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sábado, 23 de março de 2013

O Nosso Português de Cada Dia (Pegadinhas do Português) 3

Pegadinha 9

Confesso que me simpatizei com ela.

O verbo simpatizar, como também seu antônimo antipatizar não são empregados com pronomes. Portanto, escreve-se correto, grafando-se assim:

Confesso que simpatizei com ela.

Abaixo, seguem outros exemplos de frases corretamente escritas:

Você simpatizou com a moça, mas ela antipatizou com você.
Antipatizo com políticos em geral.
Simpatizamos com a nova professora.
Eles antipatizam conosco.

Pegadinha 10

Ela quer se aparecer.

Isso é o fim da estrada da ignorância. Daí em diante, só resta adentrar no campo da bestialidade.

Certos verbos são essencialmente pronominais como suicidar-se, por exemplo. Outros, porém, jamais podem ser usados com pronomes, como os verbos da dica anterior, simpatizar ou antipatizar. Trazemos um desses verbos que jamais são usados com pronome, que é o verbo aparecer. Esse é um típico verbo intransitivo. Não admite voz reflexiva, objetos de espécie alguma. Não se pode aparecer ninguém e, também, aparecer a si mesmo. Escreve-se corretamente, assim:

Ela quer aparecer.

Pegadinha 11

Começou nevar hoje cedo em Urubici.

Certas notícias são dadas de modo negligente, sem nenhuma preocupação com as regras do idioma. O verbo começar forma locução com outro verbo, no infinitivo, por intermédio da preposição a.

Exemplos:
Nice começou a chorar.
Naquela hora, Eliane começou a rir.
Começou a chover.

Eis a frase do topo corretamente escrita:

Começou a nevar hoje cedo em Urubici.

Pegadinha 12

Vou mostrar-lhe meu caderno, mas não repare a desorganização.

O verbo reparar assume dois significados. O que irá determiná-los é a presença ou não da preposição em. Veja, a seguir:

Com a preposição em significa notar, observar:

Repare nos exemplos que damos nesta lição de gramática.
 
Entre, mas não repare na bagunça.
Posso escrever, porém não reparem em meus erros de português.
Sem a preposição em, significa consertar, indenizar:
O técnico reparou o computador que estava avariado.
A empresa reparou os danos causados.
O juiz condenou o prefeito a reparar os prejuízos sofridos pelos camelôs.
O mecânico reparará o motor do carro.

Então escreve-se corretamente a frase original da seguinte maneira:

Vou mostrar-lhe meu caderno, mas não repare na desorganização.

Pegadinha 13

Residente à Rua Joana Sartóri.

As palavras residente, morador, situado e sua forma reduzida sito não admitem a preposição a para ligar-se ao respectivo logradouro, mas, sim, a preposição locativa em. Não se diz, por exemplo, que um imóvel está situado a Campinas, porém em Campinas.

Veja os exemplos que seguem:

O escritório, sito na Rua Filisbina, recebe seus clientes de segunda a sexta-feira.
O prédio está situado na Avenida Duque de Caxias.
Márcio, morador na Travessa Cotia, prestou depoimento ontem.
Resido na Alameda Tabajara.

A frase do topo escrita corretamente fica assim:

Residente na Rua Joana Sartóri.

Fonte:
126 Pegadinhas em Língua Portuguesa. www.softwareebookecia.com.

sexta-feira, 15 de março de 2013

O Nosso Português de Cada Dia (Pegadinhas do Português) 2

Pegadinha 4
Gostaria de colocar minha opinião.

Opiniões não se colocam, se expõem ou se dão. Há também quem gosta de, ao final de um discurso, fazer uma colocação em vez de fazer uma exposição, que é muito mais coerente e elegante. O correto seria escrever:

Gostaria de expor minha opinião.

ou

Gostaria de dar minha opinião.
––––––––––

Pegadinha 5

Vou explicar nos mínimos detalhes.

Veja como, às vezes, o excesso atrapalha.

Há expressões, em nossa língua, classificadas como pleonasmos viciosos, que revelam a precariedade linguística de quem os escreve ou assim fala. Nesta dica de português, estamos diante de uma dessas excrescências. Pleonasmo é a repetição de palavras ou expressões de mesmo sentido. A expressão viciosa "nos mínimos detalhes" equivale a aberrações como "subir pra cima", descer pra baixo, chutar com os pés etc. Em detalhe já está contida a ideia de mínimo. Detalhe significa pormenor, minúcia, no mínimo. Se se pretendesse fazer a explicação em suas mínimas partes, seria suficiente fazê-la em detalhes, ou em seus pormenores, ou ainda em minúcias. Então escrevamos corretamente:

Vou explicar em detalhes.

– ou –

Vou explicar detalhadamente.
___________________

Pegadinha 6

Inglaterra confirma invasão ao Iraque.

Jamais poderá ocorrer invasão a lugar algum. Porém, o que é possível acontecer é invasão de algum lugar. Escreve-se com correção, assim:

Inglaterra confirma invasão do Iraque.

Veja, a seguir, outros exemplos corretamente escritos:

Invasão de privacidade.

Invasão de domicílio.

A invasão do estádio pela polícia deu-se às 20 horas de ontem.
____________________

Pegadinha 7

O acidente aconteceu porque o motorista dormiu no volante.

Para que alguém consiga dormir no volante, é necessário que este seja, no mínimo, do tamanho de uma cama. Convenhamos, volantes desse tamanho ainda não foram fabricados. Então, melhor seria dormir no banco do automóvel ou, mais adequadamente, em uma cama com mais conforto. Quem dorme bem, dorme em algum lugar. Já "dormir próximo" ou "junto" significa dormir a (preposição) com o respectivo artigo (o ou a). O correto seria escrever:

O acidente aconteceu porque o motorista dormiu ao volante.

A seguir, outros exemplos de frases corretamente grafadas:

A moça dormiu ao computador.

O marinheiro dormiu ao timão.

Romeu dormia à janela de Julieta.
________________________

Pegadinha 8

Marcos é um parasita da mulher.

Parasita, com a final, é denominação exclusiva de certas plantas. Para pessoas e animais, usa-se parasito. O correto seria escrever:

Marcos é um parasito da mulher.

Eis outros exemplos de frases corretamente grafadas:

Raquel age como um parasito da mãe.

Há sujeitos que são autênticos parasitos da sociedade.

A pulga é um parasito, como também o é o carrapato.

Precisamos exterminar as parasitas que estão nessa árvore.

As parasitas debilitaram nosso pomar.

Fonte:
126 Pegadinhas em Língua Portuguesa. www.softwareebookecia.com.

terça-feira, 12 de março de 2013

O Nosso Português de Cada Dia (Pegadinhas do Português) Parte 1

Pegadinha 1

Desculpem o transtorno.


O verbo desculpar é transitivo direto e indireto, isto é, ele possui dois objetos: um direto e outro indireto. A ordem em que esses objetos figuram na oração é indiferente.  Pode vir primeiro o objeto direto, depois o indireto, ou vice-versa. Trocando em miúdos, quem desculpa, desculpa alguém por alguma coisa. O objeto direto é sempre uma pessoa e o indireto é alguma coisa. Seria muito desagradável, neste caso, procurar o transtorno para desculpá-lo por alguma coisa que tenha feito de errado. Será que foi o transtorno quem escreveu essa frase?

