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sábado, 5 de novembro de 2011

Hermoclydes S. Franco (A Caixa de Ouro)


(Para Waldyr Neves, in memoriam)

A “Caixa Preta” que levou um grande amigo
deixou, no solo, um rastro azul, feito de luz
da mais brilhante intensidade, que produz
a alma simplória quando deixa o velho abrigo.

E, da vontade de voltar a estar contigo,
nossa esperança,em pensamento, nos conduz
ao campo santo, para estar diante da cruz
que agora e sempre há de luzir em teu jazigo!

Eternamente, os versos lindos que fizeste
serão lembranças que o futuro espalhará
e, em CAIXA DE OURO, nas memórias ficarão...

Resta o consolo que o porvir, de oeste a leste,
a chama acesa do seu estro manterá
a iluminar, de cada amigo, o coração!...

Fonte:
Hermoclydes S. Franco, Lumiar/N.Friburgo, junho/2007

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Ialmar Pio Schneider (Soneto de Finados)


Lembramos nossos mortos neste dia
que consagramos tristes aos finados;
passaram para o além e a lájea fria
apenas guarda os corpos sepultados.

Hoje tudo é perpétua nostalgia…
Ouvem-se preces, prantos desolados,
um porquê inexplicável excrucia
até os corações mais resignados.

Dos páramos celestes desce a luz
iluminando a terra que se habita;
e a verdade mais crua se traduz

pela certeza natural e aflita
que fatalmente a todos nos conduz
à noite eterna… trágica… infinita…

(CANOAS, 2-11-82)

Fontes:
Soneto enviado pelo autor
Imagem = http://www.hi5recados.com/graficos/839/2/Dia-de-Finados.html

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Ialmar Pio Schneider (Soneto a Carlos Drummond de Andrade)


Nascimento do poeta Carlos Drummond de Andrade em 31.10.1902
- In Memoriam –

Carlos Drummond de Andrade e a ´´pedra do caminho´´…
por isso compreendi que tudo dá poesia,
quando se tem amor, quando se tem carinho,
e as ideias triviais surjam da fantasia…

Porém, ´´e agora José´´, seguindo sozinho
no escuro, amedrontado e sem a luz do dia,
procurando encontrar um mero cantinho
para viver feliz e ´´não veio a utopia´´…

Eu também encontrei muitas pedras na estrada
e me achei qual José, caminhando no escuro,
mas não tinha ninguém, pois a mulher amada

não havia surgido em minha triste vida…
No entanto, acreditei nos sonhos do futuro
e nos versos que fiz buscava uma saída…

Fonte:
Soneto enviado pelo autor

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Ialmar Pio Schneider (Ausência de Amor)


Nascimento de Graciliano Ramos em 27.10.1892

Tenho procurado retirar subsídios nos livros que leio com alguma assiduidade, para escrever as páginas dos meus relatos e observações pessoais, como o faço aqui e agora. Creio na literatura em geral, pois representando o pensamento de seus autores, vem suprir meu ideal de compreensão nos destinos da existência. Nada foi escrito em vão, desde os primórdios da humanidade até os nossos dias e continuará sendo, certamente, no futuro. A lógica confirma isto, uma vez que a comunicação entre os seres humanos se faz por meio da escrita, embora o grande avanço da tecnologia neste setor. O assunto a ser abordado, a meu ver e de muitos outros, é universal e palpitante. Quantos dramas não acontecem em conseqüência deste motivo que não é banal ?! Serve de reflexão para uma vida menos árdua e mais amena, senão satisfatória e feliz. Dir-se-ia que o amor deverá ser o leitmotiv presente no coração de todos os mortais, para atingir a plenitude do espírito inquieto.

No romance São Bernardo, de Graciliano Ramos, vamos encontrar uma significativa falta de amor, notadamente por parte do principal personagem e narrador da história: Paulo Honório. Podemos entender este seu comportamento devido às agruras da vida, que já desde a infância miserável, teve que passar. Quando jovem matou uma pessoa, tendo ficado alguns anos na cadeia. Depois, trabalhou no eito e foi se recalcando. Assim transcorrem as primeiras páginas do livro.

