domingo, 24 de junho de 2012

Elisa Palatnik (Preparativos de uma morte anunciada)


 — Onofre, acabei de pegar teu exame. O médico disse que você vai morrer em uma semana.

 — Hein?! O quê?!

 — Você morre terça feira que vem. Dia 25. Dia do soldado.

 — Mas... que coisa horrível!

 — Horrível por quê? Melhor que morrer, sei lá, no dia do Índio. No dia da Secretária. No dia do Ginecologista.

 — Meu Deus! Vou morrer em uma semana e você me conta assim, na bucha, sem me preparar?

 — Deixa de ser infantil, Onofre. Você não é prato de bacalhau pra eu te preparar.

 — Uma semana... Eu estou chocado! Se bem que...

 — O quê?

 — Quer saber? De certa forma foi bom saber logo. Assim aproveito o tempo que resta. Vou viajar, beber e comer tudo que eu tenho direito.

 — Aí é que está, Onofre. Você vai ter que fazer dieta.

 — Dieta?!

 — Pra emagrecer. O caixão que a gente tem não é seu número. Com essa barriga, você não entra naquele ataúde de jeito nenhum. Só entra de lado. Você quer ser enterrado de lado, Onofre?

 — Claro que não! Mas... não dá pra trocar de caixão?

 — É da loja do teu primo. Fui do médico direto pra lá, e foi o que ele me deu. Ele só trabalha com modelagem única e a gente não tem dinheiro pra comprar outro.

 — Mas não é justo! Tenho que fazer regime na última semana da minha vida?

 — E ginástica. E cooper. Talvez até balé — que só regime não vai dar conta dos 15 quilos que você precisa perder. Já te matriculei numa academia.


 — Mas...

 — Outra coisa. Não esquece de começar a convidar as pessoas pro velório.

 — Eu?!

 — É, ué. Não é você que vai morrer? Era só o que me faltava... você é que vai morrer e eu é que tenho o trabalho... Aliás, por falar em trabalho, arranja um bico extra essa semana pra conseguir dinheiro — pra pagar a dívida do mercado.

 — Peraí... regime, ginástica, e agora... trabalho extra? Eu estou doente, estou cansado!

 — Deixa de frescura, Onofre. Daqui a uma semana você vai ter tempo de sobra pra descansar. E se eu não pagar essa dívida, o seu Joaquim disse que me mata.

 — Ele disse isso?

 — Disse. E pode me matar em menos de uma semana. E aí eu vou ser enterrada no seu caixão. E você fica sem dinheiro pra comprar outro caixão. E aí você não vai ser enterrado. Vai ficar por aí, pelas ruas, em processo de decomposição.

 — Meu Deus!

 — Mais uma coisa. Você vai ter que visitar a tia Augusta.

 — Ah, não! Visitar a tia Augusta não! Estou brigado com ela, você sabe disso.

 — Vai na quinta feira. Já marquei.

 — Assim não dá! Eu, pensando que ia passar uma semana boa, tranqüila, esperando pra morrer... mas nada. Já vi que vai ser um inferno. E se eu não for na casa da tia Augusta?

 — Ela vai se sentir culpada por não ter feito as pazes antes de você morrer. E vai acabar morrendo de desgosto.

 — E eu com isso? Não quero saber.

 — Não quer saber? Acontece que está provado que uma pessoa leva, em média, uns seis meses pra morrer de desgosto.

 — E daí?

 — Daí que daqui a seis meses é o casamento da tua filha. E se a tua tia morrer, a gente vai ter que adiar o casamento. E se a gente adiar é capaz do noivo desistir de casar. Se ele desistir, tua filha vai ficar arrasada e pode sair por aí namorando o primeiro que aparecer na frente. E o primeiro que aparecer na frente pode ser um drogado. E tua filha pode virar uma drogada. E daí para o crime e para a prostituição é um passo. E daí ela pod...

 — Chega! Eu vou visitar a tia Augusta!

 — Ótimo.

 — Que mais? O que mais você quer que eu faça nessa semana? Já tá perdida mesmo...

