sábado, 25 de outubro de 2008

Henry James (1843 - 1916)

Segundo filho do casal Henry James e Mary Robertson James, Henry James nasceu em 15 de abril de 1843 em Nova York, perto de Washington Square, onde passou a infância.

Em julho de 1855 a família partiu para a Europa. Durante os cinco anos seguintes, entre várias idas e vindas, as crianças freqüentaram alternadamente, escolas européias e americanas. Em 1860 voltaram a morar nos Estados Unidos.

Em 1861 começou a estudar na Faculdade de Direito de Harvard, mas conferências do escritor James Russel Lowell sobre literatura faziam-no esquecer as leis. Em 1863 escreveu seu primeiro conto – A Tragedy of Error - publicado sem assinatura na revista Continental Monthly em fevereiro de 1864, mesmo ano em que junto com a família, muda-se para Boston. Pouco tempo depois redigiu uma nota crítica para The North American Review. No ano seguinte se tornou colaborador da revista The Nation e publicou na revista Atlantic Monthly seu primeiro conto assinado: The Story of a Year.

Em 1866 a família transfere-se para Cambridge, Estados Unidos.

Em fevereiro de 1969 partiu para a Europa. Levava consigo o pequeno lastro de suas experiências literárias, os primeiros contos em que já aparecem alguns dos temas que seriam constantes em sua obra – os artistas, o sobrenatural, o americano viajado. Esteve na Inglaterra, França, Suíça e Itália.

Em março de 1870 recebe a notícia da morte de sua prima Minny Temple, da qual gostava muito e em quem se inspiraria anos mais tarde para criar vários personagens.

Em abril voltou para os Estados Unidos e tornou-se crítico de arte do periódico The Atlantic, no qual publicou, em 1871, sua primeira novela: Watch and Ward.

Em 1875 publicou o romance Roderick Hudson e o livro de contos A Passionate Pilgrim. Em novembro do mesmo ano mudou-se para Paris, onde trabalhou como correspondente do jornal Tribune. Um ano depois James chegou à conclusão de que não tinha talento para repórter e partiu para Londres. Antes de arrumar as malas, fez um balanço dos aspectos positivos de sua estada em Paris. Em termos de criação literária, a melhor obra desse período foi O Americano, publicado pela revista The Atlantic em 1877. Além disso, teve oportunidade de conhecer escritores como Turguêniev, Flaubert, Zola, Maupassant, Edmond Goncourt. Entre eles, quem mais o impressionou foi Turguêniev, sobretudo por sua maneira de concentrar-se nos personagens, dando pouca importância ao enredo.

Em dezembro de 1876, fixou-se em Londres, na esperança de conquistar seu público também na Inglaterra – o que só aconteceria em 1879, com a edição inglesa de Rocerick Hudson e O Americano. Dos três romances escritos até então, apenas Watch and Ward não foi publicado, pois o próprio escritor julgava-o imaturo.

Não foi preciso esperar o lançamento desses dois romances para James firmar-se perante a crítica britânica. A consagração veio em 1878, com a publicação dos ensaios literários French Poets and Novelists, do romance Os Europeus e de mais de trinta contos, entre os quais Daisy Miller e An International Episode.

Em 1880 foi publicado na Inglaterra e nos Estados Unidos A Herdeira, um de seus melhores livros. E em outubro desse ano aparecia a primeira parte de O Retrato de uma Dama, sua obra mais extensa e popular e que encerraria a primeira fase da produção de James. Fase de aprendizado, de sucesso, de descoberta e de uso de temas cosmopolitas.

Em outubro de 1881, Henry James recebe a notícia de que sua mãe está doente. Arruma as malas e viaja para os Estados Unidos. Instala-se em um hotel em Boston, onde escreve à vontade e aproveita horas livres para visitar Nova York e Washington. Em janeiro de 1882 sua mãe morre. Em dezembro está de volta à Europa, e logo recebe outra notícia que o faz arrumar as malas novamente: agora é seu pai. Viaja apressadamente, mas não chega a tempo de encontrar seu pai vivo. Corre ao cemitério e junto ao túmulo, depara com uma carta de seu irmão William: “Boa noite, adorado pai. Se eu não te vir de novo, então adeus, um feliz adeus”.

Henry ficou na América até agosto do ano seguinte. Depois retornou novamente à Inglaterra. Sua produção não sofreu abalos. Ao contrário: durante a década de 1880 escreveu vários contos, a novela The Reverberator e os três romances considerados naturalistas: Os Bostonianos, Princesa Casamassina e A Musa Trágica.

Os Bostonianos trata dos reformadores da Nova Inglaterra. Princesa Casamassina fala dos anarquistas europeus. Nos dois romances as cenas da vida urbana mostram uma visão bastante ampla das cidades de Boston e Londres. Os leitores, porém, esperavam mais contos dos americanos na Europa ou de viajantes estrangeiros na América. Por isso, as duas publicações foram um fracasso.

Henry James não se deixou abalar. Continuou a compor seus contos, nos quais se percebe uma constante evolução de técnica aliada a temas mais ricos e variados. Os escritos desse período podem se agrupados por assuntos: internacionais – alguns na América, outros na Europa – sobre o casamento e sobre artistas. Ao primeiro grupo pertence Lady Barberina, publicado em 1884, história de uma jovem inglesa que se casa com um rico médico americano. Entre os contos do segundo grupo destaca-se A London Life, uma análise da corrupção do casamento. Por fim, dos contos sobre artistas, distinguem-se The Author of Beltraffic, cujo tema é a incompatibilidade de gênio entre um artista e sua esposa, e , que trata do casamento de um escritor e dos efeitos dessa união sobre seu trabalho.

O romance The Reverberator, de 1888, é uma produção menor, que pode ser utilizado como argumento contra as opiniões de que James era sério demais: seu tema é o jornalismo mexeriqueiro, o colunismo social. Em 1889 o escritor fez nova tentativa naturalista no romance com A Musa Trágica, mas que também não alcançou êxito com o público. No fim da década de 1880 o escritor era considerado um artista de extraordinária habilidade artesanal e havia recebido o reconhecimento da crítica. Mas o sucesso não se traduzia em dinheiro. Por isso, em 1890 resolveu tentar o teatro, muito mais rendoso na época. Assim, de 1890 a 1895 escreveu sete peças, das quais apenas duas foram encenadas. Na primavera de 1890 terminou a dramatização de O Americano, que embora bem recebida pela crítica, não alcançou sucesso com o público.

Em 1892 fez a versão teatral de Daisy Miller, recusada pelo empresário, que a considerou literária demais. James, contudo, não desistia de conquistar o palco. Em 1893 escreveu mais quatro peças, que também não chegaram a ser montadas. No ano seguinte, publicou-as em forma de livro, sob o título de Theatricals.

Em 1895, o popular ator e produtor George Alexander encenou a peça Guy Domville. A estréia foi um desastre. No segundo ato quando a Sra. Domville apareceu com um alto chapéu preto, alguém gritou: “Onde foi que você arranjou esse chapéu?”. E no final, quando Guy exclama: “Sou, meu senhor, o último dos Domville”, uma voz respondeu: “E já não é sem tempo”. Até esse instante James não estava no teatro; chegou ao cair do pano e apresentou-se à platéia. Foi uma tempestade de vaias. Em uma carta, o autor referiu-se ao episódio como um “dos mais detestáveis incidentes da minha vida”.

Antes de Guy Domville James havia escrito a peça The Other House, publicada em 1896 e jamais encenada. Depois de Guy Domville, ainda tentou conquistar o público teatral com Summersoft, representada, com algum êxito, em 1908, sob o título The High Bid.

Apesar dos fracassos, James continuou insistindo no teatro até 1909, quando escreveu sua última peça, The Outcry. A obra deveria ser representada na temporada desse ano, mas atrasos na revisão do manuscrito e no preenchimento do elenco foram adiando a estréia, que acabou cancelada.

Entristecido, James desistiu do palco. Retirou-se definitivamente de Londres e mudou-se para Lamb House, em Rye, cidade costeira do Sussex. Voltou a compor romances, novelas e contos. Até 1900 concluiu um grande número de obras de ficção, além de mais de 20 contos. São desse período suas experiências com o relato fantástico, em que se destaca A Outra Volta do Parafuso.

No entanto, mais importantes que os temas são as inovações técnicas introduzidas por Henry James. O teatro deu-lhe muitas lições: apresentação da ação por meio da cena, uso do diálogo como processo narrativo e supressão do autor onisciente como informador e comentarista. Seus escritos posteriores constituiriam a sua maior fase. Nos primeiros dez anos do século XX, Henry James trabalhou intensamente. De 1900 a 1904 escreveu seus três maiores romances: Os Embaixadores, As Asas da Pomba e A Taça de Ouro.

Em 1904 viajou para a Flórida e para a Califórnia, onde realizou algumas conferências.
Quando retornou à Inglaterra, escreveu The American Scene, um livro de observações sobre suas viagens.

Embora tenha sido publicado em 1903, Os Embaixadores foi concluído antes de As Asas da Pomba; apareceu, a princípio, na North American Review, em capítulos.

Nos dois romances analisou dramas humanos, dentro dos grandes sistemas sociais que o homem criou e dentro das idéias pelas quais edificou sua civilização, conservando-se um realista apegado às coisas visíveis e palpáveis.

Em A Taça de Ouro, James procura solução para problemas não resolvidos em trabalhos anteriores. Havia muito tempo queria escrever sobre o adultério: não podia fazê-lo, pois as familiares revistas americanas obrigavam-no a tratar o tema superficialmente. Como não havia planos para o romance ser publicado em série, sentia-se livre para abordar o assunto sem nenhuma restrição. Foi o que fez.

Na mesma época foram publicados mais três livros de contos:The Soft Side, The Better Sort e The Finer Grain.

Dessas coletâneas o conto mais popular é The Beast in the Jungle, que narra a história de um indivíduo tão egoísta que era incapaz de perceber o mundo à sua volta, de compreender e de amar. Esse conto é uma representação alegórica da insensibilidade, da cautela e da falta de ação que, segundo o autor, caracterizam o homem moderno.

Nas horas de folga dedicava-se à preparação da chamada “Edição Nova York” de suas obras. A cada romance e livro de contos, juntou um longo prefácio, no qual fez reflexões sobre os princípios de sua arte e os formula claramente. Mais tarde esses prefácios foram reunidos num volume sob o título The Art of Novel, em que três elementos se destacam: o estudo do processo de criação, a forma pela qual chegou a escrever histórias e as associações pessoais despertadas por uma nova leitura de sua própria obra. Esses trabalhos forneceram à crítica uma terminologia valiosa para a discussão do romance, que até hoje é amplamente utilizada.

Embora não tenha voltado a escrever romances, sua produção literária dos últimos anos foi extraordinária. Dedicou-se a elaboração de textos autobiográficos, críticos e de viagens. Escreveu English Hours, Italian Hours e Little Tour in France. Pouco antes do início da Primeira Guerra Mundial, publicou Notes on Novelists com estudos sobre Zola, Flaubert, Balzac, H. C. Wells e Bennet, além de dois volumes de memórias: A Small Boy and Others e Notes of a Son and Brother. Um terceiro livro sobre sua vida em Londres e Paris - The Middle Year - seria publicado somente após sua morte.

Em 1910 William James viajou à Europa para tratamento de saúde. Embora não estivesse muito bem, Henry acompanhou-o de volta à América. William piorou e faleceu no dia 26 de agosto.
Profundamente abalado, o escritor ficou na América até agosto do ano seguinte. Antes de retornar à Inglaterra foi homenageado com o grau honorário da Universidade de Harvard.

Meses depois recebeu o título de Doutor Honorário de Oxford.

Em 1913 seus setenta anos foram intensamente comemorados.

Em agosto de 1914 começou a guerra. Henry James cessou toda a sua atividade literária, lamentando “o horror de ter vivido para testemunhar tudo isso”, e ingressou num grupo de americanos que voluntariamente prestavam assistência espiritual aos feridos. Nas horas vagas redigia vários artigos sobre os refugiados de guerra.

Desejava que os Estados Unidos se aliassem à Inglaterra e à França. Irritado com a neutralidade do presidente Wilson, adotou a cidadania britânica em 26 de julho de 1915.

Em dezembro desse ano sofreu um derrame. Em 28 de fevereiro de 1916, morreu aos 73 anos. Seu corpo foi cremado e suas cinzas enviadas para a América e colocadas no jazigo da família, em Cambridge, Massachussetts.

Obras
A Volta do Parafuso
As Asas da Pomba
Lady Barberina
A Taça de Ouro
Roderick Hudson (1876)
Daisy Miller (1878)
Retrato de uma Senhora (1881)
Os bostonianos (1886)
A Fera na Selva

Adaptação de obras para o cinema
Taça de Ouro

Os inocentes - adaptação de "Turn of the screw"

As Asas Da Pomba - No Brasil conhecido como As Asas Do Amor. Sobre o triângulo romântico que se inicia quando a herdeira de uma fortuna Americana se muda para Londres a procura de ajuda medica e cai em um trama em que Kate Kroy planeja que ela se apaixone pelo seu amante e que deixa sua fortuna para ele com a chegada da sua morte.