O correto seria escrever:

Desculpem-nos pelo transtorno.
––––––––––––––––––––

Pegadinha 2

Agradecemos a preferência.


Vamos aprender a agradecer em bom português. Muita gente boa agradece mal aos seus clientes por falta de conhecimento de transitividade verbal. O verbo agradecer, nessa construção, possui outra regência, que o transforma num transitivo indireto acompanhado de um adjunto adverbial de causa. Na frase errada, acima, o agradecimento é dirigido à causa (= a preferência) e não ao seu agente (= o cliente ou os clientes).

Para agradecer, corretamente, deve-se escrever assim:

Agradecemo-lhes pela preferência.

ou

Agradecemos aos nossos clientes pela preferência.
––––––––––––––––––––

Pegadinha 3

São os banqueiros que acabam lucrando.


Neste tópico de dicas de português para concursos, a expressão é que não é genuinamente um verbo. Trata-se simplesmente de uma locução de realce, que a usamos, evidentemente, para dar destaque à ideia expressa na frase. Por tratar-se de um mero adorno frasal, essa locução é totalmente dispensável sem prejuízo para o sentido da oração. Exemplo:

É os banqueiros que acabam lucrando. = Os banqueiros acabam lucrando. (A igualdade é de significação, é lógico.)

Mais exemplos:

Só nós dois é que sabemos o quanto nos queremos bem. (Letra de canção portuguesa.)
Seria ridículo dizer: Só nós dois somos que sabemos o quanto nos queremos bem. A frase original pode ser escrita, sem nenhum prejuízo para a sua significação: Só nós dois sabemos o quanto nos queremos bem.

É eles que representarão o presidente. Essa frase está correta. Estaria incorreta se fosse escrita assim: São eles que representarão o presidente. Se eliminarmos do contexto a expressão de realce é que, veremos que o sentido é o mesmo: Eles representarão o presidente.

Muito cuidado! Nas questões de português, sobre concordância verbal, as organizadoras de vestibulares e concursos públicos costumam usar, de vez em quando, frases desse tipo, induzindo o vestibulando ou concursando a considerá-las incorretas.

Concluindo, indicamos como escrita correta da frase do topo a seguinte construção:

É os banqueiros que acabam lucrando. - ou

Os banqueiros é que acabam lucrando.

Lembrar: é que – é uma locução de realce.

Fonte:
126 Pegadinhas em Língua Portuguesa. www.softwareebookecia.com.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Geraldo Majela Bernardino Silva (Funções da Mensagem Literária) Parte final


FUNÇÕES SECUNDÁRIAS:

5- FUNÇÃO DE SUPORTE DE PENSAMENTO:

            O homem também se comunica consigo mesmo. É o uso intra-subjetivo da linguagem que se apresenta ora como suporte ou estímulo das reflexões pessoais, ora  como apelo interior.

            Vejamos o exemplo:
“Brincava a criança
  com um carro de bois.
  Sentiu-se brincando
  E disse: eu sou dois”.
(PESSOA, Fernando)

6- FUNÇÃO FÁTICA ou DE CONTATO:

            Procura estabelecer uma aproximação, manter a comunicação, controlar sua eficiência e eficácia, prender a atenção, sondar o ânimo entre os interlocutores. Exige uma participação na mesma situação social em que se encontram destinador e destinatário. É o que acontece no início de um diálogo ou nas chamadas telefônicas. Suas expressões são de conteúdo bastante reduzido: alô!, não é?, Bem!, Sabe!? , etc... É a função das relações sociais.

            Exemplos:
Bom dia! Boa tarde! Boa Noite! Como vai?

7- FUNÇÃO METALINGUÍSTICA:

            Centrada no código. Seu objetivo é a própria linguagem. É a decifração do código, a inquirição e explicação do significado das palavras. O locutor explica seu sistema linguístico. Uma Gramática é altamente dotada da função METALINGUÍSTICA.

            Como estamos tratando do assunto “Funções da Linguagem” ao definirmos o que é função neste momento é um bom exemplo de função metalinguística:

Função é a relação que existe entre dois elementos da comunicação.

8- FUNÇÃO MÁGICA ou ENCANTATÓRIA:

            Uso de palavras cabalísticas em rituais secretos, na feitiçaria e na magia.

            Alguns exemplos:

“Abra Cadabra!”- “Alacazém-Alacazam”- “Abra-te Sézamo!”
“Ignoratus tuum vos assegnatarum meo”.
“Velai! Velai! linda Esmeralda, para que me seja descortinado o meu porvir!”

9- FUNÇÃO LÚDICA:

            Com finalidade de divertir: nas charadas, adivinhações, nos trocadilhos, e também, nas rimas soantes, com a única finalidade de fazer um jogo de fonemas:  Exemplos:

- O que é que é?

Cai da torre
Não se lasca
Cai na água
Se espapaça
D’água nasce
N’água cresce
Se botar  n’água
Desaparece
Campo grande
Gado miúdo
Moça bonita
Velho carrancudo
Uma caixinha
de bom parecer
nenhum carapina
pode fazer
Meu destino é abre e fecha
vivendo sempre a cantar;
mas quando o fôlego acaba
me calo, faltando o ar.

10- FUNÇÃO CRÍPTICA:

            Faz uso do palavrão. Palavras de baixo calão, com objetivo de ofender o interlocutor.
================
FIM

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Geraldo Majela Bernardino Silva (Funções da Mensagem Literária) Parte 5


4- FUNÇÃO ESTÉTICA, POÉTICA, RETÓRICA ou TEXTUAL:

Aqui a atenção se dirige para os elementos da mensagem utilizados; o signo chama a atenção ou provoca uma reação pelo que ele é, não pela função prática que desempenha ou para que serve. É uma ruptura da norma, não uma ruptura do código. A intenção é produzir obra de arte e não informar. Não cabe aqui explicar as elaborações lingüísticas mas tão somente compreendê-las, fluí-las. É a função do discurso literário. Ela pode, inclusive, englobar as outras funções da linguagem.

Veja-se o seguinte exemplo:

Parolagem da Vida  C.Drummond de A.

“Como a vida muda.
     Como a vida é muda.
    Como a vida é nuda.
    Como a vida é nada.
     Como a vida é tudo.”

Você pode observar que as palavras foram selecionadas e combinadas de maneira que pudessem ser obtidos efeitos sonoros especiais. Para tanto, o poeta utilizou os seguintes recursos:

– a repetição, no início de cada verso da expressào: “como a vida...”
= o emprego, no final dos três primeiros versos, de palavras com finais idênticos: “muda”(verbo), muda (adjetivo) e “nuda”(adjetivo);
– o emprego, no 4o verso, da palavra “nada”(advérbio), de diferente vogal tônica, mas com os demais fonemas idênticos aos da palavra “nuda”, empregada no final do verso precedente;
– o emprego, no último verso, da palavra “tudo”, cuja vogal tônica coincide com as vogais tônicas das palavras finais dos três primeiros versos.
Além de combinar as palavras de forma pouco usual, visando à produção de efeitos sonoros na comunicação da mensagem, o poeta teve ainda o cuidado de selecioná-las a partir de sua expressividade significativa, conforme pode ser observado na antítese nada/tudo, nos dois últimos versos. Esse recurso procura sugerir o sentido contraditório da vida - ao mesmo tempo que “é nada”, “é tudo”, pois é a única coisa concreta de que dispomos.