 — Mais nada. Só cavar sua cova — pra economizar no coveiro, que coveiro está saindo pela hora da morte.

 — Deixa eu anotar, senão esqueço... com tanta coisa... Cavar a cova.

 — E não esquece de, no dia da tua morte, ir pro lugar do velório cedo. Pra morrer lá mesmo... pra gente também economizar no transporte do corpo. Vai de ônibus.

 — Mas...

 — De preferência atrás, agarrado no pára-choque, pra não pagar.

 — É uma boa... No pára-choque. Só uma coisa. Uma dúvida.

 — Fala.

 — E se, por um acaso... eu não morrer?

 — Tá maluco, Onofre? Depois desse trabalhão todo? Nem pensa nisso! Esquece essa possibilidade!

 — É que de repente...

 — De repente uma pinóia! Vê lá, hein, Onofre? Não vai me fazer a gracinha de aparecer no teu velório... vivo!

Fonte:
http://www.releituras.com/epalatnik_menu.asp

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 588)


 Uma Trova Nacional  

Em sua excelsa grandeza
Deus faz tudo com tal arte!
Basta olhar a natureza
para vê-lo em toda parte! 
–JOSÉ OUVERNEY/SP– 

 Uma Trova Potiguar  

Depois dos sonhos amenos 
que o tempo leva e não traz, 
eu tenho cada vez menos, 
aquilo que almejo mais. 
–JOSÉ LUCAS DE BARROS/RN– 

Uma Trova Premiada 

2008 - Nova Friburgo/RJ 
Tema - FEIRA - 2º Lugar 

A mulher do meu vizinho
faz a feira o mês inteiro,
sem sacola, sem carrinho,
sem vergonha e sem dinheiro...
–Izo Goldman/SP–

 ...E Suas Trovas Ficaram  

Enganam-se os ditadores
que, no seu furor medonho,
mandam matar sonhadores,
pensando matar o sonho!
–JOUBERT DE ARAÚJO E SILVA/ES– 

Uma Poesia

ESTROFE QUE FIZ PARA “MACEDO” NUMA HOMENAGEM 
QUE FIZERAM PARA ELE, LÁ NA NOSSA CIDADE... 

Peço aos céus uma inspiração bendita 
num momento de dor e desengano,
pra eu fazer a poesia mais bonita
pra dizer da saudade do meu mano!
O verso, sempre foi o seu reduto
“Santana do Matos” está de luto
pela perda do grande menestrel;
e os poeta, "Lá em Cima", com alegria
fizeram um sarau de poesia
quando Chico Macedo entrou no Céu !... 
–Ademar Macedo/RN– 

 Soneto do Dia  

A BARCAÇA. 
–Rogaciano Leite/PE– 

O mar soluça e geme. A onda bravia 
num véu de espuma contra o céu se envolve 
e o leito enorme d’água se revolve 
em convulsões de dor e de agonia. 

Ao longe, uma barcaça fugidia 
seu vulto branco às longas praias volve 
como a garça cansada que resolve 
tocar da costa a areia luzidia... 

Eu vou como a barcaça em desalento, 
que as águas corta por mercê do vento 
e após mil temporais toca no porto... 

Também após mil temporais da sorte, 
do mar da vida para o cais da morte 
meu coração vai navegando morto!

Nilton Manoel (Pioneirismo Estudantil em Jogos Florais do Estudante em Ribeirão Preto)


Os I Jogos Florais do Estudante deram a Ribeirão Preto (SP, Brasil) a lei de inclusão curricular há 35 anos. O lançamento do concurso estudantil de Trovas - o evento no Brasil- envolveu todas as redes de ensino. Ribeirão Preto é a única cidade que faz dois Jogos Florais por ano:- o de âmbito estadual e o de âmbito estudantil. No meio estudantil é projeto escolar na Prefeitura do munícipio e Estadual. O evento estudantil, tem (desde o princípio) a inspiração trova luizotaviana:

Haveria paz na terra
não seria a vida inquieta
se a criança em vez de guerra
brincasse de ser poeta.

