sábado, 22 de novembro de 2008

África com amor e raiva, segundo Mia Couto e Paulina Chiziane


Dois grandes autores, Mia Couto e Paulina Chiziane, que tinham 20 anos quando foi conquistada a independência de Moçambique, analisam a situação atual do país

A figura de uma mulher negra, de impenetráveis olhos azuis, dominou a quarta edição da Festa Literária de Porto de Galinhas (Fliporto), dedicada este ano à cultura africana e encerrada no último domingo no balneário pernambucano. Discreta, tentava circular sem ser notada, mas os jornalistas não lhe davam trégua. Afinal, trata-se da primeira mulher a publicar um romance em Moçambique, Paulina Chiziane, nascida há 53 anos em Manjacaze, na província de Gaza, criada no subúrbio de Maputo e com um livro publicado aqui, em 2004, pela Companhia das Letras, Niketche - Uma História de Poligamia.

Ao lado do escritor Mia Couto, também entrevistado nesta edição do Cultura, Paulina representa o que há de melhor na literatura africana hoje. Ambos, de fato, se complementam e têm opiniões convergentes sobre a estagnação da cultura moçambicana por força de uma crise de identidade que levou africanos a virar agentes da sua colonização. Há, segundo Mia Couto, um certo racismo, ou uma certa hierarquia eurocêntrica que faz os escritores africanos serem colocados à sombra, impedindo que o resto do mundo saiba o que se passa no continente, assumido por seus intelectuais com um sentimento confuso de amor e raiva.

Tanto em Paulina Chiziane como em Mia Couto nota-se certo desânimo pelos rumos que tomou a história de Moçambique desde a declaração de sua independência, em 1975. O escritor considera que o país perdeu sua capacidade de resistência e que nem a língua nem a cultura portuguesa ajudaram a criar uma identidade para os moçambicanos, que se voltam cada vez mais , negros e brancos, para as tradições e os mitos arcaicos. A África não se questiona mais, “perdeu o sentido crítico de se avaliar”, diz Mia Couto, seguindo em coro por Paulina Chiziane, assustada com a retromania que empurra Moçambique de volta ao passado.

Ambos, Mia Couto e Paulina, tinham 20 anos quando Moçambique se tornou independente. Havia, então, a esperança de uma verdadeira revolução que livrasse o país do atraso e do tacão colonialista. Algo mudou, de fato, e hoje a democracia garante direitos fundamentais como a liberdade de culto - reprimida até pelos revolucionários liderados pelo socialista Samora Machel, que viam as religiões africanas como sinal de obscurantismo. De qualquer modo, nem Mia nem Paulina imaginam suas vidas fora de Moçambique. Estão presos ao país como abelhas numa colméia, condenados a agir não só como escritores - Mia desenvolve estudos de impacto ambiental e Paulina colabora com organizações não-governamentais em projetos de promoção social da mulher, além de ter trabalhado para a Cruz Vermelha durante a guerra civil.

Ainda há muito a fazer numa sociedade que reprime as mulheres”, diz Paulina, que acabou de lançar, pela editora Caminho, O Alegre Canto da Perdiz, justamente a história de uma mulher negra dividida entre dois mundos, o africano e europeu, por conta de uma paixão que lhe daria um filho mulato “para aliviar o negro de sua pele como quem alivia as roupas de luto”. Essa corrida ansiosa atrás do caucasiano é também explicada pela discriminação que a mulher negra sofre em sociedades patriarcais de Moçambique, mais concentradas na província da qual Paulina é oriunda. Lá, uma mulher, além de lavar e cozinhar, deve servir o marido de joelhos e largar tudo o que está fazendo quando este a chama.

Reconheço que meus temas não são fáceis, pois trago para a literatura assuntos incômodos, como as conseqüências da poligamia e a prática da feitiçaria na África.” Como os africanos conseguem gerir essa dualidade, de cultivar mitos arcaicos e coexistir com o mundo laico, globalizado? “Esse é justamente o tema de meu livro O Sétimo Juramento, em que conto como os africanos, brancos e negros, em momentos de desgraça, recorrem não aos santos cristãos cultuados pelos padres portugueses, mas a entidades de cultos ancestrais pagãos.” No livro, o protagonista, David, é um guerrilheiro que, após a declaração de independência, vira diretor de uma fábrica, recorrendo à magia negra para resolver seus problemas.

Nos livros de Paulina, nada é o que parece ser. Em Niketche, um oficial de polícia vive à margem da lei, mantendo relações com outras quatro mulheres além da sua, Rami, que, após 20 anos de casamento, descobre ser o marido polígamo. A escritora nega ter a narrativa uma proposta moralizante por pintar o policial, Tony, como pai ausente e marido negligente. Paulina diz que não é feminista. Apenas retratou o que vê em suas andanças por Moçambique: homens espancando mulheres e abandonando filhos à própria sorte. “Com a disseminação da doutrina islâmica, a poligamia cresceu no norte do país e trouxe em sua esteira conflitos com a cultura portuguesa, monogâmica, e as sociedades secretas de feitiçaria, já combatidas pelos revolucionários, que queimavam objetos de culto.” E o que pedem essas pessoas aos orixás? “Coisas básicas, como pão, paz e chuva.

Falar do futuro de crianças dessa nova raça de pais incógnitos, “que terão de fuçar a sua identidade nas raízes da História”, observa, não é uma tarefa fácil. “A guerra acabou, passou o momento épico da revolução e cresceu a criminalidade, o desemprego e a fome” , diz, comentando a emergência de uma elite desinformada e irresponsável em Moçambique. É possível entender o desânimo de Paulina, que viu seu país destruído durante a guerra civil e acompanhou a tragédia cotidiana de seres tão magros “que não se distinguia entre eles homens e mulheres”. Ela sobreviveu para contar a história, escapando por pouco de voar pelos ares, como outra mulher com quem conversava, mutilada por uma mina terrestre. Por tudo isso, ela estranhou o clima de festa da Fliporto, que reuniu este ano 161 escritores. “Para mim, é uma coisa nova um ambiente em que se fala de cultura de forma tão agradável.”

Fontes:
Reportagem de Antonio Gonçalves Filho para o Jornal O Estado de São Paulo, no Caderno 2 de 16 de novembro de 2008.
Douglas Lara. http://www.sorocaba.com.br/acontece

Sandra M. Júlio (Em Tuas Mãos…)

Em tuas mãos adormecem desejos,
Matizando a névoa de cada sonho
Por onde derramas teu sorriso.
Em tuas mãos desdobram-se os sentidos,
Tingindo de magia a realidade desabitada
Pelos sussurros das tuas digitais.
Em tuas mãos a concordância das horas
Acetina segredos, malícias e mistérios
Vedados aos olhares de cada poema.
Em tuas mãos horizontes definindo auroras,
Torneando melodias, acolhendo sorrisos, tímidos
Silêncios debruçados em lençóis carentes.
Em tuas mãos a brisa mapeia fantasias,
Vestindo de versos e rimas a pena com que
A noite escreve a nossa história.
Em tuas mãos o futuro, pretérita presença,
Brincando a realidade que nos separa
Nas cotidianas paralelas desta vida.
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Dados sobre a autora: postagem em 02 de abril de 2008
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Fonte:
Douglas Lara.
http://www.sorocaba.com.br/acontece

Zhang Weimin


Zhang Weimin. Durante dez anos, traduziu 'Os Lusíadas' para mandarim. Residente em Portugal, tem a seu cargo o acervo bibliográfico em língua chinesa da Fundação Oriente, onde acaba de ministrar um 'workshop' de caligrafia. Por vezes é intérprete oficial. Fala de Camões com admiração

Chama-se Zhang Weimin, nasceu em Pequim, na República Popular da China, e chegou a Portugal, em 1988, como bolseiro de investigação do Instituto de Cultura e Língua Portuguesa para o estudo e tradução d'Os Lusíadas. A versão em mandarim acabou por ser publicada, em 1995, na China. Tem, desde 2002, a responsabilidade de tratamento do acervo bibliográfico da Fundação Oriente, onde há bem pouco tempo ministrou um curso de caligrafia chinesa. Fala de Camões com admiração e pertence a este país que não lhe pertence, do seu tem saudades amargas. Dir-se-ia um exilado de si próprio.

A tradução foi realizada num tempo em que o computador não era instrumento de trabalho comum e nem existia a teia de aranha da Net. Apesar de parecer impossível, vivia-se sem esses recursos. Zhang Weimin foi, por isso, trabalhando o texto palavra a palavra, página a página. Traduziu-o com a devoção paciente dos monges copistas, no silêncio dos calígrafos.

Leu e releu Os Lusíadas, trabalhou até às 04.00 da manhã. Quis sentir a história, tentou perceber o que o poeta quis expressar. Havia lido João de Barros, Gil Vicente, Pessoa (que traduziu) e, por ser conhecedor da literatura chinesa antiga, não estranhou o mundo que Camões, cantador de um universo conhecido e por conhecer, nos revelou na sua epopeia de navegadores e conquistadores, heróis de feitos imortais.

"Os Lusíadas contam histórias. E não pode ler-se a obra sem o contexto da época. Há uma lógica que não só deve ser entendida como respeitada. O tradutor não pode inventar", diz, veemente. Para Zhang Weimin, "Camões era um génio e a sua cabeça uma enciclopédia." Conhecia tudo, da geografia à história e à mitologia. Ele que desejava a passagem da barbárie à civilização. Da tormenta à esperança.

"Se o tradutor é um criador, o leitor decidi--lo-á", sublinha. São universos muito distintos, os da língua portuguesa e chinesa: "O resultado final nunca será o de um texto igual. A partir das ideias, da elegância poética, tive de encontrar uma forma possível para dar a conhecer a obra em mandarim. Havia que fazer chegar à China "o canto camoniano integrado no património da grande literatura mundial".

Para além de ter traduzido nove mil versos, desde "As armas e os barões assinalados" até "Sem à dita de Achiles ter enveja", escreveu 880 notas sobre mitologia greco-latina, geografia e história que permitem ao leitor uma melhor e mais adequada compreensão do texto. Foram quase dez anos de trabalho contínuo que levaram Os Lusíadas ao público chinês, amante do mitológico e do romântico "caminho tão árduo, longo e vário"....

Se, no início do trabalho, Zhang Weimin pretendia transmitir a imagem dos portugueses "cavalheiros e aventureiros", a mensagem de amor à Pátria e do humanismo que atravessa a obra, acabou por apaixonar-se pela beleza poética dos versos e tentou vertê-la para mandarim.

"Como a nossa língua é poética, fui pela correspondência dos sons, pela ginástica dos quatro tons do chinês mandarim. Encontrei uma estrutura de onze caracteres em cada verso, às vezes dez ou doze." Transmitir a poética e o significado do texto foi tão importante como perceber a contextualização histórico-mitológica.

Para isso valeu-lhe o conhecimento da civilização chinesa antiga, que , mais do que uma filosofia, possui uma sagesse. Ao ensinar a caligrafia, Zhang Weimin vai, lentamente, contando histórias guardadas pelos antigos. Afinal, escreveu-se, em tempo idos, nas carapaças das tartarugas, na pele dos animais, nas folhas das árvores, em madeira, bambu ou metal. E assim faz quando está só. Esquecendo-se de que existe, entrando na noite dos tempos, ausente de si.