Fonte:
http://www.sociedadedigital.com.br/artigo.php?artigo=238
http://pt.wikipedia.org

Aurora Bernardini (A dama que seduziu Dumas)

Como Marie Capelle, que lia para sobreviver na prisão, se tornou heroína de um folhetim inédito em livro até pouco tempo atrás

Em 1869, aos 67 anos de idade, Alexandre Dumas, o autor dos romances mais lidos na França da época, O conde de Monte Cristo e Os três mosqueteiros, e de um número considerável de outros livros (inclusive um de culinária!) e de 60 peças de teatro (“era uma verdadeira força da natureza!” – dizem seus biógrafos), resolve mudar de rumo. Sempre atento aos interesses de seu público, pressentiu que os leitores queriam agora algo de mais ágil que lhes desse a sensação de continuidade; nada melhor, para tanto, do que recorrer ao gênero folhetinesco.

Passa então a escrever folhetins, cada um dos quais encerra não mais do que um capítulo de sua nova narrativa que, para manter a atenção do leitor numa longa sucessão, deve ter os ingredientes necessários: suspense, ação, reação, golpes de cena, reviravoltas que redundem, no desenlace, em algo de extremamente verossímil, quando não completamente verdadeiro.

É este o caso de Senhora Lafarge e de Le chevalier de Sainte-Hermine. O primeiro acaba de ser publicado pela Martins Fontes, e o segundo (de mais de mil páginas!) está em fase de tradução. Durante quase um século e meio as duas narrativas ficaram inéditas em livro. Só em 2005 Claude Schopp, o “meticuloso guardião do corpus dumasiano” e autor de uma tese e vários livros sobre o grande escritor, reuniu os escritos que vieram a constituir o romance Senhora Lafarge e, pesquisando os periódicos da época nos Arquivos do Sena, trouxe inesperadamente à luz cento e tantos capítulos de Le chevalier de Sainte-Hermine – 70 mil exemplares impressos na França em um único mês – que prefaciou e teve de terminar, preenchendo as lacunas deixadas por Dumas que não conseguiu fazê-lo antes de sua morte, em 1870.

Senhora Lafarge narra a história de Marie Cappelle, jovem de origem aristocrática sem muita fortuna que, pelos descaminhos da vida, acaba casando-se, via agência matrimonial, com o brutamontes Lafarge, que, além de repulsivo, ainda por cima – descobre-se demasiado tarde – é desprovido de meios. As cenas da chegada da mulher à casa da sogra e o seu assédio noite afora são das mais acabrunhantes do livro. O que fazer? Um belo dia de 1840, na cidadezinha de Tulle, onde reside, o senhor Lafarge amanhece envenenado. Arsênico. O fato é verdadeiro, as personagens, também. Instaura-se o processo que irá apaixonar por anos a opinião pública francesa.

Tal como Aleksandr Púchkin, que apesar de ter tido uma vida mais breve (foi morto em duelo aos 38 anos, por um francês!) foi seu contemporâneo, Alexandre Dumas, embora escritor romântico, sabe como lidar com seus leitores de maneira realista. Entremeando referências pes¬soais sem ilações psicologizantes, leva-os a participarem, como interlocutores inteligentes, da ação, das conseqüências da ação, das digressões, das discussões de sua época. Se Púchkin, em seu famoso conto gótico A dama de espadas instrui o público sobre telepatia, alucinação, magnetismo e jogos de azar, Dumas mergulha-o em cheio na história da França.

“Minha vida daria um romance”, teve ocasião de dizer Dumas nos fascículos de suas volumosas memórias que vão desde a queda da Bastilha, o advento de Napoleão até o II Império e a III República. (Nos sebos ainda se encontram as traduzidas por Rachel de Queiroz para a José Olympio, em 1947, Memórias de Alexandre Dumas, pai. Como se sabe, Alexandre Dumas teve um filho, também escritor, que passou a firmar Alexandre Dumas, filho).

De fato ele reconta sua vida a partir do avô, marquês Davy de la Pailetterie, que, devido a intrigas da corte, deixa a França em 1760 e se estabelece na grande propriedade que compra na ilha de São Domingos, colônia francesa, onde se casa com uma escrava e tem um filho mulato que se torna um grande militar: o pai de Dumas. Morta a mulher, a quem queria muito, o avô volta à França em 1784 e, com a idade de 74 anos, torna a casar-se. O filho, Thomas-Alexandre Dumas-Davy de la Pailleterie, célebre por sua bravura e força hercúlea, faz rápida carreira, torna-se general, mas se incompatibiliza com Napoleão durante a campanha do Egito. Volta à França, perde o prestígio e a saúde e morre em Villers-Cotterêts, onde a família possuía uma propriedade, em 1806.

Alexandre Dumas, filho de Thomas-Alexandre, nascido em 1802, e sua irmã ficam portanto órfãos de pai na idade mais tenra. Acontece que o avô de Marie Cappelle, o senhor Collard, fora vizinho e amigo do general republicano e, como tal, fora designado tutor do pequeno Alexandre e de sua irmã. Isso não apenas justifica o fato de Alexandre Dumas ter mergulhado no caso judicial que envolveu Marie Cappelle como conhecedor de todos os detalhes, mas explica a autenticidade que soube imprimir a todas as passagens como protagonista que de fato foi.

O processo desenrola-se com todos os moventes e peças manipulados pelos jurisconsultos mais renomados da época. Documentos a favor e contra a senhora Lafarge são arrolados com a veemência e a meticulosidade que o caso comporta. Formam-se alas de lafargistas e antilafargistas. A comoção é nacional. Por fim, a senhora Lafarge, recolhida à prisão desde o início do processo, é condenada e transferida de Tulle para Montpellier, onde irá expiar sua culpa. Culpada ou mártir?

As várias propostas de fuga para o estrangeiro são recusadas por Marie, que clama sua inocência. O próprio Dumas, amigo da família, propusera à jovem órfã (Marie perdera os pais quando ainda menina, ficando a cargo de uma tia) que o deixasse levá-la para Paris: “Ofereci-me para raptá-la naquela mesma noite. Eu falava seriamente e o teria feito, certo de estar agindo em prol da sua felicidade e, conseqüentemente, de acordo com a Providência. Teria você se tornado cantora, atriz trágica ou literata? Não sei. (...) Com certeza teria sido algo grande, distinto, fora de série!”. Marie não foge e nada mais lhe resta senão escrever suas Reflexões e recordações, as quais, por sinal, Dumas cita várias vezes em sua narrativa. Triste é o destino das mulheres que não se adaptam a seu tempo, opina o escritor.

Enquanto espera pelo indulto que o novo imperador talvez lhe dê, instado pelos esforços do próprio Dumas e após superar os maus-tratos que lhe são infligidos na prisão à custa de sua própria saúde, Marie lê, lê “como quem tenha feito da crença na ficção a chave do funcionamento do real”, dirá Ricardo Piglia no seu O último leitor.

“É preciso ter sido privado de livros para sentir o preço dessa doce companhia, sempre variada, sempre renovada, sempre em uníssono com a corda vibrante de nosso espírito”, escreve Marie. E o que ela lê? Pascal, “o suave agrimensor da dúvida e da fé”; depois Bossuet, “o cronista inspirado dos segredos de Deus”; depois ainda Fénelon, “ a alma de apóstolo e de santo”; Madame de Sévigné, com “o inesgotável gênio de seu amor de mãe”, e enfim Corneille, Racine, Montaigne, La Fontaine, Molière. Em sua clausura vive da lembrança dos livros que carrega em sua memória.

E se ela tivesse tentado fugir?, pergunta-se o leitor, enquanto ainda tenta dirimir a dúvida que lhe ficou quanto à sua culpabilidade. Será que não teria conseguido talvez contornar a sorte que coube às suas contemporâneas literárias, Anna Kariênina e Emma Bovary? Talvez só George Sand, com suas self-made-women (quem, de sua geração, não torceu pela Pequena Fadette?), teria podido dar uma visão mais otimista do que a do romântico Dumas quanto ao destino de suas heroínas.

Fonte:
Revista EntreLivros - edição 24 - Abril 2007

Nilto Maciel (Literatura Fantástica no Brasil – Parte II)

OS SUCESSORES

A preocupação dos modernistas de 22 com o novo, o moderno, o revolucionário afastou-os do fantástico. Ora, o sobrenatural é anterior a toda literatura escrita. Não poderia mais ser motivo literário. No entanto, havia uma contradição no ideário modernista, vez que "a busca de inspiração nas fontes mais autênticas da cultura e da realidade brasileiras”, o nativismo, o verde-amarelismo, o antropofagismo etc. teriam que, necessariamente, se imbricar às lendas e mitos brasileiros. Ou seja, ao maravilhoso, ao fantástico. É o que se vê em Cobra Norato e Martim Cererê, por exemplo. Apesar disso e ainda assim, os modernistas não praticaram o fantástico, vez que nos dois casos estamos dentro dos limites da poesia, e o fantástico, segundo Todorov, não pode subsistir a não ser na ficção. E Macunaíma? Seria romance com ingredientes fantásticos? Talvez um fantástico novo, revolucionário, essencialmente brasileiro.

Em 1934 a paranaense Rachel Prado optou por ser diferente de seus contemporâneos e publicou Contos Fantásticos.

Jorge Amado não ficou imune ao fantástico, apesar do costumbrismo tão presente em sua obra. Porém e exatamente nas lendas, no anedotário que o fantástico se instala. A literatura oral de qualquer país ou região é plena de elementos fantásticos. Lembramos As Mil e Uma Noites.

Há pelo menos uma tese de interesse para estes apontamentos e que tem como objeto a obra do romancista baiano: “O fantástico, o maravilhoso e o realismo mágico na obra de Jorge Amado”, de autoria de Maria Cristina Diniz Leal.

A pioneira da ficção científica no Brasil é Dinah Silveira de Queiroz. Estreou em 1939, com o romance Floradas na Serra. No entanto, são outros seus livros que devem ser aqui lembrados: Eles Herdarão a Terra, de 1960, e Comba Malina, de 1969.

Nessa mesma linha estão Almeida Fischer, Luís Lopes Coelho e Fausto Cunha. O primeiro é autor de O Homem de Duas Cabeças, de 1950. O segundo publicou A Morte no Envelope (1957), O Homem que Matava Quadros (1961) e A Idéia de Matar Belina (1968). O terceiro é autor de As Noites Marcianas (1961) e O Dia da Nuvem (1980), ambos também dentro dos padrões da science fiction.

Voltemos, porém, a narrativa fantástica propriamente dita e sigamos rumo aos dias da hoje. No meio do caminho, no entanto, seremos forçados a abrir três atalhos ou veredas, para depois voltarmos à. grande estrada. Dedicaremos algumas palavras mais a três nomes fundamentais de nossa literatura fantástica: Murilo Rubião, José J. Veiga e Péricles Prade.

Em 1944 estreou em livro Lygia Fagundes Telles. Na apresentação da 3ª edição de Antes do Baile Verde, antologia que vai de 1949 a 1969, Fábio Lucas afirma: “Hoje, todas as literaturas consideradas amadurecidas admitem e aplaudem as obras fantásticas. Jorge Luís Borges, por exemplo, pode ser considerado um dos mais influentes propagadores da narrativa fantástica.” E mais adiante: “A fadiga de algumas formas realistas tem conduzido determinados escritores à região do fantástico e do maravilhoso. Alguns vão ter a esse terreno por natural tendência do espírito. Cremos ser o caso de Lygia Fagundes Telles...”

Que dizer do fantástico Guimarães Rosa?

Sob o título Realismo Mágico, José Hildebrando Dacanal reuniu três ensaios dedicados aos romances Grande Sertão: Veredas, O Coronel e o Lobisomem e Fogo Morto. Os dois primeiros são, para ele, “obras essenciais do ‘realismo mágico’ .“E mais: “o mágico, o maravilhoso em sua naturalidade, o mítico, ou como quer que o denominemos, somente agora, nas literaturas do Terceiro Mundo, passou a fazer parte da narração romanesca.”

Dacanal tudo faz para aproximar o romance de Guimarães Rosa do Cem Anos de Solidão ou do realismo mágico praticado por romancistas hispano-americanos. No entanto, o próprio título do ensaio – “Grande Sertão: Veredas ou A apologia do imanente” – demonstra que Dacanal se ocupou muito mais da importância literária da obra de Rosa do que de sua ligação com o realismo mágico.

Temístocles Linhares menciona a “Estória do homem do pinguelo” como um dos momentos em que Guimarães Rosa se ocupou do fantástico.

Na tese intitulada O fantástico no conto brasileiro, Maria Luísa do Amaral Soares dedica especial atenção ao autor de Sagarana.

A maioria dos estudiosos da obra de Guimarães Rosa – e são incontáveis esses estudiosos, o que o torna um dos mais estudados escritores brasileiros –, a grande maioria pouco se refere ao elemento fantástico na sua imensa obra.

Moreira Campos estreou em livro pouco depois de Guimarães Rosa. Dedicou-se quase que exclusivamente ao conto e se preocupou sempre muito mais com a qualidade do que com a quantidade. Assim, Os Doze Parafusos, publicado em 1978, ou seja, quase 30 anos após o primeiro, é apenas o seu 5º livro de contos.