Vamos agora comentar um aspecto morfossintático observado na estrofe. No 1o verso, o poeta empregou o vocábulo “muda” como verbo (intransitivo), para, no 2o verso, repeti-lo, mas como adjetivo, funcionando como predicativo do sujeito “vida”. É de grande efeito estilístico essa construção sintática, ainda mais quando conjugada com os aspectos de sonoridade e significação, já anteriormente comentados.

Os aspectos relacionados com sonoridade, significação e estruturação sintática, observados na construção da estrofe, não devem, pois, ser vistos dissociados, mas como elementos que se completam para veicular, de uma forma especial, a mensagem a ser comunicada.
Quando as palavras são selecionadas e combinadas segundo critérios semelhantes aos observados na estrofe de C.D.A. que acabamos de comentar, atribui-se à Linguagem a função denominada “estética” (ou “poética”). Esta é a função dominante na linguagem literária (sobretudo nos textos em verso), mas pode ser observada em outras situações de comunicação lingüística, como em ditados populares, letras de música e na linguagem publicitária.

A função estética traduz a intenção deliberada do autor em realçar a mensagem. A linguagem é, portanto, trabalhada de forma especial, a fim de que produza no recebedor os efeitos esperados pelo emissor. Esses efeitos podem ser de naturezas variadas.

Com a função estética a associação não é tão simples e imediata como foi vista nas outras três funções da linguagem estudadas anteriormente.

No trecho do poema de C.D.A. que comentamos, por exemplo, as palavras foram empregadas para exteriorizar o pensamento do autor. Já vimos que foram selecionadas, combinadas e organizadas cuidadosamente, de maneira a sugerir, indiretamente, que o recebedor se detenha na mensagem e reflita sobre ela. O texto não deixa, portanto, de ser uma espécie de “apelo”, se bem que subentendido.

Retomando a classificação de Bühler, podemos considerar, então que a função estética é determinada pelo arranjo especial das palavras, que são usadas simultaneamente como “exteriorização” e “apelo”.

Vejamos mais um exemplo da função estética na literatura. Desta vez, vamos encontrá-la num texto em prosa, extraído do romance GABRIELA, CRAVO E CANELA, de Jorge Amado:

   “Gabriela ia andando, aquela canção ela cantara em menina. Parou a escutar, a ver a roda rodar. Antes da morte do pai e da mãe, antes de ir para a casa dos tios. Que beleza os pés pequeninos no chão a dançar! Seus pés reclamavam, queriam dançar. Resistir não podia, brinquedo de roda adorava brincar. Arrancou os sapatos, largou na calçada, correu pros meninos. De um lado Tuísca, de outro lado, Rosinha. Rodando na praça, a cantar e a dançar”.

A função poética se faz presente no texto:

– no ritmo progressivo e ascendente observado na seqüência dos períodos, sugerindo o desejo de Gabriela, crescente e incontido, de brincar de roda com as crianças. Desejo que acaba por se concretizar, conforme se lê nos dois últimos períodos do texto.
– na seleção de palavras terminadas em -ar: escutar, rodar, dançar, brincar.
– na estrutura sintática de alguns trechos:“Resistir não podia, brinquedo de roda adorava brincar”
– nas combinações de vocábulos do mesmo radical: “roda rodar”, “brinquedo de roda adorava brincar”.
– nas repetições: “antes da morte... antes de ir...”, “de um lado, Tuísca de outro lado, Rosinha”.
Observação importante: A função estética pode perfeitamente existir no texto, ao lado de outras funções da linguagem. No trecho de Jorge Amado, comentado acima, ocorrem, por exemplo, mais duas funções da linguagem: a INFORMATIVA (“Gabriela ia andando...”) e a EMOTIVA (“Que beleza os pés pequeninos no chão a dançar!”).
Outros exemplos da função estética da linguagem:

– em ditados populares:

“Quem casa, quer casa”.
“Quem não tem cão, caça com gato”.

– em letras de música:

Há muito tempo
que eu sei o que eu quero
Preparo, planto, espero,
Reviro, viro, arreviro (Virá!)
(Gonzaga Jr. - “Meu Segredo”)

Das considerações feitas e dos exemplos dados, podemos concluir que:
a função da linguagem será ESTÉTICA, quando, na veiculação de uma MENSAGEM, for observada a preocupação do emissor em selecionar e combinar as palavras de FORMA ESPECIAL, a fim de se obter maior efeito na comunicação dessa mensagem.

Duas observações importantes:

a)- Do que concluímos acima, pode-se deduzir que a função estética está orientada para a própria MENSAGEM.

b)- Quando estudamos as outras funções, vimos que uma outra relacionava-se diretamente com a mensagem - a função informativa. Temos, portanto, duas funções da linguagem orientadas para a MENSAGEM - a estética e a informativa.

Convém ter em mente que a diferença entre ambas se explica pelo tratamento que o emissor dá à linguagem empregada na formulação da mensagem. Para que fique bem clara essa diferença, vamos retomar um pequeno trecho do texto de Jorge Amado que comentamos anteriormente:

“Resistir não podia, brinquedo de roda adorava brincar”.

  Só que o efeito não seria o mesmo observado no texto original. Na segunda construção, a função observada é a INFORMATIVA.

Continua…

domingo, 25 de novembro de 2012

Geraldo Majela Bernardino Silva (Funções da Mensagem Literária) Parte 4


3. FUNÇÃO CONATIVA, APELATIVA ou IMPRESSIVA:

A palavra como “apelo”.

Bühler atribui às palavras a função de “apelo”, na medida em que o emissor pretenda, com sua mensagem verbal, agir sobre o interlocutor, convidando-o a realizar algo.

De natureza volitiva ou coercitiva. Centrada no destinatário, visa a influenciar seu comportamento. É representada pelo vocativo ou pelo imperativo nas ordens, nas propagandas, nas admoestações, nas persuasões. Tem em vista provocar um resultado.

Em situações do cotidiano, empregando a língua oral, é muito comum utilizar-se a palavra como “apelo”... Imagine, por exemplo, que você encontre na rua um amigo de quem goste muito. Há algum tempo vocês dois não se vêem. Conversam sobre vários assuntos e então você se despede, fazendo-lhe um convite:

“Aparece lá em casa sábado, prá gente papear mais e ouvir uns discos novos que comprei.”

Alguns linguistas denominam essa função de “impressiva”. A função “impressiva” (ou “apelativa”) é observada não só na linguagem cotidiana, mas também na literatura e sobretudo na propaganda, já que, nesse caso, o objetivo é agir sobre o “recebedor”, induzindo-o a consumir o produto anunciado. Procure observar os anúncios que você vê na televisão, em revistas, jornais e nos “out-doors” espalhados pela cidade. Você vai perceber que o “apelo” às vezes não se faz lingüisticamente de maneira explícita, direta, mas sempre vem implícito, subentendido nos recursos visuais, utilizados para impressionar o recebedor, possível consumidor do produto.