Fonte:
Reportagem de Ana Marques Gastão para o Diário de Notícias de Portugal
Douglas Lara. http://www.sorocaba.com.br/acontece

Expressões Regionais do Estado da Bahia



A FACÃO - Algo feito na marra (ver também na mão grande)
A MIGUÉ - À vontade, de forma esculhambada
ABRIRAM A PORTA DO CEMITÉRIO! - Lá vem mulher feia!
ABRIR O GÁS - Se mandar, ir embora
ABAIXAR O MEALHEIRO - Soltar grana, liberar dinheiro
AFF! - Puxa vida!
AFITIM - Cheiro de algo que começa a ficar podre
ALEIVE - Mentira, absurdo (ê aleive!)
ALFERES - Puxa-puxa (nome correto; alféloa)
ARERÊ - Confusão, agito
ARENGUEIRO - Que procura confusão
ARABACA - Carro velho
ARMENGUE - Improviso, gambiarra; pessoa ou coisa feia, mal ajambrada
AZURETADO - Invocado
AZUADO - Perturbado
AZAR BUTICÃO - Tomara que você erre (azar buticão que dê em sua mão!)
AVIONADO - Disparado, correndo muito
BAGANEIRO - Atacadista do interior que vende nas feiras da capital
BADOGUEIRA - Mulher feia (ver também jaburu)
BADOGUE - Atiradeira
BADAMEIRO - Pessoa que vive de catar coisas no lixo
BACURI/BACURIM - Criança recém-nascida; filho
BACIO - Penico
BABATAR - Querer pegar em algo e não conseguir
BAHIA/BAHÊA - Cara (Ô bahêa, quanto é isso aqui?)
BAGUNHAR - Segurar firme; tomar algo na raça
BAGO MOLE - Lento (pessoa)
BATER A CAÇULETA - Morrer
BARRUFAR - Assoprar com a boca cheia de água
BANHA-DE-CACAU - Manteiga de cacau
BANDA-VOOU - Cuca fresca, pessoa largada; quem topa tudo
BIRIBANO - Pivete, moleque
BIBIANO - Lamparina, candeeiro
BEINHO - Benzinho
BOCA-DE-TRAVE - Pessoa sem os incisivos superiores
BISAGA - Dobradiça
BOCAPIU - Sacola de palha; recomendação para ficar de boca fechada ao saber de um segredo
BODOSO - Mal cheiroso, sujo
BOIADO - Cansado
BOLODÓRIO - Confusão; conversa fiada
BORIMBORA - Vamos embora
BOZENGA - Mulher feia, de baixo astral
BRAU - Cafona; de mau gosto
BREADO - Sujo
BRÔCO - Desorientado, desordenado; velho esclerótico
BODUM - Fedor
BUFENTO - Empoeirado (tecido de cor escura quando vai perdendo a cor ou recebe poeira)
BUJÃO - Gordinha das ancas largas
BURUCUTU - Aí então, dessa forma (Eu tava correndo e aí, burucutu, caí)
CABELO-DE-ARAPUÃ - Cabelo assanhado, desgrenhado
CABELO NINHO-DE-QUEREQUECHÉ - Cabelo desgrenhado
CABORÉ - Bule de café de barro
CABO-VERDE - Negro de cabelo fino ou liso
CAÇÃO - Pipa grande
CAIR CACAU - Chover
CALANGO VERDE - Soldado do exército
CALIFOM - Sutiã
CANGANCHA - Confusão
CANGUINHA - Pão-duro
CAROARA - Tremedeira nas pernas; medo
CERCA-LOURENÇO - Frescura, nove-horas, complicação (Esse cara tá cheio de cerca-lourenço!) CHAMAR RAUL - Vomitar
CHIBUNGO - Sacana; bicha
CHIEIRO - Que reclama de tudo, que enche o saco
CHIMANGO - Biscoitinho de vento
DE CAJU EM CAJU - Uma vez ou outra
DE HOJE A OITO - Semana que vem
DE HOJE A QUINZE - Daqui a quinze dias
DENTE QUEIRO - Dente siso
DESCALQUEADO - Sem planos
DESPINGUELADO - Rápido; desarrumado; acabado
DESPONGAR - Descer do ônibus, do trem ou do bonde
DOR DE FACÃO - Dor no baço (depois de algum esforço físico)
DOR DE VIÚVA - Choque com o cotovelo
EMPRENHAR-SE PELO OUVIDO - Dar ouvido a fofocas
ENGRISILHA - Rolo, coisa enrolada, confusão
ENROLADO NO XALE DA DOIDA - Cheio de coisas pra fazer e confuso (Nico Barão vive enrolado no xale da doida)
ESBUGUELADO - Estragado, arrebentado; arregalado (olho)
ESCALIFADO - estragado
ESPÍRITO-SANTO-DE-ORELHA - Leva-recados, fofoqueiro
FAZER NERO - Fazer touca no cabelo
FIFÓ - Lamparina
FITIFIU - Assovio
FONHÉM - Pessoa fanha, fanhoso
FOVEIRO - Desbotado, esmaecido
FULINHA - Calendário, folhinha
GABIRU - Caipira, gente da roça
GAIVA - Papo furado
GALUPIM - Tênis (sapato)
HÉURIS - Cara (Qual é, meu héuris?)
INJIADO - Enrugado (com pregas nos dedos por ficar muito tempo na água)
INHACA - Cheiro ruim do sovaco
JÓQUEI DE CABRITO - Pessoa de baixa estatura
JANTE - Roda (de carro)
LUTRIDO - Ousado, metido
LESEIRA - Preguiça
LEVAR UM CHEPO - Levar um fora
LEXÉU - Carro em mau estado; algo esculhambado
MUNGUNZÁ - Canjica (de milho branco)
MADORNA - Sesta
MALINO (MENINO) - Menino perturbado, que mexe em tudo
MANDU - Problema, confusão (Resolva seu mandu)
MANGANGÃO - Autoridade; manda-chuva
MICARETA - Micareme, carnaval fora de época
MOCOFOIADO - Escondido
MOCOTÓ-MÓVEL - A pé (Fui de mocotó-móvel)
MONDRONGO - Coisa mal feita, de acabamento Ruim; pessoa feia
MOSSA - Amassado de carro (ou de lata)
MUVUCA - Festa de última hora, improvisada
NA BISTUNTA - Acerto feito sem regras determinadas; orçamento de obra feito sem medição
NÃO FAZER “O” COM O COPO - Não saber ler nem escrever
NARIZ-DE-CERA - Cara que conversa fiado, enrolador
OBRA DE SANTA INGRÁCIA - Trabalho que rende, que demora de acabar
OREBA - Otário
OXENTE - Puxa!, Qual é?, Que é isso?
ÔXE! - Puxa!, Qual é?, Que é isso?
PACUÇU - Mulher feia
PAINHO/MAINHA/VOINHO/VOINHA - Pai / mãe / vô / vó
PANACUM - Cesto de cipó com alças
PÃO-DONZELO - Pão sem manteiga
PATACHO - Relógio
PATAPATA - Escova de cabelo (daquelas que se enfia o dedinho e se carrega no bolso)
PATULÉIA - Povão, ralé, plebe
PEGUENTO - Pessoa pegajosa; criança dengosa; grude
PERCATA - Sandália
PIAU - Cabeleira “black power”
POMBA LERDA - Lento, bobo
PUCUMÃ - Teia de aranha; sujeira no teto
PUNÇA - Esponja de passar pó-de-arroz
QUAL É, MEU REI? - Qual é, cara?
QUEIXADA DE TEIÚ - Pessoa de maxilar inferior quadrado
QUENGA - Mulher feia; caso de alguém; prostituta
RUMA - Um monte
SACRISTA - Sacana
SALABESQÜETE - Largado, esculhambado
SALITRE - Maresia
SANGUE-DE-ARATANHA - Cara que dá azar, alguém de maus fluidos
SAQÜEBA - Sacana
SIBITE - Antipático, metido
SORETE - Tranquilo, numa boa
TABACUDO - Caipira, jeca
TÁ REBORÉ PIRIPIRI! - Pode crer!
TÁ NA JANTE (PNEU) - Tá gasto, tá careca
TÁ DE CALUNDU - Tá zangado, na bronca
TABAROA - Mulher caipira
TIRAR UMA FILIPETA - Gozar com a cara de alguém
TRETA / TREITA - Malandragem, safadeza (Aí tem treta!)
UZEIRO E VEZEIRO - Acostumado (Fulano é uzeiro e vezeiro em fazer isso!)
VIXE MARIA! - Virgem Maria!
VIRADO NO CÃO - Muito louco da vida
XUITE - Interruptor
XUETAR - Gozar, fazer pouco caso

Observação: Este dicionário, elaborado por Nivaldo Lariú é muito extenso. Para maior conhecimento dele, veja o site abaixo.

Fonte:
Nivaldo Lariú. Dicionário do Baianês.

O Estado da Bahia



A história da Bahia é um domínio de estudos de história que se estende desde a chegada dos portugueses, em Porto Seguro, em 1500, até os dias atuais.

Local de chegada dos primeiros portugueses ao Brasil no ano de 1500, a região do que viria a ser o estado da Bahia começou a ser povoada na primeira metade do século XVI. Através da exploração do território, se descobriu a existência do pau-brasil, essa matéria-prima passou a ser largamente explorada, atraindo desde comerciantes portugueses a contrabandistas europeus, em especial, os franceses. Várias outras explorações ocorreram, a partir daí, chegando lentamente portugueses com interesses nas novas terras.

Gradualmente, o território baiano atual foi colonizado, povoado e conquistado por expedições denominadas de Entradas, as quais partiam de Salvador, Ilhéus e Porto Seguro em direção ao interior do estado. As entradas eram feitas do mesmo jeito das bandeiras de São Paulo, mas não tiveram tanto reconhecimento e valorização como as bandeiras.

Partindo do litoral em direção ao norte/nordeste brasileiro, subindo os rios São Francisco, das Contas, Paraguaçu, Grande e Verde, desbravaram o interior da Bahia e os territórios do Piauí, Minas Gerais e Maranhão. Chegaram ao sul/sudeste brasileiro também, descendo os rios Pardo, Jequitinhonha, Mucuri e Doce.

Durante os séculos XVI e XVII, apesar dessas explorações do território terem ocorrido apenas com o intuito de povoar e reconhcer as terras descobertas, foram de grande importância para o reconhecimento inicial da geografia, da hidrografia, da fauna, das flora e dos minerais da Bahia, além de ter ajudado bastante na demarcação do território baiano, estacelecendo os limites com seus estado vizinhos.

No território correspondente ao atual da Bahia, foram formadas cinco capitanias hereditárias entre 1534 e 1566, consevadas até a segunda metade do século XVIII. As quais foram a da Bahia, doada a Francisco Pereira Coutinho em 5 de abril de 1534; de Porto Seguro doada a Pero do Campo Coutinho em 27 de maio de 1534; de Ilhéus doada a Jorge de Figueiredo Corrêa em 26 de julho de 1534; das Ilhas de Itaparica e Tamarandiva doada a D. Antonio de Athayde em 15 de março de 1598; do Paraguaçu ou do Recôncavo da Bahia doada a Álvaro da Costa em 29 de março de 1966.

Com a morte do donatário, Francisco Pereira Coutinho, cuja descendência veio a receber da Coroa Portuguesa quer o morgadio do juro real da Redízima da Bahía (séc. XVI), quer os títulos de Visconde da Bahía, de juro e herdade (1796), e de Conde da Bahía (1833), a Capitania da Bahia foi vendida pela viúva à Coroa Portuguesa, para fins da instalação da sede do governo-geral, com a fundação da cidade do Salvador (1549).

A Capitania de Porto Seguro depois de passar por vários herdeiros, sendo o último donatário, o Marquês de Gouveia, a capitania foi tomada pela Coroa e foi unida à da Bahia, formando uma só.

Capitania de Ilhéus após um período próspero, entrou em longa disputa judiciária. Incorporada, junto com a Capitania de Porto Seguro, à Capitania da Bahia entre 1754 e 1761, a Capitania de Ilhéus deu origem ao moderno estado da Bahia.