Comentando esse livro, José Alcides Pinto diz: “Os Doze Parafusos abrem um novo caminho na ficção de Moreira Campos, já esboçada sob o ponto de vista prático em outras obras, mas sem a liberdade de como os assuntos são agora tratados, vistos de frente, com um realismo mágico e epidérmico...".
Para Antonio Hohlfeldt, o contista cearense e um dos cultores do que chama de “conto rural”. Temístocles Linhares em Moreira Campos um discípulo dos “velhos mestres do naturalismo”. De opinião diversa, porém, é Braga Montenegro, ao comentar Os Doze Parafusos: “Elaborando os seus temas sob a inspiração de um realismo mágico, o autor não se desnuda, não blefa, e tudo realiza no âmbito do implícito e do metafórico. Entretanto, nos seus textos nada há de sibilino ou de hermético, ou ainda de supra-realista.”

No artigo “Afinal, os cães veêm coisas?”, Linhares Filho pergunta: "Qual a razão do interesse maior do fantástico em Moreira Campos, se tal categoria não constitui uma constante do escritor?” E responde: “Justamente o fato de, sendo ele um autor neo-realista às vezes, outras vezes neo-naturalista, apresentar-se cioso da verossimilhança, adotando, nos raros contos em que abriga o fantástico, uma postura que mais se inclina para o estranho do que para o maravilhoso. De maneira que o tratamento proporcionado pelo contista ao sobrenatural nunca é gratuito, mas contrabalançado convenientemente com as possibilidades do natural, do que resultam produções cheias de legitimidade artística. “O dia de Santa Genoveva”, inserido no livro Os doze parafusos, constrói-se, na sua tensão entre o sobrenatural e o natural, como um legítimo conto fantástico.” E encerra assim: “Concluímos que, até mesmo no difícil gênero fantástico, em que se exige uma pronunciada ambigüidade, se mantém o equilíbrio artístico de Moreira Campos, confirmando-se o seu talento de ficcionista apreciado pelo leitor comum e consagrado pela mais exigente crítica, e cumprindo-se, assim, o seu papel de intelectual consciente, que usa com sensibilidade, peculiares e poderosos recursos para a expressão do humano.”

Samuel Rawet é anterior a J. J. Veiga, pois estreou em 1956. Segundo Assis Brasil, a estréia de Rawet, com o livro Contos do Imigrante, marca a renovação do conto brasileiro, assim como Doramundo e Grande Sertão: Veredas marcam a renovação do romance.

E quanto ao fantástico? Temístocles Linhares não via o fantástico como traço dominante da literatura de Rawet. No seu entender, tanto ele como Rubião “poderiam ser classificados com outros rótulos”. O fantástico de Rawet seria um “fantástico alimentado de fragmentos biográficos, que se apresenta em vários planos, num tipo de conto analítico, enxadrezado”, explicava.

Hermilo Borba Filho dedicou-se ao teatro e à literatura. Uma de suas últimas obras publicadas foi o conjunto de novelas intitulado O General Está Pintando, onde os personagens “vivem episódios que não se podem qualificar senão de fantásticos”, como está dito na orelha do livro. “São situações inusitadas – continua o observador anônimo –, que o recurso ao mágico é constante, e que dão a cada novela o seu impacto mais violento, justamente por estarem intimamente mescladas com a realidade banal do dia-a-dia. Esse realismo fantástico, que ora se manifesta puramente maravilhoso e ora chega às raias do grotesco, é a forma que o autor encontrou para apresentar um estado de coisas num mundo desencontrado, repleto de contrastes chocantes e absurdos inexplicáveis."

Hélio Pólvora publicou o primeiro livro, Os Galos da Aurora, em 1958. É considerado um dos precursores da literatura brasileira de cunho documental e fantástico.

Estreante na década de 60 é também Moacyr Scliar, que mais recentemente publicou A Balada do Falso Messias, Os Mistérios de Porto Alegre e Histórias da Terra Trêmula, todos em 1976, e O Anão no Televisor, em 1979.

Cultivando o fantástico ou para-fantástico, “os trabalhos de Moacyr Scliar não se esgotam na gratuidade dos temas: vão mais além e se situam ao nível de uma sátira de caráter universal, berço da melhor literatura”, comenta Assis Brasil.

Com relação a Caio Porfírio Carneiro, também há quem veja nele um realista que aqui e ali resvala para o fantástico. Marcos Rey chega a dizer: “ É um autor todo voltado à realidade, sem ser fanático do realismo. A realidade é seu ponto da partida, embora nem sempre da chegada.”

José Cândido de Carvalho estreou em 1939, com o romance Olha Para o Céu, Frederico. Porém somente em 1964 surgiu sua obra maior – O Coronel e o Lobisomem. José Hildebrando Dacanal escreveu um dos ensaios mais argutos sobre o realismo mágico brasileiro, sob o título “O Coronel e o lobisomem entre o Mítico e o Sacral”. Citemos um trecho dele: “A estrutura da narrativa é irracional se apreciada da perspectiva do romance do real-naturalismo ao qual O Coronel e o Lobisomem aparentemente se liga. Contudo, se for colocada dentro do esquema acima encontrarei seu pleno sentido: ela também oscila entre o plano racional, realista, e o mítico-sacral, fantástico, mágico, ou como se quiser chamá-lo. Por sua parte, também a narrativa termina no plano do fantástico ao mesmo tempo em que dissolve a dicotomia entre os dois planos ao elevá-la ao nível da “irracionalidade estrutural” (do ponto de vista técnico) com o último capítulo, no qual Ponciano narra o fim da ação, o fim do romance e sua própria destruição como personagem e, portanto, seu próprio desaparecimento como herói dilacerado entre dois mundos.”

José Alcides Pinto é autor de romances singularíssimos, como O Dragão, Os Verdes Abutres da Colina e O Criador de Demônios. Sua trilogia O Tempo dos Mortos, no dizer de Faria Guilherme, “situa-se numa linha introspectiva, de integração psicológica, num universo esotérico, sem perder da vista o fantástico...”

A melhor análise de sua obra, no entanto, é do também romancista José Lemos Monteiro, no livro O Universo Mí(s)tico de José Alcides Pinto. Diz, a certa altura, o crítico: “...o universo criado por José Alcides Pinto sintoniza com uma diretriz nova da história de nossa literatura, qual seja, a da exploração do fantástico, do estranho ou do maravilhoso.”

Assim como Hermilo Borba Filho, o romancista Ariano Suassuna iniciou-se no teatro. Seus romances constituam uma trilogia, iniciada com Romance d’A Pedra do Reino, em 1971, seguido de História d’O Rei Degolado, em 1976.

A respeito do “realismo mágico”, ele mesmo escreveu “nota” publicada junto ao O Rei Degolado: “será que o mito é uma fantasia irreal e anestesiadora, incompatível com o realismo, ou, pelo contrário, tem um sentido mais real e carregado de significados do que os personagens das novelas meramente “veristas”? Note-se que, de propósito, estou usando um nome ligado ao “verismo” naturalista, e não ao “realismo”, que é outra coisa: inclusive já escrevi uma vez – tentando desfazer certos equívocos a respeito do meu pretenso “realismo mágico” – que, na América Latina de fala espanhola, o “realismo mágico” era mais mágico do que realista, enquanto que no Brasil ele era mais realista do que mágico.”

Fonte:
http://www.vastoabismo.xpg.com.br/6.html

Armando Pompermaier (Universalismo específico: poesia como reinvenção do ser e do mundo)

"Ao contrário do que afirma implicitamente a poesia de seus contemporâneos espanhóis, para nenhum... [dos escritores hispano-americanos] há uma substância original nem um passado por resgatar: há o vazio, a orfandade, a terra do princípio não batizada, a conversação dos espelhos. Há, sobretudo, a busca da origem: a palavra como fundação".
Octávio Paz

Alguns pensadores defendem que o Brasil foi mais inventado que descoberto. Os colonizadores ao invés de tentarem entender as culturas dos nativos deste continente fizeram representações destes a partir de seus interesses e visões de mundo. Inventaram também o Brasil moldando a terra conquistada a esses interesses e visões de mundo no processo de exploração da conquista. Dificilmente se poderia recuperar a maioria da riqueza das visões de mundo contidas na grande multiplicidade de culturas nativas nas especificidades de seus vigores pré-coloniais. No vácuo de uma essência perdida a ser recuperada, o poeta mexicano Octavio Paz[1] vê a palavra poética como fundadora da essência de povos latino-americanos em construção, possível apenas através da “refutação do tempo”, em meio a “todas as eternidades que nós, os homens, fabricamos”.

Na perspectiva de uma ruptura forçada com um passado inacessível ou que lhes é estranho, os povos das ex-colônias são órfãos de culturas das quais não há nem uma substância nem um passado a resgatar. É assim que a palavra poética fundadora da essência latino-americana de Residência na Terra, de Neruda, não se refere a uma “Terra histórica”, mas sim a uma “geologia mítica”, segundo Paz. É desta forma que a criação da poesia do chamado “novo mundo” encontra condições para se tornar a poesia da criação da nova subjetividade de um novo homem, quer dizer, a poesia da reinvenção do homem e do mundo, trazendo simultaneamente “todas as eternidades” herdadas dos predecessores do “velho mundo” em si.

É extremamente interessante e fecundo o conceito de cosmópolis particulares expresso por uma literatura que, por ser órfã de uma antiguidade clássica específica sua para recuperar, além de beber água nas fontes das antiguidades culturais mais diversas ainda sente uma “nostalgia do futuro” a ser construído que supra a ausência deste passado glorioso ausente. A palavra poética, nesta perspectiva, é recriação, releitura, re-significação de todas as criações, leituras e significações; é o revigoramento; é a reinvenção do “velho mundo” em retribuição à sua invenção do “novo”; é a invenção do novo mundo pleno onde o elemento antes subjugado se afirma como parte integrante do todo sob uma nova perspectiva; é uma revolução subjetiva, uma revolução do ser que cria a si mesmo.

Penso no meu Estado, o Acre, no contexto da globalização, concebido como uma cosmópolis realmente muito particular, ligado ao mundo todo por uma revolução tecnológica e imerso em populações indígenas, algumas ainda aparentemente sem contato com a pretensiosamente auto-denominada “civilização”, outras já bem descaracterizadas de seu esplendor original; porções de florestas virgens e florestas habitadas por populações de extrativistas tradicionais em disputas de terras com agropecuaristas, serralheiros, sob interferência dissimulada, direta ou indireta, de mega-empresas globais, ONG’s, governos nacional e estrangeiros, e vários outros neo-mistérios das florestas do terceiro milênio do mundo globalizado. Características e contradições de mundos novos e antigos coexistindo nas eternidades simultâneas juntas com o sentimento de orfandade da nostalgia de um futuro a ser construído, reinventando o passado e a interpretação do presente; inventando o Acre, o Brasil, a Amazônia, o Mundo, o Passado, o Presente e o Futuro; o Eu, o Outro, o Nós e os Outros.

Não se trata mais de simples antropofagismo. Este é uma fase necessária, mas inicial. Trata-se sim de seu desenvolvimento, seu ir além. Estamos falando de todas as sínteses, do hibridismo radical, profundo, pleno; a essência de um coletivo humano transtemporal e transespacial espacializado e temporalizado: um universalismo específico, interativo, dialógico!... o artista é o escritor do gênesis; é o Simon Bolívar da subjetividade; é o Lampião da consciência oprimida; o Zumbi dos quilombos que guardam nossas esperanças livres. Sua arte pode ser nosso quilombo, nosso cangaço, nossa aldeia sideral, nosso seringal astral, nosso sorriso de carnaval. Somos um universo em expansão.
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Armando Pompermaier: Professor de História, Mestrando em Letras, poeta, compositor.
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Fontes:
http://alpinistademuta.blogspot.com/
Mapa =
http://www.henriqueafonso.com.br

Nilto Maciel (Panorama do Conto Cearense - Parte XI)

OUTROS NOVOS CONTISTAS

Seguem-se informações sucintas relativas a contistas apresentados nos últimos anos do século XX e começos do XXI em coletâneas, quase sempre oriundas de concursos literários, em periódicos e na Internet.