(Esta trova está em quase todas as publicações da Trova ribeirão-pretana)

Todo este trabalho foi combinado com Luiz Otávio, por carta, entrevista e gravações em fita cassete. A entrevista foi publicada em Didática da Trova, divulgado em todo o Estado paulista as secretarias e entidades educacionais de diversos Estados Brasileiros. O Didatica da Trova que não mereceu referencia em nenhum informativo da UBT, já teve quatro impressões e distribuição gratuita. O livro consagra os méritos literários da UBT, no entanto sabemos que são várias as entidades que se dedicam a Trova dentro das propostas de Luiz Otavio. 

Contribuição de Ribeirão Preto á Trova brasileira

a) 25 Jogos Florais Nacionais e 25 Municipais (maioria com dois temas , (Lirismo e Humor)

b) 1 Jogos Florais Estudantis de Ribeirão Preto-SP, 1977

c) 13 Jogos Florais Estudantis ininterruptos

d) 5 jogos florais em cartões postais, divididos em:
2 pela UBT – 2 pela Soc. Amiga dos Pobres e 1 pela Sociedade Irmãos-Unidos Espiritas

e) 5 Concursos de Trovas Nacionais e Municipais intercalando Jogos Florais e um em homenagem ao Centenário da ABL,Oficinas semanais de trovas, palestras e material de divulgação a imprensa e escolas em geral.

f) Edição à pedido de Luiz Otávio do Decálogo de Metrificação, 1975,

g) Edição de folhetos de difusão da Trova,

h) Publicação da monografia Didática da Trova.

i) Seleção de Trovas de Santos Reis 

j) Como fundador e presidente da Casa do Escritor/Poeta realizou vários concursos de Trovas.

Nos sites de busca DIVERSOS textos ribeirãopretanos são encontrados. O Ubeteano, também.

Nota:
A facilidade de lidar com temas literários está sem ser da Educação: Normalista, Pedagogo, prof. de língua portuguesa, ocupando salas de aulas e coordenações pedagógicas.

Fonte:
Nilton Manoel

José Luis Peixoto (Livro)


artigo por Ana Lucia Santana

Nesta bela história o autor exercita a criação dos ancestrais romances de formação. Aqui é Ilídio que protagoniza uma intensa e dramática jornada existencial, permeada pela constante presença da literatura. Sua infância é marcada pelo abandono; a mãe parte e o deixa só em uma via pública, aos 6 anos, espiando o livro confiado por ela a suas mãos e espreitando o tempo que passa veloz e logo converte a luz do sol nas sombras da noite.

Este evento dá início à primeira parte da obra, que retrata a infância e a juventude do protagonista, seus traumas, o encontro com o pedreiro Josué, amigo da mãe, que o acolhe e educa, e a posterior paixão pela doce Adelaide. O autor também apresenta o leitor ao amigo mais intimo do protagonista, Cosme; a um jovem singelo que toma conta do irmão portador de deficiência e de um bando de pombos, Galopim; e Adelaide, a dona do coração de Ilídio, a qual vive com a tia, proprietária do estabelecimento comercial da vila.

No início da trama os caminhos dos dois jovens se entrecruzam e se perdem no percurso entre Portugal e França. A tia de Adelaide, disposta a impedir o romance, a força a partir para Paris. Aí a protagonista desembarca com um livro nas mãos, lembrança de Idílio, a mesma que sua mãe lhe legou quando ainda era um menino.

Em terras francesas a garota, profundamente infeliz, se une em matrimônio a outro homem; seu esposo, porém, supostamente se interessa mais pelos acontecimentos políticos do que por ela, embora os dois tenham se aproximado novamente graças a um livro.

Mesmo assim, ambos alimentam a esperança de se rever, e o protagonista vai para a França à procura de Adelaide, abandonando seu pai adotivo, Josué. Mas é sinuosa a jornada empreendida pelo herói na tentativa de rever a mulher que roubou seu coração. Como nos contos de fadas, os obstáculos se multiplicam ao longo do caminho. Cartas são extraviadas, demandas não se concretizam e paixões atingem um alto grau de complexidade.