Passados alguns anos, Paulo Honório resolve se apossar da fazenda “São Bernardo” onde trabalhara tempos atrás. Para fazê-lo trama uma armadilha ao herdeiro da propriedade, o Padilha Filho, que é bêbado e jogador inveterado de bilhar. Empresta-lhe dinheiro para o jogo, que o Padilha vai queimando, até chegar à hipoteca do imóvel. Daí até chegar à posse foi um tapa; e a escritura foi assinada sem mais delongas.

Paulo Honório, agora já proprietário da fazenda, começa a desenvolver uma administração satisfatória, conseguindo bons resultados em seus empreendimentos. Vai de vento em popa. Adquire prestígio e dinheiro lhe sobra.

Dada à situação em que se encontra, resolve casar, não tanto por amor, mas para deixar um herdeiro. Encontra Madalena, jovem professora, loira e bonita e em breve está casado. Sua consorte, que é humanitária e meiga, dedica muita afeição às pessoas humildes da fazenda, o que causa em Paulo Honório, um terrível ciúme doentio. Começam as desavenças do casal e Madalena suicida-se, deixando-lhe um filho.

Já então quase no final do romance, Paulo Honório está sozinho e resolve escrever sua história. Seu desabafo não poderia ser mais dramático:

“- Estraguei a minha vida, estraguei-a estupidamente”.
____________________________________
31 de março de 2000 – Canoas/RS

Fonte:
Texto enviado pelo autor

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Ialmar Pio Schneider (Soneto a Humberto de Campos)


– In Memoriam – Nascimento do escritor em 25.10.1886 –

Ao ler suas Memórias comoventes,
e as crônicas, sonetos, cujos temas
demonstram como ele enfrentou problemas,
e o fez em páginas inteligentes,...

fico a pensar também quantos poemas
nascem das almas boas, penitentes,
nos momentos aflitos em que os crentes
se debruçam perante seus dilemas...

Mas, o Senhor que reina nas Alturas,
o Pai Supremo de todas criaturas,
olha por nós, Seus filhos prediletos,...

pra que sejamos ternamente irmãos
e os nossos sonhos nunca sejam vãos
num mundo justo e fraternal de afetos...

Porto Alegre – RS, 25.10.2011

Fonte:
Soneto enviado pelo autor

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Ialmar Pio Schneider (Soneto para o Dia do Poeta - 20 de outubro )


O poeta é aquele que vê mais longe:
pode saber de tudo ou quase nada...
Tanto é um pecador quanto é um monge,
vive numa caverna ou segue a estrada

dos sonhos. Às vezes parece um conde
a procurar sua alma gêmea, a maga
que num castelo medieval se esconde,
cuja lembrança a solidão lhe afaga.

Também não deixa de sofrer por isso
e nunca se conforta no prazer
de sempre se afastar do rebuliço:

assim é que pretende compreender
o destino que leva no feitiço
questionável do ser ou do não ser !

Fonte:
Soneto enviado pelo autor

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Ialmar Pio Schneider (Soneto a Casimiro de Abreu)


– In Memoriam – Falecimento do poeta em 18.10.1860

Mas, onde se esconderam “Meus Oito Anos”,
que os procuro debalde na distância?
Casimiro de Abreu, teus desenganos,
trazem saudades de minha infância...

No entanto, sempre na mesma constância,
bate meu coração com seus arcanos;
e o que outrora tinha significância,
hoje, são meus pobres cantos profanos.

Pois, “oh! que saudades que tenho”, agora,
daquele tempo bom que foi embora,
e que, bem sei, não volta nunca mais?

Sigo meu caminho sempre confiante,
que cada etapa que me surge adiante,
só vem complementar meus ideais...
Porto Alegre – RS, 18 de outubro de 2011,

Fonte:
Soneto enviado pelo autor

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Ialmar Pio Schneider (Soneto a Nossa Senhora Aparecida)


Dia de Nossa Senhora de Aparecida - 12 de outubro

RAINHA DO CÉU

Nossa Senhora, baixai vosso olhar
Pra mim que sou um pobre pecador,
Enchei o meu caminho de fulgor,
Levai-me sempre pelo bom andar...

Mãe do Céu, deposito em vosso altar
Consagrado todo meu pobre amor,
Enchei-o para sempre de esplendor
Para que nunca cesse de brilhar.

E quando a chama desta minha vida
Aos poucos, devagar, ir se apagando,
Vinde com vossa vela, mãe querida,

Me levar por estes ares voando
Para aquela bela mansão florida
Onde os anjos estão sempre cantando...