- Adriano Espínola (Fortaleza, 1952) é poeta e ensaísta dos mais conceituados no Brasil, com alguns livros publicados por grandes editoras. Tem também escrito contos. Professor de Literatura Brasileira.
- Aetamira Lúcia Ribeiro: 3º. lugar no I Prêmio Cidade de Fortaleza, com "A Casa".
- Ajuricaba Freitas Gaspar (Teresina, Pi, 1943) teve publicado "A Transação ou O Coronel, Sua Mula e o Cigano" na coletânea VI Prêmio Ideal Clube de Literatura, 2003.
- Alda Maria Cordeiro de Santana (Nova Olinda, 1961). Mostrou os primeiros seis contos no livro II Prêmio Ceará de Literatura. São eles: "Filhos da Selva", "Extraterreno", "Conversa pra Boi Dormir", "Fora da Lei", "Cem Cruzeiro ou Cem Cruzado não vale um Vintém Furado" e "Homem-Bicho ou Bicho-Homem".
- Alexandre Perazo Nunes de Carvalho: 7º com "O Almoço de Confraternização", no IV FUC, publicado em coletânea.
- Álvaro Fernando de Araújo Filho: 6º. no II FUC, com "...e o sonho fez-se verbo".
- Ângela Maria Bessa Linhares, professora universitária, dramaturga, com obra publicada, tem "A Ninguém" na coletânea 3º. Prêmio Ideal Clube de Literatura.
- Antonio Carlos Klein: 8º. no II FUC, com "No Velório do Vidal".
- Antonio Vanderley Moreira: 6º. no IV FUC, em 1996, com "Sem Verde e Sem Vida", publicado em coletânea.
- Carla Amalia Lourenço tem contos em jornais e premiados. 2º. no I Prêmio Literário Cidade de Fortaleza, com "Bicha não...". 6º. com "Combinações", na quinta versão do mesmo concurso, de 1995. Ambos publicados nas coletâneas que reuniram os contos e poemas premiados.
- Carlos Alexandre Bastos Gonçalves (Belford Roxo, RJ, 1979) está presente à coletânea VI Prêmio Ideal Clube de Literatura, 2003, com "Residencial Vila Lobos".
- Carlos Costa obteve menção honrosa (ou 4.º lugar) no III Prêmio Literário Cidade de Fortaleza, 1992, com "Como no Vietnam".
- Cecília Oliveira do Nascimento tem "O Natal de Calu" na coletânea 3º. Prêmio Ideal Clube de Literatura.
- Celina Côrte Pinheiro, paulista de nascimento, mora e clinica em Fortaleza, onde também escreve contos e os tem estampado em jornais e nas coletâneas da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores.
- Cellina Muniz participa de Antologia Literária (Prêmio Domingos Olímpio de Literatura, 1998, Sobral), com "Ambrósio".
- César Barros Leal (1950) tomou parte em antologias, como 10 Contistas Cearenses. A opinião de Nascimento, a respeito do conto incluído nesse livro, é de que o contista "conduz a linha narrativa de ‘Meu Grande Amigo’ numa linguagem reminiscente mais objetiva, centrada num episódio de sua vida. Entretanto, somente o narrador emerge dotado das funções de lembrar e reproduzir imagens e sensações".
- Clodomiro Paulino Gomes Filho: 2º. no I e no IV FUC, com "O Rubi" e "O Cardápio", respectivamente.
- Cristiano Gonçalves Ribeiro está presente na coletânea VI Prêmio Ideal Clube de Literatura, 2003, com "Grito na Tempestade".
- Daniel Magérbio Almino de Lucena (Crato, Ce, 1978): "Elipse", na coletânea VI Prêmio Ideal Clube de Literatura, 2003.
- Dimas Macedo, natural de Lavras da Mangabeira, tem se dedicado à poesia e à crítica literária, com êxito. No campo da prosa de ficção já apresentou alguns textos, como "Escritos do Dilúvio" e "Poética da Esfinge", incluídos no volume de artigos e ensaios Crítica Dispersa. Tem inéditas diversas histórias curtas e, em preparo, um romance.
- Daniel Magérbio Almino de Lucena (Crato, Ce, 1978) participou com "A Força no Sentido Horário" da coletânea VI Prêmio Ideal Clube de Literatura, 2003.
- Ecila Moreira de Meneses: 7º. no I FUC, com "Odisséia de Cada Dia".
- Edilson Brasil Júnior (ou Edilson Brasil de Souza) tem "As Mãos na Face" na coletânea 3º. Prêmio Ideal Clube de Literatura e "Bodas de Nunca Mais" na coletânea VI Prêmio Ideal Clube de Literatura, 2003.
- Emerson Freitas Braga participa do terceiro volume do Ideal, com "A Árvore do Bem e do Mal".
- Erick Leite Maia tem "A Menina que Falava Alemão" na Antologia Literária (1º. Prêmio Domingos Olímpio de Literatura, 1998, Sobral). No terceiro livro do mesmo prêmio, de 2000, compareceu com "Einstein e o luar do sertão".
- Fabiano dos Santos: 6º. no I FUC, com "UTI". Tem livros para o público infantil.
- Fayga Silveira Bedê: 8º. no I FUC, com "Daniel à Porta do Céu".
- Fernando Marcelo Probo: 5º. com "Câncer", no I FUC, da UFC, 1993.
- Francisco José Brasil participa da coletânea VI Prêmio Ideal Clube de Literatura, 2003, com "Minha Louca Estória com Djaíldo e Outras Coisas que nem Lembro para Contar".
- Francisco Octávio Marcondes Rudje (Rio de Janeiro, RJ, 1944), tradutor, participa da coletânea VI Prêmio Ideal Clube de Literatura, 2003, com "Noturno Urbano".
- Francisco Paulo de Souza: "Sou temperadental", 1º. no I Prêmio Literário Cidade de Fortaleza. Tem contos em jornais.
- Germano Silveira, formado em Letras, tem obras publicados, entre elas um romance premiado. Participa da terceira coletânea do Ideal, com "Claustrofobia".
- Gislene Maia de Macedo: 9º. no II FUC, com "O Homem velado".
- Iclemar Nunes: 3º. com "Tiãozinho Bananeira e as Diretas Já", no I Prêmio Cidade de Fortaleza e publicado na coletânea do mesmo nome.
- Igor Leite Mendonça Mina (Fortaleza, 1983) apresentou "Conto de um Rei sem Trono" e "Charles Patrick e a Doutrina do Pensamento Imanifesto" na coletânea VI Prêmio Ideal Clube de Literatura, 2003.
- Irenísia Torres de Oliveira: 3º. no I FUC, com "Noturno".
- Ivan Moreira de Castro Alves (Fortaleza, 1926) está incluído na antologia O Talento Cearense em Contos, com "Maré Baixa ou Contos da Lua Vaga". Tem diversos livros publicados (memórias, crônicas).
- Jádson Barros Neves (Miranorte, To, 1966) publicou os livros O Homem, o Pássaro, o Rio e Entre Eles, os Escorpiões. Tem contos premiados, como "Paisagem para Isabel", publicado na coletânea VI Prêmio Ideal Clube de Literatura, 2003.
- Jean Garcia Lima (Fortaleza, 1977) está incluído na coletânea VI Prêmio Ideal Clube de Literatura, 2003, com a narrativa "O Profeta da Pedreira".
- Jeovah Lucas da Silva: 10º. no IV FUC, com "Agressões", publicado em coletânea.
- Jesus Rocha (Maranguape) tem livros para o público infanto-juvenil, além de contos esparsos em periódicos. Da antologia O Talento Cearense em Contos é integrante com "Cenas de Futebol e de Aviação".
- Joan Edessom de Oliveira está presente na segunda coletânea do Prêmio Domingos Olímpio, com "Os Afogados". Na terceira obteve o primeiro lugar, com "Os Filhos de Aprígio Martins".
- João Dionísio Viana Neto também participa do mesmo livro, com "Recordações".
- José Augusto do Nascimento Filho: 3º. no II FUC, com "Revolução", e em 8º. no XII Prêmio Literário Cidade de Fortaleza, 2003, com "Traição".
- José Augusto Nóbrega Lessa teve "O Acompanhante do Outono" classificado em 1º. lugar no XII Prêmio Literário Cidade de Fortaleza, em 2003.
- José Carlos do Nascimento obteve, com "Destino, Vida e Morte do Homem-Álcool", o 9º. no XII Prêmio Literário Cidade de Fortaleza, 2003.
- José Célio Freire, professor universitário, participa da terceira coletânea do Ideal, com "Refém@imaginet.com.br".
- José Cornélio Ribeiro Neto compareceu à terceira antologia do Prêmio Domingos Olímpio, com "O Cabral".
- José Flamarion Pelúcio Silva (Pombal, PB, 1942) teve classificados e publicados "Esse meu pai..." e "Lua Negra" na coletânea VI Prêmio Ideal Clube de Literatura, 2003.
- José Mesquita Xavier Ferreira, com "A Flor", em 5.º no XII Prêmio Cidade de Fortaleza, 2003.
- Juliana Antunes de Menezes participa da coletânea VI Prêmio Ideal Clube de Literatura, 2003, com "Amigo Desconhecido".
- Júlio Lira é sociólogo atuante na área dos direitos das crianças e dos adolescentes. Publicou A Historia Inacabada de Maria Rapunzel (Edições Demócrito Rocha). "Por que a humanidade precisa suicidar-se" foi contemplado com o Prêmio Domingos Olímpio e publicado em Literatura n.º 24. "Nove de Copas" obteve o 2.º lugar no XII Prêmio Literário Cidade de Fortaleza, 2003. Prepara Pequenas e Quase Inocentes Histórias de Horror.
- Lígia Leal Heck (Rio de Janeiro, RJ, 1948) aparece na coletânea VI Prêmio Ideal Clube de Literatura, 2003, com "Uma Versão Versada".
- Lourival Mourão Veras, poeta e contista, teve "A Lua de Felícia" colocado em 5.º no V Prêmio Literário Cidade de Fortaleza, 1995, e apresentado na coletânea que reuniu os contos e poemas premiados.
- Lucelindo Dias Ferreira Júnior (Cacoal, RO, 1984) participa da coletânea VI Prêmio Ideal Clube de Literatura, 2003, com "Sentir Muito".
- Luciano Lira de Macedo (Crato) escreve contos e crônicas, que divulga em jornais, revistas e coletâneas, especialmente as da Sobrames, médico que é.
- Lucineide Souto tem publicado contos em jornais e revistas, como "A Burra de Padre", em Literatura nº. 24. Tem no prelo seu primeiro volume de histórias curtas, Chame os Meninos.
- Luís Marcus (ou Marcos) da Silva (Fortaleza, 1964) editou "Noite Empalhada", no Almanaque de Contos Cearenses. Teve "Ociosidade" classificado (e publicado em coletânea) em 4º. lugar no I Prêmio Literário Cidade de Fortaleza. Estampou contos em jornais.
- Luiz Antonio Simonetti: em 9º. com "O Aprendiz", no I FUC.
- Marcela Magalhães de Paula (Rio Claro, SP, 1983) tem "Essência" na coletânea VI Prêmio Ideal Clube de Literatura, 2003.
- Marcela Rosseti Pacheco (Rio de Janeiro, RJ, 1976) participa da segunda, terceira, quarta coletâneas do Ideal Clube, nesta com "Adeus", e da sexta com "Caleidoscópio".
- Marcus Túlio Dias Monteiro, graduado em Letras, tem livro de poemas editado. "Rua Verdadeira" se classificou em 9º. lugar no IV FUC e foi publicado em coletânea, e "Uma Noite Na Fortaleza Descalça" está na terceira coletânea do Ideal. Incluído também no VI Prêmio Ideal Clube de Literatura, 2003, com "Íncubus: Um Passeio Pelos Sonhos Humanos".
- Maria Amélia Barros Leal é uma das participantes de 10 Contistas Cearenses. F. S. Nascimento faz restrições a "O Elevador": "Sua aptidão kafquiana (sic) poderá conduzi-la a texturas bem mais urdidas, não lhe faltando talento e força criativa para alcançar melhor posição no panorama do conto no Ceará".
- Maria Carolina Lobo: 10º. com "Crônica de Uma Morte Generosa", no I FUC.
- Maria Thereza Leite tem obras premiadas. "Mosaicos" (1º. lugar) e "A Angústia das Árvores do Parque" estão na terceira coletânea do Ideal.
- Marta Adalgisa Nunes (Santana do Cariri, CE, 1957), pós-graduada em língua portuguesa, estampou "A Viagem" no VI Prêmio Ideal Clube de Literatura, 2003.
- Max Victor Freitas: 10º. no II FUC, com "Júlia".
- Napoleão Sousa Jr. (Fortaleza, 1969) apresentou alguns de seus contos em jornais e revistas e obteve alguns prêmios literários. Para a antologia O Talento Cearense em Contos teve selecionado "No Quintal". Faz parte do V Prêmio Literário Cidade de Fortaleza, 1995, com "As Noites de Augustina", classificado em 4.º lugar. "Dente de Leite" obteve o 5.º lugar no II FUC. Participa também da antologia do II Prêmio Literário Domingos Olímpio, com "Casa de Fogos", e do terceiro, com "O Domador".
- Natalício Barroso publicou em 2002 o livro Novelas Reunidas e, no ano seguinte, "O romance" (Revista Literatura n.º. 24).
- Nuno Gonçalves Pereira nasceu no Recife, PE, em 1977. Publicou "O Canto das Onças" na revista Arraia n.º. 2 e "O Caminho da Novena" no VI Prêmio Ideal Clube de Literatura, 2003, classificado em 1.º lugar no concurso que deu origem ao livro.
- Osmar Menezes dos Santos participa da terceira coletânea de contos do Ideal Clube, com "Na Sala de Espera da Morte".
- Otoniel Arilo Landim está na Antologia Literária do II Prêmio Domingos Olímpio, 1999, com "O Último Comboio" (3º.).
- Paulo César Benício Mariano se classificou em 8º. no IV FUC, com "O Fogão", publicado em livro.
- Paulo Henrique de Oliveira participa da terceira coletânea do Ideal, com "Vae Soli".
- Paulo de Tarso Vasconcelos: 7º. no II FUC, com "O Olhar".
- Raffaella Maria Duarte: 4º. no I FUC, com "Clara e Téo".
- Raimundo Cavalcante dos Santos (Canindé, 1952) publicou um romance e uma peça de teatro. Com a narrativa "Xifópagos" participa do VI Prêmio Ideal Clube de Literatura, 2003.
- Raul Silveira Bento faz parte do VI Prêmio Ideal Clube de Literatura, 2003, com "Noites Frias de Dezembro".
- Révia Maria Herculano tem livro de poemas editado. "Saqueadores de Memórias" está na terceira coletânea do Ideal.
- Ricardo Guilherme Vieira dos Santos (Fortaleza, 1955). Mais conhecido como ator, dramaturgo e diretor de teatro. Tem livros sobre teatro. Um dos vencedores do II Prêmio Ceará de Literatura, categoria conto, e ganhador (1.º lugar) do III (1992), com "A Minha Nêgo ou O Casulo e a Larva", de que resultaram coletâneas.
- Roberto Vasconcelos Lima: "O Jogo", 6.º no XII Prêmio Literário Cidade de Fortaleza, 2003.
- Rogério Santos Braga: 10.º com "Nota de Suicídio", no referido concurso.
- Rogério da Silva e Souza tem "O Fortim de Santiago" na terceira coletânea do Ideal.
- Rosel Ulisses Vasconcelos obteve alguns prêmios literários, como o 6.º lugar no IV Prêmio Literário Cidade de Fortaleza e o 7.º no V, com "O Tirano de Pedra". 1º. no IV FUC, com "A Missa de Evilásio Cintra", publicado em livro. Com "Dédalos" se fez presente na Antologia Literária (1º. Prêmio Domingos Olímpio de Literatura, 1998, Sobral) e com "Passos do Tempo" na segunda coletânea, do ano seguinte.
- Ruth Maria de Paula Gonçalves, professora universitária, participa da terceira coletânea do Ideal, com "Tirados do Pé" (2º.) e "Tempo".
- Sabrina Kelma Tomaz está no mesmo livro, com "Vale a Pena Lutar!"
- Sânzio de Azevedo (Fortaleza, 1938), mais conhecido como ensaísta, historiador da Literatura Cearense e poeta, também escreve contos.
- Sarah Diva Ipiranga participa da Antologia Literária do II Prêmio Domingos Olímpio, com "A Missão".
- Soares Feitosa é poeta, mas já deu a conhecer contos, que seriam capítulos de um romance em construção.
- Vânia Maria Ferreira Vasconcelos (Salvador, BA, 1961), mestra em Literatura Brasileira, mostrou "Segunda-feira" e "Fuxico" no VI Prêmio Ideal Clube de Literatura, 2003.
- Vanius Meton Gadelha Vieira (Fortaleza, 1944), psiquiatra, apresentou "O Último Colibri" no VI Prêmio Ideal Clube de Literatura, 2003.
- Vilmar Ferreira de Souza: 2º. com "As Águas do Rio", no II FUC.
- Zélia Maria Sales Ribeiro (Itapajé, CE, 1962), professora de Letras, participa do VI Prêmio Ideal Clube de Literatura, 2003, com "O Anjo".

