sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Membro fundador da Academia é o mais novo Patrono do Instituto Histórico de Sorocaba



Membro fundador da Academia é o mais novo Patrono do Instituto Histórico. Membro Efetivo Fundador da Academia Sorocabana de Letras e seu ex-Presidente, o escritor Armando Oliveira Lima foi escolhido pelo novo integrante do quadro de Sócios Efetivos do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Sorocaba, advogado Anderson Santos, como seu Patrono naquele silogeu.

Nascido em Sorocaba, em 30 de outubro de 1934, Armando Oliveira Lima é funcionário público aposentado da Justiça do Trabalho.

Licenciado em Filosofia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Sorocaba, exerceu o magistério superior na Faculdade de Comunicação Social de Itapetininga (FKB) e na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Tatuí.

Membro da Associação Sorocabana de Imprensa, foi um dos 14 membros efetivos fundadores da Academia Sorocabana de Letras e seu presidente no biênio 1993/1995. Coincidentemente, presidiu o Conselho Municipal de Cultura.

No período, a Academia co-editou, com o Conselho Municipal de Cultura, o Fundo de Assistência à Cultura e à Educação (Faced) e a OSE, vários opúsculos, entre os quais Tudo começou na Escola Profissional, de Afonso Celso de Oliveira (1995), Estórias populares de São Paulo (Piracicaba – Sorocaba – Botucatu), de Waldemar Iglésias Fernandes, com prefácio de Hernâni Donato (1994) e Sorocaba, urgente! (1995), de Valter Luiz da Silva.

Armando Oliveira Lima presidiu o Gabinete de Leitura Sorocabano (1979/1981), numa das mais dinâmicas gestões da centenária instituição cultural. Na ocasião, coordenou, juntamente com o advogado Antônio R. Figueiredo e o jornalista Geraldo Bonadio, a “Semana das Liberdades”, promovida conjuntamente pelo Gabinete, Associação Sorocabana de Imprensa e Associação dos Advogados de Sorocaba que trouxe a Sorocaba personalidades como Fernando Moraes, Gianfrancesco Guarnieri, Hélio Bicudo e Fernando Henrique Cardoso.

É consultor do Núcleo de Cultura Afro-Brasileira, da Universidade de Sorocaba.

Colaborador assíduo da imprensa sorocabana foi durante vários anos cronista do Diário de Sorocaba.

Teve ativa participação no teatro amador sorocabano, como autor de várias peças, entre as quais “Espoletildo”; co-fundador do Teatro dos Três e presidente da Federação de Teatro Amador da Baixa Sorocabana (FETABAS).

Foi fundador e coordenador da Elu (Editora Literatura Universal), o mais bem sucedido clube do livro do mês de nossa cidade. Como editor, deu ênfase à publicação, por aquela casa, de autores sorocabanos como Messias P. de Paula (Histórias de 2000 anos) e Benedito Walter Marinho Martins (Praia da Banana), que obtiveram grande sucesso editorial. Em 1972, quando do Sesquicentenário da Independência, coordenou e foi um dos autores de A Luta pela Independência, também publica do por aquela casa editora.

Como escritor, publicou o livro de poemas Pés no chão (Elu, 1973); os opúsculos Ave, Cristo (1982); Pesquisa escolar (OSE, 1982), Emília no mundo dos livros (OSE, 1982) e Impróprios culturais (Academia Sorocabana de Letras, 1997).

É autor dos artigos “Escravidão na história e na literatura brasileira” (v. 9/1, 1983) e “Do espírito universitário” (v. 16/1, 1990), publicados na Revista de Estudos Universitários, da Uniso.

Atualmente preside o Instituto Darcy Ribeiro, de Sorocaba, que tem homenageado anualmente personalidades culturais importantes da cidade e da região.

Criou e organizadou do concurso de poesia “Depoesia” de Sorocaba que, sob sua direção, vem tendo edições anuais regulares.

Foi também co-fundador da Academia Sorocabana de Música e, por curto período, patrono, por eleição direta, do Centro Acadêmico da Faculdade de Filosofia de Sorocaba.

Foi co-fundador do MUE – Movimento Universitário Espírita e da Revista “A Fagulha”. Nessa época foi difusor do espiritismo, proferindo palestras e escrevendo artigos sobre o tema.

Recebeu da Câmara Municipal o título de Cidadão Emérito, a ele outorgado por indicação do saudoso vereador Horácio Blazeck.