Capitania das Ilhas de Itaparica e Tamarandiva em 6 de abril de 1763 foi unida à Capitania da Bahia.

Capitania do Paraguaçu ou do Recôncavo da Bahia foi comprada pela Coroa portuguesa e também unida à capitania da Bahia.

Província da Bahia em 1709, na época do auge da província de São Paulo.O território original da província da Bahia compreendia a margem direita do rio São Francisco (a esquerda pertencia a Pernambuco). Estava, basicamente, dividido entre dois grandes feudos: a Casa da Ponte e a Casa da Torre, dos senhores Guedes de Brito e Garcia d'Ávila, respectivamente - promotores da ocupação de seu território e muito importantes em sua defesa.

Ingleses e holandeses atacaram a Bahia no século XVII. Durante o Governo de D. Diogo de Mendonça Furtado, Salvador foi invadida pelos holandeses que vencendo a resistência dos cidadãos que deixaram a cidade, dominaram Salvador de 1624 a 1625. Mas em 1º de maio de 1625, depois de vários conflitos, os halandeses estando cercados e isolados, com a ajuda de morgados como a Casa da Torre e dos espanhóis, a cidade foi retomada pelos portugueses.

Por sua posição estratégica, à entrada da baía de Todos os Santos, e por ali se refugiarem barcos inimigos e contrabandistas, o Governador Diogo Luís de Oliveira determinou em 1631 a construção de um forte em Morro de São Paulo, ampliado em 1730, transformando-se em uma das maiores fortificações da costa, com 678 m de cortina. Os holandeses, antes de atacarem Salvador, em 1624, estiveram em Morro de São Paulo e utilizaram o seu canal como tocaia para atacar navios lusos, entre os quais um barco jesuíta que vinha de São Vicente, conduzindo 15 religiosos da Companhia e outros de outras Ordens. Um ano mais tarde, ali se refugiou a numerosa armada de Boudewijn Hendriczzood que, ao ter conhecimento da retomada de Salvador pelos espanhóis e portugueses, rumou para o Norte.

Os holandeses fizeram outras tentativas para retomar Salvador, mas todas sem sucesso, principalmente, após a construção do Forte de São Marcelo em ponto estratégico da Baía de Todos os Santos não há registros de invasões de estrangeiros. Com isso, a Bahia se tornou uma referência em resistência na Colônia, em especial, aos holandeses que dominaram com sucesso Recife.

Enquanto estiveram em Recife, os holandeses não deixaram de rondar a costa baiana, atacando Caravelas (1636), Camamu e Ilhéus (1637), mas todas as tentaivas sem sucesso. Os ataques provocaram a construção em Camamu, em 1649, do forte de Nossa Senhora das Graças, com quatro baluartes, reedificado entre 1694/1702 e, possivelmente, a construção do forte de São Sebastião em Ilhéus, pois documento de 1724 já o assinala sobre um monte.

É vísivel a riqueza do periodo. A economia do litoral foi extrativista. A princípio, pau-brasil, valorizado na Europa como pau de tinta e disputado por comerciantes portugueses, contrabandistas e piratas. Depois, incluíram-se na pauta de exportação e contrabando madeiras para a construção naval e civil, cortadas entre Ilhéus e Valença. Em 1722, os jesuítas do Colégio da Bahia instalaram uma serraria hidráulica em Camamu à qual se somavam mais duas de terceiros, no final do século. No imposto extorquido para a reconstrução de Lisboa, após o terremoto, a vila pagaria sua contribuição com madeira e farinha de mandioca. Desde a coroação de Dom José I, em 1750, e a nomeação do conde de Oeiras, futuro Marquês de Pombal como primeiro-ministro, havia-se inaugurado uma política mais atuante com relação ao Brasil e, em particular, à Bahia.

Pela Carta Régia datada de 1755, decidiu-se transformar em vilas as missões jesuíticas, com a intenção de afastar os índios da influência dos padres. São criadas as vilas de Prado (1755), antiga Aldeia de Jucururu; Alcobaça (1755), com território desmembrado de Caravelas; Nova Santarém (1758), antiga aldeia de São Miguel e Santo André de Serinhaém, atual cidade de Ituberá; Barcelos (1758), ex-aldeia de Nossa Senhora das Candeias, emancipada de Camamu; Troncoso (1759), ex-aldeia de S. João Batista dos Índios; Vale Verde (1759), antiga Aldeia do Espírito Santo; Maraú (1761), ex-Aldeia de S. Sebastião de Maraú.

Por solicitação de Dom Marcos de Noronha, Conde dos Arcos, e através de Provisão do Conselho Ultramarino de 4 de março de 1761, D. José I ordenou ao ouvidor da Comarca da Bahia, Desembargador Luís Freire Veras, que tomasse posse da Capitania dos Ilhéus para a Coroa. Igual providência foi adotada com relação à Capitania de Porto Seguro, transformando-se as duas em comarcas. Estas medidas estavam relacionadas com a preocupação do Governo Geral em controlar o contrabando no litoral sul e proteger as populações da região de Cairu e Camamu, centros de abastecimento da capital, contra os freqüentes ataques dos Guerens, que voltaram a atacar, no período entre 1749 e 1755. Foram elevadas a vila a Aldeia de Belmonte (1765); a missão de N. S. da Escada, com o nome de Nova Olivença (1768), em Ilhéus; o povoado de Campinhos (1720), com a denominação de Vila Viçosa (1768) e a Aldeia do Mucuri, com o nome de São José de Porto Alegre (1769), atual cidade de Mucuri. Três destes municípios foram supressos nas três primeiras décadas do século atual: Vila Verde, Trancoso e Barcelos. Com a mudança da capital do país para o Rio de Janeiro, o Governo da Bahia ordenou em 1777 ao Ouvidor de Porto Seguro criar paradas de correio, vilas e povoações entre Salvador e Espírito Santo, mas pouca coisa se fez. No fim do século XVIII, a Povoação de Amparo, à margem do rio Una, foi levada a vila com o nome de Valença (1799), sendo seu território desmembrado de Cairu.

De nada valeu o protesto de Silva Lisboa, juiz conservador das matas, em 1779, contra a devastação da Mata Atlântica. Ainda no início do século XIX o inglês Thomas Lindley seria preso em Porto Seguro por contrabando de pau-brasil, cujo comércio foi monopólio do Estado até 1859.

Na Baía de Tinharé, cessados os ataques indígenas, os colonos refugiados na Ilha de Boipeba voltaram ao continente. Em 1811, Boipeba chegou a tal ruína que perdeu sua condição de vila para o povoado de Jequié, em terra firme, que recebeu o nome de Vila Nova de Boipeba, hoje Nilo Peçanha. Por sua vez, a Vila de Nova Boipeba perdia, em 1847, o foro de vila para Taperoá, uma povoação surgida em torno a uma capela jesuítica que, em 1637, pertencia à Freguesia de Cairu. Nova Boipeba foi restaurada, em 1873, com território desmembrado de Taperoá. Todos os demais municípios do litoral sul foram criados no século XX.

As cores da bandeira do movimento (azul, branca e vermelha) são até hoje as cores da Bahia.Ver artigo principal: Conjuração Baiana

O ano de 1798 testemunhou a Conjuração Baiana, que propunha a formação da República Bahiense - movimento pouco difundido, mas com repressão superior àquela da Inconfidência Mineira: seus líderes eram negros instruídos (os alfaiates João de Deus, Manuel Faustino dos Santos Lira e os soldados Lucas Dantas e Luís Gonzaga das Virgens) associados a uma elite liberal (Cipriano Barata, Moniz Barreto, Aguilar Pantoja, membros da Casa da Torre e outros aristocratas), mas só os populares foram executados, mais precisamente no Largo da Piedade a 8 de novembro de 1799.

Mesmo após a declaração de independência do Brasil, em 7 de setembro de 1822, a Bahia continuou ocupada pelas tropas portuguesas, até à rendição destes, ocorrida no dia 2 de julho de 1823. Por essa razão a data é comemorada pelos baianos como o Dia da Independência da Bahia.

Com a independência do Brasil, os baianos exigiram maior autonomia e destaque. Como a resposta foi negativa, organizaram levantes armados que foram sufocados pelo governo central.

Com a República ocorreram outros incidentes políticos importantes, como a Guerra de Canudos e o bombardeio de Salvador, em 1912.

A Bahia contribuiu ativamente para a história brasileira, e muitos expoentes baianos constituem nomes de proa na política, cultura e ciência do país.

Bandeira

Nenhuma lei existe criando ou disciplinando a Bandeira do Estado. Foi criada pelo médico baiano, Dr. Diocleciano Ramos que, numa reunião do Partido Republicano, propôs este símbolo como representativo da agremiação política, em 25 de maio de 1889.

Com forte inspiração na bandeira dos Estados Unidos, mesclada com um triângulo evocativo ao símbolo maçônico já adotados nas conjurações mineira e baiana - muito embora as cores azul, vermelho e branco já tivessem figurado como símbolos das revoltas de 1798, conhecida como Revolta dos Alfaiates

O uso, entretanto, consagrado pelo povo, veio a ser obrigatório por decreto do Governador Juracy Magalhães, em 11 de junho de 1960 (Decreto nº 17628).

Brasão de Armas

Constitui-se o Brasão de Armas do Estado da Bahia dos seguintes elementos:

– Timbre com uma estrela, que simboliza o Estado.
– Escudo com uma embarcação com a vela içada, onde um marinheiro acena com um lenço branco e, ao fundo, vê-se o Monte Pascoal, local do primeiro registo visual de terra pela esquadra de Cabral.
– Insígnia com dois tenentes sobre listel com o lema:
Per ardua surgo - que significa, numa tradução literal: "Pela dificuldade venço" ou, no sentido real: vencer apesar das dificuldades.
– Tenentes: à esquerda, um homem semi-nu, com uma marreta, uma bigorna e uma roda, representando a indústria local; à direita, uma mulher com chapéu frígio (símbolo da República), carregando a Bandeira da Bahia que jaz atrás do triângulo maçônico.
– Encimando o Brasão, o nome do Estado e, abaixo deste, o nome do "Brasil".

Hino

“Dois de Julho”
Letra: Ladislau dos Santos Titara / Música: José dos Santos Barreto

Nasce o sol a 2 de julho
Brilha mais que no primeiro
É sinal que neste dia
Até o sol é brasileiro
Nunca mais o despotismo
Referá nossas ações
Com tiranos não combinam
Brasileiros corações
Salve, oh! Rei das campinas
De Cabrito e Pirajá
Nossa pátria hoje livre
Dos tiranos não será
Cresce, oh! Filho de minha alma
Para a pátria defender,
O Brasil já tem jurado
Independência ou morrer.

Cultura da Bahia

A cultura da Bahia é uma das mais ricas e diversificadas, sendo o estado considerado um dos mais ricos centros culturais do país, conservando não apenas um rico acervo de obras religiosas, arquitetônicas, mas é berço das mais típicas manifestações culturais populares, quer na culinária, na música, e em praticamente todas as artes.

Possuem, os baianos, um provérbio, a um tempo jocoso e sério, retrato dessa índole do seu povo: "O baiano não nasce, estréia".

Dentre as principais manifestações culturais a Bahia tem seus expoentes, suas características próprias, resultado da rica miscigenação entre o índio nativo, o português colononizador e o negro, feito escravo e ali feito doutor.

Cultura erudita

Na Bahia nasceu o primeiro historiador do Brasil, Frei Vicente do Salvador. Ainda como Colônia, os versos de Gregório de Matos repercutiam qual dardos, dono de rimas tão ferinas que lhe renderam a imortalidade com o epíteto de "Boca do Inferno".

Lugar da primeira Faculdade de Medicina do país, foi berço de nomes que se destacaram no cenário nacional, tais como Afrânio Peixoto, Antônio Rodrigues Lima, Juliano Moreira, etc.