A segunda parte desta obra relembra o leitor do significado de seu título; o livro não é um mero artefato, é igualmente o narrador, o fio condutor da história. Ele é filho da jovem Adelaide, e esse é seu nome de batismo. Nesta etapa final o personagem recorre excessivamente ao recurso da metaliteratura, o que converte esta narrativa em um instrumento quase lúdico.

José Luis Peixoto nasceu em Galveias, Portugal, no ano de 1974. Ele cursou línguas e literaturas modernas – inglês e alemão – na Universidade Nova de Lisboa. Em 2001 foi agraciado com o Prêmio José Saramago por seu livro Nenhum Olhar. Sua obra foi vertida para aproximadamente vinte línguas.

Fonte:
http://www.infoescola.com/livros/livro/

sábado, 23 de junho de 2012

Raquel Ordones (Queria Pintar Um Soneto)


Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 587)


 Uma Trova Nacional  

O que mais queres, querida, 
se já te dei tudo, enfim? 
Até minha própria vida 
não pertence mais a mim. 
–Clênio Borges/RS– 

 Uma Trova Potiguar  

O fogo faz seus horrores, 
queimada é devastação; 
onde havia vida e cores, 
há tristeza e solidão!... 
–Fabiano Wanderley/RN– 

 Uma Trova Premiada  

1999  -  Rio de Janeiro/RJ 
Tema  -  TREM  -  1º Lugar 

Partiste e, num desatino,
teimando em partir, também,
meu coração, clandestino,
viajou no mesmo trem... 
–Edmar Japiassú Maia/RJ– 

 ...E Suas Trovas Ficaram  

Quanta prodigalidade!… 
Em poucos meses, querida, 
gastamos felicidade 
que dava pra toda vida! 
–J. G. de Araújo Jorge/AC– 

Uma Poesia 

Quando a seca castiga o sertanejo
o fantasma da fome bate a porta,
um cachorro devora uma rês morta
que um abutre deixou como sobejo,
o matuto se muda num cortejo
revelando que ali a coisa é séria,
e a coruja zombando da matéria
sobre a cruz esquecida de um pagão;
palmilhando as veredas do sertão
deparei-me com cenas de miséria... 
–Hélio Crisanto/RN– 

 Soneto do Dia  

SILÊNCIO. 
–Sônia Sobreira/RJ– 

No silêncio de um momento encantado, 
onde o clarão dos astros conheci, 
vem a noite em seu vestido brocado 
lembrar-me um sonho lindo que vivi. 

Nesse momento belo e apaixonado, 
as lágrimas e as mágoas esqueci 
e o mistério do universo estrelado 
me traz a calma... então, adormeci. 

Mas quando o sol clareia os meus cabelos, 
a brisa sopra e teima em desprendê-los, 
o vento já não ri, o vento chora. 

Desperto então do instante apaixonado 
e os sonhos que voltaram do passado, 
ficam perdidos pelo mundo afora.

Mara Melinni (Você Não Se Lembra?)


Tanto tempo juntos...! Quantas vezes nos deixamos e, logo depois, corremos de volta para nós mesmos outra vez? Estou inquieta, não consigo conceber essa demora. Enquanto você se foi, sem nada dizer, fiquei aqui sozinha, em nossa casa, eu e a solidão, que me rouba todo o espaço. Faz frio, o inverno chegou intenso... Começou hoje... Lá fora... E eu já o sinto, também, em meu coração...! E onde está você, que não volta para mim...? Nenhuma palavra dita, nenhuma despedida... Estranhei, mas eu achei, sinceramente, que a nossa última discussão já havia sido esquecida. Tivemos momentos piores, contudo, a única vez em que dormimos separados foi na noite passada. Senti-me murchando como uma rosa que vai perdendo as pétalas devagar. Não sei o que se passa dentro mim... É confuso, sinto vontade de gritar o seu nome, de lhe ver à minha espera...!  O nosso amor sempre foi maior do que as nossas diferenças, sempre foi! Minha teimosia e sua paciência, meu bom humor e sua crítica incomparável, minha caretice e sua contemporaneidade... Tudo isso nos fazia complemento um do outro porque o que restava, no fim das contas, eram os nossos gostos, as nossas músicas, as nossas fotos... Nós dois e o nosso amor... Sempre ele. Por isso... Como dói esse silêncio, como amarga minha alma e malfere o meu corpo inteiro...! Por favor, mande notícias. Não consigo enxergar quem errou, se é que houve erro. A única coisa que eu lhe peço, nem que seja pela última vez, é... Que você se lembre das razões pelas quais me amou...! E se existir uma, ao menos uma razão ainda, eu irei lhe esperar aqui... Mais uma vez... Enquanto houver uma razão (E eu sinto... Que há!).