Fonte
artigo de Geraldo Bonadio para Acontece em Sorocaba

Armando Oliveira Lima (Tropeiro Véio)



Na margem esquerda do rio Sorocaba, pertinho da ponte Nova, ali nos Pinheiros, moravam nhô Madô e nhá Carlota. Ele, tropeiro velho e aposentado e ela, mãe de muitos filhos, dona de casa, boa cozinheira.

Nhô Madô, apesar de não mais trabalhar com tropa, não tinha parado com os costu­mes das tropeadas. Quase todo dia encilhava seu burro bem cedinho, atravessava a ponte Nova, e nhá Carlota ficava na janela espiando o velho montado no burrico, sumir por detrás dos grandes tambores da Alcoléa. No alforje levava alguma velharia que, atraísse algum compadre interessado em fazer alguma 'breganha'.

Pois é, a barganha é a herança que o tropeirismo le­gou a Sorocaba, basta ver que esse costume é mais evidente nas cidades da rota dos tropeiros.

Era breganhado com alguma coisa que, por sua vez, era breganhada com outra.

Nhô Madô era um “breganheiro incorrigível” . Tudo o que lhe caía nas mãos era breganhado com alguma coisa que, por sua. vez, era breganhada com outra.

Assim, passaram por suas mãos partidas de batata, sacos de arroz, cebola, relógios, bombardino, botas, gaiolas, com e sem passarinhos, etc...

Todas essas breganhas traziam uma alegria momentânea à nhá Carlota: era uma chaleira, uma vassoura caipira, uma ratoeira... Mas tudo tinha seu dia de chegada e seu dia de partida. Nada esquentava lugar... Até mesmo o gramofone, que animou baile de casamento de uma de suas filhas, teve sua despedida.

Nhá Carlota disse, então, ao nhô Madô, quando da 'transferência' do gramofone:

- Intão num vô vê mais a Patativa?

Indiferente, nha Madô levou o gramofone e os discos do Vicente Celestino, tudo em cima do Pingo.

Pingo era o nome do burrinho de estimação de nha Madô. Muitas coisas Nhô Madô tinha breganhado: muitos cavalos, muitas vacas, burros, mas a velha calçado tropeiro e o burrinho Pingo continuavam com ele, resistindo, até que porque Madô não era homem de voltar sem calças para calça. Além do mais, cada vez que saía, Madô ouvia de Nhá Carlota :

- Nhô! Pode breganhá o que quisé, menos o Pingo!

Nhá Carlota, afinal, tinha seus motivos. Pingo era um animal tão dócil que até ela conseguia atrelar o bichinho numa charretinha feita só para ele e, sem muitas dificuldades, ia até a Campos Sales buscar alfafa pras vaquinhas e, às vezes, até se aventurava em ir nos Rosas buscar milho para as galinhas.

Naquela manhã de inverno, nhô Madô, como de costume, tomou seu cafezinho na beira do fogão, apanhou uma pata botadeira e partiu, com o Pingo escorregando no barro, não sem antes ouvir, como sempre, de Nhá Carlota :

-O Pingo não!

E lá vai ela cumprir seus afazeres domésticos durante o dia todo. À tardinha quando o sol já começa a ser no horizonte,pintando o céu daquele avermelhado de todos os dias, nhá carlota começa a demonstrar uma dosezinha de preocupação.

- Por que será que o véio tá demorando?...

Já de há muito não se sentia o cheirinho de feijão se espalhando pela casa. Nhá Carlota se dirige à cachoeira de onde pode ver as duas bandas do rio e nada...Nem sombra do Nhô!

Quase à noitinha, o sol se despedindo pra dar lugar à lua, aparece nhô Madô, com uma espingarda nas mãos, uma gaiola com um avinhado e a sela do burrico nas costas. Antes que Nhá Carlota possa fazer qualquer coisa, ele vai dizendo :

- É ...o Pingo já foi...

Fonte:
http://sorocult.com/el/colunistas/arm/tv.htm
Pintura = http://www.klepsidra.net/

Rita Rosa Bertelli (A Herança de nossas vidas)



Próximo das comemorações dos 400 anos de Itu, a cidade ganha um livro que conta a história de uma família ituana desconhecida. É justamente esta a riqueza da obra: falar de pessoas que não são celebridades: seus hábitos, costumes, crendices e até preconceitos de ituanos, alguns do sítio e outros da cidade. São alegrias e discórdias entre as personagens da própria família, dificuldades, coragem e fraqueza; enfim, o dia-a-dia de ituanos comuns. O livro descreve situações dramáticas e engraçadas, conservando a linguagem regional.