Do Direito brotaram nomes como Ruy Barbosa, Teixeira de Freitas, Antônio Luiz Machado Neto e, caindo para a literatura, Castro Alves.

Música

Já era a Bahia, em particular Salvador, sua capital, a maior cidade das Américas durante vários séculos, um dos principais centros comerciais do Novo Mundo. Das raízes negras brotou o samba de roda, seu filho samba, o lundu e outros tantos ritmos, movidos por atabaques, berimbaus, marimbas - espalhando-se pelo resto do Brasil, e ganhando o mundo.

Xisto Bahia, levando os ritmos e mesmo poetas (como Plínio de Lima), descobre o novo meio e grava o primeiro disco brasileiro. E experimenta o sucesso internacional com Dorival Caymmi.

Do rock ao tropicalismo, de Raul Seixas a Caetano Veloso, infinitos nomes desfilam mundo afora, como João Gilberto, Gilberto Gil, Carlinhos Brown...

Carnaval

Foi no Carnaval que o baiano encontrou-se com o mundo: Em 1950 Dodô e Osmar inventam o Trio Elétrico, e atrás dele "só não vai quem já morreu".

Um novo cenário foi descortinado, revelando artistas e grupos musicais: Ivete Sangalo, Moraes Moreira, Luiz Caldas, Chiclete com Banana, É o Tchan!, etc.

O negro reconquista sua identidade, e ganha força nos Filhos de Gandhi, o Olodum une música ao trabalho social.

Culinária

Do Candomblé ou do tabuleiro da Baiana brotam o acarajé, o abará, o vatapá e tantos pratos temperados pelo azeite de dendê, festejando aos santos, como o caruru ou festejando a vida, como a moqueca, a Bahia tem sempre um quindim a despertar o paladar.

Fonte:
http://pt.wikipedia.org

Expressões e Suas Origens (Letra O)



O AMOR É MAIS FORTE DO QUE A MORTE
Esta frase é de autoria de Salomão, célebre rei dos hebreus e filho de outro rei famoso, Davi, de quem se tornou sucessor. Sua sabedoria passou à História como digna de ser seguida. Teve muito mais mulheres do que seu pai, mas não mandou o marido de nenhuma delas para a frente das batalhas para ficar com a mulher do próximo. Foi ele quem construiu o templo de Jerusalém e escreveu três dos livros bíblicos: Provérbios, Eclesiastes e Cântico dos Cânticos, onde encontramos frases deslumbrantes como esta, em português chamadas de versículos por uma convenção aplicada aos textos bíblicos. Não se pode contestar a experiência amorosa deste rei-escritor, senão qualitativa, quantitativa, pois que amou a mais de mil mulheres.

O AMOR É UMA ENXAQUECA UNIVERSAL
A frase é do poeta, romancista e ensaísta inglês Robert von Ranke Graves (1895-1985), autor de mais de 120 livros, que incluem pesquisas reveladoras de importante religião baseada na figura de uma deusa branca, cuja adoração teria existido ainda no cristianismo. Outros livros seus muito conhecidos são uma autobiografia sobre sua participação na primeira guerra mundial, em que foi gravemente ferido, e o romance Eu, Cláudio, narrado pelo famoso imperador romano, que tão pouco amou. Seus sofrimentos não o impediram de escrever notáveis livros de poemas, tratando de sentimentos profundos, vividos num século que fez mais a guerra - duas mundiais - do que amor.

O AMOR É UMA LOUCURA
Esta frase é atribuída ao extraordinário poeta alemão Heinrich Heine (1797-1856), cujos versos estão cheios de melancolia. Apesar, porém, da tristeza de sua poesia, Heine tinha muito humor em seus textos de prosa, entre os quais estão narrativas de viagem e o romance O rabino de Bacherach. Adorava a mulher que desposou, Eugênia, mas comentando a marcha nupcial dos casamentos, comparou-a à música dos soldados que vão à guerra. Crítico com o próprio país, dizia que as únicas boas coisas da Alemanha eram as salsichas e a cerveja. De ascendência judaica, de família de banqueiros, converteu-se ao cristianismo "para não ter que encontrar-se com os parentes judeus no outro mundo".

O AMOR QUE NÃO OUSA A DIZER SEU NOME
Identificando a homossexualidade, esta frase, muito citada, é um verso do poema "Dois amores", de autoria do lorde inglês Alfred Douglas (1870-1945), escritor de reconhecidos méritos que influenciou até mesmo o francês André Gibe (1869-1951), prêmio Nobel de literatura em 1947. O lorde foi um dos muitos jovens aristocratas britânicos a ter caso com o escritor inglês Oscar Wilde (1854-1900). Entretanto, quando se tratou de punir as práticas homossexuais de todos ele, o autor de O retrato de Dorian Gray e A alma do homem sob o socialismo, foi o único a ser condenado à prisão pelo amor que não ousava dizer seu nome, já que seus amados também não ousaram declarar-se.

O CINEMA NÃO TEM FUTURO COMERCIAL
Esta frase é de autoria de Auguste Lumière (1862-1954) que, juntamente com o irmão, Louis Limière (1864-1948), é tido como um dos inventores do cinema. Ele a teria pronunciado por ocasião da primeira projeção de um filme, ainda mudo, ocorrida em Paris, no dia 28 de dezembro de 1895. Os industriais inventores estavam enganados. O cinema tomou conta do mundo e hoje movimenta verdadeiras fortunas, a ponto de um filme apenas, O parque dos dinossauros, ter arrecadado um bilhão de dólares. Também os investimentos comerciais foram aumentando, e Waterworld, produzido em 1995, custou 150 milhões de dólares.

O CORAÇÃO TEM RAZÕES QUE A RAZÃO DESCONHECE
A história desta frase não poderia Ter origem mais paradoxal, pois foi proferida e escrita por um personagem que deu grande valor à ciência, o célebre matemático, físico, filósofo e escritor francês Blaise Pascal (1623-1662). Aos 16 anos já tinha escrito um ensaio científico e aos 18 inventou uma máquina de calcular, base de nossos atuais computadores. Depois que sua irmã Jacqueline entrou para um convento, Pascal retirou-se para a célebre localidade de Port-Royal-des-Champs, que deu nome a uma escola de língua francesa, escreveu sempre em estilo irrepreensível. A frase dá grande valor à intuição.

O ESCRITOR É IRMÃO DE CAIM E PRIMO DISTANTE DE ABEL
Esta frase, inspirada na história bíblica de Caim - filho mais velho de Adão e Eva, que matou o irmão Abel -, é o penúltimo haicai da série de 123 que constam de um folheto distribuído a algumas pessoas em 1993 pelo escritor curitibano Dalton Trevisan e posteriormente reunidos em livro publicado pela Editora Record com o título de Ah, é? Conciso, lacônico, avesso a entrevista, o ficcionista de reconhecido talento tem espelhado essa concepção amarga da literatura nos seus mais de 20 livros publicados, que lhe valeram prêmios e traduções para diversas línguas.

O ESTADO SOU EU
Esta frase é sempre citada como exemplo de personalismo de reis e presidentes. Foi pronunciada pela primeira vez por Luís XIV (1638-1715), rei da França, no dia 13 de abril de 1655, aos 17 anos, ao entrar no parlamento em trajes de caça. Advertido pelo presidente da Casa, respondeu: L’État c’est moi! (o Estado sou eu!). Voltou a pronunciá-la sempre que era contrariado por seus ministros e ainda mandou inseri-la num curso de Direito Público, feito especialmente para um de seus duques, acrescentando: "na França, a nação reside toda na pessoa do rei". O tempo mostrou o quanto o rei estava enganado. Na Revolução Francesa, não foi a França quem perdeu a cabeça.

O HOMEM PÕE, MAS DEUS DISPÕE
Esta frase, tão citada como provérbio, deve sua fama ao enorme sucesso do livro A imitação de Cristo, um best-seller que está na lista dos mais vendidos e, neste caso, também dos mais lidos, há vários séculos. Publicado pela primeira vez em 1441 e só perdendo em traduções para a Bíblia, é de autoria do escritor e asceta alemão Tomás de Kempis, que viveu no século XV. A frase significa que, por mais que o homem planeje meticulosamente sua vida, algo de imponderável pode acontecer e deve ser creditado à intervenção divina. Com o passar dos anos outras variações foram surgindo e uma das mais comuns, no Brasil, é Deus não joga, mas fiscaliza.

OLHO POR OLHO, DENTE POR DENTE
Esta frase, que consagra a vingança do preceito jurídico, está inscrita num dos 282 artigos do Código de Hamurabi (1792-175 a.C.), o criador do império Babilônico. Em 1901, arqueólogos franceses descobriram, em território hoje pertencente ao Irã, uma estrela cilíndrica de diorito onde está gravado este célebre conjunto de leis, um dos mais antigos que se tem notícia. Baseado na lei de talião, presente também num dos livros da Bíblia, o Levítico, prescreve para o transgressor pena igual ao crime que praticou. Ainda é aplicado em várias sociedades do Oriente.

O PIOR CEGO É O QUE NÃO QUER VER
Em 1647, em Nimes, na França, na universidade local, o doutor Vicent de Paul D`Argenrt fez o primeiro transplante de córnea em um aldeão de nome Angel. Foi um sucesso da medicina da época, menos para Angel, que assim que passou a enxergar ficou horrorizado com o mundo que via. Disse que o mundo que ele imagina era muito melhor. Pediu ao cirurgião que arrancasse seus olhos. O caso foi acabar no tribunal de Paris e no Vaticano. Angel ganhou a causa e entrou para a história como o cego que não quis ver.

O PODER É O AFRODISÍACO MAIS FORTE DO MUNDO
O Prêmio Nobel da Paz de 1973, Henry Alfred Kissinger (73), surpreendeu os jornalistas com esta frase que ficaria famosa, proferida em entrevista coletiva que tinha como assunto principal as negociações que levariam ao fim da guerra do Vietnã, nos anos 70. Responsável também pelo cessar-fogo de uma das muitas guerras travadas entre árabes e israelenses, Kissinger foi o secretário de Estado de 1973 a 1977 e um dos primeiros idealizadores das aproximações políticas dos Estados Unidos com a ex-União Soviética e a China. Atuando como um dos homens mais poderosos do mundo numa época marcada pela geração que proclamava ser melhor fazer o amor do que a guerra, apresentou, com esta frase, um outro mirante de desejo.

O POVO QUER PÃO E CIRCO
Segundo uma das sátiras do escritor latino Décimo Júnio Juvenal (60-140), a plebe romana só queria saber de pão e circo, sendo esta uma das razões do declínio do Império. Vários imperadores providenciaram o cumprimento desta máxima, entre os quais Lúcio Vero (130-169), que partilhava com o povo o gosto pelos esportes, principalmente os espetáculos de gladiadores, bem antes das perseguições que levaram os cristãos à maior arena do Ocidente para serem comidos por leões. A frase, retomada por autores de diversas épocas e países, consolidou-se como sinônimo de uma certa preguiça universal. Mas certamente este não é um ponto de vista popular, já que quem mais come, bebe e se diverte é a classe social privilegiada, tanto no capitalismo como no socialismo, haja vista a famosa nomenklatura soviética.

ORDEM E PROGRESSO
Esta frase, lema inscrito em nossa bandeira, é de autoria de Benjamim Constant, cujo nome completo é Benjamim Constant Botelho de Magalhães (1836-1891), militar e político brasileiro, um dos fundadores da República. Foi ele quem, inspirado nas idéias do fundador da sociologia, o positivista francês Auguste Comte (1798-1857), orientou o desenho da bandeira nacional. Engenheiro de formação e defensor da premissa de que a ordem é indispensável ao progresso, lutou na Guerra do Paraguai, onde foi o responsável pelas fortificações de Tuiuti. Foi ministro da Guerra do governo provisório e mais tarde da Instrução, onde travou sua melhor guerra, realizando uma reforma educacional de excelentes resultados em instituições que se tornaram famosas pela qualidade de ensino, como o Colégio Pedro II e a Escola Normal, ambos no Rio.