Fonte:
http://melinni.blogspot.com.br/

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 586)


 Uma Trova de Ademar 

A vida escreve-me enredos 
com finais que eu abomino. 
Meus sonhos viram brinquedos 
nas mãos cruéis do destino.. 
–Ademar Macedo/RN– 

 Uma Trova Nacional  

Acreditei no amor: 
vivi derrotas sem fim. 
Porém , só fui vencedor 
quando tive fé...em mim! 
–Eliana Palma/PR– 

 Uma Trova Potiguar  

Quando a aurora esconde o enredo, 
de um despertar tão bonito, 
esconde um grande segredo 
dos mistérios do infinito! 
–Eva Garcia/RN– 

 Uma Trova Premiada  

2002  -  Campos de Goytacazes/RJ 
Tema  -  LIVRO  -  4º Lugar 

O livro é o portão de acesso
à liberdade e ao saber.
E nem sequer cobra ingresso:
basta abri-lo, entrar... e ler!
–A. A. de Assis/PR– 

 ...E Suas Trovas Ficaram  

Traí no amor... e, depois, 
nenhum de nós teve vez... 
e o perdão, que era de dois, 
foi dividido por três! 
–Lavínio Gomes de Almeida/RJ– 

Uma Poesia 

É a ternura da poesia 
de uma beleza tamanha, 
que parece com a ternura 
do orvalho, quando a flor banha; 
da mãe dando ao filho a luz, 
com a ternura de Jesus, 
lá no sermão da montanha!!! 
–Luiz Dutra/RN– 

 Soneto do Dia  

PAPEL AMARROTADO. 
–Humberto Soares/PRT– 

Um passo em frente e é tempo de futuro. 
Dou mais um passo e saio do presente 
saltando do passado para a frente, 
seguindo passo a passo rumo ao escuro. 

Sigo pra um final que não procuro. 
Não quero mas avanço lentamente 
como a sombra... que acaba de repente 
logo que o Sol se esconde atrás do muro. 

Vou perdendo a memória das memórias 
que reencontro a pairar por todo o lado !... 
Alegrias!... pesares !... Muitas histórias 

são sonhos !... Ilusões do meu passado. 
Algumas tão pequenas !... são as glórias 
que guardo num papel amarrotado !

Vivaldo Terres (Fim de um Romance)


O fim de um romance é de tristeza e dor, 
Eu conheço bem isto, porque já perdi, 
Na vida um amor. 

Como a gente sofre, como a gente luta, 
Para esquecer o amor perdido, que infelizmente, 
Já partiu pra longe, mas que sempre, 
Fica no peito escondido. 

Este amor que amei e que pelo qual, 
Ainda sofro, me traz o conforto, 
Por tê-la amado tanto, quantas, e quantas vezes, 
Eu também chorando, enxugava beijando, 
Dos seus olhos o pranto. 