Os recursos lingüísticos que possibilitam ao recebedor o reconhecimento da função “impressiva” na mensagem enunciada são os seguintes:

= na língua oral:       
 - emprego do verbo no imperativo (afirmativo ou negativo),
                                   - tom de ordem, pedido ou súplica, observado na enunciação da mensagem,
                                   - emprego do vocativo;

= na língua escrita:  
- emprego do verbo no imperativo (afirmativo ou negativo),
                                   - pontuação,
                                   - emprego do vocativo.

Um exemplo literário para a função impressiva da linguagem:

Brisa  (BANDEIRA, Manuel)
Vamos viver no Nordeste, Anarina.
Deixarei aqui meus livros, meus amigos, minhas riquezas, minha vergonha.
Deixarás aqui tua filha, tua avó, teu marido, teu amante.
Aqui faz calor.
No Nordeste faz calor também.
Mas lá tem brisa:
Vamos viver de brisa, Anarina.

Observamos a função impressiva sobretudo no primeiro, terceiro e último versos do poema.
É possível encontrar a função impressiva também em letras de música:
“Ëspere por mim, morena, espere, que eu chego lá,
  o amor por você, morena, faz a saudade me apressar.”
  (Gonzaga Jr. - “Espere por mim, morena”).
Considerando as observações feitas e os exemplos dados, podemos concluir que:
a função da linguagem será IMPRESSIVA, quando as palavras forem utilizadas como APELO  ao RECEBEDOR, atuando sobre este, no sentido de o influenciar, convidando-o a tomar uma atitude qualquer.

Continua…

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Geraldo Majela Bernardino Silva (Funções da Mensagem Literária) Parte 3


2. FUNÇÃO EMOTIVA, EXPRESSIVA ou DE EXPRESSÃO DO EU: 

A palavra como “exteriorização”.

Se o propósito do emissor é revelar, por  meio da linguagem verbal, aquilo que sente relativamente a um objeto, a uma pessoa ou situação, as palavras funcionarão como instrumentos de “exteriorização” desses sentimentos, dessa emoção.

É a exteriorização das emoções e atitudes interiores de quem fala, sem se preocupar com as reações do ouvinte. É a afirmação do seu “eu”. O importante não é o conteúdo da mensagem, mas a sua carga emocional. Centrada no emissor, informa o que ele sente, muitas vezes com o auxílio das interjeições, das exclamações, gritos de medo, de dor, raiva, alegria (funções instintivas fundamentais), ou mesmo insultos e palavrões. O mais comum, porém, é carregar-se o enunciado lingüístico dessa função através da entonação e dos diminutivos afetivos. Funciona também como informação suplementar pois adiciona à função referencial um sentimento íntimo.

Imagine, por exemplo, que você diga, ao receber a notícia de que um colega foi aprovado em um concurso:

“Pôxa, que legal! Ele bem que merecia!”

Você usou a linguagem (oral, no caso) para expressar, para exteriorizar sua satisfação com o sucesso do colega.

Leia agora este pequeno poema:

Madrigal tão engraçadinho - (BANDEIRA, Manuel.)
Teresa, você é a coisa mais bonita que eu já vi até hoje na minha vida, inclusive o porquinho-da-índia que me deram quando eu tinha seis anos.

Também aqui é fácil perceber que as palavras se empregaram como “exteriorização” de uma emoção, de um sentimento: a ternura do emissor por uma pessoa.

As letras de música são, muitas vezes, a “exteriorização” da emoção do emissor. Veja um exemplo:

“O que será que me dá
  que bole por dentro, será que me dá
  que brota à flor da pele, será que me dá
  e que me sobe às faces e me faz corar
  e que me salta aos olhos a me atraiçoar
  e que me aperta o peito e me faz confessar
  o que não tem mais jeito de dissimular”
  ...................................................................
 ( HOLLANDA, Chico Buarque - “À flor da pele”).

Alguns linguistas denominam essa função da linguagem de “expressiva” (ou emotiva) e, do que comentamos e observamos nos exemplos, podemos concluir que:

a função da linguagem será EXPRESSIVA, quando as palavras forem utilizadas como EXTERIORIZAÇÃO da emoção do EMISSOR relativamente a uma realidade.

Observando certos recursos lingüísticos utilizados pelo emissor, podemos, como recebedores, determinar a função expressiva na mensagem enunciada. Esses recursos são os seguintes:

= na língua oral:       - a entonação no enunciado da frase (de exclamação, tristeza, surpresa, etc.)
                              - o uso de expressões de gíria e da linguagem popular,
                              - o uso da linguagem figurada;
= na língua escrita:  - a pontuação;
                             - a seleção vocabular, ou seja, a escolha mais cuidadosa de palavras que
                                expressem o tipo de emoção que se pretende comunicar,
                             - o uso do verbo na 1a  pessoa do singular.

Continua...

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Geraldo Majela Bernardino Silva (Funções da Mensagem Literária) Parte 2


LINGUAGEM CONOTATIVA

- A linguagem serve para exteriorizar sentimentos e idéias, é uma expressão carregada de afetividade.

- Na obra literária tem, além de sua significação e valor lingüísticos, um significado e valor acrescidos: o literário, para o qual as formas lingüísticas servem somente de veículo de objetivação, e só alcançam seu pleno significado na relação com o conjunto total da obra. Esta linguagem expressiva depende profundamente da emoção pessoal e das circunstâncias. Com isso as construções gramaticais se alteram ou experimentam uma troca acidental de significação.

- Polissemia = plurissignificação.

CONOTAÇÃO: - Possibilidade de um signo, dependendo do contexto, apresentar mais de um significado,  propiciar  várias  interpretações.  Implica  uma abertura, um leque de                                significados a partir de um mesmo significante.

FUNÇÕES DA LINGUAGEM

A linguagem é um veículo de comunicação empregado como um recurso mnemônico (de desenvolvimento da memória) para a representação de idéias, de suas relações e de seus significados. Algumas dessas idéias são representativas de objetos físicos: procuram designar e descrever coisas e objetos. Mas o “significado” é um atributo da mente humana e não dos objetos que eles representam. Existe, portanto, uma relação íntima entre percepção, significado, idéia, juízo e emoção.

Todos os atos conscientes de comunicação implicam em certos suportes básicos que consistem num determinado complexo simbólico físico que elicia (afasta) o significado. Portanto, a linguagem existe como simbolização física de idéias. Os atos de comunicação se realizam com o propósito de compartilhar idéias específicas e significados em emissor e receptor.

O significado existe pois:

a)- como uma associação de idéias, quer dizer, como uma função da mente humana.

b)- tem seu referente em objetos físicos ou eventos.

A linguagem é, portanto, expressão da vida e o mais autêntico produto do intelecto: verdades científicas são comprovadas, juízos e raciocínios são depurados e intelecutalizados mediante um grande esforço do pensamento.

Mas nem sempre os pensamentos são de ordem essencialmente intelectiva. São muitas vezes, impulsos acompanhados de emoções que conduzem os homens a ações ou que os refreiam. São expressões ou repressões de desejos, de volições, de impulsos vitais.