O REAL NÃO ESTÁ NEM NA SAÍDA NEM NA CHEGADA: ELE SE DISPÕE PARA A GENTE É NO MEIO DA TRAVESSIA
Eis uma frase que poderia ser inscrita na nova moeda brasileira, o real. É da autoria do grande escritor mineiro João Guimarães Rosa (1908-1967). Foi profecia pelo jagunço letrado Riobaldo no célebre Grande Sertão: veredas, publicado pela primeira vez em 1956 e levado à televisão com Bruna Lombardi no papel, misterioso e repleto de sutis complexidades, de Diadorim. Guimarães Rosa recomendava a quem já tinha lido o livro que não revelasse o grande segredo do romance, envolvendo Riobaldo e Diadorim, porque, como sugere a frase, no desfecho do romance é que os leitores entendem melhor algumas de suas passagem mais memoráveis.

O REI REINA, MAS NÃO GOVERNA
Esta frase e seu sentido estão muito bem estudados numa obra clássica do ensaísta brasileiro Raymundo Faoro (71), Os donos do poder: formação do patronato político brasileiro, que recebeu no ano de seu lançamento o prestigioso Prêmio J´se Veríssimo de Ensaio e Crítica da Academia Brasileira de Letras. A frase sintetiza a base das monarquias constitucionais. Válida para as outras cortes, no caso da portuguesa não poderia ser empregada, pois o rei reinava e governava, sendo chefe político, religioso e militar. Acima do rei e seu poder incontestável, estava apenas o papa. O papa, e não o clero. Um dos primeiros a proclamar esta frase foi o célebre político, historiador e depois presidente francês Adolphe Thiers (1797-1877).

OS ACIONISTAS SÃO OVELHAS OU TIGRES
Esta frase é de autoria do lendário banqueiro israelense Mayer Amschel Rothschild (1744-1812), fundador da casa de crédito que levaria seu nome. A família obteve muita fortuna com suas operações, especialmente com o financiamento de várias guerras européias. No final do século XIX, os Rothschild lideravam o ranking dos bancos, mas depois outras casas de créditos os superaram. A família distinguiu-se também na política, tendo vários membros barões do então poderoso império austríaco, além de um descendente deles ter sido o primeiro judeu a entrar para o parlamento britânico. A frase indica o comportamento dos acionistas diante de operações que dão lucro ou prejuízo.

OS ADULADORES SÃO OS PIORES INIMIGOS
A cada nova mudança no governo, surgem, inevitáveis, os aduladores, que se comprazem em lisonjear com o fim de obter recompensas que de outro modo não alcançariam, dada a ausência de méritos. Em todas as sociedades, os favores prestados a aduladores demonstraram ser perigosos àqueles que os concederam, beneficiando apenas aos puxa-sacos, que é como a linguagem popular, sem nenhum eufemismo, os denominou. A frase é do historiador latino Públio Cornélio Tácito (55-120), alertando as autoridades romanas contra esta praga universal. O mesmo pensamento foi expresso em outras palavras na Bíblia em textos de doutores de Igreja.

O SENHOR COMBINOU COM OS ADVERSÁRIOS?
Esta frase lendária entrou para o folclore do futebol como tendo sido dita por Garrincha (1933-1983) após ouvir a preleção do técnico Vicente Feola (1909-1975) sobre o esquema de jogo contra a então União Soviética na Copa de 1958. Garrincha, tido por simplório, mas um dos maiores jogadores de todos os tempos, fez uma pergunta que, por sua lógica absurda, desconcertou a todos. Segundo ele, do modo como o técnico explicava, para o esquema dar certo era indispensável a ajuda dos adversários. No primeiro minuto de jogo, Garrincha esqueceu os planos, driblou meio mundo e chutou na trave. Diante do carnaval que fez, a derrota por 2 a 0 saiu barata a URSS.

O SER HUMANO NÃO PODER SUPORTAR MUITA REALIDADE
A imprensa caracteriza-se por extremado realismo, tanto em jornais e revistas como no rádio e na televisão, como fez a literatura do século passado e até meados deste século. Entretanto, todas as pessoas têm necessidade de fantasia e para tanto a indústria cultural tem-se esforçado para atender a este anseio. A sétima arte, como é chamado o cinema, tem sido, entre todas as manifestações artísticas, a que mais se preocupou em fornecer fantasia ao público, com o intuito de atenuar a realidade, cada fez mais dura, da vida cotidiana. Em outros tempos este propósito teria sido acusado de alienante, mas os tempos modernos deram razão a esta famosa frase do escritor anglo-americano Thomas Stearns Eliot, mais conhecido como T.S. Eliot (1888-1965).

O SERTANEJO É, ANTES DE TUDO, UM FORTE
Esta frase, uma das mais repetidas da vida nacional, foi escrita pela primeira vez em O Estado de S. Paulo pelo engenheiro civil, professor de lógica e jornalista, Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha, que se tornaria escritor famoso justamente com as reportagens onde está esta frase, depois reunidas em livro sob o título de Os sertões, em 1902. Cobrindo a campanha de Canudos, o escritor captou e expressou com argúcia o sertão, o povo e sua famosa trágica luta. Soube ver a força dos fracos, escondida em aparências que indicavam, ao primeiro olhar, o cansaço e a fraqueza do sertanejo, que ele chamou de "Hércules-Quasímodo", desgracioso, desengonçado, torto. Mas, antes de tudo, um forte.

OS FINS JUSTIFICAM OS MEIOS
A idéia de que não importam que os meios sejam ilícitos quando os fins são nobres consolidou-se nesta frase, atribuída, entre outros, aos jesuítas e aos autores italianos Niccolò Machiavelli (1469-1527) e Francesco Guicciardini (1483-1540), dois filósofos que se preocuparam com o poder e a ética dos governantes, o último dos quais é autor das célebres Ricordi – em italiano, advertências, conselhos – somente agora traduzidas para o português com o título de Reflexões, mais de acordo com os temas do livro.

O SILÊNCIO É DE OURO
Esta frase já estava na boca de muitos povos quando o cineasta René Clair (1898-1981) a utilizou literalmente, no original francês, como título de um filme, Le silence est d’or, cujo tema é o cinema antigo, quando o som não era ainda utilizado. A aquisição da linguagem é etapa decisiva do desenvolvimento humano. Porém, tendo aprendido a falar, o homem precisa aprender também a calar, daí a razão da sabedoria desta frase, presente em muitas outras línguas, algumas dos quais acrescentam que a palavra é de prata. Saber calar e cultivar a discrição são recomendações tão antigas que já estão presentes também em famoso livro da Bíblia, o Eclesiastes. No Brasil, a variante popular é "em boca fechada não entra mosca".

OS NEGÓCIOS SÃO O DINHEIRO DOS OUTROS
Esta frase, tornada proverbial, aparece em A questão do dinheiro, comédia do escritor francês Alexandre Dumas Filho (1824-1895), também autor de A dama das camélias. É pronunciada na cena sete do segundo ato. A frase desagradou um importante banqueiro francês, que atacou o autor pelos jornais. O teatrólogo respondeu com ironia, também pela imprensa: "Quando quiser uma peça honesta, pedirei seus conselhos; quando você fizer uma operação bancária honesta, pedirei ações". Filho natural de Alexandre Dumas (1802-1870), suas obras obtiveram grande sucesso de público, mas algumas foram proibidas várias vezes. As do banqueiro, não.

O VIADUTO É A MENOR DISTÂNCIA ENTRE DOIS ENGARRAFAMENTOS
Frase do ex-prefeito de Curitiba e atual governador do Paraná, Jaime Lerner (59), já famosa, mas que se tornou ainda mais célebre depois de proferida na Conferência Internacional do Meio Ambiente, denominada Hábitat 2, realizada em junho de 1996, em Istambul, principal cidade da Turquia. O autor da frase imprimiu à cidade de que foi prefeito por muitos anos um projeto urbanístico marcado por eficiente rede viária para os transportes públicos, tornando-a cidade-modelo no mundo, segundo critérios adotados pela Unesco. Para substituir os viadutos, evitados pelo governador, são feitas propostas alternativas de trânsito, como as vias expressas e o ônibus conhecido como Ligeirinho, a grande vedete daquele evento internacional.

Fontes:
- Expressões e Suas Origens (Deonísio da Silva)
http://www.portrasdasletras.com.br/pdtl2/sub.php?op=curiosidades/docs/vempalavras1
- Expressões Populares - De onde sai isso? (André Batista)
http://www.portrasdasletras.com.br/pdtl2/sub.php?op=curiosidades/docs/expressoespopulares

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Sergio Antonio Meneghetti (Negro Consciente)



A cor da minha epiderme
Não retrata meu interior
Não importa o santo ou o verme
Todos somos filhos do Criador

A dor carrego dentro do peito
Mas deve ser dor de frustração
Por Deus o negro também foi feito
Por isso somos todos irmãos.

A escravidão do nosso corpo
Não deve escravizar o coração
O ignorante nos tira o conforto
Mas a alma viaja na imensidão.

Quem faz com o negro o desfeito
Não vê a lei da criação
O que vale e que tenho, é respeito.
E para este cego, eu dou o perdão.

Não sou 100% negro e nem 100% branco
Sou 100% parte deste universo
Tem uma coisa que me deixa triste num canto
Que na evolução, o racista trilha o caminho inverso.

Se a cor para uns é motivo de guerra
Pela paz eu vou ser insistente
Labutarei para melhora da Terra
Afinal, eu sou um negro consciente.

10/11/2006

Fonte:
e-mail enviado pelo autor

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Malba Tahan (Os Sete Sábios)



Na primeira noite depois do Ramadã, logo que chegamos ao palácio do califa fomos informados por um velho escriba, nosso companheiro de trabalho, que o soberano preparava estranha surpresa para o nosso amigo Beremiz.

Aguardava-se grave acontecimento. O calculista ia ser argüido, em audiência pública, por sete matemáticos de fama, três dos quais haviam chegado dias antes do Cairo.

Que fazer? Diante daquela ameaça procurei encorajar Beremiz, fazendo-lhe sentir que devia ter confiança absoluta em sua capacidade tantas vezes comprovada.

O calculista recordou-me um provérbio que ouvira de seu mestre Nô-Elin: "Quem não desconfia de si mesmo, não merece a confiança dos outros!".

Com pesada sombra de apreensões e tristeza entramos em palácio.

O grande e rutilante divã, profusamente iluminado, aparecia repleto de cortesãos e Xeques de renome.

À direita do califa achava-se o jovem príncipe Cluzir Schá, convidado de honra, que se fazia acompanhar de oito doutores hindus, ostentando roupagens vistosas de ouro e veludo e exibindo garbosos turbantes de Cachemira. À esquerda do trono perfilavam-se os vizires, os poetas, os cádis e os elementos de maior prestígio da alta sociedade de Bagdá. Sobre um estrado, onde se viam vários coxins de seda, achavam-se os sete sábios que iam interrogar o calculista. A um gesto do califa c Xeque Nuredin Barur tomou Beremiz pelo braço e conduziu-o, com Vida solenidade, até a uma espécie de tribuna erguida no centro do rico salão.

Um escravo negro agigantado fez soar três vezes pesado gongo de prata. Todos os turbantes se curvaram. Ia ter início a singular cerimônia.