continua...Antologia e Periódicos Literários no Ceará

Fonte:
http://www.cronopios.com.br/

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Trovia 109 (Trovas Humorísticas)

Para obter a Revista Trovia na íntegra, entre em contato comigo para envia-la.
Cabelo é um negócio louco...
há divergências fatais:
– Na cabeça, um fio é pouco;
mas... na sopa... ele é demais!
Elisabeth S. Cruz – RJ

Não botem fogo na cana
peço ecologicamente –,
que a cana boa e bacana
é que põe fogo na gente!
Héron Patrício – SP

Ao homem muito ciumento
há um dilema que aperreia:
ou esquece o casamento,
ou casa com mulher feia!
Josa Jásper – RJ

Carro velho, meu amor,
dá trabalho: além de feio,
no morro, falta motor;
na ladeira... falta freio!
José Ouverney – SP

Nunca vi coisa mais jeca,
disse o sapo num lamento:
– Por que ver a perereca
só depois do casamento?...
Milton Nunes Loureiro – RJ

A sereia canta e encanta;
isso eu não faço, mas deixe...
Embora sem graça tanta,
eu também vendo o meu peixe.
Osvaldo Reis – PR

Todo sujeito falante,
dotado de “boa cuca”,
traz bem na testa um volante
escrito assim: – Arapuca.
Evandro Sarmento – RJ

Vendo-a grávida, ele diz:
– Homem? Mulher? Que vai ser?
E ela responde... feliz:
– Ele resolve... ao crescer!
Zaé Júnior – SP

Fonte:
A.A. de Assis (coord.). Trovia. Revista Virtual Mensal. Ano 10 – n. 109 – novembro de 2008. UBT Maringá.

Quem são o MesmaFrequência?



O 'MesmaFrequência' é um grupo cultural sem estrutura formal (não tem estatuto, presidente, etc.) que tem como objetivo agrupar pessoas que se identificam culturalmente. Tudo é decidido em conjunto, por consenso, inclusive a escolha dos coordenadores dos projeto, a quem cabe organizar os respectivos eventos. Não existem 'donos' ou ganhos financeiros de qualquer espécie, só 'altos lucros' culturais...

Comunicamo-nos em torno de um e-mail e realizamos alguns projetos específicos.

Por ter sido iniciativa de Hélio Rubens de Arruda Miranda, foi o coordenador do projeto 'Sarau Cultural', que será realizado a cada dois meses (o próximo será dia 6 de Dezembro), revezando-se com o Sarau Cultural do Instituto Julio Prestes, de Itapetininga, do qual também é coordenador (realizado bimestralmente).

O projeto 'Cine Clube', que pretende reunir colegas do MF para assistir um 'filme cabeça' (roteiro interessante) e discuti-lo, é o segundo projeto criado pelo MesmaFrequencia. O coordenador escolhido foi Benão, artista especializado em artes cinematográficas. Será realizado em algum sábado de novembro (a data ainda não foi acertada), na casa da Delia Maria (onde realizaram o primeiro Sarau).

Fontes:
Hélio Rubens de Arruda Miranda.
Imagem
http://www.josebautista.net

Projetos do MesmaFrequência (MF) em Andamento em Sorocaba

- Projeto Sarau Cultural: a próxima edição será dia 6 de Dezembro. Ver detalhes abaixo. As inscrições estão abertas.

- Projeto 'Cine Cult': aguardando sugestão, pelo coordenador Benão, de dia, horário e indicação do filme a ser exibido.
Local: casa da Delia Maria.

AGENDA

Dia 25/10 - Sábado
17 horas - Cerimonia de entrega dos diplomas e presentes aos ganhadores do IV Concurso de Redação, do Instituto Julio Prestes.
Local: Câmara de Itapetininga.

Dia 27/10 - Segunda feira

19h30 - Lançamento do DVD "Os jornalistas e as eleições' evento promovido pela Aliança Internacional de Jornalistas - entrada grátis -
Local: Shopping Cidade Jardim - Auditório Livraria da Vila - Desta vez, deverá acontecer um bate-papo dos participantes do Dialógo com o público presente. Por isso o auditório com a projeção do DVD em telão ao fundo.

Dia 01/11 - Sábado

15 hs - Lançamento de livro 'Vidas Entrelaçadas', do MF Nicanor Pereira. O livro tem 160 páginas, formato 14x21 e a editora é 'O Clássico'.

O lançamento acontece durante a Expo-literária, na Biblioteca Municipal de Sorocaba, no dia 01 de novembro (sábado), às 15 horas, com as solenidades de lançamento e tarde de autógrafos.

Sinopse: a obra conta com a apresentação do literato Geraldo Bonadio, presidente da Academia Sorocabana de Letras e compreende um romance que se reporta a um casal de jovens enamorados. Têm eles o primeiro encontro na praia de Itapoã, Vila Velha/ES, vindo a seguir o envolvimento de um dos deles com as drogas, causando, desta forma, terríveis problemas e sofrimentos a ambos. No entanto, após longa separação, período em que acontecem uniões conjugais que se desfazem, prisões, enfermidades, assassinatos etc, permanecendo, porém, entre os protagonistas o amor "platônico" (intelecto-emocional). A restauração desse moço, proporcionada por sua firme disposição de cura e libertação, com o auxílio divino, reconstitui a vida de ambos, tornando-os incansáveis apologistas contra o ingresso de nossa juventude ao mundo das drogas. Leitura agradável, intrigante e emocional, de grande conteúdo ético e moral, sem qualquer apelo sexual, inspirando, nos seus conceitos, importantes princípios cristãos, tão necessários, na época em que vivemos.

Vidas Entrelaçadas é, antes de um romance, um brado de advertência aos jovens e adolescentes sobre o perigo da primeira "viagem" ao mundo de desgraças e infinitos sofrimentos a que conduzem as drogas. Leitura ideal para a família e jovens de todas as idades.

Nicanor Filadelfo Pereira. Poeta e cronista, nasceu em São Paulo em 19/08/39 e aos sete anos de idade foi residir em Jandira /SP onde cursou o primário, na Escola Mista da Parada Jandira, cursou depois o ginasial em Osasco e o Colegial (Clássico) no Colégio Campos Salles, na Lapa, São Paulo, capital. Foi correspondente dos jornais regionais: O Imparcial e O Suburbano da cidade de Itapevi/SP.

Aos dezoito anos ingressou na política partidária, tendo exercido diversos cargos na estrutura dos partidos de que fez parte, desde o PSB, PSP, posteriormente na Arena e, depois, no MDB. Foi vereador na cidade de Jandira, onde exerceu o primeiro mandato de Presidente da Câmara.

Sempre teve interesse especial pela Literatura, dedicando-se à escrita em prosa e verso. Em 1981 transferiu-se com sua família para Sorocaba, onde reside atualmente, mantendo, no entanto, seus vínculos com a cidade de Jandira, em função de suas atividades comerciais. Em Sorocaba faz parte das diretoria da CERES - Casa do Escritor da Região de Sorocaba, onde exerce o cargo de Diretor Executivo, é membro do Grupo Coesão Poética de Sorocaba e colunista dos sites: www.sorocult.com e www.joaquimevonio.com

Dia 08/11 - Sábado

19 horas - Lançamento do 3º livro do Gonçalves Viana (Vianinha), intitulado "Estilhaços".
No Depois Bar e Arte, situado na Rua Cônego Januário Barbosa, 123, próximo da Rodoviária.

Gonçalves Viana é Técnico em Projetos Industriais. Poeta, humanista e grande admirador da Música. Vice-Presidente da Ceres (Casa do Escritor de Sorocaba). Membro do grupo Coesão Poética de Sorocaba. Co-autor do 3º Volume do Livro "Biblioteca Sorocabana - Poesias". Autor do livro "Vertentes" lançado em 2006 pela Otonni Editora com incentivo da Ceres. Colunista do Espaço Literário do site sorocult.com. Co-autor na 1ª Coletânea Literária do site www.sorocult.com.

Dia 22/11- Sábado
20 horas
- Sarau Cultural do Instituto Julio Prestes -
na casa do casal Alcidenet-Mara -
INSCRIÇÕES ABERTAS!

Dia 06/12- Sábado
20 horas - 2o. Sarau Cultural do MF -
na rua Joel Ribeiro nº 140 - Jardim Emília. O local chama-se Clínica Expressão. A referência é a rua Washington Luis, na altura do 201.
Fone: 32310196. Outros telefones para contato: 32474744 e 91492628.
INSCRIÇÕES ABERTAS!

Fonte:
Douglas Lara.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Música e Poesia no Domingo da Casa das Rosas (São Paulo)


A Casa das Rosas, Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura, realiza, nesse domingo, dia 26/10 às 15 h, o evento A Casa é Um Palco.
Gratuito!

Serão distribuídos:
15 CD’s do projeto Musiclub
24 exemplares do livro “MEIOHOMEM” de Rui Mascarenhas.

Show com Zulu de Arrebatá e Artistas Convidados:
Zulu de Arrebatá é músico, poeta e compositor, além de ter importante participação na produção e divulgação do que de melhor se produz na música brasileira contemporânea. Participou do grupo Matéria Prima e foi um dos criadores do MPA – Movimento Popular de Arte de São Miguel Paulista–, ambos revolucionaram a cena musical dos anos 70.

Os artistas convidados são:
Léo Tomaz (jornalista, cantor e compositor),
Nelson Mouriz (artista plástico e restaurador),
Professora Antonia Sarah Azis Rocha (interpreta “Auto São Miguelino”, poesia adaptada da tese de mestrado “O bairro à sombra da chaminé”, acompanhada da professora Valdirene Barroquillo),
João Gomes de Sá (professor e poeta),
Cícero Dias (professor e poeta).
Este espetáculo tem por objetivo, divulgar as diferentes formas e tendências de produções artísticas e culturais, desenvolvidas em São Miguel Paulista e zona leste.

Leitura de poemas com Rui Mascarenhas:
No final de 2007 lançou o livro “MEIOHOMEM”, desde então vem se dedicando à literatura e à fotografia participando da extensa programação literária no estado de São Paulo e em todo o Brasil, promovendo e divulgando uma nova variante lúdica do texto alternativo.

O autor escreve no blog http://www.meiohomem.blogspot.com/ e recentemente participou do SIMPOESIA, em São Paulo, e da I Bienal de Poesia Internacioal de Brasília, tendo alguns de seus poemas publicados na antologia “Poemário”, organizado pela Biblioteca Nacional de Brasília – 2008.

Sarau aberto ao público.

Casa das Rosas
Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura.
Av. Paulista, 37. - São Paulo
Próximo ao Metrô Brigadeiro e ao Shopp. Paulista.
11 3285-6986 / 11 3288-9447

Fonte:
E-mail enviado por Rui Mascarenhas. http://meiohomem.blogspot.com/

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Júlia Mira dos Santos (Sonhos)

A noite chegou, e com ela as estrelas,
Com as estrelas o luar...
E, com o luar, a certeza
De que vale a penha sonhar!