Fonte:
O Autor

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 585)

Imagem por Gregory Colbert
 Uma Trova de Ademar

Quando se perde quem ama, 
além de mágoa e queixume, 
fica nos lençóis da cama 
o cheiro do seu perfume!... 
–Ademar Macedo/RN– 

 Uma Trova Nacional  

Neste instante derradeiro 
em que nada mais restou 
sou errante marinheiro 
que na saudade afundou... 
–Ester Figueiredo/RJ– 

 Uma Trova Potiguar  

O poeta é sonhador,
e tudo que pensa, cria;
da poesia faz o amor
e do amor faz poesia. 
–Tarcísio Fernandes/RN– 

 ...E Suas Trovas Ficaram  

Na rua, quando ela passa,
a rebolar, bem feliz,
sua vaidade ultrapassa
a moldura dos quadris!...
–Analice Feitoza de Lima/SP– 

 Uma Trova Premiada  

2012  -  Curitiba/PR 
Tema  -  JUSTIÇA  -  1º Lugar 

Que a lei, com todo o seu porte, 
seja um escudo do bem... 
E que a justiça do forte 
seja a do fraco também! 
–Mara Melinni/RN– 

Uma Poesia 

Já está fazendo um tempo
Que eu um verso não faço
Mas, hoje tirei um tempo
Estiquei o espinhaço
E escrevi estas linhas
Senão nas saudades minhas
Fica faltando um pedaço. 
–Brás Ivan Costa/PE– 

 Soneto do Dia  

PERGUNTAS. 
–Benedicta de Mello/PE– 

Eu queria saber o que era amor 
e a todos quantos via perguntava: 
ao velho, ao jovem que na vida entrava, 
ao inocente, ao justo, ao pecador. 

De minha mãe às vezes, indagava. 
Ela estranhando, repetia: "amor!" 
"Leia o vocabulário" me ordenava 
o meu velho e sozinho professor. 

Fui percorrer então o dicionário: 
amor... amor... amor... sentido vário 
de mil explicações em labirinto... 

Não cheguei a entender. E fiquei triste. 
Ou o amor em verdade não existe, 
ou só existe aquele amor que eu sinto.

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 584)


 Uma Trova de Ademar 

Curitiba é provedora 
de mais um “Jogos Florais”, 
numa festa encantadora 
de Amor, Alegria e Paz! 
Ademar Macedo/RN– 

 Uma Trova Nacional  

A lua vive distante. 
Não chega perto porque 
não quer olhar seu semblante 
e a luz que vem de você. 
–Gilson Faustino Maia/RJ– 

 Uma Trova Potiguar  

A sombra das criaturas 
ao longo da caminhada 
passa por lamas escuras 
e sai limpa, imaculada. 
–José Anchieta (Juca)/RN– 

 Uma Trova Premiada  

2011  -  CTS-Caicó/RN 
Tema  -  PEGADA  -  3º Lugar 

Sigo as pegadas, cansado, 
transcendo tempo e distância: 
Vejo o tempo empoeirado 
dos sonhos da minha infância... 
–José Valdez C. Moura/SP– 

 ...E Suas Trovas Ficaram  

Quanto mais sofro, mais canto, 
sempre assim fui e hei de ser, 
que nestas águas de pranto 
ninguém afoga sofrer! 
–Júlio B. Maciel/CE– 

Uma Poesia 

MOTE : 
MORRE DE FOME OU DE SEDE, 
NO INVERNO MORRE AFOGADO. 

GLOSA : 
Um velho homem numa rede, 
sem comida e sem bebida, 
no Nordeste é esta a vida, 
morre de fome ou de sede, 
Enroscado na parede, 
de palha ou barro amassado, 
como que desesperado, 
molha os seus lábios com a língua; 
na seca ele morre à mingua, 
no inverno morre afogado. 
–Bob Mota/RN– 

 Soneto do Dia  

VAIDADE. 
–Antonio Juraci Siqueira/PA– 

Esta casa que habito não é minha,
tampouco os versos que te dou, são meus;
são como a chuva, o mar, a erva daninha:
frutos do mundo, dádivas de Deus. 

Quando o Sol rasga o céu, de manhãzinha,
iluminando réus, crente e ateus,
eu me sinto menor que uma andorinha
e a minha fé, maior que os Pirineus! 