Um imã tomou do livro Santo e leu, numa cadência invariável, proferindo lentamente as palavras, a prece do Alcorão:

- Em nome de Allah, Clemente e Misericordioso! Louvado seja o Onipotente, Criador de todos os mundos!
A misericórdia é em Deus o atributo supremo!
Nós Te adoramos, Senhor, e imploramos a Tua divina assistência!
Conduze-nos pelo caminho certo! Pelo caminho daqueles que são esclarecidos e abençoados por Ti!

Logo que a última palavra do imã se perdeu com o seu cortejo de ecos pelas galerias do palácio, o rei avançou dois ou três passos, parou e disse:

- Ualá! O nosso amigo e aliado, príncipe Cluzir-ehdin-Moubarec Schá, senhor de Laore e Deli, pediu-me que proporcionasse aos doutores de sua comitiva um ensejo de admirar a cultura e a habilidade do geômetra persa, secretário do vizir Ibraim Maluf. Seria desairoso deixar de atender a essa solicitação de nosso ilustre hóspede. E, assim, sete dos mais famosos ulemás do Islã vão propor ao calculista Beremiz questões que se relacionam com a ciência dos números. Se ele souber responder a todas as perguntas, receberá (assim o prometo) recompensa tal, que o fará um dos homens mais invejados de Bagdá.

Vimos, nesse momento, o poeta Iezid aproximar-se do califa.

- Comendador dos crentes! - disse o Xeque. - Tenho em meu poder um objeto que pertence ao calculista. Trata-se de um anel encontrado em minha casa por uma das escravas do "harém". Quero restituí-lo ao calculista antes de ser iniciada a importantíssima prova a que vai submeter-se. É possível que se trate de um talismã e eu não desejo privar o calculista nem mesmo do auxílio dos recursos sobrenaturais.

Permitiu o monarca que o anel fosse, no mesmo instante, entregue ao calculista.

Mostrou-se Beremiz profundamente emocionado ao receber a jóia. Apesar da distância em que me achava, pude notar que alguma coisa de muito grave ocorria naquele momento. Ao abrir a pequenina caixa os seus olhos brilhantes se umedeceram. Soube depois que, juntamente com o anel, a piedosa Telassim havia colocado um papel no qual Beremiz leu emocionado: "Ânimo. Confia em Deus. Rezo por ti". Estaria o Xeque Iezid a par dessa mensagem secreta?

Fez-se profundo silêncio. O sábio indicado para iniciar a argüição, ergueu-se. Era uma figura respeitável de octogenário. As longas barbas brancas caíam-lhe fartas sobre o peito largo.

- Quem é aquele ancião? - perguntei, em surdina, a um oculista de rosto magro e bronzeado que se achava ao meu lado.

- É o célebre Mohadebe Ibhague-Abner-Raman - respondeu-me. - Dizem que conhece mais de quinze mil livros sobre o Alcorão. Ensina Teologia e Retórica.

As palavras do sábio Mohadebe eram pronunciadas em tom estranho e surpreendente, sílaba por sílaba, como se o orador pusesse empenho em medir o som de sua própria voz:

- Vou interrogar-vos, ó calculista!, sobre assunto de indiscutível importância para a cultura de um muçulmano. Antes de estudar a ciência de um Euclides ou de um Pitágoras, deve o muçulmano conhecer profundamente o problema religioso, pois a vida não é concebível quando se projeta divorciada da Verdade e da Fé. Aquele que não se preocupa com o problema de sua existência futura, com a salvação de sua alma, e desconhece os preceitos de Deus, não merece o qualificativo de sábio. Quero, portanto, que nos apresenteis neste momento, sem a menor hesitação, quinze indicações numéricas certas e notáveis sobre o Alcorão, o livro de Allah!

Seguiu-se profundo silêncio. Aguardava-se com ansiedade a palavra de Beremiz. Com uma tranqüilidade que causava assombro, o jovem calculista respondeu:

- O Alcorão, ó sábio e venerável Mufti, compõe-se de 114 suratas, das quais 70 foram ditadas em Meca e 44 em Medina. Divide-se em 611 "ashrs" e contém 6236 versículos, dos quais 7 do primeiro capítulo "Fatihat" e 8 do último "Os homens". A surata maior é a segunda, que encerra 280 versículos. O Alcorão contém 46439 palavras e 323670 letras; cada uma das quais encerra dez virtudes especiais! O nosso livro sagrado cita o nome de 25 profetas! Isa (Jesus), filho de Maria, é citado 19 vezes! Há cinco animais cujos nomes foram tomados para epígrafes de cinco capítulos: a vaca, a abelha, a formiga, a aranha e o elefante. A surata 102 tem por título "A contestação dos números". É notável esse capítulo do Livro Sagrado pela advertência que dirige, em seus 5 versículos, àqueles que se preocupam com disputas estéreis sobre números que não têm importância alguma no progresso espiritual dos homens. Eis aí, para atender ao vosso pedido, as indicações numéricas tiradas do Livro de Allah! Houve, apenas, na resposta que acabo de formular, um engano que me apresso a confessar. Em vez de 15 relações citei 16!

Confirmou o sábio Mohadebe todas as indicações dadas pelo calculista; até o número de letras do Livro de Allah fora enunciado sem erro de uma unidade!

Fontes:
TAHAN, Malba. O Homem que Calculava. SP: Circulo do Livro, 1983.
Capa do Livro:
http://bibliaco.zip.net

Lendas Árabes (O Livro do Destino)



Certa vez — há muitos anos — quando de volta de Bagdá, aonde fora vender uma grande partida de peles e tapetes, encontrei num caravançará, (1) perto de Damasco, velho árabe de Hedjaz que me chamou de certo modo a atenção. Falava agitado com os mercadores e peregrinos, gesticulando e praguejando sem cessar; fumava constantemente uma mistura forte de fumo e haxixe e quando ouvia de um dos companheiros uma censura qualquer, exclamava, apertando entre as mãos, o turbante esfarrapado:

— Mac Allah! ó muçulmanos! (2) Eu já fui poderoso! Eu já tive o Destino nesta mão!

— É um pobre diabo — diziam. — Não regula bem do miolo! Allah que o proteja!

Eu, porém, - confesso — sentia irresistível atração pelo desconhecido do turbante esfarrapado. Procurei aproximar-me dele discretamente, falei-lhe várias vezes com brandura e ao fim de algumas horas já lhe havia captado inteiramente a confiança.

— Os homens da caravana me tomam por doido — ele me disse uma noite quando cavaqueamos a sós. Não querem acreditar que já tive nas mãos o destino da humanidade inteira. Sim, senhor: o destino do gênero humano!

Esbugalhei os olhos assombrado.
Aquela afirmação insistente de que havia sido senhor do Destino era característica do seu pobre estado de demência.

O desconhecido, porém, que parecia não perceber os meus sustos e desconfianças, continuou:

— Segundo ensina o Alcorão — o livro de Allah — a vida de todos nós está escrita — maktub! (3) no grande “Livro do Destino”. Cada homem tem lá a sua página com tudo o que de bom ou de mau lhe vai acontecer. Todos os fatos que ocorrem na terra, desde o cair de uma folha seca, até a morte de um califa, estão escritos — estão fatalmente escritos — no Livro do Destino!

E sem esperar que eu o interrogasse narrou-me o seguinte:

— Em viagem pelo deserto sonhei, certa vez, com um velho feiticeiro que ia ser enforcado. Esse feiticeiro, em sinal de gratidão, deu-me um talismã raríssimo que possuía. E essa pedra maravilhosa permitia a entrada livre na famosa Gruta da Fatalidade, onde se acha — pela vontade de Allah — o Livro do Destino. Viajei dois anos a fim de chegar à gruta encantada. Um djim (4) — gênio bondoso que estava de sentinela à porta — deixou-me entrar, avisando-me, porém, de que só poderia permanecer na gruta por espaço de poucos minutos. Era minha intenção alterar o que estava escrito na página da minha vida e fazer de mim um homem rico e feliz. Bastava acrescentar com a pena que eu já levava. — “Terá muito dinheiro!” Lembrei-me, porém, dos meus inimigos. Poderia, naquele momento, fazer grande mal a todos eles. Movido pela idéia única do ódio e da vingança, abri a página de Ali Ben-Homed, o mercador. Li o que ia acontecer a esse meu rival! e acrescentei em baixo, sem hesitar, cheio de rancor: — “Morrerá pobre, sofrendo os maiores tormentos!” Na página de Zalfah-el-Abarj escrevi, impiedoso, alterando-lhe a vida inteira: — “Perderá todos os haveres; ficará cego e morrerá de fome e sede no deserto!”

— E, assim, sem piedade, arrasei, feri, retalhei a todos os meus desafetos!

— E na tua vida? — indaguei curioso. — Que fizeste, ó muçulmano, na página em que estava escrita a tua própria existência?

— Ah! meu amigo! prosseguiu o desconhecido, cheio de mágoa. — Nada fiz em meu favor. Preocupado em fazer o mal aos outros, esqueci-me de fazer o bem a mim mesmo. Agi como um miserável. Semeei largamente o infortúnio e a dor, e não colhi a menor parcela de felicidade. Quando me lembrei de mim, quando pensei em tornar feliz a minha vida, estava terminado o meu tempo. Sem que eu esperasse, surgiu-me pela frente um efrite — gênio feroz — que me agarrou fortemente e, depois de arrancar-me das mãos o talismã, me atirou fora da gruta. Caí entre as pedras e com a violência do choque perdi os sentidos. Quando recuperei a razão, achei-me ferido e faminto, muito longe da gruta, junto a pequeno oásis do deserto de Omã. Sem o talismã precioso, nunca mais pude descobrir o tortuoso caminho da Gruta do Destino. E concluiu, entre suspiros, numa atitude de profundo e irremediável desalento:

— Perdi a única oportunidade que tive de ser rico e feliz!

Seria verdadeira essa estranha aventura? Até hoje ignoro. O certo é que o triste caso do velho árabe de Hedjaz encerrava grande e precioso ensinamento. Quantos homens há, no mundo, que preocupados em levar o mal a seus semelhantes, se esquecem do bem que poderiam fazer a si próprios...
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(1) Refúgio construido pelo govêrno ou por pessoas piedosas à beira do caminho para servir de abrigo aos peregrinos. Espécie de “rancho” e grandes dimensões em que se acolhiam as caravanas.
(2) Mac Allah — exclamaçâo usual enfre os árabes — Por Deus!!! ou ainda: “Exaltado seja Allah!”
Muçulmanos — nome derivado de mouslin “aquele que se resigna à vontade de Deu”. Os muçulmanos seguem a religião de Mafoma e são, atualmente, em número de 200 milhões aproximadamente
(3) Maktub! — (estava escrito!) — particípio passado do verbo catab (escrever). Expressão que bem traduz o fatalismo muçulmana
(4) Djins e efrites são gênios sobrenaturais cuja existência os grabes admitiam. Essa crendice só subsiste nas classes incultas. Os djins são benfazejos ao passo que os efrites se divertem com o mal que podem fazer às criaturas.
Fonte:
TAHAN, Malba. Céu de Allah. Rio de Janeiro: Ed. Conquista, 1960.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Lançamento do Livro "Entre Nós" de Regina Lyra

Fonte:
Douglas Lara. http://www.sorocaba.com.br/acontece

Regina Lyra (Leitura ao Acaso)

Leitura de Uma Carta = Alfredo Keil (1850-1907)
Interessante como as leituras que fazemos e a nossa vivência, interpretam a vida de forma relativa. O conhecimento maximiza a compreensão, mas para que compreender o que não tem explicação? Assim a vida moderna, procura sempre a atenção racional e eloqüente, as interpretações sintáticas, morfológicas, interpretativas do inútil. Explicações várias, compreensão nenhuma!