- em agosto de 1959 - Sertão - RS

Fontes:
Soneto enviado pelo autor
Imagem = http://www.igrejacatolica.com

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Olivaldo Junior (Francisco (ou Poema a São Francisco de Assis))


Não quero o Francisco de altares,
que os altares que tenho são trovas,
pequenos versos e rimas
que lhes deixo aos pés.

Não quero o Francisco de alturas,
que as alturas que tenho são rosas,
pequenas petalazinhas
que lhes deixo à mão.

Não quero o Francisco de altezas,
que as altezas que tenho são pobres,
pequenos sóis, luazinhas
e estrelinhas quaisquer.

Não quero o Francisco sem Clara,
sem as aves, sem os animais...
Eu quero o Francisco de cara,

com altares de alturas, altezas
que têm os servos, acima,
bem acima, em paz.

Fonte:
Poema enviado pelo autor

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Silvia Araujo Motta (Só Porque o Dia é Teu)


Soneto enviado pela Dra. Silvia Motta, Ph.I. - Presidente da Academia de Letras do Brasil/MG

Soneto decassílabo-sáfico-heróico Nº 1578

Hoje o universo veste luz brilhante;
no coração a terra está florida!
Firme regente pede:-Grupo, cante
a canção bela em rima mui querida.

O sol espalha raios cada instante,
a natureza canta a pauta lida,
compassos marcam festa que é marcante,
farta comida, doces e bebida!

Em cada face o canto não reclama;
já não se lembra a dor que fez partida,
renova tudo e acende nova chama...

À mesa servem vinho, criam laços
e cada mão saúda, brinda a vida:
-Saúde e Paz, Amigo! Mil abraços!

PARABÉNS!

BELO HORIZONTE, 27 DE SETEMBRO DE 2011.

sábado, 17 de setembro de 2011

Nilton Manoel (São Paulo é Esperança Todos os Dias)