"A Herança de nossas vidas" é de autoria de Rita Rosa Bertelli, ituana que morou muitos anos na Vila Ianni e retrata em sua obra passagens que ocorreram em seu bairro, com fatos verídicos e alguns traços autobiográficos.

No mesmo dia será aberta a Exposição "Mãe Natureza", da própria autora do livro, que também é artista plástica e professora de Artes da rede pública de ensino. O evento contará ainda com a apresentação dos músicos Bruna Barbosa, Roni Rosa e Douglas Gimenez.

O lançamento será no dia 13 de dezembro, às 19 horas, na Biblioteca Comunitária Prof. Waldir de Souza Lima, que fica à Rua Floriano Peixoto, 238 – Centro – Itu/SP. Para mais informações e reserva de livros, ligue (11) 7599-7848 ou envie e-mail para bibliotecacomunitariaitu@gmail.com . A entrada para o evento é gratuita.

SERVIÇO
Lançamento do livro "A Herança de Nossas Vidas", de Rita Rosa Bertelli
Abertura da exposição "Mãe Natureza", de Rita Rosa Bertelli
Quando: 13 de dezembro de 2008, às 19 horas
Quanto: entrada gratuita
Local: Biblioteca Comunitária Prof. Waldir de Souza Lima
Rua Floriano Peixoto, 238 – Centro – Itu/SP
Contato: (11) 7599-7848 (Nathalia) / (11) 8445-6122 (Renato)
E-mail: bibliotecacomunitariaitu@gmail.com
Blog: http://bibliotecacomunitaria.wordpress.com

Fonte:
Colaboração da Biblioteca Comunitária Prof. Waldir de Souza Lima

Sandra M. Júlio (Você tem o dom de brincar com o meu coração... )


Você tem o dom de brincar com o meu coração...

Não sabe quão tolo ele é, acredita nas rimas dos seus versos, e passeia sereno por doces lembranças, lascivas ondas beijando areias de solidão...

Apesar da distância, o magnetismo do seu olhar entreabre devaneios, quimeras que não me pertencem, porém encobrem o perfume da minha nudez.

Quando as entrelinhas dos seus poemas florescem sonhos, acredito meus, seus desejos. Então acendem-se fantasias onde me faço princesa d'um conto sem final.

Neste compasso pulsa sua ausência, caminha entre os ecos do seu olhar e da ilusão, onde deságuo órfãos versos que negam a verdade de só a você pertencer.

É, você tem o dom de brincar com meu coração...

Quando seu profano olhar entreabre os lábios do tempo para pousar em reticentes sonhos, derrama a noite no veludo da memória seu abraço, iluminando hesitantes e tímidas estrelas.

Num ritmo de saudade e espera, à mercê das horas, pulsa solitário e triste este inquieto coração ouvindo no grito do silêncio, palavras nunca ditas mas que, no sereno desvario da noite ecoa em minh'alma seu nome.

Fonte:
Colaboração de Douglas Lara.
http://www.sorocaba.com.br/acontece

Fábio Pestana Ramos (Por mares nunca dantes navegados)

A árdua conquista dos mares. Há mais de quinhentos anos, os portugueses iniciaram um processo que mudaria a face do mundo: lançaram-se à empreitada marítima. A coragem de desbravar e encontrar novas rotas era marca dos aventureiros portugueses, que se lan

A árdua conquista dos mares. Há mais de quinhentos anos, os portugueses iniciaram um processo que mudaria a face do mundo: lançaram-se à empreitada marítima. A coragem de desbravar e encontrar novas rotas era marca dos aventureiros portugueses, que se lançaram em águas tão inóspitas quanto as terras que descobriram nos séculos XV, XVI e XVII. A Editora Contexto iça as velas da história e apresenta o livro Por mares nunca dantes navegados: a aventura dos Descobrimentos, escrito pelo historiador Fábio Pestana Ramos. Ele leva o leitor a uma fantástica viagem pelos oceanos, a bordo de naus e caravelas, passeando ao lado de passageiros e marujos, prostitutas e religiosos, oficiais e degredados, comerciantes e escravos. Portanto, Ramos buscou documentação manuscrita inédita, coletada nos arquivos portugueses.