-------------------
Júlia Mira dos Santos - 11 anos de idade - Sorocaba/SP . In
MORAES, Cintian e LARA, Douglas (orgs). Rodamundinho 2008. Itu/SP: Ottoni.

Carolina Arakaki de Camargo (Uma Pequena Maçã)

Eu sempre via aquele senhor sentado na calçada comendo uma maçã tão vermelha quanto as suas calças em xadrez. A cada mordida ele sorria, dava risada. Acho que ele se lembrava de alguma coisa de sua infância ou alguma coisa do gênero que sempre o divertia. Possuía um amigo, um cãozinho vira-lata, com quem sempre dividia sua maçã e que me parecia ter altos papos com ele.

Sempre tive a curiosidade de lhe perguntar o nome, de onde veio ou para onde iria, mas sempre me faltou coragem.

Um dia percebi que ele não estava mais lá. Estava apenas o cachorro deitado, choramingando.

E isso se repetiu conforme os dias iam passando.

Naquela calçada em que o via sentado havia um açougue. Resolvi perguntar por ele:

- Com licença. Havia um senhor que sempre se sentava nesta calçada, junto com aquele cachorrinho. O senhor sabe onde ele está?

- Ele veio a falecer há uma semana, minha jovem. Era seu parente?

- Não, não, era apenas uma pessoa que eu observava. O senhor sabe onde ele está enterrado?

- No cemitério da cidade.

- O senhor por um acaso teria uma maçã?

- Sim, naquela cesta ali.

Peguei a maçã mais vermelha de todas e levei até o cachorrinho, que comeu apenas a metade e ficou me observando. A outra metade, peguei e comecei a caminhar, e ele a me seguir. Chegamos ao túmulo do senhor Onigawa. Deixei a maçã e ficamos por um tempo lá.

Voltei para casa e o cãozinho permaneceu naquela calçada.

A partir daquele dia, nós sempre levávamos uma maçã ao cemitério, ao túmulo daquele senhor que eu apenas descobri o nome, mas que me ensinou que até mesmo aquelas pequenas e vermelhas maçãs poderiam me abrir um sorriso.

Fonte:
MORAES, Cintian e LARA, Douglas (organizadores). Antologia Rodamundinho 2008. Itu, SP: Ottoni, 2008. p.36.

Palavras e Expressões mais Usuais do Latim e de outras linguas) Letra C


cadunt altis de montibus umbrae
latim - As sombras caem dos altos dos montes; anoitece.

caetera desiderantur
latim - Faltam outras coisas. Deseja-se o restante.

calomniez, il en reste toujours quelque chose
fr - Caluniai, (da calúnia) fica sempre alguma coisa. Palavras que Beaumarchais em O Barbeiro de Sevilha coloca nos lábios de Basílio, personagem hipócrita.

camelotts du roi
fr - Camelôs do rei. Apelido dado aos agressivos e extremados partidários da realeza, em França.

camelus cupiens cornua aures perdidit
latim - O camelo desejando ter chifres perdeu as orelhas. Aplica-se ao ambicioso frustrado.

capitis diminutio
latim - Direito - Diminuição de capacidade. Empregada para designar a perda da autoridade.

cara deum soboles, magnum Jovis incrementum
latim - Geração querida dos deuses, nobre descendente de Júpiter. Anúncio que faz Virgílio (Écloga IV, 49) do nascimento de criança ilustre, hoje aplicado pelos bajuladores aos que nasceram em berço de ouro.

carpe diem
latim - Aproveita o dia. (Aviso para que não desperdicemos o tempo). Horácio dirigia este conselho aos epicuristas e gozadores.

carpent tua poma nepotes
latim - Os teus descendentes colherão os teus frutos. Não pensar unicamente em si e no presente pois o nosso trabalho aproveitará às gerações futuras (Virgílio, Écloga IX, 50).

castigat ridendo mores
latim - Corrige os costumes sorrindo. Princípio em que se fundamenta a comédia, criado por Jean de Santeuil.

casus belli
latim - Motivo de guerra. Incidente que pode levar duas ou mais nações a um conflito.

causa debendi
latim - Direito - Causa da dívida. Base de um compromisso ou obrigação.

causa mortis
latim - Direito - A causa da morte. 1 Diz-se da causa determinante da morte de alguém. 2 Imposto pago sobre a importância líquida da herança ou legado.

causa obligationis
latim - Direito - Causa da obrigação. Fundamento jurídico de uma obrigação.

causa petendi
latim - Direito - A causa de pedir. Fato que serve para fundamentar uma ação.

causa possessionis
latim -Direito - Causa da posse. Fundamento jurídico da posse.

causa traditionis
latim -Direito - Causa da entrega. Razão da tradição das coisas entre os interessados.

causa turpis
latim -Direito - Causa torpe. Causa obrigacional ilícita ou desonesta.

caveant consules ne quid respublica detrimenti capiat
latim - Que os cônsules se acautelem a fim de que a república não sofra nenhum dano. Palavras de advertência com que o Senado Romano investia os cônsules de poderes ditatoriais, durante as crises políticas.

cave canem
latim - Cuidado com o cão. Era costume, outrora, pintar um cão junto à porta da casa com os dizeres cave canem, a fim de que ninguém ousasse entrar temerariamente.

cave illius semper qui tibi imposuit semel
latim - Acautela-te para sempre daquele que te enganou uma vez. Quem faz um cesto faz um cento.

cave ne cadas
latim - Cuidado, não caias. Advertência que fazia um escravo ao triunfador romano, para que ele não se deixasse possuir de orgulho excessivo.

cedant arma togae
latim - Cedam as armas à toga. Cícero recomenda que as forças armadas se sujeitem às autoridades civis.

celebret
latim - Certificado de bispo católico romano, ou superior religioso, testemunhando que o portador é sacerdote, e pedindo que lhe seja permitido dizer missa em outras dioceses além da sua.

Ce que femme veut Dieu le veut
francês - O que a mulher deseja Deus o quer. Provérbio pelo qual se exprime a influência irresistível da mulher.

C'est un droit qu' à la porte on achète en entrant
francês - É um direito que se compra ao entrar pela porta. Boileau defende (Arte Poética, III, 150) o direito de o espectador manifestar seu desagrado no teatro.

chassez le naturel, il revient au galop
francês - Expulsai a natureza, ela volta a galope. Inúteis os esforços que violentam demasiadamente a índole do indivíduo (Destouches).

cherchez la femme
francês - Procurai a mulher. Frase com que os criminalistas procuram demonstrar a presença da mulher nos crimes misteriosos.

cheto fuor, commodo dentro
italiano - Quieto por fora, agitado por dentro. Provérbio aplicado ao relógio e às pessoas muito reservadas e impassíveis.

chi dura vince
italiano - Quem persiste vence. Elogio da pertinácia na conquista de um ideal.

chi va piano va sano
italiano - Quem anda devagar vai sem perigo.

chi va sano va lontano
italiano - Quem vai com segurança vai longe.

citra petita
latim - Direito -Aquém do pedido. Diz-se do julgamento incompleto, que não resolve todas as questões da lide.

civis sum romanus
latim - Sou cidadão romano. Aplica-se àqueles que se envaidecem da própria origem.

claudite jam rivos, pueri; sat prata biberunt
latim - Fechai agora os riachos, meninos; os prados beberam bastante. Basta, chega, acabemos com isto.

coeli enarrant gloriam Dei
latim - Os céus narram a glória de Deus. Locução do Salmo XIX, 1, em que o salmista descreve a grandeza de Deus pela magnificência de suas obras.

coelo tonantem credidimus Jovem
latim - Acreditamos em Júpiter quando ele troveja no céu. Frase de Horácio (Odes, III, 5, 1). Só nos lembramos de Deus quando nos sentimos ameaçados.

coemptio
latim - Sociol Forma de casamento praticada na antiga Roma, dispensando-se assistência sacerdotal e consistindo numa venda simbólica da noiva ao noivo.

cogito, ergo sum
latim - Penso, logo existo. Princípio desenvolvido por Renato Descartes (1596-1650) quando abandonou os princípios tradicionais da filosofia do magister dixit, ou escolástica, para fundar o sistema conhecido como cartesianismo.

comme il faut
frances - Como convém; como deve ser.

compelle intrare
latim - Obriga-os a entrar. Expressão de Cristo (São Lucas, XIV, 23) referindo-se aos convidados para o festim. Aplica-se à insistência de alguém em procurar fazer outrem aceitar algo cujo valor desconhece.

compos sui
latim - Senhor de si; sem se perturbar.

compurgatio
latim -Direito e Sociologia - Instituição jurídica de defesa, observada em sociedades mais simples, em que o réu procura obter absolvição, arrolando certo número de testemunhas, que juram pela sua inocência.

concedo
latim - Concedo, estou de acordo. Palavra usada em Lógica: Ele é ladrão, concedo, mas hábil político.

conditio juris
latim -Direito - Condição de direito. Condição, circunstância ou formalidade indispensável para a validade de um ato jurídico.

conditio sine qua non
latim - Condição sem a qual não. Expressão empregada pelos teólogos para indicar circunstâncias absolutamente indispensáveis à validade ou existência de um sacramento, p. ex., a vontade expressa dos noivos para a validade do matrimônio.

conscientia fraudis
latim -Direito - Consciência da fraude.

conscientia sceleris
latim -Direito - Consciência do crime.

consensus omnium
latim - Assentimento de todos; opinião generalizada.

consuetudo consuetudine vincitur
latim - Um costume é vencido por outro costume. Princípio de Tomás de Kempis segundo o qual os maus hábitos podem ser eficazmente combatidos por outros que lhes sejam contrários.

consuetudo est altera natura
latim - O hábito é uma segunda natureza. Aforismo de Aristóteles.

consummatum est
latim - Tudo está consumado. Últimas palavras de Jesus ao morrer na cruz (João, XIX, 30).

contraria contrariis curantur
latim - Os contrários curam. Princípio da medicina alopata, oposto ao da homeopatia: similia similibus curantur.

conventio est lex
latim - Ajuste é lei, o que foi tratado deve ser cumprido: Cumprirei a cláusula, pois conventio est lex.

coram populo
latim - Diante do povo. Em público (Horácio, Arte Poética, 185).

corpus alienum
latim -Direito - Coisa estranha que não é objeto da lide.

corpus christi
latim - Corpo de Cristo. 1 A hóstia consagrada. 2 Festa litúrgica móvel, celebrada na quinta-feira depois do domingo da Santíssima Trindade. 3 A solenidade desta festa, também chamada Corpo de Deus.

corpus delicti
latim -Direito - Corpo de delito. 1 Objeto, instrumento ou sinal que prove a existência do delito. 2 Ato judicial feito pelas autoridades a fim de provar a existência de um crime e descobrir os responsáveis por ele.

corpus juris canonici
latim - Código do Direito Canônico. Conjunto de leis eclesiásticas codificadas por São Pio X e promulgadas pelo Papa Bento XV em 1917. O Concílio Vaticano II encarregou uma comissão de reformá-lo.

corpus juris civilis
latim -Direito - Corpo do Direito Civil. Denominação dada por Dionísio Godofredo ao conjunto das obras do Direito Romano formado pelas Institutas, Pandectas, Novellas e Código, organizado por ordem do imperador Justiniano.

coup de foudre
francês - Raio. Desgraça inesperada; amor à primeira vista.

coup de théatre
francês - Golpe teatral. Mudança repentina de situação, como no teatro.

credant posteri!
latim - Creiam os pósteros! Locução interjetiva empregada para afirmar um fato muito extraordinário.

credo Deum esse
latim - Creio que Deus existe.

credo quia absurdum
latim - Creio por ser absurdo. Expressão de Santo Agostinho para determinar o objeto material da fé constituído pelas verdades reveladas, que a razão humana não compreende.

cuilibet in arte sua perito est credendum
latim - Deve-se dar crédito a quem é perito em sua arte. Ouvir os especialistas na matéria.

cui prodest?
latim - Direito - A quem aproveita? Os criminalistas colocam entre os prováveis criminosos as pessoas a quem o delito podia beneficiar.

cuique suum
latim - A cada um o que é seu. Aforismo do Direito Romano e da justiça distributiva em que se baseia a propriedade privada.

cuivis dolori remedium est patientia
latim - A paciência é remédio para cada dor. Sofre-se menos quando se aceita a dor com resignação.

cujus regio, ejus religio
latim - 1 De tal região, (segue) a sua religião. Exprime a tendência do homem de aceitar a religião predominante em seu país. 2 A quem governa o país compete impor a religião. Princípio consagrado pela Paz de Augsburgo (1555).

cum bona gratia dimittere aliquem
latim - Despedir alguém com bons modos. Ser educado até para com os importunos.

cum brutis non est luctandum
latim - Não se deve lutar com os brutos. Não disputar com ignorantes e insolentes.

cum grano salis
latim - Com um grão de sal. Isto é brincadeira; não é verdade.

cum laude
latim - Com louvor. Graduação de aprovação, em algumas universidades equivalente a bom.

cum quibus
latim - Com os quais. Dinheiro: não ter cum quibus; não ter dinheiro.

cum re presente deliberare
latim - Deliberar com a coisa presente. De acordo com as circunstâncias.

cuncta supercilio moventis
latim - Movendo todas as coisas com o supercílio. Expressão de Horácio (Odes, III, 1) referindo-se a Júpiter que move o Universo com um franzir de sobrancelhas.

currente calamo
latim - Ao correr da pena. Escrever currente calamo: escrever com rapidez, sem se preocupar com o estilo.

curriculum vitae
latim - Percurso da vida. Conjunto de dados que abrangem o estado civil, instrução, preparo profissional e cargos anteriormente ocupados, por quem se candidata a emprego.