Homenagem aos 450 anos de São Paulo
32 estrofes de 7 versos

1
No meu antigo toca discos,
ouço com muita atenção,
lindas canções de outrora:
- "São Paulo Quatrocentão",
da "Rapaziada do Brás"...
O "Trem das Onze me traz",
saudade e muita emoção.
2
O trem pelos velhos trilhos,
a história do povo escreve!
e a cidade em seu cenário
sempre arrojada se atreve
a plantar modernidade;
sofra a gente com a saudade,
o progresso não é breve.
3
São Paulo, não perde tempo,
inova, protege, acolhe,
quer sua gente contente
não há garoa que molhe,
o entusiasmo dessa sina;
quem vence sua rotina
dá vida aos sonhos que escolhe.
4
O povo quer movimento,
quer cenário, quer ação,
quer futuro e conforto
pela glória da nação...
Todo mundo quer ter paz,
como é bom sonhar no Brás,
há poesia nesse chão!
5
Sou paulista do interior
e passo avida na estrada,
quem gosta de movimento
quer vida facilitada:
-ao modernismo dou fé,
por todo lado dá pé,
se a cidade é bem cuidada...
6
Quando estou na capital
tenho eficiente transporte;
seguro, rápido e ímpar,
toda estação tem bom porte
que nem posso imaginar
sem metrô pra trabalhar.
Ser pontual, é ser forte!
7
A inspiração não me falta
e até me lembro que, a gente,
há trinta e cinco anos tem,
esse serviço excelente
que movimenta a cidade
e dá ao povo, a vontade,
de viver mais ...felizmente!
8
São estações variadas
espalhadas pela cidade,
elevadas, com plataformas
e na sua versatilidade,
põe no cenário, poesia,
integra-se com a ferrovia,
caminho de prosperidade.
9
Entre fixas e rolantes,
gente que faz movimento
no ganha pão habitual...
Paro, olho e meu pensamento
cola imagens que, resumo
para as falas de consumo...
Reportagens do momento!
10
Quem tem vida solidária
dá valor à cortesia:
por favor... muito obrigado...
dá licença... que poesia,
nas convenções sociais;
todos nós somos serviçais,
pelo pão de cada dia.
11
Jânio Quadros fez história
melhorou a imagem do Brás.
com novas edificações
e o povo cheio de paz,
se orgulha a todo o instante,
por ser sempre o bandeirante,
de eras que não voltam mais...
12
Nossa vida que é cíclica,
deve a Anchieta, o jesuíta,
que nem sabia, Senhor!
a vida rica e catita
que sua instalação
da história da fundação,
seria plena e bonita.
13
Na sequência do transporte
o tempo não segue à toa
e o cenário num instante
de São Paulo da garoa
vai e volta com o metrô
rápido como um alô
de celular... Coisa boa!
14
Na integração, a saudade
que traz Maria Fumaça
é recompensa gostosa
é vida cheia de graça
é tempo cheio de glória
é povo que faz a história
nas estações que se passa.
15
Sertanejo, deslumbrado,
da capital do Interior,
Paro e olho como poeta
e fotografo com amor,
a cidade velha e a nova...
Faço haicai, cordel e trova,
São Paulo em tudo tem cor.
16
Fora e dentro da paisagem
do metrô, pelas estações,
a moda que inventa moda
tem espaço de emoções,
nos projetos culturais
além de artes virtuais
concertos e belas canções
17
Viajando, cheio de sonhos,
o usuário com vigor,
faz a vida mais contente,
tem no metrô, o esplendor,
do minuto brasileiro.
Sabe que tempo é dinheiro
e dinheiro é vida e valor.
18
Nestes bons trinta e cinco anos
dos quais dez Companhia
de Trens Metropolitanos.
São Paulo que é poesia.
tem seus pontos cardeais
movimentos cordiais,
na vida do dia a dia...
19
Entre túneis e superfícies.
neste cenário bacana,
paz pelas quatro estações
com as vitrines de Ikebana...
Esculturas e poesia...
O jornal de todo o dia...
É obra que Deus emana.
20
Nesse progresso incomum
de terra quatrocentona
dos cafezais à industria
ao comércio em maratona
o povo que se desdobra
o imigrante tudo cobra
da cidade que emociona.
21
Cenário amigo é o Metrô.
solidário nada esconde...
Relembre através da história
a vida dura do bonde,
no meu relógio de ponto...
Todo mês quanto desconto!
A rapidez corresponde.
22
"São Paulo dos meus amores"
treze listras das bandeiras
progressista a todo o instante
de vida gentil de ordeira
cidade que se desdobra,
urbanidade que sobra
pela pátria brasileira.
23
Nesta vida, coisa boa,
meu trem das onze, é fulgor,
corre até a meia-noite;
é transporte de valor
é segurança de fé
é sorriso que dá pé
é verso de cantador...
24
Vai-e-volta, gente bonita,
da pátria do bom cidadão
em sua faina diária,
carteira assinada ou não
que, São Paulo que é formiga
também é cigarra e abriga
a saga de construção.
25
Neste mundo transversal
temas escolares tantos,
em seu cenário tem vida,
Num programa, com encantos.
comunitários o fascínio,
oferece a todos tircínio
da grandeza em todos cantos.
26
No "Ação Escolar" projeta
a influência, positiva,
do metrô pela cidade...
Movimento que motiva,
no urbanismo, novos lares,
é nos bancos escolares,
consagra-se em voz ativa.
27
Os conceitos cidadãos
São plenos em toda parte
Faz cultura de então
Dar viva a vida com arte
Que o visual é cultura
que encanta, fascina e apura,
É saber que se reparte...
28
Como patrimônio público
paisagístico e de transporte
Metrô é riqueza da história,
trouxe à vida a melhor porte,
é tudo que o povo queria...
Foguete de todo o dia
do meu trabalho, o suporte.
29
São Paulo renovação
canteiro da arquitetura,
pátria de nossos estados
onde se sonha fartura...
Ambição a luz do dia
de noite sonho e poesia...
Vive-se bem... A vida é dura!
30
Por todas as linhas que passo
Por todos sonhos que planto
a trabalho ou a passeio
O metrô tem seu encanto
viajo em paz, sossegado,
feliz e cheio de agrado
e meus limites suplanto.
31
Recordo dos velhos tempos
do transporte e nossa história...
Museu Gaetano Ferolla
têm muito da trajetória...
O bondinho da novela
se à saudade dá trela?
Metrô, é conforto e glória!
32
Salve os metroviários. Viva!
gente amiga e de paz!
quem trabalha por São Paulo,
é ordeiro em tudo que faz.
Viva minha gente de fé.
em Sampa tudo da pé
Viva o Metrô! Viva o Brás!