O psicólogo alemão Bühler distingue três funções básicas para as palavras: “representação”, “exteriorização” e “apelo”:

São as seguintes as principais funções atribuídas às relações entre linguagem e seus objetivos. 

FUNÇÃO CENTRAL:

1- FUNÇÃO DE COMUNICAÇÃO : DENOTATIVA - REFERENCIAL - COGNITIVA OU
                                                            INFORMATIVA.

A palavra como “representação”: Muitas vezes, o propósito do emissor é revelar o que “conhece” a respeito de um fato, de um assunto, de uma realidade. Segundo Bühler, as palavras serão utilizadas, nesse caso, como “representação”dos conhecimentos do emissor sobre aquela realidade.

É a utilização de um código para a transmissão de uma mensagem a fim de permitir aos homens seu inter-relacionamento. A linguagem é utilizada como instrumento de comunicação. Está centrada no conteúdo da mensagem.

Na obra literária, ela envia a um contexto, quer dizer, não no mundo percebido e imaginado pelos elementos da comunicação (emissor e receptor) mas, somente ao criado pelo discurso em si. Não é a realidade designada que interessa, mas seu modo de apresentação no discurso. Por analogia ao mundo real, conhecido, constrói-se o universo imaginário como ele é, assim, o leitor concorda com as colocações do autor (critério de verossimilhança). No dizer de Jean Dubois, a referência  não  é  feita  com  o  objeto  real,  mas  com  um  objeto  do  pensamento.

Imagine uma situação do cotidiano: você e alguns amigos resolvem passar o fim de semana em contato com a natureza. Decidem que o melhor programa seria um acampamento. Mas ainda têm dúvida quanto ao local a ser escolhido. Você resolve opinar (usando, é claro, a língua oral):

“Acho que acampar perto de um rio é uma boa. Lá a gente pode pescar e nadar. 

Nesta época, costuma dar muito peixe e a água fica limpinha.”

Você usou as palavras para representar o que sabe a respeito do local que sugeriu, revelando conhecer certas vantagens que favorecem o tipo de programa que escolheram.

Essa função da linguagem, que os lingüistas denominam “informativa” (ou referencial), está centrada no referente, ou seja, no conteúdo transmitido ou mensagem.

A função informativa se observa, não apenas em situações de comunicação em língua oral, mas também na língua escrita, principalmente em textos técnicos e jornalísticos.
Veja alguns exemplos:

“O sexo do filho é determinado pelo pai. Os espermatozóides pertencem a duas categorias: os Ginospermas, dotados de um cromossomo chamado X, que darão origem a uma menina, e os Androspermas, com um cromossomo denominado Y, e que darão origem a um menino. Mas apenas o acaso (conforme o que a ciência conseguiu demonstrar até hoje) é responsável pela fecundação do óvulo feminino por parte de um espermatozóide portador de um cromossomo X ou de um cromossomo Y.”            (BELOTTI, Elena Gianini - O Descondicionamento da Mulher - Rio, Vozes, 1975 -p.13). 

Outro exemplo de função informativa:

“Os números do desastre educacional brasileiro começam a ser revelados. Temos ainda 40% de analfabetos ou semianalfabetos, segundo cálculos otimistas. E a evasão dos alunos, no fim do curso primário, chega a 80%.”
(ISTO É, no 123, p. 47)

A função informativa pode ainda aparecer em textos literários, em prosa ou em verso:

“Aqui faz muito calor.
 No Nordeste faz calor também.”
(BANDEIRA,Manuel. “Brisa”)

Outro exemplo literário:

“Meu avô era um homem que sabia explicar tudo com clareza, sem ralhar e sem tirar a razão da gente.” (VEIGA, J.J. “Os Cavalinhos de Platiplanto”).

Observando certos recursos lingüísticos utilizados pelo emissor, podemos, como recebedores, determinar a função informativa na mensagem enunciada. Esses recursos são:

- na língua oral: o tom de neutralidade, de isenção emocional, na enunciação da mensagem;

- na língua escrita:  a pontuação;
                                 - a elaboração sintática visando à maior objetividade e precisão na maneira 
                                    de transmitir a informação.
Das considerações feitas e da observação dos exemplos, podemos concluir que:

a função da linguagem será INFORMATIVA, quando as palavras forem empregadas como representação de conhecimentos do emissor a respeito de um assunto, de uma pessoa, de uma realidade.

Continua...

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Dicionário Aulete (Boneca)


Emília, a boneca de pano da pequena Narizinho, é, provavelmente, a boneca mais conhecida da literatura nacional. Feita por tia Nastácia, ganhou vida, mas era muda até tomar uma pílula falante (feita pelo Dr. Caramujo) e começar a falar sem parar. A primeira frase de Emília foi ‘Estou com um horrível gosto de sapo na boca!’. Emília se tornou uma boneca atrevida, respondona e mandona. Por ser boneca, ao invés de gente, não tem papas na língua, às vezes sendo tirana e malcriada.

Alguns estudiosos dizem que Emília era o alter ego de Monteiro Lobato, que, não podendo expressar algumas opiniões controversas, fazia que as frases saíssem da boca de Emília. Em vários momentos, Monteiro Lobato confessa que Emília ganhou vida, de fato, tornando-se maior do que ele próprio. ‘Quando estou batendo o teclado, ela posta-se ao lado da máquina e quem diz que eu digo o que eu penso?’, disse o autor.

O Visconde de Sabugosa, uma vez, perguntou a Emília que criatura ela era. A resposta: ‘Sou independência ou morte!’

(bo.ne.ca)
sf.
1 Figura tridimensional que representa uma mulher ou criança, us. como brinquedo infantil, objeto de decoração ou para outros fins.
2 Fig. Mulher ou menina bonita ou bem arrumada.
3 Chumaço de algodão envolto em tecido e amarrado, us. para espalhar substância líquida (óleo, verniz, tinta etc.) sobre uma superfície.
4 Bras. Espiga de milho ainda nova, em formação.
5 Art.gr. Projeto gráfico em forma brochura de uma publicação, us. para demonstrar como se apresentará quando impressa; BONECO.
6 Bras. Pej. Homem efeminado.
7 Bras. Gír. Travesti.
8 Cons. Ressalto em parede de alvenaria, no qual se encaixam os marcos de portas e janelas
9 Arm. Espécie de bucha de madeira com que se veda cano de arma de fogo para evitar que nele penetre umidade
10 Cons. Reforço na parte inferior central de viga para aumentar-lhe a resistência à flexão sob peso
11 Peça junto à boleía de coches, carruagens etc., na qual se prenderm rédeas e tirantes dos cavalos
[F.: De or. contrv., posv. pré-romana]

Fonte:
Texto enviado pelo Aulete Digital

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Mario Vargas Llosa (Cronica não é Conto)

É um dos motivos que me fizeram deixar de participar de concurso de conto. Muitas vezes vi uma crônica ganhar o primeiro lugar, num concurso de conto, passando por conto inovador, exótico, suigênere. Sendo assim, então se poderia dar o primeiro lugar, também, a uma bula de remédio ou a uma lista de compra.