O que os motivava? Como era o cotidiano a bordo? O que encontraram no trajeto? Chegariam? Realizariam seus sonhos? Em Por mares nunca dantes navegados, o leitor acompanhará os dramas pessoais e coletivos da gente embarcada nos navios lusitanos, no tempo dos Descobrimentos e das Grandes Navegações. Conhecerá as ambições de Portugal e dos portugueses, explicadas dentro do contexto da época.

O inferno podia se instalar durante tempestades, calmarias e naufrágios. Mas o inferno também podia se instalar dentro das embarcações. O 'marinheiro' convidado a ler esse livro sentirá na pele, dos outros, as privações, os perigos e os invariáveis conflitos sociais enfrentados em alto mar. As doenças, provindas da falta de higiene e a alimentação, quase sempre insuficiente para todo o trajeto, eram constantes. Mulheres e crianças embarcadas muitas vezes não escapavam da 'sede' dos marujos, já que violações eram práticas comuns. As leis da terra não eram empregadas no mar. Os oficias faziam vistas grossas para os abusos, isso quando não participavam deles.

E se a travessia marítima não era fácil, o desembarque, na África, na Ásia ou na América, também podia reservar surpresas e situações perigosas. Deparando-se com realidades totalmente diversas da vivida no Velho Mundo, esses viajantes tornaram-se os principais protagonistas de encontros e desencontros culturais, violências e conflitos com nativos, em cenários de destruição, exploração e extermínio. E ao mesmo tempo em que foram desenvolvidas relações comerciais, surgiram povoados e cidades, e a paisagem foi modificada.

A paisagem brasileira começou a ser modificada oficialmente em 1500, mas hoje quase ninguém contesta a presença portuguesa antes dessa data. Entre os navegadores Bartolomeu Dias (1488) e Vasco da Gama (1497) existem diversas possibilidades de um possível Descobrimento ou 'achamento' como preferem alguns, que só não foi anunciado porque havia um entrave diplomático entre Espanha e Portugal. Fábio Pestana Ramos conta em detalhes a manobra política feita para garantir tal feito. Com a parte jurídica acertada, coube a Pedro Álvares Cabral oficializar o 'achado', antes de cumprir a sua verdadeira missão: acertar um tratado de paz com os governos indianos. Com o Brasil oficialmente descoberto, Cabral partiu para as Índias, onde não obteve muito sucesso, o que acabou frustrando toda a missão e o rei D. Manuel. Depois disso, nunca mais esse fidalgo comandou sequer um navio.

Indicada a todos os interessados em embarcar nesta jornada recheada de aventuras, a obra é uma leitura divertida e muito bem fundamentada historicamente. Paraíso ou inferno? É o que veremos em Por mares nunca dantes navegados. Todos a bordo!
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Fábio Pestana Ramos possui Bacharelado e Licenciatura Plena em Filosofia pela Universidade de São Paulo e Doutorado em Ciências (História Social) também pela USP, onde foi orientado pela profa. Dra. Mary Del Priore. Já atuou como docente no curso de história da PUC de Campinas e como professor titular na Uniban, onde, além de lecionar nos cursos de história, pedagogia e administração de empresas, entre outros, exerceu o cargo de coordenador dos cursos de letras e pedagogia e fez parte do corpo docente do mestrado em educação; tendo também exercido atividade de ensino em outras grandes universidades particulares e como pesquisador da FAPESP. Atualmente é professor, na graduação e especialização, em universidades privadas como colaborador e docente concursado na autarquia municipal Fundação Santo André. Tem experiência docente na área de Educação, História, Filosofia, Sociologia e Antropologia; com intensa atividade de pesquisa e passagens por arquivos históricos no Brasil e em Portugal, tal como a Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, o Arquivo Público do Estado da Bahia, Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Arquivo Histórico Ultramarino, Biblioteca Nacional de Lisboa e Biblioteca Central da Marinha Portuguesa. Já recebeu pelos seus trabalhos de pesquisa uma menção honrosa da USP e, na qualidade de co-autor, o prêmio Jabuti e o prêmio Casa Grande e Senzala. Possui farto volume de publicações, em revistas Acadêmicas e na mídia impressa de grande circulação, tal como Jornal do Brasil, Folha de São Paulo e as Revistas Superinteressante e Aventuras na História; participou, como co-autor, de vários livros, como, por exemplo, a obra clássica História das Crianças no Brasil ; é autor dos livros "Por mares nunca dantes navegados", "No tempo das Especiarias" e "Naufrágios e Obstáculos", amplamente citados pela mídia e utilizados como material didático em nível superior.