Fonte:
Texto enviado pelo autor

domingo, 11 de setembro de 2011

Hermoclydes S. Franco (Adeus, Caboclinho) Poema á Memoria de Silvio Caldas


Vai , querido Caboclinho,
Da voz forrada de arminho,
Fazer serestas, no céu...
Vai cantar nossa Aquarela,
Que lá no céu, da janela
Um anjo abrirá o véu...

As “gaivotas e “andorinhas”,
Que ouviam sempre, às tardinhas,
Seu canto de paz e amor,
Farão vôos de saudade,
Nessa tristeza que invade
Velhas tardes de esplendor.

“Marias” e “Florisbelas”,
em homenagens singelas,
jamais irão esquecer,
as noites febris de festas,
de iluminadas serestas,
com seu cantar de prazer!...

Uma saudade imortal,
Ficará, qual pedestal,
A sustentar seu violão...
No cantar de um seresteiro,
Neste Brasil, brasileiro,
Vibrará seu coração!

Do seu “palco iluminado”,
Agora triste, apagado,
As luzes, vamos retê-las...
Nesta triste despedida,
Chorando a sua partida,
Cantaremos “Chão de Estrelas”!…

Fonte:
Poema enviado pelo autor

JB Xavier (Izo Goldman)


"A Trova, Acima de Tudo, faz Amigos".

Desprendido ao ponto de ser um judeu que possui uma das maiores coleções de imagens de São Francisco de Assis; um gaúcho cosmopolita que conheceu a Trova em Niterói, mas a desenvolveu em São Paulo, onde na década de 70, colocou de pé a combalida Seção da UBT local. E fê-lo dando um passo atrás, retrocedendo a Seção a Delegacia, porque sabia que este passo de retrocesso resultaria na maior seção da UBT do Brasil. Um homem que possui quase 900 trovas premiadas, incontáveis troféus, dois títulos de Magnífico Trovador e dois Lilinha Fernandes; que foi o criador deste Informativo, há 33 anos; que compôs o Jogral em Trovas, peça que inclusive já foi aula inaugural no Curso Superior de Literatura de Bragança Paulista. E a lista iria longe se dispuséssemos de espaço para descrever todas as suas realizações e conquistas no universo Trovadoresco.

Portanto, homenagear Izo Goldman é uma tarefa ao mesmo tempo hercúlea e delicada, prazerosa e árdua, realizadora e desafiante, particular e monumental. Isto porque, para descrever a noite, temos o ocaso que a precede; para descrever o dia, temos a aurora que no-lo antecipa, para descrever o vendaval, temos a calmaria que lhe serve de parâmetro; para descrever o sol temos a lua como referência de seu oposto; para descrever o calor, temos o morno que lhe serve de transição. Mas, para descrever Izo Goldman, não temos transição! Izo não nos concede o beneplácito da análise fácil, da conclusão óbvia, ou da previsibilidade. Não! Nele tudo é intenso! Nele vibram os opostos, em luta visceral, um tentando se sobrepor ao outro, numa tessitura finíssima, sutil, mas inexorável, só perceptível aos que se mantém atentos, e ainda assim, vibrando no mesmo diapasão que move o substrato do seu ser.

“Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca".
( Apocalipse 3:16).

Esta passagem bíblica ilustra bem a índole de Izo Goldman. Como nas cidades de Colossos e Hierápolis, com suas águas frias e quentes, pessoas mornas não lhe caem bem, tal como a água tépida de Laodicéia enjoava a quem a bebia.

Izo Goldman é ao mesmo tempo o verso e o inverso, o preto e o branco girando num vórtice sobre si mesmos numa luta infindável onde seu vulcão interior só pode ser medido - mas poucas vezes compreendido - pelas atitudes fortes, mas raramente injustas, em defesa de suas causas.

Izo Goldman não serve para colega, porque colega, por definição, é o amigo com o qual não se pode contar. Com Izo se pode contar. Sempre! Em qualquer circunstância, se estivermos advogando uma causa na qual acreditamos. Portanto Izo Goldman é para se ter como amigo. Ou inimigo!