A comissão julgadora não sabe a diferença entre conto e crônica? Então corre o risco de eleger uma lista telefônica como um romance inovador.

Tal como Fernando Pamplona, na saudosa tevê Manchete, bradava contra a marchinha sendo tocada como se samba fosse, quero bradar contra a crônica apresentada como conto. Nada contra a marchinha, que é dos ritmos mais bonitos, mas é muito fácil transformar o samba nalgo mais empolgante acelerando o ritmo. Assim, também, é fácil apresentar uma crônica como um conto inovador. É algo como eleger um gato, num concurso canino, como um cão muito original.

Vejamos um trecho da introdução da antologia Obras primas do conto moderno, introdução de Almiro Rolmes Barbosa e Edgard Cavalheiro:

[...]

Bem sabemos que ao lado da lista de nomes que o índice desta obra apresenta, o leitor poderá enfileirar, com facilidade, outros tantos nomes de valor idêntico, se não maior. Isso só prova que o gênero, em que pesem suas dificuldades, é dos mais fecundos e que todo grande ficcionista, cedo ou tarde, nele vem pousar, embora durante momentos. Realmente, apesar de difícil e perigoso, o conto exerce atração muito grande e raríssimo o escritor que não deixa contribuição num livro, nas páginas das revistas especializadas ou, simplesmente, dos magazines populares. Acontece que o talento sempre acompanha seu dono e, muitas vezes, resulta numa pequena obra-prima. De caso pensado evitamos, por isso mesmo, falar em antologia de contistas. Não reunimos contistas e sim contos.

Um fenômeno fácil de ser observado é o seguinte: Em geral o principiante começa escrevendo conto. Acha mais fácil que o romance, menos complexo. Duro engano. Pela síntese que exige, pela concisão e precisão psicológicas, por um sem-número de outras qualidades, o ficcionista, a não ser que tenha nascido pro metiê ou se trate dum gênio, somente atinge a obra-prima na pequena história depois que se fartou no amplo e complexo espaço do romance ou da novela. O segredo do conto, e não afirmamos alguma novidade, não está no enredo, originalidade da história. Um enredo vulgar, exploradíssimo, pode dar uma obra-prima. Mopassã já provou isso. Anatólio França também. O segredo do conto está... no gênio do autor. Qualquer conselheiro acácio subscreveria o conceito mas isso não impede que seja verdadeiro... Técnica, enredo, estilo, etc, são acessórios, não fazem do conto uma obra-prima. Nada mais duvidoso que esses cursos pra se tornar romancista, contista, poeta ou historiador. Está claro que sem conhecimento técnico nada se poderá fazer. Na obra de arte não há só inspiração mas também, e principalmente, transpiração. [...]

Vejamos um trecho da introdução da antologia Maravilhas do conto brasileiro, introdução de Fernando Góes:

[...] foi, incontestavelmente, como contista, que Machado de Assis fez suas obras-primas. E a opinião de Lúcia Miguel Pereira, ao examinar a prosa brasileira de ficção do período 1870-1920.

[...]

Não era assim, entretanto, que pensava Machado de Assis, que desde sua iniciação literária até os últimos anos de vida, praticou o conto com amor e arte, lhe voltando indiscutível preferência. E, sutilmente, desmentia tudo aquilo, ao escrever, em 1873, que o conto é gênero difícil, a despeito de sua aparente facilidade, e creio que essa mesma aparência de facilidade lhe faz mal, repelindo os escritores, e o público não dando a atenção devida.

Era como se afirmasse que, tal e qual como na fábula da raposa incapaz de alcançar as uvas, certos ficcionistas, vendo a dificuldade e complexidade do conto, disfarçassem a impossibilidade de as ultrapassar, dizendo, com falso desprezo: É gênero menor, é gênero menor...

[...]

Mas de nenhum modo, lendo as histórias aqui reunidas, o leitor terá a sensação de que caiu no conto do conto, gênero de esperteza estranha à literatura, na expressão maliciosa e feliz de Osmar Pimentel pra significar o engodo em que, muitas vezes, cai o leitor menos avisado.

Sempre preferi os contos aos romances de Machado de Assis. Lendo um conto seu sinto estar lendo Mopassã.

Vejamos o que dizem Almiro Rolmes Barbosa e Edgard Cavalheiro na introdução da antologia As obras-primas do conto universal:

[...]

o ponto de partida pra se chegar a uma conclusão mais ou menos razoável é o clássico: Se um romance deve ser romanesco, se um poema deve ser poético, se um tratado de filosofia deve debater idéia, é justo que um conto conte algo. É verdade que há contos nos quais naca sucede. Mas serão, realmente, contos? Ou apenas dissertações, ensaios ou trechos de romance? [...]

[...]

respondendo a um jovem principiante que lhe pedira esclarecimento sobre a melhor técnica a empregar, Mopassã respondeu:

- Técnica a empregar? Não compreendo o que queres dizer...

- Me refiro à fórmula pra se escrever um bom conto, mestre...

- á! A fórmula pra se escrever um bom conto!... É fácil. É só arranjar um bom começo e um bom fim.

- Só? E no meio o que entra?

- Á! Ali é que entra o artista!

[...]

Muito se escreveu sobre as diferenças entre o conto e o romance. A verdade é que um bom conto, em geral, contém os elemento dum grande romance, ao passo que um grande romance muito raramente dará um bom conto.

Os maiores estudiosos do assunto, com, por exemplo, Konrad Bercovici, são de opinião de que o conto é a mais alta forma de expressão literária. Realmente, a melhor parte da obra de grandes escritores, como Anatólio France, ETA Hoffmann, Mopassã, Tchekov, Twain e tantos outros não está em seus contos?

Nenhuma outra modalidade exige do artista tão intensa concentração e virtuosismo. Quando o escritor se senta pra escrever um conto já o deve ter claramente desenhado na mente. No romance o artista pode tocar e retocar à vontade. No conto, porém, a pintura deve ser definitiva desde o primeiro momento, sob pena de se arruinar a tela, isto é, de ser preciso recomeçar.

[...]

Um conto pode ter elementos de crônica. Muitas vezes um preâmbulo introdutório leva o leitor a considerar o texto uma crônica. Mais eis que vai surgindo a narrativa. Á! Agora sim! É um conto. Conforme o estilo do autor o conto pode ter tantos elementos de crônica. Muitas vezes podemos ficar indecisos se tal texto pode ser considerado conto. Mas há os que não são conto, de jeito nenhum.

Uma crônica é uma seqüência de impressões, lembranças, considerações. Por exemplo: O autor conta que em sua mocidade, em Ipanema, via a turma de Vinícius de Moraes reunida à mesa de bar. A conversa era animada. Sempre na expectativa de ver a garota de Ipanema passar. A fachada do bar era assim e tal. Ninguém tinha medo de assaltante. Que era melhor naquela época porque as garotas não tinham silicone nem tatuagem nem pircem. Tal coisa deixou saudade... Isso é crônica.