Fonte:
Colaboração de Douglas Lara. http://www.sorocaba.com.br/acontece
Curriculo Lattes.

Pedro Du Bois (Poemas: Desfalecer - Ninhos)

DESFALECER

Desfaleço em abandono: o ruído
da rua
cerca a casa.

O horror de ser encontrado
junto à janela espia o espírito
recolhido em esquecimentos.

Devia ter ido embora: o suceder
dos passos ressoam
pedras repisadas.
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NINHOS

Ao contrário
do pássaro

joão

desfaço ninhos
e espalho o barro
pelo caminho

colho pegadas
identificadas
ao tempo.
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Fonte:
Colaboração do autor.

Ana Rita Martins (Para ler poesia)

Atividades de oralidade com poemas auxiliam turmas de 4º e 5º anos a descobrir a beleza da linguagem e a recitar com fluência e entonação

"A poesia tende a chamar a atenção da criança para as surpresas escondidas na língua." A frase, do poeta José Paulo Paes (1926-1998), ilustra o potencial do gênero para despertar o gosto pelo uso da linguagem com fins estéticos. Por isso, nada mais natural do que explorar as brincadeiras sonoras desse tipo de texto, certo? Pode ser natural, mas não é usual. "Na maioria das vezes, as escolas lêem poemas apenas para buscar informações", afirma Cláudio Bazzoni, selecionador do Prêmio Victor Civita Educador Nota 10. Muitas esquecem que incentivar a turma a ler poemas em voz alta é uma ótima estratégia para trabalhar conteúdos da oralidade, como sonoridade, rimas e ritmo (leia mais no quadro ao lado).

Por onde começar? Do 1º ao 3º ano, a sugestão é apresentar poemas divertidos que explorem o som das palavras, com onomatopéias (vocábulos que imitam barulhos) ou trava-línguas (versos difíceis de pronunciar). A partir do 4º ano, é possível usar textos mais complexos, aprofundando a relação entre o escrito e o falado e entre a forma e o conteúdo.

O que ensinar

Rondó dos Cavalinhos
Manuel Bandeira

Os cavalinhos correndo,
E nós, cavalões, comendo
Tua beleza, Esmeralda
Acabou me enlouquecendo

Os cavalinhos correndo,
E nós, cavalões, comendo...
O sol tão claro lá fora
E em minhalma — anoitecendo!

Os cavalinhos correndo
E nós, cavalões comendo...
Alfonso Reys partindo
E tanta gente ficando...

Os cavalinhos correndo,
E nós, cavalões, comendo...
A Itália falando grosso,
A Europa se avacalhando...

Os cavalinhos correndo,
E nós, cavalões, comendo...
O Brasil politicando,
Nossa! A poesia morrendo...
O sol tão claro lá fora,
O sol tão claro, Esmeralda,
E em minhalma— anoitecendo!

- PONTUAÇÃO Cada sinal indica um tipo de pausa na leitura e uma intenção de quem escreveu
- RIMA Quando a repetição é terminal, a leitura precisa enfatizar as rimas para que elas apareçam.
- RITMO Marcar a leitura com palmas ajuda o aluno a manter a velocidade
- VOCABULÁRIO Entender o que se lê é essencial para encontrar o tom. Tire dúvidas antes de ler em voz alta (ex: avacalhando)
- LICENÇA POÉTICA Recursos como a contração conferem musicalidade aos versos, elemento típico da poesia (ex: minhalma)

A fala exprime sentimentos

A intervenção do professor deve ressaltar que a interpretação oral é essencial para transmitir o sentido adequado do poema. "Para que a leitura seja objeto de reflexão, o aluno precisa saber o porquê de estar lendo de determinada forma", diz Ana Flávia Alonço Castanho, também selecionadora do Prêmio Victor Civita Educador Nota 10. A entonação, a pontuação e o ritmo podem indicar tristeza, alegria, questionamento ou indignação. Para que a garotada perceba essas escolhas, duas ações são importantes. A primeira, prévia à leitura em voz alta, é explorar o sentido do poema: o entendimento do texto é essencial para a interpretação oral. A segunda é ressaltar as especificidades da poesia, como as licenças poéticas e as falsas terminações (versos que encerram a idéia no verso seguinte e não devem ser lidos com pausa no final).