Fonte:
http://www.portrasdasletras.com.br

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Comemoração do “Dia do Livro” em Sorocaba no dia 21 de outubro

Em mais uma ação de incentivo à leitura do “Projetos de Leitura”, o “Dia do Livro” ocorrerá em Sorocaba no dia 21 de outubro, terça-feira, das 9h30 às 16h, na Praça Cel. Fernando Prestes, Centro.

O projeto “Dia do Livro” realizado em parceria com as Secretarias de Educação e Cultura de Sorocaba conta com o apoio do PAC – Programa de Ação Cultural da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo e consiste na venda em praças públicas dos livros de Laé de Souza, também autor do projeto, pelo preço simbólico de R$ 1,00.

Durante o evento o escritor fará várias sessões de autógrafos e será distribuído material informativo sobre seus outros projetos de incentivo à leitura, em execução há dez anos, com o apoio das leis de incentivo à cultura. As cidades de Campinas e São Paulo também serão contempladas com o “Dia do Livro” nos dias 25 e 29 de outubro, respectivamente.

O público terá acesso aos livros na tenda Dia do Livro, onde estarão expostos os títulos Nos Bastidores do Cotidiano, Acredite se Quiser!, Coisas de Homem & Coisas de Mulher, Acontece..., e Espiando o Mundo pela Fechadura, crônicas curtas que retratam o cotidiano das pessoas comuns e as complexidades das relações humanas, em linguagem coloquial e abordagem bem-humorada, o que facilita a compreensão dos textos e torna a leitura agradável; e o infantil Quinho e o seu cãozinho – Um cãozinho especial, que narra aventuras de um garoto e seu inseparável cãozinho, apresentando conceitos éticos para o pequeno leitor, publicados pela Editora Ecoarte.

Laé de Souza participará da 2ª edição da Expo Literária onde ministrará três palestras para estudantes e professores sobre seu trabalho de escritor e coordenador de diversos projetos de leitura focados nas escolas da rede pública, parques, praças, hospitais, transportes coletivos, hipermercados e outros, com o intuito de formar leitores de todas as etnias, faixas etárias, credos e classes sociais. “É uma grande inverdade o estigma de que o brasileiro não gosta de ler. A parceria com as prefeituras dá a oportunidade ao público de adquirir livros a preços acessíveis e estimular o hábito da leitura por prazer. Ações como estas são caminhos para a formação de leitores”, afirma o escritor.

O Dia do Livro é a data da fundação da Biblioteca Nacional em 29 de outubro de 1810 quando a Real Biblioteca Portuguesa foi transferida para o Brasil.

Serviço:

Dia do Livro

Preço: R$ 1,00

Data: 21 de outubro de 2008 – terça-feira

Horário: 9h30 às 16h

Local: Praça Cel. Fernando Prestes – Centro


Sorocaba – SP
Assessoria de Comunicação:
Rozângela Inojosa Galindo
(11) 9261-5500 / (15) 3227-4581
imprensa@projetosdeleitura.com.br
www.projetosdeleitura.com.br
===
Fonte
Douglas Lara. Em
http://www.sorocaba.com.br/acontece

Claudio Willer entrevista Ivan Pinheiro Machado: a leitura no Brasil e os pockets da L&PM Editores

Na revistaria nas docas em Belém do Pará, o mostruário dos pockets da L&PM. Banca de jornais em São Paulo, aqui ao lado de casa: também um sortimento de pockets L&PM (e não é daquelas bancas grandes, da Avenida Paulista, onde, é claro, também se encontram os mesmos pockets). Livraria Cultura e outras boas casas do ramo: também lá estão os pockets. Onipresença de livros baratos, na faixa dos dez reais, incluindo títulos importantes, de Balzac aos beats, de Homero a Lorca, em edições de qualidade, atraentes. Vencer a barreira da distribuição e da escala: uma tentativa já feita por outras editoras, mas que nunca deu tão certo. E sem abandonar a publicação e circulação dos livros no formato convencional, destinados exclusivamente às livrarias.

Agulha já se manifestou, em artigos e editorial, sobre os preços elevados do livro brasileiro, como obstáculo á leitura e à redução dos nossos índices de analfabetismo funcional (da ordem de 70%). Daí caber o exame dessas mudanças recentes no perfil do mercado editorial; e – esperamos - dos hábitos de leitura no Brasil.

Motivo adicional para tratar do assunto: por enquanto, essa expansão não parece ter sido registrada. O espaço dos pockets nas páginas de suplementos e cadernos de cultura e variedades não é nem remotamente proporcional àquele que ocupam na vida real. Municipalidades e instituições poderiam formar boas bibliotecas através da aquisição de pockets, alimentando programas de estímulo à leitura, em vez de recorrerem aos pedidos de doação para formar acervos aleatórios.

Claro que a observação vale para essas edições da L&PM e umas poucas iniciativas de outras editoras que também vêm lançando livros mais baratos sem prejuízo da qualidade. Mas, comparadas aos títulos de algumas outras coleções à venda em bancas, os pockets da L&PM parecem a realização de um ideal iluminista. Detalhe adicional: no catálogo da L&PM, não consta a categoria “auto-ajuda”.

Quem me pôs em contato com Ivan Pinheiro Machado, em 1982, foi o jornalista Marcos Faerman (de quem já tratei em Agulha # 61: Literatura e jornalismo: Marcos Faerman), indicando-me para preparar uma coletânea de textos de Antonin Artaud, que saiu no ano seguinte e teve reedições. A seguir, por sugestão minha, Ginsberg, Uivo, Kaddish e outros poemas, com sucessivas reedições e agora em pocket. E, agora, um ensaio sobre geração beat, para uma nova coleção, a sair ainda em 2008. Quanto à circulação desses pockets, posso atestá-la: cresce o número de pessoas que me identificam, em primeiro lugar, como o tradutor e estudioso de Ginsberg. [CW]

CW Ivan, quem é você? Dê um breve perfil de si mesmo. Você é gremista? Nasceu em Bagé?

IPM Nasci em Porto Alegre, gremista graças a Deus, jornalista, arquiteto de formação e pintor.

CW Algumas capas da L&PM são suas: por trás do editor, o artista plástico?

IPM Bem antes de ser editor eu já pintava. Na Faculdade de Arquitetura eu desenvolvi o desenho e cheguei a cursar um ano de Escola de Artes da Universidade Federal aqui em Porto Alegre. Como pintor expus pela primeira vez em 1976, depois de receber o prêmio de pintura no Salão do Jovem Artista do MASP em S. Paulo. Depois disso fiz mais de 20 exposições, inclusive em N. Iorque, Compenhague e Paris. Sempre fiz a direção de arte na L&PM, além de mais ou menos umas 600 capas entre livros convencionais e pockets. Fiz muitos projetos gráficos e ilustrei alguns livros da L&PM como, por exemplo, os livros do grande Dalton Trevisan.

CW O que é a L&PM? Como se formou essa editora?

IPM A L&PM tem orgulho de ser uma das poucas grandes editoras brasileiras independentes. Temos o mesmo quadro acionário há 34 anos (Paulo de Almeida Lima e eu) e resistimos a todas as propostas de compra, tantos de grupos nacionais como internacionais. Nossa opção é ser a melhor editora independente brasileira, sem depender de capital de ninguém e com uma perspectiva cultural real e absolutamente cúmplice do leitor. A L&PM nasceu em 1974, o Lima (L) e eu (PM) vínhamos de uma experiência frustrada como publicitários e formamos a L&PM para publicar o livro RANGO, célebre personagem do grande desenhista Edgar Vasques que tinha sido nosso sócio na Agência de Publicidade Ciclo Cinco Propaganda. Éramos muito jovens (22 anos) e a editora criou-se em plena ditadura, no ambiente universitário efervescente dos anos 70 e, na sua origem, para editar livros de quadrinhos, cartum e reportagem.

CW O que você faz na L&PM? Qual a sua função na editora?

IPM Sou o responsável pelo departamento editorial e o Paulo Lima, além de colaborar na parte editorial é o responsável pela fantástica logística de distribuição da L&PM e dos livros da coleção L&PM POCKET.

CW O surgimento e crescimento da L&PM têm relação com o ambiente literário gaúcho? Com o fato de Porto Alegre ser pólo literário e o Rio Grande do Sul ser um mercado literário forte, que teve editoras locais importantes?

IPM A L&PM Editores é uma editora nacional. Nós nos dirigimos para o Brasil, sem bairrismos ou regionalismos. Evidentemente somos fruto de um meio cultural bastante desenvolvido que é o ambiente de Porto Alegre e que influenciou as nossas opções. Mas como mercado, disputamos o mercado brasileiro e, hoje, o maior mercado da L&PM, a praça que consagrou a coleção L&PM POCKET, é São Paulo.

CW Lembro-me de que, na segunda metade da década de 1970, publicações da L&PM tinham relação com uma cultura de resistência ao regime militar. Fale sobre esse período. Quais foram os títulos mais importantes? Millor Fernandes e Luis Fernando Veríssimo, outros autores gaúchos?

IPM A L&PM surgiu e incorporou-se na campanha de resistência democrática à ditadura nos anos 70. Publicamos vários livros (a maioria, nos primeiros tempos) contra a ditadura. Sofremos perseguição política e econômica, apreensões de livros e conseguimos sobreviver. Foi aí que se forjou o caráter da editora e esta característica fundamental que é sua independência e sensibilidade à inovação e às grandes transformações. Millôr foi nosso primeiro grande autor, junto com Josué Guimarães com livros publicados em 1976. Josué deixou uma grande obra e infelizmente morreu precocemente em 1986. Millôr está firme e forte, graças a Deus, e até hoje nos dá a honra de publicá-lo. Luis Fernando publicou quase 30 livros pela L&PM que ele deixou em 1999. Seu grande sucesso na L&PM é o legendário “Analista de Bagé” de 1981 com meio milhão de livros vendidos. No mais, a grande maioria dos escritores gaúchos com algum destaque nacional nos últimos 30 anos publicou algum livro ou toda a obra pela L&PM Editores. Por exemplo: Mario Quintana, Caio Fernando Abreu, Josué Guimarães, Luis Fernando Veríssimo, Moacyr Scliar, Martha Medeiros, Cláudia Tajes, Sergio Caparelli, Edgar Vasques, David Coimbra, Luis Antonio de Assis Brasil, Alcy Cheuiche, Eduardo Bueno, Célia Ribeiro, Sergio Faraco, José Antonio Pinheiro Machado, Tabajara Ruas, Sergio Jockymann, Jorge Furtado, Cyro Martins e muitos outros. Lya Luft é um dos poucos casos em nunca publicou uma obra original na L&PM, mas fez várias traduções do inglês e do alemão para nós.

CW A coleção Rebeldes e Malditos, para a qual preparei a coletânea de Artaud, já não era uma tentativa de lançar livros a custo mais baixo e em maior escala? Também havia uma coleção de textos de iniciação, algo um pouco além da Primeiros Passos da Brasiliense. O que houve com elas? Por que não tiveram continuidade?

IPM A coleção Rebeldes & Malditos é praticamente uma manifestação na nossa geração. Tínhamos menos de 30 anos na época e vivíamos a censura intelectual, a repressão e a agressividade da ditadura militar. Em parte, publicando os malditos, exorcizávamos o que sentíamos de revolta e sufoco na época. Além de colocar os jovens em contato com uma grande literatura. Criamos na época, também, uma coleção que se chamava “Universidade livre”, um belo nome de uma bela coleção que não foi em frente, mas serviu como semeadura para o grande e fundamental projeto dos pockets que se materializaria no final dos anos 90. A coleção Rebeldes & Malditos foi praticamente toda reeditada na L&PM POCKET com muitos acréscimos em relação a coleção original.

CW Como surgiu a conexão L&PM – beat?

IPM Surgiu dentro desta idéia que eu citei acima: uma manifestação da nossa geração no final dos anos 70 e uma resposta aos tempos de repressão e censura. E também do fascínio pela contra-cultura. Não se podia falar mal do regime, nem do país, pois os livros eram apreendidos. Então falávamos mal dos regimes políticos dos outros (semelhantes ao nosso da época) e das instituições burguesas consolidadas em geral. A literatura beat tinha esta aura libertária e inovadora e eu tinha como editor-assistente o então jovem Eduardo Bueno que havia traduzido o “On the Road” de Jack Kerouac para a editora Brasiliense e que era um entusiasta e conhecedor do movimento beat. Hoje a L&PM publica em sua coleção de bolso o clássico “On the Road” e toda a obra de Kerouc, bem como livros de Allen Gisberg (tradução de Cláudio Willer), Neal Cassady, William Burroughs, Lawrence Ferlinghetti, Carl Solomon, Charles Bukowski entre outros.