Num conto seria narrado um acontecimento com início, meio e fim. Por exemplo: Pode ter uma pequena crônica como preâmbulo, pra situar o leitor no tempo e no espaço, de preferência que sejam essenciais a quem ler o enredo. Conta que insistiu muito pra sua sobrinha, que queria se mudar a Salvador, ir morar em Ipanema pra terminar o estudo. Arranjou a ela um apartamento e, como morava perto, sempre a pegava no final do expediente. Como era muito bonita, tinha uns boêmios admiradores que sempre a admiravam passar diante de sua mesa de bar. Um dia fizeram uma música inspirada nela. No final se revela que a turma boêmia era a de Vinícius de Moraes. E, como desfecho, o narrador se gaba de ser ele o responsável por ter sido escrita a canção Garota de Ipanema, pois não fosse ele e a garota teria ido parar na Bahia.

Conto, como o próprio nome diz, tem de contar. Narrar um evento, uma história, sem se espraiar demais como no romance ou na novela. Uma série de impressões intimistas, lembranças, considerações, descrições, é crônica.

Outro engano é achar que conto é necessariamente ficção. Conto é o gênero narrativo. Tanto o conto como a crônica, como também o romance e a novela, podem ser ficção ou relatar um evento realmente ocorrido. No caso de narrativa de evento real chamamos de relato. O relato pode ser em forma de verso, de crônica... ou de conto.

 Assim, também, a lenda não é necessariamente ficção. Lenda, que vem do termo legenda, que marca uma história ou estória digna de destaque. O termo equivalente escandinavo é saga. Lenda é uma narrativa que fica como um marco dum acontecimento, dum lugar. Assim, por exemplo, a lenda que explica a origem do café diz que um pastor notou que suas cabras ficavam indóceis ao comer certa planta... Não importa se é fato histórico, evento deturpado com o tempo ou pura ficção. A lenda é uma história emblemática dum evento, dum lugar, dalguma coisa. Pode estar narrada em forma de conto. Muitos autores, como, por exemplo, Gottfried Keller, pegaram lendas mal narradas e as transformaram em belos contos. Cheiquespir fazia isso, transformando lendas tradicionais em peça de teatro. Ou seja, lapidando o diamante bruto, o transformando numa jóia brilhante, ainda mais valiosa. Assim Cheiquespir pegou a lenda da antigüidade, Píramo e Tisbe, e a transformou em Romeu e Julieta. Assim o fizeram os irmãos Grimm e assim são alguns contos de Andersen.

Fonte:
http://blogdolinho.blogspot.com

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

José Carlos Dutra do Carmo (Manual de Técnicas de Redação) Parte XVIII


SINAIS.

Faça o til e o cedilha com nitidez, e não simples rabiscos ou traços confusos e inexpressivos.

SINESTESIA.

É uma espécie de metáfora que consiste na união de impressões sensoriais diferentes.

Use-a, se puder, para, através de duas sensações, indicar mais vivamente um objeto ou ser.

Um grito áspero, palavras douradas, cheiro quente.

O cheiro doce e verde do capim trazia recordações da fazenda...

A presença inesperada do sumo pontífice no encontro comoveu a todos. O toque de mão suave, o semblante sereno, o leve odor de rosas que emanava de sua presença provocou em todos uma sensação de paz.

SOLECISMOS.

Ocorre quando há desvios de sintaxe quanto à concordância, regência ou colocação.

Obedeça o chefe.

Quem fez isso foi eu.

Faltou muitos alunos no dia do jogo da Seleção do Brasil.

Que fique bem claro uma coisa: as frases acima estão gramaticalmente incorretas.

SUBSTANTIVO, VERBO.

Abuse do uso de substantivos e verbos. Seja sovina com adjetivos e advérbios. Eles são os inimigos do estilo enxuto.

Matar ou matar. De quebra, morrer. No campo de batalha o soldado pouca chances tem de escolhas diferentes dessas.

A tarde cai. O céu escurece rapidamente, como convém à estação outonal. O silêncio vai se instalando na pequena vila onde, a partir de agora, só o luar iluminará as ruas.

SUJEITO.

A menos que queira enfatizar muito o sujeito, ou precise evitar confusão na interpretação sobre quem está falando, omita o pronome sujeito, ou não abuse de seu emprego.

Ao longe, avistaram um velho abatido vindo ao encontro deles. Decidiram parar. “Credo! Isso é coisa do demo!”, falou o terceiro se benzendo. É... e eles tinham razão.

Pedro resolveu omitir seu nome. Na verdade, ninguém precisaria saber que era filho de empresário famoso; nada lhe acrescentaria de bom e, ao contrário, poderia tornar-se alvo de bandidos naquela região perigosa do Rio.

SUPERLATIVOS.

Cuidado com “superlativos criativos” do tipo “mesmamente”, “apenasmente”, etc.

SUSPENSE.

Quando quiser criar suspense, acumule dados, ação inesperada, apresente conseqüências, deixando a causa para o final.

Todos estavam apreensivos, esperando o anúncio do vencedor do concurso. O mestre-de-cerimômias abre a solenidade com uma longa lista de agradecimentos. A cada nome, a ovação da platéia interrompe o correr da solenidade. Começa agora a leitura dos nomes dos vencedores. Juliano está com o coração na mão. O envelope vai ser aberto. Mas tudo escurece subitamente. Não é que falta luz no exato momento em que os nomes seriam anunciados! Juliano não agüenta a ansiedade.

TAMANHO DAS LETRAS.

Escreva com letras médias (nem muito grandes, nem muito pequenas). Letras muito pequenas vão dificultar a correção do texto e letras muito grandes vão proporcionar poucas palavras em cada linha e, conseqüentemente, uma abordagem superficial do assunto.

TELEGRAMA.

É utilizado para comunicação urgente. Deve-se suprimir do pequeno texto qualquer palavra dispensável, como artigos, preposições, conjunções e sinais de pontuação. Ponto será grafado com PT e vírgula com VG.

TEMA.

Leia o tema que vai desenvolver com atenção, analisando com profundidade as idéias nele contidas.

Fácil ou difícil, agradável ou não, o tema terá que ser enfrentado. A melhor atitude será recebê-lo com simpatia, disposição e otimismo.

Redija usando argumentos fortes e consistentes. O floreio e o enche lingüiça nada acrescentam à qualidade do texto de uma redação.

O tema é o assunto sobre o qual se escreve, ou seja, a idéia que será defendida ao longo da dissertação. Deve tê-lo como um elemento abstrato. Nunca se refira a ele como parte do texto.

Não fuja do tema proposto, nem invente títulos, escolhendo outro argumento com o qual tenha maior afinidade. O distanciamento do assunto pode custar pontos importantes na avaliação da redação.

Não fugir do tema significa abordá-lo da maneira como foi proposto, isto é, nem restringindo demais a abordagem nem extrapolando para assuntos que não tenham relação direta com ele.

Se o seu objetivo é ser favorável à privatização das estradas, use argumentos sólidos que justifiquem o porquê de sua posição. Tente convencer o leitor e mantenha clara a sua opção.

Se o tema for “O clima do Brasil”, não adiantará fazer uma obra-prima versando sobre “O clima de Minas Gerais”, porquanto o seu trabalho resultará inútil. Os corretores vão considerar que houve fuga ao tema proposto. Sabe qual a nota que terá nesse caso? ZERO!