Outra recomendação é relacionar a compreensão do texto pelos alunos com a possível intenção do autor. Embora não seja uma questão de certo ou errado - a interpretação de um poema é, em grande medida, subjetiva -, é interessante comparar a leitura da turma com a do próprio poeta (leia à direita uma seqüência didática que utiliza essa estratégia). Além disso, levar os alunos a confrontar as próprias estratégias de leitura (pedindo para lerem mais de uma vez) e as dos colegas ilumina semelhanças e diferenças sobre qual tipo de sentimento cada um quis transmitir com seu tom de voz, por exemplo.

Ler e entender: forte ligação

O professor também pode alterar elementos na leitura. Experimente ler para a classe sem enfatizar as rimas - isso fará as repetições "sumirem", deixando claro que o jeito como se fala é essencial na poesia. De resto, é permitir que as crianças apreciem a beleza do gênero, atendendo ao apelo de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987): "O que eu pediria à escola era considerar a poesia primeiro como visão direta das coisas e depois como veículo de informação prática e teórica, preservando em cada aluno o fundo mágico, lúdico, intuitivo e criativo que se identifica basicamente com a sensibilidade poética".

Seqüência Didática
Do poeta ao aluno

-
Objetivos

Perceber as especificidades da linguagem poética.
Ler poemas ajustando a leitura ao texto escrito.

Conteúdos

Leitura.
Elementos da oralização das poesias: ritmo, rimas, entonação, falsas terminações etc.

Anos

4º e 5º.

Tempo estimado

Seis aulas.

Material necessário

Livro Manuel Bandeira - 50 Poemas Escolhidos pelo Autor e cópias xerocadas dos poemas que você escolher. Sugestões: Berimbau, Irene no Céu, Rondó dos Cavalinhos, Boca de Forno e Vou-me Embora pra Pasárgada.

Desenvolvimento

1ª ETAPA

Pergunte aos alunos se eles já viram alguém recitando poesias. O que uma pessoa precisa fazer para tornar esse texto bonito de ouvir? Estimule-os a refletir sobre essa questão distribuindo cópias das poesias de Manuel Bandeira e tocando o CD que vem com o livro. Deixe a turma ouvir algumas vezes, levantando idéias sobre os recursos da leitura. Registre as mais pertinentes em um cartaz, que servirá como material de consulta para o restante do trabalho.

2ª ETAPA

Explique aos alunos que agora você fará a leitura dos poemas. Peça que eles observem sua forma de interpretar. Chame a atenção para a cadência pedindo que a classe acompanhe o poema com palmas em diversos ritmos. Em qual velocidade a leitura ficou melhor? Por quê? Em seguida, varie a entonação e pergunte: que tipo de voz transmite melhor as emoções presentes no texto? Discuta as sensações que cada interpretação despertou, enfatizando que o poema é um dos gêneros literários que melhor exprimem sentimentos - e que a leitura pode reforçar ou diminuir o efeito pretendido.

3ª ETAPA

Organize as crianças em grupos de quatro alunos e entregue cópias de uma das poesias escolhidas. Explique que, enquanto um aluno lê a poesia para o seu grupo, os outros observam se a leitura segue as observações registradas no cartaz. Ao fim, o grupo deve discutir o que cada um deve melhorar para tornar a leitura mais envolvente.

Avaliação

Observe o desempenho da turma em relação a algumas questões. O aluno lê com fluência? Lê alto? Lê com entonação? Posiciona o texto adequadamente (sem cobrir o rosto) ao ler? Controla o ritmo da fala (nem muito rápido nem muito devagar)? Com base nos problemas encontrados, auxilie cada um nos aspectos que devem ser melhorados com a análise de boas referências (colegas ou CDs de poesias recitadas).

Fonte:
Revista Nova Escola. ano XXIII. n. 217. novembro de 2008. p.64-65.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Casa do Poeta de Canoas/RS (Convocação)


Convocamos os associados e colaboradores da Casa do Poeta de Canoas
para a reunião mensal, que realizar-se-á em:

5/12/2008 - sexta-feira, às 18h30min
na Fundação Cultural de Canoas
Av. Victor Barreto, 2301


Pauta:

Definição de regras mais rígidas para a manutenção das mensalidades
Acertos finais para o Sarau de Fim de Ano
Encerramento das atividades do Grupo de Teatro
Definição do calendário inicial para 2009
Assuntos Gerais

Contamos com a presença de todos.