O ser humano tão cheio de relatividades e incompreensões, não pode ser taxado por um método qualquer de análise quantitativa ou mesmo qualitativa. O homem é mais profundo do que qualquer tentativa freudiana e de seus seguidores. Terapias, compreensão do ser? O homem é único, e diferente entre si. Nesta tentativa de entender o existencial é que colocamos algumas interrogações, sem a pretensão do conhecimento formal, mas da vivência, da experiência, da observação. Do conhecimento poético, da sabedoria, das leituras, dos contatos, sobretudo do amor!

Sentir-se criança... Talvez até imatura como a própria criança o é. Mas o que pensar? Fazer? Tudo é uma questão de silêncios e palavras? As palavras falam dos silêncios e os silêncios significam o que as palavras não dizem! Nesta tentativa existencial de compreender o que os silêncios significam, prefiro compreender o que as palavras dizem, nas linhas e entrelinhas, dos textos. Considero hoje, que são os silêncios das palavras, que estão nas entrelinhas do texto.

Mas, é bem melhor ler as palavras escritas e dirigidas com emoção a alguém especial. Aguardando o momento de sussurrá-las ao ouvido, e de senti-las sussurradas, embriagando o corpo e nutrindo a alma, com o sentimento do bem querer...

Talvez a compreensão do silêncio, do passar ao largo, sem cumprimento, tenha deixado uma mágoa no peito. O som não responde, a música não toca, o que houve? Nada funciona?

Compreender o incompreensível ser? Onde penetrar a alma do bem querer? Tudo é previsível, menos o olhar que não falou... As mãos que não se tocaram, o beijo que calou!

Palavras... Apenas palavras... Silêncios do nada!
––––––––––––––––––––––––––-
Fontes:
http://www.reginalyra.net/indexsala.htm

Regina Lyra (Poemas)


TENHO NOS OLHOS

Tenho nos olhos,
gravados na retina
mágoas,
passadas!

Levantada a cortina,
vi alegrias,
da infância!

Fechados olhos
percebi a felicidade...

Detonei as tristezas,
mágoas...
Tenho nos olhos
luminosidade,
presente!
==========
QUANDO A PORTA ABRIU

Quando a porta abriu,
pensei na mudança
que entraria...
Móveis, livros, discos,
velhas lembranças!

Os amores se foram,
velhos amigos também.
Vieram outros,
ocuparam espaços,
v
ã
o
s...

O desamor surgiu,
se foi.
Sem despedidas
saiu pela porta aberta,
aproveitou
a fresta,
fenda partida
s
u
m
i
u!
==============
NAS ÁGUAS TURVAS

Nas águas turvas da mente,
esqueceu de nadar,
buscou crianças,
que ensinasse a brincar!

No embarque do futuro
viu pássaros a voar!
Esses pássaros
eram folguedos,
crianças,
no quintal!

Nas águas turvas da mente,
lembrança se desfez,
saudade constante,
primeira vez!

Tornou-se presente,
nas águas turvas da mente,
amantes do coração...
Chorou-se em vão,
de
s
a
u
d
a
d
e...
=================
CIDADE DO INTERIOR

Cidade linda...
montanhas, arestas...
Festas, infindas!

Não posso entender
se acaso gostes,
brisa do mar,
montanha do interior...

A floresta que me faz amar...
Cidade que encanta,
macio levanta...
O ar e o mar...

Neste querer absurdo,
se amante ou se mudo,
mas fácil de encontrar...

Aguardo na minha mão...
teu
o
l
h
a
r...

Nesta cidade que ama,
alucina, reclama...

- Carinhos de
menina...
- Desejos de
mulher...
Esta cidade,
me quer...
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O MAR DOS TEUS OLHOS...

Revi no teu olhar silencioso,
um ar desiludido...
Entendi tuas palavras em silêncio,
escorreguei na fragrância do meu sorriso...

Meus olhos procuraram os teus olhos...
Tamanha alegria
estampada na face...

Apenas para alegrar-te,
afoguei no mar dos teus olhos,
todo meu olhar...
Libertei a solidão do teu olhar...
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HORAS PERDIDAS

Aquele dia...
onde a vida pregara peças trágicas
pela sua natureza sensível...

Tornaram todos
silentes de palavras,
próprias tristezas
devastadas...

Partiram-se elos,
perderam-se laços
foram encontrados,
espaços vazios...

Nem tudo causaria melancolia...
Por isto não vejo a hora da partida!
Como também do regresso disposto,
Amor sem desgosto.

Corações em chama,
- buscam sintonia do olhar...
Permitam a entrada do amor...
Não precisa de ingresso,
valores
- desatualizados...
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Regina Lyra (Dormir sonhando ou sonhando acordado?)

Dreams = John Anster Fitzgerald (1823 - 1906))
As horas agradáveis, os momentos de carinho, os dias intensos de companheirismo estarão guardados para sempre nas lembranças. Espera-se ficar junto, mas depressa do que se possa imaginar. Se for para felicidade, alento do espírito, alimento do corpo e da alma.

Com o carinho de quem passou por várias fases, e viu a face da tranqüilidade, do amor, da ternura, estampada na própria face. Em pequenos detalhes, às vezes insignificantes, para os olhos de outrem, e de uma profundidade imensa aos olhos amados.

Nada aconteceu de diferente do sonho, idealizado, tudo foi perfeito! Espera-se que assim também sinta...

O ato de dormir junto tem um efeito maior do que se pode imaginar. É a entrega dos silêncios, é a entrega do sono. É o tomar conta um do outro, num momento de total entrega... Dormir... Pensar nos momentos passados juntos, isto já basta!
Estão integrados os corpos! Um está no outro e sente-se estar complementando os desejos. No jogo das palavras, que o sentimento seja entendido, e profundamente sentido!

Além de tantas coisas, que têm pouca duração, mas intensidade inigualável. Possa dizer que o carinho e a força do querer, é infinitamente maior do que qualquer palavra... E as palavras são meros transmissores de sentimentos e de frustrações. A não ser que digam aquilo que se deseja ouvir. Mas como saber o que o outro quer ouvir? A não ser quando a frase é objetiva: Eu te amo!

Este encontro fez ver o outro mais palpável, deixou de ser um sonho e tornou-se uma agradável realidade. Tão agradável que o coração dispara só em pensar no que os namorados, amantes e amados, passam... Mesmo quando o silêncio é a maior das palavras. Mesmo quando o sono faz os corpos se tocarem. Mesmo quando assustamos com um sofrimento passageiro, ou uma dor intensa. Na verdade, as palavras fogem como se já não pudesse dizer, escrever, apenas sentir...

Não fora a possibilidade de conhecer o novo, quantos amores se perderiam nas sombras dos degraus, imitando uma pueril escada?

Por isto o encantamento com a poesia. Poetas cantam e reinventam a poesia, sem o alarde de ser dono, sem a obstinação de ser perfeito... Apenas com a vontade permanente de escrever poesias, de estilos, formas e alegria. Dores, tristezas e nostalgia. Assim é a poesia. Para que fazê-la cruel? Se, é ela, apenas ela, que encanta e alucina, seus leitores e fãs...

Fontes:
http://www.reginalyra.net/indexsala.htm
Pintura = http://libertinando.blogspot.com/

Regina Lyra



A autora nasceu na cidade de João Pessoa, capital do Estado da Paraíba, onde fez seus estudos de primeiro e segundo graus. As raízes da família estão plantadas na cidade de Areia. Pelo lado paterno Brito Lyra; pelo materno Leal e Almeida. Bacharelou-se pela Universidade Federal da Paraíba, no Curso de Administração.

Realizou Curso de Pós-Graduação pela Universidade Federal de Minas Gerais, defendeu sua dissertação de Mestrado, na Área de Administração de Recursos Humanos pela Universidade Federal da Paraíba. Sua vida profissional tem sido dedicada ao magistério na Universidade, tanto no curso de graduação como na pós-graduação, desenvolveu em seusalunos o espírito crítico e analítico. Além da necessidade de escrever artigos e publicá-los em revistas especializadas ou em anais de encontros nacionais e internacionais, tanto de pós-graduação como de graduação.

Além de ter exercido alguns cargos na Administração Universitária, tais como: Chefe e Sub-Chefe do Departamento de Administração; Assessora de Extensão do Centro de Ciências Sociais Aplicadas, onde desenvolveu alguns projetos e escreveu alguns artigos acadêmicos. Assessora de Extensão do Departamento de Administração, onde desenvolveu vários seminários, foruns, encontros acadêmicos, ciclo de palestras, etc. Também foi Vice-Diretora do Centro de Ciências Sociais Aplicadas, por um período de quatro anos. Além da dedicação ao magistério, exerceu o cargo de Coordenadora do Curso de Administração.

Coordenou também projetos de pesquisa aprovados pela UFPB. e CNPq. orientando estudantes para serem pesquisadores, como também no nível de monitoria. Portanto, alem da dedicação à docência escreveu textos ligados à área de administração e a questões mais amplas da área acadêmica como a pesquisa, o ensino e a extensão.

Desde criança demonstrou o interesse pela leitura, o mundo de Monteiro Lobato a fascinava. Também desenvolveu o gosto pela poesia. A poética de Vinícius de Moraes, Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Fernando Pessoa e Pablo Neruda, foram sua primeiras leituras.

Sempre teve facilidade de colocar no papel os seus sentimentos, fossem de dor, carinho, protesto ou amor. A percepção do sentir fazia com que descrevesse poeticamente o cotidiano. A sensibilidade lhe aflora a pele, faz da caneta sua grande companheira, e a folha sem vida, toma a dinâmica que transforma a letra morta em poesia. Faz parte do seu EU colocar no papel o seu sentimento e o sentimento que observa nos outros e na sociedade. A leitura do cotidiano também lhe encanta e lhe faz escrever poemas.

Em 1998, incentivada por poetas, críticos, familiares e amigos, conhecedores do seu trabalho, publicou o seu primeiro livro: O Livro das Emoções, trabalhos de uma vida inteira, pois desde a adolescência já escrevia poesias. O livro foi bem aceito pelos públicos e críticos paraibanos. Seu prefaciador, Luiz Augusto Crispim, afirmou: "O que me impressionou nesta coletânea O Livro das Emoções foi a inteireza, a unidade que acabou prevalecendo em suas páginas, como se durante a vida inteira, vivendo intensamente, Regina Lyra aos poucos se advertisse da seqüência que os seus poemas deveriam possuir, à medida que simplesmente vivia."

Sérgio de Castro Pinto, escreveu na orelha do Livro das Emoções, e afirmou: "Há quem parta do princípio de que a distância entre à flor da pele e a folha de papel somente pode ser vencida pela linguagem. Outros, no entanto, tentam fertilizar o solo estéril do cotidiano abrindo as comportas dos sentimentos. É o caso de Regina Lyra, para quem as palavras parecem ser uma espécie de cordão umbilical atando-a firmemente à fugacidade da vida."

Em 2000, publicou Sonhos & Fantasias, Tobias Pinheiro em carta dirigida a autora diz que: "Salta, como num passe de mágica, entre Sonhos & Fantasias, o seu manancial de pedras preciosas, os seus inspirados poemas, que nos levam às montanhas e às planícies, com a felicidade da descoberta de novos horizontes. Até o sumário pode ser considerado, para garimpeiro descuidado, uma fonte de poesia. Parabéns à Paraíba que exibe seus valores culturais e tem uma poetisa de tão amplos recursos para nos arrancar do torvelinho das realidades para o país dos sonhos, com as estrelas ao alcance de nossas mãos."