Quais os temas que podem cair nas provas de Redação? A tendência das bancas examinadoras tem sido solicitar dois tipos de temas: objetivos, os relacionados aos problemas atuais, presentes na mídia (sociais, tecnológicos, econômicos, etc.); subjetivos, os que envolvem o comportamento e o sentimento das pessoas.

TEMPO.

Não acelere o ritmo para acabar logo a redação nem demore demais para não perder tempo.

TEMPOS VERBAIS.

Procure tirar proveito da mudança dos tempos verbais, usando-os, por exemplo, para fazer generalizações.

O larápio não deixou de roubar após ter passado um bom tempo na prisão. Ora, por esse caso podemos ver que nem sempre a prisão recupera os criminosos.

TEORIA.

Se precisar provar a alguém, ou a você mesmo, uma teoria, use o raciocínio lógico e, se for o caso, hipotético.

Democracia verdadeira não existe sem educação. O indivíduo sem estudo é presa fácil do engodo, da retórica vazia, das promessas irrealizáveis. Imagine alguém que mal sabe escrever o nome ouvindo o discurso embolado de um de nossos políticos. Poderá julgar com clareza o que estão lhe dizendo, avaliando a proposta que melhor satisfaz aos seus interesses?

TERCEIROS.

Não utilize exemplos contando fatos ocorridos com terceiros, que não sejam de domínio público.

TEXTO.

O fato que contou, em seu texto, é interessante?
Gostaria de ouvi-lo de outra pessoa?
Tenha sempre senso crítico.

Não utilize os termos “eu acho”, “penso”, “para mim”, etc. O texto já é sua opinião pessoal, não precisa enfatizar, ser repetitivo. Em vez de escrever “Eu acho a internet legal”, escreva: “A internet é legal”.

Não use expressões como “vou ir” e “de leve”, mas, sim, “irei” e “levemente”.

TÍTULO.

Evite o uso das aspas no título.

Pule uma ou duas linhas entre o título e o início do texto.

Evite iniciar a redação com as mesmas palavras do título.

Os títulos devem ser escritos de forma abreviada (resumida).

Não há pontuação após o título, a não ser que seja frase ou citação.

Coloque o título centralizado (no centro da folha), antes do início da redação.

É uma expressão, geralmente curta e sem verbo, colocada antes da dissertação.

Em títulos de redação, por questão de ênfase, usam-se iniciais maiúsculas:

Minhas Férias de Julho, Nossa Visita ao Frisuba.

Não coloque a palavra título antes do TÍTULO nem o termo FIM ao terminar a redação. O óbvio não precisa ser explicado.

“TRANSPIRAÇÃO”.

É a hora da montagem do texto, a escolha do que deve ficar e do que deve sair.

Após a seleção das idéias que serão usadas, ordene as frases, percebendo a diferença entre o principal e o secundário, hierarquizando a seqüência de parágrafos de modo a tornar claro o seu texto.

TRAVESSÃO.

Na redação, o travessão tem a função dos parênteses ou das vírgulas usadas em dupla, sendo empregado para separar expressões intercaladas.

Pelé — o maior jogador de futebol de todos os tempos — hoje é um empresário bem-sucedido.

A sociedade precisa lutar por conquistas sociais - tão prometidas pelos governos, mas nunca concretizadas - a fim de ver reduzidas as diferenças entre pobres e ricos.

U, V.

Faça-os com clareza e nitidez porque, caso contrário, o U ficará parecendo o V.

ÚLTIMO.

Evite escrever “último”, no sentido de “mais recente”.

UNIDADE

A redação deve ter unidade, por mais longa que seja. Trace uma linha coerente do começo ao final do texto. Não pode perder de vista essa trajetória. Muita atenção no que escreve para não fugir do assunto.

VERBO.

Evite o emprego de verbos auxiliares.

Faça a concordância correta dos tempos verbais.

Evite o uso de verbos genéricos, como “dar”, “fazer”, “ser” e “ter”.

Flexione corretamente os verbos quando for usar o gerúndio ou o particípio.

O verbo “fazer”, no sentido de tempo, não é usado no plural. É errado escrever: “Fazem alguns anos que não leio um livro”. O certo é: “Faz alguns anos que não leio um livro”.

Os verbos defectivos não possuem todas as pessoas conjugadas. O presente indicativo do verbo “adequar” só apresenta as formas de primeira e segunda pessoas do plural (adequamos, adequais). As outras simplesmente não existem, não adianta inventar. Logo, nada de sair por aí dizendo (ou escrevendo) coisas como: “Eles não se adequam ao meu sistema de trabalho” ou: “Eu não me adequo ao seu modo de pensar”. No caso, use o verbo equivalente: “adaptar”.

VÍRGULA.

Vêm, geralmente, entre vírgulas: isto é, ou seja, a saber, etc.

Coloque-a bem próxima da última letra da palavra (e não distante).

Leia os bons autores e faça como eles: trate a vírgula com bons modos e carinho.

Nunca coloque vírgula entre o sujeito e o verbo, nem entre o verbo e o seu complemento.

Só com a leitura intensiva se aprende a usar vírgulas corretamente. As regras sobre o assunto são insuficientes.

É o sinal de pontuação mais importante e que tem maior variedade de uso. Por essa razão, é o que também oferece mais oportunidade de erro.

Coloque a vírgula com clareza, a saber, um pontinho com uma perninha levemente voltada para a esquerda, e não um tracinho ou um risquinho qualquer.

As vírgulas, quando bem empregadas, contribuem para dar clareza, precisão e elegância às frases. Em excesso, provocam confusão e cansaço. Frase cheia de vírgulas está pedindo um ponto.

VOCABULÁRIO SIMPLES.

Algo fantástico para enriquecer o seu vocabulário? Palavras cruzadas.

A limitação do vocabulário não impede um raciocínio inteligente e incisivo.

Use uma linguagem simples, empregando, somente, as palavras cujo sentido você conhece bem. Não fique inventando, querendo usar vocábulos difíceis, cujos significados nada têm a ver com o que está escrevendo.

VOZ ALTA.

Após fazer uma redação, leia o texto em voz alta, várias vezes. É uma boa técnica para descobrir seus erros.

VOZ ATIVA.

Opte pela voz ativa. Ela deixa o texto esperto, vigoroso e conciso. A passiva, ao contrário, deixa-o desmaiado, flácido, sem graça.

Em vez de: A redação foi feita pelos alunos da 4ª série, prefira: Os alunos da 4ª série fizeram a redação.

VOZ PASSIVA.

Use a voz passiva quando quiser realçar o paciente da ação, transformando-o em sujeito (embora não aja).

A porta foi aberta com violência.

VULGAR.

Não seja vulgar nem use termos considerados chulos e obscenos (palavrões). Gírias e expressões populares, só entre aspas. Os assuntos devem ser trabalhados com certa distinção e delicadeza.

ZEUGMA.

É a omissão de um termo anteriormente expresso, ainda que em flexão diferente.

Eu jogo futebol; ela, basquete.

Foi saqueada a vila, e assassinados os partidários de Sadan.

Fonte:
http://www.sitenotadez.net