Maria Rigo
Presidente da Casa do Poeta de Canoas

Mais informações pelos fones:
(51) 3476.4431 / 9669.4615
--------------------------------------------------------------------------------

COMUNICADO:
Solicitamos aos associados que possuem pendência relativa às mensalidades, que aproveitem a reunião para a regularização das mesmas, sob pena de exclusão do quadro associativo da Casa do Poeta de Canoas a partir deste mês.

Fonte:
E-mail recebido pela Casa do Poeta de Canoas

Homenagem a Antonio Roberto Fernandes


Antonio Roberto Fernandes (Falecimento)


Antônio nasceu na cidade de São Fidélis. Primogênito de uma família de oito irmãos. Aprendeu a ler em casa com o pai. Aos sete anos entrou na escola no interior, mas como era adiantado em relação aos colegas de classe, foi transferido para Escola Barão de Macaúbas no Centro de São Fidélis. Cursou o ensino fundamental e médio em sua cidade natal. Após passar no vestibular para a Faculdade de Medicina, mudou-se para Campos. Não exerceu a medicina porque passou num concurso e assumiu a postura de bancário para ajudar na criação dos irmãos.

Poeta, trovador e escritor, Antônio Roberto Fernandes foi membro da Academia Fidelense de Letras, da Academia Pedralva Letras e Artes, da Academia Campista de Letras e representante da União Brasileira de Trovadores (UBT) em Campos. Fundou a Academia Infantil de Letras de São Fidélis. Grande idealizador do Café Literário, em Campos e figura cativa dos eventos da Fundação Municipal Trianon, como o projeto Choro e Cia e o Grupo Boa Noite Amor, brindou o público com seu tradicional intervalo poético.

Exerceu diversas atividades públicas. Foi diretor da Biblioteca Municipal de São Fidélis, da Biblioteca Nilo Peçanha e atualmente diretor do departamento de Literatura da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima (FCJOL).

Faleceu em 20 de novembro de 2008.

Os versos de Antônio Roberto refletem a todos sua excelência de artista da vida.

Na bicicleta da vida pedalei tanto, meu Deus, mas no melhor da descida furaram-se os dois pneus!... Xepeiro, de olhos tristonhos, à noite, exausto e sozinho, cato no chão dos meus sonhos a xepa do teu carinho. Mamãe!... Não há quem exprima uma palavra mais bela, pois mesmo não tendo rima a vida rima com ela! Se no palco, a três por quatro, reina a farsa e a pacotilha, o nosso maior teatro é o do Congresso, em Brasília”.

TROVAS

Sou feliz! Não vivo ao lado
das estrelas na amplidão,
mas posso tr um punhado
de vaga-lumes na mão.

Na bicicleta da vida
pedalei tanto, meu Deus,
mas no melhor da descida
furaram-se os dois pneus!...

Xepeiro, de olhos tristonhos,
à noite, exausto e sozinho,
cato no chão dos meus sonhos
a xepa do teu carinho.

Mamãe!... Não há quem exprima
uma palavra mais bela,
pois mesmo não tendo rima
a vida rima com ela!

Se no palco, a três por quatro,
reina a farsa e a pacotilha,
o nosso maior teatro
é o do Congresso, em Brasília.

– Deixa que a ponte eu dou jeito!
– Mas rio aqui nóis num tem...
– Não tem, mas se eu for eleito,
eu faço o rio também!

Os Pratos da Vovó

A minha avó guardava, com alegria,
muitos pratos, lindíssimos, de louça
Que ganhou de presente, quando moça.
e que esperava usar quem sabe? um dia.

Mas a vida passando tão insossa
e nada de importante acontecia
e ninguém pra jantar aparecia
que compensasse abrir o guarda-louça.

Vovó morreu. Dos pratos coloridos
que hoje estão quebrados e perdidos
ela jamais usou sequer um só.

Assim também meus sonhos, tão guardados,
terão, por nunca serem realizados,
o mesmo fim dos pratos da vovó.

Fontes:
http://www.falandodetrova.com.br/
http://www.pointcultural.com.br/forum/index.php?topic=778.0
Prefeitura Municipal de Campos dos Goytacazes - RJ. http://www.campos.rj.gov.br/noticia.php?id=16105