Com Izo não há espaço para sub-repções, disfarces, máscaras, teatralidade, banalidade ou quaisquer outros modos de proceder que não sejam autênticos. Também não há espaço para o idolátrico, porque seu pragmatismo está sempre atento. Portanto, pouquíssimas coisas o impressionam. São inumeráveis os trovadores de sucesso que, ou foram por ele iniciados na Trova, ou recorrem a ele em busca de esclarecimentos quanto a conteúdo e forma desse gênero.

Como bom pragmatista, Izo divide os trovadores em duas grandes categorias: Os que trabalham pela Trova, e os que fazem trova, e luta para que esses dois tipos coexistam numa só pessoa, que eu, ousadamente, chamaria de Trovador Pleno. O melhor exemplo é o próprio Izo, cujas realizações em prol da Trova e composições no gênero são memoráveis.

Sobre Izo Goldman disse Sérgio Ferreira da Silva, outro Magnífico Trovador:

“Suas trovas fogem aos lugares-comuns e convidam o leitor a refletir com profundidade sobre os temas que propõem. O Título de seu livro ‘Trova de Quem Ama a Trova’ é o resumo perfeito para uma vida dedicada à trova e à União Brasileira de Trovadores”.

Creio que a frase que melhor define Izo Goldman foi dita por Voltaire:

“Posso não concordar com o que você diz, mas defendo até a morte o seu direito de dizê-lo”.

A palavra que melhor define Izo Goldman é “diferente”. E sobre os “diferentes” escreveu um dia Artur da Távola, o magnífico cronista brasileiro:

A alma dos diferentes é feita de uma luz além. Sua estrela tem moradas deslumbrantes que eles guardam para os pouco capazes de os sentir e entender. Nessas moradas estão tesouros da ternura humana. De que só os diferentes são capazes. Não mexa com um diferente. A menos que você seja suficientemente forte para suportá-lo depois.”

Fonte:
http://www.recantodasletras.com.br/homenagens/3208778

sábado, 10 de setembro de 2011

Nei Garcez (Pinheiro do Paraná)


O pinheiro, desde outrora,
nesta flora, aqui no sul,
quão bonito que ele aflora
em razão da gralha azul!

Araucária angustifólia,
símbolo do Paraná,
quem a viu e quem a olha
não esquece mais de cá!

A bela planta imponente,
altaneira e sementeira,
leva na pinha a semente
e no seu caule a madeira.

Ereta, e bem aprumada,
trinta metros, para mais,
com linda copa, enraiada,
constitui nossos pinhais.

O pinhão, raro produto,
que lhe serve de semente,
mais que um saboroso fruto
é, também, rico nutriente.

O grande tronco, aplainado,
dá madeira em seleção,
e do nó, aproveitado,
é que sai o bom carvão.

Já em sua indústria, a madeira,
gera emprego e autonomia,
e ao país, é verdadeira
fonte-mor de economia.

Assim, nos resta, ao cortá-lo,
já plantarmos mais pinhões,
como as gralhas, preservá-lo,
pras futuras gerações!

Fontes:
Nei Garcez
Imagem = http://www.cidadao.pr.gov.br/

domingo, 4 de setembro de 2011

Ialmar Pio Schneider (Soneto a Robert Schumann)


In Memoriam – 8.6.1810 - . – 4.9.1896

Para escrever sobre o compositor
Robert Schumann, escuto as sinfonias
que ele compôs com vívido esplendor,
preenchendo assim os seus amargos dias...

E quanto o perturbou a imensa dor
ao mergulhar nos mares de agonias,
sem deixar de sofrer no seu labor
de produzir as suas fantasias...

A “Sinfonia nº 1”, que era
a evocação taful: (“A Primavera”),
vem a ser sua obra-prima e jovial

que nos encanta para meditar...
Mas, depois ele não pôde evitar,
o desespero que lhe foi fatal...

Fonte:
Soneto enviado pelo autor

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Olivaldo Junior (Marias do Brasil)


Sempre é dia de lavar roupa. Sempre há roupa pra lavar. Sempre é hora de um poema desaguar. Junto dele, vai-lhe uma canção de Vanessa da Mata, A força que nunca seca. O poema abaixo é uma homenagem às meninas da Cia. de Teatro Parafernália. Assisti a uma apresentação delas sábado passado. Às lavadeiras da arte, meus poéticos abraços.