CW Houve também o lançamento da série de textos sobre anarquismo, alguns reeditados agora em pocket. Beat e contracultura; rebeldes e malditos; anarquismo: além, evidentemente, da ocupação de espaços, de nichos no mercado editorial, títulos nessas áreas refletem preferências, opções ideológicas, visão de mundo?

IPM Exatamente. Neste ponto somos fiéis a nossas origens e a editora faz questão de rejuvenescer a cada ano de vida, olhando o futuro e sendo coerente às suas origens. Mesmo porque a L&PM Editores tem uma fantástica equipe editorial, predominantemente composta de jovens. E são estas as pessoas que colocam em prática um projeto concebido para estar na vanguarda do mercado editorial.

CW E essa relação L&PM – Charles Bukowski, tão estável, e que já dura décadas? Suponho que, dentre os títulos da L&PM, os desse boêmio debochado estejam entre os mais vendidos.

IPM O Charles Bukowski é publicado pela L&PM desde 1979, como Woody Allen. E o velho Buk é sem dúvida uma marca registrada da editora e tem milhares de leitores em todo o Brasil. As novas gerações devoram os livros de Bukowski com a mesma avidez que aqueles que hoje são cinquentões consumiam na década de 70.

CW Da segunda metade da década de 1980 até o final da década de 1990, dois fatores influíram no mercado editorial: primeiro a inflação elevada; depois o controle da inflação, a estabilização monetária. Livros eram caros porque tinham um sobrepreço, para compensar perdas provocadas pela inflação. Continuaram caros porque seu preço incorporou o sobrepreço. Editores preferiram reduzir a escala, as tiragens, e manter o preço, correndo menos riscos, parece-me. O que houve com a L&PM nesse período? Quais foram os principais títulos e iniciativas? A série de livros de história, de Eduardo Bueno?

IPM A L&PM foi uma vítima desta conturbada realidade econômica brasileira. Justamente neste período (no final da década de 90) tivemos muitos problemas financeiros e quase fechamos. Sofríamos com a inflação, os juros altíssimos e o assédio das multinacionais e das grandes editoras sobre os autores do nosso catálogo. Nos anos 80, no miolo da crise econômica pós-plano Cruzado, nós estávamos muito voltados para um público jovem. O Eduardo Bueno, como eu já disse, era meu assistente editorial e fez um grande trabalho tanto na coleção “beat” como na nossa maravilhosa série de livros sobre história. Ele contribuiu muito para o desenvolvimento e o sucesso da editora e a coleção História é um marco editorial no país e hoje também está plenamente reeditada na coleção POCKET.

CW Como e quando surgiu a idéia dos pockets?

IPM A idéia surgiu em 1996 quando vimos que não tínhamos como superar as enormes dificuldades econômicas que enfrentávamos caso mantivéssemos a mesma política editorial. Foi uma época em que entrou muito dinheiro estrangeiro no mercado, capitalizando os nossos concorrentes que, por sua vez, assediavam nosso autores. Como não tínhamos dinheiro, para sobreviver, fomos obrigados a ter idéias. Foi aí que decidimos de criar a primeira coleção de livros de bolso “de verdade” no Brasil. Foi uma decisão radical, pois concentramos toda a nossas energia neste projeto que era sistematicamente desprezado pelos nossos concorrentes. Nossa sobrevivência como empresa passou a depender unicamente do sucesso deste projeto. E nós tivemos sorte e em dez anos conseguimos consolidar a coleção com o apoio de milhões de leitores. Hoje tenho convicção de que a Coleção L&PM POCKET, sem falsa modéstia, é a única novidade que surgiu no mercado editorial nos últimos 25 anos. Tanto é que, hoje, é copiada (literalmente) por todo mundo.

CW A barreira da distribuição: editoras de porte médio de São Paulo e Rio de Janeiro têm dificuldade em chegar ao Norte do Brasil. Soube de calotes de distribuidores e quebras de livrarias, provocando prejuízos. Como foram transpostos esses obstáculos? Em especial, relativamente aos pockets, fazer que os livros estejam em tantos lugares me parece uma façanha logística. Como isso foi posto em prática?

IPM Este é um trabalho de mais de 10 anos levado em frente pelo Paulo Lima que criou a maior logística de distribuição de livros já concebida no mercado editorial brasileiro. Nós não divulgamos o número de pontos de venda, mas eles abrangem todo o território nacional desde o Chuí no Rio Grande até o mais distante ponto de venda no Norte do país. É a distribuição mais invejada (pelos concorrentes) do país.

CW Qual a diferença com alguns outros empreendimentos, em matéria de livro mais barato e em maior escala ou tiragem? (lembro-me de que no prefácio de On the Road Eduardo Bueno comenta que, durante o período em que essa obra esteve na Ediouro, não aconteceu nada)

IPM Não posso falar dos concorrentes, pois desconheço dados. Quanto a nós, procuramos respeitar o leitor oferecendo um livro de alto nível, tanto do ponto de vista editorial como do ponto de vista industrial. Nosso projeto sempre foi oferecer os melhores livros pelo menor preço. Quando começamos, o livro de bolso era tido como um livro de quarta categoria, estava queimado no mercado. Era o refugo dos editores. Livros feios, mal feitos e que não agüentavam uma leitura, pois as páginas caíam nas mãos do leitor. Acho que o mercado deve a coleção L&PM POCKET a restauração da dignidade do livro de bolso.

CW Vamos aos números. L&PM deve estar na ponta em número de títulos em nosso mercado editorial, suponho. E de tiragens. Quantos títulos são publicados por ano? Quais as maiores tiragens? Qual a sua proporção de venda em bancas, em livrarias, pela internet? Há outros canais de venda?

IPM Hoje em dia, nossos concorrentes são poderosos e estão sempre atrás de números da L&PM. Portanto, você me desculpe, mas não estou autorizado a detalhar números e percentagens. Mas, digamos assim, nossa distribuição é heterodoxa, ampla e original, mas a base da venda ainda é a livraria. A velha e boa livraria é que nos dá o maior respaldo de venda. Não vendemos direto pela internet. Encaminhamos os pedidos às grandes redes. Até agosto de 2008 a coleção estava com 740 volumes e em torno de 10 milhões de livros vendidos deste 1997. Nossa previsão é lançar em torno de 100 títulos pocket e 40 convencionais no próximo ano de 2009.

CW O que vende mais? Como estão indo Homero, Sêneca, Shakespeare, Descartes, Balzac, Tolstoi, Dostoiévski, Kafka, Fernando Pessoa? Conseguem equiparar-se à culinária, a Garfield, à literatura de entretenimento?

IPM Sim, a literatura e o entretenimento como quadrinhos, gastronomia e comportamento tem pesos semelhantes na venda.

CW De autores brasileiros, quais são os mais importantes?

IPM A coleção se orgulha de oferecer um “cardápio” de autores brasileiros de peso. Lá estão Millôr Fernandes, Manuel Bandeira, Cecília Meireles, Lygia Fagundes Telles, Marina Colassanti, Affonso Romano, Dalton Trevisan, Nelida Piñon, Silvio Lancellotti, Deonísio da Silva, Mario Prata e todo o poderoso time de gaúchos que eu enumerei no começo desta entrevista. Há também o maravilhoso time de cartunistas e desenhistas com Paulo Caruso, Laerte, Angeli, Glauco, Adão Iturrusgaray, Toninho Mendes, Santiago, Edgar Vasques, Nani, Ciça e Iotti. Não posso me esquecer também da série “Saúde” com textos fáceis e eficientes de prevenção do Dr. Fernando Lucchese, um best seller nacional. São todos muito importantes, cada um à sua maneira e todos contribuíram para que a coleção L&PM POCKET seja o sucesso que é e tenha o prestígio cultural que tem.

CW Observo também que há bastante narrativas do gênero policial, de histórias de detetive – um gênero que nunca deu muito certo no Brasil, ou, ao menos, não teve os resultados que se esperava. Como vão Simenon, Agatha Christie e seus confrades?

IPM Vão muito bem. Aos poucos o consumidor vai se acostumando e conhecendo melhor os autores policiais. A coleção oferece muitas opções além de Agatha Christie e Simenon, como os craques do “noir” Raymond Chandler, Dashiel Hammett, David Goodis, Ross Macdonald, Chester Himes, Ruth Rendell, Patrícia Higsmith, clássicos como Poe, Stevenson, Lovecraft e todas as histórias de Sherlock Holmes escritas por Sir Arthur Conan Doyle.

CW Quais títulos não deram certo, embora apostasse neles? Quais o surpreenderam, ultrapassaram sua expectativa?

IPM A coleção de bolso não trabalha com o best seller. É uma venda parelha onde todos os livros vendem bem.

CW Distribuição em bancas pode provocar ciúme de livrarias? Há desprezo elitista de críticos? Desatenção de dirigentes culturais públicos?

IPM As livrarias se constituem no principal ponto de vendas, portanto não existe conflito. A imprensa é o único preconceito que a coleção não conseguiu derrubar. Azar da imprensa, pois a coleção mostrou-se vitoriosa apesar do silencio dos jornais e revistas. Quanto a questão das compras governamentais, a editora não depende das compras de governo para sobreviver, portanto não tem queixas.

CW E os beats? Uns anos atrás, pareciam fora de moda. O que, dessa retomada de circulação de autores beat, é competência, gerenciamento correto, e o que corresponde a uma retomada de interesse, especialmente por jovens?

IPM O distanciamento de aproximadamente duas décadas correu a favor dos beats, como se vê. Conforme o livro que você escreveu e será publicado na série L&PM POCKET Enciclopaedya, há a figura do grande poeta Allen Ginsberg que – por ser o mais, digamos assim, centrado de todos eles – cuidou meticulosamente da memória e da posteridade do movimento, aquecendo a lenda criada em torno deste movimento fundamental para toda a revolução cultural promovida nos anos 60 e 70. O interesse portanto passou a ser histórico e as causas generosas que os beats defendiam e a forma anárquica e libertária como viviam e escreviam, até hoje tem apelo para a juventude. E além do mais, livros como “On the road” de Kerouac, “Uivo” de Ginsberg, “O primeiro terço” de Neal Cassady e “Um parque de diversões na cabeça” de Ferlinghetti tornaram-se clássicos e referência fundamental para a compreensão da contra-cultura e da cultura pop pós anos 60.

CW A coleção de biografias: quem desperta mais interesse, Kerouac ou Julio César?

IPM Para falar a verdade o grande best seller é “Gandhi”, o que, por outro lado, demonstra a alma generosa do leitor.

CW O grande comprador de livros no Brasil é o MEC, Ministério da Educação. Estimativas do que vai para a rede de ensino variam entre 40 e 60% do total de exemplares publicados. A L&PM atua nesse campo?

IPM Eventualmente, sim. Mas como é uma compra eventual, não contamos com isto no planejamento estratégico da empresa.

CW Seleção de títulos, como é feita? Como tratei diretamente com você de tudo o que publiquei pela L&PM, em comparação com editoras do mesmo porte, me parece bastante pessoal (e menos burocrática).

IPM Sem dúvida, procuramos ser mais simples e diretos quando tratamos com autores que estão habituados à L&PM. Nós temos um planejamento permanente para dois anos, como de resto é comum no meio editorial. Hoje sabemos o que vamos publicar até o final de 2010. Mas novos projetos vão sendo criados todo o tempo e temos também a interlocução dos nossos colaboradores sistemáticos que são os autores. Evidentemente estamos também abertos às sugestões dos leitores. No caso da coleção POCKET nosso projeto inicial era formatar uma grande coleção que fosse, como eu gosto de chamar, “polifônica”, ou seja, que abrigasse várias vozes. Hoje com quase 800 volumes, acho que conseguimos este objetivo, pois a coleção atinge vários públicos, sem ser filosoficamente contraditória.

CW Editores são leitores. Fale de suas leituras, suas preferências, sua vida cultural.

IPM Meu trabalho me impõe uma leitura que nem sempre seria a minha opção de lazer e/ou estudo. Mas de qq forma eu, embora suspeito, sou fã da linha editorial da L&PM. Gosto de ler quase tudo. Tive momentos inesquecíveis lendo dezenas de romances de Balzac (para editar a Comédia Humana), gosto muito de todos os beats, dos policias “noir” como Hammett, Chandler, David Goodis. Adoro Tolstoi, principalmente Guerra & Paz, Dostoiévski e o maravilhoso “Crime e castigo”. Curto os americanos Hemingway, Fitzgerald, Faulkner, Steinbeck, Norman Mailer, Paul Auster, John Dunning. Gosto de quadrinhos, de Hugo Pratt, Guido Crepax, Breccia. Enfim, procuro ler de tudo, as novidades, as novas tendências, procuro me inteirar do que está sendo feito na Europa, Estados Unidos e na América Latina. E por falar em América Latina é bom que se diga que temos um trabalho importante com autores latino-americanos fundamentais como Eduardo Galeano de quem a L&PM publica a obra toda, Mario Benedetti, Bioy Casares, Jorge Luis Borges, Pablo Neruda (quase 20 livros), Mario Arregui e os clássicos Ricardo Güiraldes e Horácio Quiroga.

Claudio Willer (Brasil, 1940) é um dos editores da Agulha. Entrevista realizada em setembro de 2008.

Fonte:
Floriano Martins e Claudio Willer. Revista de cultura Agulha # 65 . fortaleza, são paulo - setembro/outubro de 2008