Portanto, meus irmãos, a fama, o orgulho,
a arrogância, a vaidade, a ostentação
que turvam nosso humano entendimento, 

não passam de sandices, de ilusão,
essência de tambor, que faz barulho
mas nada tem por dentro além de vento.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Ademar Macedo (Agradecimento)


Feldman é um vencedor 
um mestre da alegria, 
um Poeta Trovador, 
um fazedor de Poesia. 

Não há em todo universo 
melhor fazedor de verso 
pois é um dom que ele traz! 

Pra Feldmam, em nada eu ganho, 
ele é grande no tamanho 
e nas Poesias que Faz.

(Ademar Macedo 
Natal/RN - 21.junho.2012)

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 583)


Uma Trova de Ademar  

Entre sonos e cochilos, 
numa deslumbrante rota, 
meus sonhos voam tranquilos 
nas asas de uma gaivota... 
–Ademar Macedo/RN– 

Uma Trova Nacional  

Em sua gula de glória, 
de ter poder, força e nome , 
há gente que faz história 
com a própria história da fome. 
–Nilton Manoel/SP– 

Uma Trova Potiguar  

...E assim voltando ao passado 
revivi as alegrias... 
Transportei-me extasiado... 
“Velhos tempos, belos dias.” 
–Djalma Mota/RN– 

Uma Trova Premiada  

2005  -  ATRN-Natal/RN 
Tema  -  F É  -  8º Lugar 

Somente a Força Divina
promove graças tamanhas:
- O sol remove a neblina...
- A fé remove montanhas... 
–Ercy Maria M. de Faria/SP– 

...E Suas Trovas Ficaram  

Nos meus olhos divagando, 
eu vejo um contraste infindo: 
meus olhos tristes chorando, 
minha alma alegre sorrindo! 
–Clarindo Batista/RN– 

Uma Poesia 

Depois que a velhice vem 
o corpo humano se estressa. 
No motor da existência 
todo defeito começa, 
o difícil dessa máquina 
é o dono encontrar a peça. 
–Geraldo Amâncio Pereira/CE– 

Soneto do Dia  

NAQUELA TARDE… 
–Carmo Vasconcelos/PRT– 

Naquela tarde rubra de calor, 
embebedados de sol, mentes loucas, 
tu sorveste e eu sorvi desse licor, 
a degelar os frios nas nossas bocas. 

Não foram vãos, nem sequer coisas poucas, 
esses arroubos tensos, em tremor, 
lava de amor parindo em vozes roucas, 
sôfregos beijos mitigando o ardor. 

Agora a noite cai… Na escuridão 
me alumiam os teus olhos na lembrança 
do sonho que aqueceu meu coração 

Só peço, amor, de novo essa emoção 
de olhar teus olhos verdes de bonança 
ardendo em tempestades de paixão!

Olivaldo Junior (Último Adeus)


Eu, que não custo a voltar atrás, volto atrás e digo agora meu último adeus. Mas antes, não minto, queria ter seus olhos frente a mim, suas horas ora sim, não adeus. Adeus não combina quando há Deus. Deus, que me pega e me bota no colo quando choro (e faz tempo que não verto nem muitas nem poucas lágrimas por nada). Nem nada que eu lhe digo, nem tudo que lhe conto o fazem vir. Escrevo, e me escavo ao saber.

Saber que me ignora é como ver que não fui visto, não de perto. Perto de mim, longe de mim, não há problema: surge sempre um verso, e nasce mais um tema. A vida é feita de versos, não de universos. Sonho com sua vinda, mas é longe, é tarde, é noite. Entre as músicas, nem sinal de “ocê”, um dia, regressar. Rua acima, rua abaixo, prendo-me a velhos sonhos, sonho alto e me esborracho; esmagando a “flor”, não sinto dor.

Dói-me quando escrevo essas mensagens. Ajo sem saber que me delato. Lato e nunca escuta meu ganido. Outra vez sucumbo à dor. Estrelas dormem. Eu não durmo: apenas sonho. Sonho com sua volta, com sua voz, com seu silêncio. Escreve. Adeus.

Fonte:
O Autor