Olivaldo Júnior
Moji Guaçu, São Paulo


MARIAS DO BRASIL

Às atrizes da Cia. de Teatro Parafernália Cultural, Andréia, Silvana e
Viviane, pela apresentação da peça
de Almir Pugina, Maria Lavadeira

São “Marias lavadeiras”,
que na beira desse rio
iluminam as ribeiras
que contornam todo rio...

São mulheres brasileiras
que no leito desse rio
imaginam as maneiras
que confortam o Brasil...

São Brasis de benzedeiras,
que na cheia desse rio
dão Antonio às lavadeiras,
às Marias do Brasil!

São Marias brasileiras
que, sem beira pra encostar,
dão razão às corredeiras
que só correm para o mar...

São correntes traiçoeiras
que, sem leito pra sonhar,
iluminam as roseiras
que, amarelas, vão corar...

São coristas lavadeiras
que, sem cheia, vão minguar
uma a uma as companheiras,
lua a lua o seu penar.

São peninhas voadeiras,
corações de amor, ardil,
que “Marias lavadeiras”
lavam mágoas nesse rio.

29/08/2011

Fonte:
Texto e imagem enviados pelo autor

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Ialmar Pio Schneider (Poema Gauchesco pelo Nascimento de Ramiro Barcelos)


Nascimento em 23.8.1851 Após ler Antônio Chimango de Amaro Juvenal (Ramiro Barcelos).

1

Disse Amaro Juvenal,
e aqui fala Tio Simplício,
pra que algum outro patrício
cantasse n´algum fandango,
“o mais que fez o Chimango”,
e eu me proponho a este ofício.

2

E, para tal, a cordeona
já vou sacando da mala,
atiro pra trás o pala
e me sento neste banco,
também pra lhes ser bem franco,
mando que limpem a sala.

3

E depois de tudo aquilo
que o Chimango fez na estância,
ainda teve a arrogância
de intitular-se buenacho,
mas sabemos que o muchacho
já foi maula desde a infância.

4

E tudo o que era bom
para ele não prestava,
proibiu o jogo de tava
e também o de baralho,
exigia muito trabalho,
quanto a ele, só mandava !

5

Pois assim desta maneira
muita coisa transcorria,
se cumprindo a profecia
que a cigana lhe fizera,
rancho virando tapera
e no campo pouca cria...

6

No seu desmando total,
sem compreender mais ninguém,
se dizia gente bem,
pois para trás não olhava,
sabendo que em Caçapava
sempre foi um joão-ninguém.

7

E tendo as rédeas na mão,
não precisava de esmolas,
mandou fechar as escolas
em tudo que foi vivenda,
pra que ninguém mais aprenda
e venha pisar-lhe a cola.

8

Com seu rebenque de couro
era sempre o manda-chuva,
não ajudava nem viúva
que inda chorava o finado,
e por ser do seu agrado
só mandava plantar uva.

9

E quando sentava à mesa,
primeiro pedia o vinho,
embora nunca sozinho,
sempre andava prevenido,
pois isto tinha aprendido
nos tempos do seu padrinho.

10

Mandou esparramar o gado
que se adentrou pelos matos,
coberto de carrapatos,
de bernes e de bicheiras;
nesta sequencia de asneiras
iam se passando os fatos.

11

E a tropa magra berrava
na coxilha e na canhada,
a velha estância arruinada
não tinha mais salvação,
tudo caindo pra o chão,
tudo virando em nada.

12

Não se carneava mais,
pois adeus carne no espeto
e no fogo de graveto,
crepitando no galpão
sapecava-se pinhão,
cozinhava-se feijão preto...

13

E no verão a canjica,
no inverno a batata-doce,
tudo isso o tempo trouxe
para a Estância de São Pedro
e todos levavam medo
que pra sempre assim fosse.

14

Era tudo racionado,
não se comia “a la farta”,
desta forma a sina aparta
o tempo que se passou bem,
a miséria sobrevém
e se come até lagarta.

15

Os velhos tauras sentados
ao derredor do fogão,
tomavam o chimarrão
com erva caúna, amarguenta,
enferrujava a ferramenta,
não se afiava facão.

16

Abandonado, ao relento,
lá fora estava o rebolo,
até o próprio monjolo
não batia noite e dia;
a peonada sofria,
pitando um pobre crioulo.

