encontrada.

Uma dessas crianças era o Luiz Cláudio. Com apenas oito anos, conhecia a dureza da vida entrelaçada aos descasos do relento. Seus pés descalços pisavam o asfalto quente, outras vezes o aguaceiro dos temporais violentos e enérgicos, enquanto a sua curiosidade observava o vai e vem das pessoas. Luiz Cláudio sonhava com um lar, com uma cama macia, comida e uma mãe que o chamasse de filho.

O guri tinha um amigo, o José Bento, que também vivia como ele, ao Deus dará. Um pouco mais velho que Luiz Cláudio, o piá sabia contar histórias incríveis sobre um mundo fantástico além das estrelas vistas no longínquo céu. Ele dizia que, à noite, quando todos se recolhiam, essas estrelas se transformavam em fadas e dançavam no infinito. Ele acreditava piamente em Deus e orava à sua maneira infantil. A fantasia, como um todo se fazia a sua única companheira.

Entretanto, nem todas as histórias acabavam em mágicas alvissareiras. Havia noites em que o frio gelado cortava a pele e a fome na barriga vazia apertava. Luiz Cláudio, nesses momentos, se encolhia em um canto, abraçando os joelhos, enquanto José Bento encarava o céu em busca de respostas. Por que estava ali? Por qual motivo a sua mãe o largara aos reveses da sorte traiçoeira?

Um dia, algo extraordinário aconteceu. Uma mulher jovem, de cabelos vermelhos e rosto tranquilo se aproximou. Ela envolveu Luiz Claudio e José Bento em abraços apertados dizendo: “Vocês não estão mais sozinhos, meus pequenos. Vou cuidar de vocês.” Essa criatura inesperada, se soube depois, mantinha um abrigo. Um lugar onde crianças como Luiz Cláudio e seu amigo José Bento encontraram refúgio e esperança.

Luiz Cláudio não sabia o que significava um lar, um canto de acolhimento. Tampouco José Bento. Todavia, ambos sentiram de imediato, o calor daquelas palavras. Eles olharam para o céu e se depararam com uma estrela cadente. Fecharam os medos, recolheram os assombros e fizeram um pedido: “que todas as crianças abandonadas encontrassem um lar, um abraço, um aconchego, uma família.”

Assim, entre a solidão abrutalhada e inepta, a perspectiva em sua melhor forma de expressão. Luiz Cláudio e José Bento descobriram que o mundo podia ser mais gentil do que eles imaginavam. Aprenderam que mesmo nas noites mais escuras e longas uma luz ardente e fogosa extasiada e embevecida brilhava guiando as suas melancolias para onde seriam amados e protegidos.

A mensagem que esse texto quer deixar para todos os leitores é que as crianças abandonadas abaixo da linha da pobreza, ao relento das malhas do azar, ou ao acaso das intempéries, encontrem seus caminhos de volta ao brilho da felicidade. Ao menos se deparem com um trilhar robusto, onde a solidão se transforme em luz e a esperança de dias melhores jamais se apague.

Fonte: Texto enviado pelo autor 

segunda-feira, 4 de março de 2024

Versejando 133

 

Monsenhor Orivaldo Robles (Na infância tudo se decide)

Entre as muitas coisas que aprendi em criança, uma, que me marcou de modo indelével, foi a preocupação com o bem-estar alheio, com o respeito devido aos outros. Já tive oportunidade de comentar o conselho que o pai não se cansava de nos repetir: “Não sejais pesados a ninguém”. Embora homem do campo, que não frequentara bancos escolares, havia conquistado, não sei onde nem como, uma sabedoria que universidade nenhuma ensina. Era incapaz de conduta ou gesto que ferisse o direito ou até a simples preferência de alguém. Não que ele assumisse postura subserviente. Possuía clara consciência de seus direitos. Se deles chegava a abrir mão – como, mais de uma vez, pude comprovar, – fazia-o em razão de uma naturalidade que lhe brotava de dentro, de uma generosidade inata; nunca por covardia ou temor. Com tal protótipo sempre ao lado, enquanto nós crescíamos, seria mesmo difícil não nos deixarmos moldar por ele. Há gestos que ainda agora, a três décadas de sua morte, os filhos recusam praticar. Não tanto, creio, por virtude própria, senão mais pelo que ele nos deixou como exemplo. Vimos nele a importância de crer, desde muito cedo, que a grandeza de alguém independe de certos atributos hoje, infelizmente, muito valorizados.

Uma lição que o pai transmitiu com muita serenidade foi que todos nós somos iguais em natureza, mas cada um possui a própria individualidade. Aprendemos que é tolice comparar pessoas, pois, como dizem, “cada um é cada um”. Não me lembro de termos argumentado com ele que fulano tivesse algo e nós não. Ou que outros fizessem coisas que a nós não eram permitidas. Noções do dever e da consequente responsabilidade pessoal foram-nos incutidas de maneira suave, mas firme e diuturna. Mais com o jeito de agir do que com o uso de palavras.

Hoje mantenho hábitos vistos talvez como excêntricos. Se, na pressa, derrubo uma peça de roupa, ou água, leite ou suco, posso até seguir adiante, certo de que a empregada cuida disso. Mas não adianta: tenho que voltar para ajeitar, eu mesmo, as coisas. Quando estaciono o carro, observo se deixei espaço suficiente para o vizinho. Muitas vezes volto para estacionar melhor: vá que ele dirija mal como eu. Evito bater porta com força, falar alto, fazer ruído desnecessário: por que incomodar os outros? Cultivo ainda um monte de esquisitices de que não me consigo livrar. Fazer o quê? Desde criança aprendi que o outro é igual a mim. Não gosto de gente espaçosa, dona do mundo, que não respeita ninguém. Acredito que os outros também não gostem.

Não pretendo passar imagem de “bonzinho”. Nem ser melhor que ninguém. Tenho suficiente idade para não cultivar vaidades tolas. É que tive a felicidade de aprender em casa princípios válidos para qualquer tempo ou lugar.

Vivemos reclamando da violência que toma conta do mundo atual. Temos razão de reclamar. Do jeito que as coisas vão, que mundo as crianças de hoje vão encontrar quando forem adultas? Mas torná-lo menos violento depende de nós. Não há como fugir dessa evidência. Cada um é obrigado a pôr em prática aquilo que dele todos têm direito de esperar.

Começando pelos pais, que precisam convencer-se disto: tanto para o bem quanto para o mal, são eles os modelos para os filhos.