Ascendino Leite, prefaciando Sonhos & Fantasias, afirmou que "A gente pensa que é só abrir uma porta na fachada da mente e já se estar nas proximidades da poesia. O problema não é este. A poesia não se dispõe como objeto para se acomodar em algum escrínio; que é ela que aparece e fica na direção em que possa dizer que os olhos são dela e, ainda no seu domínio, jogar em nossa percepção os seus ricos mas invisíveis modos de aliciar-nos à sedução dos seus mistérios. ... Foi vencendo essas táticas mas para estar presente nela que cheguei ao topo da arte poética da autora deste livro revelador de tantas mágicas como o doce envolvente semblante das moedas de Sísifo.

Só os que desanimam no caminho perdem a vista do alto das montanhas e se deixam entregar à embriaguez do vocabulário que lhes foi imposto para brilhar no teatro dos desatendidos de invenções. Quer-se dizer, de poesia. Contentam-se com o mínimo, até com meias palavras. Alcançando o que se propôs, a que se dedicou com persistente carinho e amorosidade, Regina Lyra tomou nota do seu Sonho e tornou manifesta sua Fantasia lírica. É na verdade o que importa, o que acabou tomando forma, somando as coisas e as palavras, os sentimentos, as sensações. Para mim como prefaciador, não foi numa só vez que o visitei, porém só agora é que me dei conta o fascínio miraculoso da compreensão poética em todo o seu latejar inventivo e metafísico
."

No livro, Caracóis na praia, jornal literário de Ascendino Leite, publicado pela ed. Idéia, 2001, ele traça comentários sobre a poesia de Regina Lyra, em um dos seus textos, afirmando que "A poesia de Regina me comprometeu com muitos dos seus mistérios do gênero, e me inspirou algumas reflexões em torno, precisamente, da abundância com que se apresenta na nossa história literária contemporânea.

Já disse em alguma parte, que bom mesmo não é fazer poesia; bom mesmo é senti-la, sabendo que ela, para ser bem expressa e comunicar-se, deve passar primeiramente pelo nosso coração. Se, de repente, aflora no jardim dos carecidos do seu enlevo, a poesia logo se transforma em força angélica e planta, no universo social, os provedores emblemáticos da sua irradiação e do seu prestígio, isto é, os poetas
.

Regina Lyra achou de ser diferente da maioria deles; desse tipo de versejadores, desses poetas. Desprezou os artifícios com os quais hoje se pretende chegar ao romantismo versificado.

Ela não faz poema sujo.

Ela não sabe o que é isso.

Ela é o que não são os outros porque não sabem sentir o que ela sente. No fundo é a sentimentalidade da criação que ela pretende fixar. Na verdade fez poesia. Quase diria, fez Amor. Tal o de que nos dão notícias as ingênuas cartas idílicas dos amantes do passado, dos namorados do presente
". ( Leite, 2001, p.98).

Siqueira (2003, p.18), prefaciando o livro Insensatas Palavras, afirma que: "Regina Lyra não necessita de acenos de boas vindas. Ela escreve o que vive no cotidiano, com a ternura de quem acredita que a felicidade não é um ponto perdido na memória. E nem pede passagem, porque caminha sem medo pelas próprias emoções, despindo-as, desvendando-as, transmutando-as em versos".

Mais adiante ele diz que: "A palavra é apenas um dos instrumentos de expressão que pode dar asas ao poema. Talvez por isso, para Mário Quintana, ´a poesia se resume na procura da poesia`. Regina Lyra, quando escreve poemas como BANQUETE, muito mais do que expressar os seus sentimentos, está buscando sua melhor utopia".

Tobias Pinheiro em carta endereçada a autora (24/06/03), afirma que: " Regina Lyra nasceu predestinada, com o destino de servir, como a roseira que ajuda as abelhas dando-lhes mel e perfumando ambientes com sua pétalas, mas não se afasta dos espinhos, morre com eles. (...) "Tenho a lhe prevenir, minha irmã de sonho, que prossiga na doce missão de sonhar, porque o sonho é o maior bem da terra. E perdoar aqueles que não podem compreender um poeta que sonha num mundo cheio de injustiça e de dolorosas decepções. E tenha a certeza de que um dia o mundo inteiro pertencerá aos sonhadores como Regina Lyra, a professorinha com missão de ensinar exibindo um sorriso doce e de levar à posteridade as suas emoções e sonhos cheios de fantasia".

Ivan Junqueira escreve a respeito do livro Insensatas Palavras, faz a seguinte observação: Muito grato por suas ", Insensatas Palavras", por essa doação, em versos, de uma alma que busca o "encontro com o espasmo" e de um corpo que chora no "delírio do orgasmo". Sua poesia é tensa, corajosa e perturbadora. Que Deus a conserve"...

Marco Lucchesi em correspondência dirigida a Regina Lyra, em novembro de 2004, afirma: "A concisão, Regina, de seus versos e a intensidade com que emergem, aproxima do seu modo de ver o mundo e de sua conseqüente poesia".

Sua obra traz como característica a procura persistente pelo contexto poético, pela leitura do seu tempo. Contém uma temática voltada para uma poesia lírica, sem deixar de trabalhar outros temas. Sua busca incansável dos seus eus permeia diversidades de espaços. Assim, sua obra transcende a área geográfica do seu Estado, conquistando leitores e admiradores nas grandes cidades do País. Regina Lyra constrói poemas com uma linguagem contemporânea, de seu tempo, de sua história. Este é um dos papéis da sua arte. Com um grito amoroso de protesto social, busca o comprometimento com seu povo e a análise crítica do mundo.

Participou ao longo desses 10 anos de várias Bienais: em São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco, Maceió. Festivais de poesia, FLIP em Paraty, entre outros tantos encontros de poesia. Reynaldo Valinho Alvarez a chamou: REGINA LYRA, FORÇA DA NATUREZA. Afirma: "Muita gente já foi comparada a um vulcão, pela capacidade explosiva de fazer coisas ou pela energia com que se atira à vida e suas peripécias. Regina Lyra também merece essa comparação, no que se refere à busca incansável de sua afirmação no território das letras".[...]

Em Tempo de Encanto, Ricardo Alfaya, enfatiza que "conhecendo três outros livros da Autora e mais os trabalhos que se acham em exposição no seu site, na Internet, atrevo-me a dizer que neste Regina resume simbolicamente sua busca atual como pessoa e como poeta. É uma obra delicada e que nos propõe sentimento, reflexão e harmonia. Regina, sem ufanismo ou otimismo inconseqüentes, celebra esses valores ao longo das encantadoras páginas deste livro".

Edir Meirelles ainda afirma, que: Regina Lyra é "uma alquimista do versejar de qualidade. Na alquimia da vida, na intensidade dos raros perfumes literários, na mistura dos feromônios X & Y é capaz de transformá-los no melhor afrodisíaco jamais inventado".

Continua Edir Meirelles: Tempo de Encanto é "nada mais, nada menos que um livro de poesia impregnado de sinfonia musical – daqueles concertos raramente audíveis nos tempos modernos. É ler e conferir"!
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Livros:
O livro das Emoções, 1998.
Sonhos & Fantasias, 2000.
Insensatas Palavras, 2003.
Tempo de Encanto, 2004.
Atos em Arte, 2006
Entre_Nós, 2008.

Participação em Antologias:
Talento Feminino em Prosa e Verso, vol. I, 2002
Coleção Prosa e Verso vol. 2, 2003
Tempo de Poesia, 2003
Talento Feminino em Prosa e Verso, vol. II, 2004
I Antologia Portal do CEN, 2004
Roda Mundo, Roda Gigante, 2004
Antologia Internacional VMD, 2004
Presente de Natal em Prosa & Verso, 2004
Roda Mundo, 2005
Terra Latina, 2005
O Amor que move o Sol e outras Estrelas, 2005
Canto Novo, 2006
Antologia dos Escritores Brasileiros, 2006
Roda Mundo, 2006
Talento Delas, 2007
Roda Mundo, 2007
Antologia Poetrix 2 (Movimento de Poetrix Internacional), 2007
O Talento Brasileiro em Prosa e Verso, 2008

Publicações em jornais:
Correio das Artes, (João Pessoa - PB).
Na coluna de Lítero Cutural, Porto Velho-RO.
Escreve em vários sites literários.

Fontes:
http://www.reginalyra.net/autora1.htm
http://www.rebra.org
Douglas Lara.
http://www.sorocaba.com.br/acontece

domingo, 16 de novembro de 2008

Revelando o Artista da Cultura nos Bastidores da Expo-Literária de Sorocaba

Secretario da Cultura de Sorocaba, Anderson Santos e
Ziraldo, na Expo-Literária
A segunda edição da Expo-Literária, realizada na cidade de Sorocaba, encerrou-se com a presença do escritor Ziraldo, que falou sobre o tema "Ler é mais importante que estudar", palestra esta, que teve a interpretação simultânea do português para Libras (linguagem dos sinais). Além de Ziraldo, muitos nomes se destacaram, como Mário Prata, Gabriel Pensador, Arnaldo Antunes, Fabrício Carpinejar, além da participação, não menos importante, de vários escritores sorocabanos que expuseram seus trabalhos e comentaram com o público o processo de criação de suas obras.

O evento contou com três tendas (Machado de Assis, Dom Casmurro e Iaiá Garcia), espaços para exibição de filmes e shows, assim como a Biblioteca Municipal que expôs as novidades literárias, permitindo que o público interagisse com os autores convidados.

Milhares de pessoas oriundas não só de Sorocaba e região, mas também de diversas partes do Brasil e mesmo do Exterior estiveram presentes neste acontecimento que eleva o prestígio cultural da cidade de Sorocaba.

Mas, a verdadeira cabeça atrás deste sucesso se deve a Anderson Santos que batalhou pela realização deste evento cultural.

"Foram meses e meses de trabalho das secretarias da Cultura e da Educação para realizar um evento desse tamanho e que deve receber a visita de mais de 6 mil pessoas até o seu final, entre crianças, jovens e adultos, incluindo os moradores da região" - informou Anderson Santos.

Mas, quem é Anderson Santos?

Anderson, advogado, jornalista e radialista, foi Assessor da Secretaria de Cidadania, e desde 2006 ocupa o cargo de Secretario da Cultura da Prefeitura Municipal de Sorocaba, substituindo Marcelo Sodré.

Ao assumir o cargo, afirmou que pretendia fazer uma gestão em parceria com a classe artística e cultural da cidade, ouvindo seus anseios e abrindo espaço para sugestões de projetos. Ele também quer dar mais atenção aos bairros e disse que tem interesse em realizar a tão aguardada Conferência Municipal de Cultura

Desde que assumiu a Secretaria, ele vem realizando e prestigiando diversos eventos culturais, além do mencionado acima:

- No início da primavera (em setembro), foi realizada a Comemoração ao Dia Mundial do Turismo, com diversos eventos que ocorreram no campus da UFSCar, em Sorocaba, no Teatro Municipal Teotônio Vilela, no Parque Carlos Alberto de Souza, no Parque Kasato Maru e no Parque da Biquinha.

- Aniversário da Casa do Escritor da Região de Sorocaba (CERES), no Sorocaba Club, em outubro.

- Em conjunto com a Secretaria da Comunicação (Secom), oferecer aos sorocabanos, gratuitamente, um local que exiba filmes que não estão nos circuitos comerciais de cinema da cidade. Tal iniciativa se dará no dia 10 de dezembro, na Usina Cultural Ettore Marangoni, com o longa-metragem "Adeus, Lênin".

Devemos nos curvar diante da iniciativa, esforço e dedicação de Anderson ao liderar a Secretaria da Cultura. Um exemplo a ser seguido por secretários, organizadores, diretores, etc., que desejam elevar e mostrar a alta qualidade de nossa cultura e nossa gente.

Em Sorocaba, a Cultura tem nome e é: ANDERSON SANTOS!!!

Fonte:
Douglas Lara. http://www.sorocaba.com.br/acontece