17

Não se domava mais potros
com firmeza e precisão,
era tudo redomão,
pra não dizer aporreado
e por todo o descampado
aquela desolação.

18

No campo o pasto está raro
em meio a caraguatás;
sem aprender, os piás
iam cruzando a existência,
tendo apenas por experiência
aquilo que vida traz.

19

Nos bolichos de campanha
somente havia cachaça,
sinuelo da desgraça
que conduz qualquer gaudério
aos bretes do cemintério
onde se entrega a carcaça...

20

O minuano mais brabo
trazia seu frio de morte,
a estância na pobre sorte
em que se encontrava, aflita,
não havia china bonita
que o nosso viver conforte.

21

O velho pago de outrora
se transformou num repente
naquilo que o guasca sente
quando tudo se transforma,
obedecer era a norma,
ficar quieto, prudente !

22

Ninguém se manifestava
neste estado de cousas,
somente as pobres esposas
iam parindo seus filhos,
as éguas os seus potrilhos,
e as viúvas chorando em lousas.

23

Não se tinha mais notícia
do que acontecia no mundo,
na macega o vagabundo
procurava um agasalho,
pois fugindo do trabalho
se embrenhava nestes fundos.

24

A velha estância sofria
o que nunca tinha passado,
e quem fora bem mandado
hoje de nada valia,
quando tinham melancia,
o mogango era guardado.

***
Canoas - RS, 1972 - na Rua da FAB próximo ao Rancho do Pára Pedro, do saudoso José Mendes, onde o autor conheceu e conviveu com muitos tradicionalistas.

Fonte:
Textoe imagem enviados pelo autor

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Ialmar Pio Schneider (Soneto a Carlos Drummond de Andrade)


Falecimento do poeta em 17.8.1987 - In Memoriam

Carlos Drummond de Andrade e a ´´pedra do caminho´´...
por isso compreendi que tudo dá poesia,
quando se tem amor, quando se tem carinho,
e as ideias triviais surjam da fantasia...

Porém, ´´e agora José´´, seguindo sozinho
no escuro, amedrontado e sem a luz do dia,
procurando encontrar um mero cantinho
para viver feliz e ´´não veio a utopia´´...

Eu também encontrei muitas pedras na estrada
e me achei qual José, caminhando no escuro,
mas não tinha ninguém, pois a mulher amada

não havia surgido em minha triste vida...
No entanto, acreditei nos sonhos do futuro
e nos versos que fiz buscava uma saída...

Fonte:
Soneto enviado pelo autor

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Ialmar Pio Schneider (Soneto à Lila Ripoll)


- In Memoriam – Nascimento: 12 de agosto de 1905

Quem pode me ajudar nesta tarde sombria,
em que o sol vai partindo e a treva vem chegando,
eu que procuro ter para minha alegria
um raio de esperança ao destino nefando?

Lila Ripoll, poetisa, ela vivia amando
a cidade e seu lago e a noite que descia,
traz-me a tranquilidade e fico meditando
nos versos geniais de serena poesia...

Poemas que compôs em ritmo de ansiedade,
sentindo na tristeza o travo da saudade,
para se comover ao som do seu piano...

Quantas vezes, talvez, tocou sua ternura,
amenizando a dor da mansa desventura,
na pauta musical vinda de um desengano !...

Fontes:
Soneto enviado pelo autor
Montagem da Imagem por José Feldman

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Ialmar Pio Schneider (Soneto a Euclides da Cunha)


In Memoriam – Assassinato do escritor em 15.8.1909

Culto escritor, escreveu “Os Sertões”,
que na Literatura é um monumento,
pleno de incomparáveis descrições,
sendo fruto de genial talento.

Quem o ler há de viver emoções
só comparáveis com o sentimento
de conhecer imensas solidões,
onde possa estar em recolhimento...

Uma tragédia o atingiu, atroz,
e cruelmente lhe ceifou a vida
com quarenta e três anos tão-somente.

Pela traição da esposa e seu algoz,
teve a existência honrada interrompida,
mas sua obra não morre, é permanente !

Porto Alegre – RS, 15 de agosto de 2011,

Fontes:
Soneto enviado pelo autor
Imagem = http://submundo-mamao.